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Resumo
“Rules Rather than Discretion: The Inconsistency of Optimal Plans” é um dos textos mais
importantes sobre a dinâmica da macroeconomia, tendo por base um conjunto de estudos que
procuraram analisar os ciclos económicos e a sua ligação ao longo do tempo, induzindo
importantes reflexões que condicionaram as políticas fiscal e monetária de diversos países.
Edward Prescott e Finn Kydland foram os dois autores que com este trabalho de 1977,
mereceram da Real Academia Sueca o Prémio Nobel da Economia em 2004.
Para Kydland e Prescott, a conjugação de análises de curto prazo com as de longo prazo,
foi importante para que se pudesse perceber a influência dos choques da oferta nas políticas
económicas, tendo em conta tanto as actuações dos criadores de tais políticas, como as
reacções dos agentes económicos.
No seguimento deste trabalho iremos então analisar a perspectiva destes dois autores
sobre Teoria do Controlo Óptimo, políticas discricionárias, políticas de regras, tendo em
consideração o problema da incoerência temporal da política, bem como dar a conhecer
variados exemplos das suas aplicações reais.
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A Teoria do Controlo Óptimo e o Problema da Incoerência Temporal
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As expectativas racionais foram difundidas e popularizadas por Robert E. Lucas nos anos 70, explorando a
hipótese formulada por John Muth em 1961, (Jonh Muth, “Rational Expectations and Theory of Price Movments”,
Econometrica, 1961, 29(6), 1411-1428). Por expectativas racionais de um agente económico, entende-se como as
expectativas formadas por estes agentes com base em toda a informação disponível, sem cometer erros
sistemáticos de previsão, ou seja, são não enviesadas.
sistema depende do presente e apenas das decisões presentes e passadas. Uma mudança de
governo constitui um exemplo de uma alteração no presente com repercussões nas
expectativas futuras dos agentes, isto é, a mudança de expectativas que os agentes têm sobre
políticas futuras irá afectar as suas decisões presentes – esta acção é inconsistente com os
pressupostos da Teoria do Controlo Óptimo.
No entanto, estes pressupostos não significam que os agentes consigam antever
perfeitamente as políticas futuras, mas os autores consideram que para este argumento ser
válido, basta que os agentes tenham alguns conhecimentos ou ideias sobre como as actuações
irão ser afectadas por uma alteração nas condições económicas. Assim, em suma, os agentes
económicos como seres racionais que são, nas suas decisões presentes irão ser afectados pelas
expectativas futuras, o que, mais uma vez, contraria o pressuposto em que o controlo óptimo
apenas toma como base decisões presentes e passadas.
Para analisarmos a inconsistência do plano óptimo importa definir o que é uma política
consistente. Estas são, políticas que maximizam a função bem-estar social, para cada período
de tempo, tomando como dadas as decisões passadas até ao momento imediatamente
anterior.
A inconsistência do plano óptimo foi demonstrada através de um modelo matemático e
corroborada por vários dados empíricos e outros exemplos (construção em zonas de cheias e
política de patentes).
No primeiro exemplo, o resultado social óptimo seria não haver casas em zonas de
cheias, mas visto que já existem casas nessas zonas, deveriam então, ser tomadas medidas anti-
cheias. Por outro lado, se as políticas governamentais fossem não construir barragens e diques,
por exemplo para prevenir as cheias, e os agentes tivessem conhecimento disso, mesmo que
construíssem casas nestas zonas, ninguém lá viveria. No entanto, os agentes racionais sabem
que após as casas serem construídas, o governo irá agir, tomando as medidas anti-cheias
necessárias. Em suma, na ausência de uma lei proibindo a construção em zonas de cheias, os
agentes racionais irão construir casas de qualquer maneira, sabendo que o governo os irá
“proteger”. Assim, a política consistente seria tomar medidas anti-cheias pelo governo, contudo
esta não seria a política óptima.
No segundo exemplo, desde que os recursos foram alocados para as actividades de
investigação das quais resultou um novo produto, a política eficiente seria não permitir a
política de patentes. Esta seria a política óptima visto que tendo sido introduzido um novo
produto/processo produtivo, toda a investigação dispendiosa já teria sido feita e caso não
houvesse patente, qualquer pessoa teria acesso a esses “segredos”, não existiria um monopólio
por parte do inventor e assim, seria melhorado o bem-estar social da população. Para este
caso, poucos consideram esta solução como sendo razoável. No entanto, segundo Nordhaus
(1969), a questão teria que ser posta segundo o tempo de vida óptimo da patente, que tem em
consideração tanto o incentivo a investigadores dado pela protecção da patente, como também
as perdas de benefício do consumidor, provocadas pela prática de preços de monopólio.
Ao longo deste trabalho ficou claro que para Kydland e Prescott a Teoria do Controlo
Óptimo não é apropriada para a análise de sistemas dinâmicos, pois as decisões presentes dos
agentes económicos dependem das expectativas que estes têm para as políticas futuras, sendo
que tais expectativas podem variar.
Ao procederem a esta abordagem, os laureados com o Nobel de 2004, demonstraram
que os governos devem prosseguir políticas consistentes ao longo do tempo, norteadas por um
mesmo objectivo de longo prazo.
Para os autores parece evidente que se prossigam políticas de regras e não políticas
discricionárias, pois a regra implica a selecção da melhor decisão possível, tendo em conta a
situação actual. Tal comportamento resulta numa política consistente mas sub-óptima ou em
instabilidade económica.
Assim, enfatizam a importância da credibilidade das políticas e sugerem a
independência crescente das autoridades monetárias. Tal postura reside na referida análise dos
ciclos económicos reais, uma vez que estes economistas defendem que são as variáveis
económicas reais (como a produtividade) e não as variáveis monetárias (como a moeda ou os
salários nominais) que provocam os ciclos económicos, contradizendo os autores anteriores da
escola neoclássica.
Esta análise aponta também para um percurso contra-cíclico da produtividade média
face às diferentes fases do ciclo económico, o que contesta qualquer das versões da célebre
Curva de Philips, que estabelece uma relação inversa entre inflação e desemprego.
Em suma e utilizando as palavras de Amir Yaron (Professor de Finanças em Wharton na
Universidade da Pensilvânia), o texto de Edward Prescott e Finn Kydland é “um trabalho
fundamental (…). O ensaio deixou clara a ideia da coerência temporal em relação às políticas
adoptadas a longo prazo, por contraposição àquilo que é ideal no presente.”
Referências Bibliográficas
“Rules Rather than Discretion: The Inconsistency of Optimal Plans” Edward Prescott e Finn
Kydland; 1977
“Debt Restructuring and the Time Consistency of Optimal Policies” Miquel Faig; Journal of
Money, 1994
http://www.questia.com/googleScholar.qst;jsessionid=LvyQ52lp5TlB1qWmGnPcFG21H4VryHT
8qTwvdF7tv2KSh7Ktqy2n!-655687676!-1553468468?docId=5001660130
“A Monetary and Fiscal Framework for Economic Stability”; Milton Friedman, 1948
Edward C. Prescott
http://en.wikipedia.org/wiki/Edward_C._Prescott
Finn E. Kydland
http://en.wikipedia.org/wiki/Finn_E._Kydland