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INTENSIVO I

Fernando Gajardoni
Direito Processual Civil
Aula 18

ROTEIRO DE AULA

Temas: Cumprimento de sentença - teoria geral


Cumprimento de sentença – pagar quantia
Cumprimento de sentença – fazer, não fazer e dar

4. Títulos executivos judiciais (515 CPC) (continuação)


4.1. Generalidades
4.2. Decisão que reconhece obrigação (prestação) (I) Tópicos já trabalhados na aula
4.3. Sentença homologatória de autocomposição (II, III e § 2º) anterior.
4.4. Formal ou certidão de partilha (IV)
4.5. Crédito do auxiliar da justiça homologado judicialmente (V)

4.6. Sentença penal condenatória transitada em julgado (VI)


4.7. Sentença arbitral que reconheça obrigação (VII)
4.8. Sentença/decisão estrangeira homologada/exequatur pelo STJ (VIII e IX)

CPC, art. 515, VI a IX: “São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste
Título:
(...)
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado;
VII - a sentença arbitral;
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça;
(...)”

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4.6. Sentença penal condenatória transitada em julgado (VI)
I – Um dos efeitos secundários da condenação criminal é o dever de reparar a vítima ou seus sucessores na esfera cível.
Isso é feito por meio de execução de título judicial.

II – Observações:
✓ Não existe execução provisória de sentença penal condenatória. É necessário o trânsito em julgado para ser
formado o título executivo.
✓ A sentença penal condenatória só é título executivo contra o réu (ou os réus) do processo criminal. Não é título
executivo contra terceiros, nem mesmo em relação aos terceiros elencados no art. 932, CC.1 É necessário haver
o contraditório no processo penal.
✓ O art. 200, CC2, estabelece que não corre a prescrição enquanto o fato estiver sendo apurado na esfera criminal.
✓ Como regra geral, a sentença penal condenatória é ilíquida. Assim sendo, é necessário fazer o prévio
procedimento de liquidação de sentença por procedimento comum na esfera cível.
• Exceção (art. 387, CPP3): este artigo estabelece que o juiz, ao proferir a sentença condenatória na esfera
criminal, poderá fixar valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração. Nessa hipótese,
haverá sentença penal condenatória líquida e, portanto, não será necessário o prévio procedimento de
liquidação de sentença. Como o valor estabelecido é mínimo, a vítima ou seus sucessores pode fazer o
cumprimento de sentença da parte líquida e, ao mesmo tempo, pode fazer a liquidação de sentença para
que o valor seja aumentado.

4.7. Sentença arbitral que reconheça obrigação (art. 515, VII, CPC)
I – A arbitragem é regida pela Lei 9.307/96. O árbitro é juiz de fato e de direito da causa.

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CC, art. 932: “São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir,
ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de
educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.”
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CC, art. 200: “Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes
da respectiva sentença definitiva.”
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CPP, art. 387, IV: “O juiz, ao proferir sentença condenatória: (...)
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo
ofendido;”

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II – A decisão do árbitro não depende de homologação do Poder Judiciário. Assim, a sentença arbitral que reconheça a
obrigação é título executivo judicial.

III – Observação – impugnação ao cumprimento de sentença:


✓ A Lei de arbitragem (Lei 9.307) cita, em seus arts. 32 e 33, a ação de nulidade, a qual pode ser proposta perante
o Poder Judiciário para anular a sentença arbitral.
✓ É importante saber que o art. 33, §3º, Lei 9.307/96, estabelece que, se for iniciada a execução da sentença arbitral,
o réu pode alegar as matérias do art. 32 da referida lei.

Lei 9.307/96, art. 32 e art. 33:


“Art. 32. É nula a sentença arbitral se:
I - for nula a convenção de arbitragem;
II - emanou de quem não podia ser árbitro;
III - não contiver os requisitos do art. 26 desta Lei;
IV - for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem;
VI - comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção passiva;
VII - proferida fora do prazo, respeitado o disposto no art. 12, inciso III, desta Lei; e
VIII - forem desrespeitados os princípios de que trata o art. 21, § 2º, desta Lei.
Art. 33. A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder Judiciário competente a declaração de nulidade da
sentença arbitral, nos casos previstos nesta Lei.
§ 1o A demanda para a declaração de nulidade da sentença arbitral, parcial ou final, seguirá as regras do procedimento
comum, previstas na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), e deverá ser proposta no prazo de
até 90 (noventa) dias após o recebimento da notificação da respectiva sentença, parcial ou final, ou da decisão do pedido
de esclarecimentos.
§ 2o A sentença que julgar procedente o pedido declarará a nulidade da sentença arbitral, nos casos do art. 32, e
determinará, se for o caso, que o árbitro ou o tribunal profira nova sentença arbitral.
§ 3o A decretação da nulidade da sentença arbitral também poderá ser requerida na impugnação ao cumprimento da
sentença, nos termos dos arts. 525 e seguintes do Código de Processo Civil, se houver execução judicial.
§ 4o A parte interessada poderá ingressar em juízo para requerer a prolação de sentença arbitral complementar, se o
árbitro não decidir todos os pedidos submetidos à arbitragem”

4.8. Sentença/decisão estrangeira homologada/exequatur pelo STJ (art. 515, VIII e IX, CPC)
I – Não importa, nesse tópico, se é decisão ou sentença. Se elas tiverem sido homologadas ou houver sido dado o
exequatur pelo STJ, esse título executivo judicial pode ser executado no Brasil.

II – Exequatur é o mesmo que o “cumpra-se”.

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III – A sentença ou decisão estrangeiras podem se estatais ou arbitrais. A sentença estrangeira deve ser homologada pelo
STJ. A decisão estrangeira deve passar pelo exequatur.

IV – O regramento de homologação e de exequatur pelo STJ consta nos artigos 960 a 965, CPC.

5. Competência (516 CPC)


✓ O juízo competente, em regra, para fazer o cumprimento de sentença é o juízo da condenação (processo
sincrético).

CPC, art. 516: “O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:


I - os tribunais, nas causas de sua competência originária;
II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;
III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença
estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado,
pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a
obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.”

5.1. Competência originária (funcional) (I)


I – O art. 516, I, CPC, deixa claro que, quando se tratar de competência originária, o cumprimento de sentença será feito
no próprio tribunal. Trata-se de competência funcional absoluta.

II- O STF criou, na Reclamação 24.417, uma exceção ilegal por violação ao art. 516, I, CPC. Isso porque a regra é: quem
condena, executa. Nesse caso, o STF entendeu que a execução dos honorários fixados na Reclamação ocorrerá em
primeiro grau.
✓ Reclamação é ação autônoma impugnativa que tem previsão no art. 988, CPC.

5.2. Competência do juiz de 1º grau (funcional) (II)


I – Quando a condenação for no juízo de 1º grau, este fará o cumprimento de sentença.

II – Há, pelo menos, 3 causas modificativas (exceções):


a) legais (art. 43, CPC): o art. 43, CPC, estabelece que essa regra não será aplicada se, eventualmente, extinguiram o órgão
judiciário ou alteraram a sua competência absoluta.

b) voluntárias: o art. 516, § único, CPC (para qualquer cumprimento de sentença) e o art. 528, §9º (para cumprimento de
sentença de alimentos) estabelecem que a parte pode requerer, ao juízo da condenação, que este remeta o processo
para que o cumprimento de sentença seja feito:

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1. Para o local onde o devedor tem bens;
2. Para o atual domicílio do devedor; e
3. Para o domicílio do próprio autor (só para o cumprimento de sentença de alimentos).

c) jurisprudenciais (execução em prol de idosos, menores etc.)


A jurisprudência, para proteger o idoso e o menor, permite que a execução ocorra no juízo do domicílio dessas pessoas.

5.3. Competência por distribuição (territorial) (títulos paraestatais) (III) (art. 109, X, da CF – execução de sentenças
estrangeira na JF)
I – Os títulos paraestatais são a sentença penal condenatória transitada em julgado, a sentença arbitral e a
sentença/decisão estrangeira.

II – No caso dos títulos estatais, a competência será fixada pela distribuição. Nesses casos, não há um juízo cível da
condenação. Deve ser feito procedimento de liquidação e cumprimento de sentença autônomo, com base no art. 515,
§1º, CPC.

CPC, art. 515, §1º: “Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da sentença ou
para a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias.”

III – Nesses casos, a competência por distribuição segue as regras da competência territorial. Essa regra foge da máxima:
“quem condena, executa”.

IV- O art. 109, X, CF, estabelece que, toda vez que a execução da sentença ou da decisão estrangeira for homologada
pelo STJ ou houver exequatur, isso atrai a competência da justiça federal.

6. Cumprimento/execução provisória de sentença


Os artigos 520 a 522, CPC, disciplinam o cumprimento provisório de sentença.

6.1. Conceito (erro do designativo)


I – “Cumprimento provisório de sentença” é termo errado. O que é provisório é o título executivo. A nomenclatura correta
seria “cumprimento de título executivo judicial provisório”.

II – O segundo erro é o uso da nomenclatura “sentença”. O sistema permite, em alguns casos, o cumprimento de decisão
interlocutória (exemplo: art. 356, CPC – julgamento antecipado parcial do mérito). O correto seria “pronunciamento
judicial”.

III – O ideal, portanto, seria “cumprimento de pronunciamento judicial provisório”.

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6.2. Cabimento (520, caput, CPC):
Pode ocorrer em duas situações:
• Títulos judiciais sujeitos a recursos sem efeito suspensivo (520 e 995) (de qualquer obrigação – 520, § 5º): pode
ocorrer com qualquer tipo de obrigação.
Se o recurso tiver efeito suspensivo, o pronunciamento não tem eficácia e, portanto, não é possível fazer o
cumprimento provisório.

• Decisões (tutelas) provisórias (297,§ único, e 519, CPC): também se faz cumprimento provisório de sentença das
tutelas provisórias.

CPC, art. 520: “O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo será
realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime:
I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos
que o executado haja sofrido;
II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes
ao estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos;
III - se a sentença objeto de cumprimento provisório for modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará
sem efeito a execução;
IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de posse ou alienação de
propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução
suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.
§ 1º No cumprimento provisório da sentença, o executado poderá apresentar impugnação, se quiser, nos termos do art.
525 .
§ 2º A multa e os honorários a que se refere o § 1º do art. 523são devidos no cumprimento provisório de sentença
condenatória ao pagamento de quantia certa.
§ 3º Se o executado comparecer tempestivamente e depositar o valor, com a finalidade de isentar-se da multa, o ato não
será havido como incompatível com o recurso por ele interposto.
§ 4º A restituição ao estado anterior a que se refere o inciso II não implica o desfazimento da transferência de posse ou
da alienação de propriedade ou de outro direito real eventualmente já realizada, ressalvado, sempre, o direito à reparação
dos prejuízos causados ao executado.
§ 5º Ao cumprimento provisório de sentença que reconheça obrigação de fazer, de não fazer ou de dar coisa aplica-se,
no que couber, o disposto neste Capítulo.”

CPC, art. 995: “Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido
diverso.

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Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de
seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de
provimento do recurso.”

CPC, art. 297: “O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória.
Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as normas referentes ao cumprimento provisório da
sentença, no que couber.”

CPC, art. 519: “Aplicam-se as disposições relativas ao cumprimento da sentença, provisório ou definitivo, e à liquidação,
no que couber, às decisões que concederem tutela provisória.”

✓ ATENÇÃO 1: Títulos extrajudiciais - SEMPRE a execução é definitiva: isso ocorre porque título executivo
extrajudicial não é formado em processo de conhecimento e, portanto, não há recurso.

Súmula 317, STJ: “É definitiva a execução de título extrajudicial, ainda que pendente apelação contra sentença que julgue
improcedentes os embargos.”

✓ ATENÇÃO 2: é possível a execução provisória contra a Fazenda Pública? Sim. Todavia, se se tratar de obrigação
por quantia, só é possível o levantamento dos valores requisitados após o trânsito em julgado (conforme art.100,
CF).

6. Cumprimento/execução provisória de sentença

6.3. Regime jurídico:


a) Responsabilidade objetiva (aplicável, inclusive, no cumprimento definitivo de título rescindido):
É opção do credor fazer o cumprimento provisório e, desse modo, ele deve arcar com eventuais consequências. Assim, se
eventualmente, o título executivo mudar, o credor, independentemente de culpa, pagará perdas e danos.
✓ Observação: essa regra também se aplica no cumprimento definitivo, pois pode haver uma execução neste título
e, posteriormente, pode haver ação rescisória da sentença.

b) Restabelecimento das partes ao estado anterior


Caso haja modificação do título executivo, as partes serão restabelecidas ao estado anterior.
✓ O art. 520, §4º, CPC, deixa claro que o restabelecimento das partes ao estado anterior só ocorre se for possível.
Se não for, haverá condenação em perdas e danos.

c) Caução para levantamento de dinheiro/expropriação:

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I - Para levantar dinheiro ou para vender bens, o credor deve prestar caução que garanta a reparação do devedor caso
haja reforma do título executivo provisório.

II - Atenção: não é necessária caução para fazer o cumprimento provisório, mas para levantar valores ou expropriar bens
do devedor.

III – O art. 521, CPC, traz hipóteses em que a caução não é necessária:

CPC, art. 521: “A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser dispensada nos casos em que:
I - o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua origem;
II - o credor demonstrar situação de necessidade;
III – pender o agravo do art. 1.042; (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)
IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em consonância com súmula da jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça ou em conformidade com acórdão proferido no julgamento de casos
repetitivos.
Parágrafo único. A exigência de caução será mantida quando da dispensa possa resultar manifesto risco de grave dano de
difícil ou incerta reparação.”

d) Incidência de multa e honorários (art. 520,§ 2º, CPC)


Vale destacar que, nos termos do art. 520,§ 2º, CPC, o devedor, no cumprimento provisório, é intimado a pagar, sob pena
de multa e honorários, ambos na proporção de 10% (se for obrigação de quantia).

e) Possibilidade de impugnação (art. 520, §§ 1º e 3º)


O devedor pode apresentar impugnação até mesmo no caso de execução provisória de sentença.

Tema: Cumprimento de sentença de pagar quantia

1. Generalidades
1.1. Requerimento do exequente (513, § 1º e 523, caput) (só quantia)
O cumprimento de sentença de quantia é feito por requerimento do exequente. Nesses casos, o juiz não age de ofício.
A contrario sensu, os outros cumprimentos podem ser feitos de ofício.

CPC, art. 513, §1º: “O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou definitivo, far-se-
á a requerimento do exequente.”
CPC, art. 523, caput: “No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre
parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado
intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.”

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1.2. Cálculo executivo (524, caput)
O art. 524, CPC, coloca como condição sine qua non do início da fase de cumprimento de sentença de pagar quantia que
o credor apresente a memória discriminativa do quanto lhe é devido.

CPC, art. 524, caput e incisos: “O requerimento previsto no art. 523 será instruído com demonstrativo discriminado e
atualizado do crédito, devendo a petição conter:
I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do
exequente e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1º a 3º ;
II - o índice de correção monetária adotado;
III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados;
VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível (...)”

1.3. Requisição de dados para elaboração da conta (524, §§ 3º e 5º)


Se, eventualmente, o credor não puder fazer o cálculo porque os dados estão em poder do devedor ou de terceiro, poderá
ser instaurado incidente para verificação e obtenção de dados.

CPC, art. 524, §§3º a 5º: “§ 3º Quando a elaboração do demonstrativo depender de dados em poder de terceiros ou do
executado, o juiz poderá requisitá-los, sob cominação do crime de desobediência.
§ 4º Quando a complementação do demonstrativo depender de dados adicionais em poder do executado, o juiz poderá,
a requerimento do exequente, requisitá-los, fixando prazo de até 30 (trinta) dias para o cumprimento da diligência.
§ 5º Se os dados adicionais a que se refere o § 4º não forem apresentados pelo executado, sem justificativa, no prazo
designado, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo exequente apenas com base nos dados de que dispõe.”

✓ Atenção ao disposto no §5º, art. 524, CPC.

1.4. Prazo para pagamento, sob pena de multa (10%) mais honorários (10%) – 15 dias (aplicáveis os arts. 219 e 229 CPC
- STJ, 4a Turma, Resp. 1.693.784).
I - O art. 523 e §1º, CPC, estabelece que o prazo de pagamento é de 15 dias.

II – O STJ decidiu que, ao prazo citado, aplica-se o disposto nos artigos 219 e 229 do CPC. Isso significa que o prazo é
contado em dias úteis e que há o dobro do prazo se o processo for físico e se as partes tiverem advogados diferentes de
escritórios diferentes.

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CPC, art. 523, caput e §1º: “No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão
sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o
executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.
§ 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput , o débito será acrescido de multa de dez por cento e,
também, de honorários de advogado de dez por cento.”

1.5. Forma de intimação para cumprimento para pagamento: regime único e comum do art. 513, § 2º) (QUESTÃO:
superação da súmula 410 do STJ? - STJ, EREsp 1.360.577 e EREsp 1.371.209)
I - O CPC adotou um regime jurídico único para as obrigações de pagar quantia, para as obrigações de fazer ou não fazer
e para as obrigações de dar/entregar.

II – É necessário ler com atenção os parágrafos 2º e 3º do art. 513, CPC:

CPC, art. 513, §§2º a 4º: “§ 2º O devedor será intimado para cumprir a sentença:
I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos;
II - por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública ou quando não tiver procurador
constituído nos autos, ressalvada a hipótese do inciso IV;
III - por meio eletrônico, quando, no caso do § 1º do art. 246 , não tiver procurador constituído nos autos
IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256 , tiver sido revel na fase de conhecimento.
§ 3º Na hipótese do § 2º, incisos II e III, considera-se realizada a intimação quando o devedor houver mudado de endereço
sem prévia comunicação ao juízo, observado o disposto no parágrafo único do art. 274.
§ 4º Se o requerimento a que alude o § 1º for formulado após 1 (um) ano do trânsito em julgado da sentença, a intimação
será feita na pessoa do devedor, por meio de carta com aviso de recebimento encaminhada ao endereço constante dos
autos, observado o disposto no parágrafo único do art. 274 e no § 3º deste artigo.”

III – Regras:
1ª) O devedor é intimado na pessoa do advogado.
2ª) Subsidiariamente, o devedor é intimado pessoalmente: se atendido pela Defensoria Pública, se não tiver procurador
constituído nos autos ou se decorreu 1 ano entre a data do trânsito em julgado e a data de início da fase cumprimento.
3ª) O devedor não localizado na fase de conhecimento será intimado novamente por edital na fase de cumprimento de
sentença.

IV – A doutrina estabelece que o regime jurídico é único e, portanto, aplica-se para as obrigações de pagar quantia, para
as obrigações de fazer ou não fazer e para as obrigações de dar/entregar. O STJ, entretanto, possui súmula 410:

Súmula 410, STJ: “A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de multa pelo
descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.”

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✓ Observação: toda a doutrina tem afirmado que a súmula citada está superada. O STJ no julgamento do EREsp
1.360.577 e EREsp 1.371.209 afirmou que a súmula 410 continua válida.

2. Multa e honorários (523, § 1º)


CPC, art. 523, §1º: “§ 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez
por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento.”

2.1. Natureza da multa


Há 3 posições sobre o tema:
1ª) A multa tem natureza de sanção (castigo pelo inadimplemento). É posição minoritária.
2ª) A multa tem natureza coercitiva (meio de execução indireto). É posição majoritária na doutrina.
3ª) A multa tem caráter duplo ou misto: é coercitiva, enquanto pressuposta, e indenizatória, enquanto posta. Essa posição
é defendida pelo professor Fernando Gajardoni e por Fredie Didier.

2.2. Base e percentual fixos da multa (523, § 1º) (diferente astreinte do 537)
I - A base de cálculo é o valor da condenação e o percentual é de 10%.

II - Nesse aspecto, é possível perceber a diferença entre a multa do art. 523,§1º, CPC e as astreintes do art. 537, CPC.

2.3. Base e percentual fixos dos honorários (523, § 1º)


A base de cálculo e o percentual dos honorários também é fixo.

✓ STJ, Resp. 1.745.773, 4ª Turma, j. 12.2018 – o STJ afirmou que não se aplica o art. 85, §8º, CPC, à execução.

2.4. Não incidência da multa (Fazenda Pública – 535) (Alimentos – 528, § 3º)
I - Não incide a multa contra a Fazenda Pública. Isso porque a Fazenda Pública não pode pagar voluntariamente. Ela só
pode pagar por precatórios.

II – Também não se aplica a multa no caso da execução de alimentos dos 3 últimos meses. Isso porque o art. 528, §3º,
CPC, possui um mecanismo muito mais incisivo para influenciar o pagamento: a possibilidade prisão.

CPC, art. 528, §3º: “Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar
protestar o pronunciamento judicial na forma do § 1º, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.”

2.5. Pagamento parcial (523, § 2º, CPC)


Se houver pagamento parcial, incidirá multa e incidirão honorários somente sobre o valor que não foi pago.

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CPC, art. 523, §2º: “Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput , a multa e os honorários previstos no § 1º
incidirão sobre o restante.”

2.6. Parcelamento do débito do art. 916 CPC – impossibilidade (§ 7º), salvo monitória (art. 701, § 5º, CPC)
I - O art. 916, CPC, cita a possibilidade de, na execução de título extrajudicial, o devedor, depositando 30% do valor total
devido, pagar o restante em até 6 parcelas com juros e correção monetária.

II – Atenção: não cabe o parcelamento do art. 916, CPC no caso de cumprimento de sentença, mas apenas na execução
de título extrajudicial. A única exceção é a monitória.
CPC, art. 916, §7º: “O disposto neste artigo não se aplica ao cumprimento da sentença.”

CPC, art. 701, §5º: “Aplica-se à ação monitória, no que couber, o art. 916 .”

2.7. Depósito para impugnar com efeito suspensivo (525, § 6º, CPC) não afasta incidência da multa/honorários no caso
de rejeição da impugnação, salvo no cumprimento provisória (art. 520, § 3º, CPC)
I - Depósito em juízo é diferente de pagamento. Assim, se o devedor quiser, no prazo de 15 dias, depositar o valor devido
para obter o efeito suspensivo da impugnação, isso não afasta a incidência de multas e honorários no caso da rejeição da
impugnação.

CPC, art. 525, §6º: “A apresentação de impugnação não impede a prática dos atos executivos, inclusive os de expropriação,
podendo o juiz, a requerimento do executado e desde que garantido o juízo com penhora, caução ou depósito suficientes,
atribuir-lhe efeito suspensivo, se seus fundamentos forem relevantes e se o prosseguimento da execução for
manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação.”

II – Exceção:
CPC, art. 520, §3º: “Se o executado comparecer tempestivamente e depositar o valor, com a finalidade de isentar-se da
multa, o ato não será havido como incompatível com o recurso por ele interposto.”

3. Impugnação ao cumprimento de sentença


Na execução de título judicial, o devedor se defende por impugnação ao cumprimento de sentença. Na execução de título
extrajudicial, o devedor se defende por embargos à execução.

3.1. Defesas do executado (típica e atípicas)


Basicamente, na execução o devedor pode apresentar dois tipos de defesa:
• Típicas: defesas previstas em lei como tal (impugnação ao cumprimento de sentença e objeção de pré-
executividade ou de executividade).

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• Atípicas: não são previstas em lei como mecanismos de defesa (exemplos: ação rescisória e mandado de
segurança contra ato judicial).

3.2. Natureza (03 posições)


Existem 3 posições na doutrina sobre a natureza jurídica da impugnação:
1ª) Ação;
2ª) Defesa; e
3ª) Ação ou defesa – é a posição majoritária na doutrina. Tanto a ação como a defesa são veiculadas por meio de uma
fase sem autonomia procedimental. O que define se o conteúdo da impugnação é de ação ou de defesa é a matéria
alegável.

CPC, art. 525, §1º: “Na impugnação, o executado poderá alegar:


I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;
II - ilegitimidade de parte;
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;
V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou
prescrição, desde que supervenientes à sentença.”

3.3. Sem necessidade de garantia do juízo (525, caput), salvo para suspender
Não há necessidade de garantia do juízo para ter direito à impugnação ao cumprimento de sentença. A garantia só é
necessária se o devedor quiser dar efeito suspensivo à impugnação.

3.4. Prazo e termo inicial (525, caput)


I - O prazo é de 15 dias, tão logo decorra o prazo para pagamento da dívida. Por esse motivo, a doutrina cita que o prazo
é de 15 + 15.

II - O prazo corre sem intimação específica.


CPC, art. 525, caput: “Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15
(quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos,
sua impugnação.”

III – O prazo é contado na forma do art. 219, CPC, ou seja, em dias úteis. Também haverá prazo em dobro nos casos de
autos físicos em que as partes tenham advogados distintos de escritórios diferentes.

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3.5. Cabimento (FP - 535) (obrigações de fazer/dar – 536, § 4º)
A impugnação ao cumprimento de sentença é cabível nas obrigações por quantia em que a Fazenda Pública é devedora.
Também é cabível nas obrigações de fazer, não fazer e dar.

CPC, art. 536, §4º: “No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer,
aplica-se o art. 525 , no que couber.”

3.6. Matérias (525, § 1º) (limitação da cognição)


I - 525, §1º, CPC, traz um rol taxativo das matérias alegáveis pelo devedor na impugnação ao cumprimento de sentença.
O rol é taxativo porque o devedor já teve a oportunidade de se defender na fase de conhecimento. Assim, o devedor,
nesta fase, só poderá alegar matérias que não eram alegáveis na fase de conhecimento.

CPC, art. 525, §1º: “Na impugnação, o executado poderá alegar:


I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;
II - ilegitimidade de parte;
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;
V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou
prescrição, desde que supervenientes à sentença.”

II – Dois tópicos a serem trabalhados:


a) excesso de execução (917, § 2º e 525, §§ 4º e 5º): a principal hipótese de excesso de execução ocorre quando o credor
cobra mais do que lhe é devido.

✓ Em caso de excesso de execução, o devedor deve apontar: o valor devido e o cálculo. Se isso não for apresentado,
conforme art. 525, §§4º e 5º, o juiz não conhecerá da impugnação se o excesso de execução for o único
fundamento da impugnação. Se esse não for o único fundamento, o juiz prosseguirá com a impugnação, mas não
apreciará excesso de execução.

CPC, art. 917, §2º: “Há excesso de execução quando:


I - o exequente pleiteia quantia superior à do título;
II - ela recai sobre coisa diversa daquela declarada no título;
III - ela se processa de modo diferente do que foi determinado no título;
IV - o exequente, sem cumprir a prestação que lhe corresponde, exige o adimplemento da prestação do executado;

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V - o exequente não prova que a condição se realizou.”

CPC, art. 525, §§4º e 5º: “§ 4º Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia
superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto, apresentando
demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo.
§ 5º Na hipótese do § 4º, não apontado o valor correto ou não apresentado o demonstrativo, a impugnação será
liminarmente rejeitada, se o excesso de execução for o seu único fundamento, ou, se houver outro, a impugnação será
processada, mas o juiz não examinará a alegação de excesso de execução.”

b) inexigibilidade (coisa julgada inconstitucional) (525, §§ 12 a 15 e 535, §§ 5º a 8º)


I - Inexigibilidade é a falta da ocorrência da condição ou termo para o cumprimento da obrigação.

II – O legislador criou uma inexigibilidade por equiparação. O CPC estabelece que, caso o título executivo judicial tenha
sido proferido contra entendimento do STF em controle abstrato ou concentrado de constitucionalidade, o devedor pode
apresentar impugnação alegando a inconstitucionalidade (art. 525, §§ 12 a15, CPC).

III- Atenção: O §15 do art. 525 e o § 8º do art. 535 estabelecem que, se, quando o título executivo foi formado, ainda não
havia decisão do STF, o título executivo não é inexigível. Assim, não há coisa julgada inconstitucional quando a decisão do
STF se deu após a formação do título executivo. Entretanto, poderá o devedor, no prazo de dois anos (a contar do trânsito
em julgado da decisão do STF), entrar com a ação rescisória do título executivo.

CPC, art. 525, §§12 a 15: “§ 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1º deste artigo, considera-se também inexigível
a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo
Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo
Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal , em controle de constitucionalidade concentrado ou
difuso.
§ 13. No caso do § 12, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal poderão ser modulados no tempo, em atenção
à segurança jurídica.
§ 14. A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12 deve ser anterior ao trânsito em julgado da decisão
exequenda.
§ 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá ação rescisória,
cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal.”

3.7. Efeitos do recebimento da impugnação (525, §§ 6º a 10)


I - Regra geral, a impugnação não tem efeito suspensivo.

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II - Excepcionalmente, a impugnação ao cumprimento de sentença pode ter efeito suspensivo. São necessárias três
condições:
• Garantia do juízo;
• Probabilidade do direito; e
• Periculum in mora.

III – Caso o juiz conceda o efeito suspensivo (após o cumprimento dos requisitos acima), se o credor prestar caução, o juiz
pode retirar o efeito suspensivo e prosseguir no cumprimento da sentença.

CPC, art. 525, §§6º a 10: “§ 6º A apresentação de impugnação não impede a prática dos atos executivos, inclusive os de
expropriação, podendo o juiz, a requerimento do executado e desde que garantido o juízo com penhora, caução ou
depósito suficientes, atribuir-lhe efeito suspensivo, se seus fundamentos forem relevantes e se o prosseguimento da
execução for manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação.
§ 7º A concessão de efeito suspensivo a que se refere o § 6º não impedirá a efetivação dos atos de substituição, de reforço
ou de redução da penhora e de avaliação dos bens
§ 8º Quando o efeito suspensivo atribuído à impugnação disser respeito apenas a parte do objeto da execução, esta
prosseguirá quanto à parte restante.
§ 9º A concessão de efeito suspensivo à impugnação deduzida por um dos executados não suspenderá a execução contra
os que não impugnaram, quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao impugnante.
§ 10. Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exequente requerer o prosseguimento da execução,
oferecendo e prestando, nos próprios autos, caução suficiente e idônea a ser arbitrada pelo juiz.”

3.8. Contraditório
I - Deve haver contraditório.

II – O credor será ouvido no prazo de 15 dias.

3.9. Sucumbência na impugnação (85, § 1º).


Se a impugnação não for acolhida, não haverá honorários. Se a impugnação for acolhida, haverá a incidência de honorários
em favor do advogado do devedor.

a) rejeição (não incidência - súmula 519 do STJ)


Súmula 519, STJ: “Na hipótese de rejeição da impugnação ao cumprimento de sentença, não são cabíveis honorários
advocatícios.”
Da rejeição, cabe o recurso de agravo de instrumento.

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b) acolhimento (ainda que parcial) (incidência - STJ)
Se o juiz acolheu a impugnação, deve-se verificar se o acolhimento pôs ou não fim ao cumprimento de sentença. Se
colocou fim, o recurso cabível é a apelação. Do contrário, o recurso cabível é o agravo de instrumento.

3.10. Arguição de fatos supervenientes (525, § 11 e 518 CPC)


Os artigos 525, §11 e 518, CPC, admitem a arguição de fatos supervenientes em até 15 dias após a ocorrência desses
fatos.

CPC, art. 525, §11: “As questões relativas a fato superveniente ao término do prazo para apresentação da impugnação,
assim como aquelas relativas à validade e à adequação da penhora, da avaliação e dos atos executivos subsequentes,
podem ser arguidas por simples petição, tendo o executado, em qualquer dos casos, o prazo de 15 (quinze) dias para
formular esta arguição, contado da comprovada ciência do fato ou da intimação do ato.”

CPC, art. 518: “Todas as questões relativas à validade do procedimento de cumprimento da sentença e dos atos executivos
subsequentes poderão ser arguidas pelo executado nos próprios autos e nestes serão decididas pelo juiz.”

Tema: cumprimento de sentença - fazer, não fazer e dar

1. Generalidades comuns
1.1. Tutela reparatória x Tutela específica (497/498 CPC) (536 a 538 CPC)
I – As obrigações de fazer, não fazer ou entregar trabalham com um modelo de tutela específica. Isso ocorre porque não
se pode (em regra) impor ao autor o recebimento de uma tutela reparatória (in pecúnia).

II – A tutela reparatória é hipótese excepcional.

CPC, arts. 497 e 498: “Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente
o pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado
prático equivalente.
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, a reiteração ou a continuação de um
ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo.
Art. 498. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o
cumprimento da obrigação.
Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e pela quantidade, o autor individualizá-la-á
na petição inicial, se lhe couber a escolha, ou, se a escolha couber ao réu, este a entregará individualizada, no prazo fixado
pelo juiz.”

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CPC, arts. 536 a 538: “Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de
não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo
resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente.
§ 1º Para atender ao disposto no caput , o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e
apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso
necessário, requisitar o auxílio de força policial.
§ 2º O mandado de busca e apreensão de pessoas e coisas será cumprido por 2 (dois) oficiais de justiça, observando-se o
disposto no art. 846, §§ 1º a 4º , se houver necessidade de arrombamento.
§ 3º O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé quando injustificadamente descumprir a ordem judicial, sem
prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência.
§ 4º No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, aplica-se o art.
525 , no que couber.
§ 5º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que reconheça deveres de fazer e de
não fazer de natureza não obrigacional.
Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela
provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se
determine prazo razoável para cumprimento do preceito.
§ 1º O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou a periodicidade da multa vincenda ou excluí-la, caso
verifique que:
I - se tornou insuficiente ou excessiva;
II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da obrigação ou justa causa para o descumprimento.
§ 2º O valor da multa será devido ao exequente.
§ 3º A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser depositada em juízo, permitido o
levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte.(Redação dada pela Lei nº 13.256, de
2016) (Vigência)
§ 4º A multa será devida desde o dia em que se configurar o descumprimento da decisão e incidirá enquanto não for
cumprida a decisão que a tiver cominado.
§ 5º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que reconheça deveres de fazer e de
não fazer de natureza não obrigacional.
Art. 538. Não cumprida a obrigação de entregar coisa no prazo estabelecido na sentença, será expedido mandado de
busca e apreensão ou de imissão na posse em favor do credor, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel.
§ 1º A existência de benfeitorias deve ser alegada na fase de conhecimento, em contestação, de forma discriminada e
com atribuição, sempre que possível e justificadamente, do respectivo valor.
§ 2º O direito de retenção por benfeitorias deve ser exercido na contestação, na fase de conhecimento.
§ 3º Aplicam-se ao procedimento previsto neste artigo, no que couber, as disposições sobre o cumprimento de obrigação
de fazer ou de não fazer.”

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1.2. Tutela específica contra o Poder Público (afastamento art. 535, CPC)
O regramento dos arts. 534 e 535, CPC, não se aplica nas obrigações de fazer, não fazer e dar.

1.3. Aplicação a deveres não obrigacionais (536/537, §5º, CPC – artigos listados acima)
Apesar de o CPC falar em “ação ou cumprimento de sentença de obrigação de fazer, não fazer e dar”, o regime jurídico
do art. 536 a 538 também é aplicável para a tutela de deveres (de fazer, não fazer e dar) não obrigacionais.

2.Cumprimento das obrigações de fazer e não fazer (geral)


2.1. Tutela específica e resultado prático equivalente (art. 536 CPC)
I - O art. 536, CPC, revela que as tutelas da obrigação de fazer ou não fazer trabalham com o modelo de tutela específica.
Entretanto, se não for possível a tutela específica, é possível trabalhar com o resultado prático equivalente.

II -A obtenção do resultado prático equivalente é um meio de se alcançar um resultado parecido capaz de satisfazer o
autor.

2.2. Conversão em perdas e danos (art. 499 e 509 CPC)


Se a obtenção da tutela específica ou do resultado prático equivalente não forem possíveis, trabalhar-se-á com a
conversão em perdas e danos.

2.3. Atipicidade (art. 536, § 1º) e desobediência (art. 536, § 3º, CPC)
I - O art. 536, §1º, CPC, cita que, no cumprimento de obrigações de fazer ou não fazer, vige o modelo da atipicidade das
medidas executivas.

II – O CPC cita ainda que, se o autor descumprir a obrigação determinada pelo juiz, ele pode responder pelo crime de
desobediência.

3. Astreintes (art.537, CPC)


3.1. Natureza jurídica
Há 3 posições sobre o tema:
1ª) A astreinte tem natureza de sanção (castigo pelo inadimplemento). É posição minoritária.
2ª) A astreinte tem natureza coercitiva (meio de execução indireto). É posição majoritária na doutrina.
3ª) A astreinte tem caráter duplo ou misto: é coercitiva, enquanto pressuposta, e indenizatória, enquanto posta. Essa
posição é defendida pelo professor Fernando Gajardoni e por Fredie Didier.

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3.2. Destinatário (537, § 2º, CPC)
O destinatário das astreintes é a parte contrária.

3.3. Momento da incidência (537, § 4º) e execução (537, § 3º, salvo art. 12 da LACP)
I - De acordo com o art. 537, §4º, CPC, o momento da incidência da astreinte ocorre tão logo seja descumprido o prazo
fixado pelo juiz.

II – A execução da multa pode ser feita tão logo incida, mas o levantamento do valor só ocorrerá após o trânsito em
julgado da obrigação. Esse regramento não é válido para a Lei de Ação Civil Pública.

3.4. Reforma da decisão cujo cumprimento a multa pretendida tutelar


I - Se, no futuro, houver reforma da decisão cujo cumprimento a multa pretendia tutelar, a multa é indevida. É por esse
motivo que não é possível levantar o valor antes do trânsito em julgado.

II - Se, entretanto, o credor levantar a multa indevidamente, é possível que haja ação de repetição de indébito.

3.5. Valor e periodicidade da multa


Atenção:
• A multa do art. 523, §3º, CPC, tem valor e periodicidade fixados em lei (conforme já visto).
• Na astreinte, o valor e a periodicidade são fixados pelo juiz, conforme o caso concreto.

3.6. Adequação/cancelamento da multa (art. 537, § 1º, CPC)


I – No regime revogado, o STJ entendia que o valor e a periodicidade da multa não faziam coisa julgada. Dessa forma, era
possível que os valores fossem reduzidos (após vencidos).

II- O art. 537, §1º, CPC, afirma que não é possível mexer na multa vencida.

CPC, art. 537, §1º: “O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou a periodicidade da multa vincenda ou
excluí-la, caso verifique que:
I - se tornou insuficiente ou excessiva;
II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da obrigação ou justa causa para o descumprimento.”

4. Cumprimento das obrigações de dar, prestar e restituir (art.538)


4.1. Fixação de prazo razoável para cumprimento (498, CPC)
O juiz deve fixar um prazo razoável para o devedor cumprir a obrigação.
CPC, art. 498: “Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para
o cumprimento da obrigação.

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Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e pela quantidade, o autor individualizá-la-á
na petição inicial, se lhe couber a escolha, ou, se a escolha couber ao réu, este a entregará individualizada, no prazo fixado
pelo juiz.”

4.2. Coisa incerta (498, parágrafo, CPC) (243 a 246 do CC)


I - Se a entrega for de coisa incerta, é necessário verificar a quem cabe a escolha – processo de especificação da coisa.

II- Se a escolha couber ao credor, ele deverá fazer o pedido especificando a coisa escolhida. Se a escolha for feita pelo
devedor, o juiz intimará o devedor para, no prazo assinalado, escolher e entregar a coisa.

4.3. Inexistência de resultado prático equivalente (538 CPC)


I - Nas obrigações de entrega, não existe obtenção de resultado prático equivalente. Isso ocorre pela especificidade da
coisa a ser entregue.

II – Assim sendo, neste caso, ou se obtém a tutela específica ou haverá condenação em perdas e danos.

4.4. Indenização e retenção por benfeitorias (538, §1º e 2º, CPC)


I - Se o devedor quiser fazer a retenção ou quiser a indenização por benfeitorias relativas à coisa que ele precisa entregar,
ele deve ter seu direito reconhecido na ação de conhecimento.

II - Se o devedor não tiver alegado tais direitos na fase de conhecimento, não é possível alega-los na fase de execução.

CPC, art. 538: “Não cumprida a obrigação de entregar coisa no prazo estabelecido na sentença, será expedido mandado
de busca e apreensão ou de imissão na posse em favor do credor, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel.
§ 1º A existência de benfeitorias deve ser alegada na fase de conhecimento, em contestação, de forma discriminada e
com atribuição, sempre que possível e justificadamente, do respectivo valor.
§ 2º O direito de retenção por benfeitorias deve ser exercido na contestação, na fase de conhecimento.
(...)”

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