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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.

129/2019-1

GRUPO I – CLASSE V – Plenário


TC 038.129/2019-1
Natureza: Relatório de Levantamento
Órgãos/Entidades: Centro Federal de Educação Tecnológica Celso
Suckow da Fonseca; Centro Federal de Educação Tecnológica de
Minas Gerais; Colégio Pedro Ii; Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia Farroupilha; Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia Baiano; Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia Catarinense; Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia da Bahia; Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia da Paraíba; Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Alagoas; Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Brasília; Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Goiás; Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Mato Grosso; Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais; Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco; Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia; Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima; Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina;
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo;
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe;
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre;
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá;
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas;
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará;
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito
Santo; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Maranhão; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Mato Grosso do Sul; Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Norte de Minas Gerais; Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Pará; Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná; Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí; Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul; Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro;
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande
do Norte; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Sertão Pernambucano; Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais; Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais; Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins; Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro;
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense;
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano;
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul -rio-
grandense; Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Responsável: Identidade preservada (art. 55, caput, da Lei n.
8.443/1992)

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Interessado: Identidade preservada (art. 55, caput, da Lei n.


8.443/1992)
Representação legal: não há

SUMÁRIO: LEVANTAMENTO. CONHECIMENTO E


AVALIAÇÃO DE INDICADORES DE GESTÃO DE
INSTITUIÇÃO FEDERAIS DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL,
CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA. IDENTIFICAÇÃO DE
INEFICIÊNCIAS. AUSÊNCIA DE INTEGRAÇÃO DE
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E PADRONIZAÇÃO.
NECESSIDADE DE ATUALIZAÇÃO EM RAZÃO DE
ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS. DETERMINAÇÃO.
CIÊNCIA.

RELATÓRIO

Adoto, como relatório, instrução cuja proposta foi acolhida pelo escalão dirigente da
Secretaria de Controle Externo da Educação:
I. INTRODUÇÃO
1. Trata-se de levantamento com o objetivo de conhecer e avaliar os indicadores
construídos no âmbito da Plataforma Nilo Peçanha (PNP), com base em dados relativos às
instituições que integram a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (EPCT),
de modo a subsidiar o TCU quanto a novo modelo de Indicadores de Gestão dessas Instituições.
2. O levantamento é decorrente de deliberação constante em Despacho de 4/11/2019 do
Min. Walton Alencar Rodrigues (TC 035.881/2019-4), e tem por objeto os indicadores de gestão dos
Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, construídos na Plataforma Nilo Peçanha,
incluindo aqueles constantes do Acórdão 2267/2005- TCU – Plenário, de relatoria do Ministro
Benjamin Zymler.
3. Esse Acórdão foi prolatado em decorrência de monitoramento de determinações
exaradas no Acórdão 480/2005-TCU-Plenário (também de relatoria do Ministro Benjamin Zymler),
no âmbito de Au-ditoria no Programa de Educação Profissional (Proep), que se refere a programa a
cargo da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica - Setec/MEC e das Instituições Federais
de Educação Tecnológica - Ifet.
4. Na ocasião, houve avaliação de aspectos operacionais e de legalidade e detectou-se a
ausência de informações gerenciais relevantes que deveriam ser mantidas pelas Ifet e pela
Setec/MEC, em especial em relação aos convênios firmados para execução daquele programa.
5. Naquela decisão proferida pelo Tribunal, houve determinação às Instituições Federais
de Edu-cação Tecnológica para a inclusão, nos relatórios de gestão das contas anuais, de um
conjunto de indicado-res de gestão, quais sejam:
a) relação candidato/vaga;
b) relação ingressos/aluno;
c) relação concluintes/aluno;
d) índice de eficiência acadêmica de concluintes;
e) índice de retenção do fluxo escolar;
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f) relação de alunos/docente em tempo integral;


g) gastos correntes por aluno;
h) percentual de gastos com pessoal;
i) percentual de gastos com outros custeios;
j) percentual de gastos com investimentos;
k) número de alunos matriculados classificados de acordo com a renda per capita
familiar.
6. Considerando que o referido Acórdão foi prolatado em momento anterior à criação da
Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cuja instituição foi promovida por
meio da Lei 11.892/2008, demonstrando que houve alteração no marco normativo, há necessidade de
avaliar os indi-cadores de gestão das referidas instituições, sob novo aspecto normativo e com base
em estrutura que não existia à época da determinação exarada no Acórdão 2267/2005-TCU-Plenário
e, se for o caso, propor os ajustes necessários nos indicadores existentes, ou a criação de novos
indicadores que abranjam o espectro de atuação dessas entidades de educação profissional e que
permitam um acompanhamento efetivo dessas instituições por parte do TCU.
7. A partir do objetivo do trabalho, o levantamento foi desenvolvido com base em quatro
aspec-tos principais de análise, a saber:
a) visão geral do objeto, indicando alterações legislativas que impactaram na forma de
atuação das instituições integrantes da Rede Federal;
b) sistemas e bases de dados utilizados para o cálculo de indicadores da Plataforma Nilo
Pe-çanha;
c) indicadores existentes na Plataforma Nilo Peçanha (PNP) e constantes do Acórdão
2267/2005-TCU-Plenário e de outros instrumentos normativos, correlacionando com requisitos e
atributos exigidos na elaboração de indicadores; e
d) indicadores de gestão existentes em relação com a atuação finalística da Rede Federal
de Educação Tecnológica.
8. O escopo da fiscalização limitou a análise aos Institutos Federais, aos Centros
Federais de Educação Tecnológica (Cefet) e ao Colégio Pedro II, os quais estão sob supervisão da
Secretaria de Edu-cação Tecnológica do Ministério da Educação – Setec/MEC.
9. O Colégio Pedro II foi inserido no escopo por ser instituição federal de ensino,
pluricurricular e multicampi, vinculada à Setec/MEC, ofertando educação básica e cursos superiores
de licenciaturas. Além disso, nos indicadores existentes na Plataforma Nilo Peçanha estão inseridos
dados sobre o Colégio Pedro II.
10. Cabe destacar que a Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR,
apesar de inte-grar a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, não foi
inserida no escopo por não estar vinculada à Setec/MEC e não constar dos indicadores da Plataforma
Nilo Peçanha. No mesmo sentido, as escolas técnicas vinculadas às universidades federais não estão
sob supervisão da Setec/MEC, mas da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação
(Sesu/MEC).
11. No exercício financeiro de 2018, conforme dados da Plataforma Nilo Peçanha
(versão 2019), o montante de recursos financeiros destinados aos Institutos Federais, Centros

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Federais de Educação Tec-nológica e Colégio Pedro II totalizou aproximadamente R$ 16,53 bilhões


(não incluídas despesas relacio-nadas a inversões financeiras).
12. Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do
Tribunal de Contas da União e com observância ao Roteiro de Levantamento desenvolvido pelo TCU
(Portaria Sege-cex 24, de 14/9/2018). O detalhamento dos procedimentos adotados na fiscalização
consta de Matriz de Planejamento, apêndice a este relatório.
13. Os procedimentos de coleta de dados utilizados nessa fiscalização foram
basicamente: (i) a re-alização de pesquisas na internet, em especial o sítio da Plataforma Nilo
Peçanha; (ii) a realização de pes-quisas em sistemas internos da Setec/MEC, em especial o Sistec;
(iii) a requisição de informações à Se-tec/MEC e aos Institutos Federais, por meio de questionários
estruturados e por e-mail; (iv) realização de reuniões técnicas; e (v) visitas exploratórias aos
Institutos Federais de Brasília e Alagoas.
14. Já os procedimentos de análise de dados consistiram na avaliação qualitativa
das informações produzidas pela equipe, registradas em matriz SWOT e diagrama de verificação de
riscos (DVR), e de in-formações coletadas junto às unidades jurisdicionadas, mediante requisição de
informações, como mapa de produtos/serviços fornecidos pelos Institutos Federais e análise de
indicadores, documentos oficiais ou avaliações realizadas pela Setec/MEC e pela Controladoria-
Geral da União (CGU).
15. Dentre as limitações do trabalho, destaca-se que não houve análise de
procedimentos de con-troles internos e das estruturas de gestão envolvidas no processo de elaboração
de indicadores de gestão das instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica.
II. VISÃO GERAL
16. A Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, vinculada
ao Ministério da Educação, foi instituída pela Lei 11.892/2008. A referida Rede é constituída por 38
Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia - Institutos Federais, pela Universidade
Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR; pelos Centros Federais de Educação Tecnológica Celso
Suckow da Fonseca - Cefet-RJ e de Minas Gerais - Cefet-MG; pelas Escolas Técnicas Vinculadas às
Universidades Federais; e pelo Colégio Pedro II.
17. Para fins de caracterização da evolução da Rede Federal de Educação
Profissional, Científica e Tecnológica, traça-se uma breve descrição do percurso histórico de criação
e consolidação da Rede Fe-deral de Educação Tecnológica. Em seguida, caracterizam-se os Institutos
Federais, os objetivos de ex-pansão da Rede Federal, bem como as finalidades e os objetivos
institucionais. No curso da descrição do objeto, também se discorre sobre a legislação aplicável.
18. De acordo com o Ministério da Educação, a Rede Federal de Educação
Profissional, Científi-ca e Tecnológica começou em 1909, quando o então Presidente da República,
Nilo Peçanha, criou deze-nove escolas de aprendizes e artífices, as quais deram origem às escolas
técnicas federais e, subsequente-mente, aos Centros Federais de Educação Profissional e Tecnológica
(Cefet).
19. Na década de 1970, a Lei de Diretrizes e Bases para o ensino de 1º e 2º graus
(Lei 5.692/1971) tornou compulsório o ensino técnico-profissional no currículo do ensino médio. A
Lei 6.545/1978 trans-formou as escolas técnicas federais de Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro
em Centros Federais de Educação Profissional e Tecnológica (Cefet), inclusive com oferta de cursos
superiores por estas institui-ções.

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20. A Lei 8.948/1994 instituiu o Sistema Nacional de Educação Tecnológica,


transformando, gra-dativamente, as escolas técnicas e agrotécnicas federais (ETF e EAF) em Cefet, o
que ocorreu no período de 1994 a 2007.
21. O Decreto 5.154/2004 permitiu a integração do ensino técnico ao ensino médio.
Em 2006, por meio do Decreto 5.840/2006, foi instituído, no âmbito federal, o Programa Nacional de
Jovens e Adultos, com integração ao ensino técnico. Também em 2006 foi lançado o Catálogo
Nacional dos Cursos Superio-res de Tecnologia.
22. Em 2008, por meio da Lei 11.892/2008, houve transformação dos centros
federais de educa-ção tecnológica (Cefet), com suas respectivas unidades descentralizadas de ensino
(Uned), escolas agro-técnicas, escolas técnicas federais, e de algumas escolas vinculadas a
universidades em Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, 38 no total.
23. Na referida Lei, mantiveram-se o Cefet-MG e o Cefet-RJ (Centro Federal de
Educação Tec-nológica Celso Suckow da Fonseca) e transformou-se o Cefet-PR em Universidade
Técnica Federal do Paraná (UTFPR). Além disso, houve integração do Colégio Pedro II e de algumas
escolas técnicas fede-rais, vinculadas a universidades, à Rede Federal de Educação Profissional e
Tecnológica.
24. Conforme previsto no art. 2º da Lei 11.892/2008, os Institutos Federais são
instituições de educação superior, básica e profissional, pluricurriculares e multicampi,
especializados na oferta de educa-ção profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de
ensino, com base na conjugação de conheci-mentos técnicos e tecnológicos com as suas práticas
pedagógicas.
25. As finalidades e características dos Institutos Federais estão descritas no art. 6º
da Lei 11.892/2008. Os objetivos institucionais dos Institutos Federais estão descritos no art. 7º da
citada lei de criação.
26. Trata-se de instituições que foram criadas com o compromisso social de ampliar
a oferta de vagas de educação pública, gratuita e voltada ao mercado de trabalho a jovens e
trabalhadores do campo e da cidade, viabilizando acesso efetivo às conquistas científicas e
tecnológicas, com qualificação profissio-nal em diversas áreas do conhecimento. Desde sua
concepção, os Institutos Federais têm como pilares bá-sicos de atuação o ensino, a pesquisa, a
inovação tecnológica e a extensão.
27. Os cursos oferecidos pelos Institutos Federais são estruturados por eixos
tecnológicos e devem estar voltados para atender às demandas do mundo do trabalho e aos arranjos
produtivos locais, incenti-vando o desenvolvimento regional e a empregabilidade dos alunos egressos.
28. A criação dos Institutos Federais teve por pressuposto a expansão de vagas de
educação pro-fissional e tecnológica, nos diversos níveis de ensino, com implantação de unidades em
áreas de difícil acesso, possibilitando o ingresso de estudantes das diversas regiões do Brasil, em
amplo processo de inte-riorização do ensino nos Institutos Federais.
29. Além disso, com a criação dos Institutos Federais, houve incentivo ao processo
de verticaliza-ção do ensino, em que os estudantes podem cursar todas as etapas da educação
profissional e tecnológica em uma mesma instituição, do curso técnico de nível médio à pós-
graduação profissional, com otimização da estrutura física e do corpo técnico na expansão de vagas
de educação profissional e tecnológica.
30. Além das disposições constantes da Lei 11.892/2008, a Rede Federal de
Educação Profissio-nal e Tecnológica tem como legislação norteadora de sua atuação a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/1996), quanto à normatização do ensino técnico e o Plano
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Nacional de Educação (Lei 13.005/2014), que possui metas relativas ao ensino técnico (nível médio) e
ao ensino superior (cursos supe-riores de tecnologia, bacharelados e licenciaturas, cursos de pós-
graduação).
31. Também o Decreto 5.840/2006, que instituiu, no âmbito federal, o Programa
Nacional de In-tegração da Educação Profissional à Educação Básica na Modalidade de Educação
de Jovens e Adultos – Proeja, impõe exigência aos Institutos Federais para que disponibilizem à
Educação de Jovens e Adultos, no mínimo dez por cento do total das vagas de ingresso da instituição,
tomando como referência o quanti-tativo de matrículas do ano anterior.
32. Além das mudanças no marco normativo de atuação da Rede Federal de
Educação Tecnológi-ca, a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da
Educação Setec/MEC, com vis-tas a elaborar estatísticas e informações sobre a atuação das entidades
componentes da Rede, começou a coletar e divulgar dados por meio da Plataforma Nilo Peçanha
(PNP), a partir de 2018 (base de dados de 2017).
33. De acordo com a concepção elaborada pela Setec/MEC, a Plataforma Nilo
Peçanha (PNP) constitui ambiente virtual de coleta, validação e disseminação das estatísticas oficiais
da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Rede Federal) (disponível em
http://plataformanilopecanha.mec.gov.br/).
34. Trata-se de plataforma que tem por objetivo reunir dados relativos ao corpo
docente, discente, técnico-administrativo e de gastos financeiros das unidades da Rede Federal, para
fins de cálculo dos in-dicadores de gestão monitorados pela Setec/MEC.
35. A referida plataforma foi instituída pela Portaria Setec/MEC 1, de 3/1/2018,
bem como um conjunto de normativos que buscam sistematizar a PNP e homogeneizar os conceitos
para a formulação e medição dos indicadores, como é o caso Portaria MEC 1.162, de 12/11/2018
(Regulamenta o conceito de Aluno-Equivalente e de Relação Aluno por Professor, no âmbito da Rede
Federal de Educação Profissio-nal, Científica e Tecnológica) e da Portaria Setec/MEC 51, de
21/11/2018 (define conceitos e estabelece fatores para uso na Plataforma Nilo Peçanha - PNP e para
cálculo dos indicadores de gestão das Institui-ções da Rede Federal de Educação Profissional,
Científica e Tecnológica).
36. Os procedimentos operacionais de coleta, análise de consistência e validação de
dados, utili-zados na construção de indicadores de gestão constantes da Plataforma Nilo Peçanha,
serão descritos em capítulo específico que aborda os sistemas e bases de dados.
37. Conforme descrito na Lei 11.892/2008, as áreas de atuação prioritárias dos
Institutos Federais tiveram significativa ampliação em relação à atuação dos Cefet, em especial,
tendo em vista a atuação nos diferentes níveis, etapas e modalidades de ensino, com oferta de
educação superior (cursos superiores e pós-graduação), educação básica e profissional (ensino
fundamental com educação de jovens e adultos, ensino médio e ensino técnico-profissional, cursos de
formação profissional continuada).
38. Em termos de estabelecimento de indicadores para os Institutos Federais, além
daqueles de-terminados no Acórdão 2267/2005-TCU-Plenário, foram definidos outros por meio de
legislação subse-quente à decisão do TCU, como é o caso da Lei 13.005/2014, que instituiu o Plano
Nacional de Educação, e da própria lei de criação dos Institutos Federais.
39. Conforme mapas de produtos e serviços elaborados pelos Institutos Federais,
em resposta a solicitação da equipe de fiscalização, e tendo por fundamento as finalidades e
características institucionais estabelecidas na Lei 11.892/2008, foram apontadas as áreas de atuação
prioritária da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, conforme quadro 1.
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Quadro 1 – Atuação da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica


Finalidades/características Lei 11.892/2008 Observação
Oferta de educação profissional e Art. 6º, inciso I Visa à formação e à qualificação dos
tecnológica, em todos os níveis e cidadãos para atuação profissional nos
modalidades. diversos setores da economia.
Desenvolvimento da educação Art. 6º, inciso II Voltado à geração e à adaptação de
profissional e tecnológica, como soluções tecnológicas às demandas sociais
processo educativo e e peculiaridades regionais.
investigativo.
Integração e verticalização da Art. 6º, inciso III Otimização de infraestrutura física, de
educação básica à educação quadros de pessoal e de recursos da gestão.
profissional e educação superior
Orientação de oferta formativa Art. 6º, inciso IV Visa a favorecer o desenvolvimento
em benefício da consolidação e socioeconômico e cultural no âmbito de
do fortalecimento dos arranjos atuação de cada Instituto Federal.
produtivos, sociais e culturais
locais.
Qualificação como centro de Art. 6º, inciso V Visa a estimular o desenvolvimento de
excelência na oferta do ensino de espírito crítico e voltado à investigação
ciências, em especial as ciências empírica.
aplicadas.
Qualificação como centro de Art. 6º, inciso VI Objetiva oferecer capacitação técnica e
referência no apoio à oferta do atualização pedagógica aos docentes das
ensino de ciências nas instituições redes públicas de ensino.
públicas de ensino.
Desenvolvimento de programas Art. 6º, inciso VII Aproximação com a comunidade em ações
de extensão e de divulgação de extensão.
científica e tecnológica.
Estímulo à pesquisa aplicada, à Art. 6º, inciso VIII Visa a estimular ações culturais, de
produção cultural, ao empreendedorismo e de cooperativismo.
empreendedorismo, ao
cooperativismo e ao
desenvolvimento científico e
tecnológico.
Produção, desenvolvimento e Art. 6º, inciso IX Visa à melhoria da vida em sociedade e à
transferência de tecnologias preservação do meio ambiente.
sociais.

40. Os objetivos institucionais dos Institutos Federais, apontados na Lei


11.892/2008, destinam-se a integrar ações de ensino, pesquisa, extensão e inovação tecnológica, de
modo indissociável, nos diversos percursos educativos e formativos que são ofertados por estas
instituições.
41. A Lei 11.892/2008, expressamente no art. 7º, indica um conjunto de objetivos
relativos a ações finalísticas de ensino, pesquisa, inovação tecnológica e extensão, conforme
sintetizado no quadro 2.
Quadro 2 – Objetivos da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica
Objetivos Lei 11.892/2008 Observação

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Ofertar educação profissional Art. 7º, inciso I Objetivo vinculado ao ensino na


técnica de nível médio. educação básica.
Ofertar cursos de formação Art. 7º, inciso II Objetivo vinculado à capacitação, ao
inicial e continuada de aperfeiçoamento, à especialização e à
trabalhadores. atualização de profissionais, em todos
os níveis de escolaridade.
Realizar pesquisas aplicadas, Art. 7º, inciso III Objetivo vinculado ao desenvolvimento
com estímulo ao desenvolvimento de pesquisas tecnológicas
de tecnologias. (pesquisa/inovação tecnológica).
Desenvolver atividades de Art. 7º, inciso IV Objetivo vinculado à extensão, em
extensão, em articulação com o benefício da sociedade e com
mundo do trabalho e com os aproximação dos arranjos produtivos
segmentos sociais. locais.
Estimular e apoiar projetos Art. 7º, inciso V Objetivo vinculado à extensão, visando
educativos de geração de ao desenvolvimento socioeconômico
trabalho e renda. local e regional
Ofertar cursos superiores (cursos Art. 7º, inciso VI Objetivo vinculado ao ensino em
de tecnologia, licenciaturas, diversos níveis e modalidades.
bacharelados e engenharias, pós-
graduação lato sensu e stricto
sensu).

42. Além das mudanças legislativas, em trabalhos posteriores ao Acórdão


2267/2005-TCU-Plenário, o Tribunal de Contas da União destacou a ausência de indicadores de
gestão na Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, relativos a dados de evasão e
retenção de alunos no fluxo educativo, a projetos de pesquisa e extensão e a empregabilidade de
alunos egressos.
43. Neste sentido, o Acórdão 506/2013 - TCU - Plenário, de relatoria do Ministro
José Jorge, re-comendou à Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec/MEC), tendo em
vista suas compe-tências definidas no Decreto 7.690, de 2/3/2012, a adoção de providências para a
instituição de indicado-res de evasão, retenção e conclusão, desagregados para diferentes
modalidades de cursos, bem como cole-ta e sistematização de dados para a instituição de indicadores
relacionados a projetos de pesquisa e exten-são e indicadores de acompanhamento de
empregabilidade de alunos egressos (conforme os itens 9.1.1, alínea “b”, 9.1.3, alínea “d”, e 9.1.4,
alínea “c”, do citado acórdão).
44. Adicionalmente, o Acórdão 506/2013-TCU- Plenário destacou, no item 9.1.7, a
necessidade de se estabelecer um plano voltado a desenvolver e implantar, em nível nacional, um
sistema de avaliação dos cursos técnicos.
45. Desta forma, neste trabalho de levantamento objetiva-se avaliar os indicadores
constantes do Acórdão 2267/2005-TCU-Plenário (relator Ministro Benjamin Zymler) e os indicadores
construídos no âmbito da Plataforma Nilo Peçanha (PNP), com base na estrutura atual de
funcionamento, finalidades e objetivos da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica,
normatizados pela Lei 11.892/2008, e também com base em exigências de indicadores constantes do
Plano Nacional de Educação e de outras normas específicas.
III. SISTEMAS E BASES DE DADOS UTILIZADAS PARA O CÁLCULO DE
INDICA-DORES DA PLATAFORMA NILO PEÇANHA

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46. A qualidade e a utilidade de qualquer indicador possuem uma relação direta


com a qualidade dos dados utilizados para seu cálculo. A qualidade dos dados, por sua vez, pode ser
avaliada em termos da sua confiabilidade e disponibilidade, e também com relação ao custo. Assim,
uma avaliação do sistema de indicadores da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica (RFEPCT) não pode prescindir de análise do caminho percorrido pela informação, desde
os sistemas acadêmicos e administra-tivos em cada campus, até sua utilização agregada nas métricas
gerais necessárias para que os indicadores cumpram adequadamente seu papel.
47. Atualmente, as informações relativas à Rede Federal seguem o fluxo
representado na figura 1. Observa-se a existência de três conjuntos de sistemas fundamentais no fluxo
de informação que alimenta os indicadores da educação profissional e tecnológica: os sistemas
acadêmicos utilizados em cada Institu-to, o Sistema Nacional de Informações da Educação
Profissional e Tecnológica - Sistec e a Plataforma Ni-lo Peçanha - PNP. Para entender os riscos
envolvidos no fluxo de informações, deve-se considerar o papel de cada um desses elementos.
Figura 1. Fluxo resumido de informações na Rede Federal de EPCT

Secretarias Siafi e
Revalide
Acadêmica Siape
s dos Ifes

SGA- Ifet Sistec PNP Indicadores

Os sistemas acadêmicos
48. Em função da autonomia organizacional e administrativa, cada Instituto
Federal possui um sis-tema próprio de gestão acadêmica, escolhido ou desenvolvido em função do
contexto específico. No en-tanto, ainda no início da consolidação da Rede, os institutos acordaram
com a uniformização dos sistemas acadêmicos, com vistas a facilitar a gestão pelo MEC da política de
EPT, redesenhada naquele momento. A meta 19 do Acordo de Metas e Compromissos de 2010, do
qual são signatários todos os Institutos e o MEC, por intermédio da Setec (peça 15), estabelece que
deveria haver:
Adesão ao sistema SIGA-EPT ou compromisso com a transferência para sua base de
dados, via digital, das informações mínimas solicitadas pelo MEC/SETEC. Considerando, neste caso,
a dis-ponibilidade da descrição de formatos para intercâmbio de dados do SIGA-EPT para outros sis-
temas.
49. O acordo de metas previa três marcos para concretização das metas então
acordadas. Um pri-meiro, de curto prazo, finalizado em 2013. Um segundo, de médio prazo,
finalizado em 2016 e, por fim, um último prazo, estabelecido para 2022. Atualmente, março de 2020,
ainda existem seis sistemas diferen-tes atendendo os diversos institutos e o Siga-EPT foi apenas
parcialmente desenvolvido e utilizado por al-guns poucos institutos, e nunca chegou a ser utilizado
como sistema central de dados da rede federal.
O Sistema Nacional de Informações da Educação Profissional e Tecnológica - Sistec
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50. O Sistec, instituído e implantado pelo Ministério da Educação (MEC) em 2009


em função da Resolução CNE/CEB 3/2009, é o sistema eletrônico do Governo Federal criado para
registro e controle dos dados de toda a EPT no país, não apenas da rede federal. Uma das finalidades
precípuas do Sistec é conferir validade nacional aos certificados e diplomas de cursos de educação
profissional técnica de nível médio, para fins de exercício profissional. Assim, o Sistec não foi
concebido para a execução e gestão das matrículas e cursos dos integrantes da rede federal, e não
deve ser visto como um substituto para o Siga-EPT, até mesmo porque a diversidade das redes de EPT
tornariam sua proposta inviável.
51. Cabe observar que o Sistec, criado com um objetivo específico, na ausência de
outro sistema disponível, acabou servindo de base para operacionalização do Pronatec. Acontece,
como ficou compro-vado no TC 019.154/2015-1, que as adaptações e os incrementos realizados
posteriormente no sistema acabaram por introduzir diversas inconsistências e dificuldades de
manutenção e desenvolvimento do Sis-tec. Em reuniões com os gestores da Setec foi informado que
atualmente está em estudo o desenvolvimen-to de um substituto para o Sistec, chamado, ainda
informalmente, de Sistec 2.0.
52. Apesar das dificuldades e problemas, o Sistec é o elemento central no processo
de consolida-ção das informações da EPT, inclusive da Rede Federal. Na falta de um sistema
unificado, previsto na meta 19, ele agrega as informações de todos os institutos. Contudo, dada sua
arquitetura inicial e seu de-senvolvimento assistemático, não há comunicação direta entre os sistemas
acadêmicos dos institutos e o Sistec. Pelo contrário, as informações, que num primeiro momento
foram inseridas naqueles sistemas, pre-cisam ser reinseridas manualmente no Sistec pelas secretarias
acadêmicas dos institutos. Claro que esse re-trabalho, além de extremamente custoso, possibilita o
surgimento de diversos erros e inconsistências.
53. Ainda assim, mesmo diante dessa dificuldade, a situação atual do Sistec torna
inviável, tanto tecnicamente como em termos de custo, uma reengenharia do sistema para adequá-lo
às necessidades da rede federal e do MEC. Em função disso, e diante da necessidade de produzir
informações mais confiá-veis e consolidadas, criou-se a Plataforma Nilo Peçanha (PNP).
A Plataforma Nilo Peçanha - PNP
54. A partir de 2018, os dados da rede federal de EPT são consolidados no âmbito
da Plataforma Nilo Peçanha - PNP, após um processo de depuração para garantir a qualidade das
informações, de modo a alimentarem as métricas dos indicadores. De acordo com o art. 10, da
Portaria Setec/MEC 51/2018, a PNP, seguindo um calendário anual, é alimentada com dados
provenientes do Sistema Nacional de Infor-mações da Educação Profissional e Tecnológica (Sistec),
do Sistema Integrado de Administração de Re-cursos Humanos (Siape) e do Sistema Integrado de
Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), conforme ilustrado na Figura 1.
55. Em função dos problemas inerentes ao Sistec relatados acima e da falta de
comunicação direta e automática dele com os sistemas acadêmicos e, portanto, da necessidade de
nova introdução manual dos registros acadêmicos no sistema, os idealizadores da PNP instituíram o
Revalide, processo pelo qual os dados extraídos do Sistec para alimentar a PNP são depurados,
garantindo maior confiabilidade.
56. De acordo com a Portaria Setec/MEC 1/2008, “os dados coletados deverão
passar por ajustes técnico-metodológicos que organizem as informações nas categorias estatísticas
necessárias para o cálculo dos indicadores de gestão da Rede Federal” (art. 11), “sobre os dados
ajustados será aplicado um conjun-to de regras de consistência, definido pelo DDR/Setec, que visará
à qualificação da informação obtida” (art. 12), “as informações, ajustadas e criticadas, serão
disponibilizadas na PNP para todas as Instituições da Rede Federal, de forma que seus representantes

10
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

possam confirmá-las ou, no caso de possíveis inconsis-tências, realizarem as retificações ou


justificativas necessárias” (art. 13), “a base de dados resultante deste processo de qualificação
deverá ser submetida, pelo dirigente máximo da Instituição à Setec, para que esta proceda a
validação das informações retificadas e justificadas” (art. 14), e “as informações apontadas co-mo
inconsistentes que não forem justificadas e validadas pela Revalide serão desconsideradas para fins
es-tatísticos” (art. 15).
57. O processo todo de produção estatística do Revalide pode ser resumido no
seguinte fluxo constante da figura 2:
Figura 2. Processo de produção estatística do Revalide (PNP)

As secretarias
acadêmicas
introduzem os
dados
manualmente no
Sistec

Carregamento
dos dados do
Sistec para a PNP

não Disseminação
Aplicação das dos
regras de Apresenta
indicadores e
consistência inconsistências?
dos
resultados
sim

Processo de
correção das
inconsistências ou
apresentação de
justificativas pelos
IF

Fonte: Elaborado pela equipe de fiscalização


58. As regras de consistência definidas no âmbito do Revalide têm por objetivo
alertar para algum dado coletado inconsistente, desatualizado ou incompleto e que, portanto, merece
atenção por parte da instituição responsável por ele.
59. Em 2019, foram adotadas 18 regras, conforme anexo II do Guia de Referência
Metodológica da Plataforma Nilo Peçanha publicado anualmente (disponível em
11
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

http://plataformanilopecanha.mec.gov.br/). Cabe destacar que algumas inconsistências são, na


verdade, in-formações não previstas pelo Sistec no momento de entrada dos dados, mas que são
necessárias para com-por os indicadores previstos. No caso, os indicadores demandam informações
sobre Cor/Raça, Renda per capita familiar e turno do aluno. Essas informações estão disponíveis nos
sistemas acadêmicos, mas não podem ser inseridas simplesmente porque não há campo previsto para
isso nos formulários de entrada e nas tabelas que constituem a base de dados do Sistec.
60. A solução encontrada foi transformar essa deficiência do Sistec em
inconsistência e demandar dos institutos a introdução das informações faltantes, manualmente, na
PNP. Conforme estimativa feita pela Setec, em 2019 essas informações adicionais foram responsáveis
por cerca de 90% das inconsistências detectadas. Essa solução se torna a única viável, segundo a
Setec, uma vez que o caminho mais natural, que seria a alteração do Sistec para acomodar a
necessidade dessas informações, é inviável em função dos problemas já apontados desse sistema.
Riscos e ineficiência dos processos relativos ao fluxo de informação.
61. A descrição dos processos acima evidencia dois riscos importantes no processo
de alimentação da PNP. O primeiro, refere-se ao risco de informações equivocadas e incompletas em
função do erro hu-mano na introdução dos dados, ampliado pelo fato de que a mesma informação tem
que ser inserida diver-sas vezes em sistemas diferentes, manualmente, como já foi relatado acima. E,
no esforço de mitigação do risco anterior, o risco de um processo ineficiente e custoso, em função dos
prazos e da limitação de pessoal ao qual estão submetidas as secretarias acadêmicas dos institutos,
mas também do tempo e da mobilização necessária para resolução das inconsistências.
62. Esse segundo aspecto, o risco de ineficiência e maior custo merece algum
esclarecimento. A equipe de fiscalização solicitou aos institutos que apontassem os problemas
envolvendo o processo de va-lidação das informações (peças 11 e 12). Entre outros problemas, foram
apresentados os seguintes:
a) falta de interoperabilidade entre os sistemas de registro acadêmico dos IF e o Sistec,
impossi-bilitando a importação de dados de um sistema para outro e gerando necessidade de
alimentação manual do Sistec;
b) falta de retroalimentação do Sistec após a divulgação dos resultados da PNP, o que
gera retra-balho para os IF;
c) necessidade de inclusão manual dos campos Turno, Renda, Cor/Raça, que não constam
no Sistec, na PNP;
d) falta de padronização dos conceitos de Situação dos alunos entre o Sistec e os sistemas
de re-gistro acadêmico
e) impossibilidade de atualização do Sistec por migração;
f) necessidade de alinhamento entre as informações constantes no Sistec e as que serão
exigidas na PNP.
63. Esses comentários em resposta à solicitação da equipe de fiscalização foram
corroborados em entrevistas realizadas com gestores do Instituto Federal de Brasília (IFB) e do
Instituto Federal de Alago-as (Ifal) (peça 17). Novamente foi ressaltada a falta de uma comunicação
direta e automática entre os sis-temas, e as dificuldades operacionais resultantes.
64. O mecanismo de correção e validação previsto na PNP deve ser visto como
provisório, uma vez que impõe procedimento custoso e ineficiente para solucionar inconsistências
que, não fosse as limita-ções do Sistec, nem mesmo existiriam. Por outro lado, a PNP não resolve, e

12
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

até mesmo reforça, o problema de que os dados precisam ser introduzidos e reintroduzidos
manualmente no fluxo de informação. Reforça porque parte dos dados introduzidos nos sistemas
acadêmicos e que não estão disponíveis no Sistec, preci-sam ser posteriormente reintroduzidos na
PNP. Uma solução mais adequada seria a adequação do Sistec para que contemplasse na sua base
essas informações. Mas parece haver consenso de que esse caminho é inviável em função das
dificuldades de atualização do sistema. E, mesmo que fosse possível, ainda assim não resolveria o
problema da dupla entrada de dados, uma vez que o Sistec não se comunica automatica-mente com os
sistemas acadêmicos.
65. Por outro lado, um sistema unificado, ou pelo menos um conjunto padronizado
que se comu-nicasse digitalmente, como previsto na meta 19 do Acordo de Metas, poderia ser a fonte
única e padroni-zada das informações necessárias e suficientes para a produção das estatísticas da
EPT. Nesse cenário, as informações seriam inseridas uma única vez no fluxo, minimizando erros e
custos. Seriam introduzidas pa-dronizadas e completas, podendo, uma vez consolidadas, alimentarem
a PNP diretamente. A figura 3 mostra como seria o novo fluxo.
Figura 3. Fluxo de informação com implantação da meta 19 do Acordo de Metas.

PNP

Siga – EPT e Base única de dados

SGA IF 1 SGA IF2 SGA IF3 ...... Siafi e Siape

Secretaria Secretaria Secretaria


......
do IF 1 do IF 2 do IF 3

66. Quando se compara esse fluxo com o fluxo atual, percebe-se o ganho de
simplicidade e os be-nefícios dele advindos. Primeiro, uma única entrada de dados administrativos,
resultando em menor pro-babilidade de erro humano e economia de esforço. Segundo, a simplificação
do processo de correção de inconsistências, podendo resultar inclusive na eliminação de boa parte
dos processos que hoje compõem o Revalide.
67. Assim, visando a garantir um fluxo mais racional e eficiente das informações
necessárias para a produção de indicadores confiáveis e de qualidade para a gestão e maior
transparência, e, considerando que o termo de acordo constitui uma diretriz com força normativa,
apesar da autonomia dos institutos, propõe-se determinar que a Setec , em articulação, a seu critério,
com os institutos federais ou com o Con-selho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação
Profissional, Científica e Tecnológica (Co-nif), elabore plano de ação para implantação de sistema ou
13
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

solução de tecnologia de informação que aten-da aos objetivos descritos na meta 19 do Termo de
Acordo de Metas e Compromissos de 2010 (adesão ao sistema Siga-EPCT ou compromisso com a
transferência para sua base de dados, via digital, das informa-ções mínimas solicitadas pelo
MEC/Setec), em especial no que diz respeito a automatização da relação en-tre os diversos sistemas
necessários ao controle e gestão da Rede Federal de Educação Profissional, Cien-tífica e
Tecnológica.
IV. INDICADORES CONSTANTES DO ACÓRDÃO 2267/2005 - TCU - PLENÁRIO
E DA PLATAFORMA NILO PEÇANHA
68. O Acórdão 2267/2005-TCU-Plenário originou-se de monitoramento das
determinações exara-das no Acórdão 480/2005-TCU-Plenário, ambos de relatoria do Ministro
Benjamin Zymler.
69. Naquela oportunidade, o TCU determinou que a Secretaria de Educação
Profissional e Tecno-lógica - Setec/MEC encaminhasse a definição de um conjunto de dados e de
indicadores de gestão - in-clusive fórmulas de cálculo, os quais passariam a integrar os relatórios de
gestão de todas as Ifet a partir das contas referentes ao exercício de 2005.
70. O conjunto de indicadores deveria contemplar, além de informação considerada
necessária pa-ra refletir a execução financeira e operacional de cada instituição, indicadores sobre o
perfil socioeconômi-co de ingressantes e concluintes, bem como indicadores sobre a demanda por
vagas oferecidas pela insti-tuição, discriminada por ensino médio, técnico e tecnológico.
71. Em atendimento à determinação constante do subitem 9.1.1 do Acórdão
480/2005-TCU-Plenário (relator Benjamin Zymler), e após construção de métricas de cálculo pela
própria Setec/MEC, fo-ram selecionados, com base nos critérios de relevância acadêmica e gerencial,
onze indicadores que passa-ram a integrar a prestação de contas das instituições integrantes da Rede
Federal de Educação Profissional e Tecnológica, listados a seguir.
a) relação candidato/vaga;
b) relação ingressos/aluno;
c) relação concluintes/aluno;
d) índice de eficiência acadêmica de concluintes;
e) índice de retenção do fluxo escolar;
f) relação de alunos/docente em tempo integral;
g) índice de titulação do corpo docente;
h) gastos correntes por aluno;
i) percentual de gastos com pessoal;
j) percentual de gastos com outros custeios; e
k) percentual de gastos com investimentos.
72. De acordo com a Setec/MEC, os mencionados indicadores refletiriam
adequadamente o de-sempenho das Ifet em relação a quatro aspectos da ação educativa: capacidade
de oferta de vagas (indi-cadores das alíneas “a” e “b”); eficiência e eficácia (alíneas “c”, “d”, “e” e
“h”), adequação da força de trabalho docente (alíneas “f” e “g”) e adequação do orçamento
atribuído à instituição (alíneas “i”, “j” e “k”). No TC 004.550/2004-0 (peça 13, p. 3 a 5), há anexo
contendo a descrição de cada indicador, o mé-todo de cálculo e seus objetivos.
14
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

73. Na análise efetuada pela Setec/MEC, que subsidiou o Acórdão 2267/2005-TCU-


Plenário, en-tendeu-se que:
a) de modo geral, os indicadores acima elencados refletiriam adequadamente os
principais as-pectos das atividades desempenhadas pelas Ifets. Na verdade, vários indicadores
sugeridos assemelha-vam-se àqueles que eram apresentados nos relatórios de gestão das Instituições
Federais de Ensino Supe-rior (Ifes), por força da Decisão Plenária 408/2002, fato esperado face à
similaridade das atividades de-senvolvidas. Como mencionado pelo gestor, os indicadores
contemplavam os aspectos de eficácia, efici-ência e também de economicidade, abrangendo a área do
corpo discente e docente.
b) seria conveniente acrescentar informações que refletissem aspectos socioeconômicos da
cli-entela do sistema, incluindo-se indicador do número de alunos matriculados classificados por
renda per capita familiar ao conjunto apresentado pela Setec/MEC, em faixas de renda a serem
definidas pela pró-pria Secretaria.
c) seria importante que também fossem informados, no Relatório de Gestão das contas, os
va-lores individuais dos componentes utilizados para os cálculos, conforme enumerados a seguir: 1)
inscri-ções; 2) vagas ofertadas; 3)ingressos; 4) alunos matriculados; 5) concluintes; 6) trancamentos
e reprova-ções; 7) docentes em tempo integral; 8) total de gastos correntes; 9) gastos totais; 10) total
de gastos com pessoal; 11) total de gastos com outros custeios; 12) total de gastos com investimentos;
e 13) inversões fi-nanceiras;
d) nos relatórios de gestão dos anos subsequentes, deveria ser apresentada a série
histórica, a iniciar-se em 2005, de modo a permitir a análise, pelo gestor, dos principais aspectos das
variações obser-vadas.
74. Além do rol de indicadores que passaram a ser calculados pelas instituições da
Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, constou do Acórdão 2267/2005-TCU-Plenário,
algumas determi-nações/recomendações às Ifet e à Setec/MEC, para o desenvolvimento de
indicadores e a consolidação de sistemas de cálculo e gestão dos indicadores, conforme subitens
abaixo transcritos.
9.1. determinar às Instituições Federais de Educação Tecnológica (Ifets) vinculadas à
Secretaria de Educação Tecnológica do Ministério da Educação (Setec/MEC) que:
(...)
9.1.2. encaminhem à Setec/MEC, até o dia 31 de janeiro de cada exercício, para a alimenta-
ção de banco de dados, as informações necessárias ao cálculo dos indicadores elencados no
subitem 9.1.1 deste Acórdão, referentes ao exercício encerrado, sem prejuízo de serem acrescidos
outros indicadores ou informações que, de acordo com critérios e necessidades de cada instituição
e/ou daquela Secretaria, sejam considerados importantes para retratar as atividades da entidade
(grifo nosso);
9.2. recomendar às Instituições Federais de Educação Tecnológica (Ifets) vinculadas à
Secretaria de Educação Tecnológica do Ministério da Educação (Setec/MEC) que apresentem, nos
respec-tivos relatórios de gestão das contas anuais, análises sobre os dados (indicadores e
componentes) mencionados no subitem acima, levando em conta as séries históricas a partir do
exercício de 2005 e analisando os aspectos relevantes da evolução constatada;
9.3. recomendar à Secretaria de Educação Tecnológica do Ministério da Educação
(Setec/MEC) que:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

9.3.1. mantenha banco de dados, com acesso a todas as instituições federais de educação
tecno-lógica que lhe são vinculadas, para a inclusão e o armazenamento de dados padronizados,
que permita calcular os indicadores listados no subitem 9.1.1 supra;
9.3.2. inclua, no relatório de gestão das contas anuais, apreciação crítica sobre a evolução
dos dados (indicadores e componentes) constantes do subitem 9.1.1 deste Acórdão, com base em
análise consolidada das informações apresentadas pelas Ifets, destacando aspectos positivos e
oportunidades de melhoria do sistema de rede de instituições federais de ensino tecnológico;
75. Cabe destacar que desde a concepção do rol de indicadores constantes do
Acórdão 2267/2005-TCU-Plenário, a Setec/MEC se manifestou quanto à necessidade de
desenvolvimento do Sis-tema de Informações Gerais (SIG), cujo objetivo seria calcular e gerir os
indicadores de desempenho aca-dêmico e administrativo das Ifet.
76. Além de facilitar o cálculo dos indicadores, esse procedimento permitiria a
padronização na apuração dos índices gerenciais, gerando maior confiabilidade dos resultados
obtidos. De acordo com a Setec/MEC, as instituições de educação profissional e tecnológica
alimentariam o SIG, de forma a possibi-litar o cálculo dos indicadores propostos no Acórdão
2267/2005-TCU-Plenário.
77. Na implementação dos Institutos Federais, após o advento da Lei 11.892/2008,
houve cele-bração de um Termo de Acordo de Metas e Compromissos (TAM), que na meta 19 previa a
implantação de um sistema integrado de gestão acadêmica da Educação Profissional e Tecnológica.
78. Este sistema integrado de gestão acadêmica permitiria conhecimento dos dados
primários uti-lizados no cômputo dos indicadores, e também seria usado como subsídio para análise
mais abrangente da situação do ensino tecnológico no Brasil e de sua evolução.
79. Entretanto, como abordado na seção III, não houve a efetiva implementação do
referido sis-tema integrado de gestão acadêmica da Educação Profissional e Tecnológica, mantendo-
se coleta manual de informações e dados para o cálculo de indicadores de gestão, com uso de
planilhas de excel.
80. No exercício financeiro de 2019, a Setec/MEC encaminhou ao TCU documento
técnico solici-tando a revisão do Acórdão 2267/2005-TCU-Plenário, tendo em vista a efetiva
alteração no marco regula-tório da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, em
especial a implementação da Lei 11.892/2008. Trata-se da Nota Técnica
41/2019/CGPG/DDR/Setec/MEC, encaminhada mediante o Ofício 96/2019/TCU/AECl/GM/GM-MEC,
de 26/7/2019 (peça 12).
81. No referido expediente, também foi informado sobre a criação da PNP,
ambiente virtual de coleta, validação e disseminação das estatísticas oficiais da Rede Federal de
Educação Profissional, Cien-tífica e Tecnológica, conforme analisado em seção III (itens 46-67 deste
relatório).
82. Conforme já abordado, a PNP foi instituída em 2018 pela Setec/MEC, tendo em
vista a neces-sidade de propor e aprimorar os indicadores de gestão para as instituições da Rede
Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e elaborar requisitos de sistemas de
informação que permitissem o monitoramento e a avaliação dos indicadores, conforme Portaria
Setec/MEC 1, de 3/1/2018.
83. A Plataforma Nilo Peçanha segue um calendário anual e é alimentada com
dados provenientes do Sistec (ciclo de matrículas, quantitativo de vagas ofertadas, quantitativo de
inscritos, quantidade de matrículas por curso), do Sistema Integrado de Administração de Recursos
Humanos (Siape) e do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi).
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

84. Deste modo, a PNP conta com dados relativos ao corpo docente, discente,
técnico-administrativo e de gastos financeiros das unidades da Rede Federal, para fins de cálculo dos
indicadores de gestão monitorados pela Setec/MEC (art. 2º, da Portaria Setec/MEC 1/2018).
85. Os dados extraídos do Sistec, utilizados pela Plataforma Nilo Peçanha,
compreendem infor-mações de matrículas e cursos de educação profissional e tecnológica (formação
inicial e continuada ou qualificação profissional, técnica de nível médio, de graduação e pós-
graduação). Tratam-se de cursos que possuem duração de ciclos (carga horária), exigências (esforço)
e níveis distintos.
86. Como já descrito na seção anterior, há procedimento para coleta, validação e
disseminação de informações utilizadas pela Plataforma Nilo Peçanha, com o estabelecimento de um
conjunto de regras de consistência.
87. Para garantir a confiabilidade da produção, os dados coletados devem
submeter-se a regras de consistência lógica, definidas pela DDR/Setec. Essas regras têm por objetivo
alertar para algum dado cole-tado que poderia estar inconsistente, desatualizado ou incompleto e
que, portanto, merece atenção por par-te de cada instituição responsável.
88. Algumas lacunas de informações do Sistec, como dados de atributos relativos à
cor/raça, à renda per capita familiar e ao turno de cada curso, geram inconsistências que são sanadas
no processo do Revalide, para fins de cálculo de indicadores.
89. Para que as informações dos cursos da EPT, ofertados pela Rede Federal, que
possuem distin-tos níveis, ciclos de formação e carga horária, sejam comparáveis entre si, foram
definidos conceitos e cri-ados fatores de ajuste para uso na Plataforma Nilo Peçanha.
90. Neste aspecto, a Portaria Setec/MEC 1.162/2018 definiu o conceito de aluno
equivalente ou matrícula equivalente, o fator de equiparação de carga horária, o fator de esforço de
curso, a relação aluno professor ou relação matrícula por professor, o fator de correção de
graduação, o conceito de professor-equivalente.
91. No mesmo sentido, a Portaria Setec/MEC 51/2018 definiu os conceitos
utilizados para cálculo dos indicadores de gestão e para compreensão das estatísticas da Rede
Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, expressas na PNP – Plataforma Nilo
Peçanha, por meio de um glossário com as terminologias adotadas.
92. De acordo com o Guia de Referência, a Plataforma Nilo Peçanha, versão 2019,
é composta por dezessete painéis de informação, bem como por cinco abas iniciais contendo a capa,
apresentação, fi-cha técnica 1, ficha técnica 2, referência metodológica e glossário.
93. A aba “referência metodológica” dispõe de link para acesso ao Guia de
Referência Metodoló-gica, aos microdados, às instruções para utilização dos microdados, às regras
de consistência e ao marco regulatório da PNP.
94. A seguir, uma breve descrição das informações que constam dos painéis da
Plataforma Nilo Peçanha:
a) Os painéis 1.1 a 1.4 trazem as principais informações sobre as matrículas ordenadas
por Ins-tituições e Unidades de Ensino, Tipo de Curso e Tipo de Oferta, Eixo e Subeixo tecnológico e
Situação de Matrícula;
b) Os painéis 1.5 e 1.6 trazem informações socioeconômicas sobre os alunos, referentes a
Cor/Raça e Renda Familiar dos Estudantes e Sexo e Faixa Etária dos Estudantes;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

c) Os painéis 2.1 e 2.2 trazem informações sobre professores e técnicos administrativos


(TAE);
d) O painel 3.1 deveria trazer informações sobre Inovação, conforme Guia de Referência
(in-venções, contratos, recursos e rendimentos, além de informação sobre a proteção da proprie-dade
intelectual);
e) O painel 4 traz informações sobre os Gastos Diretos de EPCT no exercício anterior,
referen-tes a Pessoal, Investimentos e Outros custeios;
f) Os painéis 5.1 a 5.7 apresentam os seguintes indicadores: Atendimentos aos
percentuais es-tabelecidos na Lei 11.892/2008, Relação de Inscritos por Vagas, Taxa de Evasão,
Eficiência Acadêmica, Titulação Docente, Matrículas por Professor e Gasto Corrente por Matrícula;
g) Cada painel tem disponível os filtros conforme a tabela constante no anexo I, ao final
deste relatório.
95. Apesar de o Guia de Referência fazer menção ao painel sobre inovação (3.1),
cujos dados seri-am extraídos da base Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
(MCTIC) (http://formict.mctic.gov.br/, páginas 28, 34 e 37 do Guia de Referência), na prática esse
painel não consta na PNP 2019. De acordo com informações coletadas em reunião realizada com
gestores responsáveis pela Plataforma Nilo Peçanha na Setec/MEC, a base MCTI não estava sendo
carregada para a PNP devido a problemas técnicos.
96. As abas 5.7 e 5.6 da PNP se referem a “matrículas equivalentes”, mas as
tabelas constantes da plataforma apresentam valores distintos para esse indicador. Embora conste
nota na aba 5.6 quanto ao mo-tivo da diferença, a utilização de idênticos termos para designar
grandezas distintas pode causar confusão ao leitor. Conforme apontado pela Setec/MEC (peça 21, p.
5), a diferença na quantidade total de matrícu-las equivalentes apresentadas nas Abas “5.6
Matrículas por professor” e “5.7 Gastos correntes por matrícu-las”, deve-se ao fato de que, na Aba
5.6, o total de matrículas equivalentes é ponderado pelo Fator de Correção de Graduação, como
indicado na própria plataforma. Este ajuste é necessário pois a Lei 13.005/2014 apresenta estratégias
distintas de alcance de Relação Aluno/Professor para os cursos técnicos de nível médio na Rede
Federal (Estratégia 11.11) e para os cursos de graduação (Estratégia 12.3).
97. A aba com informações sobre Técnicos Administrativos em Educação (TAE)
está impropria-mente numerada como 3.1, quando deveria ser 2.2, conforme Guia Metodológico.
98. Apesar de constar informações sobre “turno” das matrículas na PNP 2019, na
referida plata-forma ainda não houve inserção de indicador para avaliar o cumprimento à meta 12.3
do PNE (Lei 13.005/2014). A Setec/MEC informou que o referido indicador está previsto para ser
incluído na aba “5.1 Atendimento a percentuais da Legislação”, na PNP versão 2020.
99. Destaque-se que a navegação pela PNP é simples e fácil para o usuário, sendo
que a disponibi-lização dos microdados - fontes de todos os painéis -, de forma granular e por meio de
relatórios em for-matos não proprietários, assegura transparência às informações.
100. Por outro lado, não é possível extrair-se planilhas diretamente da Plataforma
Nilo Peçanha.
101. Na construção da PNP, conforme destacado pela Setec/MEC (peça 10, p. 4),
buscou-se respei-tar os indicadores estabelecidos no Acórdão 2267/2005 – TCU - Plenário, conforme
relação de equivalên-cia entre os indicadores, apresentada no quadro 3.
Quadro 3 – Indicadores do Acordão 2267/2005–TCU-Plenário e a Plataforma Nilo Peçanha

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

Acórdão 2267/2005-TCU-Plenário Plataforma Nilo Peçanha 2020


Indicador Painel Indicador
a) relação candidato/vaga 5.2 Relação de Inscritos por Vagas
b) relação ingressos/aluno 1.1 Ingressantes e matrículas
c) relação concluintes/aluno; 5.4 Conclusão por ciclo
d) índice de eficiência acadêmica de concluintes 5.4 Eficiência acadêmica por ciclo
e) índice de retenção do fluxo escolar 5.4 Retenção por ciclo
f) relação de alunos/docente em tempo integral 5.6 Matrícula/professor
g) índice de titulação do corpo docente 5.5 Titulação Docente
h) gastos correntes por aluno 5.7 Gasto corrente por matrícula
i) percentual de gastos com pessoal 5.7 Gastos com pessoal
j) percentual de gastos com outros custeios 5.7 Gastos com outros custeios
k) percentual de gastos com investimentos 5.7 Gastos com investimentos
l) número de alunos matriculados classificados 1.5 Matrículas e Renda
de acordo com a renda per capita familiar

102. Deve ser destacada a mudança dos indicadores que tratavam de concluintes,
eficiência e re-tenção na instituição, os quais passaram a abranger somente aqueles alunos
pertencentes ao mesmo ciclo de matrícula, com base no período de efetiva duração do curso.
103. Outras inovações conceituais da Plataforma Nilo Peçanha, em relação aos
indicadores do Acórdão 2267/2005-TCU-Plenário, foram:
a) a criação do conceito de aluno-equivalente ou matrícula equivalente como o aluno
matricu-lado em um determinado curso, ponderado pelo fator de equiparação de carga horária e pelo
fator de esforço de curso (art. 1º, da Portaria MEC 1.162/2018, e art. 2º, da Portaria Se-tec/MEC
51/2018);
b) a substituição do conceito de Relação Aluno por Professor por Relação Matrícula por
Pro-fessor, calculada como a razão entre o total de matrículas equivalentes, ponderada pelo fator de
correção da graduação e pelo total de professores-equivalentes (art. 2º da Portaria MEC 1.162/2018,
e art. 5º, da Portaria Setec/MEC 51/2018).
104. Uma inovação positiva na construção da PNP foi a inclusão, no Guia de
Referência, das fichas explicativas dos indicadores, com o método de cálculo, o que facilita a
compreensão do assunto pelos usu-ários da referida interface.
105. A solicitação de alteração do Acórdão 2267/2005-TCU-Plenário (Ofício
96/2019/TCU/AECl/GM/GM-MEC, peça 13, p. 1, que encaminha a Nota Técnica
41/2019/CGPG/DDR/Setec/MEC, peça 13, p. 2-6) e o desenvolvimento de um conjunto de indicadores
na Plataforma Nilo Peçanha decorrem da edição de um conjunto de normas, após o exercício de
2005, que modificaram o marco regulatório da EPT.
106. O quadro 4 compila as novas exigências legais, os indicadores já desenvolvidos
na PNP para a aferição dessas metas e os indicadores em construção. Apresenta, também, indicador

19
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

que, embora previs-to, ainda não está contemplado e indicadores não previstos em instrumento
normativo.
Quadro 4 – Indicadores da Plataforma Nilo Peçanha

Exigência Legal PNP 2020


Norma Descrição Painel Indicador -Descrição
Exigência de oferta de no mínimo dez
por cento do total das vagas de Matrículas Equivalentes em
Decreto ingresso da instituição em Educação Educação de Jovens e
5.840/2006 de Jovens e Adultos (Proeja) 5.1 Adultos (EJA)
Exigência de percentual mínimo de
50% das vagas para atender EPT de
nível médio, prioritariamente na Matrículas equivalentes em
Lei 11.892/2008 forma de cursos integrados 5.1 Cursos Técnicos
Exigência de percentual mínimo de
20% de vagas para atender cursos de Matrículas Equivalentes em
licenciatura, bem como programas cursos de formação de
Lei 11.892/2008 especiais de formação pedagógica 5.1 professores
Elevar gradualmente a taxa de
conclusão média dos cursos técnicos
Lei 13.005/2014 de nível médio na Rede para 90% 5.4 Eficiência Acadêmica ciclo
Elevar gradualmente a taxa de
conclusão média dos cursos de
graduação presenciais nas
Lei 13.005/2014 universidades públicas para 90% 5.4 Eficiência Acadêmica ciclo
Índice de Titulação do
Lei 13.005/2014 Qualificação docente 5.5 Corpo Docente
Relação de número de Relação de Matrículas por
Lei 13.005/2014 matrículas/estudantes por professor 5.6 Professor
Lei 11.892/2008 Em construção - Índice de Verticalização
Percentual de Atendimento à
Lei 12.711/2012 Em construção - Lei 12.711/2012 (cotas)
Oferta de, no mínimo, um
terço das vagas em cursos
Lei 13.005/2014 Não implementado - noturnos
- Em construção, sem exigência legal - Taxa de Ocupação
Sem previsão em instrumento
- normativo - Taxa de Evasão
Sem previsão em instrumento
- normativo - Taxa de Evasão por ciclo

20
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

107. Como se observa, os indicadores constantes da Plataforma Nilo Peçanha (itens


5.1, 5.4, 5.5 e 5.6) estão vinculados a exigências normativas da Lei 11.892/2008 e do Plano Nacional
de Educação (Lei 13.005/2014).
108. O Relatório Técnico Preliminar - Grupo de Trabalho - Portaria
9/2017/Setec/MEC, de 22/3/2017, elaborado para a Diretoria de Desenvolvimento da Rede Federal de
Educação Profissional e Tecnológica, da Setec, a fim de subsidiar resposta ao Ofício
13940/2017/CGESUPDIV3/CGESUP/DS/SFC –CGU (requisição pela CGU de informações sobre os
in-dicadores de desempenho da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica),
traz aná-lises quanto aos indicadores propostos. Nesse relatório é apresentado (peça 10, p. 104):
a) o conjunto de grandezas absolutas necessárias para a avaliação anual sistêmica e
passíveis de levantamento a partir das bases de dados disponíveis, divididas de acordo com suas
distin-tas Dimensões (Alunos , Docentes, Técnico-Administrativos, Financeira);
b) o conjunto de Indicadores propostos pelo GT, elaborados a partir das grandezas
disponí-veis, acompanhados de breve sumário descritivo. São os seguintes os indicadores propostos:
1. Relação lnscritos/Vagas; 2. Taxa de Abandono (Evasão Anual); 3. Taxa de Evasão; 4. Taxa de
retenção (RT); 5. Taxa de Conclusão Bruta (C); 6. Taxa de Conclusão Líquida (C1); 7. Índice de
Eficiência Acadêmica; 8. Taxa de Ocupação; 9. Relação Matrículas/Professor; 10. Índice de
Titulação do Corpo Docente; 11. Índice de Verticalização; 12. Gasto Corrente por Matrícu-la; 13.
Matrículas Equivalentes em Cursos Técnicos; 14. Matrículas Equivalentes em Formação de
Professores; 15. Matrículas Equivalente em Proeja.
c) o resultado da avaliação dos indicadores contidos no TAM – Termo de Acordo de
Metas, cuja situação é descrita no quadro 5.
d) a Descrição do fluxo do processo de apuração dos resultados dos indicadores pela
Setec, principalmente em relação à inserção e validação dos dados no Sistec, que deu origem ao pro-
cesso Revalide.
Quadro 5 – Indicadores previstos em Termo de Acordo de Metas (TAM)

Indicador Situação
1. Índice de Eficiência da Instituição Esta medida está contemplada pelo indicador Taxa de
Ocupação, proposto pelo GT Indicadores. Eficiência
Acadêmica e o Gasto Corrente por aluno também
podem ser enquadrados como indicadores de
eficiência institucional
2. Índice de Eficácia da Instituição Sintetizado pelo " Índice de Eficiência Institucional".
Outros indicadores relacionados são: Taxa de
Abandono, Taxa de Evasão, Taxa de Retenção, Taxa
de Conclusão Bruta e Taxa de Conclusão Líquida
3. Alunos Matriculados em Relação à Força Tal medida é contemplada pelo indicador proposto,
de Trabalho "Relação Matrículas por Professor (RAP)"
4. Matrículas nos Cursos Técnicos [%] Tornado obrigatório em resposta à determinação do
art. 8° da Lei 11.892/2008. Corresponde a "Matrículas
Equivalentes em Cursos Técnicos"
5. Matrículas para a Formação de Corresponde a "Matrículas Equivalentes em
Professores e Licenciaturas [%] Formação de Professores "
6. Matrículas Proeja [%] Corresponde a “Matrículas Equivalentes em Proeja”

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

7. Programa de Melhoria da Qualidade da Sem indicador modelado associado


Educação Básica
8. Programa de Formação Continuada Sem indicador modelado associado
9. Oferta de Cursos a Distância Sem indicador modelado associado
10. Forma de Acesso ao Ensino Técnico Sem indicador modelado associado
11. Forma de Acesso ao Ensino Superior Sem indicador modelado associado
12. Forma de Acesso às Licenciaturas Sem indicador modelado associado
13. Programa de Apoio a Estudantes com Sem indicador modelado associado
Elevado Desempenho
14. Pesquisa e Inovação Sem indicador modelado associado
15. Projetos de Ação Social Sem indicador modelado associado
16.Núcleo de Inovação Tecnológica Sem indicador modelado associado
17.Programas de Ensino, Pesquisa e Sem indicador modelado associado
Extensão lntercampi e Interinstitucional
18.SIMEC, Sistec e Sistema de Registros de Sem indicador modelado associado
Preços do MEC
19.SIGA-EPT Sem indicador modelado associado

109. Na meta 19, houve pacto firmado no sentido de implementação de um sistema


integrado de gestão – Siga-EPT, para fins de consolidação dos dados da Rede Federal de Educação
Profissional e Tec-nológica, entretanto, a meta não foi cumprida.
110. Destaque-se que 13 dos 19 indicadores do TAM, instrumento criado em 2009
para avaliar os IF, não possuem indicador modelado associado. Inclusive indicadores relativos às
atividades finalísticas dos Institutos, como Pesquisa, Inovação e Extensão.
111. Além da análise desenvolvida pela Setec/MEC, a Controladoria-Geral da União
(CGU) reali-zou em 2018 análise dos indicadores da Rede Federal de Educação Profissional e
Tecnológica (peça 14). No Relatório 201702018, que buscou realizar uma avaliação, no âmbito da
Setec, da gestão dos indicado-res de desempenho da Rede Federal, concluiu-se, dentre outras coisas,
que os indicadores não estão ali-nhados com os objetivos estratégicos da Rede Federal, alguns não
possuem metas definidas e não são to-dos monitorados pela Setec (peça 14).
112. Na análise dos indicadores sugeridos pela Setec (Nota Técnica
41/2019/CGPG/DDR/Setec/MEC, peça 13, p. 2-6), em substituição aos indicadores presentes no
acórdão 2.267/2005- TCU - Plenário deve-se atentar para os seguintes aspectos: a fonte das
informações, os indi-cadores construídos e o canal de divulgação das informações e dos indicadores
propostos.
113. Quanto à fonte das informações acadêmicas, conforme já observado no capítulo
YY, é utili-zado o Sistec. Ocorre que esse sistema, de acordo com relatos de instituições integrantes da
Rede (peças 11 e 12), apresenta limitações que podem comprometer a confiabilidade das informações
extraídas. Desta forma, há a necessidade de etapa adicional de validação e preenchimento de lacunas
das informações para torná-las úteis – o Revalide, conforme abordado na secão III.
114. Quanto aos indicadores construídos, observam-se inovações conceituais no
sentido de aprimo-rar as comparações, homogeneizando variáveis. Nesse sentido, foi criado o
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

conceito de matrículas equi-valentes (Meq), que objetiva ajustar as matrículas de acordo com a carga
horária, esforço e nível dos cursos
115. Outra inovação foi a introdução de indicadores “por ciclo” – conclusão,
evasão, retenção e eficiência acadêmica, medidos em termos percentuais. Um ciclo de matrícula
envolve a oferta de um curso com uma carga horária definida, com mesma data de início e mesma
previsão de término visando a englo-bar um conjunto de matrículas de alunos para obtenção de uma
mesma certificação ou diploma. Essa ino-vação permite que cursos oferecidos em instituições
distintas sejam comparáveis.
116. Os indicadores construídos tratam ainda das seguintes dimensões:
a) economicidade: Gasto corrente por matrícula, Gastos com pessoal, Gastos com
outros cus-teios e Gastos com investimentos;
b) eficiência: eficiência acadêmica por ciclo;
c) eficácia: conclusão por ciclo
117. Os indicadores propostos estão alinhados parcialmente como o novo marco
regulatório da EPT, carecendo, ainda, de completude, pois não traduzem a diversidade de produtos
ofertados pela Re-de, conforme seção “Finalidades e objetivos da Rede e indicadores – as dimensões
Ensino, Pesquisa e Ex-tensão”, acima.
118. A verticalização do ensino, o atendimento à lei das cotas (Lei 12.711/2012) e a
oferta de vagas em cursos noturnos, exigências do novo marco regulatório, ainda não possuem
indicadores plenamente de-senvolvidos.
119. Ainda, os indicadores de gestão sugeridos pela Setec refletem parcialmente o
desempenho da Rede, sendo válidos para aferir apenas aspectos da dimensão Ensino, dos
macroprocessos finalísticos de atuação da Rede Federal de Educação Tecnológica.
120. Quanto ao canal de divulgação das informações e dos indicadores propostos, a
PNP represen-ta um avanço em relação ao modelo preconizado pelo Acórdão 2.267/2005-TCU-
Plenário (mediante rela-tório de gestão, em formato PDF), pois a divulgação das informações é feita
com os atributos da Lei de Acesso à Informação – Lei 12.527/2011 – integridade, ambiente web,
possibilidade de extração de relató-rios em formato aberto, granular e não proprietário.
121. Quanto à utilidade dos indicadores existentes na Plataforma Nilo Peçanha,
observa-se que o conjunto de indicadores está alicerçado na legislação que norteia a atuação da Rede
Federal: capacidade de oferta de vagas (a e b); eficiência e eficácia (c, d e h), adequação da força de
trabalho docente (f e g) e adequação do orçamento atribuído à instituição (i, j e k)
122. Desta forma, observa-se que os indicadores constantes da Plataforma Nilo
Peçanha estão es-sencialmente destinados à comprovação de atendimento de exigências legais
definidas na Lei 11.892/2008, no Plano Nacional de Educação – Lei 13.005/2014, na Lei 12.711/2012
e no Decreto 5.840/2006, conforme quadros 3 e 4 acima.
123. Quanto aos indicadores constantes do Acórdão 2267/2005-TCU-Plenário,
observa-se que as alterações legislativas, em especial a Lei 11.892/2008, exigem reformulação de
alguns indicadores, con-forme a seguir descrito (vide quadro 3).
124. Os indicadores constantes do subitem 9.1.1, alíneas “b”, “c”, ”f” e “h”,
consideravam relações com base no número de alunos e a Lei 13.005/2014(metas 10, 11 e 12),
considera o termo “matrículas”. A Plataforma Nilo Peçanha ajustou o conceito de matrícula para

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

matrícula equivalente, em especial para ajus-tes de carga horária de cursos de formação continuada
(FIC) de curta duração.
125. Os índices de eficiência acadêmica (Item 9.1.1, alínea “d”) e de retenção do
fluxo escolar (Item 9.1.1, alínea “e”), com os ajustes da Plataforma Nilo Peçanha, passaram a avaliar
a eficiência e a re-tenção por ciclo de matrículas, considerando que a estrutura pluricurricular
estabelecida na Lei 11.892/2008 para a atuação dos Institutos Federais permite a oferta de cursos
com diferentes ciclos de du-ração (mensal, semestral, anual).
126. E os indicadores que refletiam os percentuais de gastos com pessoal, outros
gastos correntes e investimentos foram substituídos pelos valores dos gastos em cada categoria.
127. De acordo com as técnicas de auditoria do Tribunal de Contas da União, em
roteiro sobre téc-nicas de indicadores de desempenho (TCU, Portaria Segecex 33, de 23/12/2010), um
indicador de desem-penho é um número, percentagem ou razão que mede um aspecto do desempenho
da gestão, com o objeti-vo de comparar a medida calculada com as metas preestabelecidas.
128. Dentre os indicadores apontados no quadro 3, que se referem ao Acórdão
2267/2005-TCU-Plenário e aos existentes na Plataforma Nilo Peçanha, apenas os indicadores de
titulação docente e da re-lação matrícula por professor possuem metas estabelecidas no Plano
Nacional de Educação, para fins de comparação quanto ao efetivo atendimento de metas.
129. Os seguintes indicadores do Acórdão 2267/2005-TCU-Plenário se referem a
números quanti-tativos, sem relacionamento com metas estabelecidas: percentual de gastos com
pessoal, percentual de gas-tos com outros custeios, percentual de gastos com investimentos, número
de alunos matriculados classifi-cados de acordo coma renda per capita familiar. Tratam-se de
informações extraídas do Siafi ou dos regis-tros acadêmicos, cujos dados estão divulgados na
Plataforma Nilo Peçanha.
130. O indicador “relação candidato/vaga” (item 9.1.1, alínea “a”, do Acórdão
2267/2005-TCU-Plenário) teve a terminologia “candidato” alterada na Plataforma Nilo Peçanha
para “inscritos”, que está em consonância com o termo “inscrição”, constante dos editais de seleção.
131. O indicador “relação ingressos/aluno” (item 9.1.1, alínea “b”, do Acórdão
2267/2005-TCU-Plenário), conforme demonstrado em relatórios de análise da Setec/MEC, não possui
utilidade prática, uma vez que não considera os percursos formativos (ciclos de duração) dos cursos.
Neste aspecto, foi substituído na Plataforma Nilo Peçanha por informações sobre o quantitativo de
alunos ingressantes e ma-trículas (aba 1.1 da PNP).
132. No mesmo sentido, os indicadores de “eficiência acadêmica de concluintes” e
de “retenção do fluxo escolar” também foram alterados na Plataforma Nilo Peçanha, de modo a
avaliar a eficiência acadê-mica e a retenção com base no período de duração de cada curso (ciclo de
formação).
133. Tendo em vista que o objetivo de avaliar a eficiência acadêmica deve considerar
o período de conclusão dos cursos, as modificações propostas na Plataforma Nilo Peçanha adequam-
se à atuação pluri-curricular dos Institutos Federais, conforme definido no art. 2º da Lei 11.892/2008.
134. Os demais indicadores constantes da Plataforma Nilo Peçanha (PNP) atendem
às exigências normativas da Lei 11.892/2008 e do Plano Nacional de Educação (Lei 13.005/2014).
135. Diante do exposto, do surgimento de novo marco normativo e da necessidade de
disponibili-zar informações sobre a EPCT, propõe-se alterar o Acórdão 2267/2005-TCU-Plenário, em
especial, consi-derando os seguintes aspectos:

24
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

a) A “relação candidato/vaga” (item 9.1.1.1 do Acórdão 2267/2005-TCU-Plenário) deve


ser substituída pela “relação de Inscritos por Vagas” para ficar em consonância com o termo
“inscrição”, cons-tante dos editais de seleção;
b) A “relação ingressos/aluno” (item 9.1.1.2 do Acórdão) deve ser substituída pelas
grandezas absolutas “ingressantes e matrículas” em atenção à terminologia adotada no novo marco
legal da EPCT;
c) A “relação concluintes/aluno” (item 9.1.1.3 do Acórdão) deve ser substituída pela
“relação conclusão por ciclo” de forma a garantir comparabilidade ao indicador e atender as metas
estabelecidas pelas estratégias 11.11 e 12.3 previstas na Lei 13.005/2.014 (PNE);
d) O “índice de eficiência acadêmica de concluintes” (item 9.1.1.4 do Acórdão) deve ser
subs-tituído pelo “índice de eficiência acadêmica por ciclo, de forma a garantir comparabilidade ao
indicador e atender as metas estabelecidas pelas estratégias 11.11 e 12.3 previstas na Lei
13.005/2.014 (PNE);
e) O “índice de retenção do fluxo escolar” (item 9.1.1.5 do Acórdão) deve ser substituído
pelo “índice de retenção por ciclo”, para garantir comparabilidade ao indicador;
f) A “relação de alunos/docente em tempo integral” (item 9.1.1.6 do Acórdão) deve ser
substi-tuída pela relação de matrículas (equivalentes) por professor (ponderado pelo regime de
trabalho), conside-rando as metas estabelecidas nas estratégias 11.11 e 12.3 previstas na Lei
13.005/2.014 e a necessidade de homogeneizar as variáveis de comparação;
g) A grandeza “gastos correntes por aluno” (índice 9.1.1.7 do Acórdão) deve ser
substituída pela grandeza “gasto corrente por matrícula (equivalente)”, de modo a adequar-se à
terminologia adotada no novo marco legal da EPCT, garantir comparabilidade ao indicador e refletir
o valor investido em média para cada matrícula equivalente na Rede Federal;
h) O “percentual de gastos com pessoal” (item 9.1.1.8 do Acórdão), “percentual de gastos
com outros custeios” (item 9.1.1.9) e percentual de gastos com investimentos (item 9.1.1.10) devem
ser substi-tuídos, respectivamente, pelas grandezas “gastos com pessoal”, “gastos com outros
custeios” e “gastos com investimentos”, para a avaliação anual sistêmica da dimensão financeira dos
diversos integrantes da Rede; e
i) O “número de alunos matriculados classificados de acordo com a renda per capita
familiar” (item 9.1.1.1) deve ser substituído pelas grandezas “Matrículas e Renda”, para adequação
à terminologia utilizada pelo novo marco regulatório da EPCT.
136. Além das alterações propostas no Acórdão 2267/2005-TCU-Plenário, há um
conjunto de indi-cadores constantes da Plataforma Nilo Peçanha (PNP) que visam a atender às
exigências normativas do Decreto 5.840/2006, da Lei 11.892/2008 e do Plano Nacional de Educação
(Lei 13.005/2014), os quais independem de rol descrito em novo acórdão do TCU, conforme abaixo
relacionado.
a) Exigência legal de oferta de no mínimo dez por cento do total das vagas de ingresso da
ins-tituição em Educação de Jovens e Adultos (Proeja), conforme meta estabelecida pelo art. 2º do
Decreto 5.840/2006, refletida no painel 5.1 da PNP – atendimento percentuais Lei;
b) Exigência de percentual mínimo de 50% das vagas para atender EPT de nível médio,
priori-tariamente na forma de cursos integrados, conforme meta estabelecida pelo art. 8º da Lei
11.892/2008, di-vulgada no painel 5.1 da PNP – atendimento percentuais Lei;

25
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

c) Exigência de percentual mínimo de 20% de vagas para atender cursos de licenciatura,


bem como programas especiais de formação pedagógica, conforme meta estabelecida pelo art. 8º da
Lei 11.892/2008, já constante do painel 5.1 da PNP – atendimento percentuais Lei;
d) Necessidade de elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos cursos técnicos de
ní-vel médio na Rede para 90% e elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos cursos de
graduação presenciais nas universidades públicas para 90%, conforme metas estabelecidas nas
estratégias 11.11 e 12.3 previstas na Lei 13.005/2.014, refletidas no painel 5.4 da PNP – eficiência
acadêmica; e
e) Necessidade de ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo docente em efetivo
exercício no conjunto do sistema de educação superior para 75% (setenta e cinco por cento), sendo,
do to-tal, no mínimo, 35% (trinta e cinco por cento) doutores, para atender a meta 13 da Lei
13.005/2014, apre-sentada no painel 5.5 da PNP – Titulação docente.
137. No mesmo sentido, tendo em vista as finalidades e os objetivos previstos nos
arts. 6º e 7º da Lei 11.892/2008, a Setec, em conjunto com as instituições da Rede Federal, pode
adotar outros indicado-res ainda não implementados, dentre os quais aqueles destinados a avaliar o
processo de verticalização do ensino e a efetiva taxa de ocupação das instituições, em discussão nos
grupos de trabalho instituídos pela Setec para avaliação dos indicadores, sem necessidade de um rol
taxativo em novo acórdão decisório.
138. Deste modo, será proposta a alteração dos indicadores e informações
constantes do subitem 9.1.1 do Acórdão 2267/2005-TCU-Plenário, para refletir as exigências do novo
marco legal aplicável à atuação da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica,
conforme descrição abaixo, sem prejuízo de que sejam introduzidos novos indicadores:
a) Relação de Inscritos por Vagas;
b) Ingressantes e matrículas;
c) Conclusão por ciclo;
d) Eficiência Acadêmica por ciclo;
e) Retenção por ciclo;
f) Matrícula/professor;
g) Titulação Docente;
h) Gasto corrente por matrícula;
i) Gastos com pessoal;
j) Gastos com outros custeios;
k) Gastos com investimentos; e
l) Informações de matrículas por cor/renda.
V. AUSÊNCIA DE INDICADORES DE GESTÃO EM ÁREAS DE ATUAÇÃO PRIO-
RITÁRIA DOS INSTITUTOS FEDERAIS/CENTROS FEDERAIS DE EDUCAÇÃO TECNO-LÓGICA
139. Em consonância com a concepção, as finalidades e as características dos
Institutos Fede-rais/Centros Federais de Educação Tecnológica, estabelecidos pela Lei 11.892/2008
(nos arts. 6º e 7º), as referidas instituições atuam no desenvolvimento da educação profissional e

26
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

tecnológica, aliando sua atua-ção junto à sociedade em três macroprocessos finalísticos,


representados na figura 4.
Figura 4. Macroprocessos finalísticos da Rede Federal de EPCT

140. Estes três macroprocessos finalísticos são desenvolvidos de forma integrada e


complementar, visando à excelência no cumprimento da missão dos Institutos Federais. Estes são
realizados por meio de processos que resultam em produtos e/ou serviços à sociedade, conforme a
área de abrangência da atuação dos Institutos Federais.
141. O mapa de produtos/processos/serviços, elaborado pelo Instituto Federal do
Pará (peça 12, p. 21-24), exemplifica os principais processos relativos às atividades finalísticas de
ensino, pesquisa e exten-são, bem como os produtos e serviços resultantes e os usuários/beneficiários
da atuação destas instituições.
142. Em relação à dimensão “Ensino”, os principais processos se referem à oferta
de cursos nos di-versos níveis e modalidades de formação (cursos de formação inicial e continuada,
inclusive integrada à educação de jovens e adultos; cursos técnicos de nível médio; cursos de
graduação; cursos de pós-graduação lato sensu e stricto sensu; programas e projetos educacionais), à
seleção de candidatos, ao regis-tro de atividades acadêmicas e à assistência ao educando.
143. Os indicadores constantes da Plataforma Nilo Peçanha e do Acórdão
2267/2005-TCU-Plenário, em especial os relativos aos percentuais legalmente exigidos para oferta de
cursos de formação em nível técnico, formação de profissionais da educação e educação de jovens e
adultos, os índices de evasão, de retenção e de conclusão por ciclo, estão voltados à análise do
macroprocesso relativo à dimen-são “Ensino”.
144. Quanto à dimensão de “Pesquisa e Inovação”, os principais processos se
referem ao fomento a este macroprocesso finalístico, mediante os seguintes produtos/serviços:
a) concessão de auxílios a projetos de inovação e pesquisa aplicada;
b) capacitação para atuação em pesquisa e inovação;
c) cadastro, acompanhamento e certificação de grupos de pesquisa;
d) concessão de bolsas de iniciação científica;
e) orientação para iniciação científica;
27
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

f) realização de eventos de iniciação científica;


145. Além do fomento à pesquisa e inovação, os Institutos Federais atuam no
processo de difusão do conhecimento científico, mediante os seguintes produtos/serviços:
a) incentivo à produção de artigos científicos;
b) publicação de livros e periódicos;
c) incentivo a participação em eventos técnico-científicos;
d) realização de eventos técnico-científicos.
146. Quanto à inovação tecnológica, os Institutos Federais atuam em processos de
registros de pro-priedade intelectual e transferências de tecnologias, por meio de capacitação e de
submissão de propostas de registro de patente.
147. Na análise dos indicadores constantes da Plataforma Nilo Peçanha, entretanto,
não constam indicadores que pretendam acompanhar essa dimensão de atuação dos institutos. Na
PNP versão 2018, base 2017, foi aventada proposição de indicador sobre o tema “Inovação”, mas
efetivamente não houve sua implementação.
148. Em resposta à solicitação formulada pela equipe de fiscalização (peças 11 e
12), os Institutos Federais se manifestaram quanto à ausência de indicadores de gestão relativos às
atividades de pesquisa, extensão e inovação, demonstrando que estas dimensões finalísticas da Rede
Federal de Educação Profis-sional e Tecnológica não estão contempladas no conjunto de indicadores
existentes na Plataforma Nilo Peçanha.
149. Dentre as finalidades legalmente descritas no art. 6º da Lei 11.892/2008, a
concepção de inte-gração e de verticalização da educação básica à educação profissional e educação
superior, que norteia a atuação das instituições integrantes da Rede ainda não possui indicador
específico.
150. Há previsão que a versão 2020 da Plataforma Nilo Peçanha passe a apresentar
indicador de ta-xa de verticalização e de taxa de ocupação (peça 10, p. 115), entretanto não há
métrica definida para estes indicadores.
151. Os cursos de formação profissional na Rede Federal devem estar orientados
para uma oferta formativa que beneficie a consolidação e o fortalecimento dos arranjos produtivos,
sociais e culturais lo-cais. Entretanto, no conjunto de indicadores das instituições integrantes da
Rede, não constam elementos que avaliam a integração entre as atividades desenvolvidas e os
arranjos produtivos locais.
152. No mesmo sentido, não há indicadores sobre o desenvolvimento de atividades de
extensão, em articulação com o mundo do trabalho e com os segmentos sociais ou de estímulo e apoio
a projetos educativos de geração de trabalho e renda junto à comunidade local (objetivos previstos no
art. 7º, incisos III e VI da Lei 11.892/2008).
153. Os próprios Institutos Federais indicam a necessidade de inclusão de
indicadores que demons-trem o alinhamento entre os cursos ofertados e os arranjos produtivos locais,
indicadores de efetividade quanto à empregabilidade dos alunos egressos junto ao mercado de
trabalho e/ou na continuidade da vida acadêmica ou ainda indicadores que apontem os impactos
diretos e indiretos nos locais de atuação dos Institutos Federais, como apontado pelo Instituto Federal
do Amapá – Ifap (peça 11, p. 21-22).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

154. A realização de pesquisas aplicadas, com estímulo ao desenvolvimento de


tecnologias (art. 7º, inciso V) é um dos objetivos das entidades integrantes da Rede Federal. Todavia,
nos Institutos Federais não há indicadores de patentes registradas ou de inovações criadas e
patenteadas pelas referidas institui-ções.
155. Cabe destacar que as próprias instituições da Rede demonstram ser possível a
criação de indi-cador que revele o quantitativo de patentes e de registros de softwares, relativo de
ações de inovação tec-nológica desenvolvidos por estas instituições, como exemplifica o Instituto
Federal da Paraíba – IFPB (peça 12, p. 43-44), ou a quantidade de ativos de propriedade intelectual
(registros no INPI), como sugere o Instituto Federal do Rio Grande do Norte – IFRN (peça 12, p.
233).
156. Ademais, há dados de pedidos de registros de patentes disponíveis nos Institutos
Federais, conforme demonstrou o Instituto Federal de Alagoas (Ifal), em dados abertos constantes do
Siga/UFRN (módulo pesquisa).
157. O desenvolvimento de programas/ações de extensão e de divulgação científica e
tecnológica, que constitui umas das atividades finalísticas dos Institutos Federais, visa a aproximar a
instituição com a comunidade. Neste aspecto, a ausência de indicadores de ações relativas à dimensão
extensão não permite avaliar em que medida estas instituições estão desenvolvendo ações/projetos de
aproximação com a comu-nidade do local de atuação.
158. Cabe destacar que algumas instituições da Rede possuem em seus registros
dados relativos a ações/programas de extensão, mas não há indicadores específicos que permitam a
comparabilidade de da-dos entre as instituições integrantes da Rede ou mesmo a disseminação de
boas práticas em ações/projetos de aproximação com a comunidade.
159. A revista de extensão do Instituto Federal do Sul de Minas Gerais
(IFSULDEMINAS. Pouso Alegre: Proex, 2014) indica um conjunto de projetos (de reinserção social,
de dança e teatro, de economia solidária, de apoio à docência, dentre outros), capacitações (cursos
preparatórios, preparo de alimentos, capacitação de guias de turismo, e outros) e eventos (com
diversos temas envolvendo inclusão social, meio ambiente, esportes e artes).
160. Em que pese haver um conjunto de limitações da Plataforma Nilo Peçanha,
para obtenção de dados de cálculo de indicadores de pesquisa, inovação e extensão, observa-se que
as instituições integran-tes da Rede apresentam dados e informações, que em avanço de métrica de
cálculo, podem contribuir para a adoção de indicadores voltados a avaliar estas dimensões da
atuação finalística dos Institutos Federais.
161. Cabe ressaltar que a ausência de indicadores relativos a ações/projetos de
pesquisa e extensão e ao acompanhamento de empregabilidade de egressos já foi apontada pelo
Tribunal de Contas da União, por meio do Acórdão 506/2013-TCU- Plenário, de relatoria do
Ministro José Jorge.
162. No referido Acórdão, o TCU recomendou à Setec/MEC que adotasse
providências para a ins-tituição de indicadores de evasão, retenção e conclusão, desagregados para
diferentes modalidades de cursos, bem como coleta e sistematização de dados para a instituição de
indicadores relacionados a projetos de pesquisa e extensão e indicadores de acompanhamento de
empregabilidade de alunos egressos (conforme os itens 9.1.1, alínea “b”, 9.1.3, alínea “d”, e 9.1.4,
alínea “c”, do Acórdão 506/2013-TCU- Plenário, grifos acrescidos).
163. Conforme apontado pelo IFPA (peça, 12, p. 25), alguns indicadores podem ser
acrescidos na Plataforma Nilo Peçanha, para a análise de aspectos relativos a pesquisa e extensão,
com destaque para:
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

a) percentual de discentes/alunos em condição de vulnerabilidade social atendidos com


recur-sos e ações de Assistência Estudantil;
b) quantitativo de certificações de competências profissionais realizadas, decorrentes de
exa-mes como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Exame Nacional para Certificação de
Competências de Jovens e Adultos (Encceja);
c) indicador de produção científica dos docentes e discentes, que pode ser obtido com
dados da Plataforma Lattes;
d) quantitativo de docentes e discentes participando de atividades extensionistas;
e) indicador de quantitativo de registro de propriedade intelectual e transferência de
tecnolo-gias.
164. A ausência de indicadores que avaliem a oferta pela Rede Federal de Educação
Profissional e Tecnológica de ações/projetos de pesquisa e extensão não atende ao atributo de
representatividade (ou completude) de indicadores de desempenho da gestão (previsto em roteiro
sobre técnicas de indicadores de desempenho para auditorias (TCU, Portaria Segecex 33, de
23/12/2010), tendo em vista que não ex-pressa produtos primordiais de uma atividade ou função
essencial à atuação das instituições integrantes da Rede Federal, definidos nos arts. 6º e 7º da Lei
11.892/2008.
165. Conforme previsto no Termo de Acordo de Metas e Compromissos, firmado
entre o Ministé-rio da Educação, por intermédio da Setec, e os Institutos Federais, constitui
fundamento estruturante des-tas instituições a verticalização do ensino e sua integração com a
pesquisa e a extensão sempre em bene-fício da sociedade, a eficácia nas respostas de formação
profissional, a construção, a difusão e a democra-tização do conhecimento científico e tecnológico,
suporte e interação com os arranjos produtivos, soci-ais e culturais locais (grifos nossos).
166. Ao examinarmos a PNP, verifica-se a que ainda não foram coletados dados e
nem construídos indicadores que reflitam as dimensões Pesquisa e Extensão dos Institutos Federais.
Existem apenas infor-mações e indicadores relativos à oferta de cursos, ao quantitativo de alunos e
professores e ao montante de gastos, não sendo possível o conhecimento quanto ao desenvolvimento
de pesquisas e projetos e extensão, tampouco de ações de interação com arranjos produtivos locais.
167. Conclui-se que o conjunto de indicadores constantes da Plataforma Nilo
Peçanha não são su-ficientes para medir, na sua completude, as entregas (produtos/serviços)
fornecidos pelos Institutos Fede-rais, no âmbito da Rede Federal de Educação Profissional e
Tecnológica.
168. Ademais, não há indicadores de acompanhamento de empregabilidade de
alunos egressos, apesar de o Acórdão 506/2013-TCU- Plenário (relator Ministro José Jorge)
recomendar a implementação de indicadores neste sentido.
169. Considerando que as dimensões “Pesquisa e Inovação” e “Extensão” não
possuem indicadores de gestão na Plataforma Nilo Peçanha ou em outros instrumentos de gestão, não
é possível medir de forma sistêmica a amplitude e a diversidade de características da atuação das
instituições integrantes da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica.
170. Alguns indicadores sobre “Pesquisa e Inovação” e “Extensão” poderiam ser
adotados sem im-pactos na economicidade, tendo em vista que a obtenção das informações
necessárias ao cálculo dos indi-cadores não seria dispendiosa (com dados extraídos dos sistemas
acadêmicos, dos requerimentos de regis-tro de patentes e de plataformas de controle de publicações
da Capes), como indicam os próprios Institu-tos Federais (peças 11 e 12):
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

a) produção técnico-científica (publicações) dos docentes e discentes;


b) quantitativo/percentual de docentes e discentes participando de atividades
extensionistas; e
c) quantitativo de registro de propriedade intelectual e transferência de tecnologias.
171. Desta forma, propõe-se determinar à Setec/MEC que elabore plano de ação, em
articulação, a seu critério, com os institutos federais ou Conif, visando à implementação de
indicadores relativos às ati-vidades de pesquisa e extensão e de empregabilidade de egressos das
instituições que compõem a Rede Federal de Educação profissional, Científica e Tecnológica,
conforme já apontado no Acórdão 506/2013-TCU-Plenário (Relator Ministro José Jorge).
VI. OUTRAS CONSIDERAÇÕES
172. Em relação à educação profissional, cabe destacar que, além da atuação da
Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (RFEPCT), há atuação de entidades
paraestatais na for-mação profissional, em especial as instituições vinculadas aos serviços sociais
autônomos (Sistema “S”), que ministram cursos de formação a certas categorias sociais ou
profissionais (comerciários, industriários, dentre outros). Também há atuação de outras entidades
públicas fora da esfera federal e outras entidades privadas.
173. Entretanto, conforme apontado por pesquisadores vinculados ao Inep (Moraes e
Albuquerque, 2019), não há um censo específico voltado à caracterização da educação profissional,
nos diversos níveis e modalidades e por categorias administrativas (públicas e privadas).
174. Esta ausência de produção de estatísticas da educação profissional, por meio de
censo especí-fico, não permite análises consistentes dos números da formação do trabalhador no
Brasil. Também não permite comparativos entre a atuação das redes pública e privada.
175. No caso específico da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica, a ine-xistência de um censo da educação profissional, elaborado pelo Inep, para fins de
obtenção de dados de matrículas, por exemplo, pode induzir a um conflito de competências entre a
Setec/MEC e o Inep. A Se-tec, responsável pela supervisão da educação profissional, produz
estatísticas educacionais desse segmento da educação, por meio de dados extraídos do Sistec e
submetidos a processo de validação, devido às limi-tações de informações disponibilizadas sobre
matrículas na educação profissional, como descrito na seção III deste relatório.
176. Além disso, os Termos de Acordo de Metas e Compromissos firmados entre
MEC e Institutos Federais estabelece como responsabilidade da Setec/MEC, entre outras, a criação
de um sistema de avalia-ção dos cursos técnicos similar ao Exame Nacional de Desempenho de
Estudantes (Enade), aplicado ao ensino superior (Cláusula Terceira – Das responsabilidades e
obrigações). O Enade integra o Sistema Na-cional de Avaliação da Educação Superior, o qual prevê
avaliar, além do desempenho dos alunos, a quali-dade dos cursos e das instituições de ensino.
177. Conforme destacado no processo TC 026.062/2011-9 (no relatório do Acordão
506/2013-TCU-Plenário, relator Ministro José Jorge), a educação profissional de nível médio não
está submetida, no Brasil, a avaliações sistematizadas como está o ensino superior desde a criação do
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), instituído pela Lei 10.861/2004. O
único tipo de avaliação rela-tiva ao ensino médio consiste no Enem, que procura medir o desempenho
dos estudantes para utilizá-lo como critério para o ingresso de estudantes no ensino superior.
178. A implementação de censo da educação profissional e de sistema nacional de
avaliação dos cursos técnicos exige atuação integrada do Ministério da Educação e de
órgãos/entidades a ele vinculados, bem como de entidades do setor privado que atuam na educação
31
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

profissional, a exemplo das integrantes do Sistema S, desse modo será proposto o envio de cópia da
deliberação que vier a ser proferida ao Minis-tério da Educação (MEC) e ao Instituto Nacional de
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
VII. ANÁLISE DOS COMENTÁRIOS DOS GESTORES
179. A versão preliminar deste relatório foi submetida à Setec/MEC para
comentários, conforme e-mail de envio (peças 18 e 21), considerando-se como uma boa prática
constante do Manual de Auditoria Operacional deste Tribunal – Portaria-Segecex 4/2010.
180. Em resposta, a Setec/MEC apresentou comentários (peças 20 e 23), os quais
foram analisados mediante instrução acostada à peça 24. A atual versão incorporou alguns dos
esclarecimentos, críticas e complementações apresentadas pelos gestores.
181. Os comentários apontados pela Setec/MEC reforçam a necessidade de proposta
de alteração do Acórdão 2267/2005-TCU-Plenário, em face das alterações na legislação que rege a
atuação da Rede Federal de EPCT.
182. A resposta da Setec/MEC também demonstra que as dificuldades de intercâmbio
de dados entre os diversos sistemas acadêmicos das instituições que compõem a Rede Federal de
ECPT criou “pro-blemas de homogeneização de procedimentos entre as várias autarquias” (peça 20,
p. 6). A Setec/MEC re-forçou as limitações do Sistec, descritas nos itens 51 e 52 do relatório
preliminar, indicando a necessidade de integração do referido sistema com os sistemas acadêmicos
(peça 23, p. 3).
183. Além disso, a demanda anual de validação/confirmação de dados por meio de
relatórios de in-consistências do Revalide enviados aos Institutos Federais e demais instituições da
Rede Federal também reforça que há necessidade de plano de ação para adoção de solução de
tecnologia que atenda à meta 19 do Termo de Acordo de Metas (TAM).
184. A DDR/Setec apontou concordância que a ausência de indicadores que avaliem
a oferta pela Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica de ações/projetos de pesquisa,
inovação e extensão precisa ser superada.
VIII. CONCLUSÃO
185. Com a implantação da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica, por meio da Lei 11.892/2008, as áreas de atuação das instituições que a integram foram
significativamente ampliadas, com atuação nos diferentes níveis, etapas e modalidades de ensino, com
oferta de educação superior (cursos superiores e pós-graduação), educação básica e profissional
(ensino fundamental com educação de jovens e adultos, ensino médio e ensino técnico-profissional,
cursos de formação profissional continuada), conforme apontado nos itens 1645 deste relatório.
186. Atualmente, os dados da rede federal de EPCT são consolidados no âmbito da
Plataforma Ni-lo Peçanha - PNP, desde 2018, com base em informações extraídas do Siafi (dados
financeiros), do Siape (dados relativos a docentes e técnicos educacionais) e Sistec (dados relativos a
matrículas, duração dos cursos, vagas ofertadas, número de inscritos), conforme descrito nos itens
54-60 deste relatório.
187. Em relação aos dados extraídos do Sistec, antes do cálculo dos indicadores, são
submetidos a um processo de qualificação/validação de dados, o qual envolve a Setec, os dirigentes
das instituições, pesquisadores institucionais e setores de registros acadêmicos em cada instituição.
188. O processo denominado Revalide decorre de inconsistências nos dados
extraídos do Sistec. Entretanto, grande parte do conjunto de inconsistências decorre de informações

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

não previstas/não inseri-das no referido sistema, no momento de entrada dos dados, mas que são
necessárias para o cálculo dos in-dicadores previstos na Plataforma Nilo Peçanha.
189. Desta forma, para fins de obtenção de dados para cálculo dos indicadores da
Plataforma Nilo Peçanha, há um processo de validação que exige a atuação de diversos setores das
instituições que inte-gram a Rede Federal de Educação Tecnológica.
190. Este processo poderia ser simplificado com a adoção de um sistema
padronizado de coleta de dados necessários para a produção das estatísticas da EPCT, conforme
exige a Meta 19, dos Termos de Acordos de Metas e Compromissos (TAM), firmados entre o
Ministério da Educação, por intermédio da Setec, e os Institutos Federais (conforme descritos nos
itens 46-67 deste relatório). Propõe-se, neste aspec-to, determinação à Setec/MEC, para que, em
articulação com o Conif e os Institutos Federais, elabore pla-no de ação para implantação de sistema
ou solução de tecnologia de informação que atenda aos objetivos descritos na meta 19 do Termo de
Acordo de Metas e Compromissos de 2010.
191. Com as mudanças na legislação dos Institutos Federais, em especial a Lei
11.892/2008 e o Plano Nacional de Educação, um conjunto de indicadores não comtemplados no
Acórdão 2267/2005-TCU-Plenário (relator Ministro Benjamin Zymler) passou a ser exigido da
Setec/MEC.
192. O Acórdão 2267/2005-TCU-Plenário, neste aspecto, carece de alteração para
que os indicado-res estejam de acordo com o novo marco legislativo da Rede Federal de Educação
Profissional e Tecnoló-gica, em especial para a inclusão de indicadores exigidos pela legislação, já
implementados ou em imple-mentação na Plataforma Nilo Peçanha (itens 68-138 deste relatório).
Neste sentido, será proposta alteração do referido Acórdão.
193. A Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica ainda não possui
indicadores que avaliem as ações de pesquisa, inovação e extensão, e também não há indicadores de
acompanhamento de empregabilidade e de inserção dos egressos no mercado de trabalho (conforme
descrito nos itens 139-171 deste relatório). Neste aspecto, propõe-se determinar que a Setec que, em
articulação com o Conif e os Institutos Federais, elabore plano de ação para adoção de providências
para a instituição de indicadores relacionados a ações/projetos de pesquisa e extensão e indicadores
de empregabilidade de alunos egressos, conforme já apontado no Acórdão 506/2013-TCU-Plenário
(Relator Ministro José Jorge).
194. A implementação de censo da educação profissional e de sistema nacional de
avaliação dos cursos técnicos (itens 172-178 deste relatório) exige atuação integrada do Ministério
da Educação e de ór-gãos/entidades a ele vinculados, bem como de entidades do setor privado que
atuam na educação profis-sional, a exemplo das integrantes do Sistema “S”. Deste modo, propõe-se,
encaminhar ao Ministério da Educação (MEC) e ao Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep) cópia do rela-tório, voto e acórdão que vier a ser proferido, de modo a permitir
que o MEC avalie a conveniência e opor-tunidade de criar agenda de discussões sobre o tema com os
principais atores do setor.
IX. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
195. Ante o exposto, submete-se o presente relatório à consideração superior com as
seguintes pro-postas:
195.1. Alterar os indicadores constantes do subitem 9.1.1 do Acórdão 2.267/2005-
TCU-Plenário (re-lator Ministro Benjamin Zymler), para refletir as exigências do novo marco legal
aplicável à atuação da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e à dinâmica

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

de atuação dessas entida-des, conforme descrição abaixo, sem prejuízo de que sejam introduzidos
novos indicadores:
a) Relação de Inscritos por Vagas;
b) Ingressantes e matrículas;
c) Conclusão por ciclo;
d) Eficiência Acadêmica por ciclo;
e) Retenção por ciclo;
f) Matrícula/professor;
g) Titulação Docente;
h) Gasto corrente por matrícula;
i) Gastos com pessoal;
j) Gastos com outros custeios;
k) Gastos com investimentos; e
l) Informações de matrículas por cor/renda.
195.2. Determinar à Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério
da Educação (Setec/MEC), com base no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU (RITCU),
que elabore e en-caminhe a este Tribunal, no prazo de 180 dias, podendo contar, a seu critério, com a
articulação com os institutos federais ou com o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de
Educação Profissio-nal, Científica e Tecnológica (Conif), plano de ação que inclua cronograma
detalhado, com descrição das etapas e definição de responsabilidades, bem como cópia de estudos e/ou
atas de reunião que justifiquem as decisões e limitações, para implantação dos seguintes itens:
a) Sistema ou solução de tecnologia de informação que atenda aos objetivos descritos na
meta 19 do Termo de Acordo de Metas e Compromissos de 2010 (adesão ao sistema SIGA-EPCT ou
compro-misso com a transferência para sua base de dados, via digital, das informações mínimas
solicitadas pelo MEC/Setec), em especial no que diz respeito a automatização da relação entre os
diversos sistemas neces-sários ao controle e gestão da Rede Federal de Educação Profissional,
Científica e Tecnológica;
b) Indicadores das atividades de pesquisa e extensão e de empregabilidade de egressos das
instituições que compõem a Rede Federal de Educação profissional, Científica e Tecnológica.
195.3. Encaminhar ao Ministério da Educação (MEC) e ao Instituto Nacional de
Pesquisas Educaci-onais Anísio Teixeira (Inep) cópia do relatório, voto e acórdão que vier a ser
proferido, tendo em vista o relato sobre a ausência de um sistema nacional de avaliação da educação
profissional e de um censo da educação profissional, de modo a permitir que o MEC avalie a
conveniência e oportunidade de criar agen-da de discussões sobre o tema com os principais atores do
setor, a exemplo de entidades do Sistema S; e
195.4. Arquivar os presentes autos, nos termos do art. 169, inciso III, do Regimento
Interno.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

VOTO

Trata-se de relatório de Levantamento cujo objeto é conhecer e avaliar os indicadores de


gestão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.
No atual arranjo institucional, a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica
(EPCT) é integrada pelos Centros Federais de Educação Tecnológica, Institutos Federais de Educação,
Ciência e Tecnologia e pelo Colégio Pedro II, supervisionados pela Secretaria de Educação
Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (Setec/MEC). O compromisso social dessas
entidades é ampliar a oferta de vagas de educação pública, gratuita e voltada ao mercado de trabalho, a
favorecer o acesso efetivo às conquistas cientificas e tecnológicas, com qualificação profissional em
diversas áreas do conhecimento.
As modificações legislativas introduzidas, sobretudo, pelas Leis 11.892/2008 e
13.005/2014 (Plano Nacional de Educação) ampliaram significativamente o espectro de funções,
atividades e estrutura das unidades que integram a rede federal de EPCT. Os institutos e centros
federais passaram a atuar em diferentes níveis, etapas e modalidades de ensino, com oferta de
educação superior (cursos de graduação e pós-graduação), educação básica e profissional (ensino
fundamental com educação de jovens e adultos, ensino médio e ensino técnico-profissional, cursos de
formação profissional continuada), além de integrar as dimensões de ensino, pesquisa e extensão.
Este Tribunal já apreciou fiscalização realizada no âmbito do então Programa de Educação
Profissional (Proep), oportunidade em que o Plenário, por meios Acórdão 480/2005 e 2267/2005,
ambos do Plenário e sob relatoria do E. Ministro Benjamin Zymler, expediu determinações às
Instituições Federais de Educação Profissional, Científica e Tecnológica para elaboração de
indicadores específicos de gestão acadêmica e financeira, a serem inclusas nos relatórios de gestão de
contas anuais dessas entidades, Tais indicadores buscavam mensurar, basicamente, aspectos como
oferta de vagas, taxa de conclusão ou evasão de alunos, adequação da força de trabalho do corpo
docente, eficiência de gastos correntes por aluno, gastos com pessoal e outros custeios, investimentos,
avaliação do público alvo, tendo por base estratificação dos alunos por renda per capita familiar.
Ampliando o escopo dos indicadores de gestão destinados a aferir o desempenho de outras
finalidades igualmente importantes das instituições da rede federal de EPCT, esta Corte de Contas
houve por bem, por intermédio do Acórdão 506/2013-TCU-Plenário, relator E. Ministro José Jorge,
determinar à Setec/MEC a criação de indicadores de evasão, retenção e conclusão, desagregados para
diferentes modalidades de cursos, bem como coleta e sistematização de dados para a instituição de
indicadores relacionados a projetos de pesquisa e extensão e indicadores de acompanhamento de
empregabilidade de alunos egressos.
A construção e o acompanhamento da evolução dos indicadores de gestão da rede federal
de EPCT têm como principal ferramenta tecnológica a Plataforma Nilo Peçanha (PNP), desenvolvida
no âmbito da Setec/MEC. A PNP consolida e processa dados extraídos de informações do Sistema de
Administração Financeira (Siafi), referente a dados financeiros, Sistema de Administração de Recursos
Humanos (Siape), relativo a dados de docentes e técnicos educacionais, e do Sistema Nacional de
Informações da Educação Profissional e Tecnológica (Sistec), dados referentes a matrículas, duração
dos cursos, vagas ofertadas, número de inscritos, entre outros.
Conforme detalhado no Relatório antecedente, persistem graves ineficiências decorrentes
da ausência de integração entre os sistemas de informação de cada uma instituições federais de
educação profissional, científica e tecnológica com o sistema Sistec, base do PNP, o que faz com que
os dados fornecidos por essas entidades sejam submetidos a um processo custoso e demorado de

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

qualificação e validação desses registros, denominado de Revalide, com duplicação de esforços e risco
de perda de integridade das informações.
Ajuste firmado em 2010, entre o Ministério da Educação, por intermédio da Setec/MEC, e
os Institutos Federais previu, na meta 19 dos Termos de Acordos de Metas e Compromissos (TAM), a
adoção de sistema padronizado de coleta de dados necessários para a produção das estatísticas da
EPCT. Para isso, seria necessário integrar ou, pelo menos, harmonizar os sistemas de tecnologia de
informações das diversas entidades da rede federal educação profissional, científica e tecnológica com
um sistema de gerenciamento único que pudesse alimentar a Plataforma Nilo Peçanha de forma mais
eficiente, barata e segura. Essa solução integrada ainda não foi implementada.
Em suma, o país ressente-se de adequado e preciso censo da educação profissional,
científica e tecnológica, agravado pela ineficiência dos sistemas e bases de dados para o cálculo de
indicadores de gestão da Plataforma Nilo Peçanha, o que compromete o acompanhamento do
desempenho e formulação de políticas públicas mais consistentes no âmbito da rede federal de
Educação Profissional, Científica e Tecnológica.
Além disso, as alterações normativas derivadas da Lei 11.892/2008 e do Plano Nacional de
Educação (Lei 13.005/2014) impõem que sejam atualizados os indicadores de gestão constantes da
PNP, o que abrange os indicadores construídos a partir da determinação do Acórdão 2267/2005-TCU-
Plenário, os quais devem ser compatibilizados com as novas metas estabelecidas naqueles diplomas
legais.
Outra grave lacuna identificada pela instrução refere-se à ausência de coleta e
sistematização de dados para a instituição de indicadores relacionados a ações, projetos de pesquisa e
extensão, bem como indicadores de acompanhamento de empregabilidade de alunos egressos, apesar
de anterior recomendação deste Tribunal por meio do Acórdão 506/2013-TCU-Plenário. Sem essas
referências, não há como aquilatar o desempenho da rede federal de EPCT também nas dimensões de
pesquisa, extensão e de efetividade do cumprimento da missão daquelas instituições.
Diante desse quadro, acolho a proposta da Unidade Técnica no sentido de determinar a
atualização e construção de novos indicadores de gestão que possam melhor instrumentalizar o
controle externo e o gestor na avaliação da educação profissional ofertada pela Rede Federal de
Educação Profissional e Tecnológica,
Feitas essas considerações, voto por que o Tribunal acolha a minuta de acórdão que ora
submeto à deliberação do colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 24 de março de
2021.

WALTON ALENCAR RODRIGUES


Relator

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 038.129/2019-1

ACÓRDÃO Nº 612/2021 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 038.129/2019-1.
2. Grupo I – Classe de Assunto V: Relatório de Levantamento.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Identidade preservada (art. 55, caput, da Lei n. 8.443/1992)
3.2. Responsável: Identidade preservada (art. 55, caput, da Lei n. 8.443/1992).
4. Órgãos/Entidades: Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca; Centro
Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais; Colégio Pedro Ii; Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia Farroupilha; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano;
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense; Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia da Bahia; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba;
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas; Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Brasília; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás;
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso; Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Minas Gerais; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Pernambuco; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia; Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Santa Catarina; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo; Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Acre; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá; Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Amazonas; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará;
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo; Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Maranhão; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato
Grosso do Sul; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais;
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará; Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Paraná; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí; Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul; Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Rio de Janeiro; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do
Norte; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano; Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais; Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Tocantins; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro; Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense; Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia Goiano; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul -rio-grandense; Secretaria
de Educação Profissional e Tecnológica.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Educação, da Cultura e do Desporto
(SecexEduc).
8. Representação legal: não há

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de de levantamento cujo objeto é conhecer e
avaliar os indicadores construídos no âmbito da Plataforma Nilo Peçanha (PNP), com base em dados
relativos às instituições que integram a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica (EPCT), a fim de a subsidiar o TCU quanto a novo modelo de Indicadores de Gestão
dessas Instituições.

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ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do


Plenário, diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. alterar os indicadores constantes do subitem 9.1.1 do Acórdão 2.267/2005-TCU-
Plenário para refletir as exigências do novo marco legal aplicável à atuação da Rede Federal de
Educação Profissional, Científica e Tecnológica e à dinâmica de atuação dessas entidades, conforme
descrição abaixo, sem prejuízo de que sejam introduzidos novos indicadores:
9.1.1. relação de inscritos por vagas;
9.1.2. ingressantes e matrículas;
9.1.3. conclusão por ciclo;
9.1.4. eficiência acadêmica por ciclo;
9.1.5. retenção por ciclo;
9.1.6. matrícula/professor;
9.1.7. titulação docente;
9.1.8. gasto corrente por matrícula;
9.1.9. gastos com pessoal;
9.1.10. gastos com outros custeios;
9.1.11. gastos com investimentos; e
9.1.12. informações de matrículas por cor/renda.
9.2. determinar à Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da
Educação (Setec/MEC), com base no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU (RITCU), que
elabore e encaminhe a este Tribunal, no prazo de 180 dias, podendo contar, a seu critério, com a
articulação com os institutos federais ou com o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de
Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), plano de ação que inclua cronograma
detalhado, com descrição das etapas e definição de responsabilidades, bem como cópia de estudos e/ou
atas de reunião que justifiquem as decisões e limitações, para implantação dos seguintes itens:
9.2.1. sistema ou solução de tecnologia de informação que atenda aos objetivos descritos
na meta 19 do Termo de Acordo de Metas e Compromissos de 2010 (adesão ao sistema SIGA-EPCT
ou compromisso com a transferência para sua base de dados, via digital, das informações mínimas
solicitadas pelo MEC/Setec), em especial no que diz respeito a automatização da relação entre os
diversos sistemas necessários ao controle e gestão da Rede Federal de Educação Profissional,
Científica e Tecnológica;
9.2.2. indicadores das atividades de pesquisa e extensão e de empregabilidade de egressos
das instituições que compõem a Rede Federal de Educação profissional, Científica e Tecnológica.
9.2.3. encaminhar ao Ministério da Educação (MEC), ao Instituto Nacional de Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep), bem como à Comissão Externa do Ministério da Educação da
Câmara dos Deputados cópia do relatório, voto e acórdão proferido, tendo em vista o relato sobre a
ausência de um sistema nacional de avaliação da educação profissional e de um censo da educação
profissional, de modo a permitir que o MEC avalie a conveniência e oportunidade de criar agenda de
discussões sobre o tema com os principais atores do setor, a exemplo de entidades do Sistema S; e
9.2.4. arquivar os presentes autos, nos termos do art. 169, inciso III, do Regimento Interno.

10. Ata n° 9/2021 – Plenário.


11. Data da Sessão: 24/3/2021 – Telepresencial.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0612-09/21-P.

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13. Especificação do quórum:


13.1. Ministros presentes: Ana Arraes (Presidente), Walton Alencar Rodrigues (Relator), Augusto
Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, Bruno Dantas, Vital do Rêgo e Jorge Oliveira.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, André Luís de Carvalho e Weder
de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente) (Assinado Eletronicamente)


ANA ARRAES WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)
CRISTINA MACHADO DA COSTA E SILVA
Procuradora-Geral

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