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DIÁRIO DA QUARENTENA

O que aconteceu: ainda em março, a maioria das instituições privadas levou a escola para dentro de
casa. O ensino remoto virou o novo normal. Nas redes públicas, o primeiro momento foi de antecipação
das férias. Agora, as escolas também buscam soluções eficientes para o ensino remoto.

Precisou uma pandemia para aprendermos que a escola não é só um prédio. É possível estudar e
trabalhar a distância. Mas o desafio é imenso. Excesso de atividades deixa estudantes e professores
esgotados, por exemplo. Diretores descobrem que muitos alunos não comem se a escola não abre. E que
eles também não têm internet nem computador para estudar a distância.

É como se a história não tivesse ensinado nada para a educação.

O foco não pode estar no ensino. Deve estar na aprendizagem. Alunos continuam sem voz e invisíveis
nos cenários escolhidos. São os adultos que decidem o que e como deve ser ensinado. Estamos
perdendo uma grande oportunidade de inventar uma outra escola – aquela do vínculo, do respeito, que
valoriza o processo de aprendizagem e que se centra no esforço em facilitar estratégias de reflexão e que
não tem o foco nos resultados.

DIA 1

Minha articulação:“Não esqueço a vida que deixei”

No primeiro dia de quarentena em Santa Maria, sentada no quarto depois de passar a noite pensando
sobre o que essa pandemia iria causar, Até que a tragédia de Wuhan causou a colisão dos dois mundos.
Entre a minha identidade brasileira e meus sonhos internacionais, o fator de aproximação foi o povo de
uma cidade inteira prostrado a um vírus que nem nome ainda tem.

De dentro da cidade isolada e silenciosa, ouvíamos todas as vozes do mundo falando sobre nós. As ruas
anônimas, nunca antes catalogadas nos radares dos jornais internacionais, se tornaram o foco de
milhões de olhares. A cidade ganhara a atenção global que nunca possuíra por algo que nunca desejou
ter.

Dia 2

´´penso no meu amigo que perdeu o pai´´

Penso na senhora que mora no apartamento ao lado . Será que ela tem alguém perguntando como
amanheceu todos os dias? Penso no meu amigo que acabou de perder o pai para o vírus, mas não pode
nem enterrá-lo porque ele mesmo tem passado os últimos dias em uma cama de hospital infectado.

Dia 3
Os dias seguem com poucas emoções óbvias mas centenas de pequenas peças dramáticas.

“Eu criei uma rotina. Tenho meu horário de estudo, horário de lazer. Também tenho o horário de me
atualizar das notícias, que é quando eu vejo as decisões que tem sido tomadas no mundo e no
Brasil”.recisei ter muita empatia com os demais;

“A gente tem essa impressão de que agora a gente tem umonte de tempo pra fazer umonte de coisa,
mas com a escola continuando, tendo prova, ensino a distancia.. o estresse ainda é o mesmo”.

“Apesar das lives do Meet não serem iguais as aulas presenciais, estão ajudando muito o nosso
aprendizado. Ver eles [os professores] fazendo tudo isso pela gente, me inspira e faz eu querer me
esforçar cada dia mais.

O que 2020 se tornou?

O estresse, medo e ansiedade estão relacionados a insegurança e ao desconhecido, quando você não
sabe o que pode acontecer.

Riscos para a saúde mental do jovem disparam na pandemia

Dados do Ministério da Saúde publicados no ano passado indicam que jovens de 15 a 29 anos de idade
concentraram 45,5% das ocorrências de autoagressões, automutilações e tentativas de suicídio de 2011
a 2018. O número passou de 14.490 para 95.061, uma escalada que assusta. E os especialistas são
unânimes em dizer que os dados oficiais estão aquém da realidade. O cenário fez o governo federal
sancionar o Plano Nacional de Prevenção à Automutilação e ao Suicídio, que torna obrigatória a
notificação dessas de qualquer forma, trocar relações de verdade por mensagens de texto, dormir mal
por causa do excesso de estímulos dos eletrônicos e, ainda, trocar atividade física e exposição ao sol
pelas telas são fatores de risco conhecidos para a saúde mental.

E essa foi a realidade de quase todos os brasileiros nos últimos seis meses. Sem contar a mudança da
rotina, o medo, as incertezas, a solidão, a distância da escola, a intensificação de problemas de
relacionamento em casa, entre tantas alterações que passaram a fazer parte do nosso dia a dia.

Por último, é importante destacar que jovens que fazem parte de minorias sociais são especialmente
vulneráveis à depressão e ao suicídio. Isso é claro entre negros e índios no Brasil e nos EUA, bem como
entre adolescentes LGBTQ+, em todo o mundo. Além do sofrimento causado pela sensação de "ser
diferente", muitos têm de lidar com rejeição na família, agressões dos pares e até abuso sexual. Por isso,
é fundamental combater o preconceito, seja ele qual for.

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