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ANÁLISE DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM PONTES E VIADUTOS DE


CONCRETO ARMADO NA CIDADE DE SÃO PAULO – SP.

LUCIANO ALBINO CARDOSO1


JOSÉ EDUARDO QUARESMA2

RESUMO

Cresce o estudo de problemas patológicos ocorridos em estruturas de concreto armado em


função de diversos fatores. Atualmente, a falta de programas específicos voltadas para a
manutenção de pontes e viadutos é um problema recorrente relacionado ao sistema rodoviário,
ocasionando em estruturas com condições de estabilidade afetadas. As pontes e viadutos
podem ser considerados como obras de arte especiais e que estão sujeitos a intervenções
advindas de fatores mecânicos, físicos e químicos, que podem comprometer o seu
funcionamento. Este artigo tem como objetivo fazer uma análise das principais manifestações
patológicas presentes em pontes e viadutos da cidade de São Paulo - SP, por meio de
inspeções visuais, e como as mesmas afetam sua estrutura e seu desempenho, como forma de
entender suas origens e causas, assim como possíveis reparos e reforços.
Palavras-chave: patologias, pontes e viadutos, concreto armado, desempenho, estruturas.
Orientador:
José Eduardo Quaresma – Docente e Orientador do Curso de Engenharia Civil – UNIARA – Engenheiro
Civil e de Segurança do Trabalho pela Associação das Escolas de Engenharia Civil e de Agrimensura de
Araraquara/ Mestre em Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da
Universidade de São Paulo (USP) – São Paulo, quaresma@gmail.com.

1. INTRODUÇÃO

Atualmente dois materiais estruturais são os mais utilizados: o concreto e o aço.


Algumas vezes eles se complementam e, outras, competem entre si, de maneira que muitas

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Graduando em Engenharia Civil pela Universidade de Araraquara – Luciano_acardoso@hotmail.com
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José Eduardo Quaresma – Docente e Orientador do Curso de Engenharia Civil – UNIARA – Engenheiro Civil e
de Segurança do Trabalho pela Associação das Escolas de Engenharia Civil e de Agrimensura de Araraquara/
Mestre em Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da Universidade de São
Paulo (USP) – São Paulo, quaresma@gmail.com.
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estruturas de mesmo tipo e função podem ser construídas com qualquer um desses materiais
(BROOKS; NEVILLE, 2013).
Entretanto, nenhum dos dois materiais é eterno, mesmo que o concreto seja um dos
materiais mais utilizados em obras de arte para fins estruturais por possuir excelente
desempenho, com o passar do tempo, pode apresentar manifestações patológicas, como
deformações, fissuras, lixiviações, corrosões, armaduras ativas expostas a intempéries, entre
outros, ou seja, problemas que deveriam surgir 50 anos depois começam a aparecer logo no
início.
Para Neville (1997), o concreto só é considerado quando consegue desempenhar as
funções a que lhe foram atribuídas por um período de tempo previsto inicialmente. Sob a
perspectiva de Mehta e Monteiro (1994), nenhum tipo de material é essencialmente durável,
pois as propriedades e microestruturas dos materiais se modificam com o passar do tempo.
A evolução de conhecimentos e estudos técnicos, juntamente ao histórico e
experiências adquiridas sobre estruturas de concreto armado, acarretou em revisões e
reformulações de procedimentos de concepção a execução e, principalmente, de normas que
exigissem procedimentos de manutenções necessárias.
De acordo com a norma brasileira atual, NBR 6118/2014, se todas as suas prescrições,
deveres e condições relativas à durabilidade, ao Estado Limite Último e ao Estado Limite de
Serviço forem atendidas, se houver as manutenções preventivas como definidas em projeto e
contando que não haja alteração das condições ambientais para as quais a estrutura de
concreto foi projetada, essas estruturas terão sua durabilidade garantida, observadas também
as manutenções essenciais definidas durante o projeto (ANGELO, 2004).
Uma ponte é capaz de carregar não apenas sobrecargas dinâmicas, mas também de
promover o desenvolvimento econômico, social e cultural, por isso,
De acordo com Marchetti (2008), são denominadas pontes as obras destinadas à
transposição de obstáculos que uma via de comunicação qualquer pode possuir. Esses
obstáculos podem ser rios, braços de mar, vales profundos, outras vias, etc.
Quando o obstáculo transposto for um rio denomina-se ponte, quando o obstáculo
transposto for um vale ou outra via denomina-se viaduto (BASTOS; MIRANDA, 2017).

A cidade de São Paulo possui aproximadamente 270 pontes e viadutos ao longo de


suas vias terrestres e que fazem parte da mobilidade urbana da cidade, mas a maioria deles
apresenta algum tipo de patologia comprometedora, oferecendo riscos a segurança da
sociedade que necessita deste tipo de estrutura diariamente como meio de mobilidade.
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No Brasil, a falta de programas voltados à manutenção de pontes e viadutos é um dos


maiores problemas enfrentados pelo sistema rodoviário. Um dos fatores que contribui para
isso, é a ausência de políticas e estratégias voltadas para a conservação dessas obras, que, por
sua vez, estão sendo sobrecarregadas pelo grande fluxo de veículos pesados e com sobrepeso
(VITÓRIO, 2006 apud BASTOS; MIRANDA, 2017).
Neste trabalho, procura-se identificar e comparar as principais patologias que se
apresentam ao longo da vida útil de estruturas como pontes e viadutos presentes no centro da
cidade de São Paulo, e identificar quais patologias ocorrem com mais freqüência e qual a
justificativa para o seu surgimento.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Causas e origens das patologias

O termo patologia é empregado na engenharia civil quando ocorre perda ou queda de


desempenho de um produto ou componente da estrutura. Esse termo foi extraído da área da
saúde e identifica o estudo das doenças, seus sintomas e natureza das modificações que elas
provocam no organismo (ANDRADE; SILVA, 2005).
Na perspectiva de Helene (1992), a patologia pode ser entendida como parte da
engenharia que estuda os sintomas, os mecanismos, as causas e as origens dos defeitos das
construções civis, ou seja, é o estudo das partes que compõem o diagnóstico do problema.
Estas podem ser originadas ainda na fase de projeto, na execução, no uso inadequado ou na
falta de manutenção da mesma. Em alguns casos, ocorrem por redução de custos em
detrimento de aspectos como segurança e qualidade.
As manifestações patológicas podem afetar uma obra de engenharia em qualquer etapa
construtiva, entretanto, é necessário conhecer a origem do problema para que seja feito o
diagnóstico de forma correta e, conseqüentemente, a correção para a patologia com a
finalidade de obter um resultado satisfatório e favorável ao seu pleno funcionamento.
Para Rocha (2015), os custos para recuperação das estruturas em casos extremos são
elevados, alguns estudos indicam que, se os recursos utilizados na recuperação estrutural
fossem gastos em medidas preventivas, seria possível perceber uma redução significativa
desses valores ao longo do ciclo de vida da estrutura.
Esta relação de proporcionalidade entre o custo de reparo e as dificuldades técnicas
com tempo de identificação da manifestação patológica é referida como “antiguidade da
falha” por Souza e Ripper (2009). Tem-se como exemplo disto, tratar de uma falha que tenha
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se manifestado em fase de estudo preliminar, esta, em geral, terá soluções mais complexas e
dispendiosas que a de uma falha manifestada na fase de anteprojeto.
Embora em ambas as ocorrências citadas no exemplo, gerem principalmente
empecilhos no uso da edificação ou elevação nas despesas construtivas, as deficiências
apresentadas na etapa de realização do projeto executivo, resultam em patologias mais
danosas. Conforme foram apresentadas por Souza e Ripper (2009):
Elementos de projeto inadequados;
Falta de compatibilidade entre a estrutura e a arquitetura, bem como os demais projetos
civis;
Especificação inadequada de materiais;
Detalhamento insuficiente ou errado;
Falta de padronização das representações (convenções);
Erros de dimensionamento.
Após as etapas de concepção e construção da estrutura, mesmo sem apresentar
problemas, não pode ser ignorado o risco de ocorrer manifestações patológicas devido à má
utilização e manutenção do sistema estrutural.
Sabe-se que as estruturas de concreto armado sofrem patologias diversas ao longo do
tempo, não só devido às falhas humanas cometidas durante o ciclo de vida da estrutura:
deficiências de projeto, espessura de cobrimento insuficiente, especificações e características
inadequadas do concreto; mas, também devido a outros fatores muitas vezes não levados em
consideração pelos projetistas e construtores (ROCHA, 2015).
É muito comum tratar o concreto armado como se ele fosse indestrutível, mas tal
como qualquer outro material, ele vai se degradando com a idade, em maior ou menor rapidez
dependendo de muitos fatores [...]. Entretanto, nem as pedras e nem o concreto resistem
infinitamente à ação das intempéries, dos agentes físicos e químicos naturais, ou de
solicitações mecânicas exageradas, etc. (VERÇOZA, 1991).
Os agentes considerados agressivos são aqueles produzidos por ações mecânicas,
físicas, químicas ou biológicas, atuando sozinhos ou associados entre si. Os produzidos por
ações mecânicas são em sua grande maioria, cargas elevadas, sobrecargas, impactos,
vibrações, cavitações, produzidos por causas naturais ou artificiais (ANDRADE FILHO,
2008).
Entre as ações físicas, está a variação de temperatura, umidade, radiações e incêndio,
diferentemente das ações químicas, que atuam na forma de gases poluentes que são
geralmente liberados na atmosfera por motores de veículos, águas agressivas, despejos
residuais, entre outros.
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Ainda segundo Helene (1986), deterioração do concreto armado pode acontecer por
diversos fatores, dentre eles estão a corrosão do próprio concreto, seja por ação de agentes
físicos, químicos ou biológicos, e a corrosão da armadura por ação de agentes químicos ou
eletroquímicos, a qual representa 20% das incidências de manifestações patológicas no
concreto.

2.2. Patologias mais comuns de pontes e viadutos

Segundo Andrade Filho (2008), as patologias em obras de arte rodoviárias ocorrem de


acordo com a estrutura, e podem ser:
Patologias em infraestrutura: compreende a fundação da estrutura. Quando
submersas em água, podem apresentar danos como exposição da armadura e perda da
seção do concreto e do aço;
Patologias em mesoestrutura: os componentes que podem apresentar manifestações,
nesse caso, são as peças intermediárias que dão sustentação, como pilares e elementos
com a função de travamento;
Patologias em superestrutura: composta pelas vigas longarinas e transversinas, lajes,
guarda-corpos e guarda-rodas, é a que mais sofre com danos relacionados a alta
exposição as intempéries,
Outro fator a ser considerado na deterioração deste tipo de estruturas é a mudança nas
características do suporte de carga. Quando a este tipo de modificação, torna-se necessário
fazer uma avaliação para um possível reforço estrutural.
O elevado número de pontes em estado avançado de deterioração é na maioria das
vezes, causado por problemas de ordem executiva. Por exemplo, a simples colocação de
espaçadores de armaduras nas estruturas já garante a medida de cobrimento mínimoda
armadura, exigida pela norma brasileira (ANDRADE FILHO, 2008).
O estabelecido em norma para cobrimento mínimo é umas das formas de evitar o
surgimento de uma das patologias mais freqüentes em qualquer tipo de estrutura de concreto
armado: a corrosão.
Para Helene (1986), a corrosão é definida como a interação destrutiva de um material
com o ambiente, o qual pode ocorrer por reação química ou eletroquímica, ou seja, são dois
processos que podem sofrer as armaduras de aço em concreto armado, a oxidação e a
corrosão. A oxidação é o ataque ocorrido pela reação ente gás e metal. A corrosão
propriamente dita é o ataque natural e eletroquímico que ocorre em meio aquoso.
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A corrosão e a deterioração observada no concreto podem estar associadas a fatores


mecânicos, físicos, biológicos ou químicos [...]. É um caso específico de corrosão
eletroquímica em meio aquoso, em que o eletrólito (concreto) apresenta características de
resistividade elétrica consideravelmente mais altas do que as dos eletrólitos típicos, meio
aquoso comum, não confinado em uma rede de poros, como é o caso do concreto (ROCHA,
2015).
Segundo Helene (1994),ao aumentar a qualidade do concreto, é possível fazer a
redução das espessuras de cobrimento sem maior comprometimento da vida útil da peça,
entretanto, esta preocupação com a garantia das camadas protetoras das armaduras não são tão
bem observadas nas obras.
Nas regiões em que o concreto não é adequado, ou não recobre, ou recobre
deficientemente a armadura, a corrosão torna-se progressiva e conseqüentemente a formação
de óxi-hidróxido de ferro, que passa a ocupar volumes de 3 a 10 vezes superiores ao volume
original do aço da armadura, causa pressões e expansões, originando em fissuração na direção
paralela a armadura, favorecendo a carbonatação e lascamentos do concreto (HELENE,
1986).
Ainda segundo o mesmo autor, a atmosfera urbana contribui para o surgimento de
ponto de corrosão. As regiões ao ar livre e em centros populacionais maiores contém
impurezas em forma de óxido de enxofre (SO2), fuligem ácida e outros agente agressivos,
como o CO2, liberado em altas quantidades na atmosfera.
Entretanto, a corrosão não é a única patologia presente em pontes e viadutos. Para
Bastos e Miranda (2017), as falhas em instalações de drenagem também são fatores que
influenciam na degradação do concreto e das armaduras. Por este motivo, devem ser feitas de
forma a evitar o acúmulo de água em pontos essenciais, como encontro de vigas, em caixões
ou na pista de rolamento.
As falhas presentes na pista de rolamento geram acréscimo de solicitações, capaz de
produzir efeitos dinâmicos que aumentam a solicitação das cargas móveis e provocam
deslocamentos do tabuleiro se estiver em más condições, principalmente nos apoios.
De acordo com a norma brasileira atual, NBR 6118:2014, se todas as suas prescrições,
deveres e condições relativas à durabilidade, ao Estado Limite Último e ao Estado Limite de
Serviço forem atendidas. Se houver as manutenções preventivas como definidas em projeto e
contanto que não haja alteração das condições ambientais para as quais a estrutura de concreto
foi projetada, essas estruturas terão sua durabilidade garantida, observadas também as
manutenções essenciais definidas durante o projeto (ANGELO, 2004).
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2.3. Gestão de manutenção e correção

Os custos de intervenção em cada fase de uma obra se alteram conforme a


necessidade. Como forma de prolongar a durabilidade e aumentar sua proteção, são feitas
correções para intervir em degradações atuais ou futuras. Os custos de manutenção crescem
exponencialmente conforme as manutenções são feitas de forma tardia.
Figura 1 – Evolução de custos pela fase de intervenção (Regra de Sitter)

Fonte: SITTER, 1984 apud HELENE, 1997.

O qual pode ser explicado da seguinte forma:


Fase de projeto: as medidas tomadas ainda na fase de projeto, como o cobrimento da
armadura, a redução da relação a/c, o uso de adições, tratamentos superficiais, entre
outros;
Fase de execução: toda medida que não consta em projeto nesta fase implica em um
custo 5 (cinco) vezes maior que o custo da medida equivalente em fase de projeto
Fase de manutenção preventiva: operações necessárias para assegurar as boas
condições da estrutura ao longo de sua vida útil, as quais podem custar até 25 vezes mais
do que as medidas realizadas em fase projetual;
Fase de manutenção corretiva: nesta fase, os maiores trabalhos são com diagnósticos,
reforços e reparo, pois a estrutura começa a apresentar problemas patológicos indicando a
perda de sua vida útil, onde os custos podem se apresentar 125 vezes superior aos de
medidas tomadas em projeto.
Com a correta avaliação do caso, é possível ao profissional que está envolvido no
processo, determinar uma das quatro medidas terapêuticas usuais, havendo um quadro
patológico. Cabe às terapias estudar a correção e a solução desses problemas patológicos
(SARTORTI, 2008).
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Figura 2 - Tratamentos usuais das estruturas de concreto armado

Fonte: adaptado de Souza e Ripper (1998)

3. METODOLOGIA DA PESQUISA

Fundamentado inicialmente em análise bibliográfica, este trabalho tem seu


desenvolvimento baseado em causas de patologias comuns, em seus métodos de diagnósticos
e posteriores verificação.
A análise das incidências patológicas foi feita de forma visual, em conformidade com
a NBR 9452:16 – Inspeção de pontes, viadutos e passarelas de concreto (procedimento).
Assim, pretendem-se fazer uma exposição acerca das principais causas, mecanismos e
sintomas de uma estrutura de concreto armado, mais especificamente pontes e viadutos
distribuídos na cidade de São Paulo, com a finalidade de sugerir medidas preventivas contra
tais processos deteriorantes e suas terapias.
Serão abordadas também ferramentas de prevenção como forma de garantia da
durabilidade prevista em fase de projeto, assim como planos de manutenção.

4. ESTUDO DE CASO

De acordo com o relatório emitido pelo Sindicato Nacional das Empresas de


Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco) divulgado em 2017, o mesmo que serviu de
base para o Ministério Público Estadual assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)
com a Prefeitura de São Paulo para estruturar uma manutenção preventiva permanente, mais
de 33 pontes e viadutos foram identificados como de risco grave.
No início deste ano, o ministério Público de São Paulo (MPSP) interveio através de
ação pública para solicitar o fechamento de todas as pontes e viadutos considerados como
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risco grave até que a prefeitura apresente documentos que comprovem a segurança estrutural
de todas.
De acordo com a gestão municipal da cidade, os seguintes viadutos e pontes são os
que apresentam maiores problemas e precisam de perícia completa:
Segundo os relatórios técnicos emitidos pela prefeitura, 33 no total, 16 pontes e
viadutos apresentam maiores riscos e necessitam de perícia técnica completa e emergencial,
pois demonstram problemas como armações expostas, vigas com danos causados por colisões
de veículos maiores que o permitido, juntas de dilatação deterioradas, infiltrações, entre
outros.
A ação só foi emitida após o viaduto da Marginal dos Pinheiros (Figura 2), um dos que
apresentam maior fluxo de trânsito, apresentar deslocamento verticalem aproximadamente 2m
após o rompimento de um dos pilares, ocasionando na sua interdição imediata por 4 meses.
Figura 3 - Pilar que rompeu do viaduto de acesso a Marginal Pinheiros

Fonte: notícias.r73
De acordo com o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São
Paulo (Ibape-SP), uma manutenção programada custa cinco vezes menos que uma inspeção
corretiva. Ou seja, o reparo custa cinco vezes mais que a manutenção.
4.1. Análise visual das manifestações patológicas e suas terapias

Local: Viaduto Dante Delmanto


Aspectos observados: fissuras, armaduras expostas e infiltrações.
Observações: fissuras com eflorescências nas vigas longarinas e nos pilares, pontos com
disgregação do concreto e armadura exposta e corroída, drenagem inadequada, ausência de
vedação da junta de dilatação
Possíveis terapias: reparos na estruturas de concreto, recuperação das juntas com perfil
elastomérico, limpeza das caixas de drenagem e instalação de grelha.

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Disponível em: <https://noticias.r7.com/sao-paulo/fotos/viaduto-jaguare-cede-e-estrutura-e-interdita-em-sao-
paulo-veja-fotos-15112018#!/foto/1> Acesso em: abr/2019.
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Figura 4 - Viga longarina Figura 5 - Pilar

Fonte: SinaencoSPFonte: SinaencoSP

Figura 6 - Ausência de junta de dilatação Figura 7 - Armadura exposta

Fonte: SinaencoSPFonte: SinaencoSP

Local: Viaduto Miguel Mofarrej


Aspectos observados: infiltrações, concreto disgregado, armaduras expostas e erosões.
Observações: Almas externas e laje inferior apresentam concreto disgregado com exposição
da bainha de protensão e armadura frouxa devido choque mecânico de veículos. Manchas de e
florescência, fissuras tratadas, porém com eflorescência e sinais de fogo, juntas de dilatação
do tipo elastomérico danificado e berço com fissuras. Erosão na região dos encontros.
Possíveis terapias: recuperação as áreas de concreto disgregado, recuperação das juntas de
dilatação e da região de erosão, remoção de detritos e crescimento de vegetação.
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Figura 8 - Alma externa com exposição da bainha de Figura 9 - Laje com manchas de eflorescência
proteção, armadura frouxa devido as colisões e escorrimento de água, com sinais de fogo

Fonte: SinaencoSPFonte: SinaencoSP

Figura 10 - Junta de dilatação com trechos cobertos Figura 11 - Junta de dilatação danificada.
por pavimento.

Fonte: SinaencoSPFonte: SinaencoSP

Local: Viaduto General Olímpio da Silveira


Aspectos observados: juntas, fissuras, umidade, eflorescências.
Observações: juntas de dilatação obstruídas pelo asfalto, concreto da laje inferior segregado,
armaduras expostas e rompidas devido ao impacto de veículos, encontros com umidade e
empolamentos da pintura,
Possíveis terapias: recuperação das áreas com concreto disgregado, reforço estrutural nas
vigas longarinas, demolição do guarda-corpo.
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Figura 12 - Armadura longitudinal inferior das Figura 13 - Guarda-corpo do viaduto apresenta


vigas longarinas completamente danificadas. grande fendilhação e assentamento visível.

Fonte: SinaencoSPFonte: SinaencoSP

Figura 14- Parede do encontro com umidade e Figura 15 - Concreto segregado por
fissuras no concreto, com empolamento da pintura. vibração deficiente.

Fonte: SinaencoSPFonte: SinaencoSP

Local: Ponte Presidente Jânio Quadros


Aspectos observados: manchas, fissuras, presença de vegetação e concreto disgregado.
Observações: lixiviação na parte inferior da laje, manchas de umidade e fissuras com
eflorescência, marcas de impactos de veículos, vegetação nas juntas e na pista, passeio com
áreas deterioradas, juntas de dilatação deterioradas e permitindo a passagem de água.
Drenagem inexistente.
Possíveis terapias: verificação e recuperação das vigas longarinas, tratamento das superfícies
com lixiviação, manchas e armaduras expostas, substituição das juntas deterioradas, retirada
da vegetação.
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Figura 16 - Exposição e corrosão da armadura. Figura 17 - Fissura por carbonatação.

Fonte: SinaencoSPFonte: SinaencoSP

Figura 18 - Lixiviação na laje. Figura 19 - Longarina com armadura exposta.

Fonte: SinaencoSPFonte: SinaencoSP

Local: Ponte Jaguaré – Rio Pinheiros


Aspectos observados: infiltrações, concreto disgregado e fissurado, passeio com
possibilidade de acidente, pavimento com fissuras.
Observações: manchas de eflorescência, fissuras com eflorescência e concreto disgregado
com armadura exposta e corroída devido aos impactos de veículos, sistema de drenagem
deficiente ocorrido por falhas no tabuleiro e na pista de rolamento, e por buzinotes curtos e
obstruídos.
Possíveis terapias: recuperação das áreas de concreto disgregado, tratamento das fissuras,
vedação das áreas com presença de vegetação, prolongamento e desobstrução dos buzinotes.
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Figura 20 - Passeio apresentando problemas. Figura 21 - Fissuras e infiltrações na mesoestrutura.

Fonte: SinaencoSPFonte: SinaencoSP

Figura 22 - Concreto disgregado e armadura corroída. Figura 23 - Fissuras com eflorescência.

Fonte: SinaencoSPFonte: SinaencoSP

Local: Ponte dos Remédios


Aspectos observados: infiltrações, fissuras, armaduras expostas e juntas com problemas.
Observações: fissuras com eflorescência e concreto disgregado na viga longarina, com
armadura exposta e corroída devido a choque mecânico de veículos, pilar com fissura vertical
e travamento dos pilares com concreto segregado com armadura exposta e corroída no apoio
intermediário junto ao rio.
Possíveis terapias: tratamento das fissuras, recuperação das áreas de concreto disgregado e
segregado, recuperação das juntas de dilatação.
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Figura 24 - Laje com marca de raspagem. Figura 25 - Laje com manchas d’água.

Fonte: SinaencoSPFonte: SinaencoSP

Figura 26 - Viga longarina com armadura exposta. Figura 27 - Pilar com fissura vertical.

Fonte: SinaencoSPFonte: SinaencoSP

4.2. Gestão de manutenção e prevenção

As rodovias federais, estaduais e municipais que compõem a malha rodoviária


brasileira não contam com sistemas de gestão para as suas pontes e viadutos. Na realidade,
não contam (com raras exceções), sequer com procedimentos sistemáticos para inspeção e
manutenção. Isso tem gerado um quadro preocupante a partir da constatação da ocorrência de
processo de deterioração dessas pontes, que vem evoluindo ao longo dos anos, chegando a
verificar-se, em alguns casos, uma situação próxima da ruína estrutural (VITORIO, 2006).
A maioria das pontes e viadutos apresentam problemas patológicos decorrentes da
falta de manutenção. Torna-se necessário a adoção de medidas emergenciais voltadas para a
manutenção. Segundo Vitorio (2006), deve contemplar:
Vistorias periódicas;
Cadastro das obras;
Implantação de sistemas de gestão eficientes;
Planejamento e previsão orçamentária para serviços de manutenção e recuperação.
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O início de uma ocorrência de manifestação patológica pode facilmente ser detectada


com uma vistoria preventiva ao apontar um procedimento técnico padrão para intervenções
preliminares ou reparadoras em uma ponte ou viaduto. A primeira fase deve ser representada
pelo conjunto de procedimentos técnicos, realizados de acordo com planejamento prévio,
usando de dados fornecidos e atualizados.
A conservação de uma estrutura, como de pontes e viadutos, é definida pelo conjunto
de ações necessárias para que ela se mantenha com as características iniciais definidas em
projeto, resistência, funcionalidade e durabilidade.
A NBR 9452 estabelece os requisitos exigíveis para a realização de vistorias em
pontes e viadutos de concreto e para a apresentação dos resultados obtidos nas vistorias.

5. CONCLUSÃO

Uma estrutura quando começa a ter seu desempenho colocado em risco, seja por
fatores externos ou de ordem de projeto e execução, apresenta sintomas indicativos de que
algo não está em pleno funcionamento. Tais sintomas se dão por meio de manifestações
patológicas, e que apresentam características únicas e fundamentais para o correto diagnóstico
e terapia como forma de restabelecimento de suas propriedades fundamentais.
Diante das patologias presentes nas pontes e viadutos, pode-se observar que cada caso
deve ser avaliado conforme suas especificidades e, principalmente, sua estrutura, sendo assim,
o projeto de manutenção ou recuperação deve ser feito especificamente para cada tipo de obra
de arte.
Considerando que o objetivo proposto deste trabalho foi fazer uma análise visual do
estado de conservação de pontes e viadutos situados nas vias urbanas de São Paulo (SP) e
apresentar as possíveis terapias aplicadas, foi possível observar que as condições das pontes e
viadutos estudados são preocupantes em sua grande maioria.
A maior parte das estruturas apresenta problemas de ordem patológica graves, como
fissuras e corrosão avançada da armadura, além da carbonatação, com a qual o
funcionamento, durabilidade e desempenho são totalmente afetados, ocasionando em sérios
riscos a segurança do entorno e daqueles que utilizam destes tipos de obras de arte apenas
como forma de locomoção.
Este fato é constatado devido ao número expressivo de manifestações patológicas
encontradas, as quais se mostraram como resultados de ineficiências de planejamento, projeto
e, principalmente, manutenção, comprometendo as condições de segurança estrutural e o seu
próprio funcionamento. Assim, foi possível observar que o atual estado de conservação destes
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bens públicos deve-se em parte pela falta de planejamento por parte dos poderes públicos de
implantação de uma gestão de manutenção, a qual deve ser utilizada como forma de
preservação de bem e antecipação de prejuízos financeiros e econômicos, visto que a
manutenção tardia requer além de maiores cuidados, maiores investimentos também.
Finalmente, é possível concluir que a melhor alternativa para evitar os avançados
danos causados por diversos fatores ainda é a prevenção. A prevenção deve ser feita desde o
correto projeto até a execução dentro dos parâmetros normativos de qualidade, mas
principalmente por um programa de manutenção estrutural rotineiro, o qual tem como
objetivo facilitar as verificações dos estados de deterioração estrutural e favorecer a redução
de custos dos tratamentos posteriores.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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VIEIRA, M. A. Patologias Construtivas: Conceito, Origens e Método de Tratamento. Revista


Especialize On-line IPOG - Goiânia - 12ª Edição nº 012 Vol.01/2016. Dezembro/2016

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