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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES I

LARA REAMI DOS SANTOS (R.A. 115189)


POLTRONA CUCA - JOSÉ ZANINE CALDAS

TURMA: DOCENTE:
10147/02 ANGELICA SACCOL BERLEZE

MARINGÁ - PARANÁ
2022
Ficha técnica
Nome da cadeira: Poltrona Cuca
Autor: José Zanine Caldas
Ano: 1950
Local: São José dos Campos - SP

Figura 01:

Histórico
Nascido em 1919, José Zanine Caldas foi um arquiteto autodidata que tinha grande domínio
do uso da madeira em suas obras. Introduziu a técnica de confecção de maquetes em
compensado de madeira no Brasil, trabalhando para grandes arquitetos do modernismo,
como Oscar Niemeyer, Rino Levi e Lúcio Costa. Na movelaria, Zanine Caldas aproveitou de
sua competência prévia em trabalhos com compensado de madeira para contrapor-se ao
mercado da época, que era pautado pelo uso de madeira maciça esculpida para móveis
ainda muito artesanais ou com o design preterido em função da produção barata em série.
O uso do compensado, material durável de baixo custo de produção, permitiu que Zanine
Caldas fizesse uso de curvas sinuosas na estruturação dos móveis, que, por serem
fabricados em uma linha de produção bem planejada com o máximo de aproveitamento dos
materiais, resultava em peças de valor acessível e design atrativo aos consumidores.
Concebida no pós-guerra, a “Móveis artísticos Z”, fábrica criada por Zanine e seus
associados, seguia princípios fordistas de organização da linha de montagem, em que as
peças produzidas se unem umas às outras para dar origem ao objeto final.

A mentalidade da época de atuação da fábrica visava o “descanso afortunado”, aliando o


relaxamento do corpo com a demonstração do status social através da exposição dos bens
adquiridos. Assim sendo, a empresa investia em publicidades de apelo especial à classe
média, reforçando a ideia do prestígio decorrente da aquisição desses móveis sem grandes
gastos para isso, como exemplificado pelas campanhas mostradas nas imagens 2, 3 e 4:

Figura 02:
Figura 03:
Figura 04:
Para a ideal exploração das potencialidades visuais do móvel de formas amebóides, como
os produzidos por Zanine Caldas, é necessária a disposição destes em espaços amplos. É
possível compreender que a mobília não era projetada de modo a integrar umas às outras e
sim de modo a serem admiradas por suas características individuais, como peças isoladas.
A Poltrona Cuca foi desenvolvida nesse contexto apresentado e se destaca pelo espaldar
alto e conforto, e foi assim nomeada em homenagem a uma das filhas do autor, Dea Dória
Zanine Caldas, que tinha o apelido de Cuca. Esse foi um móvel projetado para sala de estar
ou varanda e a técnica de produção envolve o recorte de compensado, aparafusamento,
estofamento e acabamento em verniz. Destaca-se ainda o perfil que estrutura o assento e
configura o braço da poltrona, que, dividido em 3 formas menores, contribui para a melhor
disposição dos moldes nas placas de compensado para a redução de desperdícios de
matéria prima. Para revestir o estofado, tecido, lona ou napa eram utilizados visando o
design diferenciado com preços reduzidos.

Dimensões
Altura total: 98 cm
Largura total: 63 cm
Profundidade: 90 cm

Análise de Layout
Função do ambiente: sala de estar
Figura 05:

Distribuição do mobiliário: Analisando a hierarquia de forças da ambientação da sala de


estar, o sofá de cor neutra pode ser entendido como um mobiliário de maior volume e
menor presença pela baixa altura e formas mais lineares e discretas do que as das
poltronas Cuca, assinada por Zanine Caldas, e Três pés, assinada por Lina Bo Bardi, que
desempenham menor volume e maior presença na composição do ambiente por suas
formas e cores vivas. A configuração geral do cômodo se dá radialmente a partir da mesa
de centro, de modo a facilitar a configuração de uma roda de conversa para os usuários do
espaço. A distribuição de aparadores, mesas de apoio, tapeçaria e luminárias configura a
desconstrução da simetria do espaço, estabelecendo pontos de interesse focal distintos do
núcleo estruturador do ambiente, composto pelo sofá, poltronas e mesa de centro.

Circulação: A circulação se dá em um corredor mais amplo entre o aparador e o núcleo


social da sala, de modo a facilitar o acesso à sacada, e em corredores menores
circundando a mesa de centro, dando acesso aos assentos do ambiente.

Condicionantes: a vedação em esquadria de vidro ao fundo do ambiente emoldura a vista


externa a residência, interessante para esse cômodo, essa que não é ofuscada pelo
posicionamento da mobília, dada a escolha pela poltrona Cuca, móvel que apresenta menor
volume e por isso não ocupa grande parte do campo visual, apesar de não desfavorecer a
composição do layout por ter grande presença dada a sua forma e sua cor. Considerando a
altura da obra fixada na parede direita, essa também pode ser entendida como uma
condicionante da mobília, haja vista que o sofá deveria de fato ter altura limitada para não
invadir o espaço do quadro.
Referências:
CARVALHO, Amanda Beatriz Palma de. Projetar e construir com madeira: o legado de
jose zanine caldas. Orientador: Maria Cecilia Loschiavo dos Santos. 2018. 196 f. Tese
(Mestrado em ciências) - Faculdade de arquitetura e urbanismo da universidade de São
Paulo, São Paulo, 2018. Disponível em:
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16134/tde-13072018-154632/publico/
MEamandabeatrizpalmadecarvalhorev.pdf. Acesso em: 3 ago. 2022.

PENEDO, Alexandre. Móveis artísticos Z: o moderno autodidata e seus recortes sinuosos.


Orientador: Renato Luiz Sobral Anelli. 2001. 301 f. Trabalho de conclusão de curso
(Arquitetura e Urbanismo) - Escola de engenharia de São Carlos, São Carlos, 2001.
Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18131/tde-27092019-091517/
publico/Melo_Alexandre_Penedo_Barbosa_DMestrado.pdf. Acesso em: 1 ago. 2022.

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