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VIGAS PROTENDIDAS
Engº Renan Cesar de Oliveira Dias
Discente do Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Estruturas do Centro Universitário de
Lins-Unilins, Lins-SP, Brasil
rdias07@live.com
(1)
Anteriormente foi colocado também, que a
resistência à tração do concreto é muito
baixa, sendo esse o fator que viabiliza a
utilização de concreto armado e/ou 6
Não linearidade é quando um elemento estrutural
protendido. Existem 03 (três) tipos de não tem comportamento linear quando submetido a
carregamentos, de modo que em função da carga
resistência a tração: resistência à tração aplicada, muda o comportamento do elemento. Para
o concreto em específico, um dos motivos de não
5
Armadura ativa é a armadura de protensão de uma existir a linearidade é o fato de o concreto fissurar.
estrutura de concreto protendido. Em geral é
constituída por fios e/ou cordoalhas de aço do tipo
CP145 à CP190.
Figura 4 – Curva Tensão Deformação
Fonte: ABNT NBR 6118 (2014) Figura 5 – Diagrama tensão-deformação para aços de
De acordo com NBR 6118 (2014), o módulo armadura ativa
de elasticidade deve ser obtido através de Fonte: ABNT NBR 6118 (2014)
ensaio executado segundo NBR 8522. Na
Além dos fatos acima citados, a norma de
ausência deste ensaio, o módulo de
concreto vigente trata, também, da
elasticidade do concreto pode ser
segurança e estados limites das estruturas de
determinado pela equação (6) para concretos
concreto protendido.
classe C20 à C50 e pela equação (7) para
Uma estrutura, além de todos os outros
concretos classe C55 à C90, lembrando que
aspectos que a envolvem, deve também
αe corresponde ao parâmetro em função da
atender alguns quesitos como durabilidade,
natureza do agregado que influencia o
e bom desempenho em relação a serviço e
módulo de elasticidade e que o valor só é
segurança. Durabilidade devido ao fato de
válido, aos 28 dias de idade do concreto.
assimilar as solicitações a qual foi projetada,
(6) sem a necessidade de gastos excessivos de
manutenção durante toda a vida útil da
estrutura e bom desempenho em relação ao
(7) serviço e à segurança, de modo que, a
Os aços para concreto protendido são mesma suporte todas as solicitações
classificados de acordo com a NBR 7482 e projetadas, trabalhando sempre dentro de
NBR 7483, sendo fios de aço para concreto regime planejado (estádios de tensão), para
protendido ou cordoalhas de 03 e 07 fios. que a mesma não sofra deformações
Os aços podem ter relaxação baixa, normal excessivas causando prejuízos estéticos,
e ainda serem entalhados ou lisos, conforme prejuízos estruturais ou pior, pôr em risco a
tabelas abaixo. vida dos usuários.
Os aços devem possuir massa específica Tendo em vista os aspectos acima citados,
igual a 7.850 kgf/m³, quando não indicado o são definidos pela NBR 8681 dois estados
módulo de elasticidade pelo fabricante, pode limites, que são eles Estado Limite Último
ser considerado 200 GPa. (ELU) e Estado Limite de Serviço (ELS).
Os diagramas tensão-deformação são De acordo com a NBR 8681 e NBR 6118,
obtidos através do ensaio de tração simples, estado limite último está relacionado a
conforme figura (5). Na mesma figura, fpyk combinação dos esforços que levam a
refere-se a tensão e escoamento do aço e estrutura a ser submetida aos maiores
fptk refere-se a tensão de ruptura do aço. valores possíveis de tensões. Tal fato está
relacionado ao “colapso” ou a “ruína” total enquanto que as ações sísmicas podem
da estrutura. ser definidas como ações variáveis
Araújo (2003), define Estado Limite de especiais.
Serviço como estado limite em que a c) Ações excepcionais: como o próprio
utilização da estrutura está prejudicada, nome já diz, estas ações fazem parte de
devido a deformação excessiva dos um grupo de ações que possuem uma
elementos, ou ainda, submetida a um nível probabilidade muito pequena de ocorrer
de fissuração que comprometa sua ou então uma duração muito curta ao
durabilidade. Em poucas palavras, uma longo de toda a vida útil da estrutura.
estrutura mesmo que ainda não tenha Porém, devem ser consideradas nos
atingido a ruína total ou então coloque em projetos, uma vez que haja a
risco a vida dos usuários, devido à uma possibilidade de ocorrer. São elas
deformação excessiva, por exemplo, pode explosões, impactos de veículos,
gerar um desconforto no uso em que fora incêndios, dentre outras.
projetada, ou seja, está fora dos limites do
serviço. De posse das ações que atuam na estrutura,
Segundo a NBR 8681, as forças atuantes em é feita uma combinação das ações. Em outra
uma estrutura são geradas pelas ações palavras seria a atitude de considerar as
diretas, enquanto que as deformações são ações que ocorrem simultaneamente na
ocasionadas pelas ações indiretas. A relação estrutura. Para essa consideração aplica-se
dessa variabilidade em função do tempo, além das combinações, coeficientes de
essas ações podem ser classificadas como majoração, ou seja, considera um acréscimo
excepcionais, variáveis e permanentes. do valor inicial da ação para fins de
a) Ações permanentes: trata-se de ações segurança estrutural e prováveis variações
com valores constantes, as quais atuam que de fato, possam ocorrer na estrutura.
em toda a vida útil da estrutura, e Esta combinação das ações é chamada de
podem ser divididas como ações diretas ações de cálculo, pois são as ações que
e indiretas. Ações permanentes diretas, serão utilizadas para o dimensionamento da
podem ser carregamentos como: peso estrutura quanto ao Estado Limite Último.
próprio, alvenaria, revestimentos. As ações de cálculo são definidas através da
Enquanto que as indiretas podem ser: multiplicação dos valores característico de
recalques de fundação, retração e cada solicitação pelo seu respectivo
fluência do concreto. coeficiente parciais de segurança ɣf. Para o
b) Ações variáveis: são as ações cujos estado limite último, ɣf = ɣf1* ɣf2, onde ɣf1
valores sofrem alterações durante a vida é a variabilidade das ações e ɣf2 é referentes
útil da estrutura. Faz parte desse grupo aos possíveis erros das avaliações das ações.
as ações acidentais geradas em função Na intenção identificar o tipo de cada
de sua utilização como sobrecarga de coeficiente, os coeficientes ɣf podem ser
pessoas, móveis, veículos, etc. Ainda substituídos por ɣg, para as ações
podem ser geradas pelas intempéries do permanentes, ɣq para as ações variáveis e ɣε
tempo, como as ações do vento, os para as deformações.
efeitos da temperatura, da sobrecarga Para o dimensionamento final da estrutura,
devido à chuva. Ações que podem ser no intuito de definir o estado limite último,
definidas como ações variáveis normais, deve ser considerada a combinação mais
desfavorável a estrutura, de modo que as para os aços com relaxação baixa. Para o
ações permanentes são consideradas em sua caso da pós-tração esses limites devem ser
totalidade, consideradas parcelas que de 0,74fptk e 0,87fpyk para aços com
ocasionam efeitos desfavoráveis à estrutura. relaxação normal e 0,74fptk e 0,82fpyk para
Estas combinações devem seguir aos os aços com relaxação baixa. Para
parâmetros das tabelas de 01 à 06 da NBR cordoalhas engraxadas, esses limites podem
8681. ser elevados para 0,80fptk e 0,88fpyk. Para
Para o Estado limite de Serviço também são os aços CP 85/105 os limites passam a ser
feitas combinações, porém um pouco 0,72fptk e 0,88fpyk.
diferente das citadas acima, de modo que,
para as verificações em serviço não majora- 4 Metodologia
se as ações. Dentre as diversas combinações Bastante citado neste artigo, nas obras de
que possam ocorrer para a verificação em engenharia em todo o mundo, são infinitas
serviço, as que se destacam mais são: as solicitações que agem em uma estrutura,
a) Quase permanentes: de acordo com a como ações permanentes, variáveis,
NBR 6118 (2014), estas ações podem excepcionais, de construção, dentre diversas
atuar durante grande parte do tempo na outras. Assim como infinitas são as ações,
vida útil de uma estrutura de modo que infinitos são os tipos de atuação das mesmas,
sua consideração será necessária na se tem sentido gravitacional, centrípeta,
verificação dos estados limites de centrífuga, anti-gravitacional, concentrada,
deformações excessivas. linearmente distribuída, etc. Sendo assim,
b) Frequentes: nesta aplicação, a ação em um mesmo vão e seção transversal, as
variável principal e calculada com seu armaduras calculadas por um projetista,
valor frequente, enquanto que as demais pode diferir de outro, devido as
ações variáveis são calculadas com seus considerações para o cálculo, ainda que, os
valores quase frequentes. dois podem estar coerentes com as normas
técnicas vigentes.
Vistos superficialmente a parte introdutória Analisando o fato acima exposto, percebe-se
da ABNT NBR 6118 (2014), no que diz que, é muito complicado para uma planilha
respeito a protensão, os dados referentes as de dimensionamento, quer seja ela quão
operações de protensão encontram-se na completa for, calcular as solicitações de
seção 9.6 na ABNT NBR 6118 (2014). cálculo, pois não bastaria apenas ao usuário
Nesta seção é definido os valores limites da planilha inserir o carregamento, ainda
para da força de protensão na armadura, teria que se analisar o tipo, o coeficiente de
valores limites por ocasião na operação de majoração, uso simultâneo, etc. Devido aos
protensão, valores limites ao término da fatos, é praticamente impossível elaborar
operação de protensão, perda de protensão, algo que resolva todas as solicitações e trace
e os casos da pós e pré-tração. Nesta seção, os diagramas de força normal, força cortante,
mais precisamente no item 9.6.1.2.1 a), fica momento fletor e momento torsor.
definido que a tensão σpi atuante na Em face de tamanha complexibilidade,
armadura de protensão na saída do aparelho optou-se, no ato da elaboração da planilha
protensor para pré-tração, devem respeitar de dimensionamento de vigas protendidas –
os limites de 0,77fptk e 0,90fpyk para aços Planilha DVP.R00, não inserir nas linhas de
com relaxação normal e 0,77fptk e 0,85fpyk comando o cálculo das solicitações, pois,
caso fosse elaborado uma planilha que momento fletor), e a partir daí, colocar os
calculasse solicitações, a mesma resolveria dados na Planilha DVP.R00.
apenas alguns casos pontuais, limitando o Esta força de protensão sugerida pela
uso da mesma, não tornando então sua Planilha DVP.R00 refere-se à força final de
elaboração/uso tão interessante. protensão ( ∞ ) considerando que
Dessa forma, para desenvolvimento da descontadas as perdas de protensão, está
Planilha DVP.R00 foi pensada em uma será o menor valor da protensão atuante na
planilha que o usuário informará além dos estrutura no tempo infinito (t∞), de modo
dados básicos da seção, do tipo de concreto
que seja garantida a não ocorrência de
e do aço de protensão, os dados das
tensões de tração no concreto.
solicitações, já de cálculo, travadas em 05
Cabe, então, ao usuário analisar a
(cinco) seções, distanciadas a 1/4 (um
intensidade da força de protensão e informar
quarto) do vão de cálculo. A partir daí, que
manualmente qual a intensidade da força
a Planilha DVP.R00 entra em operação. O
final de protensão que deseja garantir.
usuário pode tratar a seção 1 e 5 como
Ao inserir a intensidade da força de
sendo os extremos, ou então tratar a seção 1
protensão final, a Planilha DVP.R00 calcula
como apoio e 5 como eixo central,
o valor da força de protensão inicial tendo
considerando que o ponto 5 será um eixo de
em vista a perda de protensão estimada, que
simetria.
fora informada pelo usuário. De posse das
Como anexo, a Planilha DVP.R00 possui
intensidades das forças de protensão Final e
uma aba para cálculo de propriedades
Inicial ( ∞ , respectivamente), a
geométricas de vigas retangulares e duplo T.
Resumindo as considerações descritas, a planilha calcula as tensões finais atuantes na
sequência lógica da Planilha DVP.R00 é estrutura considerando os seguintes casos:
basicamente a definição dos dados Tensões iniciais combinando a força de
referentes a seção transversal, solicitações, protensão inicial com as solicitações de
concreto do elemento estrutural e dados carregamentos permanentes;
iniciais do aço de protensão. Tensões iniciais combinando a força de
Automaticamente, a passo que o usuário vai protensão inicial com as solicitações de
inserindo os dados na Planilha DVP.R00, ao carregamentos permanentes somados ao
finalizar a entrada dos valores, a mesma já carregamento das ações variáveis;
calcula as tensões nos bordos inferior e Tensões iniciais combinando a força de
superior da seção transversal, exibe ao protensão inicial com as solicitações de
usuário destacando as tensões de tração e carregamentos permanentes;
sugere ao usuário um valor para utilizar Tensões iniciais combinando a força de
como força de protensão (tecnicamente, a protensão inicial com as solicitações de
solução rápida do grande desafio do carregamentos permanentes somados ao
concreto protendido), capaz de anular a carregamento das ações variáveis;
maior força de tração atuante na estrutura.
De posse do rigoroso controle das tensões,
Recomenda-se que o usuário utilize
das intensidades das forças de protensão
previamente um outro software, como o F-
inicial e final, seguindo com os cálculos,
Tool ou SAP2000 para obtenção dos
cabe ao usuário selecionar o tipo de aço que
diagramas (força normal, força cortante e
deseja utilizar. Para a seleção do tipo de aço,
a planilha já conta com um banco de dados
de aço de protensão previamente inseridos dimensionamento. E, caso seja necessário,
que variam entre aços com relaxação normal, basta apenas adequar os valores.
relaxação baixa, fios e cordoalhas de 03 A Planilha DVP.R00 foi toda configurada
(três) e 07 (sete) fios. para o dimensionamento de vigas de
Ao selecionar o aço, a planilha preenche concreto protendido. A Planilha DVP.R00
automaticamente os dados do aço e calcula faz verificações tanto para o caso da pré-
a quantidade de fios/cordoalhas necessários tração quanto para a pós-tração. Ao usuário
para aplicar à força de protensão admitir que o sistema de protensão será de
selecionada. Como complemento a planilha pós tração, basta o mesmo modificar
ainda exibe qual a tensão atuante na manualmente a coluna referente à
armadura de protensão. excentricidade de protensão da tabela
Neste momento, considera-se que a viga tensões solicitantes finais. Esta
está devidamente pré-dimensionada, excentricidade de protensão informada
bastando apenas verificar mais poucos itens. deverá ser a excentricidade de protensão do
Conforme citado sobre o fato da Planilha cabo representante7.
DVP.R00 não calcular as solicitações da Com relação as verificações em serviço,
estrutura, o mesmo ocorre quanto ao conforme citado há pouco, as mesmas
detalhamento, pois caso a Planilha dependem de fatores que vão além das
DVP.R00 o fizesse, estaria limitando a entrelinhas da Planilha DVP.R00, de modo
solução a apenas alguns casos em particular. que, a única verificação em serviço que a
Sendo assim, cabe ao usuário detalhar a Planilha DVP.R00 faz, mas, não menos
armadura conforme fora calculada. importante que as demais, é verificar se a
O mesmo ocorre para as verificações em força de protensão aplicada fissura o
serviço, pois as verificações dependem, concreto na idade 8 escolhida pelo usuário
dentre outros fatores, também da disposição para execução da protensão.
da armadura de protensão, que é de
responsabilidade do usuário. 5 Resultados
De posse do detalhamento, também é de Nas referências bibliográficas consultadas
responsabilidade do usuário calcular as para elaboração deste artigo não constam
perdas de protensão. exercícios resolvidos em sua totalidade, de
Como controle adicional, a Planilha modo que, existem apenas algumas
DVP.R00 pede em campo específico que o resoluções de partes de um exercício e/ou
usuário informe a perda de protensão problema.
calculada. No momento em que o usuário
informa a perda de protensão real, a Planilha 7
Cabo representante é uma linha imaginária cuja
DVP.R00 faz novamente a verificação das nada mais é de que a resultante entre os centro de
gravidade dos vários cabos de protensão que podem
tensões atuantes nos bordos inferior e existir em uma estrutura.
superior, com a nova força de protensão
inicial, modificada em função da alteração
do valor da perda de protensão. Sendo assim, 8
A palavra idade refere-se à idade que o concreto
o usuário consegue mensurar, se com a terá no ato da protensão, o que poderá acarretar que a
resistência do concreto na data da protensão (fcj) será
perda de protensão calculada, as condições
inferior à resistência do concreto aos 28 dias (fck).
de segurança ainda são satisfatórias ou se é
necessário recalibrar algum fator e/ou
Sendo assim, optou-se por desenvolver um O esquema estrutural da viga em questão
exercício de uma situação cotidiana e está detalhado na figura (6). Esta viga está
comparar os resultados calculados com os submetida à 03 tipos de carregamento, são
eles:
resultados apresentados pela Planilha
ó : 300 / ;
DVP.R00.
. : 200 / ;
O problema desenvolvido trata-se de uma
viga retangular submetida à pré-tração, com çã á : 700 / ;
dimensões 20x60cm, conforme figura (6).
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS. NBR 7482: Fios de
aço para estruturas de concreto
protendido - Especificação. Rio de Janeiro:
2008.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS. NBR 7483:
Cordoalhas de aço para estruturas de
concreto protendido - Especificação. Rio
de Janeiro: 2008.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS. NBR 8681: Ações
de segurança nas estruturas –
Procedimento. Rio de Janeiro: 2003.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS. NBR 12142:
Concreto — Determinação da resistência
à tração na flexão de corpos de prova
prismáticos. Rio de Janeiro: 2010.