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AUTOMATIZAÇÃO DO PROCESSO DE DIMENSIONAMENTO DE

VIGAS PROTENDIDAS
Engº Renan Cesar de Oliveira Dias
Discente do Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Estruturas do Centro Universitário de
Lins-Unilins, Lins-SP, Brasil
rdias07@live.com

Profª Drª Luciana Maria Bonvino Figueiredo Pizzo


Docente do Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Estruturas do Centro Universitário de
Lins - Unilins, Lins-SP, Brasil
lubonvino@yahoo.com.br

Resumo compression tension. It is also known that


Sabe-se que o concreto é um material que all transverse section of any structural
possui resistência à tensão de tração muito element is submitted to traction and
baixa comparada à resistência a tensão de compression. Therefrom the necessity to set
compressão. Também é de conhecimento the concrete, seeking to match the
que toda seção transversal de qualquer resistances applying other material. The
elemento estrutural está submetido a tração prestressing of a structural element can
e/ou compressão. Assim sendo, surge a sufficiently reduce the traction strength to
necessidade de “armar” o concreto, neutralize it or to get it down at levels that
buscando “igualar” as resistências, com a can be supported by the concrete. So, it´s
aplicação de outro material. Protender um possible to notice that for the application of
elemento estrutural pode-se reduzir as the prestressing it is required a strict
forças de tração suficientemente para anulá- control of tensions in the structural element,
las ou baixá-las a níveis que possam ser it´s necessary to realize a tension analysis,
suportadas pelo concreto. Diante disso, section by section along the structural
percebe-se que para aplicação da protensão element, causing that the process becomes
exige um rigoroso controle das tensões no hard if done manually, but with the support
elemento estrutural, necessitando efetuar of any tool it´s possible to do this process in
análise de tensões, seção por seção ao longo a few minutes.
do elemento estrutural, desse modo faz com Keywords – prestressing, prestressed
que o processo seja muito trabalhoso se concrete, prestressed beams, spreadsheet
realizado “a punho”. Todavia, com o auxílio sizing
de alguma ferramenta será possível agilizar
este processo à poucos minutos. 1 Introdução
Palavras chaves – protensão, concreto De uma forma bem simples, a protensão
protendido, vigas protendidas, planilha de pode ser definida como a criação intencional
dimensionamento, Planilha DVP.R00 de um estado de tensões em algum material,
cujo principal objetivo é obter um melhor
Abstract comportamento deste elemento. Atualmente,
It is known that the concrete is a material quando se fala em protensão, muitos
that has a very low resistance to traction associam à concreto protendido, porém, tal
tension compared to the resistance to prática, não está necessariamente ligada ao
uso do concreto, somente. É curioso que sua posição original, resultando na forma
antes mesmo de conhecer a potencialidade “oval” ao barril de madeira. Somente devido
do uso do concreto protendido, a protensão à esse processo mecânico de pré-
já era utilizada há muitos séculos em alguns tensionamento dos aros metálicos é o que se
procedimentos, como na confecção de barris torna possível manter os gomos de madeira
de madeira e aros de carroças. unidos, evitando então a passagem do fluído,
No dicionário Aurélio, encontra-se a Gomes 1985.
seguinte definição para a palavra protensão:
“processo pelo qual se aplicam tensões 2 História da Protensão
prévias ao concreto.”, contudo, em A história do concreto armado e protendido
conformidade ao que foi dito, a protensão teve início na Inglaterra, com a criação do
não se aplica somente ao concreto, mas cimento Portland, em 1824. Nos anos que se
também pode estar associada a diversas seguiram, franceses e alemães também
outras práticas, mesmo que não seja para começaram a produzir cimento e a criar
fins estruturais. várias formas de melhorar a capacidade
Para um melhor entendimento do conceito portante do concreto. No final do século
de protensão, será discorrido à respeito do XIX, seguiram-se várias patentes de
caso da confecção de barris de madeira. métodos de protensão e ensaios, sem êxito.
A protensão se perdia devido à retração 1 e
GOMOS DE
MADEIRA AROS
fluência 2 do concreto, desconhecidas
METÁLICOS naquela época. No começo do século XX,
Mörsch desenvolveu a teoria iniciada por
Matthias Koenen, endossando suas
proposições através de inúmeros ensaios. Os
conceitos desenvolvidos por Mörsch
constituíram, ao longo de décadas e em
Figura 1 – Barril de madeira
quase todo o mundo, os fundamentos da
Fonte: Elaborada pelo autor teoria do concreto armado, e seus elementos
essenciais ainda são válidos. No ano de
Na confecção do barril de madeira, os aros 1924 surgiu na França, o engenheiro Eugene
metálicos, são, devido à um processo Freyssinet que já havia empregado a
mecânico, pré-tensionados, fazendo com protensão para reduzir o alongamento de
que, inicialmente, os aros tenham o tirantes em galpões com grandes vãos.
diâmetro similar ao diâmetro superior do Entretanto, somente em 1928, Freyssinet
barril. Com isso, os aros metálicos exercem apresentou o primeiro trabalho consistente
tensões de compressão nos gomos de sobre concreto protendido, que reconhecia a
madeira, de forma que é mantido o diâmetro
1
superior do barril (forma inicial Retração é a variação volumétrica que uma peça de
concreto sofre ao longo do tempo – Carvalho, R. C e
“cilíndrica”). Conforme o barril de madeira
Filho, J. R. F (2013).
vem sendo preenchido com algum fluído
2
(vinho, cachaça, whisky), a presença deste Fluência é o fenômeno em que surgem deformações
ao longo do tempo em um corpo solicitado por
gera uma pressão hidrostática nos gomos de tensão constante – Carvalho, R. C e Filho, J. R. F
madeira. Tal situação gera tensões de tração (2013).
nos aros metálicos, forçando-os a retornar a
importância da protensão da armadura nas desenvolvido em 1982 e desde então sendo
construções civis. Freyssinet pesquisou as largamente utilizado no Brasil, e viabilizou,
perdas de protensão, produzidas pela inclusive, sua utilização em obras
retração e fluência do concreto, residenciais (lajes de vigotas protendidas).
evidenciando somente ser possível assegurar A pré-tração chegou ao Brasil, somente 5
um efeito duradouro da protensão por meio anos após a pós-tração, através do sistema
da utilização de elevadas tensões no aço. Hoyer, sistema este que utiliza fios de aço e
Eugene Freyssinet foi uma das figuras de foi patenteado pelo engenheiro Ruben
maior destaque no desenvolvimento da Duffles Andrade e utilizado para a
tecnologia do concreto protendido. Inventou fabricação de caixas d’água domiciliares.
e patenteou métodos construtivos, Nos dias atuais o sistema Hoyer é
equipamentos, aços especiais, concretos largamente utilizado em lajes pré-
especiais, contribuindo de forma muito fabricadas.
expressiva para o desenvolvimento do
concreto protendido.
3 Referencial Teórico
As primeiras execuções de concreto Pfeil (1988) define protensão como artifício
protendido no Brasil, não possuíram nada de de introduzir em uma estrutura, um estado
brasileiro, além da localidade. Inicialmente prévio de tensões, de modo a melhorar a sua
tudo foi importado, material, projeto e resistência ou seu comportamento, sob a
sistema de protensão. Isso dá-se ao fato da ação de diversas situações.
protensão exigir aço de alta resistência, A arte de protender, tem importância
sistemas de ancoragens e alguns particular ao concreto, devido as seguintes
equipamentos de execuções complicadas, razões:
além de terem de ser testados para ser
 O concreto é um dos materiais mais
liberado a utilização.
importantes, na medida que, os
A primeira obra em concreto protendido no
ingredientes necessários a sua execução
Brasil foi a ponte do Galeão, que une a Ilha
são disponíveis a baixo custo, em
do Governador à Ilha do Fundão, no Rio de
qualquer região;
Janeiro, concluída em 1949 utilizando o
 O concreto tem excelente desempenho
sistema desenvolvido por Freyssinet. A
quando submetido a tensões de
ponte possui comprimento total de 380 m, e
compressão, na ordem de 200 kgf/cm²
é constituída de vigas com seção I, pré-
(20 MPa) à 900 kgf/cm² (90 MPa);
moldadas com o sistema de pós-tração.
 O concreto possui deficiência quanto
Segundo Almeida (1999), alguns sistemas
sua à resistência a tração. Antigamente,
de protensão com pós-tração foram
a resistência a tração era admitido como
desenvolvidos no Brasil, destacando-se o
10% do valor da compressão, porém, a
Sistema Rudloff, desenvolvido pelo
partir da NBR 6118 (2014), esta
engenheiro José Rudloff Manns; os sistemas
resistência é calculada, de forma que,
do Prof. Walter Pfeil desenvolvidos entre os
dependendo da resistência do concreto a
anos 1960 e 1965; e o sistema MAC 3 ,
compressão (fck), este resultado pode
ser menor, ou maior que 10% do fck.
3
Sistema MAC, trata-se de um método de protensão Quando concreto não é bem executado,
desenvolvido pela empresa brasileira MAC –
Sistema Brasileiro de Protensão LTDA em 1982. a retração pode provocar fissuras,
eliminando sua mínima resistência à
tração.

Como o concreto é um material de


propriedades distintas, nos quesitos de Figura 3 – Viga protendida, submetida a momento
fletor M e força axial de compressão P
compressão e tração, ao aplicar uma
Fonte: Pfeil (1988)
compressão prévia, excêntrica, o centro de
gravidade da seção transversal, é possível Assim como nas estruturas convencionais
melhorar O comportamento do elemento de de concreto armado, as estruturas
concreto, que pode possibilitar até a protendidas, devem atender aos requisitos
dispensa de armadura passiva4, no caso de mínimos de qualidade e segurança estrutural,
lajes protendidas. estabelecidos na ABNT NBR 6118 (2014).
Em uma viga convencional de concreto “Uma estrutura oferece segurança quando
armado, sujeita à um momento fletor M ela é capaz de suportar todas as ações, com
(figura 2), os esforços de compressão são intensidades e combinações mais
absorvidos pelo concreto, enquanto que, os desfavoráveis possíveis, ao longo de sua
esforços de tração, necessita armadura de vida útil, sem contudo, atingir a ruptura ou
aço para resistir a tais esforços. um estado que impeça sua utilização.”.
FUSCO (1986).
“A solução estrutural adotada em projeto
deve atender aos requisitos de qualidade
estabelecidos nas normas técnicas, relativos
Figura 2 – Viga convencional de concreto armado, à capacidade resistente, ao desempenho em
submetida a um momento fletor M
serviço e à durabilidade da estrutura.”.
Fonte: Pfeil (1988)
ABNT NBR 6118 (2014).
O grande desafio do concreto protendido, é A norma técnica em vigor é a ANBT NBR
chegar ao valor da força de protensão (P) à 6118 (2014) Projeto de Estruturas de
ser aplicada, de modo que, esta força reduza Concreto – Procedimento. A referida norma
ou anule, em sua totalidade, os esforços de técnica estabelece os requisitos gerais e
tração a que a estrutura está submetida. A específicos referentes à qualidade e
protensão do concreto é realizada, por segurança estrutural para as estruturas de
intermédio de cabos de aço de alta concreto simples, armado e protendido. Ela
resistência, tracionados e ancorados no deve ser obrigatoriamente atendida, em sua
próprio concreto (figura 3). Ao se protender plenitude, pelo projeto. Tal norma é
a estrutura, esta desloca a faixa de trabalho aplicável as estruturas de concreto normais,
do concreto para o estado de apenas com massa específica seca maior que 2.000
compressão, estado cuja resistência do kgf/m³. A mesma, porém, não é aplicável a
material (concreto) é mais eficiente. verificações de sismos, impactos, explosões
e fogo.
É componente ainda do escopo dessa norma,
estruturas especiais, como elementos pré-
4
moldados, pontes, viadutos, torres, dentre
Armadura passiva é a armadura convencional de
concreto armado, constituída de vergalhões em outras. Estas estruturas especiais devem
barras de Aço CA-50 e CA-60. sempre serem verificadas com normas
complementares, pertinentes a cada indireta, resistência à tração na flexão, e
aplicação. resistência à tração direta. Os dois primeiros
A grande abrangência da norma em questão, devem ser definidos de acordo com as NBR
dá-se ao fato de tratar apenas sobre projetos 7222 e NBR 12142 respectivamente. O
estruturais de concreto, referenciando a termo mais usado, refere-se a resistência à
NBR 14931 como norma de Execução de tração simples ou tração axial, cuja sigla é
Estruturas de Concreto. fct. Segundo a NBR 6118 (2014), na
Discorrendo a respeito das propriedades dos ausência de ensaios, esta resistência pode
materiais, de acordo com a NBR 6118 ser definida de acordo com os cálculos
(2014), os concretos que podem ser abaixo, dividindo em dois grupos de
utilizados em projetos estão divididos em concreto, os concretos de classe até C50 –
classes de resistência e devem respeitar aos Equação (2) e os concretos de classe C55 à
parâmetros da tabela 7.1 da NBR citada. C90 – Equação (3).
Vale ressaltar que a norma estabelece que o
menor concreto empregado deve ser os de (2)
classe C20 para estruturas com armadura
passiva, C25 para estruturas com armadura (3)
ativa5.
Conforme já citado anteriormente, uma das (4)
principais propriedades do concreto é sua
resistência à compressão que é determinada (5)
através de ensaios de corpos de prova, O concreto é um material que apresenta não
ensaiados aos 28 dias. Os corpos de prova linearidade 6 quando submetido a tensões
devem seguir as recomendações da A.B.C.P. elevadas, devido as micro fissuras que
(Associação Brasileira de Cimento Portland) ocorrem entre o agregado graúdo e a nata de
responsável por definir as dimensões dos cimento. Em um diagrama de tensão-
corpos de prova em relação ao agregado deformação (figura 4), elaborado através de
graúdo. um ensaio de compressão simples, é notável
Através dos ensaios dos corpos de prova, é que não há uma proporcionalidade entra a
determinado a resistência do concreto (fck) tensão e a deformação do concreto. Assim
por meio de uma equação envolvendo a sendo, determina-se que o concreto não
resistência média (fcm) dos corpos de prova obedece a Lei de Hooke.
ensaiados, subtraindo o desvio padrão.

(1)
Anteriormente foi colocado também, que a
resistência à tração do concreto é muito
baixa, sendo esse o fator que viabiliza a
utilização de concreto armado e/ou 6
Não linearidade é quando um elemento estrutural
protendido. Existem 03 (três) tipos de não tem comportamento linear quando submetido a
carregamentos, de modo que em função da carga
resistência a tração: resistência à tração aplicada, muda o comportamento do elemento. Para
o concreto em específico, um dos motivos de não
5
Armadura ativa é a armadura de protensão de uma existir a linearidade é o fato de o concreto fissurar.
estrutura de concreto protendido. Em geral é
constituída por fios e/ou cordoalhas de aço do tipo
CP145 à CP190.
Figura 4 – Curva Tensão Deformação
Fonte: ABNT NBR 6118 (2014) Figura 5 – Diagrama tensão-deformação para aços de
De acordo com NBR 6118 (2014), o módulo armadura ativa
de elasticidade deve ser obtido através de Fonte: ABNT NBR 6118 (2014)
ensaio executado segundo NBR 8522. Na
Além dos fatos acima citados, a norma de
ausência deste ensaio, o módulo de
concreto vigente trata, também, da
elasticidade do concreto pode ser
segurança e estados limites das estruturas de
determinado pela equação (6) para concretos
concreto protendido.
classe C20 à C50 e pela equação (7) para
Uma estrutura, além de todos os outros
concretos classe C55 à C90, lembrando que
aspectos que a envolvem, deve também
αe corresponde ao parâmetro em função da
atender alguns quesitos como durabilidade,
natureza do agregado que influencia o
e bom desempenho em relação a serviço e
módulo de elasticidade e que o valor só é
segurança. Durabilidade devido ao fato de
válido, aos 28 dias de idade do concreto.
assimilar as solicitações a qual foi projetada,
(6) sem a necessidade de gastos excessivos de
manutenção durante toda a vida útil da
estrutura e bom desempenho em relação ao
(7) serviço e à segurança, de modo que, a
Os aços para concreto protendido são mesma suporte todas as solicitações
classificados de acordo com a NBR 7482 e projetadas, trabalhando sempre dentro de
NBR 7483, sendo fios de aço para concreto regime planejado (estádios de tensão), para
protendido ou cordoalhas de 03 e 07 fios. que a mesma não sofra deformações
Os aços podem ter relaxação baixa, normal excessivas causando prejuízos estéticos,
e ainda serem entalhados ou lisos, conforme prejuízos estruturais ou pior, pôr em risco a
tabelas abaixo. vida dos usuários.
Os aços devem possuir massa específica Tendo em vista os aspectos acima citados,
igual a 7.850 kgf/m³, quando não indicado o são definidos pela NBR 8681 dois estados
módulo de elasticidade pelo fabricante, pode limites, que são eles Estado Limite Último
ser considerado 200 GPa. (ELU) e Estado Limite de Serviço (ELS).
Os diagramas tensão-deformação são De acordo com a NBR 8681 e NBR 6118,
obtidos através do ensaio de tração simples, estado limite último está relacionado a
conforme figura (5). Na mesma figura, fpyk combinação dos esforços que levam a
refere-se a tensão e escoamento do aço e estrutura a ser submetida aos maiores
fptk refere-se a tensão de ruptura do aço. valores possíveis de tensões. Tal fato está
relacionado ao “colapso” ou a “ruína” total enquanto que as ações sísmicas podem
da estrutura. ser definidas como ações variáveis
Araújo (2003), define Estado Limite de especiais.
Serviço como estado limite em que a c) Ações excepcionais: como o próprio
utilização da estrutura está prejudicada, nome já diz, estas ações fazem parte de
devido a deformação excessiva dos um grupo de ações que possuem uma
elementos, ou ainda, submetida a um nível probabilidade muito pequena de ocorrer
de fissuração que comprometa sua ou então uma duração muito curta ao
durabilidade. Em poucas palavras, uma longo de toda a vida útil da estrutura.
estrutura mesmo que ainda não tenha Porém, devem ser consideradas nos
atingido a ruína total ou então coloque em projetos, uma vez que haja a
risco a vida dos usuários, devido à uma possibilidade de ocorrer. São elas
deformação excessiva, por exemplo, pode explosões, impactos de veículos,
gerar um desconforto no uso em que fora incêndios, dentre outras.
projetada, ou seja, está fora dos limites do
serviço. De posse das ações que atuam na estrutura,
Segundo a NBR 8681, as forças atuantes em é feita uma combinação das ações. Em outra
uma estrutura são geradas pelas ações palavras seria a atitude de considerar as
diretas, enquanto que as deformações são ações que ocorrem simultaneamente na
ocasionadas pelas ações indiretas. A relação estrutura. Para essa consideração aplica-se
dessa variabilidade em função do tempo, além das combinações, coeficientes de
essas ações podem ser classificadas como majoração, ou seja, considera um acréscimo
excepcionais, variáveis e permanentes. do valor inicial da ação para fins de
a) Ações permanentes: trata-se de ações segurança estrutural e prováveis variações
com valores constantes, as quais atuam que de fato, possam ocorrer na estrutura.
em toda a vida útil da estrutura, e Esta combinação das ações é chamada de
podem ser divididas como ações diretas ações de cálculo, pois são as ações que
e indiretas. Ações permanentes diretas, serão utilizadas para o dimensionamento da
podem ser carregamentos como: peso estrutura quanto ao Estado Limite Último.
próprio, alvenaria, revestimentos. As ações de cálculo são definidas através da
Enquanto que as indiretas podem ser: multiplicação dos valores característico de
recalques de fundação, retração e cada solicitação pelo seu respectivo
fluência do concreto. coeficiente parciais de segurança ɣf. Para o
b) Ações variáveis: são as ações cujos estado limite último, ɣf = ɣf1* ɣf2, onde ɣf1
valores sofrem alterações durante a vida é a variabilidade das ações e ɣf2 é referentes
útil da estrutura. Faz parte desse grupo aos possíveis erros das avaliações das ações.
as ações acidentais geradas em função Na intenção identificar o tipo de cada
de sua utilização como sobrecarga de coeficiente, os coeficientes ɣf podem ser
pessoas, móveis, veículos, etc. Ainda substituídos por ɣg, para as ações
podem ser geradas pelas intempéries do permanentes, ɣq para as ações variáveis e ɣε
tempo, como as ações do vento, os para as deformações.
efeitos da temperatura, da sobrecarga Para o dimensionamento final da estrutura,
devido à chuva. Ações que podem ser no intuito de definir o estado limite último,
definidas como ações variáveis normais, deve ser considerada a combinação mais
desfavorável a estrutura, de modo que as para os aços com relaxação baixa. Para o
ações permanentes são consideradas em sua caso da pós-tração esses limites devem ser
totalidade, consideradas parcelas que de 0,74fptk e 0,87fpyk para aços com
ocasionam efeitos desfavoráveis à estrutura. relaxação normal e 0,74fptk e 0,82fpyk para
Estas combinações devem seguir aos os aços com relaxação baixa. Para
parâmetros das tabelas de 01 à 06 da NBR cordoalhas engraxadas, esses limites podem
8681. ser elevados para 0,80fptk e 0,88fpyk. Para
Para o Estado limite de Serviço também são os aços CP 85/105 os limites passam a ser
feitas combinações, porém um pouco 0,72fptk e 0,88fpyk.
diferente das citadas acima, de modo que,
para as verificações em serviço não majora- 4 Metodologia
se as ações. Dentre as diversas combinações Bastante citado neste artigo, nas obras de
que possam ocorrer para a verificação em engenharia em todo o mundo, são infinitas
serviço, as que se destacam mais são: as solicitações que agem em uma estrutura,
a) Quase permanentes: de acordo com a como ações permanentes, variáveis,
NBR 6118 (2014), estas ações podem excepcionais, de construção, dentre diversas
atuar durante grande parte do tempo na outras. Assim como infinitas são as ações,
vida útil de uma estrutura de modo que infinitos são os tipos de atuação das mesmas,
sua consideração será necessária na se tem sentido gravitacional, centrípeta,
verificação dos estados limites de centrífuga, anti-gravitacional, concentrada,
deformações excessivas. linearmente distribuída, etc. Sendo assim,
b) Frequentes: nesta aplicação, a ação em um mesmo vão e seção transversal, as
variável principal e calculada com seu armaduras calculadas por um projetista,
valor frequente, enquanto que as demais pode diferir de outro, devido as
ações variáveis são calculadas com seus considerações para o cálculo, ainda que, os
valores quase frequentes. dois podem estar coerentes com as normas
técnicas vigentes.
Vistos superficialmente a parte introdutória Analisando o fato acima exposto, percebe-se
da ABNT NBR 6118 (2014), no que diz que, é muito complicado para uma planilha
respeito a protensão, os dados referentes as de dimensionamento, quer seja ela quão
operações de protensão encontram-se na completa for, calcular as solicitações de
seção 9.6 na ABNT NBR 6118 (2014). cálculo, pois não bastaria apenas ao usuário
Nesta seção é definido os valores limites da planilha inserir o carregamento, ainda
para da força de protensão na armadura, teria que se analisar o tipo, o coeficiente de
valores limites por ocasião na operação de majoração, uso simultâneo, etc. Devido aos
protensão, valores limites ao término da fatos, é praticamente impossível elaborar
operação de protensão, perda de protensão, algo que resolva todas as solicitações e trace
e os casos da pós e pré-tração. Nesta seção, os diagramas de força normal, força cortante,
mais precisamente no item 9.6.1.2.1 a), fica momento fletor e momento torsor.
definido que a tensão σpi atuante na Em face de tamanha complexibilidade,
armadura de protensão na saída do aparelho optou-se, no ato da elaboração da planilha
protensor para pré-tração, devem respeitar de dimensionamento de vigas protendidas –
os limites de 0,77fptk e 0,90fpyk para aços Planilha DVP.R00, não inserir nas linhas de
com relaxação normal e 0,77fptk e 0,85fpyk comando o cálculo das solicitações, pois,
caso fosse elaborado uma planilha que momento fletor), e a partir daí, colocar os
calculasse solicitações, a mesma resolveria dados na Planilha DVP.R00.
apenas alguns casos pontuais, limitando o Esta força de protensão sugerida pela
uso da mesma, não tornando então sua Planilha DVP.R00 refere-se à força final de
elaboração/uso tão interessante. protensão ( ∞ ) considerando que
Dessa forma, para desenvolvimento da descontadas as perdas de protensão, está
Planilha DVP.R00 foi pensada em uma será o menor valor da protensão atuante na
planilha que o usuário informará além dos estrutura no tempo infinito (t∞), de modo
dados básicos da seção, do tipo de concreto
que seja garantida a não ocorrência de
e do aço de protensão, os dados das
tensões de tração no concreto.
solicitações, já de cálculo, travadas em 05
Cabe, então, ao usuário analisar a
(cinco) seções, distanciadas a 1/4 (um
intensidade da força de protensão e informar
quarto) do vão de cálculo. A partir daí, que
manualmente qual a intensidade da força
a Planilha DVP.R00 entra em operação. O
final de protensão que deseja garantir.
usuário pode tratar a seção 1 e 5 como
Ao inserir a intensidade da força de
sendo os extremos, ou então tratar a seção 1
protensão final, a Planilha DVP.R00 calcula
como apoio e 5 como eixo central,
o valor da força de protensão inicial tendo
considerando que o ponto 5 será um eixo de
em vista a perda de protensão estimada, que
simetria.
fora informada pelo usuário. De posse das
Como anexo, a Planilha DVP.R00 possui
intensidades das forças de protensão Final e
uma aba para cálculo de propriedades
Inicial ( ∞ , respectivamente), a
geométricas de vigas retangulares e duplo T.
Resumindo as considerações descritas, a planilha calcula as tensões finais atuantes na
sequência lógica da Planilha DVP.R00 é estrutura considerando os seguintes casos:
basicamente a definição dos dados  Tensões iniciais combinando a força de
referentes a seção transversal, solicitações, protensão inicial com as solicitações de
concreto do elemento estrutural e dados carregamentos permanentes;
iniciais do aço de protensão.  Tensões iniciais combinando a força de
Automaticamente, a passo que o usuário vai protensão inicial com as solicitações de
inserindo os dados na Planilha DVP.R00, ao carregamentos permanentes somados ao
finalizar a entrada dos valores, a mesma já carregamento das ações variáveis;
calcula as tensões nos bordos inferior e  Tensões iniciais combinando a força de
superior da seção transversal, exibe ao protensão inicial com as solicitações de
usuário destacando as tensões de tração e carregamentos permanentes;
sugere ao usuário um valor para utilizar  Tensões iniciais combinando a força de
como força de protensão (tecnicamente, a protensão inicial com as solicitações de
solução rápida do grande desafio do carregamentos permanentes somados ao
concreto protendido), capaz de anular a carregamento das ações variáveis;
maior força de tração atuante na estrutura.
De posse do rigoroso controle das tensões,
Recomenda-se que o usuário utilize
das intensidades das forças de protensão
previamente um outro software, como o F-
inicial e final, seguindo com os cálculos,
Tool ou SAP2000 para obtenção dos
cabe ao usuário selecionar o tipo de aço que
diagramas (força normal, força cortante e
deseja utilizar. Para a seleção do tipo de aço,
a planilha já conta com um banco de dados
de aço de protensão previamente inseridos dimensionamento. E, caso seja necessário,
que variam entre aços com relaxação normal, basta apenas adequar os valores.
relaxação baixa, fios e cordoalhas de 03 A Planilha DVP.R00 foi toda configurada
(três) e 07 (sete) fios. para o dimensionamento de vigas de
Ao selecionar o aço, a planilha preenche concreto protendido. A Planilha DVP.R00
automaticamente os dados do aço e calcula faz verificações tanto para o caso da pré-
a quantidade de fios/cordoalhas necessários tração quanto para a pós-tração. Ao usuário
para aplicar à força de protensão admitir que o sistema de protensão será de
selecionada. Como complemento a planilha pós tração, basta o mesmo modificar
ainda exibe qual a tensão atuante na manualmente a coluna referente à
armadura de protensão. excentricidade de protensão da tabela
Neste momento, considera-se que a viga tensões solicitantes finais. Esta
está devidamente pré-dimensionada, excentricidade de protensão informada
bastando apenas verificar mais poucos itens. deverá ser a excentricidade de protensão do
Conforme citado sobre o fato da Planilha cabo representante7.
DVP.R00 não calcular as solicitações da Com relação as verificações em serviço,
estrutura, o mesmo ocorre quanto ao conforme citado há pouco, as mesmas
detalhamento, pois caso a Planilha dependem de fatores que vão além das
DVP.R00 o fizesse, estaria limitando a entrelinhas da Planilha DVP.R00, de modo
solução a apenas alguns casos em particular. que, a única verificação em serviço que a
Sendo assim, cabe ao usuário detalhar a Planilha DVP.R00 faz, mas, não menos
armadura conforme fora calculada. importante que as demais, é verificar se a
O mesmo ocorre para as verificações em força de protensão aplicada fissura o
serviço, pois as verificações dependem, concreto na idade 8 escolhida pelo usuário
dentre outros fatores, também da disposição para execução da protensão.
da armadura de protensão, que é de
responsabilidade do usuário. 5 Resultados
De posse do detalhamento, também é de Nas referências bibliográficas consultadas
responsabilidade do usuário calcular as para elaboração deste artigo não constam
perdas de protensão. exercícios resolvidos em sua totalidade, de
Como controle adicional, a Planilha modo que, existem apenas algumas
DVP.R00 pede em campo específico que o resoluções de partes de um exercício e/ou
usuário informe a perda de protensão problema.
calculada. No momento em que o usuário
informa a perda de protensão real, a Planilha 7
Cabo representante é uma linha imaginária cuja
DVP.R00 faz novamente a verificação das nada mais é de que a resultante entre os centro de
gravidade dos vários cabos de protensão que podem
tensões atuantes nos bordos inferior e existir em uma estrutura.
superior, com a nova força de protensão
inicial, modificada em função da alteração
do valor da perda de protensão. Sendo assim, 8
A palavra idade refere-se à idade que o concreto
o usuário consegue mensurar, se com a terá no ato da protensão, o que poderá acarretar que a
resistência do concreto na data da protensão (fcj) será
perda de protensão calculada, as condições
inferior à resistência do concreto aos 28 dias (fck).
de segurança ainda são satisfatórias ou se é
necessário recalibrar algum fator e/ou
Sendo assim, optou-se por desenvolver um O esquema estrutural da viga em questão
exercício de uma situação cotidiana e está detalhado na figura (6). Esta viga está
comparar os resultados calculados com os submetida à 03 tipos de carregamento, são
eles:
resultados apresentados pela Planilha
 ó : 300 / ;
DVP.R00.
 . : 200 / ;
O problema desenvolvido trata-se de uma
viga retangular submetida à pré-tração, com  çã á : 700 / ;
dimensões 20x60cm, conforme figura (6).

Figura 6 – Esquema estático


Fonte: Elaborada pelo autor

Conforme recomenda a NBR 8681, os


coeficientes de majoração das ações são:
1,35 para peso próprio, 1,40 para elementos
construtivos e 1,50 para ação variável.
Figura 5 – Seção Transversal da viga 20x60cm Majorando os carregamentos, os momentos
Fonte: Elaborada pelo autor fletores de cálculo obtidos nas seções de 01
à 05 são os demonstrado na tabela (1).
Dados gerais:
Tabela 1 – Momentos Solicitantes
 = 20 ;
 = 60 ;
 = 1200,00 ;
 = 360000,00 ;
 = 30 ;
 = 30 ;
Fonte: Elaborada pelo autor
 = 30 ;
 =5 ; De posse dos momentos solicitantes, as
 = 25 ; tensões solicitantes podem ser calculadas
 ã ( ) = 10,00 ; conforme equações (8) e (9), com seus
 = 15%; valores exibidos na tabela (2).
 = 200000 ;
 = 25
 = 40 ; (8)
 = 1,4;
 = 20 ; (9)
 = 2,587 / ²;
 , = 0,246 / ²;
tração). A grande dificuldade está
exatamente nesse ponto: chegar a um valor
suficientemente ideal para que as tensões
geradas pela protensão não cause problemas
nas fibras superiores onde o concreto está
com folga suportando as tensões e elimine
os problemas existentes nas fibras inferiores
da viga.
Tabela 2 – Tensões Solicitantes Devido à força de protensão ser excêntrica
ao centro de gravidade da viga, esta força
gera duas solicitações, que é a compressão
axial e momento de protensão. A
compressão axial gera apenas uma tensão
contínua de compressão em toda a viga,
expressada pela equação (10). Já o momento
de protensão, conforme citado
anteriormente gera tensões de tração nas
fibras superiores e tensões de compressão
nas fibras inferiores, expressadas pelas
equações (11) e (12), respectivamente.

Fonte: Elaborada pelo autor


(10)
Os valores em destaque são as tensões de
tração. Como já era esperado, os
carregamentos a que está submetida a (11)
estrutura atuam no sentido gravitacional, o
que faz tracionar as fibras inferiores.
Voltando aos dados gerais, o valor da (12)
resistência à tração do concreto ( , )
é inferior ao valor da máxima tensão de Em análise aos fatos, percebe-se que a
tração atuante, logo, esta estrutura maior tensão de tração obtida mede 1,7552
submetida à esse carregamento não vai kN/cm², e ocorreu na fibra inferior da seção
resistir. Para que isso não ocorra e a meio do vão. Em poucas palavras, se o ideal
estrutura não vá a ruína, uma solução é é eliminar a tensão de tração máxima, basta
aplicar nesta viga armadura ativa, visando expressar em equação que as tensões
reduzir essas forças de tração à pelo menos geradas pela força de protensão Fp seja
valores inferiores ao da resistência a tração maior ou igual à 1,7752 kN/cm² (equação
do concreto, porém sendo ideal anulá-los. 13).
Conforme nota-se na figura (3), ao aplicar
uma força de protensão na parte inferior da
viga, será gerado tensões de tração na fibra (13)
superior (onde há compressão) e
compressão na fibra inferior (onde há
Da equação acima apresentada, só temos tensões finais atuantes e tomar as decisões,
uma incógnita, que é justamente o valor que tais como alterar alguma propriedade,
precisamos saber, logo, ao resolver a readequar a força de protensão, ou seguir
equação conclui-se que a intensidade da com os cálculos. Para efeitos de
força de protensão, que é capaz de eliminar equacionamento de uma solução, as tensões
a maior tensão de tração do concreto, deve de tração são tratadas como negativa (ruim
ser no mínimo maior ou igual 601,79kN. para o concreto) e as tensões de compressão
Amplamente tratado no capítulo 3 do são tratadas como positivas, de modo que
presente artigo, ao protender um elemento teremos as equações a seguir, cuja equação
ocorrem diversas perdas de protensão. Parte (15) refere-se a tensão final atuante na fibra
dessas perdas ocorrem imediatamente após superior e a equação (16) refere-se a tensão
o ato de protensão e as demais são diferidas final atuante na fibra inferior.
ao longo do tempo devido à fluência e
retração do concreto.
Percebe-se então que caso no ato da
(15)
protensão, for aplicada a força de
601,79kNm, imediatamente após tal
aplicação já haverá perdas e depois de (16)
colocar a estrutura em carga, as perdas Calculando exaustivamente com a utilização
imediatas somadas as perdas diferidas destas fórmulas, seção por seção, teremos na
poderão reduzir a protensão a tal sorte de tabela (3) os valores das tensões finais para
não anular todas as tensões de tração e essa o início da protensão (tempo “zero”) e na
tensão residual de tração não ser absorvida tabela (4) os valores das tensões finais para
pelo concreto, podendo causar alguns a viga em utilização (tempo “infinito”).
problemas estruturais na viga, sem levantar
a hipótese de que a estrutura poderá vir a
Tabela 3 – Tensões Finais – tempo “zero”
ruina. Surge, então, a necessidade de
garantir que, após as perdas de protensão
imediatas e diferidas, haja uma garantia de
no tempo infinito estar atuando na estrutura
no mínimo uma força de protensão com
intensidade 601,79kN, que estabelece, desse
modo, uma condição bem segura.
Nos dados gerais do problema, estimou-se
as perdas de protensão em 15%, logo, pode-
se determinar o valor da força de protensão
a ser aplicada no aparelho protensor
(equação 14).

Fonte: Elaborada pelo autor


(14)
De posse de todas as informações
necessárias, basta, então, efetuar verificação
das tensões, seção por seção para analisar as
há várias soluções a serem adotadas para
solucionar o problema. As soluções a serem
adotadas podem ser colocação de armadura
passiva, modificação da força de protensão
e modificação das propriedades geométricas
da seção transversal.
Para dar sequência na resolução da situação
Tabela 4 – Tensões Finais – tempo “infinito”
cotidiana e comprovar a confiabilidade da
Planilha DVP.R00, para efeitos de
dimensionamento, será considerado que as
tensões de tração não suportadas pelo
concreto serão assimiladas por armaduras
passivas, para então mantermos a força de
protensão e a partir daí, dimensionar-se o
aço de protensão.
Para o dimensionamento do aço, será
utilizado uma cordoalha com 7 fios (Cord
CP 190 RB ∅12.7mm), com as seguintes
propriedades mecânicas:
 Aço CP 190 RB (relaxação baixa);
Fonte: Elaborada pelo autor  Diâmetro 12,7mm;
 Área 98,70mm²;
Analisando aos valores obtidos, percebe-se
 Fpyk = 168,60 kN (escoamento);
nos campos destacados em vermelho que,
 Fptk = 187,30 kN (ruptura).
conforme o esperado, no tempo “zero” a
tensão de tração deixou de existir Segundo a NBR 6118 (2014), para este caso
sobressaindo então uma tensão de (pré-tração com aço classe relaxação baixa),
compressão de aproximadamente conforme estipula sua seção 9, item
0,31kN/cm², facilmente absorvida pelo 9.6.1.2.1 a), a tensão σpi atuante na
armadura de protensão na saída do aparelho
concreto (inferior ao fcd). Já no tempo
protensor, devem respeitar os limites de 85%
“infinito”, assim como esperado, a tensão de da resistência ao escoamento e 77% da
tração foi totalmente anulada e ainda não resistência à ruptura. Calculando então,
restou resíduos de compressão. teremos o limite da tensão σpi – equações
Porém, ao analisar as demais seções (17) e (18).
percebe-se que a força de protensão
escolhida não foi tão eficiente como se
(17)
esperava, pois, devido à aplicação da mesma
nota-se que nas seções que antes não
haviam problemas (principalmente nos (18)
bordos superiores comprimidos) apareceram
tensões residuais de tração, com intensidade Trabalhando a favor da segurança, será
superior à resistência do concreto à tração. admitido como a tensão do aço de protensão
Contudo, percebe-se também que a situação o menor valor dos dois, ou seja, 145,20
final não foi a situação desejável, mas que kN/cm². A ação em que estará submetida a
armadura de protensão será solicitação à
tração simples, logo, a área de aço cumprimento da disciplina de Concreto
necessária pode ser calculada pela equação Protendido e situações cotidianas. Devido
(19). ao desempenho satisfatório, esta ferramenta
auxiliar pode ser bastante útil para alunos,
professores ou até mesmo engenheiros civis
(19) que estudam ou atuam na área de concreto
protendido, ou mais precisamente, vigas
Substituindo então na equação (19) os
valores da força de protensão inicial protendidas.
calculado (707,98 kN), e a tensão σpi Comentou-se na resolução do exemplo que
também pelo valor calculado (145,20 fora apresentado para demonstração da
kN/cm²), a área de aço necessária será de eficiência da Planilha DVP.R00, que a força
aproximadamente 4,875cm². Sabendo que de protensão adotada não foi tão eficiente
cada cordoalha possui 98,70mm² (0,987cm²),
como se gostaria, pelos motivos citados
serão necessários 5 cordoalhas para
aplicação da força de protensão calculada, anteriormente. Contudo, percebe-se que, de
de acordo com as recomendações de posse desta ferramenta, o usuário poderá
segurança estrutural da ABNT NBR 6118 efetuar inúmeras modificações e efetuar
(2014). inúmeros testes até que o mesmo atinja a
Todos os valores calculados nos autos deste eficiência ideal, pois, toda esta etapa
artigo foram também os valores obtidos com trabalhosa, é facilmente vencida pela
o auxílio da Planilha DVP.R00.
Planilha DVP.R00 em pouquíssimo tempo.
6 Conclusão/ Considerações Finais Conclui-se então, que a proposta do trabalho
Após uma série de testes, com várias foi atendida, na medida que a Planilha
situações cotidianas, a Planilha DVP.R00 DVP.R00 desenvolvida permite agilidade,
apresentou desempenho excelente, confiabilidade e controle das situações que
conforme pode ser constatado no exemplo possam ocorrer durante o dimensionamento
apresentado neste artigo. A Planilha de vigas protendidas.
DVP.R00 permitiu que os problemas fossem Como consideração final, fica aberto para
resolvidos de forma ágil, e ainda, promoveu que discentes futuros, interessados no
uma confiabilidade elevada quanto aos assunto, possam aprimorar a Planilha
cálculos efetuados e o controle das tensões. DVP.R00 desenvolvida, efetuando planilhas
Cabe ressaltar que, mesmo com o excelente complementares com a finalidade de tonar o
desempenho na utilização da Planilha processo cada vez mais prático e ágil.
DVP.R00, a mesma está suscetível à erros
causados pela inconsistência dos possíveis 7 Referências Bibliográficas
valores digitados pelo usuário, ou então pela
falta de conhecimento técnico da pessoa que ALMEIDA, T. G. M. Noções sobre
possa a vir a operar a mesma. Para a concreto protendido. São Carlos: 1999.
elaboração da Planilha DVP.R00,
necessitou-se de conhecimento avançado ARAÚJO, J. M. Curso de concreto
sobre o assunto, que também se torna armado. Vol 1, 2, 3 e 4. 2ª Edição. Ed.
requisito mínimo para seu uso. Dunas. Rio Grande: 2003.
Todos os testes efetuados, basearam-se em
exercícios propostos em sala de aula, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
trabalhos executados durante o NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118:
Projeto de estruturas de concreto – FUSCO, P. B. Estruturas de concreto;
Procedimento. Rio de Janeiro: 2014 solicitações normais; estados limites
últimos; teoria e aplicações. Guanabara
Dois. Rio de Janeiro: 1986.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PFEIL, W. Concreto Protendido. Vol. 1.
NORMAS TÉCNICAS. NBR 7222: 2ª Edição. LTC. Rio de Janeiro: 1988.
Concreto e argamassa — Determinação
da resistência à tração por compressão
diametral de corpos de prova cilíndricos.
Rio de Janeiro: 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS. NBR 7482: Fios de
aço para estruturas de concreto
protendido - Especificação. Rio de Janeiro:
2008.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS. NBR 7483:
Cordoalhas de aço para estruturas de
concreto protendido - Especificação. Rio
de Janeiro: 2008.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS. NBR 8681: Ações
de segurança nas estruturas –
Procedimento. Rio de Janeiro: 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS. NBR 12142:
Concreto — Determinação da resistência
à tração na flexão de corpos de prova
prismáticos. Rio de Janeiro: 2010.

AURÉLIO, O mini dicionário da língua


portuguesa. 4ª edição revista e ampliada do
mini dicionário Aurélio. 7ª impressão. Rio
de janeiro: 2002.

CARVALHO, R. C.; FILHO, J. R. F


Calculo de detalhamento de estruturas
usuais de Concreto Armado. 3ª Edição.
EdUFSCar. São Carlos: 2013.

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