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DIMENSIONAMENTO DE

ESTRUTURAS DE CONCRETO
ARMADO I

Prof. DSc. Li Chong Lee Bacelar de Castro


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BREVE HISTÓRICO:

O primeiro trabalho relatado sobre o uso de concreto e aço associados como concebemos
atualmente data de 1855, quando Joseph Lambot apresentou , na exposição de Paris, um
bote de concreto armado, que ficou flutuando, segundo o Prof. van Langendonck, nos lagos
do Parque Medieval até próximo dos anos 1950! Hoje, se encontra em exposição no Museu
de Brignoles, na França.

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BREVE HISTÓRICO:

Impedido de construir uma casa de concreto na Feira de Exposição Mundial de Paris,


Francois Coignet escreveu um livro onde descreve as técnicas construtivas e teorias de
como concreto e barras de aço agem em conjunto e estas últimas respondem à tensões de
tração após estas superarem a resistência à tração do concreto.

Em 1967 o comerciante francês de plantas, Joseph Monier, obtém a sua primeira patente
relacionada à construção de vasos em concreto armado, ampliada posteriormente para tubos
e reservatórios (1868), placas (1869), escadas (1875), etc.

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BREVE HISTÓRICO:

Na mesma época (1877), o advogado Thaddeus Hyatt, obtém, nos Estados Unidos, patente
para um sistema de construção incombustível composto por vigas de concreto e aço, no qual
fixa a posição da armadura na peça, prevendo efeitos de tração e de cisalhamento e
aconselha o uso de estribos e barras dobradas.

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BREVE HISTÓRICO:

Em 1892, Francois Hennebique registra sua patente para


um sistema de superestruturas de edifícios compostos
basicamente por três elementos: lajes, vigas e pilares. Este
sistema tornou-se tão popular que hoje é conhecido como
SISTEMA CONVENCIONAL!

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BREVE HISTÓRICO:
Francois Hennebique
(1998-1900)

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BREVE HISTÓRICO - BRASIL:
No Brasil é importante lembrar da participação decisiva do Emilio Henrique
Baumgart, que foi o primeiro brasileiro a participar das primeiras
transferências de tecnologia em concreto armado vindas da Alemanha. Em
1925, no corredor de seu de sua residência, montou o primeiro escritório de
cálculo de estruturas de concreto armado do Brasil!

Por este escritório, e por conseguinte, por sua tutela estiveram nomes que vieram a se tornar
expoentes da engenharia civil brasileira e também mundial, como Antônio Alves Noronha
(cúpula do Hotel Quitandinha, Petrópolis-RJ e Ponte Rio-Niterói-RJ) e Fernando Luis Lobo
Carneiro, que dentre as várias contribuições o Ensaio de Compressão Diametral.

Entre seus projetos mais significativos para o desenvolvimento do concreto armado estão a
Ponte Maurício de Nassau (Recife-PE, 1917), o Edifício do jornal “A Noite” (1928) , a Ponte
sobre o Rio do Peixe (1930) e o edifício do Ministério da Educação e Saúde (1947).
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Ponte Maurício de Nassau (Recife-PE, 1917):

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Edifício “A Noite” (1928):

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Edifício “A Noite” (1928):

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Edifício “A Noite” (1928):

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Ponte sobre o Rio do Peixe – Herval-SC (1930):

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Edifício do Ministério da Educação e Saúde (1947):

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➢DEFINIÇÃO DE CONCRETO:

É um material artificial, produzido a partir da mistura de algomerantes (comumente


cimento Portland), agregados, adições e/ou aditivos e água com a finalidade de, quando
endurecido, alcançar a dureza das rochas.

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➢DEFINIÇÃO DE CONCRETO:

O Prof. Telemaco van Langendonck, em 1954, definiu concreto como sendo “o material
de construção constituído pela mistura, convenientemente proporcionada, de agregado
(material inerte, como pedra e areia) com um aglomerante (como cal e cimento) e água.
Êsse material apresenta, de início, uma consistência mais ou menos plástica, que permite
sua moldagem pela colocação de fôrmas apropriadas. Com o decorrer do tempo, as
reacções químicas entre o aglomerante e a água dão lugar ao endurecimento do concreto,
que permanece com a forma que lhe foi dada.”

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Segundo Metha & Monteiro (2008), o concreto é o material de construção mais utilizado
no mundo. Em termos gerais, o único material mais consumido pela humanidade é a
água! Mesmo não sendo o material estrutural mais resistente disponível, três razões
podem ser elencadas para justificar o uso em larga escala: a resistência à água (obras
hidráulicas), facilidade de moldagem de peças e baixo custo.

Atualmente a China é a maior produtora e maior consumidora de concreto no mundo!!!


O BRICS impulsiona o mercado de concreto no mundo, superando blocos
desenvolvidos.

Para o Prof. Teatini (2005), um material com finalidade estrutural deve apresentar como
qualidades essenciais: dureza, durabilidade e disponibilidade.

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➢DURABILIDADE
Parâmetros que afetam a durabilidade do concreto:

-Qualidade dos materiais;


- Relação a/c;
- Consumo de cimento (> 300 kg/m³);
- Uso de aditivos e adições;
- Dimensionamento correto para agressividade ambiental; (*)
- Cobrimento adequado da armadura (NBR 6118);
-Manutenção.

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➢DURABILIDADE

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➢DURABILIDADE

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➢DURABILIDADE

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Reinforced concrete design is an art and a science.

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➢CONCRETO ARMADO

É um material estrutural composto pela associação de concreto com barras de aço


nele inseridas , de modo que constituam um material único do ponto de vista
mecânico, quando submetido à ações externas. (Teatini, 2005)

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❑ Fatores que interferem na escolha do concreto armado como material
estrutural (vantagens):
▪Economia;

▪Facilidade de modelagem e adequação a contornos arquitetônicos;

▪Resistência ao fogo; (*)

▪Rigidez;

▪Baixo custo de manutenção;

▪Disponibilidade de materiais constituintes;

▪Baixa resistência à tração;

▪Escoramentos;

▪Baixa relação entre resistência e volume de material consumido;

▪Coeficientes de dilatação térmicos semelhantes (expansão e contração).

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➢Uma estrutura deve atender aos seguintes princípios:

▪ Acomodação da estrutura na arquitetura;

▪ Economia;

▪ Adequação do sistema estrutural aos E.L.U e E.L.S.

▪ Facilidade e baixo custo de manutenção.

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➢ Mecanismo de Fissuração e Ruptura sob Compressão
Composto por materiais elásticos e frágeis, o concreto tem diagrama sxd
cruvilinear com aparência dúctil devido à microfissuração.

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➢ Mecanismo de Fissuração e Ruptura sob Compressão

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➢ Mecanismo de Fissuração e Ruptura sob Compressão
▪ Estágios de fissuração (em relação à Carga de Ruptura):
- 0 a 30%: fissuras por secagem, retração → microfissuras por secagem restringidas pelos
agregados. Diagrama linear até 30% da resistência à compressão;
- 30 a 40%: ruptura de ligações entre pasta e agregados → fissuras aumentam em número e
tamanho (+comprimento, - largura), tração e cisalhamento pasta-agregado, inflexão do s x d;

- 50 a 60%: fissuração da
argamassa → fissuras na argamassa
paralelas à direção da carga(tração
transversal), a propagação das
fissuras é estável, limite de
descontinuidade

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➢ Mecanismo de Fissuração e Ruptura sob Compressão
▪ Estágios de fissuração (em relação à Carga de Ruptura):
-75 a 80%: carga crítica, poucas regiões íntegras, aumento de volume (poisson) → fissuras na
argamassa aumentam , poucas regiões íntegras, diagrama não é mais linear, começa a tensão
crítica, deformação lateral (e3) – inicialmente são relacionadas com Poisson (trativas). Carga
crítica: deformação volumétrica, pressão em armaduras (pra fora), estrutura do concreto
instável acima de 75% fc – deform.
aumentam até a ruptura; novo
aumento de deform. e queda de
tensão.

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➢ Fatores que interferem na Resistência à Compressão do Concreto:
1. Fator Água/Cimento;
2. Tipo de cimento;
3. Traço;
4. Agregados;
5. Cura (temperatura – variações volumétricas);
6. Idade;
7. Condições de carregamento.

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➢ Resistência à Tração do Concreto:

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➢ Resistência à Tração do Concreto:

fct,m = 0,3. fck2/3


fctk,inf = 0,7.fct,m
fctk,sup = 1,3.fct,m
onde : fct,m e fck são expressos em MPa.

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➢Velocidade de Carregamento – Efeito RUSH:

“Quanto ao efeito da velocidade de carregamento na resistência do concreto, há


consenso de que, quanto mais rápida a velocidade de carregamento, maior a
resistência observada.” (Metha & Monteiro, 2008)

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➢ RETRAÇÃO POR SECAGEM E EVAPORAÇÃO

* Retração por Carbonatação, ou Secundária – máxima em ambientes com 50% de umidade.

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➢Fluência
Quando uma carga de longa duração é aplicada as deformações aumentam em função do
tempo. Isto ocorre devido à compressão de camadas de água absorvida entre partículas do
gel da pasta de cimento, que transmitem tensões de compressão.
A magnitude do coeficiente de fluência é afetada pela razão de carregamento em relação à
resistência do concreto, pela umidade do meio, pelas dimensões da peça e pela composição
do concreto. A fluência é maior em concretos com alto teor de pasta de cimento.
Em tensões até 0,5fcd a fluência é linearmente relacionada com deformações elásticas.
Acima deste parâmetro as deformações aumentam muito mais rapidamente e podem levar à
ruptura da peça em tensões acima de 0,75fcd.

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➢Fluência
Esta mudança na espessura ocorre de maneira rápida no início e lenta com o passar do tempo.
Com a retirada do carregamento, parte das deformações são recuperadas elasticamente e
outra parte de maneira lenta, mas uma deformação residual devido ao rearranjo entre as
partículas de gel permanece.

As deformações por fluência são da ordem de 1 a 3 vezes a deformação inicial, o que pode
causar aumento de deslocamentos com o tempo, em geral o aumento é adotado entre 2,5 a
3 vezes.
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➢Determinação da Resistência à Compressão do Concreto:

Curva de Gauss para fck – Apostila Prof. Libânio Pinheiro.

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➢Determinação da Resistência à Compressão do Concreto:
Módulo de Elasticidade Inicial,
com fc e E em MPa.

Módulo Secante, empregado para


verificações no E.L.S. na maioria
das estruturas.

Tensão genérica no trecho


parábola-retângulo no diagrama
idealizado.

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➢Determinação da Resistência à Compressão do Concreto:
O coeficiente 0,85 leva em conta:
- Efeitos de longa duração (provoca a diminuição da resistência do concreto, - 25%);
- Aumento da resistência à compressão após 28 dias (quando se considera ter esta atingido
seu valor máximo, + 20%);
- Diferenças entre corpos de prova e estrutura executada (- 5%).

0,85 = 0,75 x 1,20 x 0,95


➢Coeficiente de Poisson:

O coeficiente de Poisson (relação entre as deformações longitudinais e transversais) varia


entre 0,15 e 0,25, mas por ter pequena influência no cálculo de estruturas a NBR 6118
estipula valor fixo de 0,2, para valores de tensões menores que 0,5fc e de tração menores que
fct.

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➢Gráfico s x d do Aço para Concreto Armado:

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