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Matematica Discreta
Matematica Discreta
discreta
licenciatura em
matemática
Licenciatura em Matemática
Matemática Discreta
Fortaleza, CE
2012
Créditos
Presidente Maria Vanda Silvino da Silva
Dilma Vana Rousseff Marília Maia Moreira
Ministro da Educação Saskia Natália Brígido Batista
Aloizio Mercadante Oliva Equipe Arte, Criação e Produção Visual
Secretário da SEED Benghson da Silveira Dantas
Carlos Eduardo Bielschowsky Cícero Felipe da Silva Figueiredo
Diretor de Educação a Distância Elson Felipe Gonçalves Mascarenha
João Carlos Teatini Germano José Barros Pinheiro
Reitor do IFCE Gilvandenys Leite Sales Júnior
Cláudio Ricardo Gomes de Lima José Stelio Sampaio Bastos Neto
Pró-Reitor de Ensino Lucas de Brito Arruda
Gilmar Lopes Ribeiro Marco Augusto M. Oliveira Júnior
Diretora de EAD/IFCE e Coordenadora Equipe Web
UAB/IFCE Benghson da Silveira Dantas
Cassandra Ribeiro Joye Fabrice Marc Joye
Vice-Coordenadora UAB Herculano Gonçalves Santos
Cristiane Borges Braga Lucas do Amaral Saboya
Coordenadora do Curso de Samantha Onofre Lóssio
Tecnologia em Hotelaria Tibério Bezerra Soares
Fabíola Silveira Jorge Revisão Textual
Coordenadora do Curso de Aurea Suely Zavam
Licenciatura em Matemática Nukácia Meyre Araújo de Almeida
Priscila Rodrigues de Alcântara Revisão Web
Elaboração do conteúdo Antônio Carlos Marques Júnior
Marcos Antônio de Macedo Débora Liberato Arruda Hissa
Colaboradora Saulo Garcia
Lívia Maria de Lima Santiago Logística
Equipe Pedagógica e Design Instrucional Francisco Roberto Dias de Aguiar
Ana Claúdia Uchôa Araújo Secretários
Andréa Maria Rocha Rodrigues Breno Giovanni Silva Araújo
Carla Anaíle Moreira de Oliveira Francisca Venâncio da Silva
Cristiane Borges Braga Auxiliar
Eliana Moreira de Oliveira Ana Paula Gomes Correia
Gina Maria Porto de Aguiar Vieira Bernardo Matias de Carvalho
Glória Monteiro Macedo Charlene Oliveira da Silveira
Iraci Moraes Schmidlin Nathália Rodrigues Moreira
Irene Moura Silva Virgínia Ferreira Moreira
Isabel Cristina Pereira da Costa Wagner Souto Fernandes
Jane Fontes Guedes
Karine Nascimento Portela
Lívia Maria de Lima Santiago
Luciana Andrade Rodrigues
Márcia Roxana da Silva Régis
Maria Irene Silva de Moura
Catalogação na fonte: Islânia Fernandes Araújo (CRB 3 nº 917)
ISBN 978-85-475-0006-1
CDD – 510
Apresentação 7
Referências 121
Currículo 123
SUMÁRIO
AULA 1 Análise Combinatória I 8
Tópico 1 Princípio da Contagem e Arranjos Simples 9
Tópico 2 Permutação Simples e Combinação Simples 16
AULA 7 Grafos 96
Tópico 1 Conceitos de Grafos 97
Tópico 2 Definição de isomorfismo e exemplos de grau
de um vértice, complemento, caminho e circuito
101
6 Matemática Discreta
APRESENTAÇÃO
Caro(a) aluno(a),
Esta disciplina é planejada para proporcionar ao aluno uma base razoável sobre os conceitos
da Matemática usados na Matemática Discreta. Discutiremos vários resultados e métodos da
Matemática Discreta nas áreas de combinatória, da teoria dos números, por meio de divisores
e primos, da probabilidade e teoria dos grafos.
Nas três primeiras aulas, serão apresentadas as ferramentas da análise combinatória, inclusive
aquelas não encontradas com muita frequência nos livros didáticos, mas que julgamos de
grande importância quando se estudam técnicas de agrupamentos.
Na quarta aula, embora o assunto sobre conjunto tenha sido trabalho de modo sucinto,
procuramos dar um tratamento um pouco mais formal e com isso acreditamos que estaremos
fornecendo um conjunto de mecanismos para que o aluno possa manipular de modo
adequado a linguagem da teoria dos conjuntos.
APRESENTAÇÃO 7
AULA 1 Análise Combinatória I
Caro(a) aluno(a),
Objetivos
8 Matemática Discreta
TÓPICO 1 Princípio da Contagem e
Arranjos Simples
O bjetivos
• Compreender o conceito básico de contagem através do
Princípio Fundamental da Contagem
• Definir Arranjos Simples
• Conhecer alguns problemas com a aplicação do Princípio
Fundamental da Contagem
AULA 1 TÓPICO 1 9
Vejamos alguns casos:
Exemplo 1:
Vamos provar que a soma dos n primeiros números naturais é dada por
n (n + 1)
S(n) = .
2
Solução:
n (n + 1)
Temos S(n) = 1 + 2 + 3 + 4 + . . . + (n-1) + n =
2
k (k + 1)
Dessa forma S(k) = 1 + 2 + 3 + 4 + . . . + k = (*)
2
Exemplo 2:
Prove que a soma dos n primeiros números ímpares é dada pela expressão
S(n) = n2
Solução:
Temos S(n) = 1 + 3 + 5 + . . . + (2n-1) = n2
Condição inicial: Observamos que S(1) é imediato.
Hipótese de indução: Supondo-se S(k) = k2 ; se S(k + 1) for verdadeiro,
então a proposição vale para todos os números reais.
Dessa forma S(k) = 1 + 3 + 5 + 5. . . + 2k-1 = k2
10 Matemática Discreta
Aumentando um termo do lado esquerdo da igualdade acima,
temos S(k + 1) = 1 + 3 + 5 + . . . + (2k + 1) = (2k + 1)2 , que equivale
a S(k + 1) = 1 + 3 + 5 + . . . + (2k + 2 - 1) = (2k + 1) ou, 2
ainda,
S(k + 1) = 1 + 3 + 5 + . . . + [2(k + 1) - 1] = (2k + 1) . 2
Fazendo (k + 1) = n ,
chegamos a S(n) = 1 + 3 + 5 + . . . + (2n-1) = n , o que prova nossa relação.
2
Exemplo 3:
Uma mulher dispõe de 3 saias (s1 , s2 , s3 ) e 4 blusas (b1 , b2 , b3 ,b4 ) . De
quantos modos é possível vesti-la com uma saia e uma blusa?
Solução:
É fácil ver que há 4 modos de vesti-la nos quais a saia é s1 , outros 4 nos
quais a saia é s2 e outros 4 nos quais a saia é S3. O número de modos é, portanto,
4 + 4 + 4 = 3´ 4 = 12 .
O exemplo acima ilustra o “Princípio Fundamental da Contagem”, que diz:
Se uma ação é composta por várias etapas dependentes uma das outras, o número
de possibilidades possível de realizar essa ação é o produto de possibilidades de cada etapa.
Assim, para o problema anterior, a ação “vestir-se com uma saia e uma blusa”
é composta por duas etapas:
1ª etapa: vestir uma blusa (três possibilidades)
2ª etapa: vestir uma saia (quatro possibilidades)
Assim, há 3x4=12 modos de vesti-la. Veja abaixo a descrição de todos os modos.
(b1 , s1 ), (b1 , s2 ), (b1 , s3 ), (b2 , s1 ), (b2 , s3 ), (b3 , s2 ), (b3 , s3 ), (b4 , s1 ),
(b4 , s2 ), (b4 , s3 ).
Exemplo 4:
Quantas centenas podem ser formadas com os algarismos 0, 1, 2, 3, 4, 5 e 6?
Solução:
A ação de formar uma centena é composta por três etapas:
1ª etapa: colocar o algarismo das centenas (entre os sete algarismos devemos
escolher um dos seis para compor o algarismo das centenas, já que o número não
pode iniciar com “zero”.
AULA 1 TÓPICO 1 11
6 7 7
Assim, temos 6 possibilidades para o primeiro número, 7 possibilidades para
o algarismo das dezenas e 7 modos de escolher o algarismo das unidades. Pelo
Princípio da Contagem, temos:
6.7.7 = 294 centenas.
Exemplo 5:
Quantas centenas com algarismos distintos podem ser formadas com os
algarismos 0, 1, 2, 3, 4, 5 e 6?
Solução:
A ação de formar uma centena é composta por três etapas:
1ª etapa: colocar o algarismo das centenas (entre os sete algarismos devemos
escolher um dos seis para compor o algarismo das centenas, já que o número não
pode iniciar com “zero”
6 6 5
Assim, temos 6 possibilidades para o primeiro número, 6 possibilidades para
o algarismo das dezenas (não podemos repetir elementos) e 5 modos de escolher
o algarismo das unidades já que, dos sete números já foram escolhidos dois . Pelo
Princípio da Contagem, temos:
6.6.5 = 130 centenas.
12 Matemática Discreta
centena (grupo) não constitui um arranjo simples, pois apresenta algarismos
repetidos, como é o caso da centena 444 ou 332. Esse tipo de agrupamento será
estudado no próximo tópico.
Exemplo 6:
Quantos arranjos simples, a partir de n ate n ç ão !
elementos, são possíveis formar com p elementos
Para resolvermos problemas de arranjos simples
distintos? tanto podemos usar a técnica de multiplicar entre
si os números de possibilidades das etapas (como
Solução:
vimos nos exemplos 4 e 5) como podemos usar
Devemos a partir de n elementos, formar n!
a fórmula A n,p = , muito embora na
grupos com p elementos distintos, com p £ n. (n - p)!
maioria das situações seja aconselhável usar o
Pelo Princípio Fundamental da Contagem primeiro caso.
(PFC), temos:
n.(n - 1).(n - 2).(n - 3) . . . [n-(p + 1)] (**)
multiplicando o numerador e o denominador da expressão (**) por (n - p)! temos:
n!
Assim A n,p = em que A n,p se lê:
(n - p)! guar de b e m i s s o !
“Arranjo de n elementos tomados de p a p”
A técnica para contar agrupamentos em que
Resolução:
Existem 4 possibilidades de escolha para a primeira questão; a segunda,
quatro possibilidades, etc. Assim, pelo PFC, temos 4.4.4. . . .4=48.
AULA 1 TÓPICO 1 13
Resolução:
a) Vamos contar os números separadamente, da seguinte forma:
Se o número começar com 3, 4 ou 5, há 4 modos de selecionar o segundo; 8, o
terceiro; e 7, o quarto. Há, portanto 3.4.8.7 = 672 números começados por 3, 4 ou
5. Se o número começar com 6, 7, 8 ou 9, há 3 modos de selecionar o segundo; 8, o
terceiro; e 7, o quarto. Há, portanto 4.3.8.7 = 672 números começados por 6, 7, 8
ou 9. Assim temos 672 + 672 = 1344 .
n!
Observe que o problema poderia ter sido resolvido usando a fórmula A n,p =
(n - p)!
a . Se o número começar com 3, 4 ou 5, há 4 modos de selecionar o segundo; 8, o terceiro;
3! 4! 8! 7!
e 7, o quarto. Há, portanto, A3,1 . A 4,1 . A8,1 . A7,1 ou . . .
(3-1)! (4-1)! (8-1)! (7-1)!
que corresponde a 672 números começados por 3, 4 ou 5. Se o número começar com 6,
7, 8 ou 9, há 3 modos de selecionar o segundo; 8, o terceiro; e 7, o quarto. Há, portanto,
4! 3! 8! 7!
A 4,1 . A3,1 . A8,1 . A7,1 ou . . . , o que corresponde a 672.
(4-1)! (3-1)! (8-1)! (7-1)!
Assim 672+672=1344.
Resolução:
Vamos dividir as extrações em três etapas:
i) a primeira carta é um 2 de paus.Neste caso há 1 modo de selecionar a
primeira carta, 3 modos de selecionar a segunda carta (já que temos apenas quatro
2 e a de paus já foi escolhida) e 46 modos de selecionar a terceira carta.
ii) a primeira carta é um 8 de paus. Neste caso há um modo de escolher
a primeira carta, 4 maneiras de escolher a segunda e 47 maneiras de escolher a
terceira carta.
iii) a primeira carta é de paus (com exceção do 2 de paus e 8 de paus que já
foram escolhidos). Neste caso há 11 maneiras de escolher a primeira carta, 4 modos
de escolher a segunda carta e 46 maneiras de escolher a terceira carta.
14 Matemática Discreta
Assim, temos: 1.3.46 + 1.4.47 + 11.4.26 = 2350 .
Resolução:
Decompondo 3600 em fatores primos, chegamos a 3600 = 24. 32. 52 .
Os divisores inteiros e positivos de 3600 são números do tipo 2m . 3n . 5z , com
m Î {0, 1, 2, 3, 4}, n Î {0, 1, 2}, z Î {0, 1, 2}. Assim queremos encontrar
S = å (2m . 3n . 5z ). Para z = 0, z = 1 e z = 2 temos:
S = å (2m . 3n . 50 ) + å (2 m
. 3n . 51 ) + å (2 m
. 3n . 52 ) =
å (2 m
. 3n ) + 5å (2m . 3n ) + 25å (2m . 3n ) = 31.å (2m . 3n )
Para n = 0, n = 1 e z = 2 temos:
S = 31. éêë å (2 m
. 30 ) + å (2 m
. 31 ) + å (2 . 3 ) ùúû
m 2
=
31.( å 2m + 3å 2m + 9å 2m ) ou S = 31.13 (å 2 + å 2m m
+ å2 ) m
AULA 1 TÓPICO 1 15
TÓPICO 2
Permutação Simples e
Combinação Simples
O bjetivos
• Conhecer duas ferramentas básicas da combinatória que
são: permutação simples e combinação simples
• Propiciar a manipulação do Princípio Fundamental da
Contagem no cálculo das permutações simples e combi-
nações simples
16 Matemática Discreta
• Cada permutação simples de n objetos distintos nada mais é do que
um arranjo simples em que n = p , ou seja, n = p Þ A n , p = Pn .
n!
Assim, Pn = A n , n = = n! a.
(n - n)!
os resolvidos
1. Quantos são os anagramas da palavra DISCRETA:
a. que começam por consoantes e terminam por vogal?
b. que têm as letras I, C, T juntas nessa ordem?
c. que têm as letras I, C, T juntas em qualquer ordem?
d. que têm a letra S em 2º lugar e a letra D em 3º lugar?
e. que têm a letra T em 2º lugar ou a letra R em 3º lugar?
Solução:
a) Há 5 modos de escolher a consoante que será a primeira letra do anagrama
e 3 modos de escolher a última letra do anagrama. Em seguida, há 6! modos
de organizar as demais letras entre a primeira e a última. Assim, pelo PFC
temos: 5.3.6!=10800.
b) Vamos considerar ICT uma única letra. Assim, temos: 6!=720.
c) Considerando ICT uma única letra, temos 6!. Em seguida escolhemos a
ordem em que as letras I, C e T aparecerão, 3!. Dessa forma, pelo PFC a
resposta é 3!.6!=6.720=4320.
d) Temos 1 modo de escolher a 2ª letra e 1 modo de escolher a 3ª letra do
anagrama. Depois há 6! modos de organizar o restante das letras. Pelo PFC,
6!.1.1=720.
e) Vamos considerar dois conjuntos A e B. A é o conjunto dos anagramas que
têm a letra T na segunda posição e B é o conjunto dos anagramas que têm R
na terceira posição. Queremos determinar o número de anagramas que têm T
na segunda posição ou R na terceira posição, portanto queremos determinar
n(A È B).
n(A)=7!, n(B)=7! e n(A Ç B) = 6!
Assim, usando a fórmula
n(A È B) = n(A) + n(B)-n(A Ç B) , chegamos a:
n(A È B) = 7!+ 7!- 6! = 6!(7 + 7 - 1) = 9360 .
AULA 1 TÓPICO 2 17
a. qual lugar ocupa o número 38512?
b. qual número ocupa o 61º lugar?
c. qual o 76º algarismo escrito?
d. qual a soma dos números formados?
Solução:
a) Vamos contar quantos números antecedem o 385129. Começados por 1
temos 4!=24 começados por 2 temos 4!=24 começados por 31 temos 3!=6
começados por 32 temos 3!=6 começados por 35 temos 3!=6 começados por
381 temos 2!=2 começados por 382 temos 2!=2
O maior número formado começado por 382 é o número 38251, que, por sua
vez, ocupa a 70ª posição, já que 2.24+3.6+2.2=70. Assim, 38512 é o 71º lugar.
b) Há 4!=24 números começados por 1, 4!=24 números começados por 2,
3!=6 números começados por 31, 3!=6 números começados por 32. Até aqui
temos 2.4!+2.3!=60. O 61º número é 35128.
c) Considerando que cada número tem 5 algarismos e 76, quando dividido por
5, dá 15 e deixa resto 1, podemos concluir que 15.5=75 algarismos formam
exatamente 15 números e o 76º algarismo é o primeiro algarismo do 16º número.
Para se determinar o 16º número, observamos que:
3!=6 começam com 12, 3!=6 começam com 13, 2!=2 começam com152 e 2!=2
começam com 153. Logo, o 16º número é 15382 e a resposta é 1.
d) Nas casas das unidades desses números aparecem apenas os algarismos
1, 2, 3, 5 e 8. Cada um deles 4!=24 vezes. Assim, a soma das unidades é
24(1 + 2 + 3 + 5 + 8) = 456. A soma das dezenas é feita de forma semelhante,
ou seja, a soma das dezenas é 456 dezenas que dá 4560. Seguindo esse
raciocínio, a soma das centenas é 45600; a soma das unidades de milhar é
456000 e, para finalizar, a soma das dezenas de milhar é igual a 4560000.
Assim, temos 456 + 4.560 + 45.600 + 456.000 + 4.560.000 = 5.066.616 .
Solução:
Os A8, 2 nos dão todas as formas possíveis de organizar 1, 2 e 6 nas oito
posições existentes. Considerando que, para cada modo de arrumar 1, 2 e 6 em três
determinadas posições, apenas uma está na ordem desejada, dividimos A8, 3 por
3!. Por outro lado, para cada forma de organizar 1, 2 e 6 na ordem desejada, temos
18 Matemática Discreta
A8, 3 8! 8!
permutação das cinco restantes. Assim, temos: .5! = . 5 ! = = 6720
3! 5! 3! 3!
Solução:
A divisão pode se feita colocando as 12 pessoas em fila e dividindo-as de
modo que um dos grupos seja formado pelas 4 primeiras pessoas, outro formado
pelas 4 últimas e o terceiro grupo formado pelas 4 pessoas restantes.
Há 12! modos de colocar as pessoas em fila, porém, neste caso, algumas
divisões e alguns grupos foram contados indevidamente:
Considere a divisão abcd/efgh/ijlm . Ela é idêntica a abcd/ijlm/efgh que
por sua vez é idêntica a ijlm/abcd/efgh (as divisões formadas são as mesmas).
Observe que, para cada divisão, temos 3! divisões semelhantes. Da mesma forma,
o grupo o abcd , por exemplo, possui 4! grupos semelhantes. Assim, para cada
grupo, temos 4! grupos idênticos. Em suma, na contagem 12!, cada divisão foi
12!
contada 3! vezes e cada grupo contado 4! vezes. A resposta é = 5.775
4! 4! 4! 3!
A seguir, introduziremos o conceito de um tipo de agrupamento cuja técnica
de resolução nos permitirá resolver problemas com este de maneira simples: a
combinação simples.
AULA 1 TÓPICO 2 19
arranjos diferem um do outro pela ordem de seus elementos. Na nossa contagem os
grupos {a,e,i} e {e,i,a}foram contados como se fossem distintos. Cada grupo com 3
5.4.3
elementos gera 3! grupos idênticos. A resposta é = 10 . Os subconjuntos são:
3!
{a,e,i}, {a,e,o}, {a,e,o}, {a,i,o}, {a,i,u}, {a,o,u}, {e,i,o}, {e,i,u}, {e,o,u},
{i,o,u}.
Exercícios resolvidos
1. Uma comissão formada por 4 homens e 3 mulheres deve ser escolhida
em um grupo de 7 homens e 6 mulheres. Quantas comissões podem ser
formadas?
Resolução:
Devemos selecionar 4 homens, o que pode ser feito de C7 , 4 modos,
e 3 mulheres, o que pode ser feito de C6 , 3 maneiras. Pelo PFC temos:
7! 6!
C7 ,4 . C6 ,3 = . = 700
4! 3! 3! 3!
20 Matemática Discreta
Resolução:
O dodecaedro regular é um poliedro formado por 12 pentáCada linha (aresta,
diagonal da face ou diagonal do poliedro) representa uma combinação do número
de vértices tomados de dois a dois. Um dodecaedro possui 12 faces pentagonais,
V vértices e A arestas.
Considerando as 12 faces, cada uma com 5 arestas, chegaríamos a 12.5=60
arestas, resultado falso, pois cada aresta é comum a duas faces, logo o número de
faces é 60/2=30.
n(n - 3) 5(5 - 3)
Por outro lado, cada face tem = = 5 diagonais, portanto
2 2
temos um total 5.12=60 diagonais da face. Vamos usar a relação de Euler para
Solução:
Inicialmente vamos contar aqueles números que começam com zero e depois
descontá-los do total.
A primeira casa deve ser ocupada pelo zero; há 1 modo de fazer isso. Há C5 ,2
modos de escolher as casas que serão ocupadas pelo algarismo 3; depois disso há
C3, 2 modos de escolher as casas que serão ocupadas pelo algarismo 9. Finalmente a
8 maneiras de preencher a casa restante. Assim, 1 . C5 ,2 . C3 ,2 . 8 = 240 números
nessas condições começam com zero. Agora vamos determinar todos os números
com a condição exigida, inclusive os que começam com zero. Há C6 ,2 modos de
escolher as casas que serão ocupadas pelo algarismo 3. Em seguida, há C4 ,2 modos
de escolher as casas que serão ocupadas pelo algarismo 9. Finalmente, pelo PFC,
há 8.8=64 modos de escolher as duas casas restantes que serão preenchidas pelos
8 algarismos restantes. Assim C6 ,2 . C4 ,2 . 64 = 5760 começam com zero ou não.
A resposta é 5760-240=5520.
AULA 1 TÓPICO 2 21
4. Vamos resolver o problema anterior considerando p = 4 , de modo mais
n!
simples usando a fórmula Cn,p = . O enunciado do problema é
p!(n - p)!
o seguinte: De quantos modos podemos dividir 12 pessoas em 3 grupos
de 4 pessoas cada?
Resolução:
Há C12, 4 modos de formar o 1º grupo; C8, 4 modos de formar o 2º grupo e
C4, 4 modos de formar o 3º grupo. Pelo PFC, temos C12, 4 . C8, 4 . C4, 4 , mas, ao
tomarmos três grupos e mudarmos a ordem, a divisão permanece a mesma, assim
devemos dividir o produto por 3!.
C . C . C4, 4
A resposta é 12, 4 8, 4 = 5.775
3!
22 Matemática Discreta
AULA 2 Análise
Combinatória II
Olá, aluno(a)!
Objetivo
AULA 2 23
TÓPICO 1 Permutação Circular e
Combinação Completa
O bjetivos
• Estender o conceito de permutação e de combina-
ção
• Compreender a forma mais específica e completa
desses elementos
24 Matemática Discreta
Figura 1: Permutação circular dos elementos A, B e C
Podemos observar que as três primeiras disposições podem coincidir entre si por
rotação e os mesmo acontece com as três últimas disposições, de maneira que (PC)3=2.
Note que nas permutações simples, os lugares que os objetos ocupam fazem
diferença, enquanto que nas permutações circulares o que interessa na verdade
é apenas a posição relativa entre os objetos. Podemos ver que nas três primeiras
posições temos a sequência no sentido anti-horário: A, B e C, ao passo que as três
últimas posições obedecem a sequência A, C, B no sentido anti-horário.
Se não levássemos em conta a equivalência entre as posições que possam
coincidir por rotação, teríamos 3! disposições. Considerando a equivalência, cada
permutação circular dá origem a 3 disposições. Assim,
3! 3.(3 - 1)!
(PC)3 = = = (3 - 1)! = 2!=2´1=2
3 3
AULA 2 TÓPICO 1 25
Exemplo1:
De quantos modos podemos dispor 5
pessoas em torno de uma mesa circular?
você sa bi a?
Solução:
A necessidade de calcular o número de Considerando que o que de fato importa
possibilidades existentes nos jogos gerou o estudo é a posição relativa das pessoas entre si, temos
dos métodos de contagem. Grandes matemáticos (PC)5 = (5 - 1)! = 4! = 24 .
se ocuparam com o assunto: o italiano Niccollo
Fontana (1500-1557), conhecido como Tartaglia, e Exemplo 2:
os franceses Pierre de Fermat (1601-1665) e Blaise De quantos modos 5 homens e 5 mulheres
Pascal (1623-1662).
podem sentar-se numa mesa circular, de modo
que pessoas do mesmo sexo não fiquem juntas?
Solução:
Há (PC)5 = (5 - 1)! = 4! = 24 modos de formar uma roda com mulheres. Depois
disso, os 5 homens devem ser postos nos 5 lugares entre as mulheres, o que pode
ser feito de 5! modos. Assim, temos 4!. 5! = 24 . 120 = 2.880.
Exemplo 3:
De quantos modos n casais podem formar uma roda de ciranda de modo que
cada homem permaneça ao lado de sua mulher?
Solução:
(PC) n = (n - 1)! m de formar uma roda com as n mulheres. Em seguida, para
cada um dos n maridos há dois modos de entrar na roda: a direita ou a esquerda de
sua mulher. Assim, a resposta é (n - 1)! 2n .
26 Matemática Discreta
escolher 5 objetos entre os 8 objetos distintos, podendo escolher o
mesmo objeto mais de uma vez ou não escolher, obviamente, um
certo objeto. Dessa forma, a diferença entre a combinação simples
de n elementos tomados de p a p ( Cn,p ), estudada na aula anterior,
e a combinação completa de classe p de n objetos ( CR n,p ) reside no
fato de que, no primeiro caso, os elementos p devem ser distintos,
ao passo que no segundo caso os elementos p podem ser distintos ou
não. Assim, por exemplo, se considerarmos os elementos a, b, c e d,
as combinações completas de classe 3 são
aaa aab bba cca dda abc bbb aac bbc ddb ccb abd
ccc aad bbd ccd acd ddc ddd bcd,
ou seja, CR 4, 3 = 20.
• Outra forma de interpretar o problema do sorvete é a seguinte:
AULA 2 TÓPICO 1 27
Figura 2 – representação de uma solução da equação x1 + x 2 + x3 + x 4 + . . . + x8 = 5
Podemos observar que para formar uma solução devemos arrumar em fila
de 5 bolas (pois em cada solução o total de unidades nas incógnitas é 5) e 6 traços
(para separar 8 incógnitas, usamos 7 traços). Assim o número total de soluções são
as permutações dos 12 elementos (5 bolas e 7 traços) com 5 e 7 repetições, ou seja
12!
+7) =
P(55,7 = 792 .
5!7!
Exercícios resolvidos
1. Quantas são as soluções inteiras e não negativas de x + y + z = 6?
Solução:
8!
CR3, 6 = C3+6-1, 6 . = C8,6 = = 28
6!.2!
28 Matemática Discreta
2. De quantos modos podemos comprar 3 refrigerantes em uma
supermercado onde há 5 tipos de refrigerantes?
Solução:
7!
CR5, 3 = C5+3-1, 3 . = C7,3 = = 35 p
3!.4!
Solução:
Considerando que x + y + z £ 6, então x + y + z = 6, x + y + z = 5,
x + y + z = 4, x + y + z = 3, x + y + z = 2, x + y + z = 1 e x + y + z = 0. Assim,
temos:
CR3, 6 + CR3, 5 + CR3, 4 + CR3, 3 + CR3, 2 + CR3, 1 + CR3, 0 =
C8 , 6 + C7 , 5 + C6 , 4 + C5 , 3 + C4 , 2 + C3 , 1 + C3 , 0 =
8! 7! 6! 5! 4! 3! 3!
+ + + + + + =
6! 2! 5! 2! 4! 2! 3! 2! 2! 2! 2! 3!
28 + 21 + 15 + 10 + 6 + 3 + 1 = 84 .
Solução:
Para garantirmos que as incógnitas x, y e z sejam maiores que 1, devemos
ter: x = 1 + a, y = 1 + b e z = 1 + c. Assim, a equação x + y + z = 18 fica
a + b + c = 15. Resolvendo-a, chegamos a CR3, 15 = 136
AULA 2 TÓPICO 1 29
TÓPICO 2
Permutações Caóticas
e os Lemas de Kaplansky
O bjetivos
• Proporcionar ao aluno um conhecimento sobre técnicas
de permutações caóticas
• Desenvolver o raciocínio combinatório através dos
estudos dos Lemas de Kaplansky para resolução de
problemas
sa i ba ma i s!
O trabalho de Kaplansky em Matemática é amplo,
embora na maior parte esteja em áreas de Álgebra.
E mbora existam outras ferramentas
relacionadas às permutações e
combinações, como por exemplo,
as “permutações especiais”, que envolvem outras
definições, vamos nos limitar apenas ao estudo
Ele fez grandes contribuições para a teoria dos
anéis, teoria dos grupos e teoria de campo. Fonte: de dois tipos de técnicas de agrupamentos que
<http://www.apprendre-math.info/portugal/ são as Permutações Caóticas, também conhecida
historyDetail.htm?id=Kaplansky>. como desarranjo e os Lemas de Kaplansky .
S0 = #(F) = n! e
30 Matemática Discreta
n n
S1 = å #(A i ) = å (n-1) ! = n (n-1) ! = n!
i=1 i=1
n!
S2 = å # (A i Ç A j ) = å (n-2) ! = Cn,2 (n-2) ! =
1£i<j£ n 1£i<j£ n 2
n!
S3 = å # (A i Ç A j Ç A k ) . . . Sn = Cnn (n - n)! = .
1£i<j<k£ n n!
Em que #(A i ) representa o número de elementos do conjunto A i .
Assim, o número de elementos de F que pertencem a exatamente zero dos
conjuntos A1 , A2 , A3 , . . . , A n é
n-0
a 0 = å ( - 1) k C0k+k S0+k
k=0
n
a 0 = å ( - 1) k Sk
k=0
n
a 0 = S0 - S1 + S2 - S3 + ... + (-1) Sn
n! n! n!
a0 = n ! - n ! + - + . . . + ( - 1) n
2 3 n!
é1 1 1 1 1 ( - 1) ùú
n
a 0 = n ! êê - + - + - . . . +
ëê 0! 1! 2! 3! 4! n! úûú
é1 1 1 1 1 (-1) ùú
n
D n = n ! êê - + - + - . . . +
ëê 0! 1! 2! 3! 4! n! úûú
é1 1 1 1 1 1ù æ 1 1 1 1 ÷ö
D5 = 5 ! ê - + - + - ú = 120 çç1 - 1 + - + - ÷ = 46
êë 0! 1! 2! 3! 4! 5! úû è 2 6 24 120 ÷ø
Exercício resolvido:
Quantas são as permutações dos elementos (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8) que tem
exatamente 3 elementos no seu lugar primitivo?
Solução:
A quantidade de possibilidades ou o número de modos de escolher os
elementos que ocuparão o seu lugar primitivo é C8, 3 . Depois disso, os outros cinco
elementos devem ser arrumados caoticamente, o que pode ser feito de D5 modos.
AULA 2 TÓPICO 2 31
Assim, temos:
8! æ1 1 1 1 1 1ö
C8, 3 . D5 = .5 ! çç - + - + - ÷÷÷
3!.5 ! è 0! 1! 2! 3! 4! 5! ø
C8, 3 . D5 = 56 . 44 = 2. 464.
32 Matemática Discreta
Exercício resolvido:
1. Considere uma fila de 10 cadeiras nas quais devem se sentar 4
mulheres, de modo que não fiquem duas mulheres sentadas em
cadeiras adjacentes. De quantas maneiras isso pode ser feito?
Solução:
Esse problema é composto por duas etapas: na primeira etapa,
devemos escolher 4 cadeiras não consecutivas, o que pode ser feito de
7!
f(10,4) = C10-4+1, 6 = C7, 6 = = 7. Na segunda etapa, devemos verificar de
6!.1!
quantas formas podemos sentar as 4 mulheres nas quatro cadeiras escolhidas,
o que pode ser feito de 4! modos diferentes. Assim, pelo PFC temos: P4! .
7!
f(10,4) = P4 . C10-4+1, 6 = P4 C7, 6 = 4! = 24.7 = 168.
6!.1!
Demonstração:
Vamos supor que os elementos do conjunto { 1, 2, 3, . . . ,n} estão
organizados em círculo como mostra a figura 5.
AULA 2 TÓPICO 2 33
Para formar os subconjuntos nos quais o elemento “1” faz parte,
devemos escolher p-1 elementos do conjunto { 1, 2, 3, . . . ,n-1} para serem
os companheiros do número “1” no subconjunto. Não podem ser escolhidos
elementos consecutivos. O número de maneiras resultantes dessa organização é
f (n-3;p-1) = Cn-3-(p-1)+1, p-1 = Cn-p-1, p-1 .
Para formar os subconjuntos nos quais o elemento “1” não faz parte, devemos
escolher p elementos em { 2, 3, . . . ,n} , não podendo ser escolhidos elementos
consecutivos. Isso pode ser feito de f(n-1,p) = Cn-1-p+1 = Cn-p, p . Assim a resposta é
(n - p - 1) ! ( n - p) !
Cn-p-1, p-1 + Cn-p, p = +
(p - 1) !(n - 2p) ! p!(n - 2p) !
(n - p - 1) ! p + (n-p) !
Cn-p-1, p-1 + Cn-p, p =
p!(n - 2p) !
p + (n-p)
Cn-p-1, p-1 + Cn-p, p = (n - p - 1) !
p!(n - 2p) !
(n - p - 1) !
Cn-p-1, p-1 + Cn-p, p = n
p!(n - 2p) !
æ n ÷ö é (n - p) ! ù
Cn-p-1, p-1 + Cn-p, p = çç ÷ ê ú
çè n - p ÷÷ø êê p!(n - 2p) ! úú
ë û
æ n ö÷
Cn-p-1, p-1 + Cn-p, p = ççç ÷÷ Cn-p, p
è n - p ÷ø
Exercício resolvido
Seis pessoas devem se sentar em 12 cadeiras postas em torno de uma mesa
circular. De quantas maneiras isso pode ser feito se não deve haver ocupação
simultânea de duas cadeiras consecutivas?
Solução:
O número de maneiras de escolher as cadeiras que serão usadas é
12
f (12, 6) = .C12-6, 6 Þ f (12, 6) = 2. C6, 6 Þ f (12, 6) = 2.
12-6
Escolhidas as cadeiras, há 6!=720 modos de indicá-las para as 6 pessoas.
Assim, pelo PFC temos 2 x 720=l440 modos de sentar 6 pessoas numa mesa circular
com 12 lugares, de modo que não se tenha duas cadeiras consecutivas ocupadas.
Nesta aula estudamos algumas técnicas de contagem que não aparecem com tanta
frequência nos livros didáticos, porém de grande importância no enriquecimento de
nossos conhecimentos matemáticos
34 Matemática Discreta
ati v i da de de a p ro fu n da m e n to
1. De quantos modos podemos formar uma roda de ciranda com 8
crianças, de modo que duas determinadas crianças não fiquem
juntas?
2. Quantas são as soluções inteiras e não negativas de x + y + z < 9?
3. Quantas são as soluções inteiras da equação x + y + z = 10 em
que x ³ 2, y ³ 2 e z ³ 2 ?
4. Quantas são as permutações dos elementos (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7) que
tem exatamente 4 elementos no seu lugar primitivo?
5. De quantas formas 6 homens podem se sentar numa fila de 14
cadeiras, de tal forma que não fiquem dois homens sentados em
cadeiras vizinhas?
6. Quantos são os anagramas da palavra PARAGUAI que não possuem
duas letras A consecutivas?
AULA 2 TÓPICO 2 35
AULA 3 Coeficientes Binomiais,
Triângulo de Pascal e
Números de Fibonacci
Caro(a) aluno(a), agora que estamos familiarizados com as ferramentas básicas
da análise combinatória, daremos continuidade aos nossos estudos através dos
Coeficientes Binomiais, Triângulo de Pascal e dos Números de Fibonacci.
Objetivos
36 Matemática Discreta
TÓPICO 1 Coeficientes Binomiais
Triângulo de Pascal
O bjetivos
• Conhecer os Coeficientes Binomiais
• Relacionar os Coeficientes binomiais e algumas de suas
propriedades ao triângulo de Pascal
AULA 3 TÓPICO 1 37
b. Relação de Stifel.
A relação de Stifel, também conhecida como regra de Pascal, é representada
æn + 1÷ö ænö æ n ÷ö
pela igualdade çç ÷÷ = çç ÷÷÷ + çç ÷.
çèp + 1÷ø çèp÷ø çèp + 1÷÷ø
Exemplo:
æ 5a-15 ö÷ æ 5a-15 ö÷ æ 5a-14 ö÷
ç ç ç
Para resolvermos a equação ççè 2a ÷ø÷÷ + èçç2a + 1 ÷ø÷÷ = èçç a-1 ÷ø÷÷ , utilizaremos a
relação de Stifel. Vejamos:
æ 5a-15 ÷ö æ 5a-15 ÷ö æ 5a-14 ÷ö æ 5a-14 ö÷ æ 5a-14 ö÷
çç ÷ + çç ÷ = çç ÷ Þ çç ÷ = çç ÷
çè 2a ÷÷ø èç2a + 1 ÷÷ø èç 2a + 1 ÷÷ø èç2a + 1 ø÷÷ èç a - 1 ø÷÷
æ 5a-14 ÷ö æ 5a-14 ö÷
çç ÷ = çç ÷ Þ ( 2a + 1 ) + ( a - 1 ) = 5a - 14
çè2a + 1 ÷÷ø èç a - 1 ø÷÷
æ nö æ nö æ nö æ nö
c. Para todo n natural têm-se: çç ÷÷÷ + çç ÷÷÷ + çç ÷÷÷ + . . . + çç ÷÷÷ = 2n
çè 0 ÷ø çè 1 ÷ø çè 2 ÷ø çèn÷ø
Para justificarmos a propriedade acima, vamos considerar o seguinte problema:
um conjunto A tem n elementos. Quantos são os subconjuntos desse conjunto?
Solução:
Com 1 elemento temos Cn, 1 ; com 2 elementos, temos Cn, 2 elementos; com 3
elementos, temos Cn, 3 . . . com n elementos, temos Cn, n . Além desses, temos mais
38 Matemática Discreta
1 conjunto que é o vazio. Assim o número de subconjuntos de um conjunto com
n elementos é 1 + Cn, 1 + Cn, 2= + Cn, 3 + . . . + Cn,n (*). Outra forma de resolver este
problema é imaginando que a ação de formar um subconjunto é formada por várias
etapas em que devemos decidir, em cada etapa, se um dado elemento pertencerá ou
não ao subconjunto. Dessa forma, para o primeiro elemento, temos 2 possibilidades
(ele pertencerá ou não pertencerá ao subconjunto); para o segundo elemento,
temos também duas possibilidades e assim em diante. Seguindo esse raciocínio
para os demais elementos e usando o Principio Fundamental da Contagem, temos:
2x 2 x 2 x . . . x 2 ( n vezes ), ou seja 2n (**). Igualando os resultados (*) e (**), temos:
æ nö æ nö æ nö æ nö
1 + Cn, 1 + Cn, 2= + Cn, 3 + . . . + Cn,n = 2n ou çç ÷÷÷ + çç ÷÷÷ + çç ÷÷÷ + . . . + çç ÷÷÷ = 2n .
çè 0 ÷ø çè 1 ÷ø çè 2 ÷ø çèn÷ø
Exemplo:
Uma casa tem 6 portas. De quantos modos pode ser aberta essa casa?
Solução:
Há C6, 1 maneiras de abrir a casa, usando apenas uma só porta; C6, 2
maneiras de abrir a casa, usando duas portas, e assim em diante. A resposta é:
æ6ö æ6ö æ6ö
C6, 1 + C6, 2= + C6, 3 + . . . + C6, 6 = çç ÷÷÷ + çç ÷÷÷ + . . . + çç ÷÷÷ = 26 - 1 = 63 l
çè1ø÷ çè2÷ø çè6÷ø
AULA 3 TÓPICO 1 39
æ 0 ö÷ æ 0 ö÷
çç ÷ çç ÷
çè 0 ÷÷ø çè 0 ÷÷ø
æ 1 ÷ö æ 1 æ 1 ÷ö æ 1 ÷÷ö
çç ÷ çç ÷÷ö çç ÷ çç
çè 0 ÷÷ø çè 1 ÷÷ø çè 0 ÷÷ø çè 1 ÷÷ø
æ 2 ÷ö æ 2 æ 2 ÷ö æ 2 ÷÷ö æ 2ö
çç ÷ çç ÷÷ö æ 2ö
çç ÷÷ çç ÷ çç çç ÷÷
çè 0 ÷÷ø çè 1 ÷÷ø çè 2 ÷÷ø çè 0 ÷÷ø çè 1 ÷÷ø çè 2 ÷÷ø
ou
æ 3 ö÷ æ 3 ö÷ æ 3 ö÷ æ 3 ö÷ æ 3 ÷ö æ 3 ÷ö æ 3 ÷ö æ 3 ÷ö
çç ÷ çç ÷ çç ÷ çç ÷ çç ÷ çç ÷ çç ÷ çç ÷
çè 0 ÷÷ø çè 1 ø÷÷ èç 2 ø÷÷ èç 3 ø÷÷ çè 0 ÷÷ø çè 1 ÷÷ø çè 2 ÷÷ø çè 3 ÷÷ø
............................................ ............................................
æ n ö÷ æ n ö÷ æ n ö÷ æ n ö÷ æ n ö÷ æ n ÷ö æ n ö÷ æ n ö÷ æ n ö÷ æ n ö÷ æ n ö÷ æ n ö÷
çç ÷ çç ÷ çç ÷ çç ÷ çç ÷...çç ÷ çç ÷ çç ÷ çç ÷ çç ÷ çç ÷ ... çç ÷
çè 0 ø÷÷ èç 1 ø÷÷ èç 2 ø÷÷ èç 3 ø÷÷ èç 4 ø÷÷ çè n ÷÷ø çè 0 ø÷÷ èç 1 ø÷÷ èç 2 ø÷÷ èç 3 ø÷÷ èç 4 ø÷÷ èç n ø÷÷
1ª Forma 2ª Forma
Acima estão as duas formas triangulares que são abordadas por diferentes
autores. Para efeito de clareza, adotaremos a 2ª forma. Entretanto, antecipamos:
não fazemos distinção quanto às propriedades, uma vez que as linhas são formadas
pelos mesmos números.
æ 0 ö÷
linha 0 çç ÷÷
çè 0 ÷ø
æ 1 ö æ1ö
linha 1 çç ÷÷÷ çç ÷÷
çè 0 ÷ø çè1÷÷ø
æ 2 ö æ 2 ö æ 2 ö
linha 2 çç ÷÷÷ çç ÷÷ çç ÷÷
èç 0 ÷ø çè 1 ÷÷ø çè 2 ÷÷ø
æ 3 ö æ 3 ö æ 3ö æ 3 ö÷
linha 3 çç ÷÷÷ çç ÷÷÷ çç ÷÷÷ çç ÷
çè 0 ÷ø çè 1 ÷ø çè 2 ÷ø çè 3 ÷÷ø
............................................
æ n ö æ n ö÷ æ n ö÷ æ n ö÷ æ n ö÷
linha n çç ÷÷÷ çç ÷ çç ÷ çç ÷ . . . çç ÷
çè 0 ÷ø èç 1 ø÷÷ èç 2 ø÷÷ èç 3 ø÷÷ èç n ø÷÷
Coluna 0
Coluna 1
Coluna 2
Coluna 3
Coluna n
Figura 2:As linhas são as filas horizontais, e as colunas, as filas verticais
40 Matemática Discreta
Ao substituirmos cada coeficiente
binomial pelo seu valor, obteremos:
1
1 1 ate n ç ão !
1 2 1
O Triângulo de Pascal também é conhecido como
1 3 3 1
Triângulo Aritmético de Tartaglia, e recebe estes
1 4 6 4 1
nomes em homenagem a Nicolo Fontana Tartaglia,
1 5 10 10 5 1
matemático italiano (1500-1557) e Blaise Pascal,
..........................
matemático, filósofo e físico francês (1623-1662).
1
1 1
1 2 1 æ2öæ2ö
çç ÷÷çç ÷÷ = 1 + 2 = 3
÷÷ç1 ø÷÷
çè0øè
1 3 3 1
1 4 6 4 1 æ3÷ö
çç ÷ = 3
1 5 10 10 5 1 èç1 ÷÷ø
..........................
Figura 3:Triângulo de Pascal aplicando a relação de Stifel
c. Em qualquer linha do triângulo de Pascal, os coeficientes equidistantes
dos extremos são iguais.
Justificativa: Propriedade dos binomiais complementares.
Veja abaixo o exemplo ilustrativo.
Na linha 7 do Triângulo de Pascal, temos:
æ 7 ö æ7ö æ7 ö æ7
ççç ÷÷÷÷ ççç ÷÷÷÷ ççç ÷÷÷÷ ççç ÷÷ö æ 7 ö æ7
çç ÷÷ çç ÷÷ö æ7 ö æ7
çç ÷÷ çç ÷÷ö Û 1 7
21 35 35 21 7 1
è 0 ø è1ø è 2ø è 3 ÷÷ø çè 4 ÷÷ø çè 5 ÷÷ø çè 6 ÷÷ø çè 7 ÷÷ø
AULA 3 TÓPICO 1 41
d. A soma dos elementos da linha n é igual 2n.
n = 0 1 1 = 20
n = 1 1 1 1 + 1 = 21
n = 2 1 2 1 1 + 2 + 1 + 4 = 22
n = 3 1 3 3 1 1 + 3 + 3 + 1 = 8 = 23
n = 4 1 4 6 4 1 1 + 4 + 6 + 4 + 1 = 16 = 24
Exercícios resolvidos
1. Calcule a soma dos elementos da linha 11ª linha do triângulo de Pascal.
Solução:
A linha 11ª linha do triângulo de Pascal é a linha 10, já que a primeira linha
æ10ö æ10ö æ10ö æ10ö æ10ö æ10ö
é a linha zero, assim: çç ÷÷÷ + çç ÷÷÷ + çç ÷÷÷ + .çç ÷÷÷ + .. + çç ÷÷÷ + çç ÷÷÷ = 210 = 1024 .
çè 0 ø÷ çè 1 ÷ø çè 2 ÷ø çè 3 ÷ø çè 8 ÷ø çè 9 ÷ø
Resolução:
Vimos que o primeiro elemento de qualquer linha é sempre igual a 1. Daqui,
conseguimos deduzir que o segundo elemento, da linha mencionada, é 32.
Basta observamos o comportamento dos dois primeiros elementos de algumas
linhas do Triângulo de Pascal, para afirmarmos que na linha 33, o segundo elemento
é 32.
Porém, o que queremos é o terceiro elemento da linha seguinte, ou seja, da
linha 34.
42 Matemática Discreta
TÓPICO 2 Binômio de Newton
O bjetivo
• Utilizar os coeficientes binomiais no desenvolvimento de
potências do tipo (ax+b)n
•
N este tópico, começaremos analisando algumas situações, pois nossa
intenção é partir da necessidade de facilitar o desenvolvimento
de algumas potências.
Situação I - O desenvolvimento de ( x + y ) n para alguns valores de n são:
( x + y )0 = 1
• ( x + y )1 = 1x + 1y
• ( x + y )2 = (x + y).(x + y) = x2 + xy + yx + y2 = 1x2 + 2xy + 1y2
• ( x + y )3 = (x + y)2 .(x + y) = (1x2 + 2xy + 1y2 ).(x + y)
Þ (x + 1)3 = 1x3 + 3x2 y + 3xy2 + 1y3
Exemplo 1:
Podemos desenvolver ( x + y )3 , da seguinte forma:
( x + y )3 = (x + y) . (x + y) . (x + y)
Se aplicarmos a propriedade distributiva, em cada um dos fatores
escolheremos x ou y. Assim, cada termo do desenvolvimento envolve um produto
de três letras.
Para uma melhor compreensão, visualizemos na figura 1 o “Diagrama de
Árvore”.
AULA 3 TÓPICO 2 43
Figura 1: Arvore das possibilidades para o desenvolvimento (x+y)3
44 Matemática Discreta
Assim, iremos obter a seguinte fórmula:
æ nö æ nö æ nö
( x + y ) n = çç ÷÷÷ x n y 0 + çç ÷÷÷ x n - 1y1 + çç ÷÷÷ x n - 2 y2 +
çè 0 ø÷ èç 1 ø÷ èç 2 ø÷
æ nö n - 3 3 æ nö n - k k æ nö n
çç ÷÷÷÷ x y + ... + çç ÷÷÷÷ x y + ... + çç ÷÷÷÷ xy
çè 3 ø çèkø çènø
Exemplo 2:
( 2a + 2b2 )
3
O binômio é dado por:
Exemplo 3:
No desenvolvimento de (a + b)8 , os
coeficientes do 3º e do 7º termos são iguais.
vo c ê sab i a?
Justificativa:
Os coeficientes do 3º e do 7º termos são A linha n do Triângulo de Pascal é composta pelos
æ 8 ö æ 8 ö coeficientes binomiais do desenvolvimento do
dados por çç ÷÷÷ e çç ÷÷÷ , respectivamente, que, ( x+y )
n
èç 2 ø÷ çè 6 ÷ø Binômio de Newton , para os valores
pela Propriedade dos binomiais complementares, crescentes de n.
AULA 3 TÓPICO 2 45
Exercícios resolvidos
15
No desenvolvimento de ( x + y ) , qual o 9º termo?
Resolução:
Recorrendo à fórmula do Binômio de Newton, descobriremos que o termo é
æ 15 ö÷ 15 - 8 8
dado por çç
15
÷x y , ou seja, o 9º termo o binômio ( x + y ) é 6 435 x7 y8 .
çè 8 ÷÷ø
5
2. Desenvolva ( 2x - y ) , utilizando a fórmula do Binômio de Newton.
Resolução:
5
Podemos enxergar o binômio acima da seguinte forma: éë2x + (- y ) ùû ,
Logo,
5
( 2x - y ) = 32x5 - 80 x 4 y + 80 x3 y2 - 40 x2 y3 + 10 xy 4 - y5
4
æ 1 ö
3. Desenvolva e simplifique a potência çç a + b÷÷÷ .
è 2 ø
Resolução:
1 ö æ 4 ö æ1 ö æ 4 ö æ1 ö æ 4 ö æ1 ö
4 0 1 2
æ
ç a + b÷÷ = çç ÷÷÷ a 4 çç b÷÷ + çç ÷÷÷ a 3 çç b÷÷ + çç ÷÷÷ a 2 çç b÷÷ +
çè 2 ÷ø çè 0 ÷ø è 2 ÷ø èç 1 ÷ø è 2 ÷ø èç 2 ø÷ è 2 ø÷
æ 4 ö÷ 1 æ 1 ö3 æ 4 ö÷ 0 æ 1 ö4
çç ÷ a ç b÷÷ + çç ÷ a ç b÷÷
çè 3 ÷ø÷ çè 2 ø÷ èç 4 ø÷÷ èç 2 ø÷
46 Matemática Discreta
æ 4ö æ 4ö æ 4ö æ 4ö n!
Veja que çç ÷÷÷÷ = çç ÷÷÷÷ e çç ÷÷÷÷ = çç ÷÷÷÷ e lembre-se de que Cn, p =
èç0ø çè4ø çè1ø çè3ø p!(n - p)!
Simplificando, temos:
4
æ 1 ö 3 2 2 1 1 4
ç a + b÷÷ = a 4 + 2 a 3 b + ab + a b3 + b
çè ÷
2 ø 2 2 16
15
4. No desenvolvimento de (x - 3y) qual é a soma de todos os coeficientes?
Resolução:
æ 5ö æ5ö æ5ö æ5ö æ 5ö æ5ö
( x - 3 y )5 = çç ÷÷÷ x5 + çç ÷÷÷ x 4 (-3y) + çç ÷÷÷ x3 (-3y) + çç ÷÷÷ x2 (-3y) + çç ÷÷ x (-3y)4 + çç ÷÷ (-3y)5
2 3
15
Os coeficientes de (x - 3y) são: 1, (-15), 90, (-270), 405 e (-243) .
Sendo assim, a soma é: 1+ (-15) + 90 + (-270) + 405 + (-243) = -32
Vimos neste tópico que os coeficientes binomiais nos ajudam no
desenvolvimento de algumas potências, que são conhecidas como Binômio de
Newton. No próximo tópico, conheceremos a sequência de Fibonacci, assim como
algumas relações entre os números que compõe essa relação.
AULA 3 TÓPICO 2 47
TÓPICO 3 Números de Fibonacci
O bjetivos
• Conhecer a sequência dos números de Fibonacci e algu-
mas relações entre os números desta sequência
• Entender as aplicações dos números de Fibonacci na
natureza
48 Matemática Discreta
2º mês: o casal 1 acaba de atingir a idade sexual;
3º mês: o casal 1 + o novo casal (casal 2);
4º mês: o casal 1 dá origem a mais um casal
(casal 3), porém o casal 2 acaba de atingir a idade
sexual.
Através desta linha de raciocínio e, sempre vo c ê sab i a?
de acordo com as condições de vida citadas, Leonardo de Pisa escreveu, em 1202, um livro
chegaremos à seguinte sequência de inteiros denominado Liber Abacci, que chegou a nós,
positivos: graças à sua segunda edição de 1228. A teoria
contida neste livro é ilustrada com muitos
problemas, sendo que um destes problemas é
justamente O problema dos pares de coelhos.
Demonstração:
Analisando a sequência, temos que:
f1 = f3 – f2 = f3 – 1 , f2 = f4 – f3 ... enfim, fn = fn+2 – fn+1
AULA 3 TÓPICO 3 49
Somando, ordenadamente, todas essas n igualdades e simplificando, obtemos:
n
å f =f
1
i n +2 -1
2. A soma dos n primeiros números de Fibonacci, com índices ímpares, é igual a f2n
3. Soma dos n primeiros números de Fibonacci , com índices pares é igual f2n+1-1
4. A soma dos quadrados dos n primeiros números de Fibonacci é igual a fn f n+1 ;
Demonstração:
Precisamos mostrar que mdc (fn , fn+1) = 1. Assim sendo, recorreremos ao
algoritmo de Euclides:
50 Matemática Discreta
AULA 4 Conjuntos e
relações
Caro(a) aluno(a),
Objetivos
AULA 4 51
TÓPICO 1 Conjuntos
O bjetivos
• Compreender o uso da linguagem da teoria dos conjuntos
• Realizar operações com conjuntos
• Conhecer as notações mais importantes da teoria dos
conjuntos
52 Matemática Discreta
Figura 1 – Diagrama de Venn
Com efeito, se A tem n elementos, para formar cada subconjunto, deve-se decidir
qual(is) elemento(s) farão parte do subconjunto P(A). Assim, o primeiro elemento
tem duas possibilidades: ou faz parte ou não de um determinado subconjunto de
AULA 4 TÓPICO 1 53
A. Para o segundo elemento, também há duas possibilidades. Seguindo o mesmo
raciocínio para os demais elementos. Por último, temos 2 possibilidades para o
n-ésimo elemento. Dessa forma, pelo Princípio Fundamental da Contagem (PFC),
temos: 2x2x2x...x2 (n vezes) que dá 2n.
Um conjunto A não vazio é finito se e somente se existir uma bijeção de A em
{ x Î N/x < n} , n Î N . Assim n é chamado cardinal de A, cuja notação é “ #A ”, e
representa o número de elementos de A. Dessa forma o cardinal
do conjunto vazio é zero.
A interseção do conjunto A com o conjunto
você sa bi a? B representada por A Ç B é composta pelos elementos
A noção de “conjunto” é uma noção que pertencem a A e B simultaneamente. Assim:
fundamental na matemática e constitui A Ç B = { x / x Î A e x Î B} .
a estrutura matemática sobre a qual A união de A com B representada por A È B é o
todas as outras podem ser construídas conjunto constituído pelos elementos que pertencem ao
(número, relação, função, etc.). Essa conjunto A ou ao conjunto B, ou seja, os elementos de
noção foi formulada no final do século A È B pertencem a pelo menos um dos conjuntos. Assim:
XIX, pelo matemático russo Geord A È B = { x / x Î A ou x Î B} .
Ferdinand Ludwig Philip Cantor O complementar de B em A, representado por A\B ,
(1845-1918). é com conjunto formado pelos elementos do conjunto A que
não pertencem a B. Assim: A \ B = { x / x Î A ou x Ï B} .
Observação: Quando não estiver explícito que certo conjunto universo U, o
complementar do conjunto A será denotado do A .
Vejamos alguns casos para tonar mais clara nossa explicação.
Exemplo 1:
Prove que A\ (B È C) = (A\B) Ç (A\C) .
Solução:
Para provar o teorema acima, é suficiente mostrar que
x Î A\ (B È C) Û x Î (A\B) Ç (A\C), para qualquer que seja x.
x Î A\ (B È C) Û x Î A Ù x Ï B È C
x Î A\ (B È C) Û x Î A Ù (x Ï B Ù x Ï C)
x Î A\ (B È C) Û x Î A\B Ù x Î A\C
x Î A\ (B È C) Û x Î (A\B) Ç (A\C) como queríamos demonstrar.
54 Matemática Discreta
Exemplo 2:
Prove que A,B Í U ; tem-se A È B = A Ç B para qualquer que sejam os
conjuntos A e B.
Solução:
Para demonstrarmos a relação acima, é suficiente mostrar que, se x Î A È B ,
então x Î A Ç B . Assim, considerando por hipótese
que se x Î A È B , então, por definição de conjunto
complementar, x Î A È B. Assim, x Ï A e x Ï B .
Mas, x Ï A se x Î A e x Ï B se x Î B . Dessa forma vo c ê sab i a?
x Î A e x Î B o que significa que x Î A Ç B . Vamos
Augustus de Morgan foi um matemático britânico
observar que é bastante simples se demonstrar a relação
que contribui com um trabalho importante para
recíproca, basta observar que: a lógica simbólica abstrata, a teoria das relações
xÎAÇB Þ (x Î A Ù x Î B ) e ainda formulou as famosas “Leis de Morgan”.
xÎAÇB (x Ï A Ù x Ï B)
Þ
x Î A Ç B Þ x Ï (A È B)
xÎAÇB Þ x Î A È B ou seja: A Ç B Ì A È B
AULA 4 TÓPICO 1 55
IV. Para todo A Í Z, tem-se P ( A) = {Æ}. Esta afirmação é falsa, porque
{ 1 } é um subconjunto de Z e P ({ 1 }) = { Æ, { 1} } ¹ { Æ }.
V. Para todo A Í Z, se A = 0 , então P ( A) = {Æ}. Esta afirmação é verdadeira.
Existe apenas um subconjunto de Z que é vazio, e P (Æ) = {Æ} . Observe
que {Æ} é um conjunto unitário. Esse elemento Æ é o conjunto vazio.
VI. Para quaisquer que sejam x, y Î Z, tem-se x £ y ou y £ x.
Afirmar que x £ y é o mesmo que dizer que existe um número inteiro
não negativo z tal que y = x + z. É verdade que x £ y ou y £ x para
quaisquer que sejam os inteiros x e y.
VII. Tendo em vista que x-y é inteiro, quaisquer que sejam x e y, se x-y é
não negativo, então y £ x , pois x = y + (x - y). Se x-y é negativo,
então y-x é inteiro e positivo e, considerando que y = x + (y - x) ,
temos x £ y .
VIII. Conjunto vazio.
IX. Æ x = y + 1
56 Matemática Discreta
TÓPICO 2 Relações Binárias de
A em B
O bjetivos
• Representar graficamente uma relação binária
• Identificar se uma relação é ou não uma função
Exemplo:
Seja A o conjunto dos alunos, B o conjunto dos docentes, C o conjunto das
Licenciaturas e D o conjunto das disciplinas das licenciaturas da UAB, então temos:
M = { (a, b) Î A x A / a e b são alunos da mesma licenciatura } ÍA x A
N = { (a, b) Î B x D / a é professor da disciplina b } Í BxD
P = { (a, b) Î A x D / a está inscrito na disciplina b } Í AxD
Q = { (a, b) Î A x C / a é aluno da licenciatura b } Í AxC
Os conjuntos M, N, P e Q são relações binárias.
AULA 4 TÓPICO 2 57
Se P e Q são relações binárias de A X B então:
P È Q = {(a,b) Î AxB / (a,b) Î A Ú (a, b) Î B }
P Ç Q = {(a,b) Î AxB / (a,b) Î A Ù (a, b) Î B }
PC = {(a,b) Î AxB / (a,b) Ï A} ou PC = (AxB)\P
Além das operações acima, podemos definir também a noção de inversa e
composta. Sendo R a relação de A em B, a relação inversa de R, denotada por R-1, é
a relação de B em A definida por { (b, a) / (a, b) Î R} ou seja:
se R = { (a, b) / (a,b) Î AxB} Þ R -1 = { (b,a) / (a,b) Î R }
Sejam as relações R Í A x B e P Í B x C, definimos relação composta de R
em P, e denotamos por RP, a relação binária de A em C definida por:
RP = { (a, b) /existe b Î B tal que (a, b) Î R e (b, c) Î P }
Outra forma de representar a relação composta RP é “RoP”, onde se lê: “S
após P”. Mais adiante veremos que uma função de um conjunto A num conjunto B
nada mais é do que uma relação que atende a algumas condições.
Exemplos:
Sejam A = {1, 2, 3 } , B = {3, 5, 6, 7} e C = {4, 5} e sejam:
R:A ® B / R = { (1, 3) , (1, 5) , (2, 6) ,(3, 6)}
P:B ® C / P = {(3,4) , (3, 5) , (6, 4) ,(7, 5)}
abaixo:
-1
(RoP) é uma relação de C em A de tal modo que
(RoP) = { (4, 1) , (4, 2) , (4, 3) , (5, 1) , (5, 2) , (5, 3) }
-1
como mostra a
58 Matemática Discreta
Figura 3.
Exemplos:
1. Se A = {1, 2, 3, 4, 5 } e B = {1, 2, 3, 4} quais os elementos da relação
R = {(x,y) / x < y} de A em B?
Solução:
Os elementos de R são todos os pares ordenados de AXB nos quais o primeiro
elemento é menor que o segundo, ou seja, são os pares formados pela “associação”
de cada elemento x Î A com cada elemento de y Î B de tal modo que x < y.
Temos, então:
R = {(1, 2) , (1, 3) , (1, 4) , (2, 3) , (2, 4) , (3, 4)}
2. Se A = {1, 2, 3, 4, 5 } e B = {1, 2, 3, 4, 5, 6} , quais os elementos da
relação binária R:A ® B definida da seguinte forma: xRy Û y = x + 2?
Solução:
Fazem parte da relação todos os pares ordenados (x, y) tais que x Î A ,
y Î B e y = x + 2 . Vamos mostrar o resultado graficamente de dois modos:
AULA 4 TÓPICO 2 59
Figura 5 - Representação da solução usando o diagrama de Venn
Solução:
Fazendo a representação gráfica, percebemos que
R = { (0, 0) , (1, 1) , (1, -1) , (-1, -1) , (-1, 1) , (2, 2) }.
Solução:
Podemos observar que AXB = { (x,y) / 2 £ x £ 5 e 3 £ y £ 6 }. Queremos,
porém, determinar um subconjunto de AXB tal que y =2x. Assim, queremos a
interseção do conjunto AxB = { (x,y) / 2 £ x £ 5 e 3 £ y £ 6 } com a reta y=2x.
Veja a solução na figura a seguir.
60 Matemática Discreta
Figura 7 - Interseção de R com a reta y=2x
Solução:
2.2 FUNÇÕES DE A EM B
Dados dois conjuntos não vazios A e B. Chama-se função de A em B qualquer
relação binária f de A em B tal que para todo a Î A existe um único b Î B tal que
b = f(a), ou seja,
"a Î A, $1b Î B / b = f(a) onde b é imagem de a por f.
AULA 4 TÓPICO 2 61
Definição: O conjunto A é o domínio da função, e o conjunto B é o contradomínio de
f. O subconjunto do contradomínio formado pelas imagens dos elementos de A chama-se
conjunto imagem da função. Uma função é dita real quando o contradomínio é um
subconjunto dos números reais.
Exemplo:
Sejam A = {x Î R / -2 £ x £ 2 } e B = {x Î R / -2 £ x £ 2} . A relação f de A
em B, com R = { (x,y) /x2 + y2 = 4 } Ì AxB representada na figura abaixo, não é
função, pois qualquer reta vertical conduzida pelos pontos (x,0) tal que -2 £ x £ 2
encontra sempre a função f em dois pontos, como mostra a Figura 9.
Uma função é injetiva se, e somente se, cada elemento b Î B tal que b=f(b) é
imagem de um único a Î A , ou seja, f é injetiva se, e somente se
"a1 ,a 2 Î A, se f (a1 ) = f (a 2 ) Þ a1 = a 2
Uma função é sobrejetiva se, e somente se, qualquer elemento de B é imagem
de algum elemento de A. Uma função injetiva e sobrejetiva simultaneamente é dita
bijetiva. Assim f Í AxB é uma função bijetiva se, e somente se:
"a Î A, $1b Î B/b = f(a) e
"b Î B, $1a Î A / b = f(a)
62 Matemática Discreta
Desta observação resulta consequentemente a seguinte proposição:
-1
Proposição: Seja f Í AxB uma função. Então f Í BxA é uma função se, e somente
se, f é bijetiva. A função f-1 é dita inversa de f. Uma função diz-se invertível se sua inversa
é uma função.
Estudamos nesta aula alguns conceitos básicos, bem como as principais opera-
ções, envolvendo conjuntos, que representam um dos principais pilares da matemá-
tica. Vimos também que, embora uma relação binária represente apenas um conjunto
de pares ordenados, ela é de fundamental importância nos estudos de alguns ramos da
matemática, além de fornecer elementos para a compreensão da definição de funções.
AULA 4 TÓPICO 2 63
AULA 5 Noções de
Probabilidade
Caro(a) aluno(a),
Objetivos
64 Matemática Discreta
TÓPICO 1 Introdução ao Cálculo
das Probabilidades
O bjetivos
• Compreender os conceitos básicos da Teoria das Probabilidades
• Vamos iniciar nosso estudo apresentando algumas
definições fundamentais. Para iniciar nossa discussão
acerca dos cálculos das probabilidades, definiremos o
que seja um experimento aleatório
A
•
ssim, por exemplo, no lançamento de um dado, o espaço
amostral seria U = {1, 2, 3, 4, 5, 6} Exemplos de eventos no
espaço amostral U:
AULA 5 TÓPICO 1 65
um evento que ocorrerá se, e somente se, A ou B ou ambos ocorrem. Dessa forma,
dizemos que A È B é a união entre os eventos A e B.
Interseção de eventos: Se A e B são dois eventos, então A Ç B será também
um evento que ocorrerá se, e somente se, A e B ocorrerem de modo simultâneo.
Neste caso dizemos que A Ç B é a interseção entre os eventos A e B. Se os conjuntos
A e B são disjuntos, A e B são ditos mutuamente exclusivos.
Complementar de um evento: Se A é um evento, então AC será também
um evento que ocorrerá se, e somente se, A não ocorrer. Dizemos que AC é o evento
complementar de A.
Por exemplo: No lançamento de um dado, observamos a face voltada para
cima. Seja U = {1, 2, 3, 4, 5, 6}
Observemos os seguintes eventos:
evento A: ocorrência de um número par ® A = {2, 4, 6}
ocorrência de um número maior ou igual a 4 ® B = {4, 5, 6}
ocorrência de um número ímpar ® C = {1, 3, 5}
Assim teremos:
Ocorrência de um número par ou um número maior ou igual a 4:
A È B = {2, 4, 5, 6}
Ocorrência de um número ímpar e quadrado perfeito. perfeito C Ç {4} = { }
Ocorrência de um número ímpar e maior ou igual a 4: C Ç B = {5}
Ocorrência de um número não par A C = {1,3,5} . Obeserve que A È A C = U
66 Matemática Discreta
Exemplo 1:
Consideremos uma urna que contenha 35 bolas verdes e 1 bola branca. Para
uma retirada, teremos duas possibilidades: bola verdes ou bola branca. Percebemos,
contudo, que será muito mais frequente obtermos, numa retirada, uma bola verde,
logo podermos afirmar que o evento “sair bola verde” tem maior probabilidade de
ocorrer, do que o evento “sair bola branca”.
Exemplo 2:
Considere o lançamento de um dado perfeito. Calcule a probabilidade de:
a) sair o número 3.
Solução:
Temos U = {1, 2, 3, 4, 5, 6}
n(U) = 6
evento A = { 3 } e n(A) = 1
Portanto a probabilidade procurada será P(A)=1/6
Solução:
Temos U={1, 2, 3, 4, 5, 6 }
n(U) = 6
evento A = { 2, 4, 6} e n(A) = 3
Portanto a probabilidade procurada será P(A)=3/6=1/2
c) sair um múltiplo de 3
Solução:
Temos U={1, 2, 3, 4, 5, 6 }
AULA 5 TÓPICO 1 67
n(U) = 6
evento A = { 3,6 } e n(A) = 2
Portanto a probabilidade procurada será P(A)=2/6=1/3
Solução:
Temos U={1, 2, 3, 4, 5, 6 }
n(U) = 6
evento A = { 1, 2, 3} e n(A) = 3
Portanto a probabilidade procurada será P(A)=3/6=1/2
Solução:
Temos U={1, 2, 3, 4, 5, 6 }
n(U) = 6
evento A = { 4 } e n(A) = 1
Portanto a probabilidade procurada será P(A)=1/6
Solução:
Neste caso, o espaço amostral U é constituído pelos pares ordenados
(m,n), nos quais m é o número no dado 1, e n é o número no dado 2.
É claro que teremos 36 pares ordenados possíveis do tipo (m, n) nos quais
i Î (1, 2, 3, 4, 5, 6) e j Î (1, 2, 3, 4, 5, 6) . As somas iguais a 8 ocorrerão nos casos
(2, 6) , (3, 5) , (4, 4) , (5, 3) e (6, 2) . Logo, o evento “soma igual a 8” possui 5
elementos que são os pares (m ,n) nos quais m + n = 8. Logo, a probabilidade
5
procurada será igual a P(A) = .
36
Solução:
Semelhante ao caso anterior. O espaço amostral U é constituído pelos pares
68 Matemática Discreta
ordenados (m,n), nos quais m é o número no dado 1, e n é o número no dado 2.
Teremos 36 pares ordenados possíveis do tipo (m, n) nos quais i Î (1, 2, 3, 4, 5, 6)
e j Î (1, 2, 3, 4, 5, 6) . As somas iguais a 12 ocorrerão apenas no caso (6, 6) ,
portanto o evento “soma igual a 12” possui 1 elemento. A probabilidade procurada
1
será igual a P(A) = .
36
Exemplo 3:
De um baralho de 52 cartas, duas são extraídas ao acaso e sem reposição.
Qual a probabilidade de ambas serem de copas?
Solução:
Cada par de cartas possíveis de serem extraídas pode ser considerado como
uma combinação das 52 cartas tomadas duas a duas, ou seja:
æ52ö 52!
n(U) = C52,2 = çç ÷÷÷ = = 1.326
çè 2 ø÷ 2!(52 - 2)!
æ13ö 13!
n(A) = C13,2 = çç ÷÷÷ = = 78
çè 2 ø÷ 2!(13 - 2)!
78 1
Assim, P(A) = =
1.326 17
Exemplo 4:
Sacam-se sucessivamente e sem reposição três cartas de um baralho de 52
cartas. Qual a probabilidade da primeira carta ser de paus, a segunda carta um 2 e
a terceira não ser 8?
Solução:
O espaço amostral U será um conjunto formado pelos grupos possíveis de três
cartas escolhidas entre as 52. Para encontrar o número de grupos possíveis, basta
calcular o número de combinações simples de 52 elementos tomados 3 a 3. Assim,
temos:
AULA 5 TÓPICO 1 69
æ52ö 52!
n(U) = C52,3 = çç ÷÷÷ = = 22.100 Þ n(U) = 22.100
èç 3 ø÷ 3!(52 - 3)!
Exemplo 5:
Considere todos os números naturais de 6 dígitos. Qual a probabilidade de
se escolher um desses números ao acaso e no número escolhido os algarismos 3 e 9
figurem exatamente duas vezes?
Solução:
Inicialmente vamos observar que o espaço amostral U é um conjunto formado
por todos os números de 6 algarismos. Assim, o número de elementos do espaço
amostral pode ser calculado usando o Princípio Fundamental da contagem (PFC).
Podemos escolher o primeiro algarismo de 9 modos já que o número n pode iniciar
com zero. O segundo algarismo pode ser escolhido de 10 modos. O terceiro de dez
modos e assim em diante. Logo, pelo PFC temos:
n(A) = 9.10.10.10.10.10 = 900.000
70 Matemática Discreta
O conjunto A (evento) é formado por aqueles em que os algarismos 3 e 9
figuram exatamente uma vez. Assim, vamos inicialmente contar aqueles números
que começam com zero e depois descontá-los do total.
A primeira casa deve ser ocupada pelo zero; há 1 modo de fazer isso. Há C5 ,2
modos de escolher as casas que serão ocupadas pelo algarismo 3; depois disso há
C3, 2 modos de escolher as casas que serão ocupadas pelo algarismo 9. Finalmente há
8 maneiras de preencher a casa restante. Assim, 1 . C5 ,2 . C3 ,2 . 8 = 240 números
nessas condições começam com zero. Agora vamos determinar todos os números
com a condição exigida, inclusive os que começam com zero.
Há C6 ,2 modos de escolher as casas que serão ocupadas pelo algarismo 3. Em
seguida, há C4 ,2 modos de escolher as casas que serão ocupadas pelo algarismo
9. Finalmente, pelo PFC, há 8.8=64 modos de escolher as duas casas restantes que
serão preenchidas pelos 8 algarismos restantes. Assim C6 ,2 . C4 ,2 . 64 = 5760
começam com zero ou não.
Dessa forma, n(A) = 5760 - 240 = 5520 . A probabilidade do evento é:
5520
P(A) = = 0,0061 ou o,61% .
900.000
AULA 5 TÓPICO 1 71
TÓPICO 2 Probabilidade Condicional
O bjetivos
• Conhecer um conjunto de propriedades que permitirão resolver
de forma simples problemas mais complexos que envolvem
probabilidade
• Estudar a probabilidade condicional, focalizando a importância
do evento B quando é calculado P(A/B)
2.1 PROPRIEDADES
I. A probabilidade do evento impossível é nula. Com efeito, sendo o
n (Æ) 0
evento impossível o conjunto vazio, teremos: p (Æ) = = =0
n (U) n (U)
Assim, se numa urna só existem bolas brancas, a probabilidade de se
72 Matemática Discreta
elementos do conjunto universo. Assim, sendo n(A), n(U) Î N e com
n ( A)
n(A) £ n(U) , temos p (A) = Î [ 0, 1].
n (U)
IV. A soma das probabilidades de um evento e do seu evento
complementar é igual à unidade, ou seja, p (A C ) = 1 - P(A) .
Seja o evento A e o seu complementar A C . Sabemos que A È A C = U .
n (A È A C ) = n (U) e, portanto, n (A) È n ( A C ) = n (U) .
Dividindo ambos os membros por n(U), encontramos:
n (A) n (A C ) n (U)
+ = =1 , de onde se conclui:
n (U) n (U) n (U)
p (A) È p ( A C ) = 1 ou p (A C ) = 1 - P(A) .
P(A-B) = P(A)-P(A Ç B) . Com efeito, sejam os conjuntos
V.
A e B disjuntos, assim, A = (A - B) È (A Ç B)
, o que significa que n(A) = n(A - B) + n(A Ç B) .
Dividindo os dois lados da expressão n(A) = n(A - B) + n(A Ç B) por n(U),
n(A) n(A - B) n(A Ç B)
temos: = + , ou seja, P(A) = P(A - B) È P(A Ç B).
n(U) n(U) n(U)
Esta propriedade é válida para eventos mutuamente excludentes, ou
seja, eventos que não podem ocorrer simultaneamente (A Ç B = Æ) , o
que significa que os conjuntos A e B são disjuntos como foi mencionado
acima. No entanto, se A É B , resulta P(A - B) = P(A) - P(B) , pois
neste caso A Ç B = B.
Exercícios resolvidos:
1. Em um grupo de m pessoas, qual a probabilidade de haver pelo menos
duas pessoas que façam aniversário no mesmo dia?
Solução:
Vamos calcular a probabilidade disso não acontecer. O número de casos
possíveis para os aniversários das m pessoas é 365m . O número de casos favoráveis em
que todos façam aniversário em dias diferentes é 365 x 364 x 363 x . . . x (366-m) ,
tendo, portanto, m fatores nesse produto. Assim, a probabilidade de não
haver pelo menos duas pessoas que fazem aniversário no mesmo dia é de
365 x 364 x 363 x . . . x (366-m)
, e a de haver pelo menos duas pessoas que
365 m
365 x 364 x 363 x . . . x (366-m)
tenham aniversários é de 1 - .
365 m
AULA 5 TÓPICO 2 73
O resultado é incrivelmente surpreendente! Veja, por exemplo, que, para um
grupo de 25 pessoas, a probabilidade de ter pelo menos duas pessoas que façam
aniversário no mesmo dia é de 0,57%, ou seja, é mais provável haver duas pessoas
com o mesmo aniversário do que todos aniversariarem em dias diferentes.
2. Doze pessoas são separadas em dois grupos de 6 pessoas cada um. Qual
a probabilidade de que duas determinadas pessoas façam parte do mesmo grupo?
Solução:
Sejam as pessoas A e B. O número de casos possíveis é C12, 6 = 924 , pois há
C12, 6 = 924 modos de escolher o primeiro grupo e, depois disso, há apenas um
modo de escolher o segundo grupo; o número de casos favoráveis é 2. C10, 4 = 210 ,
pois há C10, 4 = 105 modos de distribuir as pessoas com A e B no primeiro grupo e
há C10, 4 = 105 com A e B no segundo grupo. Assim, a probabilidade de que duas
210 5
determinadas pessoas façam parte do mesmo grupo é = .
924 22
Solução:
Consideremos A o evento “número divisível por 5”, B o evento “número
divisível por 7” e A Ç B o evento “número divisível por 35”. Assim,
74 Matemática Discreta
Solução:
1 1 1 17
a. P(M È N) = P(M) + P(N)-P(M Ç N) = + - =
2 4 7 28
1 1
b. P(M C ) = 1-P(M) = 1- =
2 2
1 3
c. P(N C ) = 1-P(N) = 1- =
4 4
1 1 5
d. P(M Ç N ) = P(M-N) = P(M)-P(M Ç N) = - =
C
2 7 14
1 1 3
e. P(M Ç N) = P(N-M) = P(N)-P(M Ç N) = - =
C
4 7 28
é Cù 1 7
f. P(M Ç N ) = P ë(M È N) û = 1-P(M Ç N) = 1 - =
C C
7 6
2.2 PROBABILIDADE CONDICIONAL
Vimos que, ao estudarmos alguns conceitos
de probabilidade e eventos, os exemplos dados
sempre levam a cálculo da probabilidade de
um evento ocorrer, diretamente, em função do vo c ê sab i a?
espaço amostral. Em muitas outras vezes, quando Depois de Pascal e Fermat, a Teoria das
realizamos um experimento, temos informação Probabilidades desenvolveu-se de forma rápida
extra sobre a ocorrência de um evento. Neste caso, graças a contribuições de inúmeros matemáticos.
gostaríamos de usar essa informação extra para Entre eles destacaram-se: Bernoulli (1654-1705)
calcular a probabilidade dos outros eventos. Assim, e Laplace (1749 – 1827), autor do livro “Teoria
a probabilidade de ocorrer um evento A tendo analítica das probabilidades”.
uma informação prévia sobre o evento B, ambos
do mesmo espaço amostral, é chamada probabilidade condicional. Portanto, a
probabilidade de ocorrer um evento A tendo ocorrido um evento B, indicado por
æAö
P çç ÷÷÷ é o número:
èBø æ A ö P (A Ç B)
P çç ÷÷÷ =
èBø P (B)
Podemos observar que este número só estará definido quando P(A) > 0.
æAö n (A Ç B)
O cálculo de P çç ÷÷÷ ainda pode ser obtido pela expressão . Com
èBø n(B)
efeito, sabemos que P (A Ç B) . A probabilidade da interseção é a razão do seu
n (A B)
P (A Ç B) =
n(U)
AULA 5 TÓPICO 2 75
A probabilidade de B também é a razão do seu número de elementos, pelo
número de elementos do espaço amostral:
n (B))
P(B) =
n(U)
æ A ö P (A Ç B)
Substituindo estas duas expressões em P çç ÷÷÷ = , temos:
èBø P(B)
n (A Ç B)
æAö n(U) n(A Ç B)
P çç ÷÷÷ = =
èBø n(B) n(B)
n(U)
Solução:
Sejam A a primeira bola branca e B a segunda bola branca. Temos:
æBö P (A Ç B) æBö 4 3 2
P çç ÷÷÷ = Û P (A Ç B) = P(A). P çç ÷÷÷ = . = .
èAø P(A) è A ø 10 9 15
4
Observe que P (A) = , pois temos que retirar quatro bolas das 6 existentes.
6
æBö 3 æBö
P çç ÷÷÷ = , pois P çç ÷÷÷ é a retirada da segunda bola branca tendo em vista que a
èAø 9 èAø
primeira foi branca. Assim, para a segunda retirada, temos apenas 3 bolas brancas
entre as 9 bolas existentes.
Solução:
Seja A a primeira bola branca e B a segunda bola branca. Queremos
æAö
determinar P çç ÷÷÷ . Podemos observar que a diferença entre esse problema e o
èBø
problema anterior é que aqui pretendemos calcular a probabilidade do passado na
æAö
certeza do futuro, ou seja, P çç ÷÷÷ (probabilidade da primeira bola ser branca) ocorre
èBø
no passado, tendo em vista o futuro ( na certeza de que a segunda bola é branca).
76 Matemática Discreta
æ A ö P(A Ç B)
Temos a fórmula de probabilidade condicional P çç ÷÷÷ = .
èBø P(B)
Assim,
4 3 2
P(A Ç B) = . = . Para o cálculo de P(B), vamos levar em conta todas
10 9 15
as possibilidades em relação à primeira bola: A segunda bola é branca ou a segunda
bola é branca e a primeira foi branca, ou a segunda bola é branca e a primeira foi
preta. Assim temos:
P(B) = P éë(A Ç B) È (P1 Ç B)ùû
P(B) = P éë(A Ç B) + (P1 Ç B)ùû
2 6 4 2
P(B) = + . =
15 10 9 5
2
æ A ÷ö P(A Ç B) 15 2 5 1
Daí, P çç ÷÷ = = = . =
èBø P(B) 2 15 2 3
5
Uma maneira bem prática de resolver esse problema, que possui várias etapas,
para as quais recorremos a uma visão gráfica, é o uso das árvores de probabilidade.
A construção da árvore é feita da seguinte forma: colocamos nas extremidades
de cada galho as probabilidades condicionais e na origem a informação de que
se tem certeza. Assim, basta percorrer todos os caminhos que levam ao evento
cuja probabilidade pretende-se determinar, multiplicando-se as probabilidades
em cada caminho e somando os resultados, como mostra a Figura1. Portanto,
4 3 2 2 1 3 4 2
P(A Ç B) = . = e P(B) = . + . =
10 9 15 5 3 5 9 5
AULA 5 TÓPICO 2 77
Vimos nesta aula que a probabilidade é o ramo da Matemática que estuda
os possíveis resultados de acontecimentos aleatórios. Vimos, também, alguns
conceitos relevantes sobre a Teoria das Probabilidades. Não se sabe ao certo a sua
origem, mas tudo leva a crer que, em algumas civilizações antigas, estudiosos já
tivessem um “afeto” pela análise da existência de regularidades em fenômenos
imprevisíveis.
Depois de Laplace, e até os dias de hoje, a Teoria das Probabilidades
continuou o seu desenvolvimento e tem hoje grande utilidade, em diferentes
áreas de conhecimento e, sobretudo, no nosso cotidiano, o que nos permite uma
compreensão melhor sobre informações dos campos político, social e econômico.
78 Matemática Discreta
AULA 6 Múltiplos, Divisores
e Primos
Olá aluno(a),
Objetivos
AULA 6 79
TÓPICO 1 Múltiplos e Divisores
O bjetivos
• Utilizar os conceitos de Múltiplos e Divisores para a resolução
de problemas práticos
• Identificar se um número natural é divisível por outro
número natural sem necessariamente efetuar a divisão
Exemplo 1:
Uma atleta de maratona inicia seu treinamento em uma pista circular, no ponto
A, indicado na figura abaixo. Nesse instante, seu treinador começa a marcar o tempo
com um cronômetro. Tendo em vista que a atleta completa uma volta a cada 4 minu-
tos, em que momentos ela passará pelo ponto A?
80 Matemática Discreta
Solução:
Depois de iniciar a corrida, a atleta passará pelo ponto A toda vez que
completar uma volta, o que acontece a cada 4 minutos. Dessa forma, a primeira
volta será concluída quando o cronômetro do treinador marcar 4 minutos. A
segunda será completada quatro minutos depois, ou seja, quando o cronômetro
marcar 8 minutos. A terceira, em 12 minutos, e assim sucessivamente: a marcação
do tempo em cada volta é sempre acrescida de 4 minutos.
É fácil perceber que, na primeira volta, o tempo foi de 4 x 1= 4 minutos; até
o final da segunda volta o tempo foi de 4x2=8 minutos; até o final da terceira volta o
tempo foi de 4x3=12 e assim em diante. Observe que o tempo a cada volta é obtido
pela multiplicação do número de voltas pelos números naturais. Os resultados dessas
multiplicações são os múltiplos de 4. Assim, considerando que a atleta executa um
movimento constante, ela passará pelo ponto A cada instante representado pelos
múltiplos de 4.
Agora vamos imaginar a seguinte situação: Atleta corre junto com seu amigo
João. Ela continua completando uma volta a cada 4 minutos, mas seu amigo João
corre em um ritmo mais lento: dá uma volta a cada 6 minutos. Ambos iniciam
a corrida no ponto A, e nesse momento o cronômetro do treinador é acionado.
Considerando que a atleta corre mais rápido que João, ela vai começar a se
distanciar do amigo. Quando ela passar pelo ponto A pela primeira vez, ele ainda
levará mais 2 minutos para passar pelo mesmo local.
A pergunta é: quando os dois amigos voltarão a passar pelo ponto A juntos?
Solução:
Para facilitar o raciocínio, vamos considerar a tabela a seguir:
AULA 6 TÓPICO 1 81
ATLETA JOÃO
nº de voltas tempo em min nº de voltas tempo em min
1ª 4 1ª 6
2ª 8 2ª 12
3ª 12 3ª 18
4ª 16 4ª 24
5ª 18 5ª 30
6ª 20 6ª 36
Tabela 1
Podemos ver que, após o início da corrida, no primeiro instante em que
ambos os corredores passam pelo ponto A é aos 15 minutos. Essa é a resposta do
problema!
O que fizemos foi criar uma tabela, em ordem crescente, dos múltiplos de 4 e
os múltiplos de 6. Em seguida, identificamos o número 12 como o primeiro número
que aparece nas duas listas, ou seja, é um múltiplo tanto de 4 quanto de 6. Dizemos
12 é o menor múltiplo comum dos números 4 e 6. Mais adiante, veremos técnicas
de se encontrar o menor múltiplo comum sem a necessidade de recorrer à tabela.
Exemplo 2:
Vamos supor que se pretenda dividir os 30 alunos de uma classe em grupos
com o mesmo número de alunos.
Vejamos:
Com 2 alunos, há duas possibilidades de divisão: um grupo com dois alunos
e dois grupos com 1 aluno. Com três alunos, há duas possibilidades: um grupo com
3 alunos e três grupos com 1 aluno cada. Com quatro alunos, há três possibilidades
de grupos: um grupo com 4 alunos, dois grupos com dois alunos e quatro grupos
com 1 aluno. Veja na figura 3 a divisão dos alunos por grupo. Seguindo esse
82 Matemática Discreta
raciocínio, para um grupo com 12 alunos, temos 6 possibilidades: um grupo com
doze alunos, dois grupos com seis alunos, três grupos com 4 alunos, quatro grupos
com 3 alunos, seis grupos com 2 alunos cada, e 12 grupos com 1 aluno em cada
grupo. Assim, de acordo com a figura a seguir, temos 1 e 2 são divisores do 2, 3 e 1
são divisores do 3; 4, 2 e 1 são divisores do 4 e assim em diante.
Critérios de divisibilidade
Em algumas circunstâncias, precisamos unicamente saber se um número
natural é divisível por outro número natural, sem necessariamente obter o resultado
da divisão. Neste caso, recorremos a um conjunto de regras conhecidas como
critérios de divisibilidade, que nos permite verificar se um determinado número
X é múltiplo de um inteiro Y, com base em propriedades da sua representação
decimal.
A seguir, estão apresentados tais critérios para números inteiros de 2 até
15, representados em sua forma decimal. Outros números naturais maiores que 15
também têm regras de divisibilidade, mas em geral pouco utilizadas.
(i) Um número é divisível por 2 quando ele é par, isto é, termina em 0, 2, 4,
6 ou 8.
Exemplo: 28, 546, 100002.
AULA 6 TÓPICO 1 83
(ii) Um número é divisível por 3 quando a soma dos valores absolutos de seus
algarismos é divisível por 3.
Exemplo: 342 é divisível por 3, pois 3+4+2 = 9, que é divisível por 3.
(iii) Um número é divisível por 4 quando terminar em 00, ou seus dois
últimos algarismos formarem um número divisível por 4.
Exemplo: 2600 é divisível por 4, pois termina em 00 : 5628 também é divisível
por 4 pois 28 é divisível por 4.
(iv) Um número é divisível por 5 quando o algarismo das unidades for 0 ou 5.
Exemplo: 425 é divisível por 5, pois termina em 5; 1200 é divisível por 5
pois termina em 0.
(v) Um número é divisível por 6 quando for divisível simultaneamente por
2 e por 3.
Exemplo: 414 é divisível por 6, pois é divisível por 2 e por 3.
(vi) Um número é divisível por 7 quando a diferença entre o dobro do
último algarismo e o número formado pelos demais algarismos resulta um número
divisível por 7.
Exemplo: 42091 é divisível por 7. Observe!
4209-2=4207
420-14=406
40-12=28
e 28 é divisível por 7.
(vii) Um número é divisível por 8 quando terminar em 000, ou seus 3 últimos
algarismos formarem um número divisível por 8.
Exemplo: 26000 é divisível por 8, pois termina em 000 ; 3184 também é
divisível por 8, pois 184 é divisível por 8.
(viii) Um número é divisível por 9 quando a soma dos valores absolutos de
seus algarismos é divisível por 9.
Exemplo: 423 é divisível por 9, pois 4 + 2 + 3 = 9, que é divisível por 9.
(ix) Um número é divisível por 10 quando termina em 0.
Exemplo: 10, 100, 1000, 150, 200 são números divisíveis por 10, pois
terminam em zero.
(x) Um número é divisível por 11 quando a diferença da soma dos valores
absolutos de ordem ímpar e a dos de ordem par é divisível por 11.
Exemplo: 87604 é divisível por 11.
84 Matemática Discreta
A soma dos algarismos de ordem par é 7+0=7.
A soma dos algarismos de ordem ímpar é 8+6+4=18.
Assim, 18-7=11 que é divisor de 11.
(xi) Um número é divisível por 12 quando é divisível por 3 e 4.
Exemplo: 420 é divisível por 12, pois é par ( divisível por 2) e a soma dos
algarismos é um número divisível por 3.
(xii) Seja o número ABCDEFGHI. Vamos que I é o algarismo das unidades,
H os algarismos das dezenas e assim em diante. Devemos somar os produtos dos
algarismos A, B, C...I respectivamente pela sequência 1, -3, -4, -1, 3, 4. Para mais
dígitos a sequência se repetirá. O número será divisível por 13 quando o resultado
da soma for divisor ou múltiplo inteiro de 13.
Exemplo: O número 4.233.957 é divisível por 13. Veja na tabela abaixo que
a soma dos produtos é divisível por 13.
AULA 6 TÓPICO 1 85
TÓPICO 2 Fatoração em
Primos, MDC e MMC
O bjetivos
• Identificar números primos a partir do Crivo de
Erastóstenes
• Utilizar o algoritmo de Euclides para determinação do
MDC
• Calcular o MMC e entender a relação entre o MMC e o
MDC entre dois números
Demonstração:
Sejam K1 e K2 múltiplos de b. Dessa forma, existem os números inteiros Z1
e Z2 tais que K1 = bZ1 e K2 = bZ2 . Assim:
K1 + K2 = bZ1 + bZ2
K1 + K2 = b (Z1 + Z2 )
Considerando que a soma de dois inteiros é um número inteiro, então
b(Z1 + Z2 ) é múltiplo de b, ou seja, K1 + K2 é múltiplo de b.
Agora vamos mostrar que o produto de dois múltiplos de b é múltiplo de b.
Considere que K1 e K2 sejam múltiplos de b, vamos mostrar que K1 .K2 é
múltiplo de b. Observe que:
K1 .K2 = (bZ1 ).(bZ2 )
K1 .K2 = b.(Z1 .Z2 )
Considerando que o produto de dois números inteiros é um número inteiro,
temos b.(Z1 .Z2 ) é múltiplo de b, ou seja, K1 .K2 ,é múltiplo de b.
Da mesma forma, para provar que o produto de um múltiplo de b por um
86 Matemática Discreta
inteiro qualquer é múltiplo de b, fazemos o seguinte: seja Q um múltiplo de b, assim
Q=bK em que K é um número inteiro. Multiplicando ambos os lados da equação
Q=bK por um número inteiro K1 temos K1 .Q = b.K.K1 ou ˘˘˘˘
1 = ( 1 ) Tendo
em vista que K1 .K2 é inteiro, então (K1.Q) é múltiplo de b.
Demonstração:
Vamos usar a indução finita admitindo por hipótese de indução que, para
todo y Î N tal que 2 £ y < p , y é primo ou produtos de primos, então p é primo,
em que p Î N e p > 2 . Com efeito, se p não for primo, então existem dois números
p1 e p2 , ambos naturais, com exceção de 0 e 1, tais que p = p1 . p2 . Dessa forma,
2 £ p1 < p e 2 £ p2 < p . De acordo com a nossa suposição anterior, concluímos
que p1 é primo ou produto de primos e é primo ou produto de primos, também
de acordo com a suposição.
Vamos analisar os seguintes casos possíveis:
i. p1 e p2 são primos.
ii. p1 e p2 é produto de primos.
iii. p1 é produto de primos e p2 é primo.
iv. p1 é primo e p2 é produto de primos.
Teorema 3: Qualquer número inteiro maior que 1 que não é primo é divisível por algum
primo.
AULA 6 TÓPICO 2 87
Demonstração:
Cosidere x um inteiro qualquer maior que 1. Se x não é primo, então x é
produto de primos, como vimos no teorema anterior. Assim, consequentemente
algum primo é seu divisor.
A seguir, apresentaremos um mecanismo para a determinação de todos
os primos não superiores a um número n dado. Esse mecanismo ou algorítmo é
conhecido como Crivo de Erastótenes.
2 3 5 7 9
11 13 15 17 19
21 23 25 27 29
31 33 35 37 39
41 43 45 47 49
51 53 55 57 59
2 3 5 7 11
13 17 19 23 25
29 31 35 37 41
43 47 49 53 55
59
88 Matemática Discreta
Eliminamos os múltiplos de 5 maiores que
cinco:
2 3 5 7 11 vo c ê sab i a?
13 17 19 23 29
Os números primos diferentes de 1 e maiores
31 37 41 43 47
que 2 são todos ímpares e se dividem em dois
49 53 59
tipos: o primeiro tipo composto de múltiplos de 4
menos 1 (3, 11, 19. . . .) e o segundo tipo formado
Agora, eliminando os múltiplos de 7 maiores
de múltiplos de 4 mais 1 (5, 13, 17, . . . .). Para
que sete, chegamos aos primos menores que 60:
números menores que um trilhão, há mais primos
2 3 5 7 11
da classe “menos 1”. Por métodos teóricos, já ficou
13 17 19 23 29
demonstrado que, para números muito grandes, o
31 37 41 43 47
padrão muda para a classe “mais 1”.
53 59
20 . 30 . 50 =1 21 . 31 . 50 =6
21 . 30 . 50 =2 21 . 30 . 51 = 10
20 . 31 . 50 =3 20 . 31 . 51 = 15
20 . 30 . 51 =5 21 . 31 . 51 = 30
AULA 6 TÓPICO 2 89
2.4 MÁXIMO DIVISOR COMUM
O conjunto formado pelos divisores comuns de a e b será representado por
d(a,b).
Sabemos que o número 1 é divisor de qualquer número inteiro. Logo, se
forem escolhidos os números a e b, obviamente 1 será um divisor comum de ambos.
Dessa forma, o conjunto d(a,b) não é vazio, pois 1 Î d (a,b) para qualquer que
sejam a e b.
Se a ¹ 0 e d for um divisor comum de a e b, então d £ a . Assim,
conjunto d (a,b) é limitado superiormente, ou seja, tem um elemento máximo,
que é o maior divisor comum de a e b, maior que todos os demais. Do mesmo
modo, para b ¹ 0 , o conjunto d (a,b) também tem um elemento máximo. O único
caso que d (a,b) não é limitado superiormente é o conjunto d (0,0) , já que zero é
múltiplo de qualquer inteiro não-nulo.
Assim, podemos definir o máximo divisor comum entre dois números
inteiros a e b, denotado por mdc (a,b) , em que pelo menos um deles não é zero, é
o maior elemento do conjunto d (a,b) .
Se mdc (a,b) = 1 dizemos que a e b são primos entre si.
Exemplo:
Vamos determinar o mdc(32,30) .
Considerando que os divisores de 12 são os elementos do conjunto
d (32) = {±1, ± 2, ± 4, ± 8, ± 16} e que os divisores de 30 são os elementos do
conjunto d (30) = {±1, ± 2, ± 3, ± 5, ± 6, ± 10, ± 15} , temos que os divisores
comuns de 30 e 32 são os elementos do conjunto dc (32,30) = {±1, ± 2} , cujo maior
elemento é 2. Assim, mdc (32,30) = 2 .
Demonstração:
Para mostrarmos que os inteiros mdc(a,b) a e mdc(a,b) b são primos
æ a b ö÷
entre si, é suficiente mostrar que mdc ççç , ÷÷ = 1 Para tanto, vamos
èç mdc(a, b) mdc(a, b) ø÷
æ a b ö÷
provar que se o mdc çç ÷ então mdc (a,b) também divide
ççè mdc(a, b) mdc(a, b) ÷÷ø = d
,
d
90 Matemática Discreta
a e b. Depois podemos concluir que, obrigatoriamente, d = 1 considerando que
mdc(a,b)
se d > 1 então > mdc(a,b) e dessa forma o mdc (a,b) 0 seria um divisor
d
comum de a e b maior que o máximo divisor comum o que é um absurdo.
Por exemplo: vamos considerar mdc(32,30) = 2 . O quociente entre 32 e 2 é
16 e entre 30 e 2 é 15. Observe que mdc(15,16) = 1 , ou seja, são primos entre si.
Teorema 5: Sejam a e b inteiros positivos tais que a < b e seja r o resto da divisão de b por
a. Assim mdc (a, b) = mdc (a,r).
Demonstração:
Seja mdc(a,b) = d . De acordo com a definição de divisão inteira, se r é o
resto da divisão de a por b, então q.b + r = a com r < b para algum q inteiro.
Por outro lado, pela definição de mdc, d a e d b , portanto d r, ou seja, d é um
divisor de b e r.
Seja d' outro divisor comum de b e de r. Precisamos mostrar que d' divide
d para concluir que mdc(b,r) = d. Observe que d' b e d' r então d' (bq + r)
consequentemente d' a. Assim, d' é um divisor comum de a e b e, portanto,
d' mdc(a,b) , o que significa que d' d .
Por exemplo: mdc(30,32) = 2 e o resto da divisão de 32 por dois é 2. Observe
que mdc(30,32) = mdc(2,32) = 2 .
AULA 6 TÓPICO 2 91
Como exemplo, vamos determinar mdc(128,84) .
Aplicando os itens II e III acima, temos:
mdc(128,84) = mdc(84,128) . A divisão de 128 por 84 deixa resto 44. Assim:
mdc(84,128) = mdc(84,44) = mdc(44, 84). A divisão de 84 por 44 deixa resto 40.
Assim:
mdc(44,84) = mdc(44,40) = mdc(40, 44). A divisão de 44 por 40 deixa resto 4.
Assim:
mdc(40,44) = mdc(40,4) = mdc(4, 40). A divisão de 40 por 4 deixa resto zero.
Assim:
mdc(4,0) = 4. Logo, mdc(128,84) = 4
Observe que 143 e 68 são primos entre si, pois mdc(143,68) = 1 . Veja:
mdc(143,68) = mdc(68, 7) = mdc(7, 5) = mdc(5, 2) = mdc(2, 3)
= mdc(2,1) = mdc(1,0) = 1 .
Exemplo:
Uma indústria fabrica retalhos de mesmo comprimento. Depois de se
realizarem os cortes necessários, certificou-se que duas peças possuíam as seguintes
medidas: 214 cm e 98 cm. O gerente de produção ao ser informado das medidas
deu a ordem para que o funcionário cortasse o pano em partes iguais e de maior
comprimento possível. Como ele poderá resolver essa situação?
Solução:
A solução é a medida do menor comprimento possível para que não falte nem
sobre tecido. Assim, devemos encontrar o MDC dos números 214 e 98.
Utilizando o algoritmo de Euclides, temos
mdc(214,98) = mdc(98,18) = mdc(18, 8) = mdc(8, 2) = mdc(2, 0) = 2.
Os retalhos devem ter 2cm de comprimento.
Teorema 7: Para quaisquer que sejam a,b Î Z+ existem os números inteiros m e n tais que
mdc(a,b) = am + bn o que significa que o mdc(a,b) é combinação linear dos números
a e b.
Demonstração:
Para justificar esta propriedade, utilizaremos um exemplo numérico: o
algoritmo de Euclides para determinar mdc(80,21).
92 Matemática Discreta
Assim: mdc(80, 21) = mdc(17, 4) = mdc(4, 1) = mdc(1, 0) = 1.
Vamos, em seguida, escrever uma expressão que envolva os números 80 e 21
(no caso, o a e b). Considerando que mdc(80,21) = 1 , e partindo do mdc(4,1) de
trás para frente, até chegarmos em mdc(80, 21) ,temos:
Em mdc(4,1) p, o número 1 é o resto da divisão de 17 por 4 e cujo quociente
é 4. Assim, de acordo com a definição de divisão:
1 = 17-4.4 (I)
Em mdc(4,17) o número 4 é resto da divisão de 21 por 17 , cujo quociente é 1.
Assim:
4 = 21-1.17 (II)
Substituindo II em I, encontramos
1 = 17-4.(21-l.17) (III)
Em mdc(80,21) , o número 17 é resto da divisão de 80 por 21 cujo quociente é 3.
Logo,
17 = 80-3.21 (IV)
Substituindo IV em II, temos
1 = (80-3.21) -4.[21-l.(80-3.21) ]
1 = 80 - 3.21 - 4.21 + 4.80 - 12.21
1 = 5.80 - 19.21
Fazendo m = 5 e n = -19 e sabendo que mdc(80,21) = 1 ,temos a seguinte
equação: mdc(80,21) = 80m + 21n.
AULA 6 TÓPICO 2 93
mmc(23 . 3. 5, 2 . 32 .52.7) = 23. 32. 52 . 71 = 6500.
Geralmente se usa o seguinte dispositivo:
Dividimos sucessivamente e simultaneamente os números, dos quais
se pretende determinar o mmc, pelos fatores primos 2, 3, 5, . . . Em seguida,
multiplicamos os resultados obtidos. Veja:
120 3.150 2
60 1.575 2
30 1.575 2
15 1.575 3
5 525 3
5 175 5
1 35 5
1 7 7
1 1 6.500
+
Teorema 8: Sejam a,b Î Z , mmc(a,b). mdc(a, b) = a.b .O teorema nos garante que o
produto do mmc pelo mdc de dois números inteiros e positivos é igual ao produto desses
números.
Vamos à demonstração.
æ mdc(a, b) ö÷ æ mdc(a, b) ö÷
O produto a.b pode ser escrito a.b.ççç ÷÷.çç ÷÷ , ou seja:
èç mdc(a, b) ø÷ èçç mdc(a, b) ø÷
æ a ö÷ æ b ö÷
a.b = çççmdc(a,b) . ÷÷ . çççmdc(a,b) . ÷÷
èç mdc(a,b) ø÷ èç mdc(a,b) ø÷
æ a.b ÷÷ö . mdc(a,b)
a.b = çççmdc(a,b) . ÷
èç mdc(a,b).mdc(a, b) ø÷
a.b
mas, mdc(a,b) . = mmc(a,b) , basta obser-
mdc(a,b).mdc(a, b)
a.b
var que mdc(a,b) . é múltiplo de a e b. Porém o fato
mdc(a,b).mdc(a, b)
a.b
mdc(a,b) . ser múltiplo de a e b não é suficiente, pois não garante
mdc(a,b).mdc(a, b)
94 Matemática Discreta
a.b
que ele é o maior possível. Dessa forma, para provar que mdc(a,b) .
mdc(a,b).mdc(a, b)
é o maior múltiplo possível, é suficiente mostrar que ela divide qualquer outro múlti-
p1 . mdc(a, b) . a p2 . mdc(a, b) . b p1 . a p .b
te. Logo, x = = , ou seja, = 2 .
mdc(a,b) mdc(a,b) mdc(a,b) mdc(a,b)
a b b
Considerando que e são primos entre si, então
mdc(a,b) mdc(a,b) mdc(a,b)
b
divide p 1 . Assim, p1 = . p1' para algum p1' Î Z e consequentemente
mdc(a,b)
mdc(a, b) . a p1' . b a.b
x= . . Portanto x múltiplo de mdc(a,b) .
mdc(a,b) mdc(a,b) mdc(a,b).mdc(a, b)
a.b
assim concluímos que mdc(a,b) . = mmc(a,b) ou
mdc(a,b).mdc(a, b)
AULA 6 TÓPICO 2 95
AULA 7 Grafos
Finalmente o aspecto mais relevante desta aula será destacar a melhor alternativa
para quem deseja reconhecer o comportamento matemático na resolução de
problemas discretos.
Boa Aula!
Objetivos
96 Matemática Discreta
TÓPICO 1 Conceitos de grafos
O bjetivo
• Compreender a conceituação de Grafos
AULA 7 TÓPICO 1 97
Assim, um grafo é uma coleção de pontos e linhas de conexão, subconjunto
delas. Os pontos de um gráfico são mais comumente conhecidos como vértices do
grafo, mas também podem ser chamados de “nós” ou simplesmente “pontos”. Da
mesma forma, as linhas que ligam os vértices de um grafo são mais comumente
conhecidas como arestas, bordas do gráfico, mas também podem ser chamadas de
“arcos” ou “linhas”.
De acordo com nossa definição, um grafo não pode ter duas arestas diferentes
com o mesmo par de pontas (ou seja, não pode ter arestas “paralelas”). Também não
pode ter uma aresta com pontas coincidentes (ou seja, não pode ter “laços”). Há
quem goste de enfatizar esse aspecto da definição dizendo que o grafo é “simples”.
O estudo de grafos é conhecido como teoria dos grafos, que foi sistematicamente
investigada por D. König na década de 1930. Alguns educadores usam o termo
“gráfico vértice de ponta” para um conjunto de nós conectados em uma tentativa
de preservar o uso comum de “gráfico” para significar uma função.
Euler provou a inexistência de um ciclo euleriano em todas as sete pontes
de Königsberg, hoje conhecido como o problema das Pontes de Konigsberg, é
um precursor famoso da teoria dos grafos. Na verdade, o estudo de vários tipos
de caminhos em grafos (por exemplo, caminhos, ciclos) tem muitas aplicações em
problemas do mundo real.
Exemplo 1:
Determine o grafo de ordem 5 definido por V = {a, b, c, d ,e} e
E = {{a,b} , {b,c} , {c,d} , {d,a} ,{e,a} ,{e,a} ,{e,b} ,{e,d}} .
Solução:
Alterar a definição de um gráfico para permitir que um par de vértices forme
mais de uma aresta resultará numa estrutura que é chamada de multigrafo (cf. o
grafo da Figura 3).
98 Matemática Discreta
Figura 3: Multigrafo
Exemplo 2:
Determine o grafo definido por V = {v1 , v2 , v3 , v 4 ,v5 } e
E = {a1 , a 2 , a 3 , a 4 , a5 , a 6 , a7 , a 8 }
= {{v1 ,v2 } , {v1 ,v3 } , {v1 ,v3 } , {v2 ,v5 } ,{v2 ,v5 } ,{v5 ,v5 } ,{v3 ,v5 } ,{v 3 ,v 4 }}
n(n-1)
Teorema 1: O número de arestas em um grafo completo é .
2
AULA 7 TÓPICO 1 99
Suponhamos que a hipótese é verdadeira para gn, onde n ³ 1 . Seja agora o
n(n-1)
grafo gn+1. Precisamos provar que o número de vértices nesse grafo é . Seja
2
vn+1 o vértice adicional que se encontra em gn+1 e não em gn. O número máximo de arestas
no grafo gn+1 é igual ao número máximo no grafo gn mais todas as ligações possíveis entre
vn+1 e cada vértices de gn. Como esse número de ligações é igual ao número de vértices em,
gn, temos:
n(n-1) n(n - 1) + 2n n2 + n n(n + 1)
Número máximo= +n= = =
2 2 2 2
Eis alguns exemplos de grafos completos:
Figura 4: Função f de A em B
Na definição acima, os grafos são entendidos como grafos não dirigidos, não
rotulados e não ponderados. No entanto, a noção de isomorfismo pode ser aplicada
a todas as outras variantes da noção de grafo, somando-se os requisitos necessários
para preservar os elementos adicionais correspondentes da estrutura: as direções
do arco, os pesos das arestas, etc, com a seguinte exceção: quando se fala em rótulo
com rótulos exclusivos, geralmente tirados do intervalo inteiro 1, . . . , n onde n
é o número dos vértices do grafo. Dois grafos rotulados são ditos isomórficos se os
grafos subjacentes correspondentes não rotulados são isomórficos.
Se um isomorfismo existe entre dois grafos, então os grafos são chamados
de isomorfos e nós denotamos por gn @ H n . No caso, quando a bijeção é um
mapeamento de um grafo em si mesmo, ou seja, quando gn e Hn são um e o mesmo
grafo, a bijeção é chamada de automorfismo de gn.
O isomorfismo de grafos é uma relação de equivalência em grafos e, como tal,
particiona as classes de todos os grafos em classes de equivalência. Um conjunto de
grafos isomorfos entre si é chamado de classe de isomorfismo de grafos.
Exemplo 1:
Os dois grafos abaixo são isomorfos, apesar de suas representações diferentes.
Um isomorfismo entre
Grafo gn Grafo Hn
gn e Hn
f(a) = 1
f(b) = 6
f(c) = 8
f(d) = 3
f(g) = 5
f(h) = 2
f(i) = 4
f(j) = 7
Exemplo 2:
Um caminho com quatro vértices é representado pelo diagrama da Figura 5.
({ x , x , x
0 1 2, x3 } , {{ x 0 , x' } , {x1 , x2 } , {x2 , x3 }})
Teorema 2: Existe um circuito euleriano em um grafo se, e somente se, o grafo é conexo
(isto é, existe um caminho ligando qualquer par de vértices) e cada vértice tem grau par (ou
seja, o número de arcos que nele incidem é par).
2.5 SUBGRAFOS
É um grafo cujo conjunto de vértices é um subconjunto do conjunto de
vértices gn , e o conjunto de arestas é um subconjunto do conjunto de arestas
de g1, ou seja, cuja relação de adjacência é um subconjunto de gn restrita a esse
subconjunto. Dizemos que um grafo gn contém um outro grafo Hn se algum subgrafo
de gn é Hn ou é isomorfo a Hn.
u e1 v
e3 e2 e4
x e5 w
Figura 8: p = 4, q = 5, N (v) = { u, w } , d(v) = 2
å
5
Observe que i=1
d (v i )
d(v2 ) = 1
d(v3 ) = 3
d(v4 ) = 2
d(v5 ) = 0
Prova: A soma dos graus de todos os vértices é um número par e, para que
esta afirmação seja verdadeira, o número de termos ímpares não pode ser ímpar,
pois do contrário a soma total seria também ímpar.
o caminho 3e35 5e25 2e12 1e15 5e 45 4e34 3 é um circuito simples (não há arestas
repetidas e o vértice inicial e terminal coincidem), mas não é um ciclo já que, além
do vértice inicial (que é também terminal), há outro vértice, o vértice 5, que está
repetido.
Num dígrafo, estes conceitos podem levar em conta a orientação. Chama-se
caminho orientado a uma sequência finita de arcos da forma v1 , e1 , v2 , e2 , . . . ,e r-1, v r
onde, para cada i = 1,2,...r - 1, , se tem e j = (v j ,v j+1 ) . A partir daqui, define-se
caminho fechado, circuito e ciclo concordantemente.
Na próxima aula, estudaremos outros conceitos relacionados a grafos, como
ciclos Eulerianos, ciclos Hamiltonianos e árvores.
Caro(a) aluno(a),
Objetivo
AULA 8 111
TÓPICO 1 Ciclos Eulerianos e
Ciclos Hamiltonianos
O bjetivo
• Compreender os conceitos de Ciclo Euleriano e Ciclo
Hamiltoniano
Definição 1: Na teoria dos grafos, um caminho euleriano é uma trilha em um gráfico que
passa por um vértice apenas um vez. Da mesma forma, um ciclo euleriano ou circuito é
aquele que cruza todas as arestas de um vértice, passando apenas uma vez em cada aresta.
O percurso fechado que utilize, uma única vez, todas as arestas de um grafo
é chamado Percurso Euleriano. Dessa forma, todo gráfico que possui esse percurso
é denominado Grafo Euleriano.
Teorema 1: Um grafo g(V,E) não orientado e conexo possui um ciclo euleriano se, e
somente se, todos os seus vértices tiverem grau par.
Demonstração:
Seja g(V,E) euleriano e seja um ciclo euleriano em gn. Ao percorrermos
esse ciclo a partir de um vértice dado, cada vez que atravessarmos um vértice,
utilizaremos duas arestas, uma na chegada e outra na saída. Logo, o grau de cada
vértice deve ser obrigatoriamente par.
Vamos associar esse problema à teoria sistematicamente essa teoria foi o matemático
dos grafos. Assim, seja gn um grafo onde húngaro D. König, na década de 1930.
g ua rde b e m i sso !
Lembre-se que num ciclo apenas o primeiro
vértice se repete.
Definição 1: Uma árvore é um grafo conexo acíclico com um nó especial, designado raiz
da árvore.
Exemplo 1:
A árvore mais simples tem um nó e nenhuma aresta, como mostra a Figura 1.
A segunda árvore mais simples é composta de dois nós conectados por uma aresta.
Teorema 1:
(a) Um grafo gn é uma árvore se e somente se ele é conexo, mas a remoção de qualquer de
suas arestas resulta em um grafo desconexo.
(b) Um grafo gn é uma árvore se e somente se ele não contém nenhum ciclo, mas a adição de
qualquer nova aresta cria um ciclo.
Prova: Primeiro, temos que provar que, se gn é uma árvore, então ele satisfaz
a condição dada no teorema. Está claro que se gn é conexo (pela definição de uma
árvore). Queremos provar que, após remover qualquer aresta, ele não permanece
conexo. Assuma que ao remover a aresta uv de uma árvore gn, o grafo resultante
Teorema 2: Toda árvore com pelo menos dois nós tem pelo menos dois nós de grau 1 .
Prova:
Seja n uma árvore com pelo menos dois nós. Provamos que n tem um nó
de grau 1. Digamos que não queremos nunca voltar de um nó sobre a aresta através
da qual entramos nesse nó; é possível, pelo menos, que tomemos um nó de grau 1.
Nesse caso paramos e a prova está terminada.
Portanto vamos argumentar que isso tem que acontecer mais cedo ou mais
tarde. Se não acontecer, então, em algum momento adiante, teremos que retornar a
um nó que já visitamos; mas então os nós e arestas que percorremos entre as duas
visitas formam um ciclo. Isso contradiz nossa suposição de que n é uma árvore e,
portanto, não contém qualquer ciclo.
Prova:
Desde que T é uma árvore, portanto um grafo conecto, então existe um
caminho entre quaisquer dois de seus vértices. Por outro lado, se existir mais
de um caminho entre algum par de seus vértices, implicará a existência de um
circuito, e neste caso T não seria uma árvore.
Teorema 7: Em qualquer árvore com dois ou mais vértices, existem pelo menos dois
vértices pendentes.
Vamos encerrar este tópico com mais um teorema que afirma que uma árvore
tem um ou dois centros. Antes da apresentação e demonstração desse teorema,
vamos às seguintes definições.
REFERÊNCIAS 121
CURRÍCULO
Marcos Antônio de Macedo