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Recursos e Execução da Sentença Penal – Processo Penal IV

(Professor Fábio Bechara)

RECURSOS
1) Conceito: Forma de prolongar a discussão, com o intuito de evitar a preclusão da decisão. Ou seja, é uma
impugnação feita pelas partes nos autos em que a decisão foi proferida, a fim de reformar (absolvição x
condenação; aumentar ou reduzir pena), invalidar ou completar a decisão.
Esta impugnação voluntária pode ser dirigida ao mesmo juízo ou à juízo hierarquicamente superior, numa
mesma relação processual.
Decisão: Todo ato judicial que resolve um ponto controvertido (mérito, matéria processual, provas, etc.).
 “Recurso de Ofício” = É uma hipótese de reexame obrigatório, ou seja, uma condição para que os efeitos
da decisão sejam eficazes, pois esta não precluirá.
Ocorre quando o próprio juiz manda a decisão para reexame, sem a provocação das partes. Por isso, não se
trata de um recurso propriamente dito, uma vez que não há ato de vontade e voluntariedade.
 “Ação Autônoma de Impugnação” = Diferentemente do recurso, é um meio de impugnação de decisão que
se dá em uma relação jurídica diversa da que a decisão foi proferida, por isso ficam apensos aos autos
principais.
Será uma relação jurídica paralela porque haverá partes, procedimento e pedidos diferentes.
Ex. HC, MS e Revisão Criminal

2) Fundamentos
a. Político: Recurso como mecanismo de controle para coibir abusos e evitar arbitrariedades.
b. Jurídico: Reside no duplo grau de jurisdição (expressão unicamente doutrinária).
Convenções: garantia do reexame da decisão condenatória (Pacto Internacional de
Direitos Civis e Políticos, e CIDH)
Constituição Federal Art. 5º, inciso LV
Estrutura do judiciário hierarquizada em instâncias
Art. 5º, §3º (incorpora os tratados internacionais)

3) Natureza Jurídica: Recorrer é exercer o direito de ação, pois a pessoa que recorre também leva ao
judiciário a notícia de ocorrência de ameaça ou lesão de direitos.
4) Classificação
a. Recurso Ordinário e Extraordinário = São diferentes nos limites da impugnação, sendo que o
ordinário tem devolutividade ampla (matéria de fato ou de direito), enquanto o extraordinário tem
devolutividade limitada (só matéria de direito).
b. Recurso de Fundamentação Livre = Quando a lei nada disser sobre o que pode ser alegado no
recurso.
Vinculada = Quando a própria lei estipular o que pode ser alegado.
Ex. Tribunal do Júri e Resp.

5) Princípios
a. Da taxatividade = Só são recorríveis as decisões que a lei diz que são recorríveis, ou seja, precisa de
previsão legal;
Os recursos cabíveis também têm previsão legal.
b. Da dialeticidade = Todo recurso interposto tem a chance de contraditório, ou seja, serão
apresentadas contrarrazões, exceto os Embargos de Declaração.
Para os Embargos Infringentes, que alteram a estrutura da decisão, dá-se a oportunidade para as
contrarrazões.
c. Da unirrecorribilidade = Para cada decisão é cabível somente um recurso.
Quando uma decisão tratar de duas ou mais matérias que, isoladamente, seriam discutidas por recursos
diferentes, deve-se interpor aquele que for mais abrangente. O recurso mais abrangente é o Recurso de
Apelação.
ABRANGÊNCIA = DEVOLUTIVIDADE = AMPLITUDE DE COGNIÇÃO
d. Da disponibilidade = Decorre da voluntariedade do recurso, ou seja, do ato de vontade, portanto,
pode ou não ser exercido, a parte pode renunciar (antes de interpor) ou desistir (depois de interpor) do seu
direito.
 O MP não é obrigado a recorrer, contudo ele não pode desistir deste.
Este princípio é fruto de absoluta liberalidade das partes, por isso elas não precisam motivar a renúncia ou
desistência.
 O recurso é um ônus, pois se eu recorrer, posso me beneficiar de algo, mas se eu não recorrer, estou
aceitando os efeitos da decisão.
e. Da irrecorribilidade das decisões interlocutórias = O art. 581 do CPP traz um rol exaustivo das
decisões interlocutórias recorríveis.
Estas decisões interlocutórias irrecorríveis podem ser impugnadas, em tese, em preliminares de futura
apelação, uma vez que a matéria não preclui, e também via MS ou HC, dependendo do objeto.
f. Da personalidade = Só se beneficia do recurso quem dele se utiliza (regra geral). No entanto, há 3
situações que modificam isso devido ao efeito extensivo (estender o efeito do recurso a quem se encontra na
mesma situação reconhecida); ao reformatio in millius (melhorar, de ofício, a situação do réu); a vedação da
reformatio in pejus (o réu, no seu próprio recurso, não pode ser prejudicado, direta ou indiretamente).
Ex¹. Um réu, condenado a 1 ano de reclusão pelo juízo A, interpõe recurso de apelação alegando
que este era inocente. Correto, passa a ser julgado pelo juízo B, o qual estará vinculado à decisão
de A, tendo em vista que foi o próprio réu que recorreu (reformatio in pejus indireta).
Ex². O réu, condenado a 4 anos de reclusão, recorreu para alteração do regime inicial de
cumprimento de pena. O Tribunal, ao analisar a decisão, verifica que não foi considerada a
agravante da reincidência na fase de dosimetria, o que aumentaria a pena. No entanto, não será
possível alterar a pena para piorar a situação do réu (reformatio in pejus direta).
 Essas situações remetem à presunção de inocência.
g. Da fungibilidade = Possibilidade de substituição de um recurso por outro nos termos do CPP, em que só
será possível se não houver má-fe (se houver recurso próprio previsto em lei).
Deve-se observar o prazo maior, pois isto é interpretar a favor do direito de recorrer.
 Art. 89 da Lei 9.099/95 – Suspensão condicional do processo (Recurso Estrito e Recurso de Apelação).
 Variabilidade – Para decisões objetivamente complexas.
 Complementariedade – Simultânea (Resp + Rext ou Apelação + EDs)
Posterior (modificação de situação pré-existente)

6)
Juízo de Admissibilidade Juízo de Mérito
Objeto/Matéria Requisitos formais do recurso Matéria impugnada
Admissibilidade – legalidade Direito processual x Direito material
Competência 2 momentos: de quem e para quem Para quem eu recorro
Exceção: EDs
Efeitos Conhecimento ou não conhecimento Provimento (reforma-se, invalida-se,
por parte do juiz ad quem ou do juiz a integra-se) ou não-provimento (dar
quo – não processamento, decisão efetividade à decisão recorrida).
recorrível (regra), e natureza
declaratória.
7) Requisitos de Admissibilidade
a. Cabimento: É necessário identificar se a decisão é recorrível e se há recurso cabível.
b. Legitimidade: De ser parte e também, de postular (postulatória).
Ordinária MP (ação pública ou privada)
Réu
Advogado
 O MP pode recorrer de forma ampla, inclusive em favor do réu. A atuação do MP deve ser coerente em
todo o curso do processo.
 Se a ação penal privada for julgada improcedente, o MP não terá legitimidade para recorrer.
 Quando houver conflito de vontades entre o réu e o advogado, prevalece a vontade daquele que beneficiar
mais o réu.
Especial: Vítima Titular da APPrivada
Assistente de acusação na APPública
Habilitada (integra a relação processual só para recorrer)
Como assistente de acusação na APPública, a vítima tem legitimidade para recorrer apenas nos casos de
absolvição ou impronúncia, pois ela atua a fim de fiscalizar a ação do MP

c. Interesse: É a necessidade do recurso, e o proveito que este pode, eventualmente, gerar.


Está atrelado ao conceito de sucumbência, e associado ao reconhecimento ou não do recurso (necessário?
Proveitoso?)
A possibilidade do MP recorrer pelo réu dará um tratamento especial à sucumbência, pois se recorrer pelo
réu, ele não será a parte sucumbente.
Numa decisão de extinção de punibilidade, pode-se interpor ou não um recurso. Para a primeira corrente, não
há interesse de recorrer do réu para conseguir uma absolvição após a análise do mérito, pois trata-se de
absoluta inutilidade do recurso. Por outro lado, entende-se que há sim interesse de recorrer do réu a fim de
assegurar um provimento de mérito com base na presunção de inocência.

d. Regularidade Formal
Interposição do Recurso Por escrito ou oralmente (reduzida a termo)
Momento preclusivo para a delimitação da impugnação – uma vez delimitado,
não poderá ser ampliado ou reduzido nas razões.
Razões – É indispensável, pois viabiliza o contraditório do recurso (contrarrazões), ou seja, viabiliza a
dialeticidade do recurso. Sua ausência não é mera irregularidade.
Contrarrazões – Dispensável, exceto quando forem contrarrazões de defesa, pois acarretaria em réu indefeso.

e. Tempestividade
Prazo Interposição - fatal/peremptório (passado o prazo, perde-se o direito de recorrer por preclusão).
Razões – impróprio
Quando a interposição e as razões se confundirem, o prazo será, evidentemente, peremptório.
Termo inicial de contagem -Tem como marco a intimação
MP ou Defensor Público – Pessoal (momento em que os autos ingressam no cartório)
Defensor Dativo – Mandado
Réu ou Advogado constituído – Imprensa
Réu condenado – Pessoalmente
Réu absolvido – Edital
 Quando houver réu e advogado para serem intimados, o prazo começará a ser contato a partir da data de
intimação do último.
 Súmula 706 do STF: o prazo começa a contar a partir da intimação e não da juntada do mandado nos autos.
No caso de intimação do processo eletrônico, temos que observar duas situações: diário oficial eletrônico
(início no próximo dia útil após a publicação) ou por e-mail, quando houver partes cadastradas, em que a
pessoa terá até 20 dias para abrir a caixa de e-mail, ou seja, se não aberto o e-mail após 20 dias (aviso de
leitura/recebimento), o prazo começará a contar do mesmo jeito.
Quanto a intimação da vítima, se ela estiver habilitada como assistente de acusação, ela será intimada a
recorrer. Já se ela não estiver habilitada, o prazo começa a correr no dia seguinte ao término do prazo de
recorrer do MP, sendo que não haverá intimação, então a vítima deve acompanhar os autos.
Termo final de contagem – Será, obrigatoriamente, em dias úteis.

f. Ausência de fatos impeditivos ou extintivos dos recursos


Renúncia: Ato unilateral que antecede o exercício de recorrer.
Desistência: Se dá em qualquer momento ou grau de jurisdição após a interposição do recurso, desde que
ainda não julgado.
Deserção: Só ocorre quando não houver recolhimento do preparo na APPrivada. A APPública não exige o
recolhimento, pois haveria uma quebra na paridade de arma, uma vez que o MP não recolhe custas.
8) Efeitos do Recurso
a. Devolutivo = Devolver a matéria impugnada para reexame, que será analisada da maneira mais ampla e
profunda, pois envolverá todos os elementos explicita ou implicitamente relacionados.
Dentro deste efeito há 2 subtipos, o efeito devolutivo próprio (devolução da matéria impugnada para juízo
diverso daquele que proferiu a decisão) e efeito devolutivo impróprio (devolução para o próprio juízo
prolator), que ocorre, normalmente, nos Embargos e no RESE (art. 581, CPP), que permite a retratação do juiz
(“efeito regressivo/diferido/interativo”).
Entende-se que o efeito extensivo (ampliação dos efeitos do recurso para quem dele não se utilizou) é uma
peculiaridade do efeito devolutivo impróprio.
b. Suspensivo = Normalmente, todos os recursos interpostos contra uma decisão condenatória suspendem
os efeitos da sentença.
O CPP definirá quais as hipóteses de efeito suspensivo, uma vez que a regra é de que os recursos não
suspendem os efeitos, o início da execução.
Exceção: Execução provisória.

EMBARGOS INFRINGENTES - (“Embargos de Nulidade”)


1. Cabimento
A decisão impugnável por Embargos Infringentes é aquela de Tribunal, não unânime, no julgamento de RESE
ou Apelação. A decisão colegiada é negativa ao réu, mas o voto divergente é favorável.
A natureza da matéria impugnada nos Embargos Infringentes recai sobre o mérito, enquanto que nos
Embargos de Nulidade recai sobre questões processuais.

2. Legitimidade
É um recurso exclusivo do réu (ele próprio ou seu advogado).
→ Nada impede que o MP recorra em favor do réu. Não existe Embargos Infringentes pró interesse público.

3. Interesse de recorrer
Está diretamente atrelado à divergência, ou seja, o limite da impugnação é restrito à divergência.
No entanto, esta não é uma ideia fechada, pois há situações em que a divergência pode repercutir naquilo que
é unânime.
Ex. Mudar a pena altera o regime inicial prisional.
Quando se for olhar para a divergência, deve-se verificar o grau de prejudicialidade que ela tem com o resto.
4. Tempestividade
Prazo único de 10 dias.
→ Não há contrarrazões, mas um Parecer do MP em 10 dias.

5. Regularidade Formal e Procedimento


Só pode ser interposto por petição, e da interposição caberá parecer do MP. Não prevê mais a possibilidade
de interposição por temo nos autos.
No julgamento dos Embargos Infringentes haverá um novo Relator e uma nova composição do colegiado
(composição ampliada).

6. Ausência de fatos impeditivos e extintivos


Renúncia
Desistência
 Não há deserção, pois não há preparo, uma vez que é parte de um recurso anteriormente interposto.

7. Efeitos
Devolutivo:
Próprio = Refere-se à matéria objeto da divergência, cuja cognição e profundidade são as mais amplas
possíveis, e a extensão depende da matéria impugnada → próprio do ordinário Recurso de Apelação.
Impróprio = Por causa da possibilidade de retratação daqueles que participaram do julgamento anterior. Além
disso, trata sobre a possibilidade de se aplicar o efeito extensivo àquele que não recorreu.
Suspensivo: A princípio, suspendem a execução de toda a decisão. No entanto, se houver matérias de
naturezas diferentes na mesma decisão (matéria penal x matéria civil), só ficarão suspensos aqueles
impugnados/embargados.
Quando houver um acórdão com uma parte unânime e outra não unânime, caberá, simultaneamente, os
Embargos Infringentes para a parte não unânime e RESP/REXT com relação a parte unânime, a fim de evitar a
preclusão temporal.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
1. Cabimento
Sentença de 1º grau
Isto é segundo o CPP, mas qualquer decisão
pode ser embargada, pois todas precisam
ser claras e coesas.
ou
Acórdãos dos Tribunais
2. Legitimidade
Todos podem opor Eds Ministério Público
Réu e advogado de defesa
Vítima habilitada ou não

3. Interesse de recorrer
Contradição/Ambiguidade
Omissão (dúvida)
Obscuridade
Estes pontos devem estar didaticamente especificados, não cabendo alegações genéricas, ou seja, deve-se
apontar, de forma cirúrgica, os motivos dos EDs.

4. Tempestividade
TJ = 48 horas
STJ = 5 dias
STF = 3 dias
Não se dá muita relevância ao caráter protelatório dos EDs, pois a má-fé deliberada e procrastinada não afeta
o prazo prescricional.

5. Regularidade formal e Procedimento


Apenas interposto por meio de petição e não cabe contrarrazões.
Em analogia ao NCPC, se reconhecido o caráter infringente dos EDs, caberá a apresentação de contrarrazões.
IMPORTANTE! Os EDs podem ser opostos tanto diante de erro material, quanto de erro de fato. Ocorre que,
se houver erro material, a decisão poderá ser corrigida de ofício, independentemente dos EDs, mas se houver
erro de fato, a decisão estará associada à realidade do julgamento, que demanda um esforço cognitivo muito
mais elaborado que o erro material, exigindo a oposição de EDs.

6. Ausência de fatos impeditivos e extintivos


Renúncia
Desistência
7. Efeitos
Devolutivo = É próprio, limitado ao esclarecimento da decisão, salvo se reconhecido o caráter infringente.
Suspensivo = Suspendem os efeitos de uma decisão (interrompendo o prazo para interposição de Recurso de
Apelação), porém, nas decisões de Tribunal, interromperá o prazo para interposição de RESP ou REXT.

REVISÃO CRIMINAL
1. Cabimento
Rescinde a coisa julgada na ação criminal. A presunção de inocência “fala mais alto” do que a segurança
jurídica.

2. Tempestividade
Não tem prazo, não está sujeito à preclusão temporal.

3. Natureza jurídica
Ação autônoma de impugnação.

4. Condições da ação
a) Possibilidade jurídica do pedido: É o cabimento. Deve haver uma condenação criminal transitada em
julgado.
Se houver a extinção da pretensão punitiva, não caberá Revisão Criminal. Por outro lado, se houver pretensão
punitiva, admite-se a Revisão.
b) Interesse de agir: Necessidade de provimento + utilidade.
Há dois juízos na Revisão Criminal - o juízo rescindente, que tem o poder de desconstituir coisa julgada (há e

Quando se pretende modificar


toda a revisão criminal) – Ex. Legalidade.
a decisão de mérito, haverá - o juízo rescisório, que é a modificação da decisão empregada por uma
os dois juízos.
nova.
 A jurisprudência tem admitido o uso da Revisão Criminal como uma revaloração de provas anteriores.
 O fundamento invocado no ajuizamento da Revisão Criminal não vincula a decisão penal, ou seja, há uma
fungibilidade do pedido, cujo critério é aquele que for melhor para o réu. Portanto, nada impede que o juízo
conheça a RC por outro fundamento que não aquele utilizado.
c) Legitimidade: É exclusiva do condenado (ad causam) → Se morto, será de seus sucessores (art. 31, CPP),
não existindo a figura do assistente de acusação.
O MP tem legitimidade para impetrar RC em favor do réu, pois ele já se manifesta após o ajuizamento.
 A vítima não dispõe de qualquer legitimidade.
LEGITIMIDADE ≠ CAPACIDADE POSTULATÓRIA

5. Processo
a) Capacidade postulatória: O réu não precisa estar, obrigatoriamente, assistido por advogado.
b) Competência: É originária dos Tribunais (onde se analisou o mérito)
STJ → STJ
STF → STF
TRF → TRF
 Uma decisão de 1º grau (estadual) confirmada em 2º grau, ou transitada em julgado em 1º grau, a RC é
ajuizada no respectivo Tribunal (Tribunal de Justiça).
 JECRIM = RC deve ser ajuizado no respectivo tribunal que se acha vinculado, ou seja, a competência não é
da Turma Recursal.
 RESP e REXT em 2º grau = Competência do Tribunal que foi confirmado.
c) Preclusão: A RC pode ser ajuizada a qualquer momento, ou seja, não preclui, podendo ser inclusive,
após a extinção da punibilidade.
d) Prisão: Não impede que a RC seja ajuizada, pois não é condição para o início da execução, tampouco
para o ajuizamento desta.
Não se fala de prisão cautelar, mas isso não impede que sejam tomadas providências de caráter cautelar como
forma de minimizar o impacto negativo da prisão e preservar o fim do objeto final da RC.

6. Procedimento
É sumarizado, simplificado. → Toda vez que uma RC é ajuizada, ela é automaticamente distribuída ao Relator
(função jurisdicional ou administrativa). Depois disso, o MP se manifestará dentro de 10 dias, seguindo para a
decisão (colegiada – renovada).
 Contra qualquer decisão liminar do Relator caberá Agravo Regimental pelo órgão colegiado.
A prova é sempre pré-constituída, ou seja, não se produz provas, incidentalmente, na Revisão Criminal.
Justificação Criminal = Incidente preparatório da RC, utilizado para instruí-la, em casos de provas novas ou
provas falsas.

7. Ônus da prova
É do condenado, de quem ajuíza a Revisão Criminal, de quem alega.
→ Não conflita em nada com a presunção de inocência, pois já passada a fase da acusação.

8. Efeitos
Num primeiro momento, o ajuizamento da RC não afeta ou suspende ou interrompe nenhum outro
procedimento ou a execução, exceto se houver clara relação de prejudicialidade (caráter cautelar).

9. Decisão
Por maioria de votos, não necessariamente unânime.
Não pode piorar a situação do réu, que foi quem ajuizou a Revisão Criminal, ou seja, não se pode agravar a
pena ou haver reformatio in pejus indireta.
Em casos de absolvição, o condenado será indiretamente posto em liberdade. Além disso, se pela condenação
o réu perdeu um cargo, por exemplo, esta absolvição produzirá, também, efeitos extrapenais, quando possível
e dependendo de cada caso, de acordo com os fundamentos dessa absolvição.

10. Recursos cabíveis


Embargos de Declaração
Podem ser interpostos tanto pelo MP
2ª Instância = RESP ou REXT quanto pelo réu.
Tribunais Superiores = Eventuais recursos internos

11. Coisa Julgada


A Revisão Criminal julgada improcedente não impede o ajuizamento de novas RCs, desde que haja um novo
fundamento de fato, pois se o motivo for o mesmo, já se terá coisa julgada material.
Uma RC julgada procedente tampouco afasta a possibilidade de ajuizamento de uma RC no futuro se for para
melhorar ainda mais a situação do réu.

12. Indenização por erro


O condenado pode pedir uma indenização por erro do judiciário, ou o Tribunal pode concedê-la de ofício.
O pressuposto dessa concessão é a má-fé, responsabilidade objetiva, ou seja, se a causa do erro foi provocada
pelo próprio condenado, ele não terá direito à indenização, uma vez que ninguém pode se beneficiar da
própria torpeza.
 Cabível nas Ações Penais Públicas e Privadas.
HABEAS CORPUS
1. Origem
Carta de João sem Terra de 1215 – “Bill of Rights”
2. Conceito
É uma ação constitucional de tutela da liberdade de locomoção contra qualquer ilegalidade.

3. Natureza Jurídica
É uma ação de conhecimento, pois é voltada a reconhecer uma ilegalidade. A natureza cautelar (preventiva)
só é verificada na liminar do HC, uma vez que tem função de proteger o objeto final. Além disso, é uma ação
autônoma de impugnação, pois apenas será usada apenas quando não houver outro recurso cabível (HC
substitutivo), caso contrário, burlaria o sistema (HC + outro recurso).
Como uma ação de conhecimento, o HC tem três hipóteses de provimento:
a) Condenatório: Má-fé ou abuso de autoridade da autoridade coatora;
b) Declaratório: Reconhece uma situação pré-existente (Ex. Nulidades);
c) Constitutivo: Desconstituição de decisão transitada em julgado.

4. Espécies
HC Liberatório = Para fazer cessar uma situação de ilegalidade consumada.
HC Preventivo = Para evitar a consumação de uma situação de constrangimento ilegal.
AÇÃO DE HC (pressupõe provocação) ≠ ORDEM DE HC (concedida de ofício ou por provocação das partes)

5. Condições da Ação
a) Legitimidade: Qualquer pessoa (física ou jurídica) → Polo Ativo
Autoridade coatora (responsável pelo constrangimento ilegal, quem decidiu pelo
constrangimento) – Pode ser tanto um agente público quanto um particular → Polo Passivo
b) Interesse de agir: Qualquer ato de constrangimento ilegal à liberdade de locomoção, direta ou
indiretamente.
Ex. Prova ilícita – a instauração de um IP com base em uma prova ilícita gerará uma possível prisão,
portanto, afeta indiretamente.
Indiciamento
 Quando não for verificado o constrangimento à liberdade de locomoção, mesmo que longinquamente,
caberá Mandado de Segurança.
c) Possibilidade jurídica do pedido: Causas/hipóteses que justificam e tornam o pedido juridicamente
possível → Art. 648, CPP (rol meramente exemplificativo).

6. Processo
a) Capacidade postulatória: Dispensa advogado, pois prestigia o acesso à justiça, ou seja, dá mais valor à
liberdade do que à indispensabilidade de advogado prevista na CF.
b) Competência: Se orienta por três hipóteses, aplicáveis na justiça comum (estadual ou federal) e especial
(militar e eleitoral).
- Judiciário Territorial
Hierarquia
- Juiz do Trabalho (TRF) ou Membro do MP Estadual (TJ) Mesmo juízo competente para
Federal (TRF) julgar casos de abuso de autoridade.

- Agente público ou particular, exceto MP – será julgado pelo judiciário de 1º grau.


c) Procedimento: É simplificado e sumário, ou seja, tem uma tramitação enxuta, sem dilação probatória
e/ou fase de instrução.
Há uma cognição sumária que permite identificar uma situação sem grande aprofundamento, baseada apenas
na prova pré-constituída.
Não é admitido, no HC, revaloração de provas, pois trata-se de um reexame típico do procedimento ordinário.
Além disso, é um procedimento contraditório, pois dá o prazo de 10 dias para a autoridade prestar
informações, a fim de defender a legalidade de seu ato.
 O HC impetrado em 2º grau ou nos Tribunais Superiores exigirá, sempre, a manifestação do MP.
d) Recursos: Nas decisões de 1º grau, caberá RESE ou Reexame Necessário para a concessão de habeas
corpus.
Nas decisões de 2º grau, caberá o ROC, sem prejuízo do REXT.
Nos Tribunais Superiores, restarão os recursos internos, todos embargáveis por EDs em
qualquer situação.
e) Coisa julgada: A decisão do HC faz coisa julgada, ou seja, se modificado o pressuposto de fato, nada
impedirá a impetração de novo HC.
 O que determina a celeridade do julgamento é a situação em que a pessoa se encontra (preso ou solto).

EXECUÇÃO DA SENTENÇA PENAL


Natureza Jurídica = Procedimento jurisdicional que busca efetiva o cumprimento da sentença.
Processo de execução de natureza mista/híbrida – Fase administrativa + Fase jurisdicional
Tipo de tutela jurisdicional

Objeto = É a sanção penal lato sensu Pena: Multa, PRD e PPL Tudo aquilo que tiver relação
Medida de segurança e for incidental

O início da execução da PRD, PPL e da medida de segurança se dá a partir do trânsito em julgado,


independentemente de provocação judicial, bastando a expedição da guia de recolhimento, que é mero ato
cartorial.
A partir deste momento, o juiz competente será o Juiz da Execução → Tramitação paralela
Por outro lado, a pena de multa é executada como uma dívida executiva perante a Fazenda Pública (Execução
Fiscal), pelo MP, por meio de petição.

Objetivos = Reinserção social do condenado e cumprimento da pena.


Visa atender os princípios retributivo e preventivo específico (evita a reincidência do condenado).

Princípios = Legalidade
Humanidade
Isonomia
Jurisdicionalidade → Competência: lugar onde se está cumprindo a pena → Territorialidade (“A
execução acompanha o preso”)
Individualização
Personalidade Qualquer incidente desta fase será,
necessariamente, contraditório, uma vez
Devido processo legal que se trata de um PROCESSO.
Presunção de inocência
Contraditório e Ampla Defesa
 Qualquer decisão na fase de execução é impugnada por meio de Agravo ao Tribunal de Justiça, que utilizará
o procedimento que mais observa o contraditório, pelo Princípio da Fungibilidade (procedimento do Agravo
no CPC ou RESE no CPP).
 Uma questão disciplinar será julgada por meio de uma decisão administrativa, a qual não será agravável,
pois isto só é possível para decisões do juízo da execução. Esta será impugnada no juízo da execução.
 Quando houver alguém condenado quando tinha foro especial (foro por prerrogativa de função), a
competência para julgar a execução será a do foro originário (do processo de conhecimento),
independentemente de onde o condenado está cumprindo a pena, pois nestes casos, não se observa o critério
da territorialidade.

Sujeitos = Configuração muito ampliada (Competência: art. 24, CF)


Passivo = Preso provisório
Condenado A Lei de Execução Penal não trata somente
Submetido a medida de segurança de processo, mas também de
previdenciário, pois o regime jurídico não se
Prisão civil exaure na figura do condenado, mas em
qualquer um que ingresse no sistema
Prisão administrativa
previdenciário
Egresso
Estrangeiros
 A LEP regulamenta uma série de direitos básicos, e pouco importa a nacionalidade ou condição da pessoa
no sistema.
Ativo = Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária
Departamentos penitenciários
Conselho penitenciário
Juízo da execução
Ministério Público
Fiscalizam o sistema penitenciário internamente
Defensoria Pública
Patronato
Conselho da comunidade

Direitos do Preso = O preso conserva todos os direitos de sua qualidade de preso.


→ Intimidade e vida privada: Qual a extensão disso, uma vez que vivem sob monitoramento e vigilância?
Vigilar para preservar a segurança é diferente de vigilar com a finalidade de incriminar a pessoa, que depende
de autorização judicial para ocorrer.
Ex. Gravar as conversas do preso com seu advogado.

Deveres e Disciplina = As infrações disciplinares (descumprimento de dever) sempre exigem procedimento


prévio de apuração, e deve ter contraditório.
Estas infrações podem ser leves ou médias, e serão julgadas pela própria autoridade administrativa, ou então
graves, julgadas pelo juiz da execução.

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