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Além disso, os dados mostram que pessoas mais jovens estão morrendo
agora. Segundo registros de óbitos nos últimos 30 dias, quatro em cada dez
vítimas fatais tinham menos de 60 anos no estado.
"Algo de muito diferente está ocorrendo em Manaus. Não sei informar se é uma
cepa nova ou se é algo diferente. Mas quem está na linha de frente está vendo
um aumento da gravidade dos casos", conta o infectologista e pesquisador
Noaldo Lucena, que atua em clínica popular, atendimento domiciliar e hospitais
públicos.
"Neste ano, eu já vi mais 150 pessoas aqui na clínica e mais 300 no serviço
público. Digo que menos de 2% deles tinham comprometimento leve. Os
demais eram comprometidos acima de 50%. Alguns com 70%, 80%, 90%,
com necessidade de internação imediata e até suporte ventilatório", diz.
+22
"Sem dúvida muito mais jovens estão morrendo. Não estamos falando só de
grupo de risco: isso está em todas as faixas etárias, atingindo bebês, crianças,
adolescentes mesmo sem comorbidade", aponta a infectologista Silvia
Leopoldina, que também atua nas redes públicas estadual e municipal de
Manaus.
"Silenciosa demais"
A enfermeira e professora Ana Paula Rocche concorda que "o vírus não é mais
o mesmo". Ela relata que a queda de saturação de pacientes ocorre de forma
muito mais rápida e silenciosa.
"O paciente começa no primeiro dia sentindo uma dor de garganta; depois
sente uma dor de cabeça; no terceiro dia ele já começa uma febre, mas no
quarto começa uma falta de ar, e quando você coloca um oxímetro nele, a
saturação que era para estar em 98% está 70%, 75%. Isso não é normal! É
uma coisa extremamente grave que ataca as vias aéreas e pulmões, e de forma
silenciosa demais", pontua.
A enfermeira conta que, em vez de dor, muitos pacientes tem relatado uma
"agonia" no peito.
"O pulmão parece que vai ressecando, que vai encolhendo; e aí você entra
com tudo que é antibiótico, anticoagulante e o pulmão não expande. Isso não é
normal", diz.
Nós não estamos sabendo lidar com isso. Está estranho demais. As pessoas
ficam ruins em outros locais, mas não como a gente está vendo. Isso aqui é
outra coisa.
Ana Paula Rocche, enfermeira
Segundo artigo publicado ontem, a nova variante pode ser capaz de furar a
imunidade adquirida por outra cepa.
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