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FACULDADE PIO DÉCIMO

PSICOLOGIA

SUICÍDIO

ARACAJU-SE

2019 
CARLA GABRIELLE

HANA MELO

HELTON CARVALHO

IDÁLIA RIBEIRO

JENIFA BARRETO

LAÍSA TAVARES

TALITA MIRANDA

SUICÍDIO

Trabalho avaliativo apresentado como


requisito parcial de avaliação da disciplina
de metodologia cientifica, ministrada pelo
Profº. Msc. Luiz Ricardo Santana de
Araújo, no segundo semestre de 2019.

ARACAJU-SE

2019
1 INTRODUÇÃO 

Na idade média (sec. V ao XV) período dominante da doutrina cristã, o


encerramento voluntário da própria vida era entendido como ato pecaminoso sujeito
a punição dentro das premissas eclesiásticas. No século seguinte advém a
transferência para área médica, e esse ato passa a ser estudado como uma
patologia, saindo do viés religioso para o viés biológico. Em meados do século XVll
ocorreu as primeiras nomeações para o ato de tirar a própria vida, denominado
como suicídio que deriva do latim “sui” – si mesmo- e “caedere”- golpear ou matar.

No século XVIII emerge adventos históricos importantes como o


iluminismo, e a revolução francesa, que defendiam ideias de razão e liberdade
humana, seguido do surgimento no início do século seguinte do positivismo, que
defendia que somente o conhecimento que pode ser observado pelas leis da ciência
é verdadeiro, esse último influenciando diretamente nas ideias trazidas por
Durkheim.

A morte é algo presente nas mais diversas culturas, desde o oriente ao


ocidente, mas o modo como cada uma lida com esse fenômeno é subjetivo,
podendo causar espanto, tristeza ou até mesmo alegria. Quando se trata do ato de
dar fim a própria vida podem surgir inúmeros fatores que influenciam, e que
explicam. O suicídio como ato ligado as premissas religiosas é extremamente
comum desde as sociedades primitivas, passando pelos kamikazes na segunda
guerra mundial, a atualidade com o caso dos homens bombas que cultuam o
islamismo.  

Atualmente, o suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens de


15 a 29 anos no mundo ficando atrás apenas dos acidentes de trânsito (OMS, 2019).
Esse dado se torna alarmante ao ser associado com alguns fatores e
questionamentos. Sendo levantada a seguinte problemática: Quais são os
atravessamentos e características casuísticas dessa faixa etária que potencializam o
alto índice de suicídio entre os jovens e jovens adultos? 

O suicídio vai além de aspectos individuais, envolvendo fatores que são


comuns a todos indivíduos que fazem parte de uma mesma sociedade, sendo o
suicídio um fenômeno social. Desse modo, este trabalho justifica-se pela extrema
importância que há na esfera social de fomentar discursões que desmistifiquem o
suicídio, além de suscitar uma maior atenção sobre as faixas que possuem
demasiada incidência.

Como a produção científica tem como objetivo apropriar-se da realidade


para melhor analisá-la e, posteriormente, produzir transformações, o presente
trabalho busca entender os fatores que levam jovens e adultos a cometerem o
suicídio através dos preceitos formulados por Durkheim.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

2.1 O suicídio ontem e hoje

  A morte é um fenômeno que perpassa diversas culturas e gerações,


sendo considerada um elemento essencial na cultura dos povos, várias são suas
interpretações, dependendo de crenças, costumes, fatores culturais e religiosos,
variando o modo como pode ocorrer, podendo ser derivada de um homicídio, causas
naturais ou suicídio. (BOWKER, 1995, APUD CAMARGO,2005)

O suicídio está presente desde os primórdios da sociedade, e se tornou


discussão na filosofia. Platão acreditava que o suicídio era justificável se o indivíduo
sofresse de algum mal que lhe trouxesse-se a certeza de uma vida miserável e
humilhante. Em contrapartida, Sócrates defendia que o suicídio não era justificável
de maneira alguma, se tratando de um ato de impiedade, pois os seres pertenciam
aos deuses, e somente eles poderiam lhe tirar a vida. De modo geral, é notório a
reprovação ao ato de tirar a própria vida pelos filósofos. (OLIVEIRA, 2018)

Em uma visão atrelada a religião o suicídio já estava presente de forma


imposta desde as sociedades primitivas. Nos primeiros séculos da era cristã, o
suicídio tomava uma dualidade de posições, sendo enxergado como algo benéfico,
ora como algo maléfico. A visão positiva fez com que grandes números de fiéis
tirassem a própria vida em busca de uma redenção, mas esse fato produziu um
enfraquecimento econômico, fazendo com que o suicídio passasse a ser visto de
forma totalmente negativa. (SILVA,1992)
Segundo Lopes (2008), o ato de tirar a própria vida nem sempre foi visto
da maneira que é enxergado hoje, passou-se por saberes e discursos religiosos,
culturais e sociais que conectaram sentidos, valores, experiências e significações.
Na atualidade o suicídio ainda traz traços das concepções filosóficas e religiosas,
como citada anteriormente, mas se reveste de uma maior complexidade, que pode
ser explicada pela dinâmica da sociedade atual. Vivenciada como uma maior
liberdade do indivíduo que é capaz de tomar responsabilidade frente a ações
sociais, mas que em contraponto traz o enfraquecimento nas relações humanas.  Ao
se deparar com essa visão da atualidade Bauman em seu livro- Tempos líquidos-
salienta que:

Se a ideia de 'sociedade aberta' era originalmente compatível com a


autodeterminação de uma sociedade livre que cultivava essa
abertura, ela agora traz à mente da maioria de nós a experiência
aterrorizante de uma população heterônoma, infeliz e vulnerável,
confrontada e possivelmente sobrepujada por forças que não
controla nem entende totalmente. (BAUMAN, 2007, p. 13)

Os dados correspondentes ao suicídio corroboram com Bauman (2007),


quando se pensa em uma população infeliz e vulnerável.  Segundo a OMS (2001)
estima-se que até 2020 mais de 1,5 milhões de indivíduos irão se suicidar por ano, o
último boletim epidemiológico do Ministério da saúde mostra que houve aumento do
número de casos de suicídio nos últimos anos, e a Associação Brasileira de
Psiquiatria alerta para o aumento desse fenômeno entre os jovens.

Desse modo, o suicídio não é um fenômeno isolado de uma determinada


época, podendo ser compreendido sobre diversos aspectos, e relacionados a
diversos fatores. 

2.2 Tipos de suicídio

Ao analisarmos o contexto histórico mundial, podemos perceber um


considerável índice de suicídios que se tornaram marcas registradas de períodos
históricos conturbados. A exemplo da segunda guerra mundial, marcada por ações
suicidas advindas de missões a serem praticadas a sangue frio, onde a própria
morte do indivíduo ou grupo que pratica é essencial para o sucesso (Gambetta,
2006). Nesse contexto, podemos citar os kamikazes, também conhecidos como
shimpu ou tokkotai, que pode ser definido como corpo especial de ataques por
choque corporal. Tal grupo se caracterizou por pilotos de aviões japoneses
carregados de explosivos com o objetivo de realizar ataques suicidas contra navios
dos Aliados nos momentos finais da campanha do Pacífico na Segunda Guerra
Mundial.

Os Kamikazes, já realizavam praticas suicidas que se antecederam a


segunda guerra mundial, porém ganharam maior reconhecimento com o advento da
guerra. Eles buscavam através desses atos a vitória nos conflitos, visto que que se
achavam impossibilitados de vencer pela falta de recursos militares e métodos
convencionais.  Outra forma de ataque suicida japonês foi denominada de “carga
banzai”, onde durante a guerra do pacífico, os soldados, já sem munições e
armamentos militares, iam de encontro ao inimigo apenas revestidos com espadas,
provocando uma “morte quase certa”, já que, quando não eram mortos de fato,
sofriam ferimentos e viravam prisioneiros.   

Entretanto, não foram somente os japoneses que se dedicaram a tais


ataques. Na guerra de moscou em 1941 já apareciam os primeiros indícios de ações
suicidas aéreas e terrestres que os soviéticos encontraram como meio de se
defender de sua própria escassez de recursos militares para a guerra alcançando o
sucesso (AXELL, KASE, 2002, p. 231-234).

Dessa forma, podemos denominar os exemplos de grupos suicidas


mencionados, na visão durkheimiana, como um dos tipos de suicídios que resulta do
enfraquecimento da individualidade de um indivíduo que sobrepõe maior importância
e prioridade ao meio externo a si, ou seja, aos grupos sociais a que pertence.
Quando esse conjunto de fatores resultam em um suicídio, o denominamos de
altruísta (Teixeira, 2002).  Durkheim postula que o suicídio não se concentra em
apenas um, mas em tipos sociais, trazendo que:

Podemos construir os tipos sociais de suicídio, não os classificando


previamente de acordo com suas características previamente
descritas, mas classificando as causas que o produzem. Sem nos
preocupar porque eles se diferenciam um dos outros, examinaremos
de imediato quais são as condições sociais de que dependem;
depois agruparemos essas condições segundo suas semelhanças e
suas diferenças em um certo número de classes separadas, e
poderemos ter certeza de que cada uma dessas classes
corresponderá um tipo determinado de suicídio. (DURKHEIM,1897,
pg.165-169). 
Vale mencionar o ato suicida caracterizado como egoísta, que entra em
oposição ao suicídio altruísta, pois se caracteriza pelo excesso de individualidade do
indivíduo frente ao meio social, o indivíduo sente-se isolada frente às relações
sociais frustradas e encontra o suicídio como a única rota de fuga para o alivio
rápido do sofrimento. E o suicídio anômico, este geralmente é causado por uma
anomia social, que o indivíduo se encontra em meio a uma crise, seja ela
econômica, política ou qualquer outra que fuja dos padrões de determinada
sociedade.

2.3 Suicídios entre jovens

Considerando o suicídio um fenômeno complexo, e multifatorial, se faz


necessário uma visão abrangente para compreender as casuísticas relacionadas as
altas taxas de suicídios dentre os jovens. A modernidade trouxe consigo inúmeras
mudanças, dentre elas o papel estabelecido pelo jovem na sociedade. Considerando
o jovem como detentor de direitos e deveres nas mais variadas esferas sociais e
individuais.  
O suicídio na juventude se torna fato intrigante pelo paradoxo que
representa: o sofrimento num período da vida associado a descobertas, e
conquistas, porém os jovens passam por vivências que podem despertar o
comportamento suicida que não necessariamente seja planejado. Segundo a OPAS
(2018) os suicídios ocorrem de forma impulsiva em momento de crise, com um
colapso na capacidade de lidar com os estresses da vida – tais como problemas
financeiros, términos de relacionamento ou dores crônicas e doenças.
A morte como escolha ainda se constitui como um tema indigesto para a
população, sendo feito o possível para ser silenciada, pois a sociedade encara como
algo que foge das regras, que é uma forma de transgredir aquilo que a sociedade
impõe, característica comumente associada a fase juvenil, se constituindo como algo
imoral que se relaciona com as mais variadas instituições, relacionando aspectos
religiosos, culturais e sociais, que circundam o indivíduo. (Marquetti ,2014)

Os casos de suicídio passam a ser relacionar com fatores de riscos, que


podem ser caracterizados como ações, tal como a violência autoprovocada que
compreende em autoagressões, automutilações e tentativas de suicídio em pessoas
dos sexos feminino e masculino, cujo desfecho não resulta em óbito que segundo o
ministério da saúde (2017), constitui o maior fator de risco para o suicídio, no
entanto também pode ser configurado como fatores de riscos os aspectos
sociodemográficos, psicológicos, transtornos mentais e condições clínicas
incapacitantes. (Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio, Ministério da Saúde;
Organização Pan-Americana de Saúde; Universidade Estadual de Campinas, 2006,
p. 15 APUD CERQUEIRA, LIMA, 2015)

Vale ressaltar, que o suicídio acontece cotidianamente, porém devido aos


padrões impostos pela sociedade moderna o indivíduo não pode transparecer suas
fraquezas, buscando um ideal de um ser humano perfeito, esse fato pode facilmente
ser associado aos altos índices de suicídio entre jovens, pois o sentimento de não se
encaixar nos padrões impostos gera um sentimento de angustia, Freud postula que:

É impossível fugir à impressão de que as pessoas comumente


empregam falsos padrões de avaliação, isto é, de que buscam poder,
sucesso, e riqueza para elas mesmas e os admiram nos outros,
subestimando tudo aquilo que verdadeiramente tem valor na vida.
(FREUD,2012, p.01)

Desse modo, a faixa etária com maior incidência de casos de suicídio


passa por atravessamentos que podem representar segundo Lopes, Milani (2000)
um afrouxamento da estrutura social, um enfraquecimento de laços grupais, uma
desintegração do indivíduo que consequentemente acarreta em um processo de
sofrimento. Para Dias, Moreira (2011), o sofrimento orgânico é objetivável, e pode-se
atuar sobre o corpo para que o tratamento ocorra. O sofrimento psicológico, por sua
vez, falha nesse aspecto; ele não possui um elemento concreto onde a intervenção
pode vir acontecer. Em suma, os suicídios cometidos por jovens podem ser
atrelados a uma multiplicidade de fatores, indo do viés biológico ao social. 

    2.4 Suicídio e sociedade: a leitura de Durkheim

 Ao longo da história várias correntes e teóricos se propuseram a estudar


sobre o suicídio, um dos principais foi Èmile Durkheim (2001) que fez um estudo
denso, localizando o suicídio no registro social, postulando o suicídio como todo
caso de morte que resulta direta ou indiretamente de um ato positivo ou negativo
praticado pela própria vítima, ato que a vítima sabia dever produzir este resultado.
Tornando se imprescindível recorremos a ele para discutir e compreender esse
fenômeno.
Segundo Teixeira (2002), para Durkheim a sociedade é uma realidade
distinta das instituições e dos indivíduos, que não podem existir sem ela. Toda sua
sociologia está fundada nas premissas de que é a forma das coletividades que
determina as atitudes individuais e de que existe uma autêntica consciência coletiva.
É nessa linha, que ele desenvolve suas ideias acerca do fenômeno ampliando para
além de fatores individuais, salientando que:

De fato, se, em vez de enxerga-los apenas como acontecimentos


particulares, isolados uns dos outros e cada um exigindo um exame
à parte, consideramos o conjunto de suicídios  cometidos numa
determinada sociedade durante uma determinada unidade de tempo,
constataremos que o total assim obtido não é uma simples soma de
unidades independentes, mas que constitui por si mesmo um fato
novo e sui generis, que tem sua unidade e sua individualidade, por
conseguinte sua natureza própria, e que, além do mais, essa
natureza é eminentemente social. (DURKHEIM,1897, p.17)

Assim, o fenômeno é entendido pelo sociólogo como envolvendo o


contexto social circundante do sujeito, não havendo questões puramente internas e
individuais. Em seus estudos Durkheim (1987), postula os ‘fatos sociais’, que se
caracterizam por: não serem redutíveis a produtos do pensamento e da vontade
individual, por isso tratados como ‘coisa’; em decorrência, são externos aos
indivíduos e sobre eles se impõem; tal imposição exerce pressão e coerção sobre os
indivíduos de forma a ordenar-lhes a vida.   

Analisando outras perspectivas teóricas que também consideram o


suicídio como objeto de estudo, se faz necessário ressaltar, a perspectiva
psicanalítica de Sigmund Freud (1901), que considera o aparelho psíquico como
possuidor de pulsões provenientes do inconsciente, assim o ato de suicídio é
entendido a partir da prevalência da pulsão de morte sobre a pulsão de vida,
possuindo casuísticas internas, consequente do desequilíbrio entre as pulsões.

Embora no tocante das ideias freudianas, contemple no arcabouço


psíquico o superego teorizado por Freud como sendo o aspecto moral, os padrões
da sociedade (SCHUTZ, 2008, p.51). O adoecimento psíquico pode ser devido a
repressões externas, porém numa ótica que enxerga o social como fator que
influência, mas não de forma determinante como abordado no entendimento de
Durkheim. Em contrapartida, Rodrigues corrobora com o pensamento de Durkheim,
em detrimento da visão psicanalítica, trazendo que:
Durkheim procurou demonstrar que, em vez de resultar das
profundezas misteriosas do psiquismo, um fenômeno tão individual e
tão psicológico, como a extinção voluntária da própria vida, exibia em
cada sociedade europeia uma admirável constância estatística
dentro de um intervalo determinado de tempo. (...) De acordo com os
dados que Durkheim apresentou, em cada sociedade europeia  o
suicídio se relacionava também de modo coerente, consistente e
razoavelmente persistente com as variáveis socioeconômicas de
idade, gênero, profissão, renda, estado civil, situação familiar,
religião, instrução, moradia rural ou urbana... Até mesmo os ritmos
do calendário social, com as estações do ano, os dias da semana, os
meses, as horas diurnas ou noturnas e as datas festivas mostravam-
se atuantes nas práticas de auto-extinção.  (RODRIGUES, 2006, p.6)

Os dois autores acentuam uma causa multifatorial ao ato de suicídio, visto


que o sujeito enquanto um ser social, que influência a sociedade e é influenciado por
ela, assim sua personalidade, nem como o adoecimento psíquico, passa pelo viés
coletivo.

3. METODOLOGIA

O trabalho em questão apresenta uma pesquisa com finalidade básica, visto que
visa gerar conhecimentos a respeito das causas do suicídio entre os jovens e os
jovens adultos, sem que essas possuam uma aplicação prática prevista, com
objetivo descritivo por levantar e registrar características da temática referente,
estabelecendo relações entre suas variáveis. Ademais, a abordagem seguida por
essa pesquisa é a qualitativa, e possui carácter bibliográfico, posto que esse
trabalho foi desenvolvido a partir de livros e artigos científicos. Pautada assim, no
método indutivo para estabelecer uma pesquisa coerente baseada em dados
particulares sobre o suicídio, findando em uma análise mais geral sobre esses
conhecimentos expostos.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em virtude das informações apresentadas na fundamentação, pôde-se concluir que


as causas do suicídio entre os jovens podem variar desde questões sociais a
questões biológicas. Isso ocorre devido a esse fenômeno ser complexo e pessoal,
contudo, concomitantemente, assim como Durkheim aborda, o suicídio está
relacionado ao convívio social do indivíduo e no modo como ele é influenciado por
esse meio.

Sendo assim, o suicídio pode ser interpretado de formas diferentes a depender da


cultura que o sujeito está inserido, por exemplo, quando citado anteriormente sobre
a questão do suicídio durante o século XVIII, foi explicado que, por essa época a
religião católica ser predominante, muitos viam essa ação de modo diferente da que
se vê atualmente, comprovando assim, as diferentes formas que um único ato pode
ser entendido.

Além disso, ao compreendermos melhor os tipos de suicídio, entende-se e


desconstrói-se a ideia preconceituosa de que àqueles que atentam contra própria
vida são fracos e covardes. Ideia essa, com premissas antigas, entretanto, que
ainda é disseminada na sociedade atual, configurando-se em um dos motivos dos
jovens não se sentirem confortáveis em expor seus sofrimentos psíquicos.
Ocasionando dessa forma, uma repressão e retraimento do mesmo, podendo
influenciar seu suicídio.

Nessa linha de pensamento, em 2016 a Organização das Nações Unidas (ONU),


utilizando dados fornecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), expõe que,
um percentual entre 75% dos suicídios ocorre em países de baixa renda. Mediante a
isso, prova-se o conceito de Durkheim a respeito do suicídio anômico, no qual o
principal aliciador para esse ato será as questões sociais. Destarte, os fatores
biológicos catalizadores do suicídio entre os jovens são principalmente os
transtornos mentais como a depressão, a esquizofrenia, e também, a dependência
química.

Portanto, ao final da pesquisa compreende-se que as casuísticas que envolvem


essa problemática são muitas, porém é necessário que os órgãos governamentais
interfiram com políticas que auxiliem no combate desses casos –de maneira efetiva-
para que assim possa ocorrer a diminuição de suicídios entre os jovens e os jovens
adultos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dado o exposto da pesquisa, buscou-se responder a seguinte problemática: Quais


são os atravessamentos e características casuísticas dessa faixa etária que
potencializam o alto índice de suicídio entre os jovens e jovens adultos?.

Logo, pôde-se entender que as causas não decorrem de um fator apenas. Dessa
forma, para comprovar esse fato, discorremos sobre pontos sobre o suicídio ontem e
hoje, os tipos de suicídio, suicídio entre jovens, suicídio e sociedade sob a
perspectiva de Durkheim, com intuito de compreender e responder a seguinte
questão.

Nesse viés, foi-se esclarecido no tópico do suicídio ontem e hoje, que o modo como
o suicídio é interpretado é influenciado diretamente pela época e pensamentos da
sociedade em questão, pautando essa afirmação mediante as perspectivas de
Sócrates e Zigmunt Bauman. Logo, compreende-se que o suicídio não é um
fenômeno isolado de uma determinada época, mas sim, resultado de diversos
aspectos relacionados a demasiados fatores.

Não obstante, no tópico sobre os tipos de suicídio, buscou-se atentar ao fato da


complexidade do ato em questão, sob a categorização durkaheimiana. Sendo assim,
aponta-se que existem três tipos de suicídio: o egoísta, um ato que se reveste de
individualismo extremado e o que predomina nas sociedades modernas; o anômico,
caracterizado pela ascensão do número de suicídios que ocorrem em períodos de
crises sociais ou processos de transformações sociais; e o altruísta, ato em que o
indivíduo está tomado pela obediência e força coercitiva do coletivo, seja ele um
grupo social restrito ao qual pertence ou mesmo a sociedade como um todo.

Outrossim, é explicitado a situação do suicídio entre os jovens, afirma-se que as


taxas de suicídio nessa faixa etária vêm ascendendo gradativamente, e que,
atualmente, apresenta-se como a segunda causa de morte entre os jovens.
Mediante a isso, é esclarecido que as causas para essas ocorrências são variadas,
as quais possuem raiz tanto biológicas quanto sociais e econômicas. Entretanto,
considera-se especialmente a dificuldade que os jovens possuem em expor seus
sofrimentos e sentimentos, visto que muitos não se sentem confortáveis para
abordar tais assuntos, e assim, conseguir ajudar.

Por fim, foi abordado o tema da leitura de Durkheim sobre o suicídio e a sociedade,
em que foi trabalhado seus estudos a respeito da temática, suplementando sua
visão com passagens de Sigmund Freud a respeito de sua abordagem. Diante disso,
Durkheim afirma que não existem somente questões individuais do sujeito que o
levem a atentar contra própria vida, pois, para cometer tal ato, a influência do
contexto social do indivíduo se faz presente. Destarte, conforme o sociólogo, cada
sociedade está predisposta a fornecer um contingente determinado de mortes
voluntárias, e o que interessa à sociologia sobre o suicídio é a análise de todo o
processo social, dos fatores sociais que agem não sobre os indivíduos isolados, mas
sobre o grupo, sobre o conjunto da sociedade.

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