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MEDIUNIDADE

APOSTILA DE ESTUDOS
MEDIUNIDADE
HENRIQUE POMPÍLIO DE ARAÚJO

MEDIUNIDADE
(APOSTILA DE ESTUDOS)

EDITORA.....................................................
........................................................................
ÍNDICE
01.Reciclagem mediúnica – Mediunato................................................... 006
02.Mediunidade e responsabilidade......................................................... 011
03.Como saber se sou médium................................................................ 014
04.O afloramento mediúnico e como desenvolver a mediunidade.......... 016
05.Animismo e espiritismo...................................................................... 018
06.Tipos de mediunidade......................................................................... 022
07.Educação mediúnica............................................................................ 024
08.Evolução da mediunidade.................................................................... 026
09.Fenômeno mediúnico na antiguidade.................................................. 028
10.O diálogo com os espíritos encarnados............................................... 029
11.Conduta espírita................................................................................... 031
12.Obsessão e desobsessão...................................................................... 033
13.A psicofonia........................................................................................ 035
14.A psicografia........................................................................................ 038
15.Para onde vão os espíritos após a morte.............................................. 040
16.Cidades umbralinas............................................................................ 044
17.Perda ou suspensão da mediunidade.................................................. 047
18.Patologias, doenças, sofrimentos derivados da mediunidade............. 052
19.Emancipação da alma.......................................................................... 055
20.Influências do meio sobre o médium................................................... 058
21.Bicorporeidade, transfiguração, ubiqüidade......................................... 059
22.Provas da reencarnação, lembranças do passado.................................. 061
23.Planejamento espiritual.......................................................................... 063
24.Desenvolvimento mediúnico................................................................. 065
25.Sintonia Mediúnica................................................................................. 080
26.Sintonia Mediúnica – Perguntas e respostas.......................................... 084
27.Espíritos imperfeitos............................................................................. 088
28.Mediunidade de Cura............................................................................ 093
29.Benefícios da mediunidade................................................................... 106
30.Cuidados com a mediunidade................................................................ 108
31.Compromisso mediúnico....................................................................... 115
32.A mesa mediúnica: uma prática............................................................. 118
33.Das evocações........................................................................................ 122
34.Dos lugares assombrados........................................................................ 126
35.A mediunidade na criança e no jovem.................................................... 131
36.Mediunidade nos animais....................................................................... 134
37.Estrutura energética das sessões............................................................ 140
38.Desvios perigosos................................................................................... 155
39.O que se encontra e o que não deve ser encontrado em uma casa espírita159
40.Umbanda não é Espiritismo.................................................................... 166
41.Fofocas, mãe de todos os pecados.......................................................... 168
42.Concentração Espiritual.......................................................................... 172
APRESENTAÇÃO

Todas as pessoas são médiuns, segundo Allan kardec, entretanto os


médiuns ostensivos, aqueles que podem entrar em contato com os espíritos são
poucos. Todos os centros espíritas precisam de médiuns ostensivos, pois os
trabalhos se desdobram em vários setores que incluem a intervenção dos
irmãos desencarnados. Numa casa de desobsessão, seria impossível sem a
intervenção destes irmãos. Os espíritos superiores estão sempre presentes em
todos os trabalhos numa casa espírita. Entretanto poucos desencarnados
sabem o que acontece do outro lado e os nossos irmãos maiores precisam estar
de olhos para não haver invasões de espíritos inferiores, principalmente
daqueles que só querem atrapalhar. Eles precisam de orientação, precisam ser
esclarecidos, precisam ser encaminhados para as escolas ou hospitais da
espiritualidade onde eles também vão aprender, vão crescer, vão progredir.
Oxalá um dia estarão ajudando nas lides da casa espírita.
Mas para ser médium ostensivo não basta nascer com este dom. É
preciso ler muito, estudar mais e praticar ainda mais. Todo médium precisa
estudar as obras básicas e as obras que dizem respeito à doutrina Espírita. Do
contrário ele pode se dar mau em casos, às vezes bem simples de resolver. O
médium que não estuda está fadado a ser enganado por espíritos trapaceiros, a
desenvolver unicamente o animismo, a ter uma obsessão simples, podendo
chegar até mesmo a uma subjugação.
Uma hora que se estuda por dia é o suficiente para que o médium
aprenda as questões básicas da mediunidade e possa se livrar de pequenos
incômodos que podem se tornar muito grandes.
Por outro lado sem a prática mediúnica estes trabalhos por si só não
bastam. É necessário que se vá desenvolvendo as aptidões mediúnicas, seja
através da escrita, da psicografia, da psicofonia, da audição e outros meios de
mediunidades possíveis.
Com o tempo estes médiuns vão ver que eles estão fazendo a maior das
caridades: orientar e encaminhar os irmãos desencarnados para um mundo
melhor, também os desencarnados e a própria pessoa do médium.
Nesta apostila procuramos desenvolver alguns itens necessários a todos
os médiuns. São orientações que desenvolvemos em seis meses de orientações a
um grupo mediúnico. Mas esta apostila é ainda muito pouco. Todos os médiuns
devem estudar a fundo “O Livro dos Médiuns” e as obras de Philomeno de
Miranda através da Psicografia de Divaldo Pereira Franco.
Esperamos que esta apostila possa orientar os novos médiuns e as
pessoas interessadas em aprenderem um pouco mais sobre mediunidade.

Um bom estudo a todos.


01- RECICLAGEM MEDIÚNICA - MEDIUNATO
Leda Marques Bighetti

1 - Dando seqüência ao estudo das duas grandes áreas de função, duas


formas ou modo natural de uso, serventia, utilidade da faculdade, segue-se o
mediunato. Corresponde este a compromisso, onde o Espírito está investido,
dispõe espiritualmente (por necessidades próprias) de sensibilidade maior
para finalidade específica na encarnação. Normalmente, não eclode e se
exerce discreta, sutilmente como na mediunidade generalizada, podendo
apresentar-se agitada, não raro culminando em situações obsessivas.
Conhecida como "mediunidade de serviço", destina-se ao socorro do próximo.

No compromisso aludido, o médium, ainda na vida espiritual, antes do


reencarne, quando de seu planejamento, em plena consciência, pede, aceite,
assume essa forma de atividade para (entre outras) recompor-se
moralmente.

O perispírito é preparado, uma vez que a sensibilidade mediúnica com suas


inúmeras nuanças, estaria na dependência do modo pelo qual o perispírito
acopla-se à zona física. Na preparação para o mediunato aceito, o perispírito
tem, trás ou é lhe inerente (por esse preparo) facilidade maior de expansão
onde o campo perceptivo se amplia, alarga, rompe barreiras normais e o
médium começa a participar de sensações e percepções que transcendem
aos conhecidos cinco sentidos, possibilitando captar dimensões clima,
situações onde as Entidades Espirituais atuam.

Cada caso apresentar-se-á de modo apropriado, diferenciando face às


características psicológicas que identificam os seres. Há por assim dizer, uma
"especialização", decorrente da predisposição orgânica e da própria
personalidade.

Em todo processo de intercâmbio, consoante as leis do magnetismo, torna-se


indispensável combinação vibratória entre médium e Espírito para que se
configure ou não o fenômeno da sintonia. Alguns médiuns, decorrentes de
disposições próprias são mais maleáveis, mais seletivos, ecléticos em termos
de combinação e afinidade fluídico-espirituais. Em síntese, cada servidor se
revestirá de características próprias onde o "(...) conteúdo sofrerá sempre
influências da forma e da condição do recipiente".

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É ponto passivo que quanto mais forem observados fatores éticos, mais e
mais se aprimora a faculdade. Com o tempo, nesse exercício constante de
auto-superação, acontecerão condições cada vez mais positivas para marcha
evolutiva na libertação do ser.

O Centro Espírita que trabalhe nesse entendimento oferece segurança ao


médium, desperta-o para que através do conhecimento, selecione as fontes
emissoras e receptivas de seu mundo íntimo de processo complexo e intenso.

Mediunidade a serviço da renovação e crescimento "(...) reclama estudo


constante, devotamento ao bem para o indispensável enriquecimento na
ciência e virtude.

A ignorância poderá produzir indiscutíveis e formidáveis fenômenos, mas só a


noção de responsabilidade, a consagração sistemática ao progresso de todos,
a bondade, o conhecimento conseguem materializar na Terra os momentos
definitivos da felicidade humana."

Desse modo, auxiliar indiscriminadamente no contínuo doar-se para servir


em aplicação durante toda vida do médium que não desfruta só do
mediunato mas dispõe também da mediunidade generalizada ou natural,
comum a todos.

Dá para perceber que o campo mental desse médium é diferente dos demais.
Pela sensibilidade aflorada (quando desconhecedor e sem saber lidar com o
processo) continuamente sua mente se vê assediada por ondas mentais
carentes de auxílio, atenção, esclarecimentos. No rejeitar, não querer,
protelar, não saber, envolve-se em perturbações, influenciações intensas que
podem culminar em idéias fixas, desequilíbrios dos mais variados sintomas.
Surgem estes naturalmente, uma vez que a potencialidade psíquica
permanece "aberta", pronta para o intercâmbio, sem disciplina, controle ou
educação.

Não obstante o determinismo implícito, o livre-arbítrio continua pleno. Assim


como pediu, escolheu, aceitou o trabalho, ao retornar à vida física, no pleno
respeito à sua vontade, poderá fazer frente ou se afastar, arcando
naturalmente com as conseqüências decorrentes.

2 - O mediunato decorre sempre de comprometimentos morais do


médium?

Nem sempre. Pode ser pedido ou aceito para casos de desinteressada


assistência ao próximo e ajuda à Humanidade. As meninas Baudin - Julie e
Caroline - por exemplo, no exercício admirável da faculdade psíquica
sustentaram o êxito do trabalho de Allan Kardec.

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3 - Em qualquer dos casos, é o médium alguém privilegiado
merecedor de posições de relêvo no Centro Espírita ou entre os
espíritas?

Em qualquer dos casos, é o médium um trabalhador igual aos demais não se


justificando endeusamento, privilégio ou destaque. Aliás, caso queira se
contribuir para que as dificuldades aumentem, envolva-se o trabalhador em
lisonjas, aplausos, evidências. Pouco a pouco distanciar-se-ão os ideais
maiores do bem no anonimato do Amor.

Depreende-se a necessidade de que os dirigentes dos Centros ou dos


trabalhos mediúnicos conheçam e diferenciem essa dualidade da área de
função permitindo perceber que:

1) nem todo aquele que chega à casa espírita e quer "desenvolver"


mediunidade, pode fazê-lo.

2) nem todo que chega contando que vê, ouve ou sente é médium.

Se a mediunidade for generalizada: a) com alteração do padrão do


pensamento, decorrente das renovações propostas na freqüência ao estudo
evangélico doutrinário e por ele trabalhadas; b) pela segurança e
acompanhamento que o Centro Espírita, mudar-se-ão as companhias
espirituais, as influenciações. Serenado o campo mental, integra-se à casa ou
parte, distancia-se do Centro em relativo equilíbrio, que nesse momento o
satisfaz.

Dispondo do mediunato, persistirão, talvez até se intensifiquem sintomas,


que requerendo paciência, boa vontade, humildade, estudo, direção, ao
mesmo tempo libertam e disciplinam as relações corpo/Espírito.

Como ou através do que pode o Centro Espírita oferecer?

Integrar nos trabalhos mediúnicos da Educação Mediúnica, onde ao lado de


cuidadoso programa de estudo, aprenderá a conhecer-se, perceber o que
sente, como, de que modo a sensibilidade se ativa, controlar aproximações,
sintomas, disciplinando e exteriorizando com domínio sobre o processo, o que
sente e capta.

4 - Como montar um programa de estudo teórico-prático?

Cada Centro se adequará dentro da sua realidade, porém é básico que não
poderão faltar entre outros temas (estudos aprofundados) como:

• Mediunidade: definição; conceito; porque conhecê-la, importância,


etc., etc.

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• Instrução - Educação: definições; diferenças; o conhecimento
incorporado em atitudes.
• Preparação do ambiente: instruir; educar; vivenciar (caráter
intelectual); renovação íntima (caráter individual); educação (caráter
moral).
• O médium e sua sensibilidade: conceito de médium; conceito de
sensibilidade; como identificar? como diferenciar? etc.
• Animismo: o que é? como se apresenta? como entender? como lidar?
a própria pessoa; o dirigente do trabalho; é um bem? um mal?
repercussões quando se sabe, ou não, lidar com o aspecto.
• Fluidos: o que é? sua ação; importância de conhecer; a ação do
pensamento e da vontade, etc., etc.
• Perispírito: o que é; sua importância; natureza, propriedades e
função; ponto básico para o acontecimento mediúnico; O Livro dos
Médiuns.
• Mediunidade: retoma o conceito do 1.° estudo / abre para quem é
médium fazendo ligação com os itens até então estudados entrando em
sintonia / como agir - como mudar padrões mentais.

Nota: a partir daqui pode se iniciar os exercícios práticos que sempre serão
precedidos do estudo ensinando a concentrar / a perceber e analisar o que
sente / até culminar na manifestação - a ação e aquiescência, vontade do
médium facilitando, dificultando ou impedindo o ato mediúnico.

• O fenômeno através dos tempos - até a mediunidade: Pré-


história; Antigo e Novo Testamento; Povos antigos; China; Grécia;
Roma; Idade Média; Os precursores, Hydesville, Mesas girantes; O
fenômeno e a Doutrina Espírita.
• A Codificação Espírita
• O Espiritismo - Princípios básicos
• O Espiritismo - Tríplice aspecto
• Espiritismo e Mediunidade
• O papel do médium na comunicação
• Mediunidade - Fenômenos psíquicos - classificação segundo
seus aspectos: (a) Efeitos físicos; (b) Efeitos inteligentes.
• Inspiração - Intuição: conceitos e diferenças
• Mediunidade intuitiva: conceito e diferenças
• Emancipação da Alma
• Influência moral do médium
• Influência da Mediunidade na saúde
• Perda e suspensão da Mediunidade
• Mediunidade nas crianças
• Mistificação

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• Médiuns interesseiros
• Mediunidade gratuita
• Fraudes
• Natureza das Comunicações
• Identidade dos Espíritos
• Evocações
• Evolução da Fenomenologia Mediúnica - Fenômeno e Doutrina
• Mecanismo das Comunicações - A epífise - Os centros de força
• Sintonia Vibratória - O trabalho do médium
• O problema mediúnico
• A reunião mediúnica - Preparo de médiuns e dirigentes
• Orientação para prática mediúnica
• Educação e Vivência mediúnica

5 - Como dividir o tempo?

Também deve ficar a cargo de cada casa. Indica a prática que há um bom
aproveitamento diálogo/estudo/troca entre 1h e 1h30 assim divididos: 45
minutos para estudo da Mediunidade; +/- 10 minutos para um tema
evangélico e o restante para parte prática - encerramento e avaliação.

6 - Que bibliografia usar para preparo dos temas?

Livros que tenham comprometimento integral com o trabalho de Allan Kardec


e que, em síntese, funcionem como elementos enriquecedores ao "Livro dos
Médiuns". Poderíamos lembrar alguns como: O fenômeno espírita (Gabriel
Delanne); No Invisível (Léon Denis); Fenômenos de Transporte (Ernesto
Bozzano); Fenômenos de Bilocação (Ernesto Bozzano); Animismo e
Espiritismo (Ernesto Bozzano); Levitação (A. de Rochas); Levitação do corpo
humano (A. de Rochas); Animismo e Espiritismo (A. Aksakoff); Mediunidade
e Sintonia (Emmanuel); Mecanismos da Mediunidade (André Luiz); Nos
domínios da Mediunidade (André Luiz) e tantos outros autores encarnados
fiéis ao pensamento doutrinário espírita.

Se a Casa Espírita se dispuser a oferecer condições, certamente


caminharemos em conscientização diferente; trabalhos que visam no servir a
atividade desinteressada e responsável do Amor.

Livros consultados:
• Kardec, Allan - O Livro dos Médiuns
• Andréa, Jorge - Psicologia Espírita - vol. 2 - 1.ª edição
• Emmanuel - Roteiro - 3.ª edição - estudo 27
• Emmanuel - Emmanuel - pág. 66 e 67
• Autores Diversos - Desafios em saúde mental - estudo 17
• Herculano Pires - Mediunidade cap. I e II
• Joanna de Ângelis - Dimensões da Verdade - pág. 19 a 21
2 - MEDIUNIDADE E RESPONSABILIDADE

Quem acha que pode desenvolver a mediunidade no momento em que quiser,


está muito enganado. Para desenvolver a mediunidade precisamos de algumas
reencarnações. É como se fosse um edifício que fosse sendo composto aos poucos.
Em cada reencarnação aprofundamos um pouco mais, até que um dia ela se aflorará
bem no ser humano.
Para se chegar a um Chico Xavier, precisa-se ter muitas reencarnações de
responsabilidade, sempre se voltando ao bem e à religiosidade. Assim os médiuns
de hoje foram católicos em vidas anteriores, evangélicos ou outro ramo de religião,
mas sempre voltado a espiritualidade.
Outro fator importante é que não são os bonzinhos que vêm como médiuns.
Quase todos os médiuns cometeram atos absurdos em vidas anteriores e Deus lhes
dá uma ótima oportunidade de se refazer nascendo com a missão de ajudar as
pessoas que eles mesmos prejudicaram em vidas anteriores.
A mediunidade precisa ser exercida com responsabilidade. É através dela que
podemos ajudar a muitos irmãos encarnados e desencarnados, mas o mais
beneficiado é o próprio médium. Quando um espírito inferior chega em uma mesa e
diz que aprontou, que fez isto ou aquilo, que está sofrendo muito, que precisa de
muita ajuda, de muito socorro, é como se ele estivesse dizendo aos presentes: Veja
o que eu fiz e veja como estou agora. Não façam vocês a mesma coisa, pois
receberão prêmios piores, já que descobriram o caminho e não o estão
seguindo. Assim, desenvolver a mediunidade significa assumir uma
responsabilidade bem maior.
Mediunidade é coisa séria e se vamos entrar neste campo, precisamos estar
preparados, pois enfrentaremos muitas dificuldades. Mas aí a pessoa fala: se é assim
não vou desenvolvê-la? Em primeiro lugar se ele não fez um compromisso na
espiritualidade de desenvolver esta aptidão, ele não a desenvolverá mesmo, ainda
que o queira fazer, ainda que tenha boa vontade, ainda que tenha desejo. Nós só
cumprimos aquilo que prometemos na espiritualidade. Mas se ele não tem esta
habilidade, não vai ajudar em nada? Acontece que a evolução é para todos os seres
humanos. Todos que trabalham seriamente para o bem, ajudarão a eles mesmos e a
todos que os cercam. O trabalho para o Cristo nunca é perdido. Ele pode não ser um
médium ostensivo, mas pode ser um médium de sustentação, pode ser um
evangelizador, pode ser um dirigente, pode ser um esclarecedor. Há muitos serviços
em uma casa espírita e todos são úteis e necessários. E a casa como vai funcionar?
Quem é que varre o chão, quem lava as paredes, quem limpa os banheiros, quem
arruma as cadeiras, quem cuida da biblioteca, da documentação, das crianças, dos
idosos? Tudo isto é mediunidade, só não é ostensiva.

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Quem nasceu para ser um médium ostensivo, precisa desenvolver com
responsabilidade este lado. Não cumprir é fugir do compromisso assumido. Se a
pessoa não se desenvolve vai ter uma vida muito complicada: vai ter alucinações,
pesadelos, muitas preocupações, problemas financeiros e de saúde, problemas na
família, epilepsias, depressões, labirintites e outros tipos de doenças mentais. Mas
são poucos que nasceram preparados para desenvolver a mediunidade ostensiva.
A finalidade da mediunidade é ajudar os espíritos inferiores e a nós mesmos,
mas a maior finalidade mesmo é fazer com que todos façam uma reforma íntima
total. Que a pessoa vá nascendo de novo, deixando de lado: os vícios, as maldades,
o orgulho, a vaidade, o ódio, a preguiça, a ignorância, a fofoca.
O combate aos vícios deve ser constante: vamos deixar de freqüentar os
barzinhos, de tomar bebida alcoólica, do fumo, dos jogos, do sexo desenfreado com
parceiros diferentes. A pessoa precisa voltar à origem, ou seja, voltar a ser humilde,
simples como antigamente.
O médium precisa ler obras especializadas, não ficar somente com os livros
de Kardec, mas ler todas as obras que forem aparecendo, buscar na Internet,
pesquisar, conversar com pessoas que sabem um pouco mais. No Espiritismo não
existe mestre, mas existem pessoas bem preparadas. Não podemos continuar
ignorantes em assuntos de Espiritismo.
Ao conversar com alguém devemos ter o cuidado de não criticar ninguém,
nem os encarnados, nem os desencarnados. É falta de amor criticar alguém que está
ausente, deturpando a sua imagem. Se tivermos qualquer problema com alguém,
procuremos esta pessoa e conversaremos abertamente com ela procurando sanar
todos os problemas.
Numa mesa mediúnica todos são importantes: os dirigentes na direção do
trabalho, os esclarecedores com suas orientações, os médiuns passistas com o
socorro necessário, os médiuns ostensivos para as incorporações, os médiuns
psicógrafos para receber as mensagens escritas, os médiuns videntes para ver o que
se passa em torno da mesa, os médiuns de sustentação para as vibrações e ajudar
com orações aos espíritos inferiores. Se pudéssemos ver com os olhares dos
espíritos, veríamos que as nossas vibrações formam uma grande luz que inebria a
todos e é neste clima de união que os nossos perispíritos se unem aos perispíritos
dos desencarnados e obtemos os diversos tipos de comunicações.
É preciso entender que ser um bom médium não é para se exibir, se mostrar,
ter orgulho. Estamos trabalhando para Cristo. É a oportunidade que queríamos e a
pedimos a Deus. Por que aqui não vamos cumprir aquilo que tanto pedimos e fomos
atendidos? Mediunidade é sacrifício, portanto não vamos esperar bonanças por ser
um bom médium. Todos passarão por sérias dificuldades. A mediunidade nos ajuda
a vencer as barreiras, e tira as dívidas que temos. Se devemos, temos que pagar.
Também não devemos esperar ir para um bom lugar do outro lado. Não sabemos o
tamanho de nossas dívidas e nem se conseguimos fazer o pagamento total. Uma

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coisa é certa: se a pessoa trabalhou com amor, dedicação, afinco, sem esperar nada
em troca, vai sim, estar bem assessorado no outro mundo, vai sentir mais facilidades
em prosseguir a jornada em melhores lugares e condições.
Ao desencarnamos todos aqueles a quem ajudamos vêm nos encontrar com
braços abertos, não teremos tantos inimigos. Teremos ao nosso lado nossos
mentores que nos esperam. As nossas dúvidas serão retiradas. Entenderemos melhor
nossas condições.
Trabalhemos com responsabilidade, amor, carinho, dedicação. Cristo e os
nossos mentores estão sempre ao nosso lado. Não nos preocupemos com o outro
lado. Deus sabe do que merecemos e do que precisamos. Vamos dar atenção no
aqui, agora, hoje. Fazermos o bem a todos que de nós necessitarem. Melhorar esta
nossa humanidade. Cresceremos juntos, unidos no mesmo amor, com muito
trabalho, muita dedicação.

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03. COMO SABER SE SOU MÉDIUM

Médium é uma palavra neutra e serve para os dois gêneros. É de origem


latina e significa medianeiro, o que está no meio. O médium serve de intermediário
entre o mundo físico e o espiritual.
Deste modo podemos afirmar, sem sombra de dúvida, que todos nós somos
médiuns, pois durante nossas vidas teremos alguns sintomas e que sabemos que não
são de ordem física. Afinal quem é que nunca viu um vulto diferente, um assovio
diferente, algumas pancadas, arrastamento de chinelos, vozes, pesadelos, sonhos,
premonições, etc, etc. Só não podemos afirmar que somos médiuns ostensivos,
aquele que tem contato com os espíritos. Que sinais são apresentados e que
podemos saber que a pessoa é um médium ostensivo?
Nenhum sinal físico existe que possa dizer que esta ou aquela pessoa é um
médium ostensivo. Ninguém veio marcado para isto. É um dom natural que vem
com a pessoa, pela escolha que esta pessoa fez na espiritualidade.
Alguns sintomas indicam que a pessoa pode ter mediunidade. Os mais
comuns são: suor excessivo nas mãos e axilas, maçãs do rosto muito vermelhas e
quentes, as orelhas ardem, depressão psíquica e instabilidade emocional,
melancolia, distúrbios de sono, ou em excesso, ou insônia; perda do equilíbrio do
corpo, sensação de desmaio iminente, súbita aceleração dos batimentos
cardíacos(taquicardia), fobia e medo de quase tudo, sensação de insegurança. Mas
tudo isso vai se estabilizando e desaparecendo conforme o médium canaliza de
forma mais adequada suas faculdades psíquicas com muito estudo, trabalho e
disciplina.
Outros sinais podem surgir como: sensação de presenças invisíveis; sono
profundo demais, desmaios e síncopes inexplicáveis; sensações ou idéias estranhas,
mudanças repentinas de humor, crises de choro; Ballonement (sensação de inchar,
dilatar) nas mãos, pés ou em todo o corpo, como resultado do desdobramento
perispiritual; adormecimento ou formigamento nos braços e pernas; arrepios como
os de frio, tremores, calor, palpitações.
Uma das tarefas mais complexas para o médium novato é conseguir discernir
as influências que atuam em sua psiquê. Não se questiona mais o fato de que o ser
humano sofre interferências de todos os elementos que compõem o universo, e isso
inclui as formas pensamento de outros seres. De uma maneira ou de outra, todos os
seres humanos são, em maior ou menor grau de intensidade, médiuns por natureza.
Às vezes, a pessoa escreve uma mensagem e não sabe se veio dela mesmo, de seu
mentor ou de outro espírito. Não tem certeza se foi inspiração ou psicografia. Às
vezes pode até alterar o texto que está recebendo de um espírito.
Algumas vezes, ao eclodir a mediunidade, a pessoa costuma dar sinais de
sofrimento, perturbação, desequilíbrio. Se a pessoa se perturba ante as

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manifestações mediúnicas é por sua falta de equilíbrio emocional e por sua
ignorância do que seja a mediunidade, ou porque está sob a ação de espíritos
ignorantes, sofredores ou maus. A pessoa que possui tais problemas precisa ser
ajudada até se equilibrar psiquicamente através de passes, vibrações,
esclarecimentos doutrinários. Também deve fazer uma consulta médica. Só depois,
bem mais tarde, ir para uma mesa mediúnica.
Para o desenvolvimento mediúnico, somente deve ser encaminhado quem
esteja equilibrado e doutrinariamente esclarecido e conscientizado.
A mediunidade ostensiva pode ser percebida quando:
a)houver comprovada vidência ou audição no plano espiritual;
b)se dá o transe psicofônico (falante ) ou psicográfico (escrevente);
c)há produção de efeitos físicos – sonoros, luminosos, deslocação de objetos,
desdobramentos, etc.
Mas na verdade, nenhum destes fenômenos, podem dizer claramente que a
pessoa pode ser um médium ostensivo. Como descobrir então? Somente com o
estudo e a prática da mediunidade. Por este motivo temos os desenvolvimentos
mediúnicos em quase todos os centros espíritas. Como se caracteriza esse
desenvolvimento? Pelo estudo das obras de Kardec e outras similares e da prática.
A pessoa deve ir praticando as diversas modalidades de mediunidade: Psicofonia,
psicografia, vidência, transporte, desdobramentos, sempre acompanhado de pessoas
experientes nestas áreas. A pessoa pode desenvolver uma destas modalidades com
facilidade, algumas, apenas pequenos vestígios de uma ou de outra e outras pessoas
nada conseguem. Seu trabalho ficará perdido? Claro que não. Ele não imagina a
ajuda que deu aos espíritos inferiores que vieram receber as energias de que
precisam para se melhorar. Ser médium é fazer a maior das caridades: a pessoa está
doando seu próprio corpo em auxilio de muitos necessitados.
Se a pessoa descobrir que é um médium escrevente – deve praticar esta
modalidade com mais afinco, pois este é o seu tipo, assim como os que se
desenvolverem mais para a psicofonia, a vidência, etc.

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04.O AFLORAMENTO MEDIÚNICO E COMO
DESENVOLVER A MEDIUNIDADE

O afloramento mediúnico vem de vidas passadas. A pessoa começa a


deixar transparecer o que já vinha acontecendo em outras vidas. Portanto ela pode
desabrochar a qualquer momento, em qualquer idade, qualquer posição social,
qualquer denominação religiosa ou mesmo se é céptico. A princípio a pessoa fica
meio confusa, não sabe o que está acontecendo. Exemplo disso foi a mediunidade
de Chico Xavier. A família ficou muito preocupada, achando que o garoto estava
ficando louco e até o padre da comunidade foi consultado a esse respeito.
Os fenômenos ocorrem insólitos a quem é portador, produzindo efeitos
físicos e intelectuais como manifestações visuais, auditivas e muitas outras
modalidades.
Pode explodir com relativa violência em determinados indivíduos e em outros
bem mais brandos. Nos primeiros, causam diversas perturbações, merecendo
cuidados dos parentes.
Geralmente a pessoa apresenta ansiedade, medo, inquietação. Parece que há
alguém lhe vigiando os passos. Alguns têm sensações boas, outros sensações muito
ruins.
As pessoas devem então procurar estudar as causas do que está acontecendo.
Deve silenciar a sua inquietação, orar muito, meditar, não sentir medo. E as pessoas
que possuem sintomas muito desagradáveis?
Bem, sabemos que todos os médiuns são espíritos muito endividados. Temos
do outro lado muitas vítimas nossas do nosso passado. Somos pessoas com um
débito muito grande. Os espíritos sentem que a pessoa desenvolvendo a sua
mediunidade, pode se melhorar muito a ponto de que escapem de suas vistas. Então
eles fazem de tudo para que a pessoa desista deste trabalho. Assim eles criam
armadilhas, situações difíceis, presdispõem mal aquele que os sofrem, cercam-no de
incompreensões. O desenvolvimento mediúnico pode se tornar um calvário para
algumas pessoas. Aí é que entra o treinamento do médium. Ele precisa estudar e
saber discernir os bons dos maus fluídos e não se deixar arrastar pelos maus. É
preciso muita paciência, muita força de vontade e muitos desistem da luta. Por isto
que muitos desistem do espiritismo. Acham que a salvação é muito mais fácil em
outras igrejas.
Do ponto de vista espírita, desenvolver a mediunidade não é apenas sentar-se
à mesa mediúnica, esperar e dar as comunicações. É preciso estudar muito, meditar,
orar, É preciso apurar e disciplinar a sensibilidade espiritual, ( a fim de tê-la nas
melhores condições possíveis de manifestação) e aprender a empregá-la dentro das
melhores técnicas e visando as finalidades mais elevadas.
Sem essa educação, esse preparo para o correto exercício da mediunidade, o
médium poderá fazer mau uso de sua faculdade e provocar situações difíceis e
desagradáveis, para si mesmo e os que o cercam.
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O desenvolvimento mediúnico abrange providências de natureza tríplice:
a)DOUTRINÁRIA – O médium precisa conhecer a Doutrina Espírita para
compreender o Universo, a si mesmo e aos outros seres, como criaturas evolutivas,
regidas pela lei de causa e efeito.
Atenção especial será dada à compreensão do intercâmbio mediúnico, ação
do pensamento no Além, perispírito e suas propriedades na comunicação
mediúnica, tipos de mediunidade, etc.
b)TÉCNICA – Exercício prático, à luz do conhecimento espírita, para que o
médium saiba distinguir os tipos dos espíritos pelos seus fluidos, como concentrar e
desconcentrar, entender o desdobramento, controlar-se nas manifestações, analisar o
resultado delas, etc.
Quando se inicia a prática mediúnica, pode ocorrer de os fenômenos se
intensificarem e ampliarem. Não pense o médium que seu estado piorou. É que os
espíritos estão agindo sobre os centros da sua sensibilidade e preparando o campo
para as atividades mediúnicas. Persevere o médium, mantendo o bom ânimo e aos
poucos, com a educação de sua faculdade, as sensações ficarão bem canalizadas,
não mais lhe causando perturbações.
c)MORAL – Não é preciso aguardar a santidade e o mais perfeito equilíbrio
para exercitar a mediunidade. Basta um razoável equilíbrio psíquico, um sincero
esforço para o bom proceder, aliados a algum preparo doutrinário em Centro
Espírita que enseje ambiente propício e seguro.
Mas é indispensável o esforço pela reforma íntima, a fim de que nos
libertemos de espíritos perturbadores e cheguemos a uma sintonia com os bons
espíritos, dando orientação superior ao nosso trabalho mediúnico.
A orientação cristã, à luz do Espiritismo, leva-nos à vigilância, oração, boa
conduta e caridade para com o próximo, o que atrairá para nós a assistência
espiritual superior. Essa assistência não faltará aos que, com boa vontade e
dedicação, procurarem se preparar para o bom uso da mediunidade e a ele se
devotarem, no desejo puro de servir ao bem.
É a boa moral que dá ao médium a segurança maior no seu labor mediúnico.
O médium precisa ter muita calma, muito cuidado, não se afobar e querer
desenvolver à força aquilo que um dia lhe virá tranqüilamente. A ação dos espíritos
é constante neste campo, pois é de interesse também da espiritualidade que
tenhamos mais médiuns, desde que seja pessoa responsável. A reforma íntima é
extremamente importante para o bom desenvolvimento mediúnico. O médium deve
se afastar de tudo que não é bom ou que tenha influência negativa: dos bares, das
bebidas, das zonas de meretrício, dos jogos, das fofocas, das intrigas.
O médium deve ter uma postura decente. Procurar manter um semblante
alegre, estar sempre animado, bem disposto, ter bom coração, ajudar a todos que lhe
procurarem, ter paciência, não se alterar com ninguém, não gritar, não xingar, cortar
todo tipo de palavrões, ser sincero, honesto, ter um bom caráter. Difícil, não? Daí as
desistências do espiritismo.
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É que as comunicações acontecem através das sintonias. Se a pessoa é um
mau caráter, vai sintonizar com quem? Se é um beberrão, vai sintonizar com os
santos? Se é um mentiroso, com quem vai sintonizar? Cada um atrai o seu
semelhante, mas com um pouco de esforço da pessoa, ela consegue melhorar tudo
isto.

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05.ANIMISMO E ESPIRITISMO

Animismo vem do Latim (anima + ismo) é a teoria que considera a alma


simultaneamente princípio de vida orgânica e psíquica. O que é próprio da alma.
O animismo em si divide-se em duas partes:
a)Fatos anímicos – aqueles em que o médium, sem nenhuma idéia preconcebida de
mistificação, recolhe impressões do pretérito e as transmite, como se por ele um
espírito estivesse comunicando. O médium não tem culpa do fato, culpa apenas por
não estudar a mediundade.
b)Fatos espíritas ou mediúnicos – São aqueles em que o médium é, apenas, um
veículo a receber e transmitir as idéias dos espíritos desencarnados ou até de
encarnados.
Todo médium, sem exceção, possui animismo. Uns em maior grau, outros em
menor grau. O que o médium precisa fazer é estudar, se aprimorar, ter vontade
firme de só transmitir o pensamento dos espíritos, não os seus. A maioria consegue
se libertar de grande parte de seu animismo. Mas se o médium é relapso, não estuda,
não pratica seu ato com amor, é negligente – as coisas só tendem a complicar.
Mas o que é animismo na doutrina espírita? Animismo é o fenômeno pelo
qual a pessoa arroja ao passado os próprios sentimentos de onde recolhe as
impressões de que se vê possuída. A cristalização da nossa mente, hoje em
determinadas situações, pode motivar, no futuro, a manifestação de fenômenos
anímicos, do mesmo modo que tal cristalização ou fixação, se realizada no passado,
se exterioriza no presente.
A lei é sempre a mesma, agora e em qualquer tempo ou lugar.
Muitas vezes, portanto, aquilo que se assemelha a um transe mediúnico, com
todas as aparências de que há a interferência de um Espírito, nada mais é do que o
medium, naturalmente o médium desajustado, revivendo cenas e acontecimentos
recolhidos do seu próprio mundo subconsciecial, fenômeno esse motivado pelo
contato magnético, pela aproximação de entidades que lhe partilharam as remotas
experiência. . O medium nessas condições deve ser tratado com a mesma atenção
que ministramos aos sofredores que se comunicam. Por isso, a direção dos trabalhos
mediúnicos pede, sem nenhuma dúvida, muito amor, compreensão e paciência –
virtudes que, somadas são como resultado aquilo que os instrutores classificam
como TATO FRATERNO, a fim de que não sejam prejudicados os que em tais
condições se encontram. Se o dirigente de sessões mediúnicas não é portador de
sincera bondade, acreditamos que pouco ou nenhum benefício receberá o médium
no agrupamento.
Alguns fenômenos anímicos:

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a)Fixação mental - Imaginemos agora uma criatura que busque um núcleo
mediúnico onde apenas funcione o intelectualismo pretensioso, seguido de
doutrinação periférica, sem o menor sentido de fraternidade – o médium gravará
estas idéias e suas conclusões a esse respeito e numa mesa mediúnica poderá vir
expô-la como se fosse um outro espírito e não o dele mesmo.

d)Auto sugestão – Alguma coisa impressionou o médium de uma maneira tão


grande que assim que for aberto um trabalho mediúnico, um espírito vem falar de
problemas relacionados a isto. Não é outro espírito a não ser o do médium que está
ali extravasando seus sentimentos, sem o saber é claro.

b)Rememoração de fatos do passado - Aqui é o próprio médium que fez uma


regressão de memória, sem saber, e, provavelmente acompanhado de um de seus
algozes do passado, poderá falar fatos de outra vida, como se a estivesse vivendo
novamente. Por ex: se a pessoa foi um padre, pode voltar a esta vida e falar a
respeito da sua igreja, dos seus inimigos, falar mal do espiritismo, pois ele está
vivendo a vida interior.
Na verdade a questão do animismo foi de tal maneira inflada, além de suas
proporções, que acabou transformando-se em verdadeiro fantasma, uma
assombração para os espíritas desprevenidos ou desatentos. Muitos são os dirigentes
que condenam sumariamente o medium, pregando-lhe o rótulo de fraude, ante a
mais leve suspeita de estar produzindo fenômeno anímico e não espírita. Não há
fenômeno espírita puro, de vez que a manifestação de seres desencontrados em
nosso contexto terreno, precisa do médium encarnado, ou seja, precisa do veículo
das faculdades da alma (espírito encarnado)e, portanto, anímicas.
Quando Kardec pergunta como é que um espírito manifestante fala uma
língua que não conheceu quando encarnado, Erasto e Timóteo declaram que o
próprio Kardec respondeu à sua dúvida, ao afirmar, no início de sua pergunta, que
“os espíritos só tem a linguagem do pensamento; não dispõem de linguagem
articulada”. Exatamente por isso ou, seja, por não se comunicarem por meio de
palavras, eles transmitem aos médiuns seus pensamentos e deixam a cargo do
instrumento vesti-los, objtivamente, na língua própria do sensitivo.
Reiteramos, portanto, que não há fenômeno mediúnico sem participação
anímica. O cuidado que se torna necessário ter na fenômeno não é colocar o
médium sob suspeita de animismo, como se o animismo fosse um estigma, e sim
ajudá-lo a ser um instrumento fiel, traduzindo em palavras adequadas o pensamento
que lhe está sendo transmitido sem palavras pelos espíritos comunicantes.
Certamente ocorrem manifestações de animismo puro, ou seja, comunicações
e fenômenos produzidos pelo espírito do médium (alma) sem nenhum componente
espiritual estranho, sem a participação do outro espírito, encarnado ou
desencarnado. Nem isso, porém, constitui motivo para condenação sumária ao

-20-
mediu e, sim objeto de exame e análise competente e serena com a finalidade de
apurar o sentido do fenômeno, seu porque, suas causas e conseqüências.
O doutrinador deve cuidar dessas manifestações como se fosse a de um
espírito qualquer. Deve dar o mesmo tipo de orientação, de amor, de carinho, de
bondade. O doutrinador não tem certeza de que o fenômeno é anímico, mas se ele
desconfia, ele pode levar ao espírito alguma coisa que ele mesmo possa ir
desconfiando. Por exemplo: Se um espírito fala que viveu numa determinada época
antiga, pode-se perguntar se ele gostava de fazer alguma coisa atual: computador,
por exemplo.
Os fatos anímicos não podem ser condenados no espiritismo. Pelo contrário
deve-se ser tratado como preparação para acontecer os fatos mediúnicos. Não há
espírita que não tenha animismo. Animismo é a força do espírito encarnado. É o
movimento que ele faz, é a vida que ele tem. É como um músico e o seu violino. O
violino tem um som belíssimo, mas só se o músico o executar. Sozinho ele não
produz o som, mas ele tem todos os argumentos para produzi-lo.
É preciso não confundir animismo com mistificação. Mistificação é a mentira
que o médium faz por alguma razão. Este sim, precisa ser sanado, porque este é
prejudicial. Mistificação: São os escolhos mais desagradáveis da prática espírita;
mas há um meio de evita-los, o de não pedires ao espiritismo nada mais do que ele
pode e deve dar-vos; seu objetivo é o aperfeiçoamento moral da humanidade.
Desde que, não vos afasteis disso, jamais sereis enganados, pois não há duas
maneiras de compreender a verdadeira moral, aquela de que todo homem de bom
senso pode admitir; mesmo que o homem nada peça, nem que evoque, sofre
mistificações, se aceitarem o que dizem os espíritos mistificadores. Se o homem
recebesse com reserva e desconfiança tudo que se afasta do objetivo essencial do
espiritismo, os espíritos levianos não o enganariam tão facilmente.
Mistificar: Quer dizer; enganar , trapacear, burlar, tapear, iludir, iniciar alguém
nos mistérios de um culto, torna-lo iniciado, abusar da boa fé.
“Do que se conclui que só é mistificado aquele que merece”

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6.TIPOS DE MEDIUNIDADE

A pessoa exerce a mediunidade por duas opções: ou por expiação ou por


missão. Somente quem veio como missionário não tem débito muito alto. Os outros
vieram com a mediunidade para poder se refazer melhor. Quando é por missão,
dificilmente há rebeldia por parte da pessoa. No fundo ele sabe que tem que
desempenhar um grande papel, só não sabe qual é e somente com o tempo descobre
que tem uma grande missão. Os médiuns por expiação muitas vezes caem, se
levantam, tornam a cair. Ele não está totalmente consciente do seu trabalho. Ele
precisa ter muita força de vontade para vencer todos os obstáculos e seguir o seu
caminho adiante. Muitos não conseguem se levantar ou passam para o lado
negativo.
São vários os tipos de mediunidade, mas praticamente divide-se em duas
grandes partes:
1.Mediunidade de efeitos físicos
a)Médiuns sonoros – produzem pancadas, estrondos, música
b)Médiuns luminosos – Produção ce centelhas, clarões, luzes
c)Médiuns motores – Movimentação de objetos
d)Médiuns de levitação – Levantam um ser, um objeto ou a si mesmo no espaço
e)Médiuns de transporte – Levam um objeto de um lugar a outro
f)Médiuns modificadores ou plasmadores – Modificam um objeto, figura, etc
Dividem-se em:
moldagens, materialização, transfiguração, voz direta, escrita direta, curas .
g)Tiptologia – Os efeitos sonoros formam uma linguagem:
a)Interior – pancadas no interior do objeto
b)Bascular – movimento do objeto para dar pancadas (Tripé, pé da mesa)
c)Alfabética – Se comunicam através do objeto
d)Sematologia – Quando os sons, luzes, movimentos, deixam a transparecer a
vontadede seguir a pessoa.

2.Mediunidade de efeitos inteligentes:


a)Médiuns intuitivos – O médium capta o pensamento dos espíritos, sem
necessidade de incorporação. É preciso ter cuidado para o médium não expressar
seus próprios pensamentos.
b)Médiuns videntes – quando o médium vê no campo fluídico. O médium só pode
ver o que for
permitido.
c)Médiuns de psicofonia – quando o espírito fala através do médium;
d)Médiuns de psicografia – Quando o espírito escreve através do medium. A
psicografia pode ser:

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1)Mecânica – O espírito pega na mão do médium e escreve o texto. Neste caso o
médium não tem
noção do que está escrevendo e escreve com a própria letra do espírito.
2)Intuitiva – O médium capta o pensamento do espírito e escreve o que ele quer
comunicar.
3)Semi-mecânica – o médium sabe do assunto que o espírito está escrevendo, tem
noção, mas
quem escreve é o espírito
4)Ditada – O espírito vai ditando e o médium vai escrevendo. Neste caso o médium
tem a mediunidade de audiência.
e)Médiuns sensitivos ou impressionáveis – Sentem a presença dos espíritos.
f)Médiuns audientes – Ouvem o que o espírito quer dizer.
g)Médiuns sonambúlicos – Agem de duas formas:
1.Fatos anímicos – produzidos por seu próprio espírito
2.Fatos espíritas – produzidos pelos espíritos.
h)Médiuns curadores – Podem curar através dos espíritos
i)Médiuns pneumatógrafos – Podem produzir a escrita direta. São raros os médiuns
desta categoria.
j)Médiuns de pictografia – os que têm capacidade de desenhar através dos espíritos.
Para haver uma boa ligação espiritual é necessário que todos estejam bem
concentrados. Concentrar-se é pensar em uma só coisa o tempo todo: por exemplo
em Jesus Cristo, em
Deus, num lugar calmo, etc. Com isto estabelece-se a Vibração ou seja, uma espécie
de onde que circula em torno da mesa. Todos pensamento no bem, na paz, no amor
percebe-se a Sintonia com a espiritualidade. Se um médium estiver pensando
diferente, pode haver quebra de sintonia no ambiente, dificuldade para estabelecer a
ligação com a espiritualidade ou a vinda de irmãos que estão sintonizados com
aquele médium que pensa diferente. A prece ajuda a sintonia, pois melhora a
energização do ambiente e a ligação espiritual.

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7.EDUCAÇÃO MEDIÚNICA

Educar-se incessantemente é dever a que o médium se deve


comprometer intimamente a fim de não estacionar, e, aprimorando-se lograr as
relevantes finalidades que a Doutrina Espírita propõe para a mediunidade com
Jesus.
O exercício da mediunidade impõe equilíbrio, perseverança e sintonia.
a)Disciplina – Moral e mental, criará hábitos salutares que atrairão os Espíritos
Superiores interessados no intercâmbio entre as duas esferas da vida, facilitando o
ministério;
b)Equilíbrio – referente a atitudes, durante a recepção dos fluídos e posterior
intercâmbio com os desencarnados, auxiliará de forma eficaz na filtragem do
pensamento e na exteriorização dele.
c)Perseverança – produzirá um clima de harmonia no próprio médium que se
credenciará ao serviço do bem junto aos obreiros da vida mais alta, objetivando os
resultados felizes.
d)Sintonia – decorrerá dos elementos referidos, porque se constitui do perfeito
entrosamento entre o agente e o percepiente na tarefa relevante.
A mediunidade não trabalhada deteriora e desaparece. A mediunidade quanto
mais trabalhada, mais a pessoa se aprimora, mais os espíritos procuram a pessoa,
sejam os enfermos para pedirem socorro, sejam os benfeitores para ajudar no
socorro.
A educação do médium é muito importante. Ele coordena atitudes, corrige
falhas, atende melhor os irmãos desencarnados e também os encarnados. O
intercâmbio espiritual é muito mais prático e mais fácil.
Jesus recomendou com sabedoria aos seus discípulos, portadores de
mediunidade:: “Curai os enfermos, expulsai os demônios, dai de graça o que de
graça recebestes” numa diretriz que não dá margem à evasão do dever nem
tampouco à acomodação com o erro, à indolência ou a coleta de lucros materiais ou
morais, como decorrência da prática mediúnica.
Joana de Angelis recomenda: Doa as tuas horas disponíveis ao exercício da
mediunidade nobre: fala, escreve, ensina, aplica passes, magnetiza a água pura, ora
em favor do teu próximo, intervém com bondade e otimismo nas paisagens
enfermas de quem te busca; ajuda, evangeliza os espíritos em perturbação,
sobretudo, vive a lição do bem, arrimado à caridade, pois médium sem caridade
pode ser comparado a cadáver de boa aparência, no entanto, a caminho da
degeneração.
Recomendação:
a)Posição na cadeira – Procure sentar-se ereto num determinado lugar, evite os
confortos, um lugar simples, porém bem seguro e confortável;

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b)Concentração – Concentre-se positivamente, nada de problemas de casa, do
trabalho, da família, das finanças;
c)Não descontrolar quando estiver incorporado – evite gritar, bater na mesa,
derrubar cadeiras, falar palavrões
d)Agressão – não se levante, nem agrida fisicamente ninguém e se puderes evite
agressões verbais
e)Batidas – deve-se evitar qualquer tipo de batidas na hora do trabalho mediúnico.
Isto interfere na concentração e indubitavelmente na comunicação;
e)Cabeça na mesa – não vergue a cabeça sobre a mesa. Isto dá sono, desarticula a
cooperação mental e propícia a hipnose por parte de enfermos desencarnados;
f)Interferência de terceiros – Não permita que terceiros interfira na comunicação
espírita com conversação, questionamentos. Deixe este lado para o esclarecedor.
Em todos os casos não deixe de orar. Todos os médiuns de sustentação
devem orar para cooperarem com o esclarecedor e melhorar o estado do espírito
comunicante.

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8.EVOLUÇÃO DA MEDIUNIDADE

O aprendizado do ser humano pode ser feito através de experiências


vivenciadas ou em decorrência de conhecimentos que lhe são revelados.
Revelação vem do verbo revelar que quer dizer tirar o véu. Por a descoberto.
No sentido religioso revelar quer dizer descobrir coisas espirituais que o
homem não pode descobrir pela inteligência. Esta revelação é feita por mensageiros
de Deus e a pessoas predispostas a receber tais revelações. Estas pessoas são
chamadas de profetas ou messias, isto é, enviadas por Deus. Os reveladores
encarnados pregam verdades a partir de seus próprios conhecimentos ou sob
orientação de espíritos superiores. Quase todos os reveladores são médiuns
inspirados, audientes ou videntes. Nem todos os médiuns são reveladores, somente
os que vieram com tais missões.
A maioria dos conhecimentos da terra são produtos destes reveladores, que
não precisa ser somente no campo da religiosidade, mas nas artes, na Filosofia, na
ciência, na construção, etc. Para cada revelação há uma época propícia. É o que
veremos a seguir:
1.DO MEDIUNISMO PRIMITIVO AO ORACULAR – Nos primórdios da
evolução espiritual humana, a faculdade medianimica exprimia-se de modo
rudimentar ou incipiente através de vaga intuição. A intuição foi portanto o
primeiro modo de mediunidade. A medida que os homens foram vivendo
experiências, foram desencarnando e passando intuitivamente aos seus seguidores.
a)O mediunismo primitivo – Tem como característica básica um homem
(médium) idólatra, que adora ou tema as forças da natureza. Surge então a
necessidade de classificar como deuses os mais variados e corriqueiros elementos e
fenômenos da natureza: o solo, a vegetação, o céu, a luta, o sol, a chuva, a água, os
relâmpagos, os trovões, o vento e muitos animais.
b)O mediunismo tribal – Já reunidos em tribos os homens decidem uma nova
crença nos espíritos ou deuses. Surgem então as concepções de Terra-mãe e de Céu-
pai. O céu-pai é o que fecunda a Terra-mãe. Daí surgir o fetichismo, ou seja, tribos
que adoram objetos materiais. Como exemplo temos o vodu africano e as práticas
de magia negra.
c)O mediunismo mitológico – Através da magia foi-se criando alguns mitos e isto
foi-se espalhando por algumas partes do mundo. Várias tribos indígenas ainda usam
os mitos e muitos povos africanos também. No Brasil ainda há muita crença em
mitos, até mesmo por pessoas civilizadas. Acredita-se em Saci Pererê, mula sem
cabeça, Tibicuera, boitatá, etc.
d)O mediunismo oracular – dá início ao processo civilizatório da humanidade. A
mitologia adquire tendências religiosas. O politeísmo toma forma em todos os
povos do mundo. Surgem inúmeros deuses que vivem num determinado local
(Olimpo). Daí surgir o culto aos nossos “mortos”, surgem as Musas – deusas

-26-
protetoras das artes e do amor, os deuses Lares e Penates – eram espíritos protetores
da família. Daí para a crença em um Deus único foi um passo. Todo o mundo
possuía inúmeros deuses, exceto os Hebreus e foi por este motivo que Cristo nasceu
junto aos Hebreus.
Os “oráculos” constituem o centro da orientação de toda a vida urbana e
rural, política e religiosa.. A Grécia foi o centro da mediunidade oracular e Delfos
foi considerado o mais famoso oráculo de que se tem notícia. O oráculo representa a
própria divindade, mas os médiuns também adquiriam este nome. Assim fazia-se
uma consulta a um oráculo ou a uma Pitonisa. São os nossos médiuns atuais,
embora não façamos consultas particulares. Como é que eram estes oráculos ? Às
vezes eles ouviam rumores e interpretavam a sua maneira, consultavam as estrelas,
consultavam os intestinos dos animais, consultavam os deuses da época. No velho
testamento vemos muitos reis consultarem os oráculos como Saul que consultou a
Pitonisa e falou com Samuel.

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9.O FENÔMENO MEDIÚNICO NA ANTIGUIDADE
A manifestação do fenômeno mediúnico na antiguidade, estava fundamentada
em um emaranhado de crenças e superstições com a ocorrência de cerimônias
ritualísticas públicas, ou na intimidade dos templos, nos chamados processos
iniciáticos. Muitos rituais das igrejas são dessa época ainda. As manifestações
mediúnicas apresentavam duas faces:
a)A externa ou exotérica – Destinada mais ao grande público, era politeísta,
teatral, supersticiosa, mágica.
b)A interna ou esotérica - de essência monoteísta, secreta, culta, envolvendo
graus ou etapas de iniciação ao conhecimento psíquico.
Os sábios, chamados de sacerdotes ou magos, eram os detentores do
conhecimento sobre as relações entre mortos e vivos. Daí surgir até mesmo uma
ciência chamada de Ciências Ocultas que ainda tenta se manter como as
instituições esotéricas e maçônicas.
2.1. OS EGÍPCIOS – Possuíam notório conhecimento sobre a vida além da
morte e sobre os podres psíquicos do homem. Dominavam a arte da cura mediúnica
e desenvolviam intenso intercâmbio mediúnico com os mortos. “O livro dos
mortos” – O livro mais velho do mundo revela bem este caráter. No entanto
somente aos Sacerdotes e aos Faraós eram dados estes conhecimentos.
2.2.Os hindus – Os povos mais antigos do planeta. Os Vedas – livros
sagrados dos hindus, falam-nos das ações e ensinamentos dos espíritos superiores
(Assuras) e dos menos evoluídos ( Pítris). O livro Atharva-veda é considerada a
obra básica dos hindus.
2.3.Os gregos – Foram os senhores da Mitologia e da Filosofia que nos
brindaram com dois marcos do Espiritismo: Sócrates e Platão. O processo grego
mediúnico baseava-se em três partes:
a)Estar baseado no oráculo e na pitonisa – ambos eram o centro, a essência, a razão
de viver do povo grego.
b)Ser mediado apenas por mulheres(as pitonisas) muito jovens ou com idade
superior a 50 anos, as quais eram submetidas a uma vida de sacrifício.
c)isolar os médiuns de qualquer relacionamento humano externo para que fossem
submetidos a jejuns, beberagens, mascagem de plantas alucinógenas.

3.A MEDIUNIDADE NA BÍBLIA – Há várias passagens de mediunidade na


Bíblia, tanto no velho como no novo testamento. Moisés é vidente e auditivo,
Samuel é audiente, Job é vidente e assim tivemos os profetas Daniel, Jeremias.
O novo testamento começamos com Zacarias, pai de João Batista, Maria
Santíssima, Simeão, José, Paulo e outros.
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Atos mediúnicos do novo testamento: Dia de Pentecostes – Materializações e
Xenoglassia, Curas mediúnicas, conversão de Paulo, Inspiração de Estevão, Paulo,
Barnabé e outros.

10.O DIÁLOGO COM OS ESPÍRITOS DESENCARNADOS

Aqui trataremos dos espíritos que necessitam de auxílio, ou seja, os espíritos


sofredores.
Kardec assinala três condições básicas para que um espírito se comunique:
a)Que lhe convenha fazê-la;
b)Que sua posição ou as suas ocupações lho permitam;
c)Que encontrem no médium um instrumento apropriado.
Cumprindo estes três itens, há a necessidade do diálogo entre o doutrinador e
o Espírito comunicante. Infelizmente ainda é reduzido o número de dialogadores
que procuram se empenhar em aperfeiçoar tão importante tarefa. As principais
dificuldades são:
a)O diálogo se torna um monólogo:
O monólogo é sempre prejudicial, seja proferido pelo dialogador ou pelo
Espírito. Existe manifestação que pode ser percebido: o momento do dialogador e o
momento do Espírito. A conversa não flui naturalmente. O Espírito falo por um
tempo, o dialogador fala por outro tempo. Pode ocorrer momento em que o Espírito
monopoliza o médium ou o grupo e só ele fala. É preciso cuidado com esses
espíritos. Geralmente são entidades que dominam a arte da manipulação. A reunião
torna-se extremamente cansativa, há dispersão mental e de fluidos. Não há um
verdadeiro entendimento.
b)O diálogo adquire feições de “doutrinação”
Esta prática é tão prejudicial quanto a 1ª.. A palavra doutrinar passou a ter um
significado de “discurso” ou “instrução” para os espíritos necessitados de auxílio. O
que precisa haver é uma conversação. Como é que vamos doutrinar os suicidas,
homicidas, obsessores, etc. Quem está sofrendo muito não quer saber de
doutrinação. Primeiramente precisamos pedir a melhora destes Espíritos, por isto
há necessidade de uma conversa fraterna, gentil, descontraída e simples. O
dialogador deve entender que cada sofrimento é único, que cada caso é um caso. Só
depois que o Espírito melhorou um pouco é que ele passa a seguir as orientações
sugeridas. Quem de nós pode ouvir calmamente uma boa aula se está com uma
tremenda dor no peito ou na cabeça? Ou que acabou de perder um parente, foi
assaltado, quebrou a perna?
c)O dialogador não sabe ouvir o necessitado:

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É de fundamental importância que ouçamos o que o Espírito tem a dizer. Se o
Espírito tem dificuldade de expressão é preciso auxiliá-lo, porque só revelando as
suas dificuldades é que poderemos tentar auxiliá-lo.
Às vezes o Espírito está em grande perturbação, não sabe pensar direito. Há
espíritos de todas as espécies, os que fingem dores, fingem uma educação cortês,
mas logo explodem e mostram sua verdadeira face.
O dialogador precisa saber ouvir o Espírito. Todos nós gostamos de desabafar
com alguém sobre os nossos sofrimentos. Esperamos que esta pessoa possa nos
ajudar, que nos inspire confiança. Aí daqueles que nos traírem num momento
destes. O mesmo acontece com os espíritos sofredores. Eles querem ajuda e só
depois é que estarão aptos a receberem instruções.
Se apesar da saudação inicial, o Espírito não se decide a falar, o dialogador
poderá formular pergunta estimuladora, insistir fraternalmente. Ex: “Estamos ao seu
dispor, prontos para ouvi-lo e ajudar se for possível.. A princípio ele vai falando
alguns monólogos, timidamente, até que enfim vai falando o que sente.
Por essa razão é preciso deixá-lo falar ouvindo-o com atenção. Precisamos
conhecê-lo, saber “quem é, a que veio, se ignora ou não o seu estado (de
desencarnado), se pode dialogar com clareza ou não, qual a sua história, motivação
ou razões.
Devemos ter o cuidado de permitir que o Espírito fale somente o necessário,
caso contrário alguns ficarão falando por muito tempo.

Condições propícias a um bom diálogo com os Espíritos:


A doutrinação se aperfeiçoa com a prática, conhecimento da doutrina e
principalmente com o amor. O conhecimento auxilia por fora, o amor socorre por
dentro. Os espíritos sofredores precisam do nosso amor para se modificarem suas
atitudes mentais em definitivo.
Precisamos ter muita calma, muita paciência e muito amor para com os
espíritos sofredores. Eles sabem que há alguém com quem pode contar.
Muitas vezes o espírito fica completamente isolado no mundo espiritual. Não
há ninguém para lhes orientar, com quem conversar. Uma conversa sadia ameniza
muito o sofrimento destes irmãos. É preciso agirmos com energia, mas não deixar
transparecer grosseria, estupidez, falta de educação.
Os trabalhadores da equipe espiritual recolhem forças mentais emitidas pelos
encarnados da reunião mediúnica, sobretudo do médium para produzirem efeitos
decisivos na mente e nos sentimentos desses espíritos. Muitos deles possuem idéias
fixas e nem se lembram mais quem foram ou de onde vieram.
A prece e o passe trazem a necessária harmonia tanto ao manifestante
portador de desequilíbrio quanto ao próprio médium.
O Espírito que recebeu o diálogo sai normalmente, outros têm dificuldades,
outros não querem se afastar. O dialogador pede educadamente que ele se retire e

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alega o desgaste do médium, a oportunidade que deve ser dada a outros espíritos, o
tempo que se esgotou, a continuidade do atendimento será feito pela espiritualidade.
Em todo caso não se deve estender muito o diálogo, nem fazer atendimento
simultâneo para não tumultuar a sessão e nem tocar no corpo do médium, fazendo
isto somente quando for necessário.

11- CONDUTA ESPÍRITA

Se uma pessoa que entrar para a mediunidade e pensar que sua vida vai
mudar completamente para melhor, é melhor desistir. Suas dificuldades financeiras
continuarão, suas doenças permanecerão, sua família continuará a mesma, seus
problemas não serão solucionados. A mediunidade dá força e incentivo para que
possamos enfrentar a vida com mais otimismo, pois compreenderemos porque
estamos sofrendo. Com o tempo e a reforma íntima constante as coisas começarão a
mudar. Se ele tinha que perder mil reais, já só perde cem, se ele tinha que perder
uma perna, só perde um dedo, suas doenças diminuirão, sua família melhorará um
pouco (se a família não fizer uma reforma íntima, o médium pouco poderá fazer).
É preciso renunciar a quaisquer glórias e aos enganosos florilégios da
existência. Os espinhos continuarão.
Mediunidade é o serviço de Jesus e se a abraçarmos, estaremos passando
pelos mesmos problemas do mestre. Há muito o que fazer para o Senhor. Não
devemos nos empolgar com os mundos felizes que virão. Há muita dor à nossa
volta e precisamos amenizar o sofrimento dos nossos irmãos. Alguns requisitos são
necessários aos médiuns ou a candidatos a mediunidade:
a)Conhecer a sua própria capacidade do trabalho e assumir só o que tiver condições
de realizar.
b)Equilíbrio – É preciso ter uma perfeita harmonia entre a mente e as emoções para
poder filtrar bem o que vem da espiritualidade;
c)Conduta – O médium precisa se portar bem em todos os lugares onde for. Ter
uma mente sã e desejar sempre o bem ao próximo.
d)Concentração – Concentre e medite no criador, em Jesus Cristo, pensando
somente no bem, na paz. É necessário isolar-se dos problemas do mundo, esquecer
que o mundo terreno existe.
e)Oração – Faça a prece com o coração, fixe mentalmente os bons espíritos, não
mude o seu pensamento para outra fonte. A prece sincera é a comunicação com o
criador.
f)Disposição – Tenha sempre disposição para o trabalho. Peça ajuda espiritual no
dia em que não estiver bem disposto. A colheita só vem depois de muita disposição
e força de vontade.
g)Humildade – Seja sempre humilde em seu trabalho, não queira estar de salto alto.
Somente o mestre Jesus foi mestre, todos os outros foram e são aprendizes.

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h)É preciso saber que sem amor nada se consegue. Espiritismo é um ato de amor.
Precisamos pôr muito amor em tudo o que fizermos.
Para os principiantes aconselha-se muita paciência, calma. Nada vem de uma
hora para outra. Aconselha-se o estudo das obras de codificação, uma reforma
íntima. Toda mediunidade precisa ser praticada, somente com o tempo vai-se
adquirindo uma das modalidades mediúnicas.
O bom médium é o que tem consciência e responsabilidade pelo que faz. Não
esquecer de que a caridade está em primeiro lugar. Na mediunidade se educa no
bem. A mediunidade é uma missão para todos nós. Para muitos é uma expiação,
mas podemos conciliar as duas para a nossa aprendizagem e nosso melhoramento.
O médium não deverá exercer atividades mediúnicas em seu lar, mas nem por
isto deve deixar de fazer a caridade se for procurado para tal. Para isto ele precisa
do centro onde os irmãos desencarnados doentes vão procurar o caminho para a sua
melhora.
O médium precisa ter paciência, perseverança, disciplina, amor, humildade,
estudo, interesse em aprender e progredir.
É fundamental que os médiuns não se tornem, de forma alguma, em pedra de
tropeço no bom desempenho das tarefas doutrinárias; nunca ser obstáculo à
propagação da Doutrina; não ser instrumento de dissenções e discórdias nos estudos
e atividades doutrinárias, evitando ataques pessoais, a pretexto de defender a
verdade, do tipo: “pela doutrina eu falo tudo, faço isto ou aquilo”. Quem ofende um
ser humano dentro de um centro Espírita, está desrespeitando a Doutrina; procurar
se dirigir aos companheiros fraternalmente, nunca com presunção ou superioridade;
que os médiuns não se invejem mutuamente, cada tipo de mediunidade cumpre com
uma finalidade de suma importância no contexto geral do intercâmbio com o
invisível. Que os médiuns sintam a responsabilidade que lhes pesa sobre os ombros
e guardem vigilância redobrada contra os espíritos incendiários, aqueles que
alimentam o fogo da desavença nos corações. Toda espécie de trabalho para
produzir os melhores frutos carece de disciplina e abnegação, na mediunidade isso é
indispensável. Confiar na orientação dos bons espíritos, com paciência sempre se
encontra boas soluções, as coisas se encaixam e se encandeiam no seu tempo certo.

Obras:
Mediunidade e Evangelho – Carlos Baccelli/Odilon Fernandes (Espírito)
Conduta Espírita – Waldo Vieira/André Luiz (Espírito)
Qualidade na prática Mediúnica –Projeto Manoel Philomeno de Miranda

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12.OBESSÃO E DESOBSESSÃO

Obsessão é o domínio que alguns espíritos logram adquirir sobre certas


pessoas. É sempre praticada por espíritos inferiores. Alguns espíritos se agarram às
suas presas e os conduzem como se fossem verdadeiras crianças. A obsessão
apresenta alguns graus de constrangimento:
Obsessão simples – O espírito se impõe a um médium, principalmente na
comunicação com outros espíritos. Ele tenta impedir e se apresenta no lugar
daqueles. A obsessão consiste na tenacidade de um espírito, do qual não consegue
desembaraçar-se a pessoa sobre quem ele atua. O médium sabe muito bem que está
sob o efeito de uma obsessão e mantém-se em guarda. Esta obsessão é apenas
desagradável. Alguns causam fenômenos físicos como bancadas, barulhos, etc. O
fato de o médium receber algumas comunicações enganosas, não significa que está
sob o efeito de uma obsessão. Até os homens mais sábios podem ser enganados por
pessoas embusteiras. O mesmo acontece com os espíritos. Por isto o médium
precisa sempre estar vigilante.
Fascinação – É uma ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o
pensamento do médium e que, de certa maneira, lhe paralisa o raciocínio,
relativamente às comunicações. O médium fascinado não acredita que esteja sendo
enganado e tem como correto os maiores absurdos que recebe. O médium é
conduzido como se fosse um cego e pode ser levado a situações ridículas e até
mesmo perigosas. O fascinado procura afastar-se de quem sabe um pouco mais,
pois estes espíritos sabem que podem ser desmascarados a qualquer momento.
Subjugação – É uma constrição que paralisa a vontade daquele que a sofre e
o faz agir a seu mau grado. Numa palavra: o paciente fica sob um verdadeiro jugo.
A subjugação pode ser moral ou corporal. Moral – o subjugado é constrangido a
tomar resoluções muitas vezes absurdas e comprometedoras. Física – O espírito
atua sobre os órgãos materiais e provoca movimentos involuntários. O escrevente
sente uma vontade louca de escrever, mesmo sem o lápis. O domínio do espírito
sobre a pessoa é quase total, havendo momentos de consciência.
Em todos os casos a obsessão é um mal que deve ser combatido. Todo
esforço deve ser encetado para acabar com este mal. Aqui cabe a ajuda dos outros
médiuns e a boa vontade do médium obsediado (que às vezes nem tem mais). O
amor, a calma, a humildade, o trabalho, o estudo, a mudança íntima do médium vai
ajudar muito. Se o médium não fizer um esforço, a obsessão não termina. A
vigilância e a prece são imprescindíveis.
Como reconhecer a obsessão:
1.Persistência de um mesmo espírito querer se comunicar, seja pela escrita, pela
audição, pela psicofonia ou outros;
2.Incapacidade de o médium reconhecer a falsidade das comunicações que recebe;

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3.Crença na infalibilidade e na identidade absoluta dos espíritos que se comunicam
com falsos nomes, nomes venerados e respeitáveis;
4.Confiança absoluta do médium nos elogios que lhe dispensam os Espíritos que
por ele se comunicam;
5.Disposição para se afastar das pessoas que podem emitir opiniões aproveitáveis;
6.Tomar a mal a crítica das comunicações que recebe;
7.Necessidade incessante e inoportuna de escrever;
8.Constrangimento físico qualquer, dominando-lhe a vontade, forçando-o a agir ou
falar seu mau grado:
9.Rumores e desordens persistentes ao redor do médium, sendo ele de tudo a causa
ou o objeto.
Neste caso não é perigoso ser médium? Não, pois não foi o médium que criou
os espíritos e eles agem em todas as camadas sociais e em todas as religiões. Como
eles são espíritos imperfeitos, eles vão agir de qualquer modo. Precisam ser
esclarecidos e orientados e o médium precisa fazer a reforma íntima para ambos se
melhorarem.
Por que há obsessão:
a)Pode ser uma vingança do espírito sobre a pessoa e isto pode passar uma, duas,
três reencarnações.
b)O espírito está sofrendo e se sente feliz em ver o outro sofrer. Não tem nenhuma
pretensão a não ser fazer sofrer o outro;
c)Sente ódio, inveja do outro e procura atrapalha-lo;
d)Quer desviar a pessoa do bom caminho.
e)Espíritos de outras religiões procuram tirar o médium do espiritismo e tentam
colocar os conceitos de suas religiões;
f)Espíritos que adquiriram conhecimentos falsos sobre Filosofia, religião, ciência,
tentam incutir estes princípios nos médiuns. Não são espíritos maus, apenas estão
enganados pelos princípios que tinham.

Como combater a obsessão(Desobsessão) - Não é fácil combater a


obsessão. A pessoa ou médium obsediado, precisa fazer um tratamento a base de
passes, fluidoterapia e procurar mudar a sua maneira de agir. O espírito precisa ir
recebendo o esclarecimento necessário. Uma ou duas sessões, às vezes não basta.
Somente com o tempo e a persistência no trabalho e na cura as coisas vão-se
melhorando. Em todas as hipóteses o médium não deve se afastar dos seus trabalhos
na casa espírita – talvez desativar a mediunidade por um certo período, mas depois
continuar os estudos, a reforma íntima e o trabalho. A paciência é de suma
importância. A prece, o recolhimento, a meditação faz parte do tratamento. A fé
inabalável em Deus melhora muito.
O livro dos médiuns – FEB – Rio

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13 – A PSICOFONIA

O fenômeno da psicofonia ou incorporação é caracterizado pelo chamado


envolvimento mediúnico que significa um entrosamento das correntes mentais e
vibratórias do médium com o Espírito comunicante.
No fenômeno mediúnico, durante o transe, o médium apresenta condições
favoráveis à assimilação das correntes mentais com as quais se afiniza.
Isso se dá pela irradiação perispirítica, que permite ao médium maior
liberdade, podendo ser influenciado pelo campo vibratório dos Espíritos
encarnados. Havendo a sintonia vibratória o médium passa a sentir, receber ou
entender vibrações mentais da entidade comunicante.
Todavia, essa assimilação de correntes mentais não se dá apenas entre os dois
participantes do fenômeno mediúnico, pois as demais pessoas que participam da
reunião têm importância fundamental, podendo colaborar decisivamente para o bom
êxito da empreitada, como também ser causa no fracasso da ligação médium-
espírito, por ter, através de seus pensamentos, determinado um clima à realização
dos fenômenos. Assim, todos os participantes, médium, esclarecedor, espírito
comunicante, mentores espirituais, tem grande importância na realização do
intercâmbio mediúnico.
Incorporação mediúnica é a forma de mediunidade que se caracteriza pela
transmissão falada das mensagens dos espíritos. É, em nossos dias, a faculdade mais
encontrada na prática mediúnica. Pode-se dizer que é uma das mais úteis, pois, além
de oferecer a oportunidade de diálogo com os Espíritos comunicantes, ainda permite
a doutrinação e consolação dos espíritos pouco esclarecidos sobre as verdades
espirituais.
O papel do médium seja ele consciente ou não, é sempre passivo, visto que
servindo de intérprete neste intercâmbio, deve compreender o pensamento do
Espírito, comunicante e transmite-lo sem alteração, o que é mais difícil quando
menos treinado estiver.
A incorporação é também denominada psicofonia, sendo esta denominação
preferida por alguns porque acham que incorporação poderia dar a idéia do Espírito
comunicante penetrando o corpo do médium, fato que sabemos não ocorrer.
Os médiuns de psicofonia são classificados em: conscientes, semi-
inconscientes e inconscientes.
Médiuns Conscientes – Pode se dizer que um médium consciente é aquele
que durante o transcurso do fenômeno tem consciência plena do que está ocorrendo.
O Espírito comunicante entra em contato com as irradiações perispirituais do
médium, e, emitindo também suas irradiações perispirituais, forma a atmosfera
fluídica capaz de permitir a transmissão do seu pensamento ao médium, que, ao
capta-lo, transmitirá com as suas possibilidades, em termos de capacidade
intelectual, vocabulário, gestos, etc.
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O médium age como se fosse um intérprete da idéia sugerida pelo espírito,
exprimindo-a conforme sua capacidade própria de entendimento.
Esta forma de mediunidade será tanto mais proveitosa quanto maior for à
cultura do médium e suas qualidades morais, a influência de espíritos bons e sábios,
a facilidade e a fidelidade na filtração das idéias transmitidas. Seu desenvolvimento
exige estudo constante, bom senso e análise continua por parte do médium.
Médiuns semi-conscientes – exteriorização perispíritica em presença do
espírito comunicante, com o qual possui a devida afinidade; ou quando houver o
ajustamento vibratório para que a comunicação se realizasse. Há irradiação e
assimilação de fluidos emitidos e pelo médium, formando a chamada atmosfera
fluídica. E então ocorre a transmissão da mensagem do Espírito para o médium.
O médium vai tendo consciência do que o espírito transmite à medida que os
pensamentos daquele vão passando pelo seu cérebro, todavia o médium deverá
identificar o padrão vibratório e a intencionalidade do espírito comunicante,
tolhendo-lhe qualquer possibilidade de procedimentos que firam as normas da boa
disciplina mediúnica.
Ainda na forma semi-consciente, embora em menor grau que na consciente,
poderá haver interferência do médium na comunicação como repetição de frases,
gestos que lhe são próprios, motivo porque necessita aprimorar sempre a faculdade,
observando bem as suas reações no fenômeno, para prevenir que tais fatos sejam
tomados como “mistificação”. Essa é a forma mais disseminada da mediunidade de
incorporação.
Geralmente, o médium, procedendo a comunicação, sente uma frase a lhe
repetir insistentemente no cérebro e somente após emitir essas primeiras fase é que
as outras surgirão. Terminada a transmissão da mensagem, muitas vezes o médium
só lembra vagamente do que foi tratado.
Médiuns inconsciente – Esta forma de mediunidade de incorporação
caracteriza-se pela inconsciência do médium quanto a mensagem que por seu
intermédio é transmitida. Isto se verifica por se dar uma exteriorização perispiritual
total do médium.
O fenômeno se dá mesmo nas formas anteriores, somente que numa gradação
mais intensa. Exteriorização perispiritual, afinização com a entidade que se
comunicará, emissão e assimilação de fluídos, formação da atmosfera necessária
para que a mensagem se canalize por intermédio dos órgãos do médiuns, são
indispensáveis.
Embora inconsciente da mensagem, o médium é consciente do fenômeno que
está se verificando, permanecendo, muitas vezes, junto da entidade comunicante,
auxiliando-a na difícil empreitada, ou, quando tem plena confiança no espírito que
se comunica, pode afastar-se em outras atividades.
O médium, mesmo na incorporação inconsciente, é o responsável pela boa
ordem do desempenho mediúnico, porque somente com o seu consentimento, ou
com sua colaboração, poderá o espírito realizar alguma coisa.
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Geralmente o médium, ao recobrar sua consciência, nada ou bem pouco
recordará do ocorrido ou da mensagem transmitida. Fica uma sensação vaga
comparável ao despertar de um sonho pouco nítido em que fica uma vaga
impressão. Mas que a pessoa não saberá afirmar com certeza do que se tratou.

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14 - A PSICOGRAFIA

A psicografia é o meio utilizado para se escrever sob a influência de um


espírito através da escrita. Este meio foi desenvolvido por kardec e sofreu muitas
modificações até chegar ao processo da caneta. Primeiramente Kardec usou o
processo das mesas girantes. Por meio das batidas das mesas estabeleceu-se um
alfabeto e daí obtinha-se a escrita.
Com o tempo novos objetos foram adaptados para se obter a escrita: a cesta-
pião, a mesa miniatura, as pranchetas e a cesta de bico. A este tipo de psicografia
deu-se o nome de psicografia direta. Com o tempo substituiu-se estes objetos pela
mão do médium e surgiu a psicografia direta.
De todas as comunicações a psicografia é a mais simples e a que mais existe
entre os seres humanos. Ela é muito importante, pois por ela saberemos do
progresso do espírito, seus pensamentos, suas dificuldades. Todos os centros
precisam fazer um esforço para desenvolve-la.
Quando o médium está escrevendo, busca as idéias no inconsciente para
ordena-las no fluxo criativo. A influência espiritual se dá no inconsciente e isto
facilita a sintonia com o espírito comunicante.
Através dos textos escritos podemos saber mais ou menos a categoria do
espírito que a escreveu.
Os médiuns psicógrafos podem ser: Mecânicos, intuitivos, semi-mecânicos e
os Inspirados.
Mecânicos – Escrevem sob a influência direta dos espíritos, sem interferência
de sua vontade. Agem como máquinas, muito rápidos e não têm consciência do que
escrevem. São raros os médiuns desta categoria.
Intuitivos – recebem as mensagens dos espíritos desencarnados por meio da
sintonia psíquica direta entre sua mente e a do comunicante. Precisam compreender
o que o espírito quer dizer, assimila-los e transmiti-las revestidas de sua
interpretação. O médium entende o que o espírito quis dizer e escreve o conteúdo.
Ele age como um intérprete. Sabe-se que as idéias não são dele, porque muitas
vezes fala sobre coisas que o médium não conhece.
Semi-mecânicos – Os médiuns desta categoria sentem a mão se movimentar,
mas ao mesmo tempo têm idéias do que está escrevendo. O médium semi-mecânico
vai tendo idéias do que está escrevendo, no momento em que vai escrevendo.
Inspirados – É uma variante entre os médiuns intuitivos, é muito difícil
distinguir qual a idéia do espírito, qual a idéia do médium, já que ambas se
confundem. É uma mediunidade natural e existe em maior número entre as pessoas.
Sabemos que são psicografias porque o médium recebe coisas de que nem estava
esperando ou da qual possui pouco conhecimento.
Não há nenhuma condição de se dizer que esta ou aquela pessoa será médium
psicógrafo a não ser através da experiência. Uma pessoa também pode desenvolver
a psicografia na primeira vez que vai à mesa ou depois de alguns anos de prática.
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Para receber uma psicografia é necessário sentar-se adequadamente a uma
mesa. Meditar por uns instantes. Fazer uma prece pedindo a ajuda necessária aos
mentores. Desembaraçar-se de tudo que atrapalhe as mãos. Pôr a ponta do lápis
sobre o papel, não oferecendo nenhuma resistência. Kardec aconselhava a fazer isto
diariamente, mas hoje em dia é aconselhável fazer este trabalho somente no centro
espírita. Deve-se fazer esta tentativa no máximo com 10 minutos. No começo
aparecem apenas rabiscos e só com o tempo a escrita vai-se aperfeiçoando.
Num grupo de 10 pessoas, 3 vão conseguir a psicografia com mais facilidade.
Para o iniciante deve-se informar que é como se ele estivesse escrevendo uma
redação escolar. Ir procurando desenvolver o assunto, buscando a inspiração que
vier. Escrever aquilo que for recebendo. Não se deve preocupar muito com a forma
do que escreve. Todo texto deverá ser examinado no final da reunião.
Se o médium for auditivo ele ouvirá o que o espírito quer dizer, mas a
maioria dos psicógrafos recebe os textos intuitivamente. Portanto ele não deve
temer que as idéias estão saindo de sua cabeça, pois ele pode receber textos do qual
desconhece o conteúdo, mas o médium deverá se esforçar para não colocar
realmente suas próprias idéias no papel.
É preciso muito cuidado quanto a publicação do que se recebe: não se deve
publicar coisas íntimas, ou seja, uma orientação a este ou àquele médium. Para não
ter problemas com as pessoas não-espíritas quanto a um parente, deve-se colocar
um pseudônimo na psicografia recebida ou não publicá-la, psicografias de espíritos
sofredores falando de seus sofrimentos, sua amargura, devem ser poupadas de
publicação.
Os médiuns novatos tendo uma idéia qualquer na sessão, deve escrevê-la
sabendo ou não que venha de algum espírito. Não pode duvidar. Após a reunião
será feita uma avaliação das psicografias.
As psicografias de boas mensagens ou orientações devem ser divulgadas
entre o grupo e se possível por outros meios. É isto que o espírito quer e pode
abandonar aquele que somente guardar a sua psicografia. Que proveito tira o
espírito em ditar uma mensagem que vai ser engavetada?
QUESTÕES:
1.Podemos receber psicografias de Santos?
2.Podemos receber psicografias de pessoas encarnadas?

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15 - PARA ONDE VÃO OS ESPÍRITOS APÓS A MORTE

Centro Espírita Celeiro de Luz

Quando André Luiz, por intermédio da psicografia de Chico Xavier, falou-nos das
cidades espirituais. descrevendo as intensas atividades nelas desenvolvidas, com
seus hospitais, escolas, campos, jardins, rios e tudo o mais que aqui na Terra há,
inclusive a vida social, muitos espíritas taxaram tais noticias de inverossímeis,
pondo-as de "quarentena", apesar de que tais descrições já haviam sido feitas
também por outros escritores da vida espiritual, notadamente as mensagens
recebidas pelo Rev. G. Vale Owen, com o título de "A Vida Além do Véu".

Com o passar do tempo, graças à persistência em nos serem trazidos livros de tal
gênero e por serem ansiosamente aguardados por muitas pessoas, foi se
modificando a opinião a respeito da famosa série "Luizina" e, hoje, são
consideradas como obras respeitáveis e dignas dos maiores encômios, não só pela
beleza e primor das descrições da vida espiritual, mas também pelos ensinamentos
doutrinários que encerram.

Recentemente, mais uma prova de veracidade de tais novidades acabamos de ter,


com alguns livros escritos por pesquisadores americanos, relatando-nos
experiências de pessoas que foram consideradas clinicamente mortas e que
retornaram à vida e descreveram o que viram e ouviram na vida maior, confirmando
os depoimentos, não só de André Luiz, como também de outros Espíritos que nos
falaram de tal vida.

O livro "Life after Life", do Dr. Raymond A. Moody (pesquisador não espírita),
"bestseller" nos EUA, é um desses livros que nos fala dessas experiências
inusitadas, agora complementado com o novo livro "Reflections on Life After Life",
que nos traz o resultado de novas entrevistas com os que permaneceram alguns
instantes na outra dimensão da vida.

A HIERARQUIA ENTRE OS ESPÍRITOS

Entre os povos primitivos, como entre os animais, a chefia é conquistada pela força.
Quem for mais forte, fisicamente, assumirá a liderança de um grupo ou de uma
tribo. À medida que o homem vai evoluindo, vai se impondo pela astúcia, pela
esperteza. Este é ainda o meio pelo qual uma pessoa conquista a direção de
uma agremiação, de uma coletividade, de uma nação...

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Ser astuto, nem sempre significa ser mais inteligente ou mais indicado para
dirigir o destino de qualquer associação ou país. Atualmente o dinheiro está
intimamente ligado ao poder e quando surge a moeda pesa nas decisões para
a escolha de quem vai presidir uma sociedade, seja ela qual for.

Quais são os predicados exigidos de um Espírito para assumir a direção de


uma instituição no plano espiritual?

Nas zonas umbralinas mais inferiores, a direção é conquistada por aquele que
consegue dominar a plebe, através da força mental. Nas regiões menos
densas, a habilidade e a inteligência são os requisitos que prevalecem para a
indicação dos cargos de chefia. Nos planos mais elevados, entretanto, a
presidência recai sobre aquele que possui amor e sabedoria.

Como o saber não tem limites, porque absoluto só o de Deus, é óbvio que à
medida que iremos galgando os degraus da escada evolutiva, vamos
assumindo mais elevados encargos de direção, até alcançarmos a de
prepostos de Deus, ou seja, Ministros do Criador.

André Luiz (li ficou pasmado, quando lhe disseram que o Espírito de elevada
hierarquia, que se materializara no templo que visitara em "Nosso Lar",
cidade espiritual em que André Luiz desenvolve o seu trabalho e aprendizado,
não tinha ainda alcançado a perfeição absoluta e sim apenas a categoria de
mentor da humanidade terrestre. O dirigente dos trabalhos, pacientemente,
explicou que o visitante ainda aspirava alcançar um dia a função de
representante da Terra junto às gloriosas comunidades que habitam, por
exemplo, Júpiter e Saturno. Acrescentou, que posteriormente esperam fazer
parte das assembléias, que regem o nosso sistema solar e sucessivamente
colaborar com os que dirigem a constelação de Hércules, nossa galáxia e
grupos de galáxias etc.

Em se tratando do planeta Terra, que é um dos mais inferiores, ainda não


podemos compreender as funções elevadíssimas dos Espíritos puros, na
direção dos destinos das nações e do próprio planeta. Mas sabemos que eles
estão no leme deste barco que singra o imenso Oceano do infinito. Mesmo
nos momentos cruciais, como o que estamos passando, não devemos nos
perturbar em virtude do aparente caos em que estamos mergulhados.
Confiemos em nossos protetores, porque depois desta noite trevosa, brilhará
a aurora de paz e progresso espiritual. Persistamos no bem e aguardemos,
pacientemente, e com resignação, pois também somos responsáveis por este
estado de coisas.

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Em "Nosso Lar", existem um governador e diversos ministros. Cada
ministério conta com inúmeros trabalhadores, desde os ministros, em
número de 12, até o mais humilde servidor. Vemos, portanto, que no plano
espiritual, cada criatura será guindada ao cargo que suas aptidões lhe derem
condições. Nesses planos não existem apadrinhamentos ou quaisquer
facilidades, porque seja de família influente. Somente a capacidade e a moral
é que prevalecem para que a pessoa assuma a chefia de qualquer
departamento ou cargo de maior responsabilidade.

No plano espiritual os títulos nobiliárquicos, comendas etc., nada significam.


O que é da Terra, fica na Terra. Ao desencarnarmos nos despimos das coisas
materiais e levamos apenas as espirituais, sejam boas ou más.

Aqui é o laboratório das experiências; lá é a revelação dos resultados dessas


experiências.

REGIÕES ABISMAIS

Vários livros mencionam as regiões subcrostais, dentre eles: "O Abismo", de


R.A. Ranieri; "Nas Fronteiras da Loucura", de Manoel P. de Miranda;
"Memórias de um Suicida", de Camilo Castelo Branco, e "Libertação", de
André Luiz. E todos são unânimes em afirmar que essas regiões purgatoriais
são as mais terríveis que conheceram.

André Luiz confessa que seria difícil acreditar que esses antros de sofrimentos
pudessem existir. Somente presenciando essas cavernas lodosas e
nauseantes e ouvindo a gritaria ensurdecedora daqueles que ali se acham
enclausurados, pois não conseguem se libertar das mesmas, é que se pode
avaliar a angústia e o desespero em que sé encontram. Nesse ambiente de
denso nevoeiro que mal se distinguem os detalhes e dimensões dessas zonas

abismais, é que podemos avaliar a magnitude desses locais de purgação. Diz-


se abismal, em vista do despenhadeiro em que fica essa coletividade de
sofredores. Tais abismos assemelham-se a imensas crateras de vulcões
vivos, onde a gritaria ensurdecedora e ininterrupta é de enlouquecer qualquer
um, mesmo os mais fortes e equilibradas.

Segundo nos afirmam os autores mencionados, as zonas subcrostais, como o


próprio nome indica, localizam-se nas entranhas da Terra, no subsolo. Isto
seria inacreditável, se tais revelações não fossem psicografadas por médiuns
de inteira confiança, como F.C. Xavier, Divaldo P. Franco e Yvonne A. Pereira

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Essas aglomerações de seres humanos vivendo no subsolo, deixam de ser
absurdas, se nos lembrarmos de que para os Espíritos a matéria grosseira,
que é a terra, não oferece nenhum obstáculo para a sua travessia, pois
conforme nos ensina a Doutrina Espírita, para os corpos fluídicos, a nossa
matéria não opõe nenhuma resistência. É uma questão de consistência.

Muitos ovóides acompanham os seus inimigos em suas purgações nas


cavernas abismais, assim como também sozinhos, durante centenas e até
milhares de anos.

São Espíritos que degeneram o corpo perispiritual, pelo ódio superlativo. A


destruição do corpo perispirítico é uma verdade insofismável devido aos
testemunhos de Espíritos de comprovada idoneidade.

Manoel P. Miranda, relatando uma missão socorrista a uma zona abismal,


localizada no subsolo de uma grande cidade brasileira, narra que ela fica sob
a área de uma penitenciária e da faixa do lenocínio mais hediondo dessa
cidade. Ao se aproximar da mesma, descreve que ela desaparecia, coberta
por poderosa sobreposição de faixas vibratórias, em que estas anulavam as
físicas.

Antes, porém, de atingir o abismo, percorrera longo caminho, onde de


quando em quando surgiam sombras humanas que se asfixiavam no
tremedal, levantando-se, a gritar, para logo desaparecer no lamaçal pútrido.

Ao atingir o abismo idimensional, onde não havia luz de qualquer espécie, e


onde a esperança parecia não existir, os missionários dessa missão, lançaram
as redes luminosas para que os que desejassem deixar aquele atoleiro
imundo, agarrassem as mesmas, mas apenas os de boas intenções
conseguiam segurá-las, enquanto que os de condições psíquicas negativas
esforçavam-se em vão para agarrá-las, porque as redes diluiam-se ao
contato de suas mãos.

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16 – Cidades umbralinas

No livro "Libertação" (cap. lV), André Luiz nos fala de uma cidade dos planos
inferiores, onde o panorama é um dos mais desagradáveis, seja pelo local e a
população, seja pela fauna e a flora. São descrições que nos causam medo e
tristeza, tal é a situação dessa coletividade de sofredores.

A cidade está envolta em denso nevoeiro, em terreno acidentado e casario


paupérrimo, decadente e sórdido, com exceção do templo e dos palácios do
pessoal administrativo, que ficam num pequeno planalto, onde há ruas e
praças bem cuidadas, cheias de povo e carros puxados por escravos e
animais.

Tanto os seres humanos e sub-humanos, como a flora e a fauna causam


comiseração, tal é a degeneração em que se encontram. No ar, aquele
ambiente de insegurança, ao presenciar-se aquelas fisionomias patibulares.
Pigmeus aos magotes perambulam pelas ruelas, como que impulsionados por
uma força estranha, que os move de um local para outro, sem destino.

A ociosidade é a nota dominante.

Multidões de seres sub-humanos são utilizadas para os serviços mais


rudimentares, como trabalhadores de poucas possibilidades, em regime de
escravidão. Para completar esse quadro entristecedor, essa população se
traja de roupas Imundas e fétidas. Entre os dirigentes predomina a roupa de
cor escarlate, simbolizando bem o estado de agressividade que lhes é
peculiar.

Tudo é de causar pena, inclusive a flora, porque até as plantas são


desagradáveis ao olhar; mas o que mais amedronta é a grande quantidade
de animais monstruosos, que se movimentam a esmo, como duendes.

Nessa cidade purgatorial, 95% da população se dedicam ao mal e à


desarmonia, não existindo crianças, como se Deus quisesse poupá-las de
lugar tão desolador e inseguro. Os restantes 5% são constituídos de
missionários do bem, em abnegado serviço de auxiliar aqueles que
demonstrem arrependimento e propensão para a reforma íntima. Trabalham
anonimamente, para não despertar revolta por parte dos Senhores da
Colônia.

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Essa população de estropiados e malfeitores, escravos e carrascos, vive sob
severa vigilância de um policiamento de pessoas de semblante feroz, mais
parecendo felinos à procura de uma presa. Todos, entretanto, não passam de
instrumentos da Justiça Divina, que utiliza o homem para corrigir o homem.

A alimentação se dá através da vampirização dos fluidos dos encarnados que


se afinem com as paixões rasteiras, sugando-lhes as energias, como se
fossem lampréias insaciáveis. Essa cidade fica nas proximidades da crosta
terrestre.

O plano espiritual é um mundo de infinitas situações, de conformidade com


as condições morais e intelectuais de sua população, que se agrupa por
afinidade; mas, como aqui, lá também existem os que governam e os que
são governados, segundo a condição intelectual que alcançaram.

O importante dessa lição é que ela nos adverte para o perigo do


envolvimento dessa coletividade de vampiros, que está bem próxima de nós,
à procura daqueles que se afinem com as sensações inferiores, para se
imantarem aos mesmos.

Como dizem os benfeitores espirituais, cada pessoa tem a companhia que


deseja, segundo as suas Inclinações. E diante dessa advertência, não
podemos alegar ignorância, se formos conduzidos a cidades dos planos
inferiores, ao desencarnar. Vigiemos, portanto, as nossas tendências, para
que não desembarquemos nessas regiões de atrozes sofrimentos.

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-46-
17 - PERDA OU SUSPENSÃO DA MEDIUNDADE

01 - Se a faculdade mediúnica é intrínseca ao médium,


pode este dispor dela a seu bel prazer?

Recorde-se que mediunato reflete compromisso de serviço ativo


para finalidades específicas na encarnação, a exigir
desenvolvimento e aplicação a bem do próximo durante toda a
vida do médium. Desse modo, não pode dispor dela no uso que
bem entenda. A faculdade, existe no indivíduo por necessidade
própria, como meio ostensivo de servir ao semelhante. O uso
implica em conseqüências.

02 - A mediunidade pode ser retirada em determinadas


circunstâncias?

Não se trata de retirar; é uma faculdade própria do indivíduo. O


que pode acontecer é os Espíritos afastarem-se, ou não mais
poderem se servir daquele médium. Vários fatores levariam a essa
situação, por exemplo: o desvios dos fins em uso indevidos, o
médium pelo exercício mediúnico tornar-se orgulhoso, egoísta,
vaidoso; os propósitos ambiciosos fazendo surgir os profissionais
da mediunidade. Frivolidades como ler sorte, traçar prognósticos,
adivinhações, profecias inquietantes, explicações sobre "inimigos"
de outras eras enfim, toda uma aplicação desencorajadora que
leva a enfraquecer a coragem, aniquilar a esperança, nas idéias
deterministas de erro, queda ou criminalidade, esquecidos de que
a cada instante temos condições de reformar causas, alterar
situações. A Providência incessantemente oferece oportunidades e
possibilidades para reajuste, armando-nos de recursos dentro e
fora de nós.

03 - Afastando-se, não poderiam estes Espíritos serem


substituídos por outros? Neste caso como entender a
suspensão da Mediunidade?

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Sim; pelo uso indevido afastar-se-iam aqueles Espíritos
comprometidos com o ideal maior de servir ao semelhante;
entretanto, haverá sempre Espíritos prontos a se comunicar e
serão de teor moral idêntico ao uso que o médium faz da
faculdade.

04 - A perda, suspensão, afastamento dos Bons Espíritos é


sempre punição?

Não. Muitas vezes, a interrupção demonstra benevolência,


solicitude dos Espíritos para com o médium por exemplo: a)
quando o médium está fisicamente debilitado e necessita de
repouso. (Neste caso não há permissão para que outros os
substituam). B) quando os Espíritos, segundo seus objetivos,
precisam ter certeza da paciência e perseverança do médium. C)
quando o médium precisa da suspensão para perceber que precisa
meditar as instruções recebidas e tirar proveito espiritual delas
"(...) Por essa meditação dos nossos ensinos é que reconheceremos os
espíritas verdadeiramente sérios. Não podemos dar esse nome, aos que, na
realidade, não passam de amadores de comunicações ". (LM 220, 5.°)

05 - Havendo essa perda ou suspensão como pode o médium reconhecer em


qual aspecto se enquadra? Quando há censura, quando benevolência?

Basta interrogar sua consciência: qual o uso que faz ou tem feito da sua faculdade?
Qual o bem que dela resulta para os outros? Qual o proveito que tem tirado para
seu crescimento espiritual?

"No exercício mediúnico, portanto, aceitar o ato de servir por lição das mais altas na
escola do mundo.Lembremo-nos de que assim como a vida possui trabalhadores
para todos os misteres, há médiuns na obra do bem, para execução de tarefas de
todos os feitios.Nenhum existe maior que o outro.Nenhum está livre do erro.Todos
no entanto guardam consigo a bendita possibilidade de auxiliar.Esse tem a palavra
que educa; aquele a mão que alivia e aquele outro a pena que consola. Esse traz a
oração que enleva; aquele transporta a mensagem que reanima e aquele outro
mostra a força a restaurar.Usa pois tuas faculdades mediúnicas como empréstimo da
Bondade Divina, para que o orgulho te não assalte.E recorda Jesus, o Medianeiro
Divino; em circunstância alguma requisitou a admiração dos maiorais do seu tempo,
e sim passou entre os homens, amparando, compreendendo, ajudando e servindo".

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06 - Quais são as situações mais comuns, onde ocorrem a perda irreversível da
mediunidade? O mau uso dessa sublime faculdade seria uma delas? O que
poderá ser feito para que o médium não perca a sua mediunidade?

O mau uso é uma das causas da perda da mediunidade. O médium deve buscar
dentro de si a explicação para o afastamento ou a assistência dos bons espíritos nas
suas tarefas mediúnicas. Muitas vezes encontramos médiuns que não perdem os
dons mediúnicos pelo mau uso das suas faculdades, mas sim deixam de receber a
assistência e proteção dos benfeitores espirituais designados por Deus para lhes
assistirem nos trabalhos mediúnicos. Com esse comportamento passam a atrair
espíritos inferiores que tomam o lugar dos benfeitores espirituais.

07 - A suspensão da Mediunidade pode ser temporária? Se houver melhora do


estado moral do medianeiro, este poderá recuperá-la?Tendo um determinado
médium perdido sua mediunidade, poderá reave-la posteriormente?

A suspensão pode ser temporária, guardando relação com as causas que a


motivaram. Caso o médium reconheça que uma das causas da suspensão sejam as
suas imperfeições morais e esforça-se por vencê-las, procurando praticar as lições
do Mestre Jesus no seu dia a dia, é claro que com isso passará novamente a atrair a
atenção e proteção dos bons espíritos.

08 - Por que vemos tantos e tantos médiuns transviados trabalhando no mundo


de maneira equivocada e até mesmo errônea e maldosa? Não se enquadrariam
em casos de perda e suspensão de sua faculdade mediúnica por mau uso?

Terra: mundo de provas e expiações aonde grande parte da humanidade ainda é


muito imperfeita. Portanto, não nos admiremos de encontrarmos tantos médiuns
transviados trabalhando de forma equivocada. A grande maioria deles ainda não
tem acesso ao Espiritismo. Podemos dizer que são médiuns imperfeitos
desconhecendo o valor da graça que lhes é concedida. Acreditamos que a
divulgação maior das lições espíritas permitirá a esses companheiros um maior
esclarecimento, permitindo-lhes um melhor uso de suas faculdades mediúnicas.

09 - São comuns as ocorrências de perda ou suspensão da Mediunidade?


Estariam relacionadas com a falência moral dos médiuns e/ou abandono dos
compromissos anteriores à presente encarnação, dentro da mediunidade com
Jesus?

Essas ocorrências são comuns. Os benfeitores espirituais nos informam que os


médiuns, em geral, são aqueles espíritos que faliram junto à mediunidade em outras

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encarnações. Abusaram dos dons concedidos por Deus e retornam à nova
existência na Terra para provar a sua renovação para o bem, servindo a Jesus. Serão
testados e, se não mantiverem a sintonia constante com os seus guias espirituais,
através da prece e trabalho no bem, poderão, novamente, sucumbir, agravando com
novos débitos junto à mediunidade nas suas próximas reencarnações.

10 - A perda da mediunidade com a idade avançada é comum? O Médium com


uma idade avançada perde a mediunidade?

Todos reencarnamos com uma programação estabelecida pelos espíritos superiores.


A mediunidade é uma atividade; quando orientada para o bem pode fazer com que
trabalhemos junto dela até uma idade avançada. Temos o exemplo de Chico Xavier.
Não teremos a mesma energia ou a mesma quantidade de fluidos, porém, a sintonia
permanece permitindo que continuemos a ser instrumentos dos bons espíritos.

11 - Uma vez perdida a Mediunidade, é para toda a encarnação? Pode haver


retorno da faculdade mediúnica, conforme a melhora moral do médium?

Digo que para Deus nada é impossível. A Sua misericórdia e o Seu amor cobrem a
multidão das nossas iniqüidades e Ele sempre concederá novas possibilidades de
trabalhos no bem a todo aquele que o busca.

12 - Com o retorno da mediunidade, os mesmos espíritos que se manifestavam


antes retornam?

Isso poderá acontecer caso esses espíritos não tenham sido designados para outras
missões.

13 - A perda ou suspensão também pode ocorrer com fenômenos psíquicos


puramente anímicos ou somente mediúnicos?

Estamos falando da perda ou suspensão da mediunidade. Porém encontramos


muitos espíritos reencarnados que abusaram de suas faculdades anímicas, trajando
atualmente corpos que lhes limitam o uso livre dessas faculdades. Isso acontece
para que esses companheiros não venham a se endividar mais ainda diante da
grande Lei de Deus. Portanto, qualquer um de nós pode abusar de seus dons
anímicos, mas não ficará impune diante dessa Lei.

14 - Um médium de repente pára de receber comunicações em uma reunião


mediúnica, pode ser uma perda da mediunidade, ou uma intervenção do plano
espiritual?

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Caso seja possível, esse médium deve perguntar aos benfeitores espirituais dessa
reunião acerca da causa da interrupção das comunicações. Ele próprio deverá
também inquirir de sua consciência se não é a causa primária dessa suspensão.

15 - Os maus espíritos se aproveitam da suspensão da mediunidade para se


manifestarem?

Isso ocorrerá se o médium deixar de respeitar a orientação dada pelo seu guia
espiritual acerca dessa suspensão. Caso ele, pelo seu Livre Arbítrio, resolva afastar-
se dessa reunião mediúnica, contrariando a orientação recebida e buscando o
contato com o plano espiritual que não lhe é habitual, podemos afirmar novamente
que esse médium corre grande risco, pois não faltam espíritos que queiram se
manifestar através dos médiuns na Terra.

16 - Que conselhos deve-se dar aos médiuns a fim de que ele mantenha sua
mediunidade em bom funcionamento?

Os médiuns são intérpretes dos espíritos com os homens. Para transmitir a


mensagem do Bem aos homens, é preciso que os médiuns tenham sempre em mente
a necessidade da sua reforma íntima e a maior identificação possível com a
mensagem de Jesus, para facilitar a sua sintonia com os bons espíritos.

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18.PATOLOGIAS, DOENÇAS, SOFRIMENTO

DERIVADOS DA MEDIUNIDADE

O exercício da mediunidade pode provocar alguma doença?

Claro que não. A mediunidade não causa doença. Muitos médiuns, no


entanto, possui algum tipo de doença, mas não provocado pela mediunidade. Há
muitas pessoas que possuem algumas doenças e que precisam de tratamento, ora,
não poderia ser diferente para os médiuns. Algumas destas doenças são, na verdade,
da falta do exercício mediúnico.

Francisco Cândido Xavier possuiu várias doenças em toda a sua vida. Era um
médium exemplar. Por que ele não se libertou das doenças? É o mesmo que
perguntar a Jesus, porque ele não se defendeu dos seus algozes? O que tem para
acontecer na vida do médium, vai acontecer, é um programa que ele veio cumprir
nesta terra. Só porque ele exerce a mediunidade todos os seus problemas acabarão?

No livro dos médiuns há uma pergunta que diz: A mediunidade pode


provocar a loucura? A resposta é clara: “ Não mais do que qualquer outra coisa,
desde que não haja predisposição para isso, em virtude de fraqueza cerebral. A
mediunidade não produzirá a loucura, quando esta já não exista em gérmen; porém,
existindo este, o bom-senso está a dizer que se deve usar de cautelas, sob todos os
pontos de vista, porquanto qualquer abalo pode ser prejudicial.

Na obra “Qualidades na prática Mediúnica” do projeto Philomeno de


Miranda há uma pergunta interessante: “Observadores, estudiosos de gabinete e
diversos aprendizes da mensagem espírita asseveram que as tarefas mediúnicas de
socorro aos desencarnados cristalizam psicoses nos médiuns, libertam os doentes
desencarnados e encarceram em enfermidades perigosas os intermediários,
transmitindo-lhes desaires e sensíveis desequilibrios que os fazem exóticos. Têm
fundamento estas afirmativas?

Na resposta ele diz: “O médium espírita tem conhecimento, através da


doutrina que professa, dos antídotos e dos medicamentos para manutenção do
próprio equilíbrio.

Não há dúvida de que médiuns existem, em todos os departamentos humanos,


com desalinho mental de alta mostra e, em razão disso, também nas células espíritas
de socorro eles aparecem, na condição, todavia, de enfermos em tratamentos
especiais e demorados. Já vieram em tormentos e se demoram sem qualquer esforço
de renovação interior.

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O Espiritismo é antes de tudo um lar-escola, hospital-escola, santuário-escola
para aprendizagem, saúde e elevação espiritual.

Necessário, portanto, que o sensitivo se habilite para as tarefas que lhe


cabem, através de exercícios morais de resultados positivos, estudo metódico e
constante, serviços de amor, a fim de libertar-se de velhos liames com espíritos
infelizes, que permanecem ligados às suas paisagens mentais em vampirismo
insidioso e, naturalmente, embora entre enfermos e necessitados, conduza o tesouro
da oportunidade libertadora, na mediunidade socorrista”.

O médium é uma pessoa bastante endividada. É uma oportunidade única que


está sendo-lhe dado a fim de que ele refaça o seu caminho para Cristo. A maioria
deles foi religioso que se transviou no passado, prejudicando muitas pessoas,
fazendo mau uso de suas atividades. Agora é necessário que ele refaça sua
caminhada e para isto vai encontrar muitos obstáculos. Primeiramente vai ter que
reconduzir as pessoas que ele desviou do caminho e estas pessoas vêm cobrar em
forma de obsessores ou doentes. Daí que um médium pode ter diversos obsessores
durante muito tempo. Por este motivo o médium precisa estar sempre orando,
exercendo suas atividades para ajudar os irmãos transviados e com isto evoluir
junto. É necessário o sacrifico, caso contrário ele terá que refazer isto na próxima
existência e talvez em condições menos favoráveis que agora.

O médium relapso vai sofrer a vida inteira. Quem tem mediunidade aflorada,
precisa exerce-la. O médium com a mediunidade aberta atrai muitos irmãos
perdidos, se ele não souber se defender, este acúmulo de energia negativa pode
provocar algum distúrbio no médium – pois ele está fora do serviço, não tem o
devido preparo, mas ele estando cumprindo o seu papel, não tem do que temer.

O exercício muito prolongado da mediunidade pode provocar fadiga, por isto


o médium precisa saber o seu limite. É uma atividade como qualquer outra e precisa
ser controlada para não causar cansaço. Mas quem pensar que o exercício da
mediunidade pode provocar: tuberculose, aids, câncer, doenças do coração, ou
loucura – está enganado. Mediunidade não provoca doença, o seu mau uso sim pode
provocar sérios danos. É uma bênção do céu quem é portador de mediunidade.

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19. EMANCIPAÇÃO DA ALMA.

Só o corpo repousa durante o sono, mas o Espírito não dorme; aproveita do repouso
do corpo, e dos momentos em que a sua presença não é necessária, para agir
separadamente e ir onde quer; goza de sua liberdade e da plenitude de suas
faculdades. Durante a vida, o Espírito jamais está completamente separado do
corpo; para qualquer distância que se transporte, está sempre ligado a ele por um
laço fluídico que serve para chamá-lo, desde que a sua presença seja necessária;
esse laço não se rompe senão com a morte.

"O sono livra em parte a alma do corpo. Quando se dorme, está-se,


momentaneamente, no estado em que se encontra, de maneira fixa, depois da morte.
Os Espíritos bons que estão desligados da matéria pelo sono, têm sonos inteligentes,
quando dormem, se unem à sociedade dos outros seres superiores a eles; viajam,
conversam e se instruem com eles; trabalham mesmo em obras que encontram todas
feitas quando morrem. Isto vos deve ensinar, uma vez mais, a não temer a morte,
uma vez que morreis todos os dias, segundo a palavra de um santo.

"Eis ali para os Espíritos elevados; mas para a massa dos homens que, na morte,
devem ficar muitas horas nessa perturbação, nessa incerteza da qual vos falei,
aqueles vão, seja para mundos inferiores à Terra, onde antigas afeições os chamam,
seja a procurar prazeres talvez ainda mais baixos do que aqueles que têm aqui; vão
haurir doutrinas ainda mais vis, mais ignóbeis, mais nocivas do que aquelas que
professavam em vosso meio. E o que engendra a simpatia sobre a Terra não é outra
coisa que esse fato, que se sente ao despertar, aproximar, pelo coração, daqueles
com quem se veio de passar oito a nove horas de felicidade ou de prazer. O que
explica também essas antipatias invencíveis, é que se sabe, no fundo do coração,
que aquelas outras pessoas têm uma outra consciência do que a nossa, porque são
conhecidos sem tê-los visto com os olhos. É, ainda, o que explica a indiferença
porque não se liga a fazer novos amigos, quando se sabe que se tem outros que nos
amam e nos estimam. Em uma palavra, o sono influi mais do que pensais sobre a
vossa vida.

"Pelo efeito do sono, os Espíritos encarnados estão sempre em relação com o


mundo dos Espíritos, e é o que faz com que os Espíritos superiores consintam, sem
muita repulsa, em encarnar entre vós. Deus quis que, durante o seu contato com o
vício, eles possam ir se retemperar na fonte do bem, para eles mesmos não falirem,
eles que vêm instruir os outros. O sono é a porta que Deus lhes abre para os amigos
do céu; é a recreação depois do trabalho, esperando a grande libertação, a liberação
final, que deverá restituí-los ao seu verdadeiro meio.”

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"O sonho é a lembrança do que o Espírito viu durante o sono: mas notai que não
sonhais sempre, porque não vos lembrais do que vistes. Não é a vossa alma em todo
o seu desenvolvimento; freqüentemente, não é senão a lembrança da perturbação
que acompanha a vossa partida ou a vossa reentrada, à qual se junta o que fizestes
ou o que vos preocupou no estado de vigília; sem isso, como explicaríeis esses
sonhos absurdos que têm os mais sábios como os mais simples? Os maus Espíritos
também se servem dos sonhos para atormentar as almas fracas.”

"A incoerência dos sonhos se explica, ainda, pelas lacunas que a lembrança
incompleta produz daquilo que apareceu em sonho. Tal seria um relato do qual se
tivessem mutilado ao acaso as frases: reunidos os fragmentos que restassem,
perderia toda a significação razoável.”

"De resto, vereis em pouco se desenvolver uma outra espécie de sonho; ela é tão
antiga quanto as que conheceis, mas a ignorais. O sonho de Jeanne D’Arc, o sonho
de Jacó, o sonho dos profetas judeus e de alguns adivinhadores indianos; aquele
sonho é a lembrança da alma inteiramente desligada do corpo, a lembrança dessa
segunda vida, da qual vos falava há pouco. " (O Livro dos Espíritos, p. 177 e
seguintes.)

A independência e a emancipação da alma se manifestam, sobretudo, de maneira


evidente, no fenômeno do sonambulismo natural e magnético, na catalepsia e na
letargia. A lucidez sonambúlica não é outra senão a faculdade que a alma possui de
ver e de sentir sem o socorro dos órgãos materiais. Essa faculdade é um dos seus
atributos; ela reside em todo o seu ser; os órgãos do corpo são os canais restritos por
onde lhe chegam certas percepções. A visão à distância, que certos sonâmbulos
possuem, provém do deslocamento da alma, que vê o que se passa nos lugares para
onde se transporta. Em suas peregrinações, está sempre revestida de seu perispírito,
agente de suas sensações, mas que jamais está inteiramente desligado do corpo,
assim como dissemos. O desligamento da alma produz a inércia do corpo que
parece, às vezes, privado de vida.

Esse desligamento pode se produzir igualmente, em diversos graus, no estado de


vigília, mas então o corpo não goza jamais completamente de sua atividade normal;
há sempre uma certa absorção, um desligamento mais ou menos completo das
coisas terrestres; o corpo não dorme, ele caminha, age, mas os olhos olham sem ver;
compreende-se que a alma está alhures. Como no sonambulismo, ela vê as coisas
ausentes; tem percepções e sensações que nos são desconhecidas; às vezes, tem a
presciência de certos acontecimentos futuros pela ligação que lhe reconhece com as
coisas presentes. Penetrando o mundo invisível, vê os Espíritos com os quais ela
pode conversar, e dos quais pode nos transmitir o pensamento.

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O esquecimento do passado segue, bastante e geralmente, o retorno ao estado
normal, mas algumas vezes conserva dele uma lembrança mais ou menos vaga,
como seria a de um sonho.

A emancipação da alma amortece, às vezes, as sensações físicas ao ponto de


produzir uma verdadeira insensibilidade que, nos momentos de exaltação, pode
fazer suportar com indiferença as mais vivas dores. Essa insensibilidade provém do
desligamento do perispírito, agente de transmissão das sensações corpóreas: o
Espírito ausente não sente as feridas do corpo.

A faculdade emancipadora da alma, na sua manifestação mais simples, produz o


que se chama o sonho desperto; ela dá também, a certas pessoas, a presciência que
constitui os pressentimentos; num maior grau de desenvolvimento, produz o
fenômeno designado sob o nome de segunda vista, dupla vista ou sonambulismo
desperto.

O êxtase é o grau máximo de emancipação da alma. "No sonho e no sonambulismo,


a alma erra nos mundos terrestres; no êxtase, ela penetra num mundo desconhecido,
no dos Espíritos etéreos com os quais entra em comunicação, sem, todavia, poder
ultrapassar certos limites, que não poderia transpor sem quebrar totalmente os laços
que a prendem ao corpo. Um brilho resplandecente e todo novo a envolve,
harmonias desconhecidas sobre a Terra, a arrebatam, um bem-estar indefinível a
penetra; ela goza, por antecipação, da beatitude celeste, e se pode dizer que põe um
pé no limiar da eternidade. No êxtase, o aniquilamento do corpo é quase completo;
não há mais, por assim dizer, senão a vida orgânica, e sente-se que a alma a ela não
se prende senão por um fio que um esforço mais forte faria romper sem retorno." (O
Livro dos Espíritos, nº 455.)

O êxtase, não mais do que os outros graus de emancipação da alma, não está isento
de erros; é por isso que as revelações dos extáticos estão longe de ser sempre a
expressão da verdade absoluta. A razão disso está na imperfeição do Espírito
humano; não é senão quando chegou no cimo da escala, que ele pode julgar
sadiamente as coisas; até lá, não lhe é dado de tudo ver nem de tudo compreender.
Se, depois da morte, então que o desligamento é completo, ele não vê sempre com
justeza; se há os que estão ainda imbuídos dos preconceitos da vida , que não
compreendem as coisas do mundo invisível onde estão, com mais forte razão, deve
ocorrer o mesmo com o Espírito preso ainda à carne.

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Há, algumas vezes, entre os extáticos mais exaltação do que verdadeira lucidez, ou,
melhor dizendo, a sua exaltação prejudica a sua lucidez; é por isso que as suas
revelações, freqüentemente, são uma mistura de verdades e de erros, de coisas
sublimes ou mesmo ridículas. Os Espíritos inferiores se aproveitam também dessa
exaltação, que é sempre uma causa de fraqueza quando não se sabe dominá-la, para
dominar o extático, e, para esse efeito, eles revestem aos seus olhos aparências que
o mantêm em suas idéias ou preconceitos, de sorte que as suas visões e as suas
revelações não são, freqüentemente, senão um reflexo de suas crenças. É um
escolho ao qual não escapam senão os Espíritos de uma ordem elevada, e contra o
qual o observador deve se ter em guarda.

Há pessoas cujo perispírito é de tal forma identificado com o corpo, que o


desligamento da alma não se opera senão com uma extrema dificuldade, mesmo no
momento da morte; geralmente, são as que viveram mais materialmente; são
também aquelas cuja morte é a mais penosa, a mais cheia de angústias, e a agonia a
mais longa e a mais dolorosa; mas há outras, ao contrário, cuja alma prende-se ao
corpo por laços tão fracos, que a separação se faz sem abalos, com a maior
facilidade e, freqüentemente, antes da morte do corpo; à aproximação do fim da
vida, a alma já entrevê o mundo onde ela vai entrar, e aspira ao momento de sua
libertação completa.

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20.INFLUÊNCIAS DO MEIO SOBRE O MÉDIUM

O meio onde se encontra o médium exerce sobre ele certa influência. Pode
ser um médium bom, mas se ele se encontra num meio ruim, vai sofrer as
influências deste meio. É por isto que o médium precisa saber onde anda, com quem
anda e o que fazem. Se for um médium de bom coração, caridoso, mas andar com
alcoólatras, drogados, fumantes, pessoas de má índole vai sofrer muitos problemas,
pois ali estão muitos irmãozinhos semelhantes àquelas pessoas. Há muitos médiuns
que passam muito mal nestes ambientes. Mesmo ele estando preparando, orando
sempre, ainda assim sofrerá as conseqüências.

Todo médium possui no períspírito uma luz diferenciada de outras pessoas. É


esta luz que atrai os espíritos que estão naquele ambiente. Assim que vêem esta luz,
eles vêm imediatamente. Como eles são espíritos viciados, passam estes males aos
médiuns. Um médium consciente deve evitar certos ambientes.

Os espíritos estão por toda parte. Eles só vão a lugares onde iam enquanto
encarnados. Que tipo de espíritos vamos encontrar numa zona de meretrício, por
exemplo? Num bar? Num hospital de loucos?

Os espíritos superiores são vão a lugares sérios, em reuniões sérias, úteis,


necessárias ao aperfeiçoamento humano. Assim vamos encontrar muitos espíritos
superiores trabalhando em hospitais, pronto socorro, escolas, igrejas, creches, com
cientistas, com estudiosos.

Os espíritos superiores são vão a lugares de baixa categoria a trabalho, prestar


socorro, ajudar alguém, afastar espíritos muito inferiorizado.

Os espíritos superiores não vão às reuniões onde sabem que a presença deles
é inútil. Nos meios pouco instruídos, mas onde há sinceridade, de boamente vamos
ainda mesmo que aí só instrumentos medíocres encontraremos. Não vamos, porém,
aos meios instruídos onde domina a ironia. Em tais meios, é necessários se fale aos
ouvidos e aos olhos: esse o papel de espíritos batedores e zombeteiros. Convém que
aqueles que se orgulham de sua ciência sejam humilhados pelos espíritos menos
instruídos e menos adiantados.

O espíritos inferiores também vão à reuniões sérias, seja para aprender, seja
para atrapalhar. Quase sempre eles não vão atrapalhar, pois sabem que vão saber
logo a que categoria eles pertencem e serão desmascarados.

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21– BICORPOREIDADE, TRANSFIGURAÇÃO, UBIQUIDADE

Mesmo encarnado o espírito pode aparecer em outros lugares. São fenômenos


físicos em mediunidade. Isolado do corpo, o Espírito de um vivo pode, como o de
um morto, mostrar-se com todas as aparências da realidade. Demais pelas mesmas
causas que hemos exposto, pode adquirir momentânea tangibilidade. Este
fenômeno, conhecido pelo nome de bicorporeidade, foi que deu azo às histórias de
homens duplos, isto é, de indivíduos cuja presença simultânea em dois lugares
diferentes se chegou a comprovar. Aqui vão alguns exemplos, tirados, não das
lendas populares, mas da história eclesiástica:
1.Santo Afonso de Liguori, canonizado antes do tempo prescrito, por se haver
mostrado simultaneamente em dois lugares diversos, o que passou por milagre.

2.Santo Antônio de Pádua estava pregando na Itália quando seu pai, em


Lisboa, ia ser supliciado, sob a acusação de haver cometido um assassínio. No
momento da execução, Santo Antônio aparece e demonstra a inocência do acusado.
Comprovou-se que, naquele instante, ele pregava na Itália na cidade de Pádua.
Evocado por Allan Kardec deu a seguinte explicação: Quando o homem, por
suas virtudes, chegou a desmaterializar-se completamente, quando conseguiu elevar
sua alma para Deus, pode aparecer em dois lugares ao mesmo tempo. Eis como: o
Espírito encarnado, ao sentir que lhe vem o sono, pode pedir a Deus lhe seja
permitido transportar-se a um lugar qualquer. Seu espírito abandona então o corpo,
acompanhado de uma parte do seu perispírito e deixa a matéria num estado próximo
da morte. Digo próximo porque no corpo ficou um laço que liga o perispírito e a
alma à matéria, laço este que não pode ser definido. O corpo aparece, então, no
lugar desejado.
O Espírito pode inclusive ser tangível, dependendo do grau de elevação do
mesmo. É necessário o sono, mas acontece também em estado de vigília, porém
extremamente raro – neste caso a pessoa parece sentir um passamento.

3.Um senhor provinciano jamais quisera casar-se, mas a família insistiu


muito em favor de uma moça que morava numa cidade próxima. O senhor jamais
viu esta moça. Um dia, estando no seu quarto, teve a enorme surpresa de se ver em
presença de uma donzela vestida de branco e com a cabeça ornada por uma coroa
de flores. Disse-lhe que era sua noiva, estendeu-lhe a mão, que ele tomou nas suas,
vendo-lhe um anel nos dedos. Ao cabo de alguns instantes desapareceu tudo.

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Depois de um ano, cedendo a novas solicitações de uma parenta, resolveu-se
ir ver a moça que lhe propunham. Chegou à cidade onde ela morava no dia da festa
de Corpus-Christi. Voltaram todos da procissão e uma das primeiras pessoas que
lhe apareceu ao entrar na casa aonde ele ia, foi uma moça que lhe não custou muito
a reconhecer como a mesma que lhe aparecera. Estava vestida do mesmo modo que
na aparição. Ficou atônito e a mocinha por seu lado soltou um grito e sentiu-se mal.
Voltando a si disse já ter visto aquele senhor, um ano anos, em dia igual ao em que
estavam. Realizou-se o casamento em 1835.
TRANSFIGURAÇÃO - consiste na mudança do aspecto de um corpo vivo.
Aqui está um fato dessa natureza cuja perfeita autenticidade podemos garantir,
ocorrido durantes os anos de 1858 e 1859 em Saint-Etienne – Fraca:
Uma mocinha, de mais ou menos quinze anos, gozava da singular faculdade
de se transfigurar, isto é de tomar, em dados momentos, todas as aparências de
certas pessoas mortas. Tão completa era a ilusão que os que assistiam ao fenômeno,
julgavam ter diante de si a própria pessoa, cuja aparência ela tomava, tal a
semelhança dos traços fisionômicos, do olhar, do som da voz e até da maneira
particular de falar. Tomou, em várias ocasiões, a aparência do seu irmão, que
morrera alguns anos antes.
A transfiguração, em certos casos, pode originar-se de uma simples contração
muscular, capaz de dar à fisionomia expressão muito diferente da habitual, ao ponto
de tornar quase irreconhecível a pessoa.
UBIQUIDADE – Um espírito não pode dividir-se, ou existir em muitos
pontos ao mesmo tempo. Não pode haver divisão de um mesmo Espírito, mas, cada
um é um centro que irradia para diversos lados. Isso é que faz parecer estar um
espírito em muitos lugares ao mesmo tempo. A força de irradiação depende do grau
de pureza de cada um. O sol é único, mas irradia para todos os lugares. Os espíritos
de um certo grau, podem irradiar-se a vários lugares dando comunicações normais,
sendo visível aos videntes. É por isto que um Bezerra de Menezes ou um Eurípedes
Barsanulfo se apresenta no país inteiro. De onde estiver o espírito irradia-se para
onde for solicitado e presta o serviço necessário. É isto que entendemos como
Ubiqüidade.

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22 - PROVAS DE REENCARNAÇÃO – LEMBRANÇAS DO PASSADO

As crianças se até 7 anos de idade se lembram do passado normalmente e até


vivem com os personagens do passado. Aos adultos isto vai ficando limitado.
Deus nos dá a oportunidade de esquecermos nossas desavenças e ter uma vida
melhor. Não ficaria bem o pai que matou o próprio filho conviver fraternalmente
na mesma casa se ambos soubessem do ocorrido. As crianças se lembram com
facilidade, mas a partir dos 8 anos tudo vai caindo no esquecimento.
O espírito vai recuperando a personalidade da reencarnação anterior a partir
da adolescência. A moldura social é a atual, mas a consciência é a mesma do
passado: ou tem ódio ou tem amor, ou impaciência ou calma.
Toda lembrança do passado vem por flashes da memória que vão sendo
ampliados com o tempo. Estas lembranças podem ocorrer com a pessoa
acordada ou dormindo. O espírito só se lembra de fatos que podem melhora-lo
no presente, e para não sofrer ainda mais é que vem através de flashes. Alguns,
entretanto se lembram de vidas inteiras. É que estes já superaram a fase do
sofrimento, da emoção e da perturbação,
O Dr. Hernani Andrade nos fornece uma lista com as seguintes evidências de
lembranças do passado:
1.Crianças que manifestam espontaneamente recordações de vidas prévias; tais
recordações perduram até a puberdade;
2 . Adultos:
1.Recordações iniciando-se na infância e perdurando para sempre;
2.Sonhos recorrentes(o mais interessante e o mais comum);
3.Visões ligadas a fatos de vidas passadas;
4.Recordações que surgem súbita e espontaneamente, sem qualquer motivo bem
definido;
5.O dejá vu – reconhecimento de objetos, cenas e lugares com a impressão nítida
de te-los presenciado antes;
6.Reconhecimento de uma pessoa ligada por ódio ou amor;
7.Na presença de fatos que poderão, por associação de idéias, fazer surgir as
recordações de episódios vividos em prévia existência;
8.Doenças graves, por exemplo, um forte ataque febril, pode ter recordações de
vidas anteriores;
9.conhecimento direto paranormal, transe ou sonho simples;

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3. Por informações:
1.Sonhos alucinadores; 2.Informações de desencarnados;
3.Informações de pessoas dotadas de mediunidade;
4.Informações do próprio reencarnante antes ou depois de morrer.

4.Qualidades inatas:
1.Genialidades; 2.Defeitos congênitos ou marcas de nascença;
3.Características psicológicas trazidas das encarnações passadas;

Provocação acidental ou intencional:


1.Psicanálise muito profunda 2.Alguns casos de obsessão;
3.Hipnose com regressão; 4.Ação de drogas;
5.Experiências fora do corpo 6.Traumas violentos;
7.Estados pré-agônicos;

6.Experiências místicas:
1.Ioga 2.Meditação 3.Êxtase religioso

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23- PLANEJAMENTO ESPIRITUAL

Todos os espíritos tendem a perfeição e Deus lhes faculta os meios de


alcança-la, proporcionando-lhes as provações na vida corporal. Sua justiça,
porém, lhes concede realizar, em novas existências, o que não puderam fazer ou
concluir numa primeira prova. Partindo dessa assertiva, compreendemos que não
há improvisação nos procedimentos que antecedem as experiências
reencarnatórias. Existe, na verdade, uma planificação fundamentada na lógica e
na moralidade, tendo em vista o progresso espiritual da criatura humana. Nesse
sentido, a escolha das provas no planejamento merece cuidados especiais por
parte dos Espíritos planejadores.
Antes de mais nada é feito um apanhado geral do que foi feito na existência
anterior. Suas lutas, seu trabalho, onde aprendeu mais, onde errou mais, onde
precisa crescer mais, o que precisa melhorar. Este estudo do nosso passado é o
juízo final. Tendo em mãos esses requisitos, parte-se para o planejamento da
próxima reencarnação. O espírito planeja sua próxima vida sozinho? Este
planejamento pode ser elaborado pelo próprio espírito que deseja ou necessita
reencarnar, desde que ele tenha condições morais e intelectuais para tanto. Não
sendo possível, um espírito superior vem ajudar no planejamento da nova vida.
São estudados os melhores meios para a nova reencarnação. As provas
reencarnatórias podem ser escolhidas em família de espíritos também,
principalmente no campo missionário.
O espírito superior procura seguir o livre arbítrio do espírito reencarnante,
mas algumas coisas são impostas até mesmo aos espíritos superiores que se
reencarnar. Há determinados fatos que o espírito precisa passar por eles, nesse
caso seu livre arbítrio não é aceito. Ex: Se um espírito deixou muita gente na
miséria em épocas anteriores, ele terá que escolher uma nova vida vivendo na
miséria, aí ele terá seu livre arbítrio, mas se ele escolher uma vida de riqueza,
isto lhe será negado.
A doutrina espírita oferece força, coragem para que a pessoa possa suportar a
sua prova nesta existência, mas não pode mudar o trajeto de sua vida, pois ele
está melhorando o seu espírito e não sua vida material.
O espírito escolhe sua prova geral, os pormenores da reencarnação são muitas
vezes conseqüências de nossos atos aqui na terra. Acontece que muitos passam
do limite de suas ações, de seus atos e terá outras reencarnações, até mais
dolorosas. Quem escolheu uma prova para cumprir numa família que bebe
muito, ou de assassinos, ou de ladrões, ou no campo da prostituição para tentar

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ajudar a esta família, precisa ter muito cuidado, pois pode sucumbir em seu
projeto e se contaminar também..Quem nasceu para fazer determinada obra nesta
terra, nesta existência, deve aproveitar e fazer o melhor possível para cumpri-la.
Se vier a sucumbir, restar-lhe-á a consolação de que nem tudo se lhe acabou e
que a bondade divina lhe concede a liberdade de recomeçar o que foi mal feito.
Dependendo do trabalho que o ser humano faz, se ele é um bom médico, um
bom professor, um bom orientador, algumas provas podem ir sendo eliminadas,
pois ele já cobriu determinados débitos do passado.
Logo após a morte do corpo físico, sofre a alma culpada minucioso processo
de purgação, tanto mais produtivo quanto mais se lhe exteriorize a dor do
arrependimento, e, apenas depois disso consegue elevar-se a esferas de
reconforto e reeducação. Aqui depende também da evolução que o espírito teve
na vida anterior. Se ele se elevou mais, essa purgação é menor, se deturpou mais,
mais longa é a purgação. É como se fosse um acerto de contas com sua
consciência. É nesse período que sofremos todo tipo de mal que fizemos aos
outros. Passado este período, que pode ser mais ou menos longo, o espírito é
socorrido por esferas superiores onde vai reaprender para retornar.

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24- DESENVOLVIMENTO DA MEDIUNIDADE

1.O que é desenvolvimento da mediunidade? O que é mediunidade


educada?
a)Desenvolvimento e educação da mediunidade é um conjunto de
procedimentos teóricos pelos quais deve passar o candidato ao serviço mediúnico.
Você pode ter boa voz, gostar de cantar, mas daí a ser um cantor com boa educação
terá de ler, estudar e desenvolver aulas práticas de canto lírico, popular de acordo
com suas tendências musicais. Na mediunidade também você terá de estudar, criar
vínculos possível nas tarefas espíritas que o ajudem a desenvolver a disciplina, a
perseverança, a sintonia com os planos superiores da vida, participar de um grupo
de estudos relativos ao tema e ser encaminhado no momento a uma reunião prática
de desenvolvimento e educação.
b)Uma mediunidade de educação será, então, avalizada pela participação do
médium nas tarefas da instituição que esteja filiado. É uma faculdade que permite
aos espíritos protetores utilizarem seus talentos na área para atender os espíritos
desencarnados que estejam em sofrimento.

2.Quais são os passos do desenvolvimento e da educação da


mediunidade?
Passos básicos para o desenvolvimento de um médium numa casa espírita:
a) O candidato deve ser espírita atuante;
b) Participar de um grupo de estudos da mediunidade, em que possa ter
conhecimentos básicos de que seja mediunidade, causas, efeitos e
conseqüências;
c) Desenvolver o hábito de leitura e estudo individual de obras espíritas;
d) Vencidos os pontos anteriores, será o momento de encaminhar a uma
reunião de desenvolvimento da mediunidade quando, então as influências
irão acontecendo num ritmo apropriado a cada indivíduo.
e) Mesmo depois de estar na reunião e trabalhando a mediunidade, o correto
é o médium continuar vindo as tarefas em grupos de estudos, reuniões
públicas e tarefas de assistência social.
Ao médium que só vai ao centro espírita no dia e hora da reunião mediúnica, está
faltando orientação dos dirigentes da instituição ou responsabilidade do próprio
médium.

3.Como vamos saber se uma pessoa tem mediunidade para ser


desenvolvida?
No caso da psicofonia, existem sensações físicas e emocionais que podem ser
reconhecidos como sinais de sensibilidade mediúnica. Pode também ser que, ao

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formar um novo grupo de estudos da mediunidade, os dirigentes, num trabalho de
observação do quadro de cooperadores, perceber sintomas de médiuns passistas,
médiuns de sustentação, esclarecedores ou até mesmo na própria psicofonia que
venha a se apresentar mais tarde. Lembrar sempre que mediunidade é tarefa de
especialização e exige dedicação e disciplina contínuas.

4.O desenvolvimento da mediunidade se dá com as reencarnações, pois é


uma atribuição do espírito, ou podemos acelerar este processo durante as aulas
de educação mediúnica?
No passado, o mediunismo era uma tarefa empírica, desenvolvida ou nos
templos de iniciação ou nos rituais xamânicos, sempre pela prática, sem estudos
específicos. Na mediunidade com Jesus, conforme praticada na Doutrina Espírita,
observamos que a maioria dos médiuns estão passando por ela pela primeira vez
nesta encarnação, alguns raros pela segunda vez. O que estamos desenvolvendo ao
longo das reencarnações, promovendo nossa evolução é a vivência de valores e
virtudes da lei da caridade e do amor

5. Haverá manifestação espírita física sem a participação direta ou


indireta de um médium?
Manifestação espírita sim, de um espírito sobre a matéria. Manifestação
mediúnica não; sempre a haverá a necessidade de alguém com os recursos
mediúnicos, mesmo que isto ocorra de maneira totalmente inconsciente para este
médium. As irmãs Fox não sabiam que eram médiuns.

6.Participo de um grupo mediúnico que devido a complexidade dos


trabalhos, na grande maioria das vezes, os médiuns tem que se jogar ao chão
para receber os espíritos que manifestam. São espíritos distintos ou com
formas animalescas. Pergunto: isso é falta de educação mediúnica? É
incorporação? É necessário um trabalho diferenciado ou já existem outras
casas fazendo o mesmo? Gostaria de alguns esclarecimentos a respeito se
possível:

É falta de orientação dos dirigentes e de autocontrole dos médiuns. Se


estudarem os pontos básicos da mediunidade, verão que é totalmente dispensável
qualquer gesto físico extravagante para demonstrar o estado espiritual de
desequilíbrio do espírito comunicante. Imagine se um destes médiuns der
passividade ao espírito que foi lutador de boxe e ele estiver nervoso, atacado na
hora da comunicação, mata o esclarecedor de tanta pancada.
Não é incorporação, no sentido de o espírito do médium sair do corpo e entrar
um outro espírito para comunicar. O fenômeno mediúnico acontece na mente e a

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mente, cérebro a cérebro, perispírito a perispírito. Se existem outras casas fazendo o
mesmo, está faltando nelas educação mediúnica, estudo sério e orientação segura.
Um espírito nunca assume totalmente o corpo do médium. Ele apenas se
afasta um pouco, mas está ligado pelo cordão fluídico, uma espécie de energia que
liga o espírito ao corpo. O médium precisa se autoeducar para comandar o corpo.
A reforma íntima é importante. O espírito utiliza o código mental do
médium para se comunicar. Se o médium não usa palavrões em casa, não os têm em
seu código mental, o espírito não poderá fazer uso daquilo que não tem no médium.
Se o médium não tem o costume de gritar, teimar com alguém – o espírito não
receberá estes argumentos para se pronunciar. O médium é responsável pela sua
autoeducação.

7.A prática da mediunidade é nato ou devemos desenvolve-la? É livre


arbítrio ou um dias, mais cedo ou mais tarde, devemos praticá-la?
Ter mediunidade é diferente de ser médium trabalhador de uma instituição
espírita. Par algumas pessoas é nato o contato com a mediunidade, desde cedo
sentem ou demonstram sinais características de mediunidade a exemplo de
Francisco Xavier e tantos outros. Par outros, só vai manifestar-se freqüentando a
reunião mediúnica. Desenvolver ou não a mediunidade que se apresente será
sempre livre arbítrio do indivíduo, se não aprouver hoje, pode no futuro, voltar ou
não a ser incluída no programa reencarnatório do espírito.

8.Temos observado que a mediunidade tem aflorado em crianças e


adolescentes. Como podemos abordar esta sensibilidade da criança e no
jovem?
Como explicado na questão anterior. Se a mediunidade se apresentar na criança,
esta deve entrar no tratamento espiritual se houver estado de perturbação; ou
simplesmente ser encaminhada para atividades da evangelização infantil, mais
passes, água fluidificada, culto do evangelho no lar, oração e leituras
individuais(aliás, caminho de toda criança espírita).
No jovem, igualmente, se houver perturbação, o tratamento espiritual de
desobsessão, seguido do encaminhamento deste jovem espírita(se for do interesse
dele e de seus familiares), a tarefas e estudos de mocidade e integração na
instituição espírita. Somente mais tarde, se houver indicação ou necessidade,
encaminha-lo ao desenvolvimento e educação mediúnica.

9.Espíritos com linguagem de cultos africanos se manifestam na mesa. O


que devemos fazer?
Precisamos sempre estudar mais. Antes de ser um africano, um alemão, um
árabe, o espírito já teve dezenas e centenas de outras nacionalidades, pertencendo a
outras raças.imagine se o espírito resolve fazer uma salada disto tudo. Será o caos

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. Mesmo se o espírito se manifeste com esta ou aquela característica racial, cultural
na linguagem, devemos lembrar que a doutrina Espírita é oportunidade de elevação
e progresso. Cabe ao dirigente da reunião convidar o espírito para que se manifeste
em língua portuguesa e de acordo com os preceitos da casa. Se cabe ao médium
educar o linguajar e a conduta, cabe ao espírito também fazer sua parte. Chega de
sotaques e esquisitices, seja o espírito comunicante preto, branco, amarelo, novo,
velho ou de meia idade.

10.Como fazer para termos certeza se o que vemos são apenas visões do
nosso inconsciente, ou se realmente estamos vendo? Estou iniciando agora na
sessão mediúnica, mas já faço o curso de mediunidade, como o Espiritismo é
algo novo para mim, me sinto muito insegura, pois vejo, escuto e sempre penso
que são coisas de minha cabeça. Como resolver isto?
Dúvidas na mediunidade, tais como, se o que está acontecendo é realmente
um fenômeno mediúnico ou se é uma criação consciente ou inconsciente da mente
do médium são muito comuns. Por isto falamos sempre da importância de a reunião
mediúnica ser dirigida por pessoas competentes, que possam orientar com
segurança o iniciante ou mesmo médiuns já na atividade há mais tempo. Estas
orientações podem ser baseadas em obras idôneas que tratam do assunto ou mesmo
a análise do que está acontecendo, sob uma ótica de senso e prudência.
Na vidência então é muito comum estas dúvidas estarem presentes, pois é
muito fácil misturar cenas do que é espiritual com quadros que estejam no
subconsciente do médium ou cenas vistas no dia a dia ou em filmes.
Recomendamos oração, vigilância, para poderem se separar o joio do trigo.
11.Por que eu vejo as coisas com uma visão tão turva, como se fosse uma
cortina de fumaça, estou iniciando agora nas sessões mediúnicas e fico
totalmente insegura, apesar de nossa equipe ser bem unida , formada
realmente por grandes amigos, com muita afinidade e harmonia, às vezes fico
insegura e medo de estar mistificando, o que devo fazer para me libertar isso?

No início, os médiuns começam tendo nenhuma ou parcial percepção do ambiente


espiritual da reunião mediúnica. Com o tempo, a dedicação e o desenvolvimento,
estas percepções, vão-se tornando pouco a pouco mais claras. Para se libertar do
medo de estar mistificando, procure sempre orar, vigiar e buscar ajuda com os
espíritos e dirigentes da reunião. Solicite que ajudem você a melhorar seu padrão de
auto-equilíbrio tanto no ambiente da reunião como, principalmente, no mundo lá
fora e faça sua parte.

12.Como identificar o momento exato para o desenvolvimento mediúnico? É


verdade a assertiva que muitos afirmam, principalmente os umbandistas, ao
dizerem que uma vez desenvolvida a mediunidade não poderá interromper o

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desenvolvimento? Isso é verdadeiro? Em caso afirmativo, quais as
conseqüências podem advir?
Vamos trocar a palavra “exato” por “ideal”. O momento ideal para o
desenvolvimento mediúnico, conforme resposta da pergunta dois, é aquele em que o
candidato esteja disposto a seguir os passos já citados. Kardec recomenda que, em
assuntos de mediunidade, primeiro a teoria, depois a prática. É também Kardec, em
O livro dos Médiuns que explica detalhadamente a perda e suspensão da
mediunidade. O desenvolvimento poderá sofrer interrupções sim, principalmente se
os motivos fortem justos. O que a umbanda diz deverá ser utilizado pelos
trabalhadores da umbanda. Nossa orientação é com Kardec.

13.Algumas pessoas dizem que está com a mediunidade aforando deve receber,
dar passividade a espíritos, porque isto servirá como um desabafo, uma
válvula de escape. Isto procede? Se não, por quê?
Mediunidade aflorando é um termo simplista para quem esteja sofrendo uma ação
mais ostesiva de espíritos desencarnados. A pessoa precisa de tratamento espiritual,
assim como o espírito que a está influenciando. Dar passividade fora do ambiente
da reunião mediúnica não atende nem o espírito nem o próprio médium, um cego
conduzindo outro e os dois alcançando um resultado inconveniente. Não será
válvula de escape para nenhum dos dois e sim válvula de perturbação.

14.Algumas pessoas dizem que está com a mediunidade aflorando, deve


receber, dar passividade aos espíritos. por que isto servirá como uma desabafo,
uma válvula de escape. Isto precede? Se não, por quê?

Mediunidade aflorando é um termo simplista para quem esteja sofrendo uma ação
mais ostensiva de espíritos desencarnados. A pessoa precisa de tratamento
espiritual, assim como o espírito que a está influenciando. Dar passividade fora do
ambiente da reunião mediúnica não atende nem o espírito nem o próprio médium;
um cego conduzindo outro e os dois alcançando um resultado inconveniente. Não
será válvula de escape para nenhum dos dois e sim válvula de perturbação.

15.Na reunião de desenvolvimento e educação da mediunidade, deve-se estudar


quais obras? Deve-se exercer uma parte teoria e outra prática desde o início?
Devem-se estudar obras que tratam de esclarecer pontos a respeito de médiuns e
mediunidades. Utilizamos “O livro dos Médiuns” por ser a obra básica do assunto e
a maior fonte de informações existentes na biblioteca espírita. Utilizamos ainda,
como resultados positivos: “Diretrizes de Segurança” de Divaldo P. Franco e Raul
Teixeira: “Seara dos Médiuns” de Emmanuel/Chico Xavier.

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16. A minha Dúvida é a seguinte: caso seja identificado que uma pessoa tenha
mediunidade, que ele tenha facilidade na comunicação com o mundo espiritual
e essa pessoa não desenvolve, ela ignora esta faculdade, seja por medo ou por
falta de tempo para estudo, seja por qualquer motivo. Estaria ela deixando de
cumprir uma missão que esta estabelecida?
Se fazem parte do programa reencarnatório desta pessoa, o desenvolvimento dessa
mediunidade e ela opta por abster-se deles, fica em aberto com a própria
consciência e com os espíritos que avalizaram sua reencarnação. Lembrando a
Parábola dos Talentos, o caso do operário que recebeu um talento, não aplicou e
devolveu ao Senhor da vinha. O mesmo se dá com esta pessoa. É como se a pessoa
tivesse feito uma conta num banco e se recusasse a pagar. Sofrerá as conseqüências
cabíveis que só a espiritualidade sabe.

17.Todos nós temos mediunidade? Às vezes sinto que está faltando algo, não sei o
que, mas sinto necessidade de uma busca, sinto que esta busca está ligada ao mundo
espiritual. Será que este sentimento faz daqueles que precisam buscar o
Desenvolvimento da mediunidade? E porque existe esta cobrança? Esta cobrança é
do nosso interior ou do lado espiritual?
Todos nós temos sensações ligadas a espíritos desencarnados; nem todos temos
mediunidade para desenvolver nesta encarnação. O que você sente e não identifica,
talvez seja o chamado de seus mentores, espíritos que o avalizaram no processo
desta reencaranação, para que siga a recomendação passada a Kardec: “Espíritos,
amai-vos; eis o primeiro ensinamento. Instruí-vos; eis o segundo. Dedique mais
tempo de sua vida a estudar o espiritismo. Dedique mais tempo de sua vida a
exercitar o amor/caridade. Dedique-se mais ao cultivo das virtudes do Evangelho,
seja voluntário nas tarefas do bem e os resultados de sentir sensações positivas e
construtivas em cada passo de sua vida.”

18.Moro nos EUA há 3 meses, no estado de Missouri. Neste estado não há centros.
Quando estava no Brasil comecei a sentir algumas sensações do tipo: uns
nervosismos, mas que são um pouco diferentes, às vezes fortes, às vezes
fraco.s;tristeza, medo, raiva até em momentos que estava bem; grande vontade de
chorar sem motivos e certa vez quando pisei o pé no centro, chorei sem parar, mas
não queria; fadiga como se tivesse sem minhas energias, sem ter feito nenhum
esforço; sinto como se alguém estivesse vindo em minha direção, quando olho não
vejo ninguém mas ainda assim sinto a presença; arrepios que parecem mais um tipo
de energia e ocorriam sem nenhuma causa. Muitos me disseram que minha
mediunidade aflorou e que eu rezasse constantemente e estudasse. Assim tenho
feito e de fato tem melhorado muito, apesar de ainda sentir algumas vezes. O que
devo fazer aqui se realmente minha mediunidade aflorou?
Sua situação geográfica é realmente especial. Já que não existe
autodesenvolvimento mediúnico, caso recomendamos continuar estudando a
Doutrina Espírita num todo e, principalmente, livros relacionados a mediunidade.
Por exemplo, além de estudar o Livro dos Médiuns, o maior compêndio a respeito
do assunto, também a obra de André Luiz pela mediunidade de Francisco Cãndido
Xavier, iniciando como o primeiro livro “Nosso Lar”, depois o segundo “Os
mensageiros” e ir sempre na seqüência até o último – “A vida continua”.
Procedimento igual com as obras de Manoel Philomeno de Miranda pela
mediunidade de Divaldo Pereira Franco. Será uma excelente formação teórica, com
exemplos incontáveis a serem analisados em cada personagem. Persevere na oração,
na vigilância e, dentro das possibilidades, no exercício da caridade.

19. Qual a diferença entre Educar e Desenvolver a Mediunidade? Considerando


que são coisas diferentes, as duas devem ser consideradas como prioridade pelo
médium espírita?
Educar e/ou desenvolver são palavras sinônimas em relação à mediunidade. A
educação pessoal do médium como ser humano é muito importante, tanto que
Joanna de Angelis, espírito, chega a dizer que se exige muito com a educação do
médium no dia-a-dia, fora das tarefas e do ambiente da instituição espírita, pois é
importante alicerce para as atividades do desenvolvimento. Caso você as considere
como coisas distintas, imagine que desenvolver são as duas asas da mesma ave que
é a mediunidade; ambas precisam ser fortes para se alcançar a meta.

20.Como desenvolver a mediunidade que se manifesta numa criança? E como


trabalhar isso quando ela se mostra assustada com as evidências manifestadas?
Não se desenvolve mediunidade em crianças. Crianças que demonstram estar
percebendo os espíritos em processo de envolvimento com espíritos, devem ser
encaminhadas ao tratamento espiritual. Passe, água fluidificada, evangelização
infantil, culto do evangelho no lar ensinam aos pais melhorar o clima doméstico e
investir na higiene mental/moral do lar.

21.Uma mulher grávida pode continuar trabalhando no Centro Espírita, dando


passes, fazendo entrevistas, etc. sem prejudicar o bebê e a ela?
Depende do estado de saúde física e da saúde mediúnica desta mulher. As tarefas
que não se adequarem ao seu estado pessoal devem ficar em quarentena até
poderem ser assumidas novamente. Aquilo que ela tiver condições físicas e
emocionais de desenvolver, podem ser desenvolvidas, lembrando sempre da
prudência e do bom senso. Gravidez não é doença, mas é um estado especial da
vida da mulher.

22.Faço um curso de Estudos Espíritas e estou no segundo ano de mediunidade.


Estamos fazendo exercícios práticos e tenho sentido um enorme calor nas mãos. É

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tão forte que elas chegam a transpirar. Segundo os dirigentes da Casa Espírita isso é
um sinal de mediunidade. Qual é o canal? Gostaria de maiores esclarecimentos.
Sentir calor nas mãos pode ser de um problema circulatório periférico, pode ser
tensão emocional como estar numa reunião esperando resultados, pode ser uma
porção de coisas. Pode até, de repente, passar e nem acontecer mais. Se for
mediunidade mesmo, deverá progressivamente ser procedida de outros sintomas, de
sensações, resultado de influência espiritual, seja para a psicofonia, para a
psicografia, etc.

23.A)Gostaria de saber porque quando passamos por uma série de perturbações que
não possuem origem conhecida(que não seja por alguma doença física e emocional)
dizem que a mediunidade está aflorando.B)Por que acontecem essas perturbações
quando a mediunidade é aflorada? C) O que uma pessoa que tem mediunidade
aflorada (mas não é ostensiva) deve fazer se onde mora não há nenhum centro?
A)Este comentário: “Dizem que a mediunidade está aflorada” normalmente é feito
por pessoas sem critério ou que acham ser tudo mediunidade. Repetimos mais uma
vez: mediunidade não é doença. B)Às vezes a mediunidade se apresenta com
algumas alterações sejam físicas ou emocionais, mas nada de extraordinário, salvo
nos casos que a obsessão esteja presente. C)Quem sente sensações, que possam
indicar mediunidade e mora numa cidade onde não há centro espírita, deve buscar a
oração, a leitura diária edificante.

24.Gostaria de saber qual é o método mais eficaz para o médium psicofônico


conseguir diferenciar o animismo da manifestação mediúnica. Porque essa
diferenciação é muito difícil tendo em vista que alguns espíritos se manifestam com
que tem mais afinidade tanto moral quando fluídica.
O método mais usado é o da observação e acompanhamento pelo dirigente da
reunião mediúnica, pelo esclarecedor, junto com o próprio médium de psicofonia.
Toda comunicação mediúnica terá sempre uma parte anímica, que irá diminuído
com o desenvolvimento bem conduzindo. Tomamos por exemplo um filtro de
cerâmica, onde a água depositada no início tem muito gosto de barro, até que com o
trocar de água, com o passar do uso da água, ela vai ficando cada vez mais ajustada
para ser um recipiente de água pura, perdendo o gosto inicial e deixando a água
adequada para o uso. Assim aconselhamos os médiuns a continuarem com os
estudos e a parte prática e, com o passar do tempo, observarem as mudanças que
estarão acontecendo. Estas observações, avaliações da psicofonia deverão ser
realizadas sempre que possível ou necessário.

25.Acredito ser necessário que o médium seja moralizado e conheça bem a D.E.
Mas quando o indivíduo está com o fenômeno explodindo, a ponto de ser

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encaminhado para tratamento psiquiátrico, podemos partir para a prática da
Educação Mediúnica e deixar a parte teórica para quando ele consiga estudar?
Conforme a resposta da pergunta 12, em assuntos de mediunidade, primeiro a teoria
e só depois a prática. O que explode é pólvora, bomba, mediunidade não explode. Já
a pessoa pode estar em desequilíbrio se for problema mental, cabe-lhe o tratamento
com a medicina especializada e seja a mental ou influência espiritual,
recomendamos também o tratamento espírita.

27.Eu já ouvi relatos e até presenciei melhoras de pessoas que estavam com
problemas com a sua mediunidade, cujo desenvolvimento mediúnico foi ir logo
para a mesa e dar passividade. Como devemos ver esses casos?
Conforme as respostas às perguntas 12 e 26, precisa-se analisar com prudência e
bom senso o assunto. Normalmente acontece uma melhora inicial, mas a longo
tempo, dificilmente esta pessoa persevera e quando persevera vira freqüentador de
reunião mediúnica apenas. Raramente vai para a parte dos estudos e da formação
adequada de base. É mais fácil receber espírito que estudar espiritismo.

28.Por que no “aflorar” da mediunidade nós, muitas vezes, nos sentimos


deprimidos, doentes, com a sensação de choro ou de riso?
As mudanças ocorridas tanto no estado físico como no emocional demonstram à
pessoa que algo diferente está acontecendo, que ela está recebendo influência
diferentes, as quais não fazem parte do seu dia-a-dia. Mas, iniciando o tratamento
ou os estudos de mediunidade, isto passa tranqüilamente. Observa-se que não é
necessário acontecerem estes sintomas, que você descreveu para se caracterizar a
mediunidade.

29.Eu já vi em uma apostila ou um livro, não sei ao certo, em que para o


desenvolvimento da mediunidade nos exercícios práticos aconselhava, por exemplo,
para desenvolver a mediunidade de desdobramento de nos deitarmos na cama e
imaginarmos flutuar até o teto. E tinha outras práticas para as outras mediunidades.
Estes tipos de práticas são válidas?
Esta não é uma recomendação espírita. Você deve ter lido isto em livros
espiritualistas ou esotéricos que falam de viagem astral ou desdobramento. Pode ser
válido para quem não tem orientação segura de O livro dos médiuns e da doutrina
Espírita. Há procedimentos diferentes para o desenvolvimento da mediunidade de
Jesus.

30.Como ter certeza de que se tem predisposição mediúnica?


Allan Kardec explica em O livro dos Médiuns – Médium é todo aquele que sente
em algum grau os espíritos. Uma vez que com algumas pessoas isto pode acontecer

-73-
de maneira muito sutil e em ocasiões raras com outras, pode acontecer com mais
intensidade e freqüência, observamos que as pessoas pertencendo num segundo
grupo tem mais certeza desta predisposição mediúnica.

31.Os santos da igreja eram médiuns? Se a mediunidade é algo intrínseco, por que
precisamos desenvolve-las?
Muitos homens e mulheres canonizados pela igreja foram médiuns ostensivos.
Mediunidade é intrínseca, mas não se tem domínio sobre sua aplicação. Daí,
desenvolver a mediunidade será desenvolver a maneira de usar dignamente este
talento, utilizando-a para as experiências positivas e construtivas que a Doutrina
espírita ensina e recomenda.

32.Tenho uma amiga que é médium de incorporação, mas ela ainda não consegue
controlar e acaba recebendo irmãozinhos das pessoas que sentam ao lado dela (isso
não é tão freqüente) em lugares comuns até dentro do centro espírita(na hora do
estudo por exemplo). Como ela pode controlar isso?
Médium é médium 24 h de todos os dias. Se ela está passando por esta situação, não
deve ter participado de uma experiência correta de reunião de desenvolvimento e
educação da mediunidade e, se passou não pôs em prática as recomendações e
procedimentos ensinados. Médium que recebe espírito em qualquer lugar, a
qualquer hora, está em franco estado de perturbação. Recomendáveis tratamento
espiritual, oração, vigilância e muito estudo de mediunidade.

33.Em um dos evangelhos Jesus propõe a um jovem que abandone tudo e que O
siga, entretanto o jovem opta por ficar e enterrar seu pai recém desencarnado. Jesus
então afirma “Deixai que os mortos cuidem dos mortos e os vivos cuidem dos
vivos”. Minha pergunta é: Estamos nos preocupando demais com os mortos e
menos com os vivos? Às vezes me pergunto se nós nos preocupássemos mais com
nossos irmãos encarnados por meio da caridade, não estaríamos conseqüentemente
auxiliando nossos irmãos desencarnados. Porque então alguns médiuns e dirigentes
de centros espíritas se preocupam muito mais com uma boa comunicação ou com
uma psicografia perfeita ou com a organização do centro e dão menos valor ao
indigente ou ao doente encarnado.
Allan Kardec ensina que devemos ser como um feixe de varas para que a união de
vários trabalhadores ofereça a resistência ao grupo. Assim, teremos no grupo
pessoas que se interessam por atividades diversas – as pertinentes aos espíritos
encarnados como as relativas aos espíritos desencanados. Paulo já ensinava isto em
suas cartas falando da diversidade dos carismas entre os membros de uma mesma
igreja.
34.A mediunidade tem, fundamentalmente, origem orgânica e pára por aí, ou é

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basicamente liga a resgates do espírito ou os dois fatores ocorrem juntos? Se assim
for, como distinguir quando é um ou outros fatores que mais interferem em
determinado fenômeno mediúnico?
Podem acontecer os dois fatores, juntos ou separados. Difícil se distinguirem,
principalmente porque os dois fatores basicamente estão interligados. Ao invés de
preocuparmos com este ponto, manda o bom senso cuidemos de desenvolver e usar
a mediunidade com dignidade nos serviços que se propõem consolar, libertar
consciências.

35.A educação e direcionamento ao bem que uma pessoa pode fazer desta
respeitável faculdade pode acontecer mesmo sem incentivo da família da pessoa
(caso a pessoa seja menor de idade e more com os pais ainda)?
Se esta pessoa é menor de idade mas já tem uma vivência espírita, freqüenta uma
casa espírita e nas atividades dela, participa dos estudos, das tarefas no bem, nada
impede que ela seja encaminhada, se necessário aos grupos de estudo e preparação
para o desenvolvimento mediúnico. Caberá a análise do caso dos dirigentes da casa
espírita e do departamento de assuntos da mediunidade para saber como proceder
com o caso.

36.O que fazer quando se tem mediunidade, mas se tem medo dela?
André Luiz, espírito diz que o medo é força congelante nos assuntos de
mediunidade. Assim deve a pessoa estudar mais, aumentar seus conhecimentos
teóricos a respeito da intervenção dos espíritos no mundo físico, participar dos
grupos de estudos de assuntos da mediunidade, conversar, buscar sempre recursos
que tranqüilizem com relação à segurança de atuar nesta área, desde que tomados os
procedimentos corretos.

37.Quais são os pesares da mediunidade não tratada para o médium que precisa se
desenvolver?
O desconforto de ter assumido um compromisso, uma tarefa, de que estava ao seu
alcance, dar continuidade ao progresso, aurir sucesso, mas ficou no esquecimento.

38.O livro “Desenvolvimento Mediúnico” de Edgar Armond é um bom roteiro para


as reuniões de desenvolvimento mediúnico?
É um livro que já foi utilizado. No momento atual existem outras obras que também
tratam do assunto e os cursos apostilados, desde os distribuídos pela FEB até os
compilados pelas Alianças Municipais ou mesmo pela própria equipe da instituição
espírita, onde será estudado o assunto.

39.O desenvolvimento mediúnico do livro dos Médiuns de Allan Kardec está sendo
praticado nos centros. Tem muita diferença das práticas de hoje?

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Não conhecemos todos os centros, mas podemos afirmar que aqueles que estejam
procedendo o desenvolvimento de sua equipe mediúnica com seriedade, mesmo
usando outros livros, apostilas montadas especialmente para o tema, terão sempre
de se basear em o Livro dos Médiuns, o maior tratado de mediunidade escrito na
Terra até hoje.

40.Estou fazendo meu desenvolvimento mediúnico neste ano no centro onde


freqüento e a semana passada, durante o curso, na primeira parte do trabalho
quando vem os irmãozinhos necessitados, sempre rápido de perceber e receber o
mesmo, a manifestação se dá com rapidez. Mas na segunda parte dos trabalhos onde
são os espíritos de luz e mensagem de nosso mentor espiritual, sinto muita
dificuldade em receber qualquer manifestação. Semana passada escrevi com muita
dificuldade e demora uma frase apenas; quase nem senti meu braço, mas escrevi:
“O senhor é amor”. Gostaria de saber porque esta dificuldade na segunda parte dos
trabalhos. Será que sou médium escrevente? Devo continuar insistindo na caneta e
no papel? O que se sente nomalmente nesta segunda parte dos trabalhos?
A reunião de desenvolvimento mediúnico é dividida geralmente em três partes: 1a
estudo de uma página que trata da mediunidade; normalmente, lendo um livro desse
assunto, capítulo a capítulo ou acompanhando uma apostila preparada para essa
finalidade. 2a.Momento dos treinamentos mediúnicos, de desenvolvimento dos
presentes na área de concentração, sintonia e passividade aos espíritos
desencarnados necessitados de ajuda. 3a. reservada para vibrações, preces e é neste
momento que, quando o grupo já pode médiuns em condições, acontecer a
comunicação de um ou mais espíritos benfeitores da equipe. A grande maioria dos
médiuns que conhecemos em nossas viagens por este Brasil, trabalha com
psicofonia apenas na segunda parte. A comunicação dos espíritos benfeitores está
mais ligada a orientação do grupo ou da própria institui~~ao, ocorre através de um
ou dois médiuns. Alguns dirigentes de reuniões mediúnicas ainda têm o hábito de
ficar incentivando o médium a receber seu mentor pessoal para dizer algumas
palavras, como se isto fosse parte do desenvolvimento ou necessidade para
completa-lo. Podemos afirmar, no entanto, tratar-se de fato totalmente
desnecessários, já que a ligação destes espíritos com o médium e muito mais de
apoio.

41.Já fiz “O Livro dos Espíritos”, estou fazendo “O céu e o inferno”, terminei o
curso de mediunidade, agora estou refazendo “O livro dos Espíritos”. A minha
dúvida é a seguinte: tenho uma mediunidade ostensiva e o dirigente da mesa não me
colocou no desenvolvimento alegrando que preciso fazer meus tratamentos
desobsessivos, pois tenho vários irmãozinhos vinculados a mim de outra vida. Mas

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ando sofrendo bastante com minha mediunidade; alguns amigos trabalhadores da
casa acham que eu já deveria estar no desenvolvimento. Tenho sofrido bastante, oro
muito, faço o evangelho toda semana e gostaria de saber o que fazer.
Levando em consideração suas palavras, acreditamos que você esteja nos
procedimentos de ser encaminhado a um grupo de desenvolvimento e educação da
mediunidade. Se isto não está acontecendo, provavelmente, pode ser por não estar
começando, no momento, um novo grupo com esta finalidade ou pode não haver
vagas no já existente. Seja como for, até surgir a oportunidade de você ir para a
reunião do desenvolvimento, a educação da mediunidade, aconselhamos perseverar
nos estudos, nas tarefas do bem, nas orações diuturnas, e assim criar e sustentar um
“modus vivendi” que permita a ajuda dos espíritos amigos dessa instituição.

42.Toda pessoa obsidiada tem a mediunidade aflorada que precisa ser


desenvolvida?
A grande maioria das pessoas obsidiadas está sofrendo a ação de um ou mais
espíritos com os quais tem ligação anterior. Feito o tratamento de desobsessão e
mantida uma higiene mental/comportamental por parte desta pessoa, cessam os
sintomas perturbadores. Somente uma pequena parte terá compromissos com a
mediunidade e a necessidade do desenvolvimento.

43.É possível, um médium iniciante, quando incorporado, visualize a condição do


espírito?
Existem médium e médiuns, cada um é um caso diferente nas particularidades. Mas
acreditamos que é mais comum a um médium principiante no envolvimento da
psicofonia ter mais dificuldades que facilidades em visualizar o espírito
comunicante.

44.Sei a necessidade da educação da mediunidade. Como saber, porém até que


ponto esse controle é benéfico ao trabalho sem ser nocivo ao espírito manifestante?
O médico cirurgião necessita do concurso da anestesia. Mas esta será local, perietal
ou geral, dependendo da gravidade da cirurgia. Da mesma forma, o médium deverá
sempre recorrer ao concurso do controle sobre o espírito sofredor comunicante.
Esse controle será maior ou menor dependendo das características e da educação do
médium psicofônico. Assim, a anestesia visa o controle do ato cirúrgico e o controle
do médium da psicofonia visa um atendimento mais amplo ao espírito comunicante.

45.O início da parte de desenvolvimento da mediunidade deve ser sempre a


atividade de irradiação?
Observamos que os exercícios de irradiações são muito benéficos no início do
desenvolvimento, porém há a experiência prática de concentração e sustentação.

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46.Qual a importância de um curso de Desenvolvimento e Educação da
mediunidade no Centro Espírita?
Oferecer aos estudiosos e candidatos a participarem de reuniões mediúnicas como
uma seguimentos de informações e procedimentos para a utilização da mediunidade
com Jesus, com seguridade e equilíbrio.

47.Qualquer pessoa pode desenvolver sua mediunidade para ajudar as pessoas, ou


existem determinação no mundo espiritual?
Qualquer pessoa pode estudar a mediunidade, desenvolver conhecimentos teóricos
do assunto e melhorar, assim, sua capacidade de concentração, de sintonia com o
mundo espiritual. Desenvolver a mediunidade será tarefa para aqueles que
apresentem os sintomas mediúnicos, tragam a mediunidade como parte das
atividades do programa reencarnatório.

48.É válido permanecer freqüentando grupos de estudo de mediunidade, mesmo


quando já sabemos não possuir mediunidade?
O Espírito da Verdade recomenda: “Espíritas, amai-vos; eis o primeiro
ensinamento. Instruí-vos; eis o segundo. Estudar Espiritismo é algo para ser feito
continuamente, e mediunidade é um dos assuntos que, realmente, aumentam nosso
conhecimento. Continue participando de grupos de estudos da mediunidade sim,
mesmo não tendo faculdades mediúnicas ostensivas, você poderá saber cada vez
mais a respeito do assunto que é muito produtivo = e quando houver oportunidade,
poderá participar da reunião mediúnico com a tarefa de passes e na sustentação”.

49.Gostaria de saber se as pessoas que possuem um “potencial mediúnico”, ou seja,


que têm mais facilidade na relação com a espiritualidade, recebem em algum
momento da vida um chamado para trabalha com os irmãos espirituais? E Se
houver essa “convocação”, como é que ela se dá?
Quando a mediunidade faz parte do programa reencarnatório, ou seja, quando a
criatura assume no mundo espiritual, compromisso de atuar na área mediúnica, em
determinada época ela começará a sentir de maneira mais ostensiva estas
percepções de espíritos em sua vida. Se ela já conhece o espiritismo, fica=lhe mais
fácil perceber e acompanhar esta fase, se não, terá de ser orientada a procurar uma
instituição espírita. Não é um chamado, um comunicado oficial, mas uma série de
situações, de acontecimentos que acabam conduzindo a criatura à conscientização
da presença da mediunidade?

50. Participo de uma mesa mediúnica há mais de 5 anos e nada acontece. Não vejo
nada, não ouço nada, não percebo nada, não sinto absolutamente nada. Gostaria

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muito de desenvolver qualquer uma faculdade mediúnica, mas já tenho certeza de
que isto é impossível? Devo abandonar a mesa mediúnica?
Caro amigo, você não sabe o tamanho da importância do seu trabalho na mesa
mediúnica. Você é um médium de sustentação. Aquele que ajuda a segurar e
ordenar os trabalhos mediúnicos. Para isto você deve permanecer em concentração,
orando, ajudando mentalmente os irmãos necessitados que vierem. Por outro lado
nada o impede de ser um médium passista ou um médium doutrinador que não
precisa ter a faculdade do desenvolvimento mediúnico. Seu trabalho é muito
importante para você, para os irmãos necessitados e para Deus. Não abandone sua
atividade, quem duvida de que você não nasceu para este trabalho?

ARMANDO FALCONI
CVDEE – CENTRO VIRTUAL DE DIVULGAÇÃO E ESTUDO DO
ESPIRITISMO

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25. SINTONIA

O cérebro é como um aparelho emissor e receptor de ondas mentais; o pensamento


é um fluxo energético do campo espiritual. A vibração é um movimento de vaivém,
chama-se movimento vibratório. Sintonia é a identidade ou harmonia vibratória, isto
é, o grau de semelhança das emissões ou radiações mentais de dois ou mais
espíritos, encarnados ou desencarnados, ou seja, afinidade moral.

Sabemos que o pensamento é um fluxo fluídico, é matéria sutil do corpo espiritual,


logo é concreto e, às vezes muito visível, podendo perdurar longamente em dadas
circunstâncias. Portanto o padrão vibratório é uma maneira de definir o padrão
moral do espírito. Atraímos as mentes que possuem o mesmo padrão vibratório
nosso, que estão no mesmo nível moral.

A comunicação interespiritual é controlada pelo grau de sintonia, a qual a seu turno,


decorre da afinidade moral. Temos, por isso, a companhia espiritual que desejamos
mediante o nosso comportamento, sentimentos, pensamentos e aspirações. Estão ao
nosso redor aqueles que sintonizam conosco ou têm contas a ajustar.

É o caso e a hora de perguntar:

— Como podemos elevar cada vez mais as nossas vibrações e, assim, aprimorar a
capacidade de sintonia e vibração?

R.: Enriquecendo o pensamento por meio do desenvolvimento da INTELIGÊNCIA;


- estudo, conhecimento, SENTIMENTO; - prática do bem, serviço prestado,
moralidade, em suma, auto-aperfeiçoamento pelo esforço próprio no caminho do
bem.

Com particular aplicação à Mediunidade, que não progride sem o aprimoramento do


médium. Em virtude do princípio de sintonia, estabelece-se uma dependência entre
encarnados e desencarnados quando ambos estão perturbados e emitindo vibrações
viciadas. A identidade vibratória inferior, no caso do ódio, ressentimento, tristeza,
desânimo etc., prende os desencarnados mais ou menos inconscientes do seu estado
na aura magnética dos encarnados. Ocorre assim, influência recíproca, troca de
pensamentos e sentimentos, e, portanto, obsessão bidirecional.

Com que fim os espíritos imperfeitos nos induzem ao mal? - Para que sofrais o que
eles sofrem. Vejamos duas questões do Livro dos Espíritos, que nos esclarecem
sobre o envolvimento entre encarnados e desencarnados: ( Capítulo IX, questões
467 / 469.)

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–"Pode o homem eximir-se da influência dos Espíritos que procuram arrastá-lo ao
mal?

R.: Pode, visto que tais Espíritos só se apegam aos que, pelos seus desejos, os
chamam (vibrações, sintonia), ou aos que, pelos pensamentos, os atraem.

"Por que meio podemos neutralizar a influência dos maus Espíritos? Praticando o
bem e pondo em Deus toda a vossa confiança, repelireis a influência dos Espíritos
inferiores e aniquilareis o império que desejem ter sobre vós.

Desconfiai especialmente dos que vos exaltam o orgulho, pois que esses vos
assaltam pelo lado fraco. Foi por essa razão que Jesus, nosso Mestre, nos ensinou a
oração dominical:

Senhor! Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.

Também nos é necessário educar nosso pensamento em coisas edificantes para uma
melhor sintonia com a Espiritualidade Superior. O pensamento é idioma universal e,
entendendo que o cérebro ativo é um centro de ondas em movimento constante,
estamos sempre em correspondência com o objeto que nos prende a atenção. Todo
espírito, na condição evolutiva em que nos encontramos, é governado
essencialmente por três fatores específicos; experiência, estímulo, inspiração:

Experiência É o conjunto de nossos próprios pensamentos.


Estímulo É a circunstância que nos impele a pensar.
É a equipe dos pensamentos alheios que aceitamos ou
Inspiração
procuramos.

Assim como possuímos, na Terra, valiosas observações alusivas à química da


matéria densa, relacionando-lhe as unidades atômicas, o campo da mente oferece
largos estímulos ao estudo de suas combinações: pensamentos de crueldade, revolta,
tristeza, amor, compreensão, esperança ou alegria tem natureza diferenciada, com
características e pesos próprios.

A onda mental possui determinados coeficientes de força na concentração


silenciosa, no verbo exteriorizado ou na palavra escrita. Mais uma vez vemos e
compreendemos que somos naturalmente vítimas ou beneficiários de nossas
próprias criações, segundo as correntes mentais que projetamos, escravizando-nos a

-81-
compromissos com a retaguarda de nossas experiências ou libertando-nos para a
vanguarda do progresso, conforme nossas deliberações e atividades, em harmonia
ou em desarmonia com as Leis Eternas da Divindade.

Um livro, uma página, uma sentença, uma palestra, uma visita, uma notícia, uma
distração ou qualquer pequenino acontecimento que te pareça sem importância,
podem representar silenciosa tomada de ligação espiritual para determinado tipo de
interesse ou de assunto.

Geralmente, toda criatura que ainda não traçou caminho de sublimação moral a si
mesma assemelha-se ao viajante entregue, ao mar, ao sabor das ondas. Com a
bússola do Evangelho, sabemos perfeitamente onde e como localizar o bem e o mal,
razão porque dispomos todos nós do lema da vontade. O problema de sintonia corre
por nossa conta.

André Luiz é bastante claro no seu livro Nos Domínios da Mediunidade - Cada
médium com a sua mente, cada mente com seus raios, personalizando observações e
interpretações, e conforme os raios que arremessamos, erguer-se-ão o domicílio
espiritual na onda de pensamentos a que nossas almas se afeiçoam.

Basta que pensemos no que Jesus falou: A cada qual segundo suas obras. Não
esqueçamos que a mente permanece na base de todos os fenômenos mediúnicos.
Nossa mente é um núcleo de forças inteligentes, gerando plasma sutil que, a emanar
sem parar, oferece recursos de objetividade, sob o comando de nossos próprios
desígnios.

A idéia é um ser organizado por nosso espírito a que o pensamento dá forma e ao


qual a vontade imprime movimento e direção. Então, com tudo isso, não podemos
esquecer o problema de nossa sintonia na Mediunidade. Refletimos as imagens que
nos cercam e arremessamos nos outros as imagens que criamos. E, como não
podemos enganar a força de atração, somente poderemos alcançar a claridade e a
beleza, se começarmos emanar beleza e claridade no espelho de nossa vida íntima.

Estamos acostumados a ver a mediunidade em diversos lugares, missões


santificantes e guerras destruidoras, tarefas com objetivos nobres e várias obsessões,
que guardam suas origens nos reflexos da mente individual ou coletiva, combinados
com as forças do alto ou degradantes influências baixas.

O Pensamento é um núcleo de forças, em torno do qual gravitam os bens e os males


gerados por ele mesmo e ali se defrontam com fileiras de almas, sofrendo nos

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diferenciados lugares que lhe são característicos. Elevemos, então, nossos
pensamentos redirecionando-os sempre para pensamentos altruístas.

Influência é um poder espiritual que todos temos e pelo qual irradiamos nossos
conceitos e predicados morais, como também culturais, devendo atingir aqueles que
pensam semelhantes a nós. Pense nas coisas desagradáveis e estará sintonizado
espiritualmente com um desencarnado que se sente infeliz. Todavia, agora vem a
celebre pergunta: Será que você começou a pensar negativamente porque quis ou
porque foi induzido por algum Espírito que está próximo a você? As duas coisas
podem perfeitamente acontecer. Se você resolveu ser infeliz a partir daquele
momento, a decisão é totalmente sua, você é quem vai sofrer. Se foi induzido e
passou a aceitar a sugestão, cabe a você mudar de opinião e não sintonizar com
aquela entidade.

Allan Kardec, em A Gênese, cap. XIV, item 15, esclarece este mecanismo da
influenciação de desencarnado para encarnado: Sendo os fluidos o veículo do
pensamento, este atua sobre os fluidos como o som sobre o ar; eles nos trazem o
pensamento, como o ar nos traz o som.. Pode-se pois dizer, sem receio de errar, que
há, nesses fluidos, ondas e raios de pensamentos, que se cruzam sem se
confundirem, como há no ar ondas e raios sonoros.

Há mais: criando imagens fluídicas, o pensamento se reflete no envoltório


perispirítico, como num espelho; toma nele corpo e aí de certo modo se fotografa.
Tenha um homem, por exemplo, a idéia de matar a outro: embora o corpo material
se lhe conserve impassível, seu corpo fluídico é posto em ação pelo pensamento e
reproduz todos os matizes deste último; executa fluidicamente o gesto, o ato que
intentou praticar.

O pensamento cria a imagem da vítima e a cena inteira é pintada, como num


quadro, tal qual se lhe desenrola no espírito. Desse modo é que os mais secretos
movimentos da alma repercutem no envoltório fluídico; que uma alma pode ler
noutra alma como num livro e ver o que não é perceptível aos olhos do corpo.
Contudo, vendo a intenção, pode ela pressentir a execução do ato que lhe será a
consequência, mas não pode determinar o instante em que o mesmo ato será
executado, nem lhe assinalar os pormenores, nem, ainda, afirmar que ele se dê,
porque circunstâncias ulteriores poderão modificar os planos assentados e mudar as
disposições.

Ele não pode ver o que ainda não esteja no pensamento do outro; o que vê é a
preocupação habitual do indivíduo, seus desejos, seus projetos, seus desígnios bons

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ou maus. O trabalho, qualquer que seja ele, físico ou intelectual, aparece como o
primeiro recurso no combate à insurgência de pensamentos deprimentes.

Logo, vem a boa leitura, a música harmoniosa, a conversa que edifica, e sobretudo a
prece que nos liga com o Criador, facultando-nos força, otimismo e coragem para
enfrentar as dificuldades que criamos.

(Do livro - Mediunidade e Reforma - Edicel)

26.SINTONIA MEDIÚNICA – PERGUNTAS E RESPOSTAS

01- Qual o mecanismo do intercâmbio mediúnico e quais os princípios


básicos em que se alicerça?
R - para que um Espírito se comunique é preciso que se estabeleça a sintonia
da mente encarnada com a desencarnada, mecanismo básico que se desdobra de
acordo com o tipo de mediunidade, estado psíquico dos agentes passivo e ativo -
valores espirituais etc. Sintonizado o médium com o comunicante, o pensamento
deste se exterioriza através do campo físico daquele, em forma de mensagem
grafada ou audível. O processo mediúnico se alicerça na sintonia das mentes,
sem o que não pode haver a comunicação.

02- Para exercer mais conscientemente a sua tarefa, o que o médium


deve conhecer do Plano Espiritual e das leis que o regem?
R - O Plano Espiritual não compreende uma determinada região limitada no
espaço, logo os Espíritos encontram-se em toda parte, agrupando-se por laços de
afinidade. Cabe ao médium manter-se sempre em vigilância para não entrar em
sintonia com as entidades em desequilíbrio, o que poderá acontecer, a qualquer
momento e em qualquer lugar em que se encontre.

03- O estudo acerca da casa mental pode auxiliar o médium no exercício


de sua mediunidade?
R - Sim. É de grande importância para o melhor desempenho de sua tarefa.
Sabemos que na estruturação do nosso campo mental, todas as experiências
adquiridas até a última existência se sedimentam no plano do subconsciente. que
as experiências da vida atual são anotadas no plano do consciente e que nossas
ideações futuras vigem no superconsciente. Quando o encarnado entra em

-84-
transe, o comunicante necessita encontrar na sua mente recursos para se externar
e, por isso, quanto mais o médium amplia os seus conhecimentos, maior
possibilidade oferece à entidade para externar a sua mensagem e quanto maior o
esforço em educar-se intimamente, maior a facilidade para controlar o Espírito,
mesmo durante o transe.

04- Qual a interferência dos reflexos condicionados no intercâmbio


mediúnico?
R - A presença, a mensagem ou experiências do Espírito comunicante podem
acionar no subconsciente do médium reflexos do seu passado, os quais
comumente, interferem na comunicação. Por exemplo: ao se ver frente a uma
entidade ligada ao seu passado de dor, o médium pode externar aspectos de
sofrimento que não mais existem, mas que estão arquivados no subconsciente e
que afloram, durante o transe, com a presença daquele irmão que compartilhou
as referidas experiências.

05- Como explicar a sintonia vibratória de um Espírito conturbado com


um médium equilibrado e em estado de confiança em Deus?
R - O médium em equilíbrio busca sintonizar com o Espírito conturbado,
pelo desejo de ajudar. Se a diferença vibratória entre ambos é muito acentuada,
os guias espirituais auxiliam o comunicante, através de passes, para que eleve,
ainda que em parte, o seu padrão vibratório e com isto facilite a sintonia com o
médium, para a comunicação.

06- Como é possível ao médium controlar as manifestações dos


Espíritos, mesmo violentos ou desequilibrados?
R - O pensamento do Espírito, antes de chegar ao cérebro físico do médium,
passa pelo cérebro perispirítico, resultando disso a propriedade que tem o
medianeiro, em tese, de fazer ou não fazer o que a entidade pretende. Quanto
mais educar-se interiormente o médium, maior a dificuldade do Espírito em
extravasar atitudes violentas ou desequilibradas.

07- Mesmo quando inconsciente, o médium é responsável pelo que


ocorre durante as comunicações?
R - Na psicofonia sonambúlica, o médium cede com mais espontaneidade os
seus implementos físicos para a comunicação do Espírito, mas afastado de seu
corpo, é absolutamente consciente, daí a sua responsabilidade no controle do
Espírito comunicante.

08- Qual a condição do médium na psicofonia consciente, na


semiconsciente e na inconsciente?

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R - Na psicofonia consciente o Espírito comunicante transmite,
telepaticamente, às vezes, à distância, as suas idéias ao médium que as retrata
com as suas próprias palavras. Na semiconsciente, o Espírito comunicante,
através do perispírito do médium, entra em contato com este, atuando sobre o
campo da fala e outros centros motores. Na inconsciente, afasta-se o Espírito do
médium de seu próprio corpo, que mais livremente é utilizado pelo
comunicante. Quando há inteira confiança entre ambos, é como se o médium
entregasse um instrumento valioso às mãos de um artista emérito que o valoriza.
Se o comunicante é rebelde ou perverso, o médium, embora afastado, age na
condição de um enfermeiro vigilante a controlar o doente.

09- Deve o médium inconsciente esforçar-se por se tornar consciente?


R - O médium deve esforçar-se sempre para ser consciente de suas elevadas
responsabilidades, mas quando é portador da psicofonia sonambúlica, ou
inconsciente, tendo neste campo assumido compromissos espirituais,
dificilmente, modificará o curso de sua tarefa, a qual, nem por isso, deixará de
ser meritória.

10- Por quê determinados médiuns extravasam no campo físico as


impressões de desequilíbrio ou rebeldia dos Espíritos comunicantes?
R - Faltam-lhes ainda os valores da auto-educação evangélica, porém à
medida que se esforçam no estudo, na prática do bem e na vivência evangélica,
irão superando as dificuldades da prática mediúnica.

11- Na reunião com a presença de vários médiuns videntes e/ou


audientes um ouve ou vê uma ocorrência e outro ouve ou vê outro fato,
quer dizer que há contradição ou embuste?
R - Não. Estando cada médium vibrando em sua própria faixa evolutiva, cada
um estará naturalmente, sintonizado com esta ou aquela entidade, com este ou
aquele aspecto do Plano Espiritual, pelo que cada um registrará a presença ou
fatos com os quais esteja identificado.

12- Qual a diferença entre inspiração e intuição; vidência e


clarividência; audiência e clariaudiência?
R - A opinião dos estudiosos sobre o assunto diverge um pouco. Alguns
aceitam como sinônimos (inspiração/intuição - vidência/clarividência -
audiência/clariaudiência), outros vêem no segundo termo uma sutileza ou
aprimoramento do primeiro: Intuição é a inspiração quando cresce (Emmanuel -
Encontros no Tempo - pergunta 34). Clarividência seria ver melhor, ou com
mais clareza (Edgard Armond - Mediunidade). A experiência nos mostra que

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alguns médiuns apenas vêem entidades ou quadros do Plano Espiritual,
enquanto outros, além de verem, como que sentem o estado íntimo da entidade
ou as vibrações do ambiente (clarividência). Enquanto alguns ouvem sons ou
ruídos, outros ouvem e percebem interiormente o estado do Espírito ou do
ambiente (clariaudiência).

13- Como proceder o médium para manter o estado de concentração


durante as reuniões práticas e como desconcentrar-se, quando preciso?
R - Concentrar é manter o pensamento voltado a um objetivo específico, no
caso de reuniões espíritas, voltá-lo exclusivamente ao amor e à caridade,
buscando oferecer o melhor de nós mesmos. Se temos dificuldades para mantê-
lo neste estado (em virtude de preocupações rotineiras) podemos nos valer da
prece como recurso de concentração. Para desconcentrar, deve o médium voltar
o pensamento ao meio ambiente, ainda assim, alicerçado nas vibrações da prece
para manter o equilíbrio.

14- O médium deve ficar concentrado durante toda a reunião?


R - Deve o médium, com espontaneidade, manter-se atento ao desenrolar dos
trabalhos, com o que estará aprendendo e ao mesmo tempo à disposição da
Espiritualidade para atuar quando solicitado. Permanecer sim, à disposição do
serviço, sob a égide de Jesus.

15- Qual a postura adequada do médium à mesa?


R - Guardadas as conveniências, a mais cômoda, porque será a menos
cansativa. Evitar, porém, as posições que facilitem o sono.

16- Numa reunião de educação mediúnica, se o médium apesar das


influências para falar, permanece silencioso, aguardando sua vez, está
sendo ele beneficiado?
R - Sim. Estará aprendendo com os outros e exercitando em sua auto-
educação.

17- Que dizer do médium que recebe comunicações fora da mesa de


trabalho, ou do local da reunião?
R - Faltam-lhe ainda os recursos da educação mediúnica. O médium,
consciente de suas responsabilidades, não se entrega a atividade mediúnica
ostensiva fora da reunião própria.

18- Como e até onde se processa a influência dos Espíritos sobre o


médium, ostensivo ou não?

-87-
R - Todos somos em nosso íntimo (mentalmente) influenciados pelos
Espíritos. Enquanto esta influência sobre o médium ostensivo é mais direta,
portanto, com reflexos mais acentuados, sobre o médium de sustentação, ela se
limita às intuições ou manipulações de energias necessárias ao bom andamento
da reunião.

19- Qual o procedimento do médium quando intensamente assediado


pelas vibrações de um Espírito desequilibrado, quer na reunião ou fora
dela?
R - Redobrar o seu estado de vigilância, pois, pode tratar-se de um trabalho
em andamento supervisionado pelos mentores espirituais. Recorrer à oração e às
leituras edificantes, porque assim estará cooperando para a sua melhoria e a do
Espírito que se aproxima.

20- Como entender o fato de o médium alegar que faz preces e não
consegue superar o envolvimento de determinadas entidades?
R - Às vezes as nossas preces se limitam aos lábios. "Há diferença
fundamental entre orar e declamar". No entanto, se aliamos a mente ao coração
e realmente orarmos confiantes no Senhor e o envolvimento do Espírito
permanece é porque estamos frente a um trabalho de reajuste, expiação ou
testemunho, ou ainda frente a uma oportunidade de exercer a caridade a um
necessitado. Redobremos a vigilância e confiemos no Senhor que a solução está
a caminho.

-88-
27- ESPÍRITOS IMPERFEITOS

”As instituições das trevas são estruturadas numa rígida concentração de poder,
na mão de alguns líderes. Seus organogramas são bem planejados e implementados
como os de uma empresa. Têm seus chefes, seus planejadores, seus executores,
operários, guardas. Seus métodos são os do terror pela violência, sua incontestável
hierarquia apoia-se num regime disciplinar implacável, rígido, inflexível. Não se
tolera a falta, o deslize, a revolta, a desobediência.

Aqueles, pois, que resolvem organizar um grupo mediúnico de desobsessão,


devem estar bem preparados para enfrentá-los. É preciso enfrentá-los com paciente
firmeza e confiança nos poderes que nos sustentam. Nada de ilusões, porém. Não
podemos abrir brechas em nossa vigilância, porque penetrarão, sem nenhuma
cerimônia, pelas portas das nossas fraquezas, se assim o permitirmos, de vez que
nada lhes é sagrado, e tudo se lhes permite.”

Dentro os tipos de Entidades que fazem parte dessas falanges, e se manifestam


em nossos trabalhos, podemos destacar:

O Dirigente das Trevas – “Esta é uma figura freqüente nos trabalhos de


desobsessão. Comparece para observar, estudar as pessoas, sondar o doutrinador,
sentir mais de perto os métodos de ação do grupo, a fim de poder tomar suas
“providências”. Foi geralmente um encarnado poderoso, que ocupou posições de
mando. Acostumado ao exercício da autoridade incontestada, é arrogante, frio,
calculista, inteligente, experimentado e violento. Não dispõe de paciência para o
diálogo, pois está habituado apenas a expedir ordens e não a debater problemas,
ainda mais com seres que considera inferiores e ignorantes, como os pobres
componentes de um grupo de desobsessão. Situa-se num plano de olímpica
superioridade e nada vem pedir; vem exigir, ordenar, ameaçar, intimidar. Não são
executores, gostam de deixar bem claro: são chefes. Estão ali somente para colher
elementos para suas decisões; a execução ficará sempre a cargo de seus asseclas.
Comparecem cercados de toda a pompa, envolvidos em imponentes “vestimentas”,
portanto símbolos, anéis, indicadores, enfim, de “elevada” condição.”

O Planejador– Este é frio, impessoal, inteligente, culto. Maneja muito bem o


sofisma, é excelente dialético, pensador sutil e aproveita-se de qualquer descuido ou
palavra infeliz do doutrinador para procurar confundi-lo. Mostra-se amável,

-89-
aparentemente tranqüilo e sem ódios. Não se envolve diretamente com os métodos
de trabalho das organizações trevosas, ou seja, não expede ordens, nem as executa;
limita-se a estudar a problemática do caso e traçar os planos com extrema
habilidade. Os planejadores são elementos altamente credenciados e respeitados na
comunidade do crime invisível. O planejador exerce função importante, porque é
dos poucos, ali, que conservam a cabeça fria para conceber os planos estratégicos
indispensáveis. Seus companheiros de ação costumam ser impetuosos homens de
ação, que se entregam facilmente ao impulso desorientado de partir para ação
pessoal isolada, se não tiverem quem os contenha dentro de um inteligente
planejamento global, que proteja não apenas os interesses de cada dos componentes
isoladamente, mas também a segurança da organização. O planejador é, pois, figura
importantíssima na ordenação das tarefas maquiavélicas. Sua perda acarreta uma
desorientação geral. É difícil, senão impossível, para os companheiros que
permanecem na organização das sombras que alguém tão lúcido e brilhante se tenha
deixado convencer por um doutrinador encarnado.”

O Executor – “Sente-se totalmente desligado da responsabilidade, quanto às


atrocidades que pratica, pois não é o mandante; apenas executa ordens. Usualmente,
nada tem de pessoal contra suas vítimas inermes. Agasalham-se na crueldade
agressiva e fria, sem temores, sem remorsos, sem dramas de consciência. Quantos
deles encontramos nos trabalhos de desobsessão! São remunerados das maneiras
mais engenhosas e diversas, as que mais se ajustam à sua psicologia, aos seus vícios
e às suas deformações.”

O Religioso – “É impressionante a elevada participação de transviados “religiosos”


no trágico e doloroso desfile de Espíritos em lamentável desequilíbrio nas sessões
de desobsessão. Multidões de ex-prelados debatem-se, no mundo póstumo, em
angústias e rancores inomináveis, que se arrastam, às vezes, pelos séculos.
Apresentam-se, quase sempre, como zelosos trabalhadores do Cristo, empenhados
na defesa da “sua Igreja”. São argutos, inteligentes, agressivos, violentos,
orgulhosos, impiedosos e arrogantes. Parece terem freqüentado a mesma escola no
Além, pois costumam trazer os mesmos argumentos, a mesma teologia, deformada,
com a qual justificam seus impulsos e sua tática.”

O Vingador – “Vingar-se é ir à forra, punir alguém por aquilo que fez ao vingador
e, por isso, vingança é uma palavra-chave nos trabalhos de desobsessão e
esclarecimento. Aquele que se dedica a essas tarefas, precisa estudá-la a fundo, suas
origens, suas motivações, seus mecanismos e as soluções que lhe estão abertas. É
preciso entender o vingador e aceitá-lo como ele se apresenta, se é que pretendemos
ajudá-lo, pois, ele é, antes de tudo, um prisioneiro de si mesmo, através da sua

-90-
cólera e da sua frustração. Sua maior ilusão é a de que a vingança aplaca o ódio,
quando, na realidade, o alimenta e o mantém vivo. Sua lógica é, ao mesmo tempo,
fria e apaixonada, calculada e impulsiva, paciente e violenta, e sempre implacável.
Envolvido no seu processo, ele nem sequer admite o perdão, e é capaz de perseguir
sua vítima através séculos e séculos, ao longo de muitas vidas, tanto aqui, na carne,
como no mundo espiritual. Quase sempre a vingança desdobra-se a partir de um
caso pessoal, mas é comum encontrarmos também o vingador impessoal, aquele
que trabalha para uma organização opressora. O vingador observa, planeja e espera
a ocasião oportuna e o momento favorável. Não se precipita, mas não esquece;
sempre que pode, interfere, ainda que seja somente para espetar uma agulha em sua
vítima indefesa. Casos tremendos e persistentes de obsessão vingativa resultam de
amores frustrados, traídos ou indiferentes. Paixões irrealizadas ou aviltadas
despertam os mais profundos sentimentos de revolta. De outras vezes, são crimes
horrendos, como a assassinatos, espoliações, desonras, difamações, iniquidades de
toda sorte. O vingador é aquele que tomou em suas mãos os instrumentos da justiça
divina. Não confia nela, ignora-a ou não tem paciência de esperar por ela. Não sabe
ainda, que o reajuste virá fatalmente, através da lei da causa e efeito.”

Magos e Feiticeiros – Muitas vezes são Entidades ligadas aos trabalhos de magia e
despachos de terreiro. Geralmente aparecem utilizando as vestimentas dos rituais e
de todos apetrechos necessários para as suas sessões. Chegam nos trabalhos de
desobsessão agressivos e indignados por estarem ali contra a sua vontade,
prometendo fazer um “trabalho pesado” para acabar com o grupo. Temos que
utilizar de uma certa energia com este tipo de Entidade, muitas vezes pedindo para
que ele jogue no chão todo o material que trouxe consigo e para que possamos
realizar uma verdadeira “queimada” destes objetos, mostrando a ele que a força do
Cristo é muito mais eficaz que aqueles rituais que ele pratica nos terreiros. Muitas
vezes estes “magos” são inteligentes, com muita experiência e com muito
conhecimento das fraquezas humanas, pois vivem disso nas suas práticas
ritualisticas. Na sua maioria são insensíveis aos apelos do Amor e do Perdão.

Espíritos Suicidas – Geralmente aparecem nas reuniões de desenvolvimento


mediúnico. Não necessitam de doutrinação, e sim do choque anímico (energia
animalizada do médium) para poder se recompor. Algumas vezes estão revivendo,
em forma de alucinação, o momento do ato impensado do suicídio. O doutrinador
deverá dar-lhe muito amor e carinho, cabendo ao grupo intensificar as vibrações
para acalmar este Irmão que tanto está sofrendo. Uma prece, juntamente com um
passe, são os melhores remédios para este momento!

-91-
Espíritos Desafiadores – “Vêm desafiar-nos. Julgam-se fortes, invulneráveis e
utilizam-se desse recurso para amedrontar. Ameaçam os presentes com as mais
variadas perseguições e desafiam-se a que prossigamos interferindo em seus
planos.” Geralmente utilizam frases do tipo:

- “Deixe-me em paz ou lhe mostrarei quem sou...”


- “Você não sabe com quem está lidando...”
- “Você me paga...”
- “Eu os acompanharei, cada passo...”
- “Estarei vigiando dia e noite...”
- “Tenho poderes que você desconhece...”

“O doutrinador recorrerá a energia equilibrada, dosada no amor, serena e segura,


quando sentir necessidade. Espíritos desse padrão vibratório, quase sempre têm que
se comunicar mais vezes. O que se observa é que a cada semana eles se apresentam
menos seguros, menos firmes e fortes que na anterior. Até que se atinge o momento
do despertar da consciência.”

“O doutrinador não deve sustentar o medo, em nenhuma circunstância e por


razão nenhuma. E para combatê-lo nada mais justo que o inteirar-se da Verdade já
revelada, assenhoreando-nos das Leis Espirituais que regem o intercâmbio
ostensivo ou oculto entre encarnados e desencarnados e que se encontram muito
bem estudadas e codificadas por Allan Kardec”.

Espíritos Sofredores – Todas as Entidades que se manifestam são, na verdade,


Espíritos Sofredores. Aqui apenas queremos realçar aqueles Irmãos que ainda
apresentam os males e sofrimentos no momento da desencarnação. Sejam as dores
de uma doença, ou das dores de um acidente automobilístico, de um assassinato, ...
Aqui podemos utilizar a técnica da “Indução Hipnótica”, que será estudada em um
capítulo especial. Mas, podemos aliviar as suas dores também através da Prece e do
Passe Magnético.

Há também as entidades que desejam perturbar o desenvolvimento das tarefas


programadas. Para isso tentam envolver os médiuns e demais participantes em
vibrações de torpor, agindo por hipótese, à qual devem reagir para não serem
dominados pela sonolência.

Também aqueles espíritos que se sentem enfraquecidos, debilitados e em estado de


prostração podem transmitir ao médium o desejo de dormir

(Obsessão/Desobsessão – Suely Caldas Schubert)

-92-
28 - MEDIUNIDADE DE CURA

1.O termo "Mediunidade de Cura" não me parece muito correto, o que você
pode nos falar a respeito?

Allan Kardec usa esse termo em "O Livro dos Médiuns". Ele quer dizer,
exatamente, que um espírito, utilizando o fluido próprio e associado ao do médium,
pode fazer um processo de cura. Assim, a palavra médium de cura, deste ponto de
vista, está perfeitamente correto. Mas, existem os curadores, ou seja, pessoas com
fluido próprio para o trabalho, independentemente da ação de um espírito. Neste
caso, ele será um curador e não um médium de cura.

2.Como o senhor vê as operações realizadas pelo Dr. Fritz ?

O médium que recebe o Dr. Fritz, atualmente, não faz um trabalho tipo o feito por
José Arigó. Arigó era dominado inteiramente pelo espírito do Dr. Fritz. Ele fazia
realmente operações conforme eu mesmo testemunhei durante uma semana em que
convivi com o trabalho e Arigó, em Congonhas do Campo. Pode-se dizer que um
espírito para operar através de um médium, ele precisa dominar inteiramente a
mente, o pensamento e os movimentos do médium. O médium deverá ser um
médium mecânico, o que significa dizer que não poderá, de modo algum, interferir
na comunicação. As operações espirituais feitas através de médiuns precisa ter
objetivo e também atender a necessidade de pacientes. Nem sempre os espíritos
podem atender a esses dois quesitos. Por isso, devemos sempre ter em consideração,
nas operações mediúnicas, o objetivo das mesmas.

3.É correto termos num Centro Espírita uma reunião de Curas Espirituais
com receituário mediúnico, sem que um médico esteja presente para assinar a
receita ?

Sim. Me parece correto. É o que, aliás, ocorre na maioria dos Centro Espíritas que
utilizam o receituário mediúnico. Mas, se num centro, houver um médico que seja,
ao mesmo tempo, médium receitista, ou psicógrafo receitista, deve-se dar prioridade
ao trabalho desenvolvido por esse médium. Mas, recordemos, em sua grande
maioria, os centros espíritas não contam com médiuns médicos receitistas.

4.Mas não se corre o risco de um processo por exercício ilegal da medicina ?

-93-
Sim. Corre-se esse risco. O código penal brasileiro prevê que todo o gesto (sic) e
receitas sem habilitação autorizam à polícia intervir no caso.

5.Como as pessoas que tem esse fluido próprio para cura, deveriam utilizar
esse "dom", do ponto de vista espírita ?

Através dos passes curativos em Centros Espíritas que possuem sessões próprias
para esse fim. No caso de um Centro não possuir este serviço, deve-se buscar algum
que o possua ou então trabalhar em lugar apropriado para o desenvolvimento dessa
belíssima faculdade mediúnica que, se bem utilizada, poderá promover inúmeras
conversões ao Espiritismo.

6.Uma vez indicado o tratamento de cura, é certo o resultado positivo (claro


que acompanhado dos cuidados da medicina legal, conforme instruído) ou
dependerá de outros fatores? E quais?

Não, não é certo! Tem-se que levar em conta uma série de circunstâncias. Às vezes
o doente, quando procura o médium, já está com a doença em estado avançado. O
médium, então, deverá dar os passes no sentido de aliviar as dores e os problemas
decorrentes. Não se pode esquecer que tudo na vida tem um fim, até mesmo a vida
física. Mas, temos ao longo de 35 a 37 anos de atividades semanais na cura visto
casos incríveis de cura feita pelos espíritos.

7.O que vem a ser "Mediunidade de Cura"

É a capacidade que um médium tem de promover a cura de doenças físicas ou, pelo
menos, aliviar os seus sintomas. Quando ele é curador, ele não é médium, é apenas
um "curador".

8.Porque a FEB não acata as práticas de curas/cirurgias mediúnicas ?

Não posso responder pela FEB, mas, ao que sei, ela somente cuida da divulgação do
Espiritismo. Embora ela tenha uma sessão de desobsessão, em uma reunião
chamada "Grupo Ismael", ao que me consta, ela prefere manter-se mais voltada para
a divulgação doutrinária.

9.Se as pessoas procurarem o centro espírita tão somente para a cura do físico,
não estaríamos aí tirando o espaço que deve ser da medicina tradicional ?

Sim. Por isso, todo Centro Espírita deve promover reuniões de estudos doutrinários
de caráter obrigatório para quem deseja tratar-se através da mediunidade de cura.

-94-
Não podemos esquecer que muitos que buscam a mediunidade de cura, já foram
desenganados pelos médicos da Terra. É nesta hora que podemos avaliar realmente,
o mérito dos doentes e se suas provas estão em curso ou em termo final.

10.Tenho visto em alguns núcleos de cura, que médicos do plano receitam a


seus pacientes a ingestão de chás, remédios caseiros, etc. Isso é certo? Será que
isso não é influência anímica do médium mau preparado? O uso da água
fluidificada não seria suficiente ?

Nesse caso, nós teríamos que examinar caso por caso, ou seja, médium por médium.
Tenho uma opinião: O médium de cura, na hora da cura deve limitar-se a atuar
fluidicamente e deixar para a hora do receituário a indicação medicamentosa.

11.Qual o objetivo das curas mediúnicas, se a verdadeira cura é a reforma


moral do espírito ?

Não podemos esquecer, com Kardec, que o homem para poder trabalhar precisa de
um corpo sadio. A mediunidade de cura serve, principalmente, para fortalecer e
amparar aqueles que precisam de um corpo sadio para a execução de suas tarefas.
Não se deve, porém, esquecer, em nenhum momento, que o médium de cura precisa
lembrar às pessoas que trata, que o objetivo do Espiritismo é a reforma moral das
criaturas.

12.Qual a melhor orientação quando alguém busca a cura num centro espírita
?

Devemos falar às pessoas que nós os iremos ajudar mas, que ele não esqueça do
tratamento médico convencional que não deixe de orar e que medite sobre sua
doença. Temos em nossa experiência pessoas que vieram buscar somente a cura e se
tornaram grandes trabalhadores da doutrina depois que passaram a conhecer a
doutrina.

13.Sem querer tocar fogo na questão: Por que os resultados das curas não são
publicados pelos estudioso de maneira científica para que possam ser
analisados?

Realmente, é conhecido o fato de ninguém se preocupar com essa estatística. No


Centro Espírita Léon Denis, onde militamos nunca fizemos uma estatística e temos
casos comprovados de curas, com exames antes e depois dos passes. Mas,
realmente, considero que os espíritas não se preocupam com essa estatística, o que é
uma pena.

-95-
14.Duas perguntas correlatas: Quais as orientações para os médiuns de cura
terem uma atuação correta? Qual deve ser a principal preocupação do
Médium de Cura?

Muita determinação nos seguintes pontos: Vontade firme, desejo de curar, preparo
de sua mente e de seu corpo, finalidade superior, humildade e sempre trabalhar com
bons espíritos.

15.Quando se achar necessário, pode se aliar o trabalho do magnetizador ao


trabalho de desobsessão? Assim, o que deve ser feito primeiro ?

É necessário, a maior parte das vezes, quando se nota nítida influência espiritual no
caso do doente.

16.Cada médium tem seu mentor?

Sim, mas existem mentores que acompanham os médiuns e os mentores da própria


casa espírita em que o médium trabalha. Assim, é comum vermos, em certas
situações o mentor habitual do médium ser substituído por outro espírito, no caso
pode ser o mentor da casa. Tenho visto, também, chegarem espíritos que dizem ser
protetores dos próprios doentes.

17.Como é definida a cura no Espiritismo moderno, mera cessação de sintomas


ou cura real?

Não, não há espiritismo moderno. Quando o doente tem que ser curado, ele fica
curado mesmo. Agora, como você fala, às vezes cessam sintomas. Temos sempre
que analisar cada caso. Não podemos esquecer que a mediunidade é matéria
experimental. A mediunidade de cura está nesse caso.

18.E quanto às intervenções cirúrgicas espirituais? Há explicação para o fato


de haver diferentes tipos de intervenção? Por que, em alguns casos, as
cirurgias são abertas, ou seja, há manipulação física, com cortes, etc?

Isto depende das necessidades do doente, mas, pelo que tenho visto e lido através
dos anos, o assunto tem a ver com a disponibilidade de médiuns para este trabalho.
Há umas duas décadas, mais ou menos, nas Filipinas, na parte mais pobre do país,
havia um grupo liderado por um médium, não-espírita, chamado Tony Agpoa. Estes
médiuns tinham uma faculdade especialíssima que era de passar o dedo indicador
na parte afetada do doente, a carne se abria, ele metia as mãos no abdômen e puxava
tumores, cânceres e cortava aquele pedaço doente e em seguida ele voltava a passar

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o dedo na parte aberta do corpo e esta parte se fechava ficando uma fina cicatriz.
Não houve casos de desencarnação por este tipo de trabalho. Este médium foi
acompanhado durante muito tempo por pesquisadores de todo mundo. Já faleceu.
No Brasil, tivemos o José Arigó que fazia cirurgias espirituais com cortes físicos.
Parece que veio numa ocasião certa para comprovação. O que veio comprovar a
existência do mundo espiritual através da mediunidade de cura.

19.Sabendo que 90% das doenças tem sua causa mais profunda na desarmonia
do perispírito, seria possível realizarmos reuniões onde tratássemos
diretamente com ele? Se a resposta for afirmativa, como fazer?

20.Sim. Mas esse trabalho não será tão difícil de ser realizado, a partir do momento
em que juntarmos doentes em uma mesma sala, fazermos uma prece e darmos o
passe nele sem aprofundar o fluido no corpo físico, e sim darmos o passe de um
modo, como se fosse mais superficial, para atingirmos o perispírito. É necessário,
porém, que haja um médium vidente, ou um sensitivo, que acompanhe a ação do
fluido no perispírito.

21.Em sua essência, a doença é sempre o resultado do conflito entre a mente e a


alma? E ela somente será erradicada, exceto por nossos próprios esforços
mentais e espirituais?

Não, não podemos encarar o assunto só desse ponto de vista. Há doenças adquiridas
como as infecciosas. Mas, realmente, há uma fase de doença que podemos observar
um grande conflito entre mente e espírito. Temos caso em nossa lembrança de que
uma menina, durante os passes, ela entrava em uma espécie de sonambulismo e se
reportava a um passado que não víamos, só víamos a sua mente mergulhar e ela
entrava em crises de ausência. O tratamento dela foi todo feito por psicólogo, que
conseguiu fazer com que ela se preocupasse somente com seu futuro e nunca com o
passado. É um caso bem interessante em que vimos que os passes de cura nenhuma
ou pouca influência tiveram na sua cura.

22.Quando a mediunidade aflora, o seu mentor logo se apresenta ?

Não. Geralmente, são espíritos mais próximos de nós que nos acompanham na fase
inicial do tratamento. Isto, porém, é uma regra geral. Conheço casos, raros, em que
os mentores se aproximaram bem no início do trabalho do seu médium.

23.Por que certas instituições separam médiuns de cura em trabalhos especiais


de passes? Não poderiam atuar junto com as demais equipes de passe, no
anonimato ?

-97-
Poderiam. Mas, quando se trata de trabalho de cura, eles devem ficar, realmente, em
salas, ou em horário, separados, para uma melhor produção mediúnica, assim como
se faz nas sessões de desobsessão.

24.O tratamento feito com cirurgia, cortes, é mais eficiente que os que feitos
com passes apenas?

Depende da situação, da circunstância. No Centro Espírita Léon Denis, não usamos


cortes cirúrgicos e temos tido muitas curas. Entretanto, a bem da verdade, os
benfeitores da casa, em muitos casos, afirmam que só a cirurgia terá efeito em
certos casos de doença. Entendo que devemos dar prioridade aos passes e fazer
acompanhamento médico para ver se o doente pode ficar sem a cirurgia física.

25.Pode o médium de cura ser processado por curandeirismo ?

Dentro do código penal brasileiro, sim. Mas, desde 1945, não há mais esse tipo de
acusação para médiuns que apenas usam os passes curadores.

26. Porque alguns estudiosos da doutrina desconsideram os médiuns que


trabalham com curas, afirmando, inclusive, que não são espiritas?

Você disse bem: "Alguns estudiosos". Realmente, os que falam assim só vêem o
Espiritismo por um aspecto, ignoram outros aspectos, como a cura, como também
existem os que afirmam que um Centro Espírita não precisa do trabalho de
desobsessão. Segundo eles, a própria sessão pública é a grande sessão de
desobsessão. Isto é verdade, mas, para os que vão à sessão e as intercessões, o pai, a
mãe, o filho, a esposa, o esposo que não vão ao Centro Espírita? Entendemos que
uma casa espírita deve ter sua especialidade de trabalho, mas não se deve ignorar o
esforço desenvolvido por outras instituições.

27.Há males que vem para o bem, algumas enfermidades não podem ser assim
classificadas?

Sim. Há doenças que despertam o espírito humano para a espiritualidade. É assim


que ocorre com algumas pessoas.

28.Como avalia as acusações de charlatanismo feitas a Edson Queiroz e


Geraldo de Pádua?

Muitas vezes tomei conhecimento de acusações sérias a esses médiuns. Realmente,


ouvi e em dois casos houve comprovação de envio de dinheiro. É uma pena que
pessoas usem do Espiritismo ou da mediunidade para ganharem dinheiro.

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29.Gostaria que você me explicasse o que entende por "mediunidade
experimental", com relação às curas.

Quero dizer que todos os casos de curas, como os casos mediúnicos de um modo
geral, devem ser examinados. Por isso, a mediunidade é experimental. Há a tese,
mas há a comprovação da tese. Em certos casos, o médium já é tão experimentado
no assunto que não se testa mais sua mediunidade, mas a cada médium novo é
natural que ele comprove seu dom mediúnico. Assim, a mediunidade, em si mesma,
estará sempre sendo testada. Não mais a tese, mas sim o médium.

30.Que se entende por mediunidade de cura?

Entendemos que Medicina Espiritual é a medicina praticada pelos espíritos, através


da aplicação de passes, das sessões de cura e, eventualmente, pelo receituário.
Todas as vezes que esse trabalho for dirigido por um espírito, para mim este é um
trabalho de medicina espiritual.

Quanto às sessões de cura, devemos lembrar Kardec, em "O Livro dos Médiuns",
que nos fala especificamente do assunto e na "Revista Espírita" de 1865, igualmente
o mestre lionês fala sobre este tipo de mediunidade.

Léon Denis, no livro "No Invisível", fala sobre fluidos e sobre os passes curadores,
inclusive, ao que me parece, foi o primeiro a falar em passe de sopro. André Luiz,
mais tarde, no livro "Os Mensageiros", também fala sobre esse assunto. (t)

31. Não estaremos ferindo a legislação médico/legal, ao usarmos o termo


MEDICINA espiritual, já que a medicina deve ser exercida por aqueles que
são legalmente formados? Não seria mais correto o emprego do termo
TRATAMENTO ESPIRITUAL?

Creio que se deve manter o termo "Medicina Espiritual", uma vez que, em sua
maior parte, quem conduz o fenômeno mediúnico, junto aos médiuns, são os
médicos e enfermeiros no mundo espiritual. Entretanto, não está errado falar em
tratamento espiritual, embora a maior parte das vezes eu tenho ouvido este termo
aplicado às sessões de socorro desobsessivo.

Creio que com o tempo ficará mais claro para todos nós essas duas afirmativas.

32.Considerando que o assunto é "Medicina Espírita", vem muito a calhar o


recente prêmio Nobel de Medicina dado a três cientistas, um sueco, Dr. Arvid
Carlsson e dois americanos, Paul Greeggard e Eric Kandel, onde os cientistas

-99-
acabam de verificar que a questão da personalidade humana pode ser modifica
com substâncias químicas, desmitificando a provável existência do Espírito
como causa da personalidade humana. Mostraram, ainda, que as ligações
íntimas entre substâncias químicas e os neurônios altera o comportamento do
paciente. Com isso, como fica a Medicina Espírita? Já era? Ou vamos proceder
com o fanatismo de dizer que ela continua intocável, fazendo dela um dogma?

Tenho a certeza que os cientistas citados pesquisaram junto a almas que lhes deram
condições para que eles chegassem a essas conclusões. Eles não falaram das
possíveis tentativas em personalidades que não aceitaram as substâncias aplicadas e,
portanto, não modificaram as personalidades.

Quem trabalha com pesquisa, principalmente no campo da alma humana, da mente,


sabe muito bem que os semelhantes atraem os semelhantes. Falta eles mostrarem o
resultado de todas as pesquisas feitas por eles. Provavelmente eles apresentaram
resultados aparentemente insofismáveis, mas sempre partindo das almas que
aceitaram aquelas medicações. Sem querer fazer comparações, poderemos também
aceitar que os pastores que fazem os chamados exorcismos, eles só trabalham com
almas que se submetem à sua ação magnética.

Muitos poderão dizer que, no caso das substâncias químicas, por elas não serem
subjetivas, não há como contestar sua ação, mas qual o médico que não será capaz
de contar um caso em que os remédios aplicados deram certo com algum doente e
não deram com outros doentes? Os remédios também não são subjetivos e, no
entanto, a sua ação pode ser abalada pelo resultado de uma mente que o rejeite. (t)

33.Poderia falar um pouco sobre este espírito Dr. Fritz e seu trabalho?
Gostaria de saber um pouco sobre as operações espirituais feitas pelo suposto
espírito do Dr. Fritz e outros.

O espírito de Dr. Fritz, ao que me parece, trabalhou unicamente com o médium José
Arigó. Este médium foi realmente o grande médium que comprovou a medicina
receitista, principalmente, e a cirúrgica, em segundo plano.

Os outros médiuns que trabalharam com Dr. Fritz, ao que tenho conhecimento, não
o fizeram nas mesmas circunstâncias e possibilidades do médium José Arigó.
Inclusive, pesa-nos falar acerca da questão financeira que envolveu os últimos
médiuns que trabalharam com o referido espírito.

Repito que, na minha observação, se trata de outro espírito que não o Dr. Fritz que
se apresentou pelo José Arigó. Poderemos dizer que isto não infirma a possibilidade

-100-
da mediunidade receitista e curadora nos médiuns pós José Arigó. Nesse caso,
teremos que ver o resultado prático de suas intervenções e o quanto isto beneficiou
a doentes. Tenho conhecimento de pessoas que afirmam ter sido curadas pela
medicação ou outras ações praticadas por esses médiuns. (t)

34.Há alguns dias atrás, em uma palestra, o expositor afirmou que a água não
precisa ser fluidificada porque ela já o é, e o que ocorre é a energização da
água pelo plano espiritual. Isto procede? De que forma a água fluidificada ou
"energizada" pode contribuir nos tratamentos espirituais?

Segundo os bons autores que tratam do assunto "Magnetismo", há a informação de


que a água é o melhor veículo de absorção dos fluidos. Nas casas espíritas, os
espíritos corroboram essa afirmativa mandando que se coloquem receptáculos com
água para que eles coloquem nos mesmos suas forças curativas.

Assim, acredito que não haja uma energização e sim a colocação de energias
curativas na água que chamamos, nas casas espíritas, de água fluidificada.

Não se pode negar que haverá ocasiões em que os espíritos apenas energizam a
água e não colocam substâncias curativas na mesma. Será uma questão a ser
perguntada a cada benfeitor e em cada sessão. (t)

35.Como saber se temos a mediunidade de cura? E de que forma podemos


aplicá-la para ajudar alguém?

Devemos aplicar as clássicas sugestões de Allan Kardec: ou pela experiência, ou


pela informação é que teremos exata noção de qualquer mediunidade que
possuímos.

No caso da cura, específico, ou algum espírito ou médium nos faz a revelação de


que somos médiuns curadores, ou verificaremos através de inúmeras circunstâncias
que somos médiuns curadores.

Entre essas circunstâncias, podemos situar as seguintes: aproximação contínua de


pessoas adoentadas junto a nós; percepção da retirada de fluidos espontaneamente
feita; pessoas que nos falam que após tomarem passe, ou simplesmente após se
aproximarem de nós, sentiram-se curadas de seus achaques.

Uma outra maneira que temos para verificar nosso potencial de cura é darmos
passes em pessoas doentes. Após uma série de passes, essas pessoas ficarão
perfeitamente curadas.

-101-
36.Porque os trabalhos de cura fascinam a tantos médiuns?

É realmente uma mediunidade fascinante. Não só pelo magnetismo, pelo fluido e


pelo desejo de curar, a mediunidade curativa estimula aos médiuns a uma produção
contínua de fenômenos ou sessões curativas.

Não devemos esquecer a presença de benfeitores espirituais generosos e bondosos


que se aproximam do médium curador. Estes benfeitores também trazem sua cota
de boas vibrações, fazendo com que o médium se sinta "bem acompanhado".

37.No livro "Trilhas de Libertação" temos um médium de cura, obsidiado pelo


espirito de um médico. Como fazer para que estas situações não aconteçam?

Todo médium jamais deve esquecer as lições básicas da Doutrina Espírita: nem
todo espírito é superior ou bom. O mesmo se aplica aos espíritos médicos do além.
Eles também podem ser espíritos sofredores. Médicos que usaram mal suas
possibilidades profissionais podem, ao passar para o mundo dos espíritos, continuar
maus médicos.

Nesse caso, a oração, o estudo e o contínuo exame das produções mediúnicas é o


melhor preservativo para a obsessão.

38.Gostaria de saber como o espiritismo vê a AIDS, bem como o que é possível


se fazer dentro da medicina espiritual para a cura e/ou alívio da doença.

A AIDS é uma doença de fundo cármico ou resultado da lei de causa e efeito. Creio
que o Espiritismo vê nessa doença o mesmo que vê em outras doenças e/ou doentes:
alguém ou alguma coisa que precisa ser tratada.

Os passes nos aidéticos são dados, de um modo geral, na região dos pulmões, por
ser uma região sensível à doença. Mas tenham certeza que cada médium deverá ter
sua percepção própria acerca da doença e do tratamento.

Não se pode esquecer que o alívio é o que se deve perseguir, inicialmente, em


qualquer tratamento, junto a aidéticos. A cura, se possível, ficará para depois.

Posso afirmar que muitos portadores da AIDS ficaram com a doença controlada
com a associação dos remédios e dos passes curativos tomados com muita
confiança em Deus e nos bons espíritos.

-102-
39.Tento explicar uma tese em que, considerando o corpo físico cópia do
perispírito, da mesma forma que existem mecanismo de feedback no corpo
orgânico, pode ou deve existir os mesmos mecanismos no perispírito (minha
pergunta se refere mais aos centros vitais)?

Sim, o professor Ernesto Bozzano chamava isso de automatismo psíquico ou


automatismo perispiritual. É o caso de pessoas portadoras das chamadas doenças
fantasmas, porque estão ou no perispírito ou se repetem junto às experiências do
espírito como encarnado. Exemplificando: pessoas com gosto requintado na
alimentação, quando jamais conheceram certos tipos de alimentação.

39.Sabemos que o trabalho de cura atrai muita gente que busca a cura do
corpo físico, mas, muitas vezes, não despertam o seu lado espiritual. Neste caso,
a cura do corpo não faz mais mal para o espirito?

Vamos dizer que não valeu a pena dar passes naqueles que apenas usam a
mediunidade de cura para ficarem curados e não se transformaram moralmente.

O médium de cura deve ter o cuidado de ou ele mesmo falar às pessoas doentes da
Doutrina Espírita ou só trabalhar em Centros Espíritas cujas sessões de estudos
doutrinários sejam obrigatórias aos doentes, fazendo, desse modo, com que eles,
antes de tomar os passes, pelo menos escutem alguma coisa de Doutrina Espírita.

40.Como posso fazer para me ajudar através da Medicina Espiritual?

Indo a uma casa espírita que tenha este tipo de trabalho, explicar a sua situação de
doença e pedir que você seja beneficiada pelos passes de cura.

Não esquecer, porém, de que para sermos curados precisamos contar com o nosso
sentimento de transformação e com a nossa vontade pura de nos transformarmos, se
houver erros em nós.

A ida à casa espírita é um caminho mais rápido. Se a pessoa não conseguir ir a um


centro, ela deve se habituar a, em dias e horas certas, fazer suas preces e pedir que
os bons espíritos médicos o amparem, o curem e fluidifiquem sua água. De
qualquer modo, temos a certeza de que as circunstâncias prevalecerão em cada caso.

-103-
A nossa experiência diz que a ida à casa espírita propõe ao doente maior quantidade
de estudos, de fluidos e, conseqüentemente, de aprendizado mais rápido e, portanto,
de sua cura.

41.Como os passistas, que não são médiuns curadores, podem fazer para
ampliar a sua atuação?

Dar passes o maior número de vezes possível e trabalhar nos mais variados tipos de
trabalho de passes. Por exemplo, passes nas reuniões de desobsessão, passes em
crianças e idosos, que são pessoas com situações diferentes de um adulto comum.
Também pode-se trabalhar nos passes dispersivos que preparam o doente para o
passe de cura propriamente dito.

42.Eu pergunto se, quando na transfusão energética através do passe, um


centro vital não necessita de energia, o coronário energiza outro centro
recebendo impulsos das células perispirituais , da mesma forma que no corpo
físico, por exemplo, feedback que ocorre no ciclo de Krebs.

A experiência indica que todo médium, ao dar passes, "sente" quando está na hora
de parar de dar passes ou de direcionar o passe numa direção preferentemente à
outra. Assim, quando damos passes em uma pessoa equilibrada, ela logo fica
saturada de bons fluidos e o médium sente que está na hora de parar com o passe.

Nos casos em que o médium não tem essa percepção, ele deverá desenvolver outros
mecanismos para parar com o passe quando ele sentir que o paciente já está
saturado de energias. A audição, a visão mediúnica, ou mesmo a percepção fluídica
junto ao doente dará ao médium esta segurança de que você fala.

43.Como conseguir aproveitar todas as ondas espirituais que nos vêm através
do passe? Como aproveitá-la e utilizar no dia a dia da vida, para conseguirmos
a recuperação da doença espiritual, principalmente quando uma pessoa é bem
desequilibrada, possui muita doenca espiritual?

Todo médium, bem como todos os seres que freqüentam a Casa Espírita devem
valorizar o fluido que lhes é aplicado. E isto começa pela noção de gratidão aos
guias espirituais, tanto quanto a Deus, sem esquecer que as pessoas devem se dar
conta de que o fluido será para elas uma espécie de energização e, portanto, todos
devem valorizar ou sentir-se gratas quando recebem o passe.

-104-
44.Uma amiga presente (tímida) trabalha numa ONG ajudando a cuidar de
aidéticos. Qual a orientação geral a ser seguida, onde ela poderá ajudar ainda
mais?

Se ela puder sugerir aos aidéticos não-espíritas o tratamento alternativo de passes,


ela ajudará bastante aos mesmos. Se ela não puder fazer isso, ensine aos mesmos o
hábito da prece. Se eles não aceitarem, reze assim mesmo por eles e você estará
desenvolvendo o mecanismo da intercessão.

De qualquer modo, nunca esqueça que o aidético é alguém que traz em si marcas
profundas em torno da dor, além da própria discriminação que ele faz de si ou que
ele sente partida dos outros.

45.Afinal por que a mediunidade de cura?

Que as pessoas valorizem o passe de cura como uma das bênçãos de Deus que caem
sobre a Terra. Não é que a mediunidade de cura haja de suprimir todas as doenças,
mas através dela o conforto espiritual, a prece, os hábitos elevados e as forças da
caridade se movimentam com maior freqüência junto a todos nós. Valorizemos esta
abençoada mediunidade como fonte de auxílio ao semelhante e de amor ao
próximo.
29 -BENEFÍCIOS DA MEDIUNIDADE

Os Espíritos sofredores carregam as suas dores durante muito tempo, ou às


vezes por décadas e mesmo séculos. Qual o benefício proporcionado aos
mesmos, no breve atendimento feito durante a prática mediúnica?

O mesmo bem-estar que logra uma pessoa que se encontra num estado
depressivo e conversa com alguém otimista. Aquele primeiro contato não lhe
resolve o problema, mas abre uma brecha na escuridão que reina intimamente no
campo mental do desencarnado.

Quando alguém está com um problema e vai ao psicanalista, a solução não


vem de imediato, porém abre-se um espaço. Na segunda sessão, já deixa uma
interrogação e na terceira aponta-se o rumo a ser seguido, dependendo da
profundidade da problemática.

Na prática mediúnica há um detalhe a considerar que é muito importante:


quando o Espírito aproxima-se do médium, este, como uma esponja, absorve a
energia positiva ou negativa, a depender do grau de evolução do comunicante. No
caso de um Espírito bom, o médium sente uma sensação de euforia, bem estar e de
desdobramento espiritual. Quando se trata de um Espírito sofredor, o sensitivo, ao
absorver-lhe a energia, diminui-lhe a densidade vibratória e ele já melhora. Para se
ter uma idéia, é como se estivéssemos sufocados por uma compressão íntima a
respeito de alguma coisa e, de repente abríssemos a boca e desabafássemos este
estado angustiante. Nesse ínterim, o médium absorve a energia deletéria e, mesmo
que não ocorra uma doutrinação correta, a Entidade já melhora porque perdeu
aquela emanação que a desequilibrava.

Os espíritos sofredores ficam envolvidos dentro de um círculo vicioso,


comparado a alguém dentro de uma sala fechada, onde o oxigênio vai ficando
viciado na medida que se processa o fenômeno respiratório por não existir
renovação de ar no meio ambiente. No instante em que esta renovação se dá, o
indivíduo aspira o ar purificado e sai da situação sufocante.

No fenômeno da psicofonia ou incorporação, o Espírito comunicante sai de


um verdadeiro estado de estupor só pelo fato de aproximar-se do campo magnético
do médium. Na doutrinação já se lhe desperta a mente para que, utilizando-se da
aparelhagem mediúnica, possa ouvir e mudar a maneira de encarar o seu problema
perturbador.

-106-
Por mais rápida que seja a comunicação, o Espírito sofredor recebe o
benefício eficaz daquele instante, às vezes fugidio.

O mesmo não acontece quando é um Espírito calceta. Se vou falar a


uma pessoa que está sofrendo honestamente, as minhas probabilidades de êxito em
consola-la são maiores do que falando a uma pessoa rebelde e vingativa. No
entanto, embora não se consiga bons resultados no primeiro tentame, pelo menos a
entidade verifica que nem todos estão de acordo com o que pensa, abrindo-se assim
uma clareira interrogativa em sua mente.

41.Considerando-se reduzido o número de espíritas, na Terra, em relação à


grande quantidade de espíritos sofredores na Erraticidade, a assistência a esses
espíritos não poderia ser no Mundo Espiritual, sem a necessidade das práticas
mediúnicas no campo físico?

Certamente, e é dada. Os Benfeitores espirituais não necessitam de nós para


essa finalidade; nós, sim, necessitamos deles.

Qualquer pessoa que leia a coleção André Luiz toma conhecimento das
reuniões realizadas no mundo espiritual, onde os Espíritos-Médiuns funcionam no
atendimento às entidades atrasadas ou captam o pensamento dos seres superiores.
Em toda a coletânea de Manoel Philomeno de Miranda, constituída de várias Obras
sobre mediunidade e obsessão, consta que, terminadas as reuniões mediúnicas no
plano terreno, funcionando como um prolongamento destas, continuam, fora do
campo físico, os trabalhos de socorro espiritual, onde os Espíritos se utilizam dos
médiuns desencarnados para ajudarem os médiuns encarnados.

As práticas mediúnicas no plano físico representam um benefício para os


médiuns encarnados porque promovem a arte de fazer a caridade sem saber-se
realmente a quem. Realmente, são poucas, as práticas mediúnicas para uma
demanda tão grande, mas é uma forma de travarmos contato com o mundo de
Além-túmulo, pois, se não existisse o fenômeno da comunicação mediúnica
estaríamos desinformados do que ocorre além da existência física. Cada prática
mediúnica é um laboratório de experiências. Há comunicações que nos comovem
profundamente, lições que nos despertam, de uma forma intensa, apelos e sugestões
de raras oportunidades.

As sessões mediúnicas também servem para renovar a energia dos próprios


médiuns. Eles recebem fortes dosagens de energias, aumentando cada vez mais a

-107-
sua proteção. Cada vez mais ele se renova, se depura, recebe e pratica a caridade. A
exemplo de Chico Xavier, o médium doa-se a si mesmo., entretanto se ele não
exerce a sua atividade mediúnica, ele se fecha, os espíritos necessitados o procuram,
os cobradores o atacam e o médium pode até ficar doente.

30. OS CUIDADOS COM A MEDIUNIDADE

É verdade que os médiuns precisam ter uma série de cuidados com a saúde,
mas também é preciso que nós tenhamos consciência de que eles não são
pessoas dotadas de poderes e forças sobre-humanas, mas apenas seres
humanos, como nós, com seus acertos e erros.

Todo médium é um ser encarnado e, como tal, tem um corpo físico e uma vida
material para cuidar, além da espiritual. O corpo físico é apenas uma máquina, é um
empréstimo, é temporário. É uma extensão do espírito e deve durar o tempo
suficiente para o cumprimento da tarefa a que ele se dispõe aqui na Terra, inclusive
a mediúnica. Dessa forma, exige certos cuidados práticos que não podem ser
negligenciados, a fim de que não se comprometa o seu plano de encarnação, nem a
sua tarefa como médium.

Sendo assim, a vida material é intrínseca à encarnação e implica certos cuidados


“mundanos” que não podem ser deixados de lado para que não venha a causar
preocupações e desgastes necessários, comprometendo tanto seu plano encarnatório,
como sua tarefa mediúnica. Para cumprir essa tarefa, ele precisa estar bem como
plano encarnado; do contrário não poderá atender satisfatoriamente às exigências e
condições de trabalhos com os espíritos. É preciso que o médium se lembre de que
sua vida física é parte importante e integrante de sua vida espiritual, e não pode ser
separada, isolada, anulada, negligenciada ou ignorada, para que seu próprio espírito
não se prejudique com isso.

Bastante discutidos, os alimentos interferem diretamente na qualidade das energias


que trazemos em nosso duplo e em nossa aura, conseqüentemente afetando nosso
psicossoma.

Sendo a mediunidade uma hipersensibilidade transferida para o corpo físico no


momento do reencarne, é natural que o organismo do médium seja ainda mais
sensível ás energias dos alimentos do que a média das pessoas.

-108-
Considerando ainda que o perispírito, o duplo e a aura são as principais elementos
de contato do espírito comunicante com o médium – como se fosse “órgãos do
sentido mediúnico”, é natural que qualquer coisa que interfira na sua vibração,
tornando-a mais lenta e mais densa e deixe suas energias mais pegajosa ou oleosas,
também influencie diretamente seu grau de sensibilidade, dificultando a percepção e
a sintonia do médium com as entidades desencarnadas, especialmente as mais
elevadas, cujo padrão vibratório é mais intenso e sutil.

Por esse motivo o médium deve ter atenção especial a sua alimentação. Ele deve
evitar tudo aquilo que, com o tempo, ele percebe que não lhe faz bem ou prejudica
seu trabalho de intercâmbio, amortecendo a sensibilidade mediúnica energética,
especialmente no dia de trabalho e reunião.

Por se tratar de algo individualizado, não há regras e receitas prontas: cada um deve
estabelecer o que melhor lhe convierem termos de alimentos;, observar as próprias
reações físicas psíquicas e espirituais a cada um deles, lembrando-se sempre que
essas reações podem mudar, e muito, com o tempo, a medida que sua sensibilidade
for aumentando ou mudando.

De qualquer forma, existem alguns alimentos que a experiência de vários médiuns e


trabalhadores espiritualistas já indicou como prejudiciais à sensibilidade mediúnica,
por ter características energéticas mais densas ou existentes, Esses alimentos são as
carnes vermelhas; os grãos mais gordurosos (amendoim, amêndoas, nozes, etc. café,
chocolate e alguns chás (por ser estimulantes ou excitantes). E os doces (em
excesso), que devem ser evitados, pelo menos nas 24 horas que antecedem o
trabalho mediúnico ou energético. Sem falar, é claro, do álcool e do tabaco em
geral.

Além disso, o médium deve ter sempre a preocupação de manter uma alimentação a
mais equilibrada possível, variando bastante os alimentos, para garantir também
uma variedade suficiente de nutrientes físicos e energéticos que possam atender a
todas as suas necessidades e garantir também sua saúde física e energética. Porém,
todo esse cuidado não deve impedir que o médium leve uma vida normal,
usufruindo equilibradamente de tudo que a vida material oferece. Os prazeres
materiais, quando experimentados com equilíbrio, podem até ajudar o médium a se
manter mais centrado, não permitindo que entre em contato com o mundo físico
que, no momento, é mundo que lhe toca mais de perto.

Entre esses prazeres, está inclusive, o consumo, moderado e equilibrado de tudo


aquilo que citamos acima, já que um médium nunca será o melhor porque aboliu
completamente o álcool ou a carne vermelha de sua alimentação, mas devido ao seu

-109-
sentimento por essas coisas e por tudo que a vida lhe proporciona e oferece. Todo
trabalho mediúnico e energético depende do corpo físico e suas energias e também
do estado de saúde do médium, o qual depende e ao mesmo tempo interfere no seu
estado mental e emocional.

Toda doença física e a materialização de um desequilíbrio psíquico e/ou energético


prévio. E quando esse desequilíbrio se materializa no corpo f´sico é porque já estava
latente nos outros corpos energéticos a mais tempo. O transe mediúnico, seja de que
tipo for, os tratamentos de cura, as práticas energéticas em geral, também existem
um esforço físico por parte do médium, o qual consome uma porção de suas
energias para realizá-los. Se ele já estiver energicamente debilitado por uma doença
física, já a captação e a rearmonização das energias, depois de um trabalho, também
existe boas condições mentais e emocionais. E, sem fazer essa captação de forma
eficiente, poderá sair do trabalho em estado pior do que quando entrou. Por isso é
que se recomenda que o médium não trabalhe quando estiver doente, preservando-o
de um desgaste maior.

Além disso, como condição física interagem intimamente com as condições


mentais, emocionais e espirituais, se o médium deixa de trabalhar quando está
doente evitamos que alguma energia desequilibrada passe para as pessoas ou
entidades a serem atendidas, o que poderia causar mais perturbação do que
benefício. Por outro lado, impedimos que o médium, em vez de doar, “roube”,
inconstantemente, energias dos assistidos, encarnados ou desencarnados.

Num caso desses, o médium deve ser capaz de reconhecer que não tem condições
de trabalhar, e o dirigente responsável pelo trabalho deve ter o bom senso de não
existir o sacrifício. Isso não significa que qualquer dor de cabeça ou unha encravada
possa ser usada como desculpa para não trabalhar. Estamos falando de problemas
de saúde que realmente estejam debilitando e limitando o médium em sua
capacidade de concentração, atenção, doação e em seu vigor físico, e não de
qualquer indisposição leve a que todos estamos sujeitos no dia-a-dia agitado que
levamos.

A higiene é parte importante na manutenção da saúde de qualquer ser encarnado e


deve ser preocupação do médium também. A higiene física, caracterizada pelos
bons hábitos básicos que aprendemos desde crianças, não deve ser esquecida pois,
além de proporcionar maior bem-estar ao médium, é também uma atitude de
respeito para com os colegas de trabalho e os assistidos, que não precisam ficar
sujeitos aos efeitos naturais que a falta de higiene costuma produzir.

-110-
Na higiene física não estão apenas os bons hábitos básicos diários, mas também a
prevenção médica dentária regular, bem como a própria imagem, bem como suas
condições físicas. A auto-estima sadia é fator de muita importância no equilíbrio do
médium, já que a falta de auto-estima costuma ser uma das principais causas da
depressão, revolta, agressividade, etc.

A higiene mental também é importante. O hábito de só cuidar do que trate de


mediunidade e espíritos e, na verdade, um desequilíbrio, um vício que deve ser
evitado por qualquer pessoa que lide com a espiritualidade. Como também já
dissemos, como encarnado, o médium, deve também procurar, com equilíbrio e
bom senso, os prazeres materiais, o bom humor, as distrações, o lazer, os passeios,
os divertimentos – as coisas boas deste mundo – como forma de se manter
equilibrado, saudável, satisfeito e bem disposto.

E vale lembrar o que diz Wagner Borges no livro “Falando da Espiritualidade”


quando afirma que “ir é um santo remédio as tristezas, renova as esperanças e
descongestiona as energias”. Portanto, contar piadas, rir de si mesmo, brincar e
curtir a vida também são formas saudáveis de louvarmos a criação e o Criador, sem
que, com isso, estejamos sendo irresponsáveis ou inconseqüentes.

Assim como os alimentos, os medicamentos também têm energias próprias que


interagem diretamente com as energias físicas e extrafísicas de quem os consome.
Há medicamentos que, por sua ação mais intensa sobre o sistema nervoso,
interferem diretamente sobre as energias do duplo e da aura, e também na
sensibilidade mediúnica.

Anestesia, calmantes, excitantes, ansiolíticos, antidepressivos, etc. são substâncias


que têm ação direta sobre o sistema nervoso e interfere não só nas energias físicas e
espirituais como também na consciência e na lucidez, afetando muito a capacidade
de concentração e atenção do médium.

No entanto, o médium que esteja fazendo tratamento com alguma dessas


substâncias não precisam ser afastados do trabalho, até para o afastamento não
venha a complicar ainda mais as condições que os levaram a precisar desse tipo de
medicamento. O mais indicado é que o médium seja “remanejado”, ou seja, que ele
não atue mediunicamente ou nos passes, pelo menos por um tempo, mas compareça
as reuniões e desempenhem outras funções durante o período em que estiver
utilizando essas substâncias de forma mais intensa.

É importante ter em mente que o médium é um ser encarnado como qualquer um de


nós, e não um super-homem. Por isso, está sujeito aos mesmos problemas e

-111-
perturbações que outras pessoas, e o fato de adoecer ou precisar de ajuda
profissional ou medicamentos não é mérito para ele, nem como pessoa, nem como
médium. É preciso tratar os médiuns como seres humanos, imperfeitos, sujeitos a
altos e baixos, mas tentando acertar, crescer e melhorar, como todo mundo. É
importante não pensar que médiuns não erram, não se enganam, não falham, não
fracassam, não fraquejam. Não se deve exigir deles mais do que exigimos de nós
mesmos, pois eles não são criaturas especiais, dotados de poderes e forças sobre-
humanas. São apenas seres humanos.

Sexo é energia, é vida, é saúde. Faz parte do nosso estágio evolutivo e deve ser
encarado com naturalidade. Como tudo na vida, deve ser pensado, usado, praticado
e apreciado com equilíbrio e bom senso. O sexo sadio, feito com amor e prazer,
com alguém de quem se gosta, por quem se tem respeito e afinidade e com quem se
tem uma relação estável e sadia, é extremamente benéfico e ajuda no equilíbrio
psíquico e energético do médium.

Se feito em demasia, poderá desgastar a pessoa física, mental e enrgeticamente,


pelo esforço de todo o complexo energético envolvido na busca do orgasmo. Se
praticado menos do que o necessários, seja porque razão for, também poderá
sobrecarregar a pessoa, pelo acúmulo de energias muito vivas e ativas no corpo
físico e no complexo espiritual, podendo geral bloqueios e desequilíbrios que
também vão atingir a pessoa como um todo.

No ato sexual, as duas pessoas envolvidas entram em profunda ligação energética e


comunhão espiritual e trocam não só fluidos corporais, mas também fluidos
espirituais, indispensáveis ao bem-estar psicológico,emocional e físico de qualquer
ser humano. A abstenção do sexo na véspera do trabalho mediúnico se sentir
realmente bem com isso, sem se sentir contrariado por um eventual !”sacrifício”. De
nada adianta o médium se abster do sexo na véspera ou mesmo no dia do trabalho e
chegar para a reunião completamente desequilibrada por um acúmulo de energias
sexuais que vão tirar a sua concentração e interferir na sua sensibilidade mediúnica
e energética. Melhor seria ele praticar o sexo com equilíbrio e ir para a reunião
satisfeito, feliz e equilibrado.

Assim que o próprio médium aprenda a encarar sua sexualidade com naturalidade e
equilíbrio, dosando sua necessidade de sexo e procurando praticá-lo de forma
equilibrada, saudável e elevada, eliminando preconceitos e tabus que em nada

-112-
contribuem. Devemos lembrar que sexo também é criação de Deus e, portanto,
também é sagrado, elevado, necessário, positivo, desde que, como em tudo, possa
ser visto com bom senso e discernimento.

Infelizmente, a mediunidade não vem equipada com botão “liga-desliga”, e ser


médium é muito diferente de apenas estar médium. Isso quer dizer que a
mediunidade não pe apenas uma capacidade que podemos escolher quando ativar e
desativar. E exatamente como qualquer sentido físico: não podemos escolher
quando enxergar ou ouvir. Do mesmo modo, não podemos escolher quando ser
médiuns ou não ser médiuns. Somos médiuns 24 horas por dia, sete dias por
semana, durante toda a nossa vida.

É importante lembrar que o trabalho mediúnico não se restringe à atuação do


médium no grupo que freqüenta, nem se limita ao dia em que esse grupo se reúne
para trabalhar. Ele vai além: ocupa toda a vida de um médium e está presente em
todas as atividades que desempenha. O bate-papo com o colega de trabalho não
pode ser um simples bate-papo. Uma visita a alguém internado não pode ser um
simples gesto de atenção. O comparecimento ao velório ou aos funerais de alguém
não pode ser simples obrigação pessoal.

Para funcionar como intermediário entre o plano astral e o plano físico, seja
transmitindo mensagens de incentivo, consolo ou orientação ás pessoas que estão à
sua volta, seja servindo de canal para a transmissão de energias necessárias ao
reequilíbrio físico ou emocional de alguém. Não estamos dizendo que o médium
deva permanecer constantemente em transe, mas que esteja sempre consciente de
que é uma ponte entre o mundo espiritual e o físico e deve estar sempre a serviço
das pessoas, podendo ser acionado automaticamente a qualquer momento, em
qualquer situação, em qualquer lugar.

Por isso, é importante que o médium tenha sempre boa sintonia, mantenha
pensamentos e sentimentos saudáveis, seja sempre alegre e equilibrado, seja sereno
e confiante, para que possa ser um cana de coisas elevadas e saudáveis para todos
com quem encontra. Não estamos dizendo que o médium deva permanecer
constantemente em transe, mas que esteja sempre consciente de que é uma ponte
entre o mundo espiritual e o físico e deve estar sempre a serviço das pessoas,
podendo ser acionado automaticamente a qualquer momento, em qualquer situação,
em qualquer lugar.

Por isso, é importante que o médium tenha sempre boa sintonia, mantenha
pensamentos e sentimentos saudáveis, esteja sempre alegre e equilibrado, seja
sereno e confiante para que possa ser um canal de coisas elevadas e saudáveis para

-113-
todos com quem encontra. Se a mediunidade é capacidade ativa 24 horas por dia,
sete dias por semana, durante toda a vida, ela está presente também durante as horas
de sono. Sim, mesmo dormindo, podemos funcionar como intermediários entre
planos ou dimensões diferentes. Quando nosso corpo físico adormece, nosso
espírito se projeta para fora dele e por algum tempo passa a viver no plano
espiritual.

Para se manifestar nesse plano, ele se utiliza de psicossoma, um corpo muito mais
sutil que o físico, mas também um corpo material. Esse corpo pode ser usado por
entidades superiores para se manifestar nos planos mais densos da espiritualidade.
O plano espiritual dispõe de vários “níveis”, caracterizados por diferentes graus de
densidade de energias e frequências vibratórias. Quando mais elevado o nível, mais
sutis as suas energias e mais altas suas freqüências vibratórias.

As entidades que vivem nesses níveis mais elevados não podem se comunicar
facilmente com os níveis mais densos do plano espiritual, pois para isso seria
necessário que adensassem muito seu psicossoma, reduzindo muito sua freqüência
de vibração. Em vez disso, atuam mediunicamente em espíritos, encarnados ou
desencarnados, que ainda vivem nesses planos e, portanto, possuem um psicossoma
também mais denso, e transmitem mensagens, levam socorro, dão lições, etc.
através do que poderíamos chama de “mediunidade astral” ou “paramediunidade”.

(Revista Espiritismo e ciência n. 39)

-114-
30 - COMPROMISSO MEDIÚNICO

Muitos médiuns, antes da sua reencarnação, aceitaram a tarefa mediúnica


como opção de resgate de erros de vidas passadas. Por isso não se trata de pessoas
diferentes, favorecidas ou desfavorecidas pela vida.
Mas todo aquele que comece a sentir sintomas que indicam mediunidade,
deve começar a pensar com seriedade sobre o assunto.
Não é em vão que os poderes superiores nos dão faculdades mediúnicas. Elas
existem para podermos entrar em contato com o mundo espiritual, receber notícias
dos que se foram, esclarecimentos sobre a vida nessa outra dimensão, sobre as leis
naturais e sobre todos aqueles “porquês” que tanto angustiam a alma humana. Mas
existem principalmente como instrumentos para a prática do bem, no atendimento a
espíritos sofredores e obsessores, no consolo aos aflitos de toda natureza para alívio
e cura de enfermidades do corpo e da alma.
Sabe-se que a tarefa mediúnica é programada antes da reencarnação e, muitas
vezes, ela representa uma troca nas formas de resgate kármico, digamos que um
espírito, conhecendo ou lembrando-se de uma ou mais de suas vidas passadas, nas
quais cometeu faltas graves perante a Lei maior, decide-se a resgata-las. Entende
então, que para acabar com aquele remorso, retirar aqueles “pesos” de sua
consciência profunda, precisa renascer na Terra e purgar suas culpas numa
existência de grandes sofrimentos ou limitações.
Nessas situações, e quanto há merecimento de sua parte, ele pode conseguir
uma troca. Em vez de reencarnar com um programa de vida repleto de dores e
aflições, irá retornar à matéria trazendo um compromisso de trabalho mediúnico. É
a permuta de sofrimentos por uma tarefa de amor. E lembramos, a propósito, que o
apóstolo afirmou: “O amor cobre uma multidão de pecados”.
Assim, em vez de doença, da penúria, das deficiências físicas ou problemas
semelhantes, esse espírito reencarna trazendo compromisso de trabalho mediúnico,
inteiramente gratuito, visando apenas fazer o bem, ajudar o próximo necessitado.
Também é verdade que muitos médiuns sofrem e muito. Sem dúvida
sofreriam muito mais, não fosse a sua tarefa mediúnica.
Mas há também casos de mediunidade que não representam resgate, mas uma
tarefa de amor que alguém resolveu assumir.
Se o sofrimento é caminho de evolução, também é instrumento de contenção
e de equilíbrio. A dor, queiramos ou não, nos preserva de muitas quedas espirituais,
e muitas almas valorosas não a dispensam de suas programações reencarnatórias.
Sempre que alguém vai voltar à terra comprometido com tarefa mediúnica, os
mentores preparam devidamente para poder servir, quando na Terra, como
intermediário entre os encarnados e desencarnados.

-115-
O futuro médium então renasce e cresce, recebendo os devidos cuidados da
parte dos espíritos responsáveis pela sua tarefa.
Então, ao aproximar-se a época em que deve iniciar a sua atividade
mediúnica, começam a lhe ocorrer coisas estranhas: perturbações as mais variadas,
doenças que médicos não conseguem diagnosticar, acidentes anormais, sensações
perturbadoras como arrepios e formigamentos, sonhos esquisitos., pesadelos, dores
de cabeça, visão ou audição de espíritos e outras semelhantes.
Nessas ocasiões sempre aparece alguém para dizer que isto pode significar
mediunidade.
Pois bem, quando o médium, obedecendo ao compromisso assumido, inicia o
desenvolvimento de suas faculdades, também passa a merecer assistência dos bons
espíritos, que irão orienta-lo e ajuda-lo de acordo com permissão superior. Mas,
para que possa receber essa ajuda é necessários que se torne merecedor, sendo
dedicado, responsável, e procurando melhorar sempre as próprias atitudes,
tornando-as mais compatíveis com a nobreza de uma tarefa no bem.
O médium deve também trabalhar, sem cessar, pela própria evolução ou
crescimento interior; dedicar-se a leituras de elevado teor espiritual, como por
exemplo: O evangelho segundo o espiritismo. A conduta reta e o amor fraterno
representam a sua segurança e equilíbrio como medianeiro entre a dimensão
material e espiritual. Isto é fundamental para fortalecer o seu campo energético e
situa-lo fora da faixa de sintonia com entidades inferiores.
Nos meios espíritas é onde poderá encontrar maior segurança para suas
atividades, porque é onde melhor se conhece e mais seguramente se trabalha no
campo mediúnico.
Mas a mediunidade também pode ser uma faca de dois gumes: com Cristo, na
caridade mais pura e sob a direção de pessoas experientes e verdadeiramente
fraternas, apresenta-se como ponte de luz entre a Terra e o Céu. Mas quando se
propõe ao atendimento a interesses rasteiros, ao ganho de bens, de posições, de
influência ou status, ou pior ainda, a fazer o mal, ela se transforma em canal para
espíritos das sombras com resultados imprevisíveis, mas sempre muito ruins.
E o pior ocorre no retorno ao mundo espiritual, depois da morte. Ali, o
médium faltoso terá de amargurar suas dores, seus remorsos e o resultado de suas
ações irresponsáveis ou anti fraternas, sem falar em que terá de recomeçar tudo
outra vez, e em condições mais desfavoráveis.
Na maioria dos casos, o candidato a médium começa a receber o chamamento
para a tarefa e não atende; muitos por medo, outros por acomodação e outros ainda,
por causa de suas religiões, pois a maioria delas, sem conhecerem bem o assunto,
condenam a mediunidade e a comunicação dos espíritos.
Mas as suas faculdades certamente começarão a aflorar, mesmo assim, no
tempo previsto. Só que, pela falta de orientação adequada e pelo não cumprimento

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do compromisso assumido antes da reencarnação, elas podem transformar-se em
canal para as mais diversas perturbações, podendo desembocar em doenças ou em
desequilíbrios os mais variados, de conseqüências imprevisíveis.
É preciso, no entanto, ver que não foi a mediunidade a causadora desses
problemas, mas sim, o descaso do próprio médium que deixou de cumprir seus
compromissos.
PERGUNTA FREQUENTE – é possível que todas as pessoas sejam
médiuns?
De certa forma todas as pessoas são médiuns, porque todas são possíveis de
serem influenciadas pelos espíritos, mas quando falamos em médium a referência é
feita aos que têm essas faculdades mais desenvolvidas, capazes de transmitir o
pensamento dos espíritos, ou servir como veículo para suas manifestações na
matéria.
Há médiuns, desde aqueles que possuem faculdades apenas latentes, até
aqueles outros nos quais elas se agrupam com toda a sua potencialidade.
Os primeiros, regra geral, não têm maiores compromissos nesse terreno,
enquanto uma mediunidade estuante certamente está informando que há tarefas de
maior ou menor abrangência em sua pauta reencarnatória.
Também há casos em que a tarefa é ampliada no decorrer dos anos, a
depender do desempenho do médium, enquanto em outros ela não chega a ser
cumprida em sua totalidade. E há também aqueles, infelizmente muitos, que
abandonam a maio do caminho, sem falar nos que nem chegam a inicia-la.
Na maioria dos centros espíritas há cursos para médiuns, com estudos
doutrinários e sobre mediunidade, nos quais os participantes vão aprendendo a se
concentrar e a educar suas faculdades. Isto é muito importante para que a sua tarefa
possa desenvolver-se com equilíbrio dentro dos princípios de ética ensinados pelo
Espiritismo.
A mediunidade praticada com amor, dedicação e despreendimento é fator de
equilíbrio e paz para seu portador.
Quais as principais atividades mediúnicas desenvolvidas num centro Espírita?
As principais atividades mediúnicas nos centro espíritas são a desobsessão e o
atendimento a espíritos sofredores.
Alguns centros também se dedicam a curas através da mediunidade, nos mais
variados formatos. Mas as faculdades mediúnicas também são utilizadas para
contatos com espíritos orientadores, para recepção de mensagens, para escrita de
livros e muitas outras finalidades voltadas para o bem.
E há ainda a pintura de quadros, por espíritos de pintores, a composição de
músicas, etc.

-117-
32 - MESA MEDIÚNICA: UMA PRÁTICA

Luiz Gonzaga de Sousa

Os trabalhos mediúnicos são muito cobiçados por aqueles que querem conhecer os
mistérios da vida espiritual, as conversas com os espíritos, as manifestações que
acontecem, as linguagens deles, e muitas outras maneiras de sentir que está perto do
sobrenatural, do desconhecido. Esses tipos de coisas geralmente só acontecem em
uma mesa mediúnica, onde os irmãos dão comunicação, falam sobre seus
antepassados, sua história, e até revivem momentos desta vida que se passaram com
eles e seus colegas e amigos, daí muitas pessoas se interessarem pelo espiritismo. É
pensando nessa gente que se pretende mostrar o que acontece numa mesa
mediúnica, sem mistério, sem invenções, e com nada de extra-normal, porque
espiritismo é vida e não brincadeira com o outro mundo, isto é, dos espíritos.

Muitas pessoas pensam, até mesmo alguns dirigentes de Centro Espírita têm a idéia
de que deve existir um trabalho em separado sobre o mediunismo, para conversar
com os irmãos que querem dar sua graça, mostrar para a humanidade que eles
existem, e estão prontos para ajudar, bem como pedir ajuda. Um trabalho mediúnico
acontece em qualquer lugar, quando se está falando sobre os ensinamentos
atribuídos a JESUS, porque os espíritos para muitos, são invisíveis e, neste
momento, conscientizam-se de seu estado de sofrimento e dor, pois procuram o
caminho mais correto a seguir. Outros, pela sua inferioridade, afastam-se por não
conhecerem que ali está a sua libertação do mal, procurando outros companheiros
para continuarem sua trajetória de orgulho, de inveja, de ódio, e de todo tipo de
maledicência.

Observa-se que muitas pessoas quando chegam em um Centro Espírita, querem


logo ser encaminhados para uma seção mediúnica, pensando em adentrar
efetivamente nos trabalhos da espiritualidade, sem qualquer conhecimento sobre o
que acontece do outro lado da vida e qual, é a sua participação neste processo todo.
É com este pensamento que muitos irmãos caminham para os centros espíritas ou
para os terreiros de umbanda, porque lá têm as exigências necessárias e suficientes
para os primeiros contatos com o mundo espiritual, que não é o desvendar mistério
sobre quem quer que seja. O trabalho com a espiritualidade é de entender o
processo pelo qual toda humanidade espiritual ou material está envolvida, tentando
ver a participação de cada um, porém continuar essa trajetória de evolução nas
diversas encarnações vividas.

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A celebração de um trabalho mediúnico é propriamente uma pregação, uma missa,
um culto evangélico, ou uma palestra espírita, como acontece nas reuniões públicas
que os Centros Espíritas promovem para mostrar os ensinamentos de transformação
a todos que vão a sua procura, objetivando o seu bem-estar. Aí está sendo praticada
uma reunião mediúnica, tendo em vista que os irmãos encarnados e desencarnados
estão sendo doutrinados para o caminho de retidão, de felicidade, e de amor, que é o
que todos procuram com muito esforço. Talvez o trabalho dos católicos, o culto dos
protestantes, a reunião pública dos Centros Espíritas seja um trabalho de
conscientização mais eficiente do que uma mesa mediúnica, onde os participantes
estão apreensivos em sentir, ou ver uma presença espiritual que não é esta a
proposta efetiva.

Tudo isto remonta o ser humano a pensar no trabalho efetivo de uma mesa
mediúnica que é a prática de um contato direto entre os espíritos e os membros de
um trabalho de concentrações e preces para ajudar a alguém quanto a sua situação
no outro lado da vida, e as dificuldades dos que estão desse lado. Em verdade, a
mesa mediúnica constitui um trabalho sério de ajuda aos irmãos do outro lado da
vida, e não para satisfazer a curiosidade daqueles que querem conhecer o mundo
espiritual sem compromissos, e desejo de mudança. O extra-físico tem despertado
em muita gente o anseio de saber algo de alguém que já se foi, tentando saber se o
outro lado da vida é melhor do que este, ou até mesmo de como ganhar na loto, ou
na loteria esportiva, ou de alguma forma, de como arrumar um casamento.

Um trabalho em uma mesa mediúnica é um momento onde se pode compreender


bem melhor o relacionamento do mundo físico/corpóreo com o mundo extra-
físico/espiritual, porque neste ambiente existe uma assepsia condigna neste
relacionamento entre os espíritos e as almas que querem se comunicar. Uma
atividade mediúnica pode ser exercida em qualquer lugar, mas para que haja um
melhor entrosamento das vibrações, e que o mal não supere o bem, dada a
assistência envolvida, faz-se necessária uma mesa mediúnica, em um Centro
Espírita. Como é que funciona um Centro Espírita, quanto a um trabalho
mediúnico? Quais são os passos que são seqüenciados quanto a um trabalho
mediúnico? Como devem comportar os sensitivos na mesa, antes e depois do
trabalho? A estas perguntas, vai-se tentar respondê-las a seguir.

Para compreender a questão do funcionamento de uma mesa mediúnica, inicia-se


com um preparo de, no dia estar harmonizado e bastante bem consigo próprio para
que as energias cósmicas fluam bem, isto significa dizer, não comer carnes
vermelhas, não tomar cachaças, não fazer sexo, e nem se irritar por futilidades. Não
existe uma proibição formal para que tal fato ocorra, mas sabe-se que uma pessoa
ausente de tais tipos de atitude está fadada a um menor entrosamento entre o mundo

-119-
material e o mundo espiritual, devido às condições do corpo físico. Neste dia, evitar
contendas com os amigos próximos, com os familiares, tentando passar um dia de
meditação é o ideal para que a interferência dos espíritos grosseiros, brincalhões, e
maldosos, não possam participar desse trabalho tão sério.

Chegada a hora marcada pelo dirigente do trabalho, de comum acordo com a


espiritualidade, abre-se a reunião com uma prece que traga fluidos salutares e
benéficos para todos os participantes deste trabalho, tanto os encarnados como os
desencarnados. A prece deve adentrar aos corações em uma integração total dos
encarnados com o mundo espiritual, doando-se plenamente para que o desejo e a
vontade de cada um sejam na verdade, satisfeitos em sua plenitude. Neste momento,
deve-se pairar na tela do pensamento de cada participante toda a criação de DEUS à
humanidade, isto é, os rios, o céu, as florestas, as rosas, as flores, o ar, e tudo aquilo
que Ele deixou para todos, indistintamente de classe social e de religião a que
participe.

Depois da prece dá-se o início do trabalho, sendo indicado aquele que o


coordenador da atividade sinta que tem condições (por hipótese), de levantar uma
boa vibração à todos que estão participando desta bela labuta, conduzindo a
atividade tal qual orienta o mundo espiritual necessita. A prece inicial deve ser
declamada com muito amor, muita dedicação, e muito fervor, para que os irmãos
pequeninos que chegarem naquele instante sejam recebidos com os braços abertos,
sempre voltados para o bem de todos que precisam ser socorridos. Com a prece
inicial, busca-se uma unicidade entre os espíritos e as almas participantes, tendo em
vista que, mesmo os espíritos que não conhecem nada, ou quase nada de sua própria
realidade, necessário se faz esclarecê-los de tal fato em uma festa de grande amor e
dedicação.

Depois da prece inicial, faz-se uma chamada dos diversos nomes que vão passar
pela vibração, ficando os sensitivos atentos, porque a espiritualidade já está
trabalhando cada nome, tentando entender os problemas que cercam as pessoas que
estão sendo anunciadas, e alguns outros que a espiritualidade trouxe. Em seguida, o
coordenador da mesa faz uma vibração, e aqueles casos mais urgentes a
espiritualidade faz tal trabalho a parte; entretanto, se existirem alguns irmãos que
precisam se comunicar, ele é trazido à mesa, com a ajuda de um sensitivo de
incorporação, conecta-se o processo. Neste instante, ele diz o que quer, ou o que
sente, cujo coordenador orienta para que ele possa compreender a sua situação,
libertando-se daquelas dores e sofrimentos que está passando, pela sua
incompreensão do mundo espiritual.

Este trabalho transcorre dentro da hora marcada pelo coordenador que foi orientado
pela espiritualidade para iniciar e findar na hora certa, isto é, o trabalho deve ser de

-120-
uma hora e meia, conforme o tempo dos espíritos designados para esta atividade,
porque o mundo espiritual também divide o seu tempo para outros encontros.
Quando existe algum empecilho na execução do trabalho, ou melhor, quando
aparece distúrbio de energia, os entrelaces mediúnicos não se encontram, eleva-se
uma prece que se possam harmonizar, ou unificar as vibrações, sanando as situações
adversas que circulam. O ideal é que cada sensitivo só receba no máximo dois
espíritos sofredores, dado os desgastes que sofrem aqueles que têm a faculdade de
incorporação, deixando tal agente com o seu corpo debilitado.

Trabalhando todos esses casos, o coordenador verifica o estado em que estão os


sensitivos participantes para poder encerrar as atividades do dia, e se todos estão
bem; assim, mais uma vez eleva-se uma prece de encerramento do trabalho. É
designada uma pessoa para a prece final, que a professa com o mesmo fervor que
foi feita a prece inicial. É necessário fazer um comentário final onde os videntes
devem comunicar o que viram, o que sentiram, do mesmo modo a leitura das
psicografias, comunicados, enfim do aproveitamento geral da reunião. Termina-se o
trabalho para os encarnados, mas começa o trabalho da espiritualidade que levará os
diversos irmãozinhos aos lugares indicados.

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33 - DA EVOCAÇÃO DOS ESPÍRITOS

Os espíritos podem comunicar-se espontaneamente, ou acudir ao nosso


chamado, isto é, vir por evocação. Pensam algumas pessoas que todos devem
abster-se de evocar tal ou tal Espírito e ser preferível que se espere aquele que
queira comunicar-se. Fundam-se em que, chamando determinado espírito, não
podemos ter a certeza de ser ele quem se apresente, ao passo que aquele que vem
espontaneamente, de seu moto próprio, melhor prova a sua identidade, pois que
manifesta assim o desejo que tem de se entreter conosco. Em nossa opinião, isso é
um erro: primeiramente, porque há sempre em torno de nós Espíritos, as mais das
vezes de condição inferior, que outra coisa não querem senão comunicar-se; em
segundo lugar e mesmo por esta última razão, não chamar a nenhum em particular é
abrir a porta a todos os que queiram entrar. Numa assembléia, não dar a palavra a
ninguém é deixa-la livre a toda a gente e saber-se o que daí resulta. A chamada
direta de determinado Espírito constitui um laço entre ele e nós; chamamo-lo pelo
nosso desejo e opomos assim uma espécie de barreira aos intrusos. Sem uma
chamada direta, um espírito nenhum motivo terá muitas vezes para vir confabular
conosco, a menos que seja o nosso espírito familiar.

Cada uma destas duas maneiras de operar tem suas vantagens e nenhuma
desvantagem haveria, senão na exclusão absoluta de uma delas. As comunicações
espontâneas inconveniente nenhum apresentam quando se está senhor dos espíritos
e certo de não deixar que os maus tomem a dianteira. Então, é quase sempre bom
aguardar a boa-vontade dos que se disponham a comunicar-se, porque nenhum
constrangimento sofre o pensamento deles e dessa maneira se podem obter coisas
admiráveis; entretanto, pode suceder que o Espírito por quem se chama não esteja
disposto a falar, ou não seja capaz de faze-lo no sentido desejado. O exame
escrupuloso, que temos aconselhado é, aliás uma garantia contras as comunicações
más. Nas reuniões regulares, naquelas, sobretudo em que se faz um trabalho
continuado, há sempre Espíritos habituais que a elas comparecem, sem que sejam
chamados, por estarem prevenidos, em virtude mesmo da regularidade das sessões.
Tomam, então, freqüentemente a palavra para tratar de um assunto qualquer,
desenvolver uma proposição ou prescrever o que se deve fazer, caso em que são
facilmente reconhecíveis, quer pela forma da linguagem, que é sempre idêntica,
quer pela escrita, quer por certos hábitos que lhes são peculiares.

Quando se deseja comunicar com determinado espírito, é de toda necessidade


evoca-lo. Se ele pode vir, a resposta é geralmente: sim, ou: estou aqui, ou, ainda:
que quereis de mim? Às vezes, entra diretamente em matéria, respondendo de
antemão às perguntas que se lhe queira dirigir.

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Quando um Espírito é evocado pela primeira vez, convém designa-lo com
alguma previsão. Nas perguntas que se lhe façam, devem evitar-se as fórmulas
secas e imperativas, que constituiriam para ele um motivo de afastamento. As
fórmulas deve ser afetuosas, ou respeitosas, conforme o Espírito, e, em todos os
casos, cumpre que o evocador lhe dê prova de sua benevolência.

Surpreende, não raro, a prontidão com que um Espírito evocado se apresenta,


mesmo da primeira vez. Dir-se-ia que estava prevenido. É, com efeito, o que se dá,
quando com a sua evocação se preocupa de antemão aquele que o evoca. Essa
preocupação é uma espécie de evocação antecipada e, como temos sempre conosco
os nossos Espíritos familiares, que se identificam com o nosso pensamento, eles
preparam o caminho de tal sorte que, se nenhum obstáculo surge, o espírito que
desejamos chamar já se acha presente ao ser evocado. Quando assim não acontece,
é o Espírito familiar do médium, ou seja, ou do interrogante, ou ainda um dos que
costumam freqüentar as reuniões que o vai buscar, para o que não precisa de muito
tempo. Se o espírito evocado não pode vir de pronto, o mensageiro marca o prazo,
às vezes de cinco minutos, um quarto de hora e até muitos dias. Logo que ele chega,
diz: aqui estou. Podem então começar a ser feitas as perguntas que se lhe queiram
dirigir.

O mensageiro nem sempre é um intermediário indispensável, porquanto o


espírito pode ouvir diretamente o chamado do evocador sobre o modo de
transmissão do pensamento.

Quando dizemos que se faça a evocação em nome de Deus, queremos que a


nossa recomendação seja tomada a sério e não levianamente. Os que nisso vejam o
emprego de uma fórmula sem conseqüências farão melhor abstendo-se.

Frequentemente, as evocações oferecem mais dificuldades aos médiuns do


que os ditados espontâneos, sobretudo quando se trata de obter respostas precisas a
questões circunstanciadas. Par isto, são necessários médiuns especiais, ao mesmo
tempo flexíveis e positivos. Vimos que estes últimos são bastante raros, por isso
que, conforme dissemos, as relações fluídicas nem sempre se estabelecem
instantaneamente com o primeiro espírito que se apresente. Daí convir que os
médiuns não se entreguem às evocações pormenorizadas, senão depois de estarem
certos do desenvolvimento de suas faculdades e da natureza dos espíritos que os
assistem, visto que com os mal assistidos as evocações nenhum caráter podem ter
de autenticidade.

Os médiuns são geralmente muito mais procurados para as evocações de


interesse particular, do que para comunicações de interesse geral; isto se explica

-123-
pelo desejo muito natural que todos têm de confabular com os entes que lhes são
caros. Julgamos dever fazer a este propósito algumas recomendações importantes
aos médiuns. Primeiramente que não acedam a esse desejo, senão com muita
reserva, se se trata de pessoa de cuja sinceridade não estejam completamente
seguros e que se acautelem das armadilhas que lhes possam preparar pessoas
malfazejas. Em segundo lugar, que a tais evocações não se prestem, sob
fundamento algum, se perceberem um fim de simples curiosidade, ou de interesse, e
não uma intenção séria da parte do evocador; que se recusem a fazer qualquer
pergunta ociosa, ou que sai do âmbito das que racionalmente se podem dirigir aos
espíritos. As perguntas devem ser formuladas com clareza, precisão e sem idéia
preconcebida, em se querendo respostas categóricas. Cumpre, pois, se repilam todas
as que tenham caráter insidioso, porquanto é sabido que os espíritos não gostam das
que têm por objetivo pô-los à prova. Insistir em questões desta natureza é querer ser
enganado. O evocador deve ferir franca e abertamente o ponto visado, sem
subterfúgios e sem circunlóquios. Se receia explicar-se, melhor será que se
abstenha.

Convém igualmente que só com muita prudência se façam evocações, na


ausência das pessoas que as pediram, sendo mesmo preferível que não sejam feitas
nessas condições, visto que somente aquelas pessoas se acham aptas a analisar as
respostas, a julgar a identidade, a provocar esclarecimentos, se for oportuno, e a
formular questões incidentes, que as circunstâncias indiquem. Além disso, a
presença delas é um laço que atrai o espírito, quase sempre pouco disposto a se
comunicar com estranhos, que lhes não inspiram nenhuma simpatia. O médium, em
suma deve evitar tudo o que possa transforma-lo em agente de consultas, o que, aos
olhos de muitas pessoas é sinônimo de ledor de “buena-dicha”.

Todos os espíritos, qualquer que seja o grau em que se encontrem na escala


espiritual, podem ser evocados: assim os bons, como os maus, tanto os que
deixaram a vida de pouco, como os que viveram nas épocas mais remotas, os que
foram homens ilustres, como os mais obscuros, os nossos parentes e amigos como
os que nos são indiferentes. Isto, porém, não quer dizer que eles sempre queiram ou
possam responder ao nosso chamado. Independente da própria vontade, ou da
permissão, que lhes pode ser recusada por uma potência superior, é possível se
achem impedidos de o fazer, por motivos que nem sempre nos é dado conhecer.
Queremos dizer que não há impedimento absoluto que se oponha às comunicações,
salvo o que dentro em pouco diremos. Os obstáculos capazes de impedir que um
espírito se manifeste são quase sempre individuais e derivam das circunstâncias.

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Entre as causas que podem impedir a manifestação de um espírito, umas lhe são
pessoais e outras estranhas. Entre as primeiras, devem colocar-se as ocupações ou
as missões que esteja desempnhando e das quais não pode afastar-se, para ceder ao
nossos desejos. Neste caso, sua visita apenas fica adiada.

Há também a sua própria situação. Se bem que o estado de encarnação não


constitua obstáculo absoluto, pode representar um impedimento, em certas ocasiões,
sobretudo quando aquela se dá nos mundos inferiores e quando o próprio espírito
está pouco desmaterizlizado. Nos mundos superiores, naquelas em que os laços
entre o espírito e a matéria são muito fracos, a manifestação é quase tão fácil
quando no estado errante, mais fácil em todo caso, do que nos mundos onde a
mate´rai corpórea é mais compactada.

As causas estranhas residem principalmente na natureza do médium, na da pessoa


que evoca, no meio em que se faz a evocação, enfim, no objetivo que se tem em
vista. Alguns médiuns recebem mais particularmente comunicações de seus
espíritos familiares, que podem ser mais ou menos elevados; outros se mostram
aptos a servir de intermediários a todos os espíritos, dependendo isto da simpatia, da
atração, ou da repulsão que o espírito pessoal do médium exerce sobre o espírito
chamado, o qual pode toma-la por intérprete, com prazer, ou com repugnância. Isto
também depende, abstração feita das qualidades íntimas do médium, do
desenvolvimento da faculdade mediúnical. Os espíritos vêm de melhor vontade e
sobretudo, são mais explícitos com um médium que lhes não oferece morais,
quando mais facilidade tenha o médium para escrever ou para se exprimir, tanto
mais se generalizam suas relações com o mundo espírita.

Cumpre ainda levar em conta a facilidade que deve resultar do hábito da


comunicação com tal ou qual espírito. Com o tempo, o espírito estranho se
identifica com o do médium e também com aquele que o chama. Posta de parte a
questão da simpatia, entre eles se estabelecem relações fluídicas que tornam mais
prontas as comunicações. Por isso é que uma primeira confabulação nem sempre é
tão satsifatória quanto fora de desejar e que os próprios espíritos podem
freqüentemente que os chamem. O espírito que vem habitualmente está como em
sua casa. Fica familiarizado com seus ouvinte e intérpretes, fale e age livremente

-125-
34 - DOS LUGARES ASSOMBRADOS
CAPÍTULO IX – LIVRO DOS MÉDIUNS

132. As manifestações espontâneas, que em todos os tempos se hão produzido, e a


persistência de alguns Espíritos em darem mostras ostensivas de sua presença em
certas localidades, constituem a fonte de origem da crença na existência de lugares
mal-assombrados. As respostas que se seguem foram dadas a perguntas feitas sobre
este assunto:

1ª Os Espíritos se apegam unicamente às pessoas, ou também às coisas?

"Depende da elevação deles. Alguns Espíritos podem apegar-se aos objetos


terrenos. Os avarentos, por exemplo, que esconderam seus tesouros e que ainda não
estão bastante desmaterializados, muitas vezes se obstinam em vigiá-los e montar-
lhes guarda."

2ª Têm os Espíritos errantes lugares de sua predileção?

"O princípio ainda é aqui o mesmo. Os Espíritos que já se não acham apegados à
Terra vão para onde se lhes oferece ensejo de praticar o amor. São atraídos mais
pelas pessoas do que pelos objetos materiais. Contudo, pode dar-se que dentre eles
alguns tenham, durante certo tempo, preferência por determinados lugares. Esses,
porém, são sempre Espíritos inferiores."

3ª O apego dos Espíritos a uma localidade, sendo sinal de inferioridade,


constituirá igualmente prova de serem eles maus?

"Certamente que não. Pode um Espírito ser pouco adiantado, sem que por isso seja
mau. Não se observa o mesmo entre os homens?"

4ª Tem qualquer fundamento a crença de que os Espíritos freqüentam de


preferência as ruínas?

"Nenhum. Os Espíritos vão a tais lugares, como a todos os outros. A imaginação


dos homens é que, despertada pelo aspecto lúgubre de certos sítios, atribui à
presença dos Espíritos o que não passa, quase sempre, de efeito muito natural.
Quantas vezes o medo não tem feito que se tome por fantasma a sombra de uma
árvore e por espectros o grito de um animal, ou o sopro do vento? Os Espíritos
gostam da presença dos homens; daí o preferirem os lugares habitados, aos lugares
desertos."

-126-
a) Contudo, pelo que sabemos da diversidade dos caracteres entre os Espíritos,
podemos inferir a existência de Espíritos misantropos, que prefiram a solidão.

"Por isso mesmo, não respondi de modo absoluto à questão. Disse que eles podem
vir aos lugares desertos, como a toda parte. É evidente que, se alguns se conservam
insulados, é porque assim lhes apraz. Isso, porém, não constitui motivo para que
forçosamente tenham predileção pelas ruínas. Em muito maior número os há nas
cidades e nos palácios, do que no interior dos bosques."

5ª Em geral, as crenças populares guardam um fundo de verdade. Qual terá


sido a origem da crença em lugares mal-assombrados?

"O fundo de verdade está na manifestação dos Espíritos, na qual o homem


instintivamente acreditou desde todos os tempos. Mas, conforme disse acima, o
aspecto lúgubre de certos lugares lhe fere a imaginação e esta o leva naturalmente a
colocar nesses lugares os seres que ele considera sobrenaturais. Demais, a entreter
essa crença supersticiosa, aí estão as narrativas poéticas e os contos fantásticos com
que o acalentam na infância."

6ª Há, para os Espíritos que costumam reunir-se, dias e horas em que prefiram
fazê-lo?

"Não. Os dias e as horas são medidas de tempo para uso dos homens e para a vida
corpórea, das quais os Espíritos nenhuma necessidade sentem e nenhum caso
fazem."

7ª Donde nasceu a idéia de que os Espíritos vêm preferentemente durante a


noite?

"Da impressão que o silêncio e a obscuridade produzem na imaginação. Todas essas


crenças são superstições que o conhecimento racional do Espiritismo destruirá. O
mesmo se dá com os dias e as horas que muitos julgam lhes serem mais favoráveis.
Fica certo de que a influência da meia-noite nunca existiu, senão nos contos."

a) Sendo assim, por que é então que alguns Espíritos anunciam sua vinda e
suas manifestações para certos e determinados dias, como a sexta-feira, por
exemplo?

"Isso fazem Espíritos que aproveitam a credulidade dos homens para se divertirem.
Pela mesma razão, há os que se dizem o diabo, ou dão a si mesmos nomes infernais.
Mostrai-lhes que não vos deixais enganar e não mais voltarão."

-127-
8ª Preferem os Espíritos freqüentar os túmulos onde repousam seus corpos?

"O corpo era uma simples vestidura. Do mesmo modo que o prisioneiro nenhuma
atração sente pelas correntes que o prendem, os Espíritos nenhuma experimentam
pelo envoltório que os fez sofrer. A lembrança das pessoas que lhes são caras é a
única coisa que para eles tem valor."

a) São-lhes mais agradáveis, do que quaisquer outras, as preces que por eles se
façam junto dos túmulos de seus corpos?

"A prece, bem o sabes, é uma evocação que atrai os Espíritos. Tanto maior ação
terá, quanto mais fervorosa e sincera for. Ora, junto de um túmulo venerado, sempre
se está em maior recolhimento, do que algures, e a conservação de estimadas
relíquias é em testemunho de afeição dado ao Espírito e que nunca deixa de o
sensibilizar. O que atua sobre o Espírito é sempre o pensamento e não os objetos
materiais. Mais influência, do que sobre o Espírito, exercem esses objetos sobre
aquele que ora, porque lhe fixam a atenção."

9ª A vista disso, parece que não se deve considerar absolutamente falsa a


crença em lugares mal-assombrados?

"Dissemos que certos Espíritos podem sentir-se atraídos por coisas materiais.
Podem sê-lo por determinados lugares, onde parecem estabelecer domicílio, até que
desapareçam as circunstâncias que os faziam buscar esses lugares. "

a) Que circunstâncias podem induzi-los a buscar tais lugares?

"A simpatia por algumas das pessoas que os freqüentam, ou o desejo de com elas se
comunicarem. Entretanto, nem sempre os animam intenções louváveis. Quando são
Espíritos maus, podem pretender tirar vingança de pessoas de quem guardam
queixas. A permanência em determinado lugar também pode ser, para alguns, uma
punição que lhes é infligida, sobretudo se ali cometeram um crime, a fim de que o
tenham constantemente diante dos olhos (1).''

10ª Os lugares assombrados sempre o são por antigos habitantes deles?

"Sempre, não - às vezes, porquanto, se o antigo habitante de um desses lugares é


Espírito elevado, tão pouco se preocupará com a sua habitação terrena, quanto com
o seu corpo. Os Espíritos que assombram certos lugares muitas vezes não têm, para
assim procederem, outro motivo que não simples capricho, a menos que para lá
sejam atraídos pela simpatia que lhes inspirem determinadas pessoas."

-128-
a) Podem estabelecer-se num lugar desses com o fito de protegerem uma
pessoa, ou a própria família?

"Certamente, se forem Espíritos bons; porém, neste caso, nunca manifestam sua
presença por meios desagradáveis."

12ª Será racional temerem-se os lugares assombrados pelos Espíritos?

"Não. Os Espíritos que freqüentam certos lugares, produzindo neles desordens,


antes querem divertir-se à custa da credulidade e da poltronaria dos homens, do que
lhes fazer mal. Aliás, deveis lembrar-vos de que em toda parte há Espíritos e de que,
assim, onde quer que estejais, os tereis ao vosso lado, ainda mesmo nas mais
tranqüilas habitações. Quase sempre, eles só assombram certas casas, porque
encontram ensejo de manifestarem sua presença nelas."

13ª Haverá meios de os expulsar?

"Há; porém, as mais das vezes o que fazem, para isso, os atrai, em vez de os afastar.
O melhor meio de expulsar os maus Espíritos consiste em atrair os bons. Atraí, pois,
os bons Espíritos, praticando todo o bem que puderdes, e os maus desaparecerão,
visto que o bem e o mal são incompatíveis. Sede sempre bons e somente bons
Espíritos tereis junto de vós."

a) Há, no entanto, pessoas muito bondosas que vivem às voltas com as tropelias
dos maus Espíritos. Por quê?

"Se essas pessoas são realmente boas, isso acontece talvez como prova, para lhes
exercitar a paciência e concitá-las a se tornarem ainda melhores. Fica certo, porém,
de que não são os que continuamente falam das virtudes os que mais as possuem.
Aquele que é possuidor de qualidades reais quase sempre o ignora, ou delas nunca
fala."

14ª Que se deve pensar com relação à eficácia dos exorcismos, para expelir dos
lugares mal-assombrados os maus Espíritos?

"Já tiveste ocasião de verificar a eficácia desse processo? Não tens visto, ao
contrário, as tropelias redobrarem de intensidade, depois das cerimônias do
exorcismo? É que os Espíritos que as causam se divertem com o serem tomados
pelo diabo. "

Também, os que se não apresentam com intenções malévolas podem manifestar sua
presença por meio de arruídos e até tornando-se visíveis, mas nunca praticam

-129-
desordens, nem incômodos. São, freqüentemente, Espíritos sofredores, cujos
sofrimentos podeis aliviar orando por eles. Outras vezes, são mesmo Espíritos
benfazejos, que vos querem provar estarem junto de vós, ou, então, Espíritos
levianos que brincam. Como quase sempre os que perturbam o repouso são
Espíritos que se divertem, o que de melhor têm a fazer, os que se vêem perseguidos,
é rir do que lhes sucede. Os perturbadores se cansam, verificando que não
conseguem meter medo, nem impacientar." (Veja-se atrás o capítulo V: Das
manifestações espontâneas.)

Resulta das explicações acima haver Espíritos que se prendem a certos lugares,
preferindo permanecer neles, sem que, entretanto, tenham necessidade de
manifestar sua presença por meio de efeitos sensíveis. Qualquer lugar pode
constituir morada obrigatória, ou predileta de um Espírito, embora mau, sem que
jamais qualquer manifestação se produza.

Os que se prendem a certas localidades, ou a certas coisas materiais nunca são


Espíritos superiores. Contudo, mesmo que não pertençam a esta categoria, pode dar-
se que não sejam maus e nenhuma intenção má alimentem. Não raro, são até
comensais mais úteis do que prejudiciais, porquanto, desde que se interessam pelas
pessoas, podem protêge-las.

-130-
35 -A Mediunidade na Criança e no Jovem

Mediunidade é faculdade humana natural pela qual se estabelecem as relações entre


os homens e os Espíritos; pertence ao campo da comunicação. Natural constatá-la
na criança e no jovem, pois são Espíritos em experiências no mundo material, em
processo de desenvolvimento físico, intelectual e moral, através dos quais serão
ampliadas as suas potencialidades.

Analisando o aflorar da mediunidade em diferentes ciclos do desenvolvimento


humano, o professor Herculano Pires, no livro Mediunidade, esclarece que as
crianças possuem a mediunidade, por assim dizer, à flor da pele, porém são
resguardadas pela influência benéfica dos espíritos protetores, que as religiões
chamam de anjo da guarda. Nessa fase infantil, as manifestações, em sua maioria
são mais de caráter anímico; a criança projeta a sua alma nas coisas e nos seres que
a rodeiam, recebem inspirações de amigos espirit-uais, às vezes vêem e denunciam
a presença de espíritos. Quando passam dos sete ou oito anos, integram-se melhor
no condicionamento da vida terrena, desligando-se progressivamente das relações
espirituais e dando mais importância às relações com os encarnados. Encerra-se o
primeiro ciclo mediúnico para abrir o segundo. Considera-se então que a criança
não tem mediunidade, a fase anterior é levada à conta da imaginação e da fabulação
infantil.

Allan Kardec, pergunta aos Espíritos na questão 221. de O Livro dos Médiuns, nos
seguintes itens:

Item 6. : “Será inconveniente desenvolver a mediunidade das


crianças?”.

- Certamente. E sustento que é muito perigoso. Porque estes organismos


frágeis e delicados seriam muito abalados e sua imaginação infantil muito
superexcitada. Assim, os pais prudentes as afastarão dessas idéias, ou pelo
menos só lhes falarão a respeito no tocante às conseqüências morais.

Item 7. : “Mas há crianças que são médiuns naturais, seja de efeitos físicos, de
escrita ou de visões. Haveria nesses casos o mesmo inconveniente?”

Não. Quando a faculdade se manifesta espontânea numa criança, é que


pertence à sua própria natureza e que sua constituição é adequada. Não se dá o
mesmo quando a mediunidade é provocada e excitada. Observe-se que a

-131-
criança que tem visões, geralmente pouco se impressiona com isso. As visões
lhe parecem muito naturais, de maneira que ela lhe dá pouca atenção e quase
sempre as esquece. Mais tarde a lembrança lhe volta à memória e é facilmente
explicada, se ela conhecer o Espiritismo.

Item 8. : “Qual a idade em que se pode, sem inconveniente, praticar a


mediunidade ?”

- Não há limite preciso na idade. Depende inteiramente do desenvolvimento


físico e mais particularmente do desenvolvimento psíquico. Há crianças de
doze anos que seriam menos impressionadas que algumas pessoas já formadas.
Refiro-me à mediunidade em geral, pois a de efeitos físicos é mais fatigante
para o corpo. Quanto à escrita há outro inconveniente, que é a falta de
experiência da criança, no caso de querer praticá-la sozinha ou fazer dela um
brinquedo.

Analisando essas explicações, entendemos que a questão da idade está subordinada


tanto às condições do desenvolvimento físico, quanto às do caráter ou
amadurecimento moral. No entanto, o que ressalta claramente das respostas acima é
que não se deve forçar o aflorar mediúnico das crianças, e que, caso haja o aflorar
espontâneo, deve-se empregá-la com grande seriedade, sendo necessário dar às
crianças em geral, o ensino moral do Espiritismo, preparando-as para uma vida bem
orientada pelo conhecimento doutrinário, sem qualquer excitação prematura das
faculdades psíquicas que se desenvolverão no tempo devido.

É geralmente na adolescência, a partir dos doze ou treze anos que se inicia o


segundo ciclo. No primeiro ciclo só se deve intervir no processo mediúnico com
preces e passes, para abrandar as excitações naturais da criança, quase sempre
carregadas de reminiscências estranhas do passado carnal ou espiritual. Na
adolescência o seu corpo já amadureceu o suficiente para que as manifestações
mediúnicas se tornem mais intensas e positivas, necessitando de esclarecimentos e
condução adequados sobre a mediunidade.

As reuniões de estudo, especificamente as de Mocidade, voltadas para a integração


do adolescente e jovem à Vida, quando conduzidas por evangelizadores preparados,
representam importante fator de esclarecimento e desmistificação das nossas
relações com os Espíritos. Há adolescentes que se integram rápida e naturalmente à
nova situação e se preparam seriamente para a atividade mediúnica. Outros rejeitam
a mediunidade, por associá-la a inúmeras renúncias. Muitos rejeitam as diretrizes
espirituais instaladas em suas consciências, criando desvios e perturbações que
trarão conseqüências mais tarde.

-132-
Nesse período, o adolescente se abre para contatos mais profundos com a vida e o
mundo, sendo necessário ampliar sua visão da Vida, à luz da Doutrina Espírita.
Estimulá-lo a fazer escolhas adequadas, mostrando-lhe que há renúncias
necessárias, principalmente as relacionadas a si mesmo. Os exemplos dos familiares
influem mais em suas opções do que ensinos e exortações. Começa a tomar conta
de si mesmo e a firmar sua personalidade, necessitando ser respeitado, amado e
compreendido, a fim de estruturar mais facilmente, o caminho que percorrerá com
destino à Perfeição.

O adolescente e o jovem, este se enquadrando no terceiro ciclo, podem e devem ser


estimulados a se descobrirem como Espíritos, plenos de potencialidades a serem
desenvolvidas, vivenciando diversas experiências que lhes possibilitem crescimento
espiritual. Merecem orientação adequada que os preparem para trabalhar com Jesus,
onde quer que estejam, aprendendo a servir, participando como agentes
modificadores do meio, independente da idade cronológica, mas cientes da
responsabilidade espiritual de fazer o melhor e ser feliz.

Muitos jovens crêem existir incompatibilidade entre o descobrir e experimentar as


belezas e alegrias naturais da vida e a vivência mediúnica; falta-lhes, por ausência
de conhecimento, o entendimento de que por serem Espíritos, vivem em constante
relação com outros Espíritos, encarnados e desencarnados, sendo imprescindível
disciplinar essa convivência, colocando o Evangelho em seu sentir, pensar e agir.

Quanto antes a criança e o jovem receberem esclarecimentos sobre a realidade


espiritual da qual fazem parte, mais prontamente se tornarão aptos a trabalhar com
Jesus, o que não implica exclusão de vivências no mundo; significa estar no mundo
sem ser do mundo, daí a mediunidade fundamentar-se na vida de relação,
estabelecendo convivências, exigindo definição de propósitos, atitudes diferentes,
possibilitando crescimento moral e espiritual, que tornarão esses Espíritos, hoje
crianças ou jovens, em homens de bem, construtores do Mundo Melhor, ao qual
todos aspiramos.

Bibliografia:

• KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2a. ed. São Paulo: FEESP, 1989 -
Cap. XXI, q. 221, itens 6, 7 e 8.
• PIRES, J. Herculano - Mediunidade: 2a. ed. São Paulo: PAIDÉIA, 1992 -
Cap. I.

-133-
36 - MEDIUNIDADE NOS ANIMAIS

Muitas vezes, os animais percebem a presença dos espíritos até mesmo antes dos
sensitivos. Mas eles podem ser “médiuns” como o homem?

Irvênia Prada - Texto extraído do livro "A Questão Espiritual dos Animais"

No capítulo XXII, item 236, de O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec,


encontramos um comentário do espírito Erasto no sentido de existirem evidências
de que os espíritos podem se tornar visíveis e tangíveis para os animais, bem como
estes compreendem certos pensamentos do homem. Ernesto Bozzano diz que certos
animais percebem a presença de espíritos antes dos próprios sensitivos e que há
aqueles que demonstram possuir certas faculdades psíquicas, como a telepatia.

Em seu livro Mediunidade: vida e comunicação, o prof. J. Herculano Pires comenta


a respeito da ocorrência de casos impressionantes de materialização de animais em
sessões experimentais, informando ainda sobre o relato de numerosos casos de
manifestações animais na Inglaterra, que constam nos Anais das Sociedades de
Pesquisas Psíquicas. Andrew Lang, em relato presente em outro livro de Pires,
Espírito e o Tempo, conta que fantasmas de cães foram visualizados, além de seus
ganidos serem ouvidos, por diversas pessoas, simultaneamente, na tribo de
Queensland, na Austrália.

Frente a essas colocações, naturalmente surgem as perguntas. O que tudo isso


significa? Esses fenômenos são mediúnicos? Os animais podem atuar como
médiuns? Na época de Kardec, como indica Erasto em O Livro dos Médiuns, a
questão da mediunidade dos animais era freqüentemente proposta sobretudo em
razão de fatos que revelavam indícios de inteligência por parte de alguns pássaros
educados pelo homem, que pareciam adivinhar pensamentos, chegando a retirar de
um maço de cartas aquelas que correspondiam exatamente ao pedido feito. Dado o
interesse que despertou, essa questão foi discutida na Sociedade Parisiense de
Estudos Espíritas, estando o correspondente artigo publicado na edição de setembro
de 1861 da Revista Espírita.

Para analisarmos a possibilidade dos animais atuarem ou não como médiuns, vamos
considerar as diferentes maneiras de atuação do médium nos diversos tipos de
manifestações dos espíritos.

-134-
MANIFESTAÇÕES INTELIGENTES

Embora, à primeira vista, pareçam ser simples as questões referentes ao conceito de


fenômeno mediúnico e de médium, bem como à precisa definição de fenômenos de
efeitos físicos e de manifestações inteligentes, na realidade, elas são complexas e
envolvem muita reflexão e senso crítico. Por isso, é melhor definir de início o perfil
desses fenômenos, a fim de que tenhamos condições de avaliar como os animais
poderiam ou não participar de seu mecanismo.

Às vezes, para se referir às manifestações inteligentes, Kardec usa também o termo


“intelectual”. Aliás, como afirma Hermínio C. Miranda em Diversidade dos
Carismas, “fenômeno mediúnico, de fato, na plenitude de sua conotação semântica,
é o de efeito intelectual, no qual o sensitivo funciona realmente como o canal de
comunicação entre encarnados e desencarnados”. Ele lembra ainda que se lê o
seguinte em O Livro dos Médiuns: “Os efeitos inteligentes são os que o espírito
produz, servindo-se dos elementos existentes no cérebro do médium”. Segundo o
autor, ter-se-ia o próprio cérebro como central nervosa, como ponto de comando do
sistema. Portanto, neste tipo de manifestação, o médium age como intermediário,
entendendo-se que a ligação é de mente para mente, com a irradiação do
pensamento. “Para uma comunicação inteligente, há necessidade de um
intermediário inteligente e esse é o espírito do médium”, diz O Livro dos Médiuns.

A psicofonia e a psicografia se caracterizam neste tipo de manifestação. Para que o


fenômeno aconteça, é necessário que o fluido do perispírito do espírito comunicante
se combine com o fluido do médium, criando-se a atmosfera mais apropriada para
que o pensamento do primeiro alcance a mente e o cérebro do segundo. A respeito
disso, André Luiz, no capítulo 8 de Nos Domínios da Mediunidade, descreve o
mecanismo intrínseco do fenômeno de psicofonia consciente e inconsciente.

Em uma comunicação que se seguiu à discussão do assunto na Sociedade Parisiense


de Estudos Espíritas e que consta no capítulo XXII de O Livro dos Médiuns, Erasto
comenta que não havendo afinidade entre o fluido do homem e do animal, não há
possibilidade deste atuar como médium. Refere-se ainda ao fato de que os espíritos
tiram do cérebro do médium os elementos necessários para dar ao pensamento deles
a forma sensível para nós. Então, questiona que elementos seriam encontrados no
cérebro de um animal. Ele admite que alguns animais, principalmente os adestrados,

-135-
compreendem certos pensamentos do homem, mas, não os podendo reproduzir, não
podem nos servir de intérpretes. Aqui temos um fato interessante, pois se a restrição
apontada é a dos animais não poderem reproduzir o que eventualmente entendam,
há, então, os que podem fazê-lo!

A ciência acaba de demonstrar que chipanzés e gorilas são capazes de se comunicar


com os homens usando a linguagem de sinais para surdos-mudos. O casal Allen e
Beatrix Garner, ambos cientistas do corpo docente da Universidade de Nevada, nos
Estados Unidos, e seu assistente Roger Fouts, autor do livro O Parente Mais
Próximo, ensinara a linguagem para a gorila Washoe e outros chipanzés, através da
qual ela é capaz de articular frases gramaticalmente corretas e expressar
sentimentos como solidariedade, raiva, compaixão, ciúme, inveja e senso de humor.

Fouts ressalta que, além da habilidade de aprender demonstrada pelos animais, o


mais importante foi a confirmação de que a capacidade de transmitir informações
não é exclusiva dos seres humanos. Em sua relação com os filhotes e outros
membros do grupo, a mãe ensina a linguagem humana aprendida, comprovando sua
capacidade de reproduzir informações. O assistente afirma ainda que o caso de
Washoe não é isolado, pois vários outros chimpanzés demonstraram a mesma
aptidão.

Essas considerações ficam como uma porta aberta para reflexões e, um dia, quem
sabe, à possibilidade de pesquisas sobre o assunto. Talvez, essa capacidade dos
animais compreenderem determinados pensamentos do ser humano esteja
relacionada à citação de Ernesto Bozzano a respeito da participação deles em
fenômenos de telepatia. No livro Mediunidade: vida e comunicação, mais
precisamente no capitulo intitulado “Mediunidade Zoológica”, o prof. J. Herculano
Pires tece considerações sobre o desenrolar do processo evolutivo, desde o reino
mineral até o hominal, asseverando que “o animal só terá condições para a
mediunidade ao atingir a síntese dos poderes dispersos nas espécies de seu reino
para se elevar ao plano humano, só que, então, não será mais animal, mas homem”.

É evidente que existe um abismo entre a mente de um chimpanzé e a do homem,


mas certamente o julgávamos bem maior. Portanto, no caso do fenômeno
mediúnico de efeitos intelectuais ou inteligentes, parece correto admitir, de forma
coerente com o que encontramos nos livros básicos da codificação, que os animais
em geral não possuem condições de participar do processo como médiuns ou
intermediários.

-136-
Dessa forma, em que pese o respeito que devemos ter com a figura de Edgard
Armond, não temos como aceitar, à luz da doutrina espírita, a descrição que
encontramos sobre o assunto no capítulo 13 de seu livro Mediunidade: “Na Índia,
homens-tigres, incorporação ou semi-incorporação de feiticeiros em tigres que
funcionam como médiuns (...) Na África e outros lugares, mulheres e homens,
encarnados e desencarnados, incorporam-se em animais domésticos, como cães ou
gatos, e selvagens, como lobos, raposas, veados, entre outros”.

EFEITOS FÍSICOS

No caso de manifestações de efeitos físicos, o médium não atua como um


intermediário, mas como um colaborador do fenômeno, fornecendo fluidos que,
combinados com aqueles do espírito agente, saturam a matéria objeto do fenômeno.
“O espírito precisa da matéria para agir sobre ela”, afirma O Livro dos Médiuns.
Entendo que isso se trate da necessidade do espírito se valer da matéria mais sutil,
ou seja, de fluidos, para agir sobre aquela mais grosseira. Esse também é o
mecanismo dos processos de materialização de espíritos humanos e, quem sabe,
venha a explicar “os casos impressionantes de materialização de animais”, como
relata Herculano Pires. O espírito Erasto faz o seguinte alerta: “Costuma-se dizer
que os espíritos mediunizam e fazem mover a matéria inerte, as cadeiras, as mesas,
os pianos. Fazem mover, sim, mas mediunizar, não”. Aliás, o próprio Erasto
esclarece que os espíritos agem sobre a matéria inerte com os elementos que o
médium lhes fornece. “Assim, o envoltório fluídico mais sutil do espírito, unindo-
se, casando-se, combinando-se com o envoltório fluídico mais animalizado do
médium, permite ao espírito movimentar os objetos”, explicou. Lembremo-nos que
a expressão “fluido animalizado” se refere ao fluido vital do ser que tem o “anima”,
ou seja, que tem vida, que é encarnado.

Sabemos que os espíritos procuram em elementos da natureza, como determinadas


ervas e outras plantas, substâncias de que necessitam para auxiliar encarnados ou
desencarnados. André Luiz relata que espíritos ou perispíritos de enfermos
encarnados, em desdobramento durante o sono, são levados para a beira do mar,
uma fonte inesgotável de fluido vital. Ali, existe uma infinidade de seres vivos,
animais e vegetais, e o fluido vital certamente vem deles, sendo adequadamente
modificado para que possa ser devidamente utilizado. Trata-se do fenômeno de
ectoplasmia, que conta com a participação de diversos tipos de seres vivos que se
encontram na condição de doadores de fluidos vitais.

-137-
Em determinados fenômenos, discute-se se a ocorrência é de mediunidade mesmo
ou de animismo. Assim, referindo-se aos médiuns videntes, Kardec comenta no
livro Obras Póstumas: “Seria, porventura, demasiado considerar essas pessoas como
médiuns, porquanto a mediunidade se caracteriza unicamente pela intervenção dos
espíritos, não se podendo ter como ato mediúnico o que alguém faz por si mesmo.
Aquele que possui a vista espiritual vê pelo seu próprio espírito, não sendo de
necessidade, para o surto de sua faculdade, o concurso de um espírito estranho”.

A mesma observação pode ser feita em relação aos médiuns videntes, auditivos e
sensitivos ou impressionáveis, sendo, portanto, nesses casos, um fenômeno anímico,
não propriamente mediúnico.

Sabemos que o médium vê, ouve ou sente o que está na esfera de irradiação de seu
perispírito, havendo, então, uma combinação de seus fluidos com os do plano
espiritual. Dessa forma, podemos entender o mecanismo segundo o qual os espíritos
humanos se tornam visíveis para os animais, como disse Erasto, exemplificando
com o relato bíblico da “Mula de Balaão”. Entre os vários casos com a participação
de animais que já ouvi, lembro-me de um muito interessante. Em uma certa família,
era hábito de um idoso senhor chegar em casa à tarde, sentar-se em sua cadeira de
balanço e tirar os sapatos. Como um ato contínuo, seu amigo e fiel cão ia ao quarto
e lhe trazia os chinelos. O tempo passou e esse senhor desencarnou. Certo dia, essa
família estava reunida na sala quando se percebeu uma repentina mudança de
comportamento no cão, que demonstrava alegria. O impressionante é que o animal
se dirigiu ao quarto do antigo dono e, trazendo os chinelos, depositou-os no lugar de
costume, diante da cadeira de balanço. Surpresos e emocionados, os familiares se
entreolharam e perguntaram: será que ele está lá? Analisando o que aconteceu, não
podemos afirmar que sim ou não. Obedecendo aos rigores do método racional,
podemos dizer apenas que o ocorrido sugere que, de fato, o espírito do senhor
desencarnado esteve lá, tendo a sua presença percebida pelo cão.

SENTINDO INFLUÊNCIAS

Encontramos outra passagem interessante sobre esse item no relato bíblico da “cura
do endemoniado geraseno”. Possesso de demônios, o homem recorreu a Jesus para
curá-lo. Então, os seres rogaram a Jesus que não os mandasse sair para o abismo.
Pastando no monte, uma grande manada de porcos andava por ali e eles pediram
permissão para entrar naqueles animais. E Jesus permitiu. Os demônios saíram do
homem e entraram nos porcos, que se precipitaram para dentro do lago e se
afogaram.

-138-
Pelo texto, podemos entender que os demônios ou espíritos obsessores exerciam
uma influência deletéria sobre o homem. Certamente o vampirizavam, pois esses
espíritos se alimentavam do fluido vital de encarnados. Aliás, André Luiz relata
como esses espíritos se amontoam nos matadouros para captar o fluido vital que
emana dos animais sacrificados. Então, uma vez que tiveram de se afastar do
homem, pois a autoridade de Jesus assim determinava, serviram-se dos porcos que
por ali passavam para, com certeza, continuarem a se valer de alguma fonte do
fluido vital de que necessitavam. É o sentido que vejo no texto, já que não podemos
levar ao pé da letra a informação de que os demônios “entraram nos porcos”. Esses
animais “sentiram” a influência ou a presença da legião de obsessores, tornando-se
extremamente perturbados por ela.

Agora, se os porcos sentiram os espíritos, será que eles atuaram como médiuns? É
uma questão complexa. Segundo O Livro dos Médiuns, “todo aquele que sente a
influência dos espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium”. Esse é um
conceito bastante amplo (“lato sensu”, como poderíamos dizer) e, nesse caso,
abrangeria até os porcos do caso do “endemoniado geraseno” ou daquele cão que
foi buscar os chinelos do senhor desencarnado. Entretanto, em uma visão mais
focalizada e remontando à origem etimológica do termo, o vocábulo “médium”
seria utilizado única e exclusivamente para manifestações de efeitos intelectuais,
quando a atuação do indivíduo é a de intermediário.

Por fim, permitam-me uma reflexão. Imagino que os prezados confrades, a essa
altura, estão entendendo bem a razão peta qual decidi tratar o assunto como questão,
ou seja, como tema a ser discutido. E se estamos com a proposta de discutir, temos
que estar abertos para as possíveis explicações, sem idéias preconcebidas nem
preconceitos, valendo-nos, é claro, de informações contidas nas obras básicas da
codificação espírita, assim como da lógica e da razão, como recomendou Kardec.
No meu entender, a questão da mediunidade dos animais continua em aberto, pois
ainda existem mais perguntas do que respostas, estando a própria discussão do
conceito de “médium” implicada na discussão do assunto.

Notas: (Extraído da revista Cristã de Espiritismo 20, páginas 44-48)

-139-
37 - ESTRUTURA ENÉRGICA DAS SESSÕES

Uma das dificuldades normalmente encontradas por aqueles que dirigem as


sessões práticas de Espiritismo é a do baixo rendimento dos médiuns.
Existem vários fatores que podem atuar junto aos fenômenos da
mediunidade, prejudicando seus resultados. Um deles, porém, destaca-se dos
demais, por causa dos entraves que causa às manifestações: trata-se da
estrutura energética da sessão, ou seja, aquilo que a linguagem popular
denomina "corrente magnética". Se esse campo de energia for desarmônico
ou constituído de baixas vibrações, o trabalho mediúnico sem dúvidas será
prejudicado.

Uma sessão mediúnica é composta por diversos elementos dos ambientes


terreno e espiritual. São Espíritos, fluidos e energias que se situam nessas
duas dimensões da vida. Do lado material, a reunião constitui-se pelos
encarnados que a compõem. Do lado espiritual encontram-se os Espíritos
desencarnados, seres mais ou menos elevados, vibrando em sintonia com as
condições morais e intelectuais dos componentes do grupo, situados na
matéria.

A Criação foi moldada por Deus num oceano fluídico primitivo, pela atuação
da Sua poderosa vontade. A matéria, tal como a conhecemos na Terra e nos
mundos materiais que nos cercam, é a região mais densa da obra divina.

Os mundos materiais são focos de concentração fluídica, movidos pelas


energias emanadas do Criador. Os Espíritos desencarnados vivem na 4ª
dimensão, ou seja, num espaço-tempo constituído por várias camadas
vibratórias, difíceis de serem imaginadas pelos encarnados, prisioneiros da 3ª
dimensão. Quanto mais elevado é o plano espiritual, mais desmaterializadas
são as entidades que nele habitam. Na mais íntima dessas camadas vibratórias
estão os Espíritos Puros.

Os Espíritos Superiores podem saber o que se passa em quase todos os


lugares. Podem penetrar os objetos materiais com naturalidade, como se esses
fossem etéricos. Mas quando se trata de realizar fenômenos no denso campo
da matéria, surgem obstáculos.

A presença da matéria, gerada pela alta concentração de fluidos, e os campos


energéticos negativos, provenientes da atividade mental do homem

-140-
imperfeito, constituem-se em verdadeiros entraves à ação dos Espíritos
Superiores nessas regiões. Para que eles possam agir com certa desenvoltura
nos campos densos, eles necessitam de campos vibratórios elevados, que
podem ser criados pela elevação dos pensamentos das pessoas encarnadas
presentes à sessão e pela sua harmonização moral.

Este é o motivo pelo qual todas as teorias doutrinárias prescrevem a


homogeneidade de pensamentos como forma de estabilidade das sessões
mediúnicas e também de qualquer outro tipo de reunião. As pessoas são
Espíritos encarnados que estão emitindo constante vibração mental,
energizando o ambiente onde se encontram.

Ao realizar-se uma sessão prática, é preciso considerar a natureza dos


pensamentos de todos os seus participantes encarnados. São eles que vão
criar o campo vibratório onde os bons Espíritos irão trabalhar. Se houver
desarmonia na sessão mediúnica, haverá uma correspondente desarmonia no
mundo espiritual e não se formará o campo energético satisfatório.

Allan Kardec afirma em O Livro dos Médiuns, que se houver na sessão


algum indivíduo em desacordo com as atividades desenvolvidas ou que tenha
algum sentimento ruim por uma pessoa presente, poderá causar grande
prejuízo às manifestações, alterando a corrente de magnetismo que se forma
em torno da mesa mediúnica. A reunião, pois, deverá ser feita por pessoas
que vibrem num mesmo ideal.

As experiências em sessões práticas têm demonstrado que a melhor maneira


de se conseguir essa harmonia entre seus membros é o fator estudo. Não
aquele estudo acumulado pela quantidade de obras lidas, mas a leitura e
discussão dos princípios evangélicos e doutrinários de O Evangelho Segundo
o Espiritismo, de O Livro dos Espíritos e de O Livro dos Médiuns.

Pessoas estranhas ao centro espírita não devem participar das reuniões


práticas de Espiritismo. Elas podem atrapalhar, uma vez que não estão
afinizadas com o grupo e não vibram no mesmo ideal. Por isso, o Codificador
não permitia que se realizassem sessões mediúnicas públicas.

No Brasil, lamentavelmente, ainda existem casas espíritas que realizam


trabalhos práticos de mediunidade abertos ao público. Tal procedimento nem
sempre é edificante. Ao contrário, atrai curiosos que, sem compreenderem
bem o que se passa nas manifestações, podem fazer uma idéia errônea sobre o
que é o Espiritismo.

-141-
O dirigente da reunião é o responsável pelo andamento da sessão. Ele deverá
cuidar para que as condições vibratórias do ambiente sejam mantidas em um
nível satisfatório. Cuidará das leituras, das explanações doutrinárias e do
nivelamento das idéias contrárias.

Todos os participantes deverão estar atentos aos estudos doutrinários


realizados nos momentos que antecedem a sessão. Na hora dos comentários,
eles devem participar, esforçando-se para esclarecer algum ponto que
particularmente lhes tenha parecido relevante.

Os instrutores desencarnados poderão ajudar na harmonização vibratória do


recinto, fazendo colocações filosóficas por meio da mediunidade de
inspiração, que todas as pessoas possuem em maior ou menor grau.

Se houver comunicações turbulentas elas poderão quebrar a harmonia


vibratória do ambiente. Nesses casos o dirigente da mesa deverá recorrer
novamente à oração, lembrando com frequência o nome de Jesus Cristo e de
seus ensinamentos, para que o equilíbrio se restabeleça.

A vidência e o desdobramento

A vidência - Os médiuns videntes são os que possuem a faculdade mais ou


menos frequente de ver os Espíritos. Alguns deles vêem os desencarnados
num estado psíquico de normalidade, enquanto outros só o conseguem numa
espécie de transe parecido com aquele que sentimos quando se aproxima o
sono.

Os médiuns videntes podem ser utilizados em todos os tipos de reuniões


mediúnicas como elementos de informação, mas jamais de direção. Um
dirigente de reunião mediúnica nunca deve dirigir seus trabalhos orientado
por um vidente, porque essa faculdade é a que mais se presta ao erro, pois os
quadros e visões freqüentemente são alterados pelas condições psicológicas
do médium.

A vidência é uma faculdade instável e, por isso mesmo, deve-se ter muita
cautela ao lidar com ela. Muitos acreditam ver o que só existe na própria
imaginação.

Os médiuns videntes são muito comuns, mas os que inspiram maior


confiança são raros. Aqueles que desenvolvem suas faculdades no trabalho

-142-
espírita, paralelamente aos seus esforços de estudos e aprimoramento têm
maiores possibilidades de sucesso. Os chamados "videntes naturais", de um
modo geral, não são médiuns confiáveis. Por causa de suas faculdades,
costumam possuir o amor-próprio muito desenvolvido. Geralmente acreditam
que são pessoas especiais e que, por isso, deveriam ser ouvidas sem
questionamentos.

O médium vidente vê os Espíritos com os olhos da alma e não com os


carnais, por isso enxerga os Espíritos tanto com os olhos fechados quanto
abertos.

A vidência é resultado de uma crise mais ou menos rápida. Não existem


médiuns, ou pelo menos são raríssimos, que ficam vendo os Espíritos o
tempo todo, durante uma sessão mediúnica. Normalmente eles vêem clichês
ou quadro psíquicos, vindos à tela mental como se fossem um rápido sonho.

Há situações em que o vidente sabe o que significa sua visão, sem que
ninguém o diga. O motivo disso é que os acontecimentos no mundo invisível
irradiam uma onda psíquica que a mente do vidente interpreta instintivamente
como uma informação. Alguns deles interpretam as visões com mais
facilidade, outros não. Mas, de um modo geral, o exercício leva ao
aperfeiçoamento da interpretação daquilo que vêem.

As aparições de Espíritos desencarnados ou visões que ocorram no estado


próximo do sono físico, não devem ser consideradas fenômenos de vidência,
pois que podem ser vistas por todos os presentes e podem, inclusive, serem
registradas em fotografias.

Quando se está dormindo ou num estado de proximidade com o sono, o


Espírito está momentaneamente desprendido ou se desprendendo da matéria
densa. Possui por alguns instantes a visão própria dos Espíritos
desencarnados. Por isso, pode ter a percepção de imagens e seres do mundo
invisível.

A vidência é uma faculdade que deve ser comprovada. Um observador


atento, pelas descrições apresentadas, poderá verificar se a mediunidade de
um vidente é verdadeira ou fantasiosa. As evocações também podem ser
utilizadas como elemento comprobatório dessa faculdade. Quando se evoca
um Espírito conhecido de algum dos presentes, o vidente poderá descrevê-lo
em detalhes, se possuir uma vidência positiva. De todo modo é sempre
prudente usar de cautela com os videntes.

-143-
A seguir, apresentamos uma citação de Allan Kardec, que esclarece alguns
pontos relevantes sobre a mediunidade de vidência:

"A faculdade de ver os Espíritos pode sem dúvida se desenvolver, mas é


dessas faculdades cujo desenvolvimento deve processar-se naturalmente, sem
que se provoque, se não se quiser se expor às ilusões da imaginação. Quando
temos o germe de uma faculdade, ela se manifesta por si mesma. Devemos,
por princípio, contentar-nos com aquelas que Deus nos concedeu, sem
procurar o impossível. Porque então, querendo ter demais, arrisca-se a
perder o que tem”

Quando dissemos que os casos das aparições espontâneas são frequentes,


não quisemos dizer que sejam comuns. Quanto aos médiuns videntes,
propriamente ditos, são ainda mais raros e temos muitas razões para
desconfiar dos que pretendem ter essa faculdade. É prudente não lhes dar fé,
senão mediante provas positivas".

"Algumas pessoas podem sem dúvida enganar-se de boa fé, mas outras
podem simular essa faculdade por amor-próprio ou por interesse. Nesse
caso, deve-se particularmente levar em conta o caráter, a moralidade e a
sinceridade habituais da pessoa. Mas é sobretudo nas questões
circunstanciadas que se podem encontrar o mais seguro meio de controle.
Porque há circunstâncias que não podem deixar dúvidas, como nos casos de
exata descrição de Espíritos que o médium jamais teve ocasião de conhecer
quando encarnado" - (Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns, item 171).

Eis um caso para exemplificar as palavras do Codificador.

Em determinada época um companheiro começou a ter visões durante as


atividades mediúnicas. Via uma coisa numa sessão e outra noutra. Aos
poucos, parecia desenvolver a faculdade de enxergar os Espíritos
desencarnados. Certa feita, durante trabalhos na sala de atendimento, onde
eram ministrados passes em um grupo de pessoas, o médium disse que via ao
lado de uma moça, um soldado vestido com sua farda e que parecia querer
ajudá-la. Indagada sobre o fato, a pessoa ficou surpresa e disse tratar-se de
um tio que era militar, que havia desencarnado já há alguns anos e que lhe
tinha muito carinho. Como o médium nunca a tinha visto antes, essa é uma
circunstância que comprovou a existência da faculdade real de vidência.

-144-
A maioria das visões obtidas pelos médiuns videntes sérios são reais e
referem-se a acontecimentos que se passam no ambiente onde está, mas
também pode acontecer de verem coisas relacionadas com situações que
estão distantes, porém, sempre vinculadas ao que se faz no momento na
sessão.

Por exemplo: durante uma prece a um necessitado, o médium poderá ter uma
visão em que observa os Espíritos amigos transmitindo um passe ao enfermo,
lá no ambiente onde se encontra.

Também poderão ser verificadas junto de pessoas carentes, presentes ou


ausentes, as presenças de Espíritos estranhos, sofredores ou obsessores, que
possam estar causando-lhe alguma influência nociva.

No decorrer de uma sessão mediúnica, um médium vidente já desenvolvido


poderá ter várias visões, que possuam relação direta ou indireta com os
trabalhos. Ele poderá ver os Espíritos se movimentando em torno da mesa;
levando ou trazendo entidades comunicantes; socorrendo, contendo ou
mesmo repreendendo Espíritos doentes ou desordeiros e Espíritos bons e
superiores que aparecem no local ou ao longe observando os trabalhos.

Os Espíritos sofredores aparecem em estado deplorável. Se são acidentados,


apresentam sinais do acidente que lhes tirou a vida. Se são suicidas, muitas
vezes trazem consigo as marcas do ato impensado. Há casos em que as
entidades são trazidas em macas e atendidas por enfermeiros do Além.

É muito comum os videntes observarem nas sessões mediúnicas Espíritos


ignorantes que se portam com certa indiferença em relação ao trabalho que se
está realizando. Às vezes, aparecem em grande número. Pode acontecer de
uma visão mostrar os Espíritos bons em visita às regiões umbralinas, onde
estaciona uma multidão de Espíritos sofredores. Fazem isso, para recolher
alguns deles para participarem dos trabalhos mediúnicos e de esclarecimentos
que serão feitos.

Os Espíritos maus possuem uma aparência penosa e causam má impressão


psíquica e emocional no vidente. Às vezes podem aparecer como vultos
escuros, sem formas definidas. Em outras, surgem deformados, com
aparências animalescas. Existem malfeitores que se apresentam envolvidos
por capuzes e que nunca mostram suas faces.

-145-
Os Espíritos bons utilizam formas perispirituais variadas, que trazem
agradável aparência e sensação de bem-estar.

Observa-se ainda visões de Espíritos esclarecidos, que foram padres, freiras


ou pertencentes a ordens religiosas. Algumas entidades, pela características
perispirituais que apresentam, parecem pertencer ao nosso tempo e região.
Outras, dão a impressão de que viveram em outros tempos ou pertenceram a
regiões espirituais de países distantes.

Entre as equipes espirituais que são encarregadas de dar proteção ao recinto


de atividades mediúnicas, encontram-se vários tipos de Espíritos,
pertencentes a diversas categorias da escala espírita.

O ambiente astral onde se realiza o trabalho mediúnico é diferente do que se


tem no lado material. Uma das suas características é a de não possuir os
limites das paredes. Mostra-se como um espaço bem mais amplo do que se
observa com os olhos carnais.

Os videntes narraram visões em que verificaram a existência de auditórios,


onde são colocados os desencarnados carentes. Em outras ocasiões, podem
ser observadas multidões de Espíritos, reunidos num grande espaço vazio,
observando atentamente o que se está dizendo ou fazendo na reunião
mediúnica.

Pequenos grupos de Espíritos com características específicas podem ser


vistos reunidos em ambientes semelhantes a salas de aulas, onde recebem
instruções de mentores espirituais.

A vidência deve ser encarada com cuidado redobrado a fim de que os grupos
não sejam presas de Espíritos mentirosos, posto que a tendência que se tem é
a de valorizar essa faculdade e endeusar os médiuns que a possuem.

Deve-se ter em mente que a vidência é apenas mais um instrumento de ajuda


nas reuniões e devemos tirar dela o melhor que pode oferecer.

O desdobramento – É a faculdade que permite ao Espírito do médium


desprender-se momentaneamente do corpo e penetrar no mundo invisível. É
também chamada de "apometria". Allan Kardec classificou-a como "dupla-
vista" ou "sonambulismo". Assim como na vidência, o desdobramento

-146-
também é uma faculdade extremamente delicada e difícil de se controlar com
racionalidade. Isso porque o médium, quando está fora do seu corpo, vê as
coisas da 4ª dimensão com mente ainda prisioneira na 3ª dimensão. É quase
natural fazer uma descrição enganosa daquilo que vê no mundo invisível.

Portanto, como no caso dos videntes, os dirigentes da reunião devem receber


as informações vindas de médiuns de desdobramento com certa reserva. Que
elas sejam tidas como uma fonte de informações a mais, porém, que nenhum
grupo tome atitudes graves fundamentadas nessas visões, sem comprovar a
veracidade delas.

O fenômeno de desdobramento também precisa de comprovação pela lógica


dos fatos. Segue um exemplo: num certo período do trabalho com médiuns,
no Grupo Bezerra de Menezes, uma das companheiras aparentemente possuía
a faculdade de desdobramento. Passou-se, então, à observação desses
fenômenos, para sondar-lhes a veracidade.

Durante uma sessão, essa médium narrou que esteve numa casa terrena, onde
viu uma equipe de Espíritos amigos fazendo um trabalho de auxílio. Passou
então a descrever o quarto da casa, a sala e a cozinha, nos mínimos detalhes.
Coisas como os quadros que estavam nas paredes, a cor e os desenhos da
colcha que cobria a cama e até o tipo de geladeira que viu foram narradas
com precisão.

Um dos colaboradores presentes na sessão disse: Essa é a minha casa. A


médium nunca tinha estado lá. Ficou assim comprovada a presença do
Espírito da médium nesse lugar, distante do ambiente onde se realizava a
reunião.

O médium de desdobramento, durante o transe, normalmente não tem


consciência de que está desdobrado. Ele tem a impressão de estar vivendo
uma realidade. Só se dá conta de que estava fora do seu corpo quando a ele
retorna.

Em alguns casos raros, o médium pode conversar com Espíritos


desencarnados e transmitir suas mensagens e orientações para os presentes,
usando seu corpo carnal, que comanda à distância.

Nos casos de desdobramento, o corpo do médium nunca se debruça sobre a


mesa de trabalhos, mas permanece inerte. Se for tocado por alguém, seu

-147-
Espírito volta de imediato ao corpo, sofrendo uma espécie de choque
emocional e psíquico.

É perigoso chamar bruscamente um médium que está em estado de


desdobramento, ou produzir algum ruído que possa fazer com que ele volte
instantaneamente ao corpo. Algumas experiências desse tipo, que vivemos
em sessões mediúnicas, provocadas por circunstâncias alheias à nossa
vontade, causaram grande mal estar nos médiuns que estavam desdobrados e
que foram obrigados a voltar para o corpo instantaneamente.

Observações:

a) Não é aconselhável que o dirigente da reunião mediúnica seja um vidente,


médium de desdobramento, nem que tenha mediunidade falante ostensiva.
Ele precisa dirigir o trabalho mediúnico, primeiro com sua racionalidade e
experiência, depois com as informações dos médiuns e, por último, com a
própria intuição.

b) Em todas informações mediúnicas dadas por videntes ou médiuns em


desdobramento, o dirigente das sessões deverá utilizar sua razão para separar
as boas das más orientações. Em caso de dúvidas, o responsável pelos
trabalhos deverá desprezar a informação do médium.

c) O desdobramento é uma faculdade que muito se presta à fascinação, que é


o mais grave tipo de obsessão. Alguns escritores conhecidos no movimento
doutrinário brasileiro, deixaram de ser espíritas porque foram vítimas de
processos de fascinação, provocados por Espíritos inferiores que os
dominaram profundamente. Entre eles, alguns eram médiuns de
desdobramento.

O uso da prece "Pai Nosso" nas sessões

No movimento espírita existem algumas personalidades avessas à religião,


que abominam a palavra prece ou oração. Se, numa visita que fizerem a um
centro espírita, assistirem o dirigente proferir frente ao público uma prece de
Pai Nosso, logo ficam escandalizados.

-148-
São os espíritas com tendências materialistas e que defendem a idéia de que o
Espiritismo não é religião e que o centro espírita não é um templo. Essas
opiniões são respeitáveis, mas há outras que parecem mais coerentes e
sensatas.

A prece ou oração é o ato de se pronunciar um conjunto de palavras que


predispõem o indivíduo ao contato com a Divindade ou seus prepostos, os
Espíritos.

Todos os que trabalham nos centros espíritas estão habituados à oração.


Fazem a prece para abrir as sessões práticas ou as de estudos do Espiritismo e
para encerrar essas atividades. Estão certos em fazê-lo. Os Espíritos
superiores recomendaram a prece como forma de preparo do ambiente onde
se realizam as atividades doutrinárias.

Pode-se utilizar a prece do Pai Nosso nos trabalhos de Espiritismo? Sim, não
há qualquer problema. Deve-se, no entanto, evitar o uso de preces feitas por
outras crenças. Não porque elas não mereçam nosso respeito, mas porque
podem despertar em algumas mentes os hábitos religiosos de suas antigas
crenças. É o caso da Ave Maria, mesmo nos casos em que trocam a frase
"Mãe de Deus" pela "Mãe de Jesus".

A Ave Maria é uma prece bonita, porém, católica. O Espiritismo não segue a
doutrina católica e sim a doutrina espírita, que é consequência do
desdobramento do Cristianismo.

Jesus de Nazareth, o Cristo, deixou preciosas instruções sobre como proceder


para entregar-se à prece (veja seus ensinamentos no Evangelho de Mateus,
Capítulo 6, versículos de 5 a 13). O Pai Nosso, pois, é a única prece deixada
diretamente por Ele. Por que não utilizá-la nas sessões públicas, nos trabalhos
práticos ou em nosso recolhimento pessoal? Não há explicação racional para
a negativa.

Uns dizem que é coisa da Igreja, mas antes de ser da Igreja Católica, ela o é
do Cristo. O Evangelho também está na Igreja, no entanto, serve de base para
a moral espírita.

Alguns espíritas, contrários à religião, imputam à Igreja todo atraso da


humanidade e por isso não gostam de nada que a lembre. O verdadeiro

-149-
espírita não deve se prender a este tipo de preocupação. Pode e deve utilizar o
Pai Nosso como uma oração de apoio às suas atividades mediúnicas e seu
equilíbrio pessoal.

Mas como aplicar o Pai Nosso no centro espírita? Bem, ainda aqui deve-se
utilizar do bom senso. Jesus instruiu que a prece é um ato interior de
louvação, que ela nada tem de exterioridade. Deduz-se daí, que não é
necessário orar em voz alta.

Temos visto alguns expositores ou dirigentes espíritas usarem de uma


fórmula que, a nosso ver, é bastante sensata. Convidam o povo à prece,
dizendo: Pai Nosso... e põem-se em silêncio para que todos dêem
continuidade à oração somente no plano mental. Eis uma forma positiva de se
proferi-la, sem que se produza aquela barulhenta ladainha, comum a outros
credos.

O dirigente poderá ainda realizar a prece inicial segundo sua própria


inspiração e depois finalizá-la com o Pai Nosso. Sabe-se que esta oração, por
estar entre os homens há quase dois mil anos, exerce poderosa influência no
psiquismo das pessoas e dos Espíritos desencarnados.

O Espiritismo não é uma religião, mas uma doutrina que tem seu lado
religioso. Essa doutrina faz o homem transcender o aspecto material da vida
para encontrar-se com Deus na sua intimidade. Só a meditação e a prece
atraem para o Espírito a coragem e o ânimo de que necessita para enfrentar a
vida.

Veja-se o texto a seguir, de autoria de José Herculano Pires, um dos mais


lúcidos espíritas de nossa recente história. Ele mostra algumas razões justas
para se utilizar o Pai Nosso.

"Uma sessão espírita começa geralmente pela prece do Pai Nosso, dita por
uma pessoa, com acompanhamento apenas mental da assistência. Onde se
usa o acompanhamento oral, em tom de ladainha, está evidente a influência
de religiões de origem do dirigente, ou dirigentes.

Um observador estranho, que a assiste pela primeira vez, acha que o


Espiritismo não passa de uma seita cristã e ingênua. Mas um espírita
conhecedor da doutrina poderá explicar-lhe a razão do fato''.

-150-
''A prece do Pai Nosso não tem nenhuma influência mágica especial. Tem
apenas, a seu favor, o fato de figurar nos Evangelhos como prece ensinada
pelo Cristo, o que a transformou numa prece tradicional e obrigatória em
todo o Cristianismo. Ela não é imantada por nenhum poder misterioso, mas
tem a carga emotiva de uma tradição de dois mil anos.

À semelhança do soneto, que na poesia resiste a todas as inovações, o Pai


Nosso tornou-se uma forma psico-emotiva, uma estrutura oral introjetada no
inconsciente cristão coletivo. A introjeção, técnica da Psicanálise,
corresponde a uma absorção emotiva realizada pelo inconsciente. A forma
ou emoção assim absorvida permanece no inconsciente como uma espécie de
arquétipo correspondente a exigências psicológicas ou espirituais da espécie
humana.

Nas sessões espíritas há duas realidades que devem ser levadas em conta: a
presença humana material e a presença humana espiritual. Espíritos
encarnados e desencarnados mostram-se sensíveis à prece do Pai Nosso, que
lhes dá maior confiança e segurança no decorrer dos trabalhos mediúnicos.
A prece não é dita apenas por formalismo ou superstição. Há um motivo
psicológico e espiritual para essa prática marcar o início e o fim das sessões.
Muitas entidades espirituais perturbadas se acalmam ao ouvi-la e o clima da
sessão se torna mais favorável aos resultados esperados.

O dirigente, declarando iniciados os trabalhos mediúnicos, pede a todos os


presentes que elevem o seu pensamento a Jesus. Outro motivo de escândalo
para o observador leigo. Mas a figura de Jesus é também um arquétipo, uma
forma introjetada. A concentração mental que favorece o clima de
recolhimento (um dos ingredientes da sessão) exige que todos dirijam o seu
pensamento para um alvo superior.

Pensar em Deus é mais difícil, pois a maioria pensaria apenas numa


palavra. A concentração não é individual, mas coletiva. Todos os presentes
pensando em Jesus, o pensamento de todos se concentra numa idéia definida
e respeitada por todos. Não se trata também de uma fixação mental da figura
de Jesus.

Os dirigentes avisados explicam que ninguém deve fixar uma imagem, pois
isso exigiria esforço mental cansativo, tensão mental contrária ao fim
desejado, que é a criação e manutenção de um ambiente fluídico, ou seja, de
vibrações serenas e estimuladoras. Trata-se de uma técnica psicológica de
resultados espirituais".

-151-
Eis também um texto de Allan Kardec, no qual ele se refere ao assunto
Pai Nosso.

"Os Espíritos recomendaram que abríssemos a coletânea de preces com a


Oração Dominical (Pai Nosso), não somente como prece, mas também como
símbolo. De todas as preces, é a que eles consideram em primeiro lugar, seja
porque nos vem do próprio Jesus, seja porque ela pode substituir a todas as
outras, conforme a intenção que se lhe atribua. É o mais perfeito modelo de
concisão, verdadeira obra prima de sublimidade, na sua simplicidade. Com
efeito, na sua forma mais reduzida, ela consegue resumir todos os deveres do
homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo. Encerra
ainda uma profissão de fé, um ato de oração e submissão, o pedido das
coisas necessárias à vida terrena e o princípio da caridade”

Entretanto, em razão mesmo de sua brevidade, o sentido profundo que


algumas das suas palavras encerram escapa à maioria. Isso porque
geralmente a proferem sem pensar no sentido de cada uma de suas frases.
Proferem-na como uma fórmula, cuja eficácia é proporcional ao número de
vezes que for repetida. Esse número é quase sempre cabalístico: o três, o
sete, ou o nove, em virtude da antiga crença supersticiosa no poder dos
números, e do seu uso nas práticas mágicas.

Para preencher o vazio que a concisão desta prece nos deixa ajuntamos a
cada uma de suas proposições, segundo o conselho e assistência dos Bons
Espíritos, um comentário que lhes esclarece o sentido e as aplicações. De
acordo com o tempo que se disponha, pode-se pois dizer a Oração Dominical
em sua forma simples ou desenvolvida" - (Allan Kardec, Evangelho Segundo
o Espiritismo, 28:2).

-152-
38 - TEORIA E PRÁTICA
"Espíritas, Amai-vos!" - esse é o primeiro ensinamento; "Instruí-vos" - esse, o
segundo.
O Espírito da Verdade

O conhecimento do Espiritismo é absorvido por cada um de nós de modo e


intensidade diferentes, variando de acordo com a bagagem de inteligência e nível
moral que possuimos, resultado das nossas experiências acumuladas em nossas
diversas encarnações.

Não estamos aqui nos referindo à mera curiosidade sobre os fenômenos mediúnicos,
tampouco sobre a "procura de soluções imediatistas" para os problemas de cada um,
causas que levam muitas pessoas aos centros espíritas. Grande número de pessoas,
tendo aprendido algo sobre o Espiritismo, acomodam-se nessa atitude, esquecendo
que nosso aprendizado em qualquer situação da vida deve ser constante e
progressivo.

Não basta, em absoluto, fazer um "intensivo" sobre Espiritismo, coletando


informações aqui e acolá, lendo alguns romances espíritas, assistindo a algumas
palestras, mas, sim, são necessários, pelo menos, a leitura constante e o estudo
rigoroso das obras básicas, a chamada Codificação Espírita ou "Pentateuco
Kardequiano".

Ouve-se constantemente que isso não é muito fácil de ser feito: trata-se de leitura
difícil para alguns, falta o tempo necessário para outros, e assim por diante. Porém,
os que assim pensam ficam, na maioria das vezes, embatucados com as questões
mais simples sobre o Espiritismo, isso quando não se lançam a debater as questões
complicadas, aquelas que requerem bom conhecimento doutrinário.

Diante de tal situação, o estudo nos centros espíritas revela-se como atividade
essencial para seus freqüentadores, o que na prática tem mostrado ótimos
resultados, propiciando sempre novos colaboradores mais preparados, com melhor
formação doutrinária, isto é, com melhores conhecimentos sobre o Espiritismo
como um todo. O próprio Codificador, depois da terceira viagem por várias cidades
da França, no ano de 1862, já afirmava: "Há algum tempo, constituíram-se alguns
grupos de especial caráter e cuja multiplicação entusiasticamente desejamos
encorajar. São os denominados grupos de ensino."

-153-
Daí a recomendação a todos os que buscam conhecer o Espiritismo, para procurar
os centros espíritas que oferecem o estudo sistematizado, o qual deverá ser, sempre,
estritamente baseado nas obras de Kardec.

O aprendizado em grupos de estudo coordenados e aplicados por pessoas


devidamente preparadas permitirá um intenso e frutífero intercâmbio de idéias e
esclarecimento de dúvidas, alargando os horizontes do pensamento, que, passo a
passo, levarão às respostas das questões mais complexas sobre a nossa existência,
nossa origem e nossa destinação futura.

Dessa maneira, estaremos melhor preparados para o entendimento do Evangelho de Jesus como
norma de conduta para toda a Humanidade, iniciando, assim, a nossa reforma íntima,
especialmente no aspecto moral, bem como a mudança de nossos hábitos, visando sempre ao
nosso aperfeiçoamento espiritual.

Adaptação de Artigo de Paulo Roberto Wollmer

-154-
DESVIOS PERIGOSOS

Certo ferroviário de extinta Companhia de Estradas de Ferro, após muitos anos de


trabalho, resolveu se aposentar, cabendo a ele ensinar suas tarefas ao seu substituto.
No primeiro dia de treinamento, o futuro aposentado entregou ao funcionário
contratado para substituí-lo um martelo, explicando-lhe que o seu serviço consistia
em bater com o mesmo nas rodas dos trens que chegassem à estação. O novo
contratado perguntou por que deveria assim proceder. O ferroviário, nervoso,
respondeu-lhe irado: "Ora essa: há mais de trinta anos que eu venho fazendo isso
todos os dias e ainda não sei, e você, que apenas acaba de chegar, já quer saber?"

(Logicamente, a pancada na roda era para verificar, através do som produzido, se


ela estava trincada).

De maneira semelhante ao ferroviário, alguns médiuns e dirigentes de centros


espíritas vêm assim procedendo: adotando práticas que são perigosos desvios
doutrinários. Muito embora alguns deles sejam possuidores de ilibado caráter, são
desconhecedores da Doutrina Espírita e incapazes de discernir o certo do errado.
Acatam cegamente as determinações dos espíritos comunicantes, sem qualquer
questionamento se elas são ou não condizentes com a Doutrina dos Espíritos.

Com o desencarne, o espírito não se torna sábio, nem santo ou demônio, de uma
hora para outra, como pensam alguns. Ele continua sendo o mesmo que era antes,
apenas mudando de dimensão, tendo a mesma personalidade, os mesmos
sentimentos, as mesmas simpatias e antipatias, os mesmos conhecimentos e as
mesmas necessidades, de acordo com o seu grau de evolução. Portanto, o espírito,
ao se comunicar através do médium, transmite os conceitos que possui.

Por isso, é necessário estudar, analisar e passar pelo crivo da razão toda e qualquer
orientação antes de levá-la a sério, verificando se ela não conflita com a Doutrina
Espírita e nem a compromete. O espírito Erasto, discípulo de Paulo, recomenda que
é preferível duvidarmos de nove verdades do que acreditarmos em uma única
mentira. Os Espíritos Superiores não se ofendem quando questionados; ao contrário,
eles se alegram com a nossa precaução doutrinária, ao passo que os espíritos
inferiores, estes sim, se ofendem e se aborrecem.

A pretexto de atualização da Doutrina, quantas obras psicografadas por espíritos,


com pareceres conflitantes com a Codificação Kardequiana, estão sendo editadas,
gerando confusão entre os adeptos do Espiritismo! O que é mais lamentável ainda é

-155-
que algumas dessas obras são recomendadas, e até mesmo adotadas, por dirigentes
espíritas menos avisados, que, por ignorância, ingenuidade, ou mesmo por
envolvimento obsessivo, se deixam conduzir, comprometendo sobremaneira o
Cristianismo Redivivo! São bem oportunas as palavras do espírito Emmanuel,
quando afirma:

"Compreendemos, com Allan Kardec, que, na Doutrina Espírita, foi pronunciada a


primeira palavra, mas, em face do caráter progressivo dos seus postulados,
ninguém poderá dizer a última. Na Doutrina Espírita, não se dirá que Allan Kardec
foi ultrapassado, de vez que nossos princípios avançam com o fluxo evolutivo da
própria vida e, à maneira do edifício que para crescer não prescinde do alicerce, a
Doutrina Espírita não fugirá das diretrizes primeiras, a fim de ampliar-se em
construções mais elevadas."

Sabemos que a Doutrina codificada por Kardec é o alicerce sólido, indestrutível,


feito para sustentar um número infinito de andares, mas é necessário ter o cuidado
de que os andares a serem construídos sobre esse alicerce sejam da mesma
qualidade, estrutura e robustez, para suportarem os que forem construídos acima,
caso contrário comprometerão todo o edifício. Toda e qualquer prática fora dos
preceitos doutrinários é um andar fragilizado, que, com o tempo, ruirá. Compete a
nós, espíritas conscientes, a grande responsabilidade de preservar a pureza do
Cristianismo Redivivo, e, de forma alguma, a pretexto de tolerância cristã, usar de
condescendência para com as deturpações que invadem o Espiritismo!

Ary Lex, em seu livro "Pureza Doutrinária", alerta-nos:

"É urgente e fundamental que todos aqueles que tiveram a ventura de entender o
Espiritismo lutem, dia a dia, pela manutenção da pureza doutrinária. Que não se
omitam. Que não se escondam atrás de um comodismo preguiçoso, alegando que,
cada qual tem o direito de adotar a prática que quiser, e que cada qual vive a
religião de acordo com seu grau de evolução intelectual. Realmente, não temos o
direito de apontar o dedo ameaçador à face dos profitentes de outras religiões e
cultos. Eles têm o direito de ter a religião que quiserem e adotar os cultos que bem
entenderem. O que não se pode permitir é que, em nome do Espiritismo, se
pratiquem atos totalmente condenados pela Doutrina.
Amados, não deis crédito a qualquer espírito: antes, provai os espíritos se
procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo afora." (S.
João, 1 Epístola, Cap. IV, v. 1)
Fernando Norberto Massaro
Gentileza da "Associação Espírita de Estudos Evangélicos Francisco de Paula
Victor", Limeira-SP.

-156-
Aconteceu na Casa Espírita

Orson Peter Carrara

Título bem sugestivo este. É o mesmo de livro lançado pelo departamento editorial
do Centro Espírita Allan Kardec, de Campinas. Ditado pelo Espírito Nora, na
psicografia de Emanuel Cristiano, o livro surge em momento importante para o
movimento.

Considere-se que os cuidados com o Centro Espírita devem merecer atenção


permanente de dirigentes e trabalhadores. O próprio objetivo de uma Casa Espírita,
suas atividades e o numeroso público sempre envolvido - entre tarefeiros, dirigentes
e o próprio público - trazem desdobramentos complexos. Seja no relacionamento
interpessoal, nas providências para seu bom funcionamento, e claro na fidelidade
que deve manter à orientação espírita.

Mas não é só isso. Uma Casa Espírita tem programação nobre. Sua função
principal, prioritária, como se sabe, é ensinar Doutrina Espírita. Isto significa
esclarecimento para muita gente e por conseqüência isto também desperta atenções
contrárias. Espíritos desejosos de interromper o trabalho do bem e do progresso da
coletividade, infiltram-se nos grupos espíritas tentando desviar o caminho. Aí
começam as lutas, através das chamadas "fofocas" ou das vaidades humanas, nas
competições e lutas internas, sempre usando as imperfeições humanas.

Ora, isso provoca verdadeiras "rachaduras" espirituais em suas estruturas. Quando


andamos desatentos e nos deixamos envolver pelas sugestões infelizes, abrimos as
defesas e então nossos irmãos interessados na derrota das tarefas, conseguem
relativo êxito.

É quando começam os problemas nos lares dos companheiros. É quando diretores e


tarefeiros começam a se desentender e a surge a desconfiança, o comentário infeliz.

Lutas conhecidas essas, não é mesmo ?

Pois o livro, em linguagem muito simples e objetiva, em forma romanceada -


através de diálogos bem construídos - aborda a grave questão das infiltrações
infelizes em nossas Casas Espíritas. Com amplo esclarecimento doutrinário, o livro
é de grande utilidade para os grupos espíritas, inclusive para estudo doutrinário,
pois propicia reflexões que levam a cuidados que previnem dessas infiltrações.

-157-
Toda Casa Espírita passa por momentos de dificuldades e o livro mostra bem a
atuação de espíritos equivocados, que aproveitando-se também dos equívocos dos
encarnados, tentam entravar, paralisar e destruir totalmente as bençãos do trabalho
espírita. Realidade que não é rara, diga-se de passagem.

Como bem destacado pelo Codificador Allan Kardec, o livro vem realçar e somar
os constantes apelos para o estudo doutrinário, único caminho capaz de impedir
fracassos e ridículos tão comuns.

Assim como os homens planejam o que fazem, da mesma forma procedem os


espíritos. Tanto os bons e superiores como os inferiores e mal intencionados. O
livro mostra bem este aspecto: a organização trevosa tentando destruir um Centro
Espírita e a ação dos Benfeitores Espirituais, ao lado do esforço conjunto dos
dirigentes encarnados. Recomendamos o livro com muita ênfase.

Em seu início, após o prefácio e mensagem do Dr. Wilson Ferreira de Mello, a


página Aconselhando o Médium constitui vigorosa advertência a todos nós,
estudiosos e trabalhadores do Centro Espírita. Confira! Basta solicitar em
Distribuidoras ou Centros Espíritas.

Outros fatores que abrem o caminho das trevas sobre nós: Invigilância – O espírita
que não ora, que não está sempre atento; negativismo – Tudo para esta pessoa vai
dar errado, não acredita em nada que vai ser realizado, põe defeito onde não tem, vê
nuvens negras onde não há nada errado; Desconfiança – não confia em ninguém,
está sempre com um pé atrás; Lamentação – Tudo de ruim acontece para ela,
ninguém gosta dela, todos fogem, esqueceram dela; Fofoca – fala de tudo e de
todos, todos possuem defeitos que precisam ser retirados, aumenta coisas que nem
ouviu, faz conclusões e juízo dos outros; Preguiça – Não procura ajudar a ninguém,
os outros trabalhadores da casa se matam e esta pessoa nem desconfia, depois
reclama, não procura ajudar nem a si mesma.

-158-
39 -O QUE SE ENCONTRA E O QUE NÃO DEVE

SER ENCONTRADO EM UMA CASA ESPÍRITA

Vianna's home page / Estudos da Doutrina Espírita / Grupo Espírita Apóstolo


Paulo / vianna@infolink.com.br

Existe uma confusão muito grande a respeito do que é ou não é Doutrina


Espírita ou Espiritismo. Isto porque há pessoas que não sabem que as palavras
"espírita" e "espiritismo" foram criadas em 1857, na França, pelo codificador da
Doutrina Espírita, Allan Kardec. Somente deveriam utilizarem-se destes termos os
locais religiosos ou pessoas que seguissem os postulados desta doutrina.
Assim, cultos e religiões que de alguma forma têm em suas práticas a
comunicação de Espíritos e a crença na reencarnação são confundidas erroneamente
com o Espiritismo.
Na verdade, embora mereçam todo o respeito dos espíritas verdadeiros, estas
seitas são adeptas do espiritualismo ou esoterismo, e não do Espiritismo.

Todos aqueles que acreditam na existência do Espírito são espiritualistas.


Mas nem todos os espiritualistas são espíritas, praticantes do Espiritismo.

Para que uma casa religiosa seja espírita, ela deve seguir os ensinamentos
contidos nas Obras Básicas da Doutrina Espírita e no Evangelho de Jesus.
Geralmente, os locais espíritas recebem o nome de: Centro, Grupo, Casa,
Sociedade, Instituição ou Núcleo Espírita. Deve ser legalmente constituído, de
acordo com as leis vigentes no país em que está instalado. Mesmo ostentando este
nome, quem os visita necessita estar atento para quais as atividades e as formas
como as mesmas são praticadas por seus dirigentes e auxiliares (veja o que um
centro espírita faz).
Visando ajudar àqueles que não conhecem o Espiritismo, mostraremos abaixo
o que se encontra e o que não deve ser encontrado em uma casa espírita verdadeira.
Palestras: todo centro espírita tem o seu momento de esclarecimento
doutrinário. As exposições geralmente são sobre a Codificação espírita e o
Evangelho de Jesus, em uma ligação direta com nosso cotidiano. Não há nenhum
-159-
ritual antes dos trabalhos, a não ser uma prece evocando a proteção de Jesus e dos
bons Espíritos (geralmente, a oração é feita em pensamento). Em algumas
oportunidades, antes ou no final das palestras, alguns grupos fazem a apresentação
de corais musicais, quase sempre formados por grupos de jovens. Porém, este tipo
de procedimento não é aconselhável, sendo indicado que seja praticado em datas e
horários diferentes dos trabalhos espirituais e de esclarecimento ao público,
exatamente para se evitar confusões e mal-entendidos.
Explanações e orações ao som de músicas, batuques, atabaques: o
Espiritismo não utiliza instrumentos musicais para exortar o público ou evocar
Espíritos. Não há o uso de qualquer instrumento durante os trabalhos.
Trajes normais: os trabalhadores de uma casa espírita trajam-se normalmente,
de forma simples. A discrição deve fazer parte dos que trabalham no local, pois ali
estão para auxiliar as pessoas que buscam orientação paraseus problemas materiais
e espirituais.
Trajes especiais: o Espiritismo não tem roupas especiais para os dias de
trabalhos ou mesmo no dia-a-dia das seus adeptos. Enfeites, amuletos, colares,
vestimentas com cores que significariam o bem (branca) ou o mal (negra, vermelha)
não têm fundamento para o espírita.
Inexistência de rituais, amuletos e imagens: o verdadeiro centro espírita não
pratica em suas atividades nenhum tipo de ritual. A Doutrina Espírita segue o que o
Mestre Jesus ensinou: que Deus é Espírito, e deve ser adorado em espírito e
verdade. Portanto, sem a necessidade de nada material para contatarmos com a
espiritualidade.
Presença de rituais como: ajoelhar-se frente a algo ou alguém, beijar a mão
ou louvar os responsáveis pela casa, benzer-se, sentar-se no chão ou ficar
levantando e sentando durante os trabalhos, proferir determinadas palavras
(mantras) para evocar os Espíritos. Nas sedes dos verdadeiros centros espíritas não
são encontradas imagens de santos ou personalidades do movimento espírita,
amuletos de sorte, figuras que afastam ou atraem maus Espíritos, incensos, velas e
tudo o mais que seja material e que teoricamente serviria de ligação com o mundo
espiritual. Animais para sacrifício: o local que possui este tipo de prática ou
decoração não é espírita. O Espiritismo é contrário a qualquer tipo de sacrifício
animal. Espíritos que pedem este tipo de atividade são Espíritos atrasados,
ignorantes da Lei de Deus e muitas vezes maléficos, que podem prejudicar a vida de
quem dá ouvidos aos seus baixos desejos.
Comunicação particular com os Espíritos: os grupos espíritas têm reuniões
específicas e íntimas para que os trabalhadores da casa, aptos e preparados durante
longos estudos para tal, possam comunicar-se com os Espíritos. E através deles,
-160-
obter informações do mundo espiritual, orientações e mesmo ajudar no afastamento
de perturbações espirituais que porventura estejam prejudicando alguém. Todo este
cuidado baseia-se na orientação dos próprios Espíritos superiores, responsáveis pela
elaboração do Espiritismo, como também no alerta de João, o Evangelista, que em
sua 1ª Epístola, capítulo IV, versículo 1, diz: "Amados, não creiais em todos os
Espíritos, mas provai se os Espíritos são de Deus". Agindo assim, o centro espírita
evita o máximo possível a influência de Espíritos zombeteiros e maldosos, que
muitas vezes vêem neste contato com os encarnados a oportunidade de tecer
comentários mentirosos e doutrinas esdrúxulas. A seriedade de reuniões fechadas os
intimida, favorecendo a presença dos Espíritos esclarecidos.
Há alguns tipos de trabalhos mediúnicos, principalmente de psicografia
(escrita dos Espíritos através de médiuns), onde pessoas levam até lá o nome de
entes desencarnados para tentarem a comunicação dos mesmos através da
mediunidade, e ficam observando a manifestação. O médium Francisco Cândido
Xavier, conhecido como Chico Xavier, da cidade mineira de Uberaba, é um destes
exemplos. Porém, nestes casos, o Espírito não se comunica diretamente com seu
parente. Apenas influencia o médium, que escreverá, de forma discreta e ordenada,
a mensagem do além.
Comunicação de Espíritos em público: a Doutrina Espírita é contrária a este
tipo de manifestação, cercada geralmente de curiosidades e interesses materiais, ao
invés do bom senso que deve permear toda comunicação espiritual. Há locais em
que os médiuns recebem seus "guias" ou "Espíritos protetores", teoricamente
responsáveis pelo funcionamento da casa, e orientam os consulentes sobre qualquer
tipo de dúvida. Muitas vezes, as respostas dadas por este tipo de Espírito não têm
base científica ou doutrinária alguma, seguindo apenas seu próprio conhecimento,
que pode ser limitado. Em vários destes lugares em que há a manifestação pública,
as entidades espirituais são servidas de fumo, bebida, comida, ingeridas pelo
médium incorporado. Com isso, mostram a limitação destes Espíritos, ainda muito
apegados aos vícios e prazeres materiais.
Desenvolvimento cauteloso da mediunidade: a Doutrina Espírita explica que
todo ser vivo tem mediunidade, pois é através dela que os encarnados recebem
influências boas e más do mundo espiritual, que servirão de ajuda ou aprendizado
no decorrer de suas existências terrenas. São chamados de médiuns aqueles capazes
de proporcionar a manifestação dos espíritos. O Espiritismo adverte que para poder
ampliar esta ligação com o mundo espiritual, é necessário que o médium passe por
uma série de preparativos. Anos de estudo, maturidade, modificação moral
constante, vida regrada, abstendo-se dos vícios mais grosseiros, como o fumo e a
bebida, são algumas das regras básicas para que o indivíduo possa vir a desenvolver
sua mediunidade, e estão contidas em "O Livro dos Médiuns" . Os centros espíritas

-161-
verdadeiros não aconselham a pessoa a trabalhar mediunicamente sem antes passar
por este período e preparação citados. Muito menos diz que alguém "precisa"
desenvolver a mediunidade. Ninguém é obrigado a nada, afirma a Doutrina. Todos
têm seu livre-arbítrio, e mesmo que o ser tenha um canal mediúnico amplo, próprio
para o desenvolvimento da mediunidade, e não quiser desenvolvê-lo, não há
problema. Tudo o que é forçado é prejudicial ao homem.
Desenvolvimento mediúnico forçado: se ao chegar em um ambiente
espiritualista lhe afirmarem que sua mediunidade "precisa" ser desenvolvida, caso
contrário você sofrerá as consequências materiais e espirituais; sua vida será um
transtorno; que os Espíritos estão lhe chamando para o trabalho; que esta é a sua
missão; com certeza este não é um local que segue a Doutrina Espírita. Há seitas e
religiões afro-brasileiras que obrigam a pessoa a desenvolver-se mediunicamente e
depois as ameaçam com terríveis problemas futuros se elas deixarem de "trabalhar".
Isto gera angústia, medo e desespero nos envolvidos, que geralmente acabam
vítimas de graves obsessões (influência maléfica persistente de um Espírito atrasado
sobre outro ser). Cuidado!
Não há promessas de curas: o verdadeiro centro espírita não promete a cura
para quem o procura. A Doutrina afirma que a cura de uma influência espiritual ou
doença material depende de uma série de fatores, entre os quais a modificação
moral do enfermo, sua necessidade, seus problemas relacionados com encarnações
anteriores e acima de tudo, se há ou não a permissão de Deus para que haja a
solução da dificuldade. Muitas vezes, o sofrimento é um período necessário para o
ser refletir sobre sua existência, e o único que sabe quando é a hora disso terminar é
o Criador.O que o centro espírita faz é um pronto-socorro aos necessitados de
amparo e esclarecimento, é de todas as formas possíveis (orações, tratamentos
espirituais, passes, orientações morais e materiais) tenta minimizar o sofrimento
alheio, rogando a Jesus que se o Pai permitir, que interceda junto ao indivíduo.
Promessas de cura: qualquer lugar que prometa a cura de problemas
espirituais ou materiais, sem levar em consideração os fatores já citados, não é um
local espírita. Condicionar uma cura à frequência exclusiva naquele ambiente, ao
pagamento de dinheiro ou bens materiais, ou mesmo à "força da casa" não tem base
no Espiritismo e foge do bom senso que regula as leis de Deus. Estas, não podem
ser modificadas de acordo com nossa vontade. Por isso, prometer algo que não
depende apenas de nós mesmos beira a irresponsabilidade e pode levar a pessoa
desesperada ao desequilíbrio total ou à descrença em Deus.
Passes simples: o passe é um método utilizado dentro dos centros espíritas.
Nada mais é do que a simples imposição das mãos de médiuns sobre a fronte de
outras pessoas, transmitindo-lhes fluidos magnéticos e espirituais (energias
positivas do próprio médium e de bons Espíritos), no intuito de fortalecer-lhes o
-162-
corpo e a parte espiritual. Tem duração em média de 30 segundos a 01 minuto.
Geralmente, é aplicado dentro de salas específicas, após a palestra, individual ou
coletivamente, com o público sentado e o passista de pé. Apenas são feitas orações,
em pensamento, pelos médiuns, rogando o amparo de Jesus àqueles que estão
recebendo os fluidos. Os passistas não ficam incorporados pelos Espíritos, apenas
recebem sua influência mental e fluídica.Importante: nunca há necessidade do
passista tocar a pessoa que recebe o passe. Toques, apertos, carícias têm grandes
possibilidades de serem mal-interpretados, gerando confusões, e por isso são
dispensados no centro espírita.
Passes com movimentos: locais em que os passes são aplicados com
movimentos bruscos, utilizando objetos, baforadas de cigarro ou charuto, estalando-
se os dedos, repetindo mantras e cânticos, tocando várias partes do corpo do
receptor não são centros espíritas. Passistas que transmitem os passes incorporados
por entidades, fazendo orientações ou conversando normalemente, não são médiuns
espíritas.
Todo o serviço espiritual é gratuito: o verdadeiro centro espírita não cobra
nenhuma orientação ou ajuda espiritual de seu público, nem condiciona o
recebimento de curas ou salvação às doações. Dar de graça o que de graça receber,
ensinou Jesus, em alusão aos conhecimentos espirituais. Não aceita dinheiro por
serviços prestados mediunicamente. Seus dirigentes e trabalhadores têm profissões
próprias, que lhes dão o sustento financeiro necessário para suas vidas. Quem
sustenta materialmente a casa espírita são seus trabalhadores, através de doações
mensais, destinadas ao pagamento de aluguéis, manutenção, divulgação doutrinária
e aquisição de alimentos, roupas e demais objetos a serem distribuídos às famílias
carentes ou instituições filantrópicas que sejam assistidas pelo grupo. Todo valor
arrecadado será exposto em balanços mensais, para que tanto trabalhadores como
frequentadores tenham acesso sobre onde é investido o dinheiro do centro espírita.
Caso algum frequentador da casa queira doar algo ao núcleo, é preferível que a
doação seja feita em gêneros alimentícios, roupas, materiais de construção e afins,
que poderão ser destinados aos carentes ou mesmo utilizados na manutenção da
casa. Se houver por algum motivo uma doação em dinheiro, o centro espírita deverá
fornecer um recibo ao doador e inscrever esta doação no balanço mensal do grupo.
Cobrança pela ajuda espiritual: todo local que cobra dinheiro, favores ou
exige qualquer coisa ou favor material devido à ajuda espiritual prestada não é um
centro espírita. A cobrança financeira é própria de pessoas que vivem da exploração
da crença alheia, contrariando os ensinos de Jesus. Há seitas que pedem dinheiro
aos seus assistidos afirmando que será usado para o feitio de trabalhos espirituais,

-163-
como a compra de velas, comida, roupas e coisas do gênero. Isso não é
Espiritismo. Espíritos que se prestam a fazer serviços espirituais em troca de coisas
materiais são entidades atrasadas, que nada de bom podem trazer aos que os
procuram.
Não podemos comprar a paz de espírito e tranqüilidade que buscamos, é isto
que prega a Doutrina Espírita. Se não for esta a orientação do local, com certeza não
é um ambiente espírita.
Copyright by Grupo Espírita Apóstolo Paulo / Last revised: Junho 22, 1999

-164-
40.UMBANDA NÃO É ESPIRITISMO

Diz-se, com freqüência, que Umbanda e Espiritismo são a mesma coisa, com uma
ou outra variante. Os que assim pensam não refletiram o suficiente sobre os
fundamentos de cada doutrina.

Uma análise mais acurada nos mostrará que há, entre essas duas correntes
espiritualistas, pontos concordantes e discordantes.

Vejamos as opiniões concordantes:

A Umbanda é espiritualista; o Espiritismo também o é.


A Umbanda rende culto a Deus; o Espiritismo também.
Nas práticas de Umbanda ocorrem fenômenos mediúnicos; no Espiritismo também.
A Umbanda aceita a reencarnação; o Espiritismo também.
Na Umbanda se faz caridade; no Espiritismo também.

Vejamos os pontos discordantes:

O Espiritismo NÃO tem culto material; a Umbanda TEM.


O Espiritismo NÃO prescreve qualquer forma de paramento nem comporta o
formalismo de funções sacerdotais; a Umbanda TEM "pais" de terreiro com
vestimenta e prerrogativas equivalentes ao exercício de funções sacerdotais.
O Espiritismo NÃO admite uso de imagens; a Umbanda TEM imagens e altares.
O Espiritismo NÃO têm sinais cabalísticos nem símbolos; a Umbanda TEM sinais,
"pontos riscados" etc.
O ESPIRITISMO REGE-SE POR UM CORPO DE DOUTRINA HOMOGÊNEA,
CODIFICADA POR ALLAN KARDEC; A UMBANDA NÃO SE REGE PELA DOUTRINA
CODIFICADA POR ALLAN KARDEC.

O professor J. H. Pires, no capítulo VI - O Mediunismo - de seu livro Mediunidade


trata a Umbanda como uma forma de mediunismo.

A sua explicação baseia-se na noção de que mediunismo - definição dada pelo


Espírito Emmanuel - designa as formas primitivas de Mediunidade.

Assim, ele discorre sobre a construção racional da Mediunidade através dos


ensinamentos de Allan Kardec. A Umbanda, sendo apenas a prática do fenômeno
mediúnico, não consegue abarcar o grau de positivação alcançado pela Doutrina dos
Espíritos. Esta é a grande diferença.

-166-
Fonte:
AMORIM, Deolindo. O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas, publicado pelo
C. E. Léon Denis.
PIRES, José Herculano. Mediunidade: Vida e Comunicação, publicado pela Edicel.

Quadro oferecido pelo companheiro Laurindo Francisco Diana, adepto da


Umbanda.

SINOPSE COMPARATIVA ESPIRITISMO UMBANDA


País de origem França Brasil
Data de surgimento 18.04.l857 15.11.1908
Codificador Allan Kardec -----------
Fundador ----------- Zélio F.de Morais
Adereços e caracterizações Não Sim
Altar e/ou oratório Não Sim
Autonomia das associações Sim Sim
Cânticos (pontos) cantados Não Sim
Classificação dos espíritos em categorias Sim Não
Comidas, bebidas, fumo, etc. Não Sim
Cultos exteriores Não Sim
Dogmas Não Sim
Doutrina Sim Em formação
Ervas e banhos Não Sim
Fé Racional Emocional
Devocional
Jogos premonitórios Não Sim
Mediunidade Sim Sim
Mediunismo e/ou animismo Sim Sim
Messiânica Não Não
Método Sim Sim
Oferendas materiais Não Sim
Revelada Sim Não
As obras (5) de Allan Kardec
Literatura básica ---------------
Rituais e cerimoniais Não Sim
Roupas especiais e/ou paramentos Não Sim
Sacerdotes Não Sim
Sacramentos Não Sim
Símbolos (pontos) riscados Não Sim
Sincretismo Não Sim
Sistema organizacional Federativo Federativo
Tipificações espirituais Não Sim
Tradição oral Não Sim
Velas, flores, defumações, etc. Não Sim
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Crença em Deus único Sim Sim
Comunicabilidade recíproca com os espíritos Sim Sim
Crença nos elementais Não Sim
Evolução progressiva dos espíritos Sim Sim
Existência dos espíritos que sobrevivem à Sim Sim
morte do corpo
Influência dos espíritos sobre as pessoas Sim Sim
Lei de causa efeito Sim Sim
Pluralidade dos mundos habitados Sim Sim
Prática da caridade Sim Sim
Reencarnações sucessivas Sim Sim

-167-
41.FOFOFA: MÃE DE TODOS OS PECADOS

A fofoca é um mal poderoso que destrói qualquer tipo de


instituição. As críticas começam pequeninas e vão começando a crescer pouco a
pouco, quando se perceber a coisa já espalhou por toda a instituição e muitas vezes
já causou danos irreversíveis.
Esta arma aniquila qualquer organização social, por mais bem
ajustada que possa ser. Ela surge nos ambientes de improviso. Não se sabe de onde
ela vem e nunca tem paternidade. Oficialmente não existe. Sua trincheira de luta é
sempre a clandestinidade.
Quando ataca, fere, agride, desanima e destrói. Nenhum grupo
social está livre da fofoca. E quanto ela medra dificilmente será extinta porque
quando as providências combativas chegam, ela já fez o estrago que queria.
Quem administra necessita ter suas antenas vigilantes para
flagrar as fofocas em suas origens a fim de não dar chance de avanço.
É incrível, mas o ser humano está sempre pronto para cuidar da
vida alheia. Este foi um vício que foi institucionalizado, pois até as nações já estão
fofocando
Uma historinha sobre fofoca: numa cidade do interior Lourenço
encontrou um dirigente espírita, homem ilibado, trabalhador e muito querido. Todo
mundo queria ouvi-lo um pouco mais e como no centro espírita isso era impossível,
as pessoas se propunham avista-lo em sua residência. Ao que, ele diz:
“Isso mesmo passe lá em casa” Tomaremos um cafezinho e
falaremos mal dos outros.”
Lourenço ficou preocupado e quis saber o cidadão o porquê
dessa resposta e o dirigente completou:
“Olha, meu filho, o maior perigo que a humanidade enfrenta é o
exercício da língua. A língua é um instrumento perigosíssimo, quando mal aplicado.
Deus, conhecendo os perigos da língua, encerrou-a numa caverna(a boca) e colocou
uma grade (os dentes). O homem, no entanto, ignora tudo isso e ante qualquer
deslize de seu semelhante, libera a língua e censura o infeliz, sem dó, induzindo as
pessoas a fofocarem comigo, fico mais tranqüilo, porque as fofocas que ouço
terminam em mim e não vão causar à frente desgostos, terríveis crises, inimizades e
quem sabe até crimes.
Arrematando este breve comentário encaixo antiqüíssimo
provérbio chinês que diz? “Antes de colocar a língua em movimento verifique se a
mente está engrenada”.
O pior lado da fofoca é quem ouve e dá atenção a quem faz, se
você corta o assunto, não dá atenção, ela praticamente some, não tem como se
espalhar. Por mais dolorido que seja a verdade é uma só. Quem fala mal dos outros,
fala mal de todos, inclusive de nós.
-168-
Todos nós temos uma grande parcela de culpa com relação á
fofoca e a pior delas é pensarmos adiante. Quando dizemos: fomos vítimas de
fofoca´, será mesmo que não demos lado para que isto acontecesse?
A fofoca é um veneno. Envenena o ar, o ambiente, amigos,
perdemos o que há de melhor, uma linda amizade.
A fofoca se inicia pelo ciúme, estas duas coisas andam de mãos
dadas. Onde há fofoca há o ciúme. Infelizmente ainda não conseguimos conviver e
aprendermos com isto. A melhor coisa a se fazer é olhar-se profundamente, analisar
seus atos, ver onde a fofoca está nos atrapalhando.
Para evitar fofocas, comece a evitar todos os tipos de críticas.
Não critique ninguém. Não existe críticas construtivas, isto é mentira. Das críticas
começam as fofocas e daí se estende até destruir a organização.

-169-
42. CONCENTRAÇÃO ESPIRITUAL

Uma das dificuldades dos integrantes das reuniões mediúnicas diz respeito à
concentração.A capacidade de controlar,direcionar e manter o pensamento dentro
das finalidades da reunião é, para a maioria, um esforço muito grande e que nem
sempre dá bons resultados. Geralmente os pensamentos se dispersam, fixam-se em
fatos do dia-a-dia e acabam por tornar alguns sonolentos, enquanto outros estão
distraídos e longe dos objetivos propostos para um trabalho sério. Alguns poucos
conseguem uma boa concentração e estes sustentarão os trabalhos programados,
porém, como é óbvio, sem alcançar melhor produtividade devido aos bloqueios
vibratórios existentes no ambiente
A nossa cultura ocidental não dá ênfase à necessidade do controle mental,
pois é fundamentada em uma mentalidade racional, extremamente oposta ao
Ocidente, cuja mentalidade se estrutura de forma intuitiva, mística e introvertida e
que realça a essência espiritual do ser humano, incentivando a busca da
verticalidade.
Nos últimos tempos tem-se notado um sensível aumento no interesse por
algumas práticas orientais, que despertaram para a necessidade de uma busca
interior, ou seja, o autoconhecimento.
A concentração que é praticada nas reuniões mediúnicas, evidentemente, tem
conotações próprias e não deve ser tomada aqui como as realizadas nas práticas
orientais, embora os aspectos semelhantes nas suas bases, quais sejam a disciplina
mental, o controle e equilíbrio dos pensamentos. Exatamente por terem estes
mesmos fundamentos é que citaremos algumas definições de autores do oriente,
visto que a sabedoria oriental é multimilenar e pode beneficiar-nos através desses
pontos comuns.
Concentração – Concentrar, significa fazer convergir para um centro ou para
um mesmo ponto. Aplicar a atenção a algum assunto. O poder de concentração
consiste na habilidade para manter inabalavelmente sua percepção sobre um tema
escolhido. É exatamente essa capacidade de concentrar nos objetivos da reunião
mediúnica que irá favorecer a realização dos trabalhos. Conforme o seu estado
psíquico, os assistentes favorecem ou embaraçam a ação dos espíritos.
Na maior parte dos homens os pensamentos flutuam sem cessar. Sua
mobilidade constante e sua variedade infinita, pequeno acesso oferecem às
influências superiores. É preciso saber concentrar-se, por o pensamento acorde com
o pensamento divino.
A reunião mediúnica apresenta ainda outras conotações que são peculiares ao
tipo de atividade que ali se desenvolve. Assim a dificuldade de concentrar-se nos
objetivos elevados que o exercício da mediunidade requer é resultado da pouca
prática que a maioria das pessoas têm de fixarem seus pensamentos em assuntos

-170-
edificantes, em ideais e idéias nobres durante o seu dia-a-dia. Estão com a mente
sempre ocupada pelos problemas e questões do cotidiano por coisas supérfluas e
interesses imediatos, pelo noticiário da TV, músicas, conversações banais e não
conseguem esvaziá-las desses assuntos para dar campo às influências benéficas dos
espíritos superiores, dos mentores que assessoram os trabalhos. As preocupações de
ordem material criam correntes vibratórias horizontais, que põem obstáculo ás
radiações etéreas e restringem nossas percepções. Ao contrário a meditação, a
contemplação e o esforço constante para o bem e o belo formam correntes que
estabelecem as relações com os planos superiores e facilitam a penetração em nós
de eflúvios divinos.
A concentração deve ser um estado habitual da mente em Cristo e não uma
situação passageira junto ao Cristo. É necessário compreendermos que o
pensamento é energia viva construindo centros magnéticos ou ondas com os quais
emitimos nossa atuação ou recebemos a atuação dos espíritos. Nas tarefas
mediúnicas esta sintonia apresenta peculiaridade própria. É essencial que exista
uma afinização, uma sintonia entre os participantes para que se estabeleça uma
sincronia de forças, a conhecida corrente vibratória. Pode-se inferir desde agora, o
quanto é importante a concentração individual, visto que a qualidade dos trabalhos
de intercâmbio depende da participação consciente e responsável de cada um. São
favoráveis ás condições de experimentação quando o médium e os assistentes
constituem um grupo harmônico, isto é, quando pensam e vibram em uníssono. No
caso contrário os pensamentos emitidos e as forças exteriorizadas se embaraçam e
anulam reciprocamente.
Em “O livro dos médiuns”, o codificador ressalta a necessidade da
concentração ao referir-se à reunião como um ser coletivo, resultante das qualidades
e propriedades de seus membros e esta tanto mais força terá quanto maior
homogeneidade vibratória houver. Ele afirma que o poder de associação dos
pensamentos de todos é que contribuirá para a comunicação dos Espíritos, mas a
fim de que todos esses pensamentos concorram para o mesmo fim, é preciso que
vibrem em uníssono, que se confundam por assim dizer em um único ponto
Portanto a concentração consiste em colocar o pensamento em um único
ponto o tempo todo. Supomos que todos se concentrem em Cristo Jesus. Os
pensamentos todos se unem e formam um triângulo que vai fazer o ponto de ligação
com a espiritualidade.
JESUS

ESPÍRITOS

MÉDIUNS
BIBLIOGRAFIA

01.Curso de estudo e educação mediúnica – Programa II parte I e II


Apostila da FEB – 2003
02.KARDEC, Allan – O livro dos médiuns – Qualquer Editora
03.MIRANDA, Manoel Philomeno – Vivência Mediúnica – Livraria Alvorada
Editora – 1998 – Salvador – BA
04.MIRANDA, Manoel Philomeno – Reuniões Mediúnicas - Livraria Alvorada
Editora – 1997 – Salvador – BA
05.MIRANDA, Manoel Philomeno – Qualidade na prática mediúnica – Livraria
Alvorada Editora - 2004 – Salvador BA
06.OLIVEIRA, Wanderley S – Lírios de Esperança – Ermance Dufax – Editora
Dufaux – 2006
07.XAVIER, Francisco Cândido/Waldo Vieira – Desobsessão – André Luiz –
Editora FEB – Rio – 1987
08.OLIVEIRA, Terezinha – Mediunidade – Apostila – Editora EME – São Paulo –
1984
09.PERES, Ney Prieto – Manual Prático do Espírita – Editora Pensamento – SP –
1993
10.BODIER, Paul – Como desenvolver a mediunidade – Editora Eco – Rio
11.PERALVA, Martins – Estudando a mediunidade – Editora FEB – Rio
12.PALHANO, L. Jr.Reuniões Mediúnica (Teoria e Prática)Ed. Lachatre –
Vitória – ES
13.BANAL, Spartaco – As sessões práticas do espiritismo – FEB – Rio – 1973
14.VALENTE, Aurélio A – Sessões práticas e doutrinárias do Espiritismo – Ed.
Feb – Rio – 1993
15.BOZZANO, Ernesto – Animismo e Espiritismo? Editora FEB – Rio
16.Xavier, Francisco Cândido – Instruções Psicofônicas Editora Feb – Rio
17.A vida fora da Matéria - Racionalismo Cristão – Rio – 1996
18.FRANCO, Divaldo Pereira – Loucura e obsessão – Manoel Philomeno de
Miranda – Editora FEB – Rio – 1990
19.Xavier, Francisco Cândido – Os mensageiros – André Luiz – Editora FEB – Rio

20.CRISTIANO, Emanuel – (Nora) Aconteceu na Casa Espírita – Editora Allan


Kardec – Campinas SP – 2004
O AUTOR

Henrique Pompílio de Araújo nasceu em Vila Rica (Campo


Mourão) Pr. em 15.03.53. Filho de José Pompílio de Araújo e de
Laura Medeiros de Araújo.
Residiu em várias cidades do Paraná como Vila Rica, Campo
Mourão, Loanda, Maringá, Paranavaí, Querência do Norte onde
iniciou seus estudos em 1960. Sua 1a. professora foi dona Iracema.
Foi para Mato Grosso em 1960 onde continuou a estudar no
grupo escolar Presidente Marques e depois na Escola Sagrado
Coração de Jesus em Rosário Oeste.
Em 1964 vai para Nortelândia e matricula-se na escola
particular Pedro Ludovico, depois indo para a Escola Sant’Ana,
grupo Escolar Idalina de Farias e depois para o colégio Est. “21
de março”. Termina o 2o. grau na Esc. Est. Normal “Francisco F.
Mendes” em Alto Paraguai.
Em 1975 faz vestibular na UFMT e passa para o curso de
Letras. Conclui o curso com dificuldade em 1978. Fez também o
curso de Teologia pela FTU concluindo-o em 1978. Em 1984 entra
para o curso de Direito na UFMT, mas devido ao trabalho
constante, paralisa-o várias vezes, terminando somente em 1992.
Começou a trabalhar ainda cedo, sempre nos mais humildes
serviços. Desde 1961 enfrentou os mais pesados serviços na roça,
na cidade, trabalhando em padaria, comércio ambulante, pequenos
serviços, artesanato e acabou indo para os pesados garimpos de
Nortelândia e Arenápolis.
Começou o serviço público em 1972 no colégio Est. “21 de
Março” em Nortelândia como Secretário. Em 1975 foi para Cuiabá e
continuou na mesma função na Esc. Est. de 1o. e 2o. Graus “Santos
Dumont” - Polivalente.
Em 1976 começou a lecionar na escola acima. Lecionou as
seguintes disciplinas: L.portuguesa, L. Inglesa, Técnicas de
Jornalismo, Educ. Artística, Teatro, OSPB, Ed. Moral, Prática
Comercial, Lit. Brasileira, Portuguesa, Lit. Mato-grossense, Lit.
infantil, História, Geografia, Programa. de Saúde, Redação e
Expressão, Sociologia, Filosofia, Informática.
Lecionou nos seguintes colégios: Esc. Est. de 1o. e 2o. Graus
“21 de Março” (Nortelândia), Esc. Est. de 1o. e 2o. Graus “Santos
Dumont” - Polivalente, Colégio Coração de Jesus, Liceu Salesiano
São Gonçalo, Liceu Cuiabano, Esc. Est. de 1o. e 2o. Graus
“Raimundo Pinheiro”, Esc. Munic. De 1o. Grau “Moacyr Gratidiano”
Esc. Est. de 1o. e 2o. Graus “Heliodoro C. de Abreu”, Esc. Est. de
1o. e 2o. Graus “Alice F.Pinheiro”, Colégio Xaraiés, Colégio
Master, Colégio Fênix, Esc. Munic. De 1o. Grau “Darcy Ribeiro”,
Patronato Santo Antônio, Lar Espírita Caminheiros da Luz.
Fez concurso para o Banco do Estado de Mato Grosso em 1982,
sendo aprovado em 3o. Lugar. Exerceu as atividades nesse banco até
1988, sendo demitido sem justa causa uma vez que o banco estava
em sérios problemas financeiros.
Colaborou em diversos Jornais : “Eco Um” de Várzea Grande,
Diário de Cuiabá, Diário de Mato Grosso, informativo do Banco do
Nordeste(Feira de Santana Ba), A Tribuna(Rio), Jornal Espírita
(São Paulo), Social Democrata de Cuiabá onde também foi revisor e
redator.
Escreveu desde os 13 anos de idade, época em que compôs seus
primeiros poemas. Guardou tudo o que escreveu. Em 1970 tinha
pronto o primeiro livro de poemas chamado: “Versos da Alma”. Daí
para cá sua produção tem sido grande.
Em 1974 publica no convite de formatura do 2o. Grau seu 1o.
poema. Grande parte de seus trabalhos está publicado nos diversos
jornais citados. O 1o. livro que publicou foi “Secos & Molhados’
em 1977, pela Editora 4 de Janeiro de Cuiabá. Foi uma coletânea
de 50 poemas.
Participou do concurso “Novíssimos Poetas Mato-Grossenses”
em 1975 promovido pela prefeitura Municipal de Várzea Grande.
Participou do “Mural de Poesia” e “Mecânica da Palavra”, em 1983
realizados pela prefeitura de Cuiabá. Ficou em 3o. lugar a nível
estadual no concurso nacional de ensino de redação promovido pelo
MEC em 1978 e em 1o. lugar ainda em nível estadual em 1980.
Participou ainda da 1a. mostra de poesia Nacional promovido pela
prefeitura de Mococa-SP.
Lançou em 1991 um jornalzinho mimeografado chamado:
“A semente” do qual, infelizmente só saíram 2 números.
Na Editora Shogum Arte (Rio) publicou: “Caricatura do
Bancário”(poema) na obra “Nova Poesia Brasileira” 1989, o poema
“Paisagem” na obra “Nova Era” em 1989, “A chuva” na obra “Poetas
brasileiros de hoje” 1990 e “O barbudo”, “Locutor de Rodoviária”
na obra “Literatura Brasileira” 1991. Na Editora Edições Maria
publicou: “Imagem do sertão” na obra “Poesia e Liberdade” em
1989, “Recordei” na obra “Conto Brasileiro” 1990, uma coletânea
de 10 poemas na obra: “Poeta: profissão homem” em 1990 das
edições Maria, em 1995 saiu na 2a. coletânea: “A velha que
ressuscitou”(conto) na obra: Melhores Textos”, pela Uniart de
Barretos SP e “O mineirinho” na obra – contos. “Deus” na obra
“Antologia de poetas brasileiros contemporâneos n. 55” em 2009,
“Partida” na obra “Livro de ouro da poesia brasileira
contemporânea” e “Uma fantástica caçada de onça” na obra “Livro
de ouro do conto Brasileiro” ano 2009 pela Câmara Brasileira de
Jovens escritores. Publicou 3 poemas na revista literária n. 25
da União Brasileira de Escritores e sua biografia na obra “A
vocação Nacional da UBE”
No ano de 2010 publicou pela All Print Editora – 10 poemas
religiosos, obra com a qual participou na Bienal Internacional do
Livro em São Paulo. No mesmo ano publicou pela Editora Scortecci
o livro de poemas “Flores do Além”, uma coletânea de 100 poemas
religiosos.
Possui 50 obras prontas para serem editadas e continua
escrevendo muito, mas as dificuldades para se editar alguma coisa
no Brasil é muito grande. Suas obras versam sobre: Poesias,
crônicas, contos, romances, teatro, humorismo, material
jornalístico, religiosos, didáticos e outros.
Está inscrito na ABRAJE - Associação Brasileira de
escritores e Jornalísticas Espíritas(São Paulo) OTB- Ordem dos
teólogos brasileiros(São Paulo), UBE - União Brasileira de
Escritores(São Paulo).

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