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Processo nº: …
I - DOS FATOS:
O réu foi abordado ao sair de casa por dois meliantes, que invadiram sua
residência. Os bandidos, ameaçando matar a esposa e filhos do mecânico, exigiram
dinheiro, que o réu não detinha. Os assaltantes, mantendo como reféns os
familiares de Pedro, exigiram que este descontasse cheques de sua titularidade
junto ao comércio local, como forma de levantar rapidamente a quantia exigida (R$
2.000,00 – dois mil reais).
Com as ameaças dos bandidos aumentando, o réu, desesperado, dirige-se à
farmácia de Mário, apresentando-lhe um cheque e solicitando que trocasse o título
por dinheiro. Logo a seguir dirige-se ao posto de gasolina de Caio adotando o
mesmo procedimento. Com isso consegue obter a quantia exigida e entrega o
resgate aos bandidos, que ainda o ameaçaram, mandando-o ficar calado, caso
contrário voltariam para matá-lo.
O réu, ao saber da “queixa” contra ele prestada,dirigiu-se à casa de Mário e
Caio, onde quitou o débito, e, em seguida, apresentou os cheques resgatados na
delegacia.
II - DOS FUNDAMENTOS:
II.I - PRELIMINARMENTE:
É redação da Súm. 246 do STF: “Comprovado não ter havido fraude, não se
configura o crime de emissão de cheque sem fundos”. Insta salientar que o presente
caso não trata-se de fraude, uma vez que o agente agiu mediante coação moral
irresistível.
Ponto a ser ressaltado dentro da culpabilidade é a coação moral irresistível,
que se dá quando a conduta é mantida pelo agente, mas não há liberdade de
vontade. Por tal motivo, ainda que se denote um fato típico e ilícito, não será
culpável por ter a vontade viciada (JUNQUEIRA, 2009).
Diante do exposto, só resta ao juízo formalizar a absolvição sumária do réu,
prevista no art. 397, II e III, do CPP:
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos,
deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando
verificar:
(...)
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente,
salvo inimputabilidade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou
(...)
Diante do exposto o juízo pode entender tanto que não houve crime de
emissão de cheque sem fundo, pela falta de dolo na fraude e realizar a absolvição
sumária pelo inciso III, como pode entender que existiu coação moral irresistível e
realizar a absolvição sumária pelo disposto no inciso II. O que deve ficar claro é que
em momento algum o réu teve a vontade de produzir o resultado, uma vez que
dependia de tomar tal atitude para salvar a vida de sua família.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Cuiabá, data...
Advogado…,
OAB/UF nº...
ROL DE TESTEMUNHAS:
1. Nome..., CPF nº..., endereço ...
2. Nome..., CPF nº..., endereço ...
3. Nome..., CPF nº..., endereço ...