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Henri Wallon / Hélène Gratiot-Alfandéry; tradução e organização: Patrícia Junqueira.

– Recife:
Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010

Vale ressaltar, ainda, que para Wallon o desenvolvimento não se encerra no estágio da
adolescência, mas permanece em processo ao longo de toda a vida do indivíduo. Afetividade e
cognição estarão, dialeticamente, sempre em movimento, alternando-se nas diferentes
aprendizagens que o indivíduo incorporará ao longo de sua vida. 36

indissociabilidade entre afetividade, ação motora e inteligência Henri Wallon destaca que a
afetividade é central na construção do conhecimento e da pessoa. O desamparo biológico que
caracteriza os dois primeiros anos da vida humana, em razão das precárias condições de
maturidade orgânica, determina um longo período de absoluta dependência da criança dos
cuidados de um adulto para poder sobreviver. Isso torna a emotividade a força que garante a
mobilização do adulto para atender suas necessidades.37

Cada idade da criança é como um canteiro de obras cuja atividade presente é assegurada por
certos órgãos, enquanto se edificam massas imponentes, que só terão uma razão de ser em
idades posteriores 48

Galvão, Izabel Henri Wallon : uma concepção dialética do desenvolvimento infantil/Izabel


Galvão. - Petrópolis, RJ ; Vozes, 1995. - (Educação e conhecimento)

Os aspectos físicos do espaço, as pessoas próximas, a linguagem e os conhecimentos próprios


a cada cultura formam o contexto do desenvolvimento. Conforme as disponibilidades da
idade, a criança interage mais fortemente com um ou outro aspecto de seu contexto,
retirando dele os recursos para o seu desenvolvimento. 27

desenvolvimento da pessoa como uma construção progressiva em que se sucedem fases com
predominância alternadamente afetiva e cognitiva. Cada fase tem um colorido próprio, uma
unidade solidária, que é dada pelo predomínio de um tipo de atividade.30

Até que a criança saiba identificar sua personalidade e a dos outros, correspondendo a
primeira ao eu e as segundas à categoria do não-eu, encontra-se num estado de dispersão e
indiferenciação, percebendo-se como que fundida ao outro e aderida às situações e
circunstâncias. Portanto, o sentido do processo de socialização é de crescente individuação.

34 CONTATO COM A NOVA ESCOLA E GRUPO DE PESSOAS DIFERENTES

VIGOTSKY

Isto conduz-nos a um outro incontestável fato de grande importância: o desenvolvimento do


pensamento é determinado pela linguagem, ou seja, pelos instrumentos lingüísticos do
pensamento e pela experiência sociocultural da criança. Fundamentalmente, o
desenvolvimento da lógica na criança, como o demonstraram os estudos de Piaget, é função
direta do seu discurso socializado. O crescimento intelectual da criança depende do seu
domínio dos meios sociais de pensamento, ou seja, da linguagem.54

O adolescente formará e utilizará muito corretamente um conceito numa situação concreta,


mas sentirá uma estranha dificuldade em exprimir esse conceito por palavras e a definição
verbal, em muitos casos, será muito mais restritiva do que seria de esperar pela forma como o
adolescente utilizou o conceito 81

Quando comparamos estas relações funcionais e estruturais nos diversos estádios de


desenvolvimento, isto é, no estádio primitivo, no estádio intermédio e no estádio mais
desenvolvido, deparamos com esta regularidade genética: a princípio só existe a função
nominativa; e, semanticamente, só existe a referência objetiva; a independência entre a
significação e a nomeação, assim como a independência entre o significado e a referência só
surgem posteriormente e desenvolvem-se segundo as trajetórias que tentamos detectar e
descrever. Só quando este desenvolvimento se encontra completo é que a criança se torna
totalmente capaz de formular o seu pensamento e compreender o pensamento dos outros.
Até essa altura, a utilização que dá às palavras coincide com a que lhes dão os adultos na sua
referência objetiva, mas não no seu significado. 128 QUANDO SAI DE CASA E COMEÇA A
DE3CORAR SONS

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