Você está na página 1de 186

O petróleo, certamente, é uma das fontes de energia e matérias-primas mais importantes da

história da humanidade, sendo responsável hoje pela fabricação de plásticos, combustíveis e


lubrificantes. Apesar de sua composição variar bastante com a sua origem, o petróleo é, de
qualquer forma, uma substância bastante valiosa.
De que tipo de substância o petróleo é composto, principalmente?
Escolha uma:
a. Água.
b. Oxigênio.
c. Gasolina.

d. Hidrocarbonetos.
e. Álcoois.
O atrito, apesar de muitas vezes ser indesejado (pois dificulta a movimentação relativa entre as
partes), também pode ser necessário. Por exemplo, nós andamos por causa do atrito entre o
chão e o pé (ou chinelo, ou tênis, ou sapato etc.). Caso contrário, não conseguiríamos andar e,
simplesmente, escorregaríamos, como se estivéssemos andando sobre o gelo.
Por qual motivo o atrito existe, impedindo ou dificultando a movimentação relativa entre as
superfícies?
Escolha uma:

a. Devido às irregularidades das superfícies.


b. Devido à velocidade do movimento.
c. Devido à força de atração.
d. Devido ao tamanho da área de contato entre as superfícies.
e. Devido à gravidade.
Como vimos, são diversos os derivados do petróleo. Desde gases, gasolina, diesel, querosene,
e até material para asfalto. Um dos derivados são os óleos básicos, importante matéria-prima
para a produção de lubrificantes.
Quais os tipos de óleos básicos que existem?
Escolha uma:

a. Naftênicos, Parafínicos e Aromáticos.


b. Aromáticos, Automotivos e Hidráulicos.
c. Petrolíferos, Automotivos e Industriais.
d. Automotivos, Aeronáuticos e Petrolíferos.
e. Naftênicos, Parafínicos e Hidráulicos.

Inconscientemente, os nossos ancestrais perceberam as vantagens da lubrificação para


arrastar troncos, pois diminuía a força necessária para causar o movimento. Posteriormente, já
de maneira consciente, eles utilizaram lubrificantes primitivos para arrastar blocos e outras
coisas grandes e pesadas.
Qual foi um dos primeiros lubrificantes utilizados pelos nossos ancestrais, principalmente para
ajudar na lubrificação de eixos e rodas das carroças da Idade Média?
Escolha uma:
a. Petróleo.
b. Seiva da árvore.
c. Lubrificante WD-40.

d. Gordura animal.
e. Óleos básicos.

Uma forma de diminuir o efeito do atrito é, por exemplo, fazer um tratamento ou um


acabamento superficial, como retificação. No entanto, a utilização de um meio lubrificante é
mais eficaz para realmente permitir a movimentação relativa entre as partes.
Por que o uso de um meio lubrificante entre as superfícies diminui significativamente o atrito?
Escolha uma:
a. Porque a área de contato aumenta com o uso de lubrificantes.
b. Porque ele diminui a força de atração entre as superfícies.

c. Porque ele elimina o contato entre as superfícies.


d. Porque ele força o movimento entre as superfícies.
e. Porque ele quebra os picos de rugosidade das superfícies.

O atrito entre superfícies causa desgaste. Porém, existem diferentes mecanismos de


desgaste, que ocorrem para cada aplicação e condição.
Quais são os quatro modos de desgaste da Tribologia?
Escolha uma:
a. Adesivo, Colagem, Fadiga, Fluência.
b. Adesivo, Abrasivo, Fadiga e Corrosivo.
c. Abrasivo, Fadiga, Fluência e Raspagem.
d. Adesivo, Abrasivo, Fluência e Corrosivo.
e. Químico, Físico, Mecânico e Elétrico.

Questão 2
Texto da questão

Apesar das pessoas comumente tratarem lubrificantes como substâncias líquidas, existem
outros tipos de lubrificantes. Inclusive, mesmo os lubrificantes líquidos são diferentes entre
si, sendo divididos conforme suas origens.
Qual dos lubrificantes líquidos abaixo é produzido em plantas petroquímicas a partir do
petróleo?
Escolha uma:
a. Óleo vegetal.
b. Óleo animal.
c. Óleo sintético.
d. Óleo mineral.
e. Petróleo.

Questão 3
Texto da questão

Os regimes de lubrificação dependem da espessura do filme lubrificante, que é função da


viscosidade do fluido, da velocidade de trabalho e da carga de trabalho. Estes parâmetros
são avaliados a partir do número de Stribeck e, a partir dele, é possível determinar o
regime de lubrificação.

Qual o regime de lubrificação possui o maior coeficiente de atrito?


Escolha uma:
a. Lubrificação hidrodinâmica.
b. Lubrificação limítrofe.
c. Lubrificação com óleo.
d. Lubrificação elasto-hidrodinâmica.
e. Lubrificação mista.

Questão 4
Texto da questão

Os lubrificantes são encontrados em diversas formas, que existem para cobrir as mais
diversas aplicações. Enquanto alguns tipos de lubrificantes são apropriados por causa de
sua facilidade de escoamento, outros são por suportarem elevadas temperaturas.

Quais são os principais tipos de lubrificantes, conforme seu estado físico?


Escolha uma:
a. Lubrificantes líquidos, pastosos, sólidos e gasosos.
b. Lubrificantes líquidos, pastosos, sólidos e minerais.
c. Lubrificantes minerais, pastosos, sólidos e gasosos.
d. Lubrificantes líquidos, pastosos minerais e gasosos.
e. Lubrificantes líquidos, minerais, sólidos e gasosos.

Questão 5
Texto da questão

Alguns dos efeitos do atrito são a dificuldade do movimento relativo entre as superfícies,
desgaste e aquecimento. Apesar destes efeitos soarem como pejorativos, eles podem ser
benéficos e necessários dependendo da aplicação. Porém, na grande maioria, eles são
indesejados.
Em qual das aplicações abaixo o atrito é indesejável?
Escolha uma:
a. Na sola do sapato.
b. Solda por atrito.
c. Motor a combustão.
d. Polimento.
e. Freios.

Além da viscosidade, existem outras propriedades e características dos lubrificantes que


são fundamentais para a seleção conforme o regime de trabalho. Muitas destas
características estão relacionadas à temperatura.
Para qual das propriedades ou características abaixo é incorreto afirmar que está
relacionada à temperatura?
Escolha uma:
a. Ponto de Inflamação
b. Ponto de Fulgor
c. Volatilidade
d. Número de Neutralização
e. Ponto de Fluidez

Questão 2
Texto da questão

A SAE, Society of Automotive Engineers, classificou os óleos de motor de acordo com sua
viscosidade, tanto a frio quanto a quente. No entanto, há uma classificação especial para
óleos multiviscosos, que conseguem atender uma faixa de temperatura de trabalho maior.

Qual dos óleos abaixo é multiviscoso, conforme classificação SAE?


Escolha uma:
a. Nenhuma das anteriores
b. SAE 10
c. SAE 10W
d. SAE 40
e. SAE 10W40

Questão 3
Texto da questão

Como visto, os fluidos podem ter uma característica viscosa que independe da tensão e do
tempo, estes chamados de newtonianos, pois obedecem a Lei de Newton. Os fluidos em
que a tensão e taxa de deformação não tem relação linear são os não-newtonianos, e
estes são classificados conforme o comportamento.

Qual o fluido não-newtoniano que demanda uma tensão mínima para iniciar o seu
escoamento?
Escolha uma:
a. Plástico de Bingham
b. Pseudo-plástico
c. Tixotrópico
d. Dilatante
e. Reopético

Questão 4
Texto da questão

As características viscosas do fluido e a forma como se promove o seu movimento


determinam o perfil de velocidade. Por exemplo, um diferencial de pressão promove o
escoamento de Poiseuille, enquanto que a realização de movimento relativo entre placas
paralelas causa o escoamento de Couette, este que é muito visto na prática em sistemas
que exigem lubrificação.
Qual é o perfil de velocidade característico do escoamento de Couette?
Escolha uma:
a. Perfil constante
b. Velocidade nula
c. Perfil linear
d. Perfil parabólico
e. Nenhuma das anteriores

Questão 5
Texto da questão

A classificação API, da American Petroleum Institute, é dada conforme o regime de


trabalho do motor. Constantemente são feitas atualizações para acompanhar as
características de trabalho ou legislações ambientais.
Qual a letra inicial da classificação da API que identifica que o motor é movido a gasolina?
Escolha uma:
a. A, de autônomo
b. I, de ILSAC
c. F, de fuel (combustível)
d. C, de centelha
e. S, de spark (centelha)

O uso de graxas possui diversas vantagens em relação aos óleos lubrificantes. No


entanto, existem também uma série de desvantagens. A decisão quanto ao uso de óleo ou
graxa deve, definitivamente, considerar estes prós e contras.

É incorreto afirmar que é uma vantagem do uso da graxa em relação ao óleo:


Escolha uma:
a. A melhor vedação.
b. A menor necessidade de re-lubrificação.
c. A redução de ruídos.
d. A boa adesividade.
e. A melhor dissipação de calor.

Questão 2
Texto da questão

Um lubrificante dificilmente conseguem atender às condições de trabalho na sua forma


pura de obtenção, seja mineral, vegetal, animal ou sintética. Para isto, existem diversas
manipulações e uso de substâncias para melhorar seu desempenho.
Qual o tipo de substância que se usa para melhorar o desempenho dos lubrificantes?
Escolha uma:
a. Aditivos.
b. Radioativos.
c. Anisótropos.
d. Nenhuma das anteriores.
e. Hidrocarbonetos.

Questão 3
Texto da questão

Os óleos, com o tempo de uso, pode acabar sendo contaminado ou conter fuligem. A
mistura de fuligem com ácido e água forma a borra, que pode comprometer a eficácia do
trabalho do lubrificante.
Quais aditivos são essenciais para evitar a formação e depósito de borras?
Escolha uma:
a. Antioxidantes e melhoradores de índice de viscosidade.
b. Detergentes e dispersantes.
c. Redutores do ponto de fluidez e antiespumante.
d. Antiespumante e dispersantes.
e. Detergentes e antiespumante.

Questão 4
Texto da questão

A graxa é, basicamente, uma mistura de óleo e espessante, tornando-a um fluido não-


newtoniano. Devido ao seu estado pastoso, não é conveniente falar em “viscosidade”
quando se trata de uma graxa.
Qual é a característica da graxa que, de certa forma, se equivale à viscosidade?
Escolha uma:
a. Consistência.
b. Resistência à água.
c. Adesividade.
d. Bombeabilidade.
e. Ponto de gota.

Questão 5
Texto da questão

A temperatura afeta drasticamente a viscosidade de um óleo. Para isto, existe um grande


trabalho em formas de diminuir esta variação da viscosidade com a temperatura. Uma
destas formas é o uso de melhoradores do índice de viscosidade.
Como funciona, fisicamente, os melhoradores do índice de viscosidade?
Escolha uma:
a. O aditivo expande com o aumento da temperatura, dificultando o escoamento do
óleo.
b. O aditivo aquece o óleo com a redução da temperatura, diminuindo a viscosidade do
lubrificante.
c. O aditivo aumenta a tensão superficial do óleo com o aumento da temperatura ao
alterar a sua estrutura molecular.
d. O aditivo adere as moléculas do óleo com o aumento da temperatura, tornando-as
maiores e mais difíceis de escoar.
e. O aditivo passa a ser dominante no escoamento e sua viscosidade não varia com a
temperatura.
Em superfícies cilíndricas, há o mancal e o eixo. A posição do eixo em relação ao mancal
varia conforme sua velocidade. Da mesma forma, o regime de lubrificação ocorre de
acordo com a velocidade do eixo.

Qual o regime de lubrificação que se tem quando o eixo está em baixa e em alta
velocidade, respectivamente?
Escolha uma:
a. Lubrificação hidrodinâmica e elasto-hidrodinâmica.
b. Lubrificação hidrodinâmica e mista.
c. Lubrificação limítrofe e de contorno.
d. Lubrificação limítrofe e hidrodinâmica.
e. Lubrificação hidrodinâmica e limítrofe.

Questão 2
Texto da questão

Mancais são elementos da engenharia de extrema importância, pois promovem a


sustentação de componentes e permitem o movimento relativo entre eles quase sem atrito.

Quais das opções abaixo apresentam tipos de mancais?


Escolha uma:
a. Sustentador e retentor.
b. Biestático e triestático.
c. Estático e dinâmico.
d. Pseudostático e aerostático.
e. Hidrofóbico e hidrofílico.
Questão 3
Texto da questão

A sustentação hidrodinâmica possui mecanismos que devem ser obedecidos para que
ocorra de forma adequada. No caso de superfícies deslizantes, o gradiente de pressão
tem função essencial.
Qual das afirmações abaixo é verdadeira?
Escolha uma:
a. Para lubrificação entre superfícies planas, pode-se utilizar a equação de Petroff.
b. Não há autopressurização hidrodinâmica entre superfícies paralelas.
c. Entre superfícies deslizantes, a pressão máxima ocorre quando o perfil de velocidade é
côncavo.
d. Lubrificação entre superfícies planas ocorre devido ao giro do munhão.
e. No uso de sapatas de sustentação não paralelas, o perfil de velocidades é sempre
linear.

Questão 4
Texto da questão

A sustentação hidrodinâmica ocorre devido a uma pressão do fluido sobre a superfície,


causando uma força reativa que impede que os corpos entrem em contato.
Quais são os dois mecanismos de sustentação hidrodinâmica?
Escolha uma:
a. Efeito estático e efeito dinâmico.
b. Efeito cunha e efeito de prensamento.
c. Efeito de elevação e efeito de pensamento.
d. Efeito cunha e efeito de elevação.
e. Efeito pressurização e efeito viscoso.

Questão 5
Texto da questão

O gradiente de pressão promove a sustentação de superfícies deslizantes. A pressão de


sustentação resultante não é constante na superfície, sendo nula nas extremidades.
Onde ocorre o pico de pressão máxima na sustentação hidrodinâmica em uma sapata?
Escolha uma:
a. No ponto de perfil de velocidade linear.
b. Nenhuma das anteriores.
c. No ponto de perfil de velocidade convexo.
d. No ponto de perfil de velocidade côncavo.
e. Exatamente no meio da sapata.

A mistura de óleos lubrificantes, apesar de bastante grave para a aplicação, é muito


comum. Muitas vezes ocorre acidentalmente, que pode ser evitado com pequenos
cuidados.
Qual das alternativas abaixo apresenta uma forma eficiente de evitar mistura de óleos
lubrificantes?
Escolha uma:
a. Atribuir pequenas responsabilidades a diversos operadores.
b. Armazenar todos os óleos no mesmo local.
c. Usar tambores da mesma cor.
d. Identificar os tambores com a palavra “óleo”.
e. Identificar cada óleo de forma evidente ao operador.

Questão 2
Texto da questão

Os métodos de lubrificação devem ser apropriadamente selecionados de forma a condizer


com o tipo e características do lubrificante e com as condições de manutenção para
lubrificação.
Qual o método de lubrificação que consiste no borrifo do lubrificante com o movimento das
partes móveis?
Escolha uma:
a. Lubrificação por Sistema Forçado.
b. Lubrificação por Imersão.
c. Lubrificação por Capilaridade.
d. Lubrificação por Gravidade.
e. Lubrificação por Salpico.

Questão 3
Texto da questão

Um dos tipos de contaminação de lubrificantes que mais preocupa é a contaminação pela


água, pois ela pode ocorrer pelo próprio ar ambiente, que contém umidade.
Qual afirmação abaixo apresenta a melhor forma de armazenar tambores de lubrificantes?
Escolha uma:
a. Na posição vertical e sobre ripas para evitar contato com o solo.
b. Em ar livre, na posição vertical.
c. Na posição horizontal, no próprio chão.
d. Na posição horizontal e sobre ripas para evitar contato com o solo.
e. Na posição vertical, no próprio chão.

Questão 4
Texto da questão

A lubrificação por gravidade é bastante interessante, pois o escoamento do lubrificante


ocorre pela própria ação da gravidade, muitas vezes não havendo necessidade de
sistemas de bombeamento.
Qual afirmação abaixo é incorreta?
Escolha uma:
a. Um dos sistemas mais usados é o copo conta-gotas.
b. O método de copo com agulha libera lubrificante conforme o giro do eixo.
c. A lubrificação por gravidade pode ser feita com o uso de almotolias.
d. Não existe lubrificação por gravidade que usa bomba.
e. A lubrificação por gravidade é mais comum com óleos lubrificantes.

Questão 5
Texto da questão

As regulações sobre lubrificantes tentam focar no destino dos óleos usados e


contaminados. Desta forma, busca-se diminuir ao máximo o impacto ambiental do uso de
lubrificantes.
Qual processo de reciclagem de lubrificantes é bastante incentivado pela legislação?
Escolha uma:
a. Rerrefino.
b. Reposição de bacias petrolíferas.
c. Combustão.
d. Filtragem de água.
e. Uso em aterros.

Os óleos isolantes utilizados em transformadores são bastante especiais, pois devem


possuir características controversas para conseguir atender as necessidades do trabalho.
Quais as duas principais funções do óleo isolante usado em transformadores?
Escolha uma:
a. Isolamento elétrico e manutenção da pressão interna.
b. Isolamento elétrico e sustentação estrutural.
c. Sustentação estrutural e dissipação de calor.
d. Manutenção da pressão interna e sustentação estrutural.
e. Isolamento elétrico e dissipação de calor.

Questão 2
Texto da questão

Fluidos de corte são altamente usados na indústria e nas ferramentarias, porque ela
garante a durabilidade das ferramentas e mantem a temperatura da peça e da ferramenta
reduzida. As características destes óleos são fundamentais para sua eficácia.
Por que a água não é um bom fluido de corte?
Escolha uma:
a. Porque ela evapora, perdendo a atuação como lubrificante.
b. Porque ela dissipa muito calor da peça, atrapalhando a usinagem.
c. Porque ela lubrifica demais, impedindo a usinagem da peça.
d. Porque ela cristaliza com a alta pressão no corte, quebra a ferramenta.
e. Porque ela não protege a peça contra a oxidação.
Questão 3
Texto da questão

O sistema de lubrificação de um motor pode ser feito tanto por salpico quanto com sistema
forçado, sendo o último mais utilizado atualmente devido à melhor capacidade de
lubrificação e de controle do fluxo de óleo.
Qual alternativa abaixo apresenta três importantes componentes do sistema de
lubrificação forçada de motores?
Escolha uma:
a. Bomba, filtro e água.
b. Bomba, filtro e radiador.
c. Bomba, água e cárter.
d. Filtro, cárter e radiador.
e. Bomba, cárter e filtro.

Questão 4
Texto da questão

Durante o funcionamento do motor, ocorre a admissão de ar e combustível, seguida pela


compressão e combustão. Na fase de combustão e expansão, ocorre a formação do blow-
by.
O que é o blow-by em um motor de combustão interna?
Escolha uma:
a. São gases que escapam do cilindro no processo de compressão e expansão que caem
no cárter, sendo eles ricos em combustíveis.
b. É o lubrificante que entra na câmara de combustão e que compromete a emissão de
poluentes do motor.
c. É a fuligem formada pela combustão incompleta do combustível.
d. São gases de exaustão readmitidos à combustão para reduzir a temperatura da
queima.
e. É o combustível injetado erroneamente dentro do motor.

Questão 5
Texto da questão

Em sistemas hidráulicos, a constante movimentação das partes móveis é promovida pelo


próprio óleo pressurizado. Desta forma, ele atua não apenas como um transmissor de
movimento, mas como um lubrificante para o pistão, válvulas e bomba.
Como lubrificante, qual aditivo é importante para o óleo em sistemas hidráulicos e por
que?
Escolha uma:
a. Extrema pressão, pois a pressão do óleo é elevada.
b. Detergente, para não precisar de filtro no sistema.
c. Melhorador do índice de viscosidade, porque estes sistemas sempre trabalham a baixas
temperaturas.
d. Antidesgaste, pois o atrito das partes móveis pode comprometer a durabilidade dos
componentes.
e. Antioxidante, pois pode haver formação de ferrugem no pistão.
1 Apresentação da Webaula
Nesta primeira webaula faremos uma breve introdução sobre o atrito e a história da
lubrificação e do surgimento de lubrificantes, de forma a elucidar a importância deste tema na
Engenharia e na evolução da indústria. Trataremos também sobre o petróleo, a substância
oleosa mais importante nos dias de hoje, e os seus derivados e óleos básicos.
figura 1.1 1 Lubrificante

Fonte: ANP (2017).


2 O que é o Atrito?
Antes de tratar qualquer assunto sobre quando não há forças externas sobre a
lubrificação, é importante entender caixa, existe apenas o peso P da caixa e a
primeiro o que é o atrito. força de reação normal N (Figura 1a).
O atrito é a força resultante da interação Quando se aplica uma força externa
entre duas superfícies de forma a reagir motora Fm (Figura 1 b), há uma tendência
contra a tendência de movimento entre de movimentação da caixa na direção e
elas (RIZVI, 2009). Ele acontece devido às sentido da força Fm. No entanto, há uma
irregularidades (ou asperidades) das força reativa Fat contrária à tendência de
superfícies, que existem mesmo se dado o movimento da caixa, que dificultará (ou até
melhor acabamento da superfície possível. mesmo impedirá) o movimento da caixa
Suponha que suas superfícies estão em pela força moto:ra Fm. Esta força reativa Fat
contato, por exemplo, uma caixa no chão é a força de atrito.
da Figura 1.2.
figura 1.2 I Forças atuantes em uma caixa Como a Força de atrito é uma Força de
no chão. (a) Sem Força externa aplicada. (b) reação, ela é sempre menor ou igual à Força
Com força externa aplicada e atrito. motora. A Equação 1 mostra um cálculo
para a máxima Força de atrito, onde µé o
coeficiente de at rito, que pode ser estático,
caso não haja movimento relativo entre as
CAIXA CAIXA ---+F"' superfícies em contato (neste caso, a Força
F,.

/77771:7777 /)7771:7777 de atrito é necessariamente igual à força


CHÃO ClrlÃO
p p motora, mesmo que o cálculo indique valor
maior), ou dinâmico (ou cinético), caso haja
(a) (b) movimento relaltivo entre as superfícies em
contato.
Fonte: elaborada pelo autor.
Vale lembrar que a força de atrito entre O atrito demanda uma Força motora
duas superfícies independe da área de relativamente alta para que haja
contato e da velocidade do movimento movimento relativo entre as superfícies
relativo entre os corpos (no caso dinâmico). (quando desejada). Além disto, o atrito
também causa degradação das superFUcies
Fac = µN (Eq. 1) devido ao constante movimen to relativo
das partes, o que pode ser bastante
problemático quando características
dimensionais, funcionais e estruturais dos
componentes envolvidos são críticas.
Desta forma, uma solução bastante Figura 1.3 I (a) Superfície sem lubrificação,
eficiente é a lubrificação, que consiste no com contato nas irregularidades das
uso de lubrificantes para a diminuição do partes. {b) Superfície lubrificada, sem
atrito entre as superfícies através da contat o en t re as part es.
diminuição do coeficiente de atrito. O
lubrificante atua como· um meio entre as
Superfítie 1 Superfície 1
l
superfícies, diminuindo ou eliminando o
'·' '•
efei to das asperidades, que antes causava Superfície 2
Superfície 2
a elevada força de atrit o e desgaste
premat uro das partes (Figura 1.3). (a) (b)

Fonte: elaborada pelo autor.


3 História da lubrificação
Os homens primitivos inconscientemente Esta inovação tecnológica da época tornou
descobriram as vantag·ens da lubrificação necessária a utilização de uma substância
quando perceberam que era mais fácil que facilitaria a movimentação entre as
arrastar troncos sem a casca, pois a seiva partes com o menor esforço e ruído
da madeira escorria e facilitava o trabalho possível. O lubrificante desta época era
(ANDERSON, 1991). O uso consciente da simplesmente a gordura animal, que mais
lubrificação se iniciou com o advento do tarde passaria a ser óleos animais,
eixo e da roda para a Fabricação de extraídos, por exemplo, da
carroças e carruagens, mostrando que os baleia-cachalote (figura 1.4a) e golfinho, e
nossos ancestrais já buscavam soluções vegetais, como azeitona, mamona (figura
para diminuir a força de atrito há mais de 1.4b) e outras plantas (ANDERSON, 1991 ).
5.000 anos (BHUSHAN, 2013).
figura 1.4 I Exemplos de fonte de óleo Com o avanço da indústria do petróleo no
animal e vegetal, respectivamente. (a) século XIX, iniciou-se o uso do óleo cru de
Cachalote; (b) Mamona petróleo para a lubrificação, que antes era
descartado por ser considerado inútil. O
uso de óleos minerais derivados do
petróleo se tornou maior no início do
século XX. A grande vantagem destes
derivados de peltróleo era o fato de serem
líquidos (ao cont rário de gorduras, por
(a) (b)
exemplo), o que permitia a sua troca em
Fonte: (a) Natural World Saf.aris (2017); Os caso de manutenção através da sangria
Benefícios - Alimentação Saudável (2017).
hidráulica (ANDIERSON, 1991).
As máquinas começaram a exigir maiores Adicionalmente, surgiu o uso de aditivos
velocidades e cargas mecânicas, condições para melhoria das propriedades dos
tais de trabalho que o óleo cru de petróleo lubrificantes (ANDERSON, 1991 ).
já não conseguia atender. As pressões e A partir de 1950, os óleos lubrificantes
temperaturas afetavam as propriedades do sintéticos foram criados, buscando maior
óleo e reduziam a durabilidade dos estabilidade da viscosidade com a variação
componentes com o desgaste do atrito, da temperatura, menor volatilidade, menor
coisas que antes não aconteciam com as ponto de fluidez e maior ponto de fulgor,
máquinas mais simples. A importância da visando a aplicação na engenharia naval e
viscosidade foi, portanto, notada e bélica.
iniciou-se o trabalho de criação de
lubrificantes em refinarias com a mais
variada faixa de viscosidade.
Houve também evolução no uso de Os profissionais da área continuam
lubrificantes semissólidos, como graxas, trabalhando para o desenvolvimento de
importantes quando a aplicação demanda lubrificantes cada vez melhores, com
um lubrificante consistente e que se propriedades estáveis, resistentes à
mantenha no local onde for aplicado. Por temperatura e oxidação, para aplicações
fim, para aplicações onde a temperatura de que demandam cada vez mais carga e
trabalho é elevada, utilizam-se velocidade, como a indústria aeronáutica e
lubrificantes sólidos, como o grafite ou espacial.
óxido de zinco, que podem trabalhar a
temperaturas de até 650 ºC (ANDERSON,
1991).
4 O Petróleo e seus Derivados
O petróleo (do latim, Petra = Pedra e Oleum A sua composição é formada
= Óleo} é a principal matéria-prima para a principalment e de carbono (de 83% a 87%
produção de lubrificantes (minerais e em massa) e hidrogênio (de 11 % a 14% em
sin téticos). É um material fóssil massa), já que o petróleo é basicamente
provenient e da decomposição da matéria uma mistura de centenas de
orgânica marinha sujeita à temperatura e hidrocarbonetos. No entanto, também se
pressão ao longo de m[ lhares de anos. Este encontra enxofre (de 0,06% a 8% da
material se encontra em formações massa}, nitrogênio (até 1,7%), oxigênio (até
rochosas porosas, o que dificulta a sua 2%) e metais (até 0,3%) (AMICO, 2017).
extração.
Quanto à composição dos Quadro 1.1 1 Co111stituintes do petróleo
hidrocarbonetos, em média se tem 14% de ESTRUTURA FORMATO EXEMPLO
parafinas normais, 16% de parafinas Parafina Cadeia saturada simples e aoorta do
•·blllano, o.pentano
Nonnal carOOtl<>
ramificadas, 30% de naftênicos, 30% de
Parafina Cadeia salllrada ramificada aberta 00
aromáticos e 10% de resinas e asfaltenos lümificada 2-niettbJ1ano, 1so-odano
cartxloo
(elementos mais pesados) (AMICO, 2017). Cictopentano, 2.
Naftanos Cadeia saturada iochada
Veja o Quadro 1.1 para entender estas cidopropilbutano

Aromàtico Aprosentarnanel benzônioo Soozeno, naft.afeno


estruturas. Apesar destes valores
Moléculas g1swJes, cool.el>:lo de 3 a IO
apresentados serem uma média, eles Resinas e anêis aromáticos, Ç<Xlendo contsr
podem variar bastante dependendo da Asfattenos lalnbén• N1Vogênio, Oxigênio e
Enxok"
origem e do tipo de petróleo. Por exemplo,
em outra referência diz que a quantidade
Fonte: Amico (2017).
de aromáticos no petróleo é, em média,
50%, podendo variar de 25% a 75% (RIZVI,
2009).
O petróleo pode ser classificado como leve, O óleo cru ("crude", na Figura 1.5) é
médio ou pesado (dependendo da sua aquecido a elevadas temperaturas e
densidade); parafínico, naftênico, inicia-se o processo de condensação dos
aromático e outros (dependendo dos seus vapores. Cada produto é resultante da
constituintes); doce ou ácido, dependendo condensação de uma fração específica do
do seu teor de enxofre; e pelo seu local de petróleo. Quanto menor a temperatura da
origem (RIZVI, 2009; AMICO, 2017). condensação (na parte de cima da torre de
Quando extraído, o petróleo é destilação da Figura 1.5), menores as
encaminhado à destilação fracionada em moléculas e mais voláteis. Como se pode
refinarias, onde ocorrerá a separação dos ver, os óleos lubirificantes correspondem a
componentes do petróleo conforme uma fração de moléculas maiores do
desejado (como gasolina, GLP, óleo diesel, petróleo, com mais de 20 e menos de 50
lubrificantes, querosene), conforme carbonos na estrutura molecular.
ilustrado na Figura 1.5.
figura 1.5 I Destilação do petróleo e seus Do petróleo, portanto, se obtém o que se
derivados chama de óleos básicos, que são a
matéria-prima principal para a produção
de lubrificantes. Os tipos de óleos básicos
estão apresenta dos na Quadro 1.2,
rr- indicando também exemplos de aplicação
<V& dos lubrificantes e óleos provenientes de
cada tipo de óleo básico. Aclassificação
destes óleos é de acordo com o tipo de
.... ligação molecular do composto, similar ao
- c,..c.. apresentado no Quadro 1.1, óleos básicos

'li !'
' a.o.lubrifiu11ln 1 ~ º"°'
· - lub1Mcatn..
parafínicos contêm parafinas em sua
_ , 1 C111•Cn composição; naftênicos contêm naftenos;
"' l 1 Ju.I
e aromáticos contêm hidrocarbonetos
aromáticos.

-
Fonte: Diário do Pré-Sal (2017).
Quadro 1.2 I Tipos de óleos básicos do Com a matéria-prima disponível, os
petróleo e exemplos de aplicação diversos lu brificantes são produzidos, cada
TIPO EXEMPLOS DE APLICAÇÃO
um com seu respectivo processo de
{ >l eo.s i..~la ntM ()Ara trA.n$formt1d()rAA produção, para posterior aplicação na
F"luu:sos ao oortc
Ôleoa Bâsicoa Neftênicoa
ô loos para compressores
indústria, produtos ou no dia a dia das
,_ ó leos pata amortocooorcs pessoas.
- Lubrificantes tJutocnolivos
lubrificantes mar~imos.
Óleos Básicos Paraf inico& Óleos industriais
Graxas lubrificantes
Produ1os farmacêuticos
- Gtrutas
Vaselinas
Óleo& Bilaico& Aromâticoa
Óleos brancos
Emulsões para indlistrias

Fonte: adaptado de Petrobras (2017).


Referências
AMICO, S. e. Matérias-primas: polímeros e materiais poliméricos. Laboratório de Materiais
Poliméricos (UFRGS), 2017. Disponivel em:
<ht tp://www.ufrgs.br/ l apol/materias primas/ index.html>. Acesso em: 1° maio 2017.

ANDERSON, K. J. A History of Lubricants. MRS Bulletin, Cambridge, Reino Unido, v. 16, n. 1O, p.
69, 1991.

BHUSHAN, B. lntroduction to tribology. 2. ed. Columbus, Ohio, USA: John Wiley & Sons, 2013.

CHEVRON CORPORATION. Fundamentos de lubrificação. São Paulo: Departamento de


Tecnologia da Texaco Brasil, 2005.

RIZVI, S. Q. A. A compr:ehensive review of lubricant chemistry, technology, selection, and


design. Baltimore, EUA: ASTM lnternational, 2009.
1 Apresentação da Webaula
Nesta segunda webaula introduziremos a tribologia, ciência que estuda o atrito e as
superfícies, e os modos de desgaste. Posteriormente, falaremos sobre os tipos de lubrificantes,
classificados pelo seu estado físico, e os diferentes regimes de lubrificação, mostrando suas
características e sua região na curva de Stribeck.
figura 2.1 1 Desgaste em pneu

Fonte: <http://conceptodefinicion.de/desgaste/>. Acesso em: 7 maio 2017.


2 Manifestações do Atrito: onde o queremos e onde não?

O termo Tribologia tem origem grega (Tribo Apesar destes três efeitos (dificuldade de
=Esfregar; Logos= Estudo), que significa o movimento relaltivo, desgaste e
"estudo do atrito, do ato de esfregar". aquecimento) serem muitas vezes vistos
Numa definição mais técnica, Tribologia é a como algo pejorativo, eles também podem
ciência da interação das superfícies em ser benéficos e importantes dependendo
movimento relativo, analisando as da aplicação, por exemplo, em um
práticas, características e desgaste (RADI polimento ou sistemas de frenagem. Da
et ai., 2007). Esta interação entre as mesma forma, especialistas em Tribologia
superfícies causa dificuldade do estudam formas de otimizar estes efeitos
movimento relativo, desgaste e nestas aplicações.
aquecimento, e o trabalho dos
especialistas em tribologia é diminuir estes
efeitos através da manipulação da
superfície e do uso de lubrificantes.
Abaixo seguem exemplos onde o atrito é e • Escrita com o lápis, pois o atrito
onde não é desejado (MILAN, 2017): desgasta o grafite, que se adere ao
papel.
• Onde o atrito é desejado? • Batom, com mecanismo similar ao
• Na sola do sapato, para a pessoa andar. lápis.
Caso contrário, a pessoa escorregaria. • Polimento e retificação, onde o atrito
• Pneus do carro, onde a engenharia desgasta a peça para melhorar seu
trabalha para aumentar a aderência acabamento.
entre o pneu e a pista. • Solda por atrito, que causa
• Freios, pois o atrito dissipa a energia aquecimento e fusão dos materiais.
mecânica do veículo, fazendo-o • Entre outros.
diminuir a velocidade ou parar.
Note que, nas aplicações onde o atrito é
desejado, busca-se benefícios com os
"indesejados" do fenômeno (dificuldade de
movimento relativo, desgaste e
aquecimento). Apesar de se ter uma lista
grande de casos assim,, a grande maioria
ainda deseja evitar o atrito, tal como os
exemplos abaixo (MILAN, 2017).

Fonte: https://goo.gVyKv5tl
• Onde o atrito não é desejado? • Em guarnições de vedações, pois o
• Em motores, onde o movimento das atrito pode afetar a posição e a
partes móveis deve ser o mais livre integridade da vedação (torcendo-o ou
possível. rasgando-o).
• Em mancais, componentes cujo • Quando se tenta empurrar uma caixa
objetivo é otimizar o movimento ou abrir um pote de palmito, que nos
relativo das partes e diminuir o demandam forças excessivas
desgaste. (principalmente o pote de palmito).
• Bases de esqui e pranchas de • E muitos outros.
snowboard, pois o atrito diminui a
velocidade d o atleta. Nestes exemplos, os efeitos do atrito são
• Em sistemas de trainsmissão (como fortemente prejudiciais na aplicação. Para
engrenagem), pois o contato entre as isto, a engenharia cria condições de
partes causa o desgaste, aquecimento diminuir os efeitos, como melhoria das
e ruídos. condições superficiais ou, principalmente,
uso de lubrificantes.
3 Modos de Desgaste
Existem quatro mecani smos de desgaste Figura 2.2 I Mecanismos de desgaste
tradicionalmente aceitos (RADI et al., ~
2007), que inclusive se encontram na
norma DIN 50320 (SCHUITEK, 2007). A
figura 2.2 apresenta ilustrativamente estes
(a) Adtsivo (b} Abrasivo
modos de desgaste (RADI et al., 2007).
~

.
"'"
.-. \,_. J~
~''''''''

(t ) Fadiga (<I) Con ·osivo

Fonte: Radi et ai. (2007).


• Adesivo: • Abrasivo:
Remoção ou desga·s te do material Remoção ou desgaste do material
devido a uma ligação adesiva entre as causado pelo formato das superfícies
superfícies. Um exemplo deste tipo de ou pela natureza dos materiais, como
desgaste é soldage·m fria, causada por sulcamento ou corte. Um exemplo
pelas altas pressões de contato nas são os próprios processos de usinagem.
asperidades das superfícies. O riscamento também é um exemplo,
que ocorre pela presença de partículas
mais duras entre superfícies menos
duras ou engastadas em uma ou ambas
as superfícies.
• fadiga: • Corrosivo (Reação Triboguímica):
Tem-se este tipo de desgaste quando Como o próprio nome diz, tem-se a
se tem diversas repetições de remoção ou desgaste devido à corr<0são
movimentos, com formação e (oxidação), que é uma reação química
propagação de trincas. Este processo é resultante da interação entre as pa1rtes
similar à fadiga mecânica tradicional. por causa tribo lógica (como o aumento
da temperatura local causado pelo
atrito).
A lubrificação tem a função de diminuir
estes mecanism.os de desgaste quando não
são desejados. A seleção do lubrificante e
seu regime de trabalho são determinados
conforme cada aplicação
Fonte: https://goo.gVQ25oa3
4 Tipos de lubrificantes
Os lubrificantes, de uma forma geral, são • Lubrificantes Líquidos:
primeiramente classificados conforme seu São os mais empregados em lubrificação,
estado físico. Desta forma, eles podem ser: pois sua aplicação e troca é facilitada por
líquidos, pastosos (ou semissólidos), causa do seu escoamento. Sua função
sólidos e gasosos (PAU LI; ULIANA, 1997; primária é o controle do atrito, desgaste e
MELLO, 2013; GONÇALVES et ai. apud danos nas superfícies em contato, de
BRUNETTI, 2012). forma a aumentar a durabilidade dos
componentes. A função secundária dos
lubrificantes líquidos é prevenir a corrosão
dos componentes, remover o calor gerado
pelo atrito e reti.rar sujeiras do sistema.
Também são muito usados em sistemas
hidráulicos para transferir força ou
quantidade de movimento para partes
móveis.
Os lubrifican tes líquidos são subdivididos • Óleos sintéticos, os mais caros, são
de acordo com o óleo básico que os fabricados em indústrias petroquímicas
compõem (além dos vistos na webaula 1). para melhor separação dos compostos
• Óleos animais, feitos de: sebo bovino, (comparados aos óleos minerais). Veja a
baleia, mocotó, lanolina etc. Figu ra 2.3 para entender a diferença da
• Óleos vegetais, feitos de: mamona, produção dos óleos minerais e
oliva (azeitona), cotiza etc. sintéticos.
• Óleos minerais, derivado da destilação • Óleos aditivados, que são óleos com
do petróleo (como visto na webaula 1). aditivos para melhoria de desempe·nho.
• Óleos compostos, que são misturas de
diferentes óleos.
Outros líquidos também podem ser usados Figura 2.3 I Diferença da produção de óleos
como lubrificantes em algumas aplicações. minerais e óleos sintéticos
A própria água é um exemplo, porém seu
uso é evitado devido à baixa viscosidade e
sua alta ação corrosiva sobre diversos ..._._ Processo de Obten~o
metais. Básicos Minerais

Processo de Obtenção
Básicos Sintéticos
e:u. .. ·~···~

Fonte: Gonçalves e t ai. (apud BRUNETTI, 2012).


• Lubrificantes Pastosos (Semissó/idos): • Graxas à base de argila, são especiais
Os lubrificantes pastosos mais conhecidos por suportarem temperaturas bastante
são as graxas, emulsões formadas da altas (de 120 ºC a 260 ºC, dependendo
mistura de óleos minerais (geralmente). de do regime de manutenção do
agentes espessantes (como os sabões) e de lubrificante).
aditivos. As graxas são subdivididas em: • Graxas betaminosas, compostas por
• Graxas de sabão metálico, que são as óleos minerais e asfalto, são de alta
mais comuns, utilizam sabão metálico adesividade. Sua aplicação exige um
como espessante (mistura de óleos preaquecimento ou dissolução em
graxos e metais, como cálcio, lítio, solventes para diminuir sua
sódio etc.). viscosidade.
• Graxas sintéticas, ma qual tanto o óleo • Graxas para processos, compostos
quanto o sabão podem ter origem especiais palfa trabalhos específicos de
sintética. São graxas mais modernas e processos, como estampagem e
de custo alto. moldagem.
• Lubrificantes Sólidos: • Lubrificantes Gasosos:
Bastante usados como aditivos para Exemplos de lubrificantes gasosos são o ar,
lubrificantes líquidos e pastosos, os nitrogênio e halogêneos. Sua aplicação é
lubrificantes sólidos possuem a pouco comum, pois geralmente
característica de supo rtar elevadas demandam elevadas pressões de trabalho
temperatu ras e pressões. São usualmente que dificu ltam a vedação. Além disto, os
fornecidos como pós ou semissólidos. Sua lubrificantes gasosos possuem viscosidade
aplicação é comumente realizada e calor específico muito menores do que os
misturada a um líquido que evapora após demais, tornando seu uso muitas vezes
aplicado. Desta forma, restará apenas o inapropriado ou ineficaz. Um exemplo de
lubrificante sólido sobre a superfície. uso é no jogo "Hóquei de Mesa", onde
Os lubrificantes sólidos mais comuns são constantemente o ar é injetado na mesa
grafite, talco, mica e molibdênio. Um para sustentar o disco a partir de um
exemplo de uso é em forjarias e extrusões, colchão de ar, permitindo um movimento
que impedem a adesão das peças quase ausente de atrito.
fabricadas aos moldes e extrusoras.
S Regimes de Lubrificação
A lubrificação pode se manifestar em
diferentes regimes conforme a sua
condição de trabalho. Quando não há
movimento relativo entre as superfícies,
porém ainda há lubrificação, diz-se que se
tem lubrificação hidrostática. Neste caso,
demanda-se elevada pressão do
lubrificante para suportar a carga e impedir
que as superfícies se toquem (NORTON,
2004). Este regime de lubrificação é menos
comum do que quando há movimento
relativo entre as superfícies, que é quando
se encontra atrito e desgaste.
Neste último caso (com movimen to Figura 2.4 I Cu rva de Stribeck com
relativo entre as superfícies), o regime de identificação dos regimes de lubrificação
lubrificação depende d o número de S=11N/P (Eq. 1)
Stribeck (S), defin ido pela Eq. 1, onde 11 é a
viscosidade dinâmica do lubrificante, N é a
Hidrodinâmica
velocidade e P a carga aplicada por
unidade de área projetada. A Figura 2.4
apresenta a curva de Stribeck, com os
..
...,
regimes de lubrificação identificados em
~.
""..

função do número de Stribeck. Nos o
u
próximos parágrafos cada regime é 1 1
Número de Strlbeck (11N/P)
explicado levando em conta uma espessura
h do filme de lubrifican te e uma altura R Fonte: Elaborado pelo autor
representativa da rugosidade. É
importante frisar que a espessu ra do filme
é dependente dos parâmetros T[, N e P.
Quando há movimento relativo entre as • Lubrificação Mista (h ,. R)
superfícies, há os seguintes regimes A espessura do filme de lubrificante neste
(NORTON, 2004). regime tem a mesma ordem de grande,za
da rugosidade das superfícies. Desta
• Lubrificação de Contorno (Limítrofe) (h forma, a atuação da lubrificação é maior do
<< RJ que na lubrificação de contorno, porém
Filme de lubrificante ií\existente ou muito ainda podem ocorrer frequentes contatos
pequeno, portanto, há bastante contato entre as asperidades maiores das
entre as superfícies. Esta condição não é superfícies. Estes contatos intermitentes
desejada, pois faz com que as superfícies podem causar adesão momentânea das
se desgastem rapidamente. O coeficiente superfícies e formação de particulados.
de atrito no regime de lubrificação de
contorno é o mais elevado e depende dos
materiais utilizados. Valores usuais de
coeficiente de atrito neste regime estão
entre 0,05 e 0,15.
• Lubrificação Elasto-hidrodinâmica atrito interno do lubrificante (viscosidade)
(EHD) (h > R) o mais significativo. Ou seja, a espessura
Na lubrificação elasto-hidrodinâmica do filme lubrificante é muito maior do que
(EHD), que é um sub-regime da lubrificação as rugosidades das superfícies. É
hidrodinâmica, tem a ocorrência de encontrado quando a velocidade relativa
deformação elástica das superfícies em das superfícies é alta, induzindo o
contato (menos do que na lubrificação bombeamento do lubrificante entre as
mista). Este regime ocorre em baixas superfícies, e quando são superfícies
velocidades relativas ou quando as conformes não paralelas, como eixo e
superfícies em contato tem uma tendência mancai. Desta forma, não há necessidade
a expulsar o lubrificante, como em dentes de um bombeamento externo para
de engrenagens ou em carnes. suportar as cargas, pois a própria dinâmica
• Lubrificação Hidrodinâmica (h >> R) do lubrificante resulta em elevadas
Este regime ocorre quando se tem pressões de sustentação.
suprimento suficiente de lubrificante para
manter as superfícies separadas, sendo o
Este regime de lubrificação é o mais
comum e desejado, pois evita forças
excessivas e desnecessárias (o coeficiente
de atrito pode chegar a valores tão baixos
quanto 0,001 ), assim como reduz
significativamente o desgaste das peças. O
coeficiente de atrito tende a aumentar com
o aumento da velocidade, pois as Forças
viscosas de arraste aumentam também
com a velocidade. Os detalhes de
escoamento e forças viscosas serão
tratados nas próximas aulas.

Fonte: https://goo.gVJYbeAh
Referências
GONÇALVES, E. B.; PIRES NETO, J. T.; VALLE, M. L. M.; WINDLIN, F. L. Lubrificantes. ln: BRUNETTI,
F. Motores de combustão interna. Blucher, 2012. Vol. 2, p. 215-241.

MELLO, P. B. Lubrificarntes e lubrificação: notas de aula. Porto Alegre, RS: UFRGS, 2013.

MILAN,). C. Engenharia de Superfície 1: introdução. 2017. Disponível em:


<h ttp://www.joi nville.u desc.br/portal/pro fessores/milan/materiais/TRIB aula O1 ntrod
1
ucao 2017 01 .pd f >. Acesso em: 7 maio 2017.

NORTON, R. L. Projeto de máquinas. 2. ed. Porto Alegre, RS: Bookman, 2004.

PAULI, E. A.; ULIANA, F. S. Lubrificação: mecârnica. Vitória, ES: Apostila SENAl-ES, 1997.

RADI, P. A.; SANTOS, L. V.; BONETII, L. F.; TRAVA-AIROLDI, V.J. Tribologia, Conceitos e
Aplicações. 13° Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação do ITA-Xlll ENCITA. Anai s...
São josé dos Campos, SP: Instituto Tecnológico de Aeronáutica, 2007.

SCHUITEK, A.J. Estudo do comportamento de desgaste de materiais metálicos em


riscamento circular. Tese (Doutorado em Engenharia Mecânica) - Escola Politécnica,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
1 Apresentação da Webaula
Nesta webaula, introduziremos as propriedades dos lubrificantes, dando maior ênfase à
viscosidade e ao índice de viscosidade (IV). Falaremos conceitualmente sobre fluidos
newtonianos e não newtonianos. Por fim, encerraremos com a classificação dos lubrificantes
conforme a SAE e a API, que são bastante utilizados para identificação dos lubrificantes,
principalmente quanto à sua viscosidade.
Figura 3.1 1 Escoamentos com diferentes viscosidades

Fonte: <http://prism - net work.eu/blog -tags/viscosi ty>. Acesso em: 15 maio 2017.
2 Viscosidade
Propriedade é um dos conceitos mais Viscosidade é a resistência do fluido ao
importantes para tratar sobre as escoamento, podendo dizer que é uma
características e comportamentos de medida do seu atrito interno. De forma
qualquer substância, pois é um atribu to mais técnica, diz-se que a viscosidade é a
mensurável e intrínseco da substância. resistência ao fluido à deformação por
falando de lubrificantes, a viscosidade é, tensão de cisalnamento. Isto pode ser
provavelmente, a mais importante expresso pela Lei de Newton da viscosidade
propriedade, pois ela está fo rtemente (WHITE, 2011 ), como mostrado na Equação
relacionada à facilidade de escoamento do 1, onde 't (lê-se "tau") é a tensão superficial
fluido. do fluido (que é a razão da força tangencial
feda área A), ué a velocidade tangencial e
y é a altura a partir da superfície. A
viscosidade dinâmica é dada pela letra
grega µ(lê -se "mi").
F du (Eq. 1) Figura 3.2 I Escoamento de Couette
• =-=
A
µ-dy ,.
J>laco
Apesar da Lei de Newton tratar a tensão u =V 1~611el!
"=V
superficial como um diferencial da / V
velocidade do fluido com a distância, a /
/ l"Iuid\)
Equação 1 pode ser simplificada, quando a
escala é muito pequena, ao tratar o " / 11(y) visco~o

escoamento como um perfil linear (uma ~ ~ .V


reta). Outro caso é o escoamento de Pl<"1C:J fi Xfi
it =o
Couette, onde há um movimento relativo
entre duas placas planas. A Figura 3.2
mostra o perfil de ve locidade no Fonte: White (2011 ).

escoamento de Couette, onde se vê que é


uma reta. Desta forma, a Equação 1 pode
ser simplificada para a Equação 2.
F V (Eq.2) A unidade de medida da viscosidade no
T = -A = µ -h Sistema Internacional (SI) é Pa.s (ou
Isto significa que quanto maior a N.slm~. No entanto. é comum encontrar
viscosidade de um fluido, maior a força também outras unidades, como o Poise (P)
necessária para deformá-lo e, no caso, ou centiPoise (cP). Desta forma, a
causar um movimento relativo entre as conversão fica: 1 Pa.s= 1O P= 1000 cP.
duas placas paralelas. Pode-se ver que a
compreensão dos efeitos da viscosidade é
de extrema importância quando se fala de
lubrificação, pois a viscosidade do
lubrificante é crucial para determinar seu
escoamento e as forças envolvidas nos
processos, como atritos ou potências de
bombas hidráulicas.
Em estudos de fluidodi.nâmica e de É comum também usar resultados de
lubrificação, a densidade do fluido é outra testes de viscosidade para determinar o
propriedade de alta importância e, por este valor da viscosidade de um lubrificante. Um
motivo, é muitas vezes relacionada à exemplo é o Segundo Saybolt Universal
viscosidade. Note que nas Equações 1 e 2 (SSU), unidade empírica de medida de
tratamos da viscosidade dinâmicaµ. viscosidade cinemática, que é obtida pelo
Quando esta viscosidade dinâmica é ensaio de viscosidade de Saybolt. Este
dividida pela densidade, tem-se a ensaio consiste em controlar a
viscosidade cinemática, que é usualmente temperatura do óleo a ser testado e medir
representada pela letra grega v (lê-se "ni"). o tempo que leva para escoar e encher um
Sua unidade de medida SI é m'ls, porém volume de 60 mi. Este tempo medido
usualmente se usa unidades como o Stoke corresponde ao valor da viscosidade
(St) ou centiStoke (cSt). A conversão entre cinemática em SSU.
estas unidade é: 1 m'!s.=10.000 A norma ABNT NBR 10441:2014 detalha o
St= 1.000.000 cSt. procedimento para obtenção da
viscosidade de um fluido.
Fornte: https://goo.gVEOuDv3
3 fndice de Viscosidade
As pessoas comumente ouvem que o "óleo Dean e F.H. Davis, que definiram
engrossa" quando está frio e que o "óleo arbitrariamente que o óleo advindo do
afina" quando quente. Em termos petróleo da Pensilvânia seria o menos
tecnicamente corretos, isto quer dizer que sensível à temperatura (recebendo o IV=
a viscosidade do óleo varia com a 100). enquanto o óleo oriundo do Golfo do
temperatura, sendo maior a viscosidade do México seria o mais sensível à temperatura
óleo quando ele se encontra em (logo com IV= O) (PIRES E ALBUQUERQUE,
temperaturas mais bai:xas e menor quando 1973). Ou seja, quanto maior o IV de um
em temperaturas mais altas. óleo lubrificante, menor a sensibilidade da
Uma forma prática de avaliar a variação da sua viscosidade com a temperatura.
viscosidade de um lubrificante com a
temperatura é pelo Índice de Viscosidade,
representada usualmente pelas letras IV.
Este método foi criado em 1932 por E.W.
O cálculo do IV é dado pela Equação 3. Os (Eq. 3)
IV= lOOL-U
termos L e H são valores de viscosidade L- H

cinemática de referência em mm2 /s a 40 ºC Figura 3.3 I Representação gráfica do


e 100 ºC, respectivamente (conforme Índice de Viscosi dade
norma ABNT NBR 14358:2012), enquanto
Viscosidade
Ué a viscosidade do óleo em estudo a 40
ºC, também em mm 2/s. A viscosidade das
referências e da amostra deve ser a mesma
quando estão na temperatura de 100 ºC. A
Figura 3.3 é uma representação gráfica
deste parâmetro de variação da
viscosidade com a temperatura, onde se
Temperatura
pode ver que o IV é uma porcentagem 4-0'C lOO'C
comparada à referência (L-H). Vale lembrar
que é possível encontrar valores de IV
maior do que 100. Fonte: Elaborada pelo autor.
O cálcu lo do IV é dado pela norma ABNT
NBR 14358:2012. No mesmo documento,
há uma tabela completta para encontrar os
valores de L e H para aplicar o cálcu lo da
Equação 3. Fundamen t almente, é
importante lembrar: quanto maior o IV,
menor a variação da viscosidade do óleo
com a temperatura.

Fonte: https:l/goo.gVdOmYgP
4 Fluidos Newtonianos e Não Newtonianos
Para os Fluidos que se comportam tal como Os Fluidos não newtonianos são
a Lei de Newton da Equação 1, onde a classificados conforme a variação da
relação entre a tensão de cisalhamento e a tensão de cisalhamento com a taxa de
taxa de deformação (du/dy) é linear, diz-se deformação. Eles são apresentados
que são Fluidos newtonianos. No entanto, graficamente na Figura 3.4, comparando o
nem todos os fluidos são newtonianos, comportamento deles com o newtoniano
podendo ter comportamento diferentes do (WHITE, 2011 ).
linear. Para estes, diz-s.e que são Fluidos
não newtonianos.
figura 3.4 I Classificação e comportamento Os fluidos não newtonianos podem ser:
dos fluidos não newtonianos • Dilatantes: a resistência aumenta com
Tensão (r)
o aumento da tensão. Exemplo: mistura
Dilatante de amido de milho e água, areia
/ Plástico movediça.
, , ,,' Newtoniano
• Pseudoplásticos: a resistência diminui
l ,,,' com o aumento da tensão aplicada.
,, Exemplo: tinta látex.
,'
• Plásticos: fluidos fortemente
Taxa de Deformação
pseudoplásticos. Exemplo: polímeros.
(du/dy)
• Plástico de Bingham: podendo ter
Fonte: Elaborada pelo autor: comportamento linear ou não linear,
demandam uma tensão mínima parra
iniciar o escoamento. Exemplo: pas•ta
de dente, ket chup.
Os fluidos não newtonianos também A maioria dos ól eos lubrificantes são
podem ter efeitos transient es (ou seja, que newtonianos. Porém, existem aplicações de
dependem do tempo d e aplicação da lubrificantes não newtonianos, como óleos
tensão). Os fluidos que demandam um tixotrópicos, graxas plásticas e outras
aumento da tensão com o tempo para graxas que possuem propriedades
manter a mesma taxa de deformação são reopéticas para que haja aumento da
chamados reopéticos, ·enquanto os fluidos viscosidade quando o bombeamento
que demandam uma diminuição da tensão estiver funcionando (PIRES E
com o tempo para manter a mesma taxa de ALBUOUEROUE, 1973). No entanto, como
' '
deformação são os tixotrópicos. dito, são aplicações pouco usuais, mas que
vale a pena ter conhecimento de sua
existência.
S Outras Propriedades e Características dos Lubrificantes
Além da viscosidade, e:xistem outras • Ponto de Fluidez
propriedades e características importantes É a menor temperatura que o óleo ainda
dos lubrificantes e que devem ser flui apenas pelo efeito da gravidade. Este
conhecidas. Elas sempr e estão, de alguma pon to é maior quanto maior a quantidade
forma, relacionadas às condições de de parafinas no óleo, pois elas solidificam
trabalho dos lubrificantes. As demais com a diminuição da temperatura.
propriedades são apresentadas a seguir Enquanto que por um lado se deseja
(CHEVRON CORPORATION, 2005; diminuir a quantidade de parafinas para
GONÇALVES et ai. apud BRUNETTI, 2012; diminuir o ponto de fluidez (e, assim, o
MELLO, 2013; PAULI; lJLIANA, 1997): lubrificante poder trabalhar em
temperatu ras baixas), por outro lado a
redução de parafinas diminui também o IV
e, consequentemente, deixa a viscosidade
do óleo mais sensível com a temperatura.
• Ponto de Fulgor
É a menor temperatura que o óleo
desprende vapores suficientes para que
haja combustão com a presença de uma
chama, provocando um pequeno lampejo.
É importante o conhecimento desta
propriedade para evitar trabalhar com o
lubrificante em temperaturas próximas ao
pon to de fulgor. O aparato experimen tal
mais comum para se determinar esta
propriedade é o Vaso Aberto de Cleveland.

Fonte: https://goo.gVBtlZE7k
• Ponto de Inflamação • Números de Neutralização
Enquanto o ponto de Fulgor é obtido com Números que avaliam o grau de acidez
um lampejo da combustão, o ponto de e alcalinidade do óleo. Os principais
inflamação é a menor temperatura que o números de neutralização são:
óleo desprende vapores suficientes para • TAN (Total Acid Number, que significa
que mantenha a combustão por, pelo Número Ácido Total): é a quantidade de
menos, 5 segundos. É importante que não hidróxido de· potássio (KOH), em mg,
se confunda as duas características, pois necessária para neutralizar a acidez de
usualmente são apresentadas como sendo 1 g de óleo, Um TAN alto significa alta
a mesma coisa. O ponto de inflamação é quantidade de produtos de combustão
maior do que o ponto de Fulgor e de oxidação.
(geralmente entre 15 ºC e 45 ºC,
dependendo do óleo).
• TBN (Total Base Nu mber, que significa • Volatilidade
Número Básico Tota l): também A volatilidade de um lubrificante está
chamada de reserv.a alcalina, é a relacionada à estabilidade do seu
quan tidade de ácido clorídrico (HCI), estado físico. Ou seja, quanto maior a
em termos de quantidade em mg de vo latilidade, maior será a evaporação
hidróxido de potássio (KO H), necessária dos seus componentes. Isto pode afetar
para neutralizar a a lcalinidade de 1 g de a sua composição (caso seja uma
óleo. Um TBN baixo indica reduzida ou mistura de componentes) e seu
nenhuma capacidade de ação trabalho, pois pode ocasionar a
detergente dos aditivos do óleo. formação de bolhas no caso de uma
queda de pressão ou aumento da
temperatura.
• Cor
A cor de um lubrificante não tem
correlação direta fundamental com as
propriedades do lubrificante. No
entanto, esta característica é
importante para questões estéticas
(quando o lubrificante está à vista do
usuário final) e detecção de
vazamentos. Quando o óleo é novo, ele
possui, usualmente, a cor esverdeada
se for parafínica e azulada se naftênica.
Quando usado, o escurecimento indica
presença de fuligem e particulados:.

Fonte: https://goo.qVRfPBFd
• Densidade lubrificante (mais precisamente, é a
É a razão entre a massa e o volume do energia para aumentar em um grau uma
lubrificante, usualmente expressa em massa de um quilo do óleo). Esta
kg/m3 ou em g/cm• (ou g/ml). Esta propriedade é muito importan te quando o
propriedade é muito usada lubrificante tem função térmica, como, po r
comercialmen te, pois se vende e exemplo, remover calor de uma superfície
manipula o óleo pelo volume, mas há a aquecida.
necessidade de saber sua massa.
Também é importante para óleos Existem ainda outras características que
usados, pois através da densidade se podem ser estudadas, no caso de interesse,
pode analisar a contaminação do nas referências desta webau la, como
lubrificante. detergência, estabilidade, ponto de
• Calor Específico congelamento, oleosidade e ponto de
O calor específico é uma propriedade anilina.
termofísica que indica a quantidade de
energia necessária para elevar a
temperatura de uma massa de
6 Classificação dos Óleos Lubrificantes
Duas das principais classificações para A classificação da API é dada por duas
lubrificantes automotivos são as da API letras, sendo a primeira referente ao tipo
(American Petroleum lnstitute - Instituto de motor ("S" para motores a gasolina - "S"
Americano do Petróleo) quanto ao regime de spark, que significa "centelha" - e "C"
de trabalho do motor, e da SAE (Society of para motores diesel- "C" de compressão) e
Automotive Engineers -Sociedade dos a segunda uma sequência alfabética na
Engenheiros Automotivos) quanto à ordem de desenvolvimento. Para motores à
característica da viscosidade do gasolina, as classificações vigentes são (as
lubrificante (GONÇALVES et al. apud anteriores estão obsoletas):
BRUNETTI, 2012; CHEVRON
CORPORATION, 2005; AMERICAN
PETROLEUM INSTITUTE, 2017).
• Sj: para motores de 2001 ou anteriores.
• SL: para motores de 2004 ou
anteriores, com melhor resistência à
corrosão, menor volatilidade e menor
formação de depósitos.
• SM: para motores de 201 Oou
anteriores, com melhor resistência à
oxidação e melhor desempenho a
baixas temperaturas.
• SN: para motores a partir de 2011, com
menor formação de depósitos e menor
formação de borras a altas
temperaturas, além de focar também
em motores a etanol (EBS).
Há uma classificação especial da API que • CH-4: instituída em 1999, para
engloba a classificação ILSAC combustível com máximo de 0,5% de
(lnternational Lubricant Standardization enxofre em peso.
and Approval Committee - Comitê • Cl-4: instituída em 2002, para
Internacional de Padronização e Aprovação combustível com máximo de 0,5% de
de Lubrificantes), que começam com a enxofre em peso, para atender as
letra "G", sendo a única vigente a GF-5, de normas ambientais e uso de EGR
2010. (recirculação de gases de exaustão).
Para motores diesel, há um número "4" na • Cj-4: instituída em 201 O, para
classificação para indicar que o motor é combustível com máximo de 0,05% de
4-tempos. Antes havia também para enxofre em peso.
2-tempos, porém já se encontram
obsoletas. As classificações vigentes para
motores diesel são (estando as anteriores
obsoletas):
• CK-4: instituída em 2017, para A API criou um programa de certificação
combustível com máximo de 0,05% de dos óleos de motor, levando o selo de
enxofre em peso, para controlar "rosquinha" (donut), onde se tem também
emissões quando se usa filtros de a classificação SAE (que falaremos a
particulados e outros sistemas de seguir). Os óleos que atendem a
tratamentos, com melhor resistência à especificação ILSAC vigente levam um selo
oxidação, melhor estabilidade da "estrela" (Starburst). Estes selos podem ser
viscosidade e proteção à degradação vistos na Figura 3.5 (CHEVRON
de componentes. CORPORATION, 2005).
figura 3.5 I Programa de certificação API A classificação da SAE indica o grau de
viscosidade do óleo lubrificante com um
número que, quanto maior ele for, maior
será a viscosidade. A regulamentação SAE
)300 serve para óleos de motor, enquanto a
)306 para óleos de transmissão. A partir da
classificação SAE, é possível determinar o
lubrificante apropriado para o regime de
trabalho. Por exemplo, um óleo de grau
Fonte: Chevron eorporation (2005).
maior (número maior, como o SAE 40 ou
SAE 60) é interessante para trabalho em
alta temperatura, pois não terá sua
viscosidade muito red uzida.
Quando a classificação é apenas por um Os óleos com classificação SAE apenas
número, é especificada a viscosidade do com um número ou com um número
lubrificante a uma temperatura elevada (de seguido do "W" são chamados
100 ºC ou 150 ºC). Quando vem monoviscosos. A Tabela 3. 1 apresen ta os
acompanhada da let ra "W" (de win ter, que valores de viscosidade con forme a SAE
significa "inverno" em i nglês) logo após o )300 para óleos de motor. A temperat ura
número, é especificada a viscosidade em da viscosidade cinemát ica máxima (4ª e 5ª
baixas temperaturas (ele -40 ºC a -1 O ºC), coluna) é 100 ºC, enquanto a temperatura
Estes óleos, como o SAE 15W ou o SAE do "Alta Temp - Alta Tensão (cP)" (6ª
30W, possuem bom desempenho a baixas coluna) é 150 ºC (CHEVRON
temperatu ras. CORPORATION, 2005).
No entanto, existem também os óleos Tabela 3.1 1Valores de Viscosidade
multiviscosos, que são óleos que atendem conforme norma SAE )300
SAt J300 - Remado em Jalldro de 20J.S
a viscosidade dos óleos tanto a baixa wo"
~
f., •)~. M

fm1.;-1
B«• ~".."""
•I ~·'!<~1
-.....
~.[,.,.,..,
'" '" "'"i'"
...... 1...,..
!..,.fe l« '
...
temperatura quanto a alta temperatura. ~ f,XIO# ·U 'C r.o.ooo•-co'( u .
,.
-...
sw t.eoo•·» IC IA).Ol)O• •J}'(
Por exemplo, um óleoSAE 10W30 tem a .
1.•• ·~'( loOl.OO•oiO'C •••
viscosidade do óleo SAE 1OW a baixa uw 1,CO(I· ·~'(' ~· ·1$-C
'' .
.
temperatura e a viscosidade do óleo SAE
. . . .. l)'( '°'*fl •lO'C
"... .

30 a alta temperatura. Estes óleos


"'"1 ~·~'C'
.
~•·a'C

•U
' ,."'
geralmente possuem uma estabilidade "
.
• 4J

"
. ... "" u
maior da viscosidade, permitindo seu uso •• ..., ,.
"' . ,.ll.S ...
para uma faixa maior de trabalho. A " .
t.l
,,, au •• ,,....
Q
""""'' ........
característica multiviscosa destes óleos é Q
1
.
"' ..1.. 1 "
r.~·--·.oo. n·-

..,
- .............00!

ilustrada na Figura 3.6, usando o óleo SAE


10W30 como exemplo.
"
"
. ...
'" <>U

"" "'
Fonte:
<ht tp://www.widman.biz/English/Tables/1300.html>
. Acessoem:21 maio2017.
Figura 3.6 I Característica de um óleo
multiviscoso SAE 1OW30

Temperatura
·2S ºC 100 "<:

Fonte: Elaborada pelo autor.


Referências

AMERICAN PETROLEUM INSTITUTE. Oil Categories. 2017. Disponível em:


<http:/ /www.api.org/p rod u cts- a n d- services/e ng i n e- oil/eolcs- categ ories- and - docum e n ts/o i 1-
ca tegories>. Acesso em: 20 maio 2017.

CHEVRON CORPORATION. fundamentos de lubrificação. São Paulo: Departamento de


Tecnologia da Texaco Brasil, 2005.

GONÇALVES, E. B.; PIRES NETO, J. T.; VALLE, M. L. M.; WINDLIN, f. L. Lubrificantes. ln: BRUNETTI,
f. Motores de combustão interna. Blucher, 2012. Vol. 2, p. 215-241.

MELLO, P. B. Lubrificantes e lubrificação: notas de aula. Porto Alegre, RS: UFRGS, 2013.

PAULI, E. A. D.; ULIANA, F. S. Lubrificação: mecânica. Vitória, ES: Apostila SENAl-ES, 1997.

PIRES E ALBUQUERQUE, O. A. L. Lubrificação. São Paulo: McGraw-Hill, 1973.

WHITE, f. M. Mecânica dos fluidos. 6. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2011.


1 Apresentação da Webaula
Apresent aremos nesta webaula o uso de aditivos para melhoria das propriedades e
ca racterísticas dos lubrificantes. O mecanismo de cada um será explicado de Forma a deixar
claro a sua utilidade e importância. Falaremos também sobre graxas, import an tes lubrificantes
para a indústria, detalhando sua composição e aplicação.
Figura 4.1 1 Aditivos para lubrificantes

. . ..
.. . '

• • •

Antiespumantes
---------
Redutores do Ponto de Fluidez

Fonte: elaborado pelo autor


2 O Uso de Aditivos
Apesar de ocorrer a separação dos Os aditivos não apenas fornecem novas
componentes duran te a destilação características e propriedades aos
fracionada do petróleo (e, desta forma, lubrificantes, mas também melhoram as
obter a fração desejada conforme a características desejadas e reduzem
aplicação), dificilmente se obtém todas as aquelas que gostaríamos que fossem
características importantes no mesmo óleo eliminadas. Um lubrificante de alta
mineral. Por este motivo, com as demandas tecnologia pode conter em torno de 20%
cada vez mais exigentes das aplicações, os em massa apenas de aditivos (GONÇALVES
lub rificantes na sua forma pura não são et ai. apud BRUNETTI, 2012).
mais suficientes para o trabalho. Por este
motivo, utiliza-se aditivos.
Muitas vezes, os aditivos para lubrificantes Os aditivos podem ser divididos em três
são comercializados na forma líquida ou classes, conforme sua função e mecanismo
sólida, chamados de agentes. Os aditivos de ação (GONÇALVES et ai. apud
com mais de uma função são chamados BRUNETTI, 2012):
multifuncionais, apresentando a vantagem 1) Ação puramente Física, melhorando ou
de custo reduzido, uma vez que vem em um alterando as propriedades dos óleos,
único composto, e diminuírem o risco de incluindo efeitos de temperatura.
interação negativa entre diferentes 2) Ação protetora na interface (como
aditivos (GONÇALVES et ai. apud água e óleo), garantindo estabilidade
, .
BRUNETTI, 2012). Inclusive, é importante qu1m1ca.
lembrar que não é bom misturar aditivos 3) Ação química protetora contra
de marcas diferentes. A formulação e os desgaste e contaminação, como os
compostos utilizados podem ser diferentes, agentes antioxidantes e de extrema
111es1110 4ue le11 ila111 a 111es111a f 0111,:au, e islu p1ess1íu.
pode causar reações que eliminam ou
degradam os aditivos (PAULI; ULIANA,
1997).
3 Tipos, Motivos do Uso e Mecanismos dos Aditivos
As principais categorias dos aditivos são
apresentadas a seguir (PIRES E
ALBUOUEROUE, 1973; PAULI; ULIANA,
' '
1997; CHEVRON CORPORATION, 2005;
MELLO, 2013):
• Antioxidantes:
- Motivo do uso: Diminuir a formação de
ácidos e borras (formado pela mistura de
ácidos, água e fuligem), aumentando a vida
útil do lubrificante.

Fonte: https://goo.gVs8QH7D
- Mecanismo de ação: Ocorre a oxidação • Detergentes:
do aditivo antes da oxidação do óleo (ou - Motivo do uso: Manter as superfícies
seja, atua como um escudo), resultando em limpar e evitar o depósito de borras.
produtos inofensivos para o lubrificante. - Mecanismo de ação: Forma uma barreira
protetora nas superfícies, evitando a
• Anticorrosivos: adesão de borras. Ajudam também a
- Motivo do uso: Neutralização dos ácidos diminuir a coagulação do óleo.
orgânicos; proteger as pa rtes metálicas de • Dispersantes:
ataques corrosivos, que podem ocasionar a - Motivo do uso: Evitar que uma borra se
falha de componen tes. ag lomere e se torne insolúvel.
- Mecanismo de ação: O aditivo neutra liza - Mecanismo de ação:São aditivos polares
a ação dos ácidos sulfúrico e nítrico, que envolvem as partículas, impedindo sua
formados na oxidação do óleo com enxofre aglomeração. Desta forma, mantém as
e l lill U!:Jêl IÍU; U élUÍLÍVU fui 11 lél UI llél película pa1 Lículas (cu111u !Ju11 as uu fuliye1is)
protetora sobre as partes metálicas. pequenas e em suspensão no lubrifican te
na forma coloidal.
• Agentes de Pressão Extrema: • Redutores do Ponto de Fluidez:
- Motivo do uso: Evitar o contato metálico - Motivo do uso: Possibilitar o uso do
entre partes móveis, evitando o desgaste e lubrificante a temperaturas ainda menores
arranhamento das superfícies. ao abaixar o seu ponto de fluidez.
- Mecanismo de ação: Muito utilizado em - Mecanismo de ação: O aditivo envolve os
óleos de engrenagem e de transmissão, cristais de parafina formados a baixa
este aditivo forma uma película sobre as temperatu ra, impedindo seu crescimento e
superfícies quando submetida à elevada garan tindo a fluidez do lubrificante.
pressão e temperatura local, reduzindo o
atrito e o desgaste.
• Melhoradores do indice de Figura 4.2 I Atuação do melhorador do
Viscosidade: índice de viscosidade, com expansão em
- Motivo do uso: Diminuir a variação da alta temperatura e contração em baixa
viscosidade do óleo com a temperatura, temperatura
permitindo aumentar a sua faixa de
temperatura de trabalho.
- Mecanismo de ação: O aditivo contrai
quando em baixa temperatura, afetando
pouco a viscosidade do óleo. Porém,
quando aquecido, ele expande,
dificultando o escoamento do lubrificante
e, portanto, aumentando sua viscosidade
(reduzindo seu "afinamento"). A Figura 4.2
apresenra ílusrrarivamenre esre fonte:
<http://selectsynthetics.com/part- 3 --motor- oil-ad
mecanismo.
ditives.html>. Acesso em: 27 maio 2017.
• Antiespumante: • Antiferrugem:
- Motivo do uso: Evita a formação de - Motivo do uso: Evitar a co rrosão das
espumas estáveis no óleo, que podem partes metálicas devido à presença de
atrapalhar a lubrificação e causar desgaste ambien te salinos (água mineral ou
das peças. umidade).
- Mecanismo de ação: O aditivo une as - Mecanismo de ação: O aditivo tem
bolhas menores provenientes da agitação molhabilidade preferencial nas superfícies,
do óleo e formam bolhas maiores, que formando uma película protetora con tra o
rapidamente sobem à superfície e se ambien te salino.
desinteg ram.
• Antidesgaste:
- Motivo do uso: Similar aos agentes de
pressão extrema, porém usados em
aplicações com condições mais brandas.
- Mecanismo de ação: Utiliza elementos
mais leves, como fósforo e zinco, para
evitar o rompimento da película de
lubrificante quando submetido a cargas
elevadas.

Fonte: https://900.gVhQOOyK
Fonte: https://goo.gUYYgVYn
4 Graxa como 1.ubrificante
De forma simplificada, a graxa é uma As principais características de uma graxa
simples mistura com um agente e que são abordados nesta webaula são:
espessante (geralmente sabão) disperso consistência, ponto de gota,
em óleo mineral (PIRES E ALBUOU EROUE, bombeabildade e resistência à água.
' '
1973; CHEVRON CORPORATION, 2005). A Outras p ropriedades, como resistência ao
função do óleo é promover a lubrificação, trabalho, estabilidade à oxidação e
enquanto que o agente espessante tem a resistência ao cisalhamento, podem ser
função de dar a consist ência past osa ou encont rados nas referências (PAULI;
sólida à graxa. Este estado não líquido é ULIANA, 1997; MELLO, 2013).
desejado para facilitar a aplicação do
lubrificante, que se mantém no local sem
escorrer. Também se tem o uso de aditivos
em graxas para adicionar ou aprimorar
suas propriedades.
Assim como para o óleo há a viscosidade, Com o valor da penetração do cone na
para a qraxa há a consistência, que qraxa (dada em décimo de milímetros),
também é a relação da deformação da pode-se dizer o grau de consistência de
graxa com uma carga aplicada. A acordo com a classificação da NLGI
viscosidade de uma graxa não é como no (National Lubricat ing Grease lnst it ute, que
óleo, pois a graxa é um fluido não em inglês significa Instituto Nacional de
newtoniano. Desta forma, a graxa Graxas Lubrificantes), conforme
apresen t a viscosidade aparente, o que apresentado no Quad ro 4.1, onde "000" é
torna o uso do parâmetro "consist ência" bast an te fluido e "6" é bastan te
mais prát ico. Esta consistência é dada pela consistente.
penetração de um cone na graxa com uma
força aplicada (como especificado na
norma DIN 51818).
Quadro 4.1 1 Grau de consistência de Note que o Quad ro 4.1 fala de uma
qraxas conform e NLGI com exemplos penetração P60. Este número (60) indica a
comparat ivos quantidade de vezes que se estressa a
GnouNl GI Penetração (P60, em 1110mm) Exemplo deConsistência graxa antes de realizar o t este. Ou seja, há
000 445 - 475 Kelchup também a penet ração PO (sem estressar a
00 400 - 430 logllte graxa), P10.000 (estressa a graxa 10.000
o 355- 385 Mostarda Marrcro vezes antes do ensaio) e até P100.000
1 J l0 - 340 Extrato do Tomate (estressa 100.000 vezes). Este parâ m etro é
2 265- 295 Ooco de LOOo de Colher determinado conforme a aplicação da
3 220 - 250 r..~argarila
graxa, dependendo do quão importante é
4 175 - 205 Socvcte
sua consistência após alguns ciclos de
5 130 - 160 Cubo de Doce de Leite
trabalho.
6 85- 115 Queijo Cheddar
.
Fo1 1 l~: ~lal.Ju1 ac.Ju µ~lo a ulu1 (l.Jaseotlu 110 víll~u lia

Nye Lubricants)
Um outro parâmetro importante de uma A bombeabilidade de uma graxa é a
qraxa é o ponto de qota, que é a menor capacidade dela fluir por um
temperatu ra na qual a graxa muda para o bombeamento. Os parâmetros que afetam
estado líquido e passa a gotejar através de sign ificativamente a bombeabilidade de
um furo padrão. Referências sugerem uma graxa são a consistência, a
trabalhar com a graxa a uma temperatu ra viscosidade do óleo que a compõe e o tipo
máxima que seja, no mínimo, 30 ºC (PAULI; de espessante. De forma geral:
ULIANA, 1997) ou 20% (CHEVRON • Quanto maior a consistência, menor a
'
CORPORATION, 2005) abaixo do ponto de bombeabilidade;
gota. • Quan to maior a viscosidade do óleo,
'
menor a bombeabilidade.
Quanto ao tipo de espessante, Por fim, a graxa pode ter a função de
destacam -se as ~raxas de poliureia e vedação ou de proteção contra a presença
complexo de lítio com alta bombeabilidade de água (por exemplo, local que pode
e as de sódio e complexo de cálcio com passar por lavagem ou que está exposta à
baixa bombeabilidade, considerando a chuva). É importante que a graxa, para esta
mesma consistência das graxas (CHEVRON finalidade, não se desfaça com a água.
CORPORATION, 2005). Apesar de ser mencionado também no
próximo tópico, a única graxa que não
suporta a presença de água é a de sabão de
sódio. Todas as outras apresentam tal
resistência.
Fonte: https:J/goo.gVAQ6fMA
5 Aplicação de Graxas
As principais vantagens e desvantagens do e:> Redução de ruídos;
uso de graxas são {PAULI; ULIANA, 1997; e:> Maior adesividade;
CHEVRON CORPORATION, 2005; MELLO, e:> Melhor trabalho em condições
2013): extremas {carga e temperatura).
e:>
• Vantagens: • Desvantagens {comparado ao óleo):
e:> Veda melhor o sistema contra água; e:> Menor dissipação de calor;
e:> Boa retenção, mantendo-se no local e:> Pior lubrificação em altas velocidades;
aplicado; e:> Menor resistência à oxidação.
e:> Não há necessidade de relubrificação
{ou a relubrificação é feita muito
menos vezes);
Assim como visto na webaula 2, as graxas Quadro 4.2 I Características e condições de
são nomeadas conforme o sabão que se trabalho de qraxas de sabão metálico
utili za como espessante, sendo dos mais simples
comuns as graxas de sabão metálico. No Ponto Màxim.t Boolbeabilidade Exemplos
Sabão Resistência
Quadro 4.2 são apresentadas as graxas de de Temperatura (para omesmo de
Metálico à Agua
Gota de Trabalho grau NLGI Aplicação
sabão metálico, com algumas •
,95
características e exemplos de trabalho Cãlcio 1o•c-sooe l Alta Média Mancais
'C
(PAULI; ULIANA, 1997; CHEVRON 1
• 175 90°C - 120
CORPORATION, 2005; MELLO, 2013). Só<lio Fraca Baixa Mancais
'C 'C

· 100
Aluminio 70 ºC•80 'C , Sabsfatória Média Chass~
'C
• 180
Lilio 140°C Salisfalória Alta Mullilarela
'C
.

Fonte: Elaborado pelo autor


O Quadro 4.2 é referente a graxas com Há também as graxas de argila e as
sabão metálico simples, ou seja, que não betuminosas. As qraxas de arqila possuem
conta com outros agentes que melhoram o excelente resistência à água e à
ponto de gota. As graxas que possuem tal temperatura (seu ponto de gota é em torno
agente (como ácido acético ou lático) são de 400 ºC, permitindo seu trabalho a
chamadas graxas à base de sabão temperaturas acima de 200 ºC), porém não
complexo, que possuem ponto de gota possuem boa bombeabilidade. As graxas
significativamente maior. Por exemplo, de argila têm aplicações especiais, pois seu
graxas de sabão complexo de cálcio, custo é bastante elevado. já as graxas
alumínio ou lítio passam a ter ponto de betuminosas, que são formadas à base de
gota de aproximadamente 175 ºC. O seu asfalto, possuem excelente aderência
uso principal está no setor automotivo, (sendo muito usadas em cabos de aço e
industrial e siderúrgica, onde as aplicações engrenagens abertas} e ótima
e11vulve111 elevcttlcts Lei 11 pe1 ctlu1 cts. l1 ct11sfe1 ê11dct tle cctlu1. Nu e11Lct11Lu, cts
graxas betuminosas possuem baixa
resistência ao cisalhamento.
Muitas vezes, é desejado mudar a graxa Quadro 4.3 I Compatibilidade de graxas
utilizada em uma aplicação. Para isto, é quanto ao óleo
importante notar a compatibilidade entre a ô leo ôJeo Medi Fenll Pollf-enll
miner;il E,swr PoUglrcol Silicone Silicone E"wr
graxa antiga e a nova, tanto entre os óleos - -
oi.o
mineral
• - • •
de cada uma quanto entre os agentes 1
espessantes. De forma geral, não é
aconselhável misturar graxas.
·-
~···
Pol ~licol
+ •



'
-
1
1
• o

·-··
Si:ricone
- - - • • -

'-h-.
Fenil • '
SfJlcont

Pollfenll o o - - •
Este<

• • CO.!lll)61l~e4 • • 1oro..11pati·1~ o. le$t~fl if1d~ICutiliS


(l@~lf6'S

.
Fonte:
<ht t.p ·//www !;.kf comth r/p rnrlt1 r:t"°/h P.::iiri n o~-1 1ni ts:: - h
ousings/super-precision- bearings/principles!lubrica
tion/grease-lubrication/miscibility/lndex.htm l>.
Acesso em: 28 maio 20 17.
.. ..
Por fim, existem vários aditivos que podem
ser utilizados em qraxas para melhorar seu
s. UUo
s.
UOo

o
s.
c.àlCI
o


50010

-
o
s.c.
l ioo



s.c.
Có"'

-
-
·-s.c.

o
s.c.
Siirlo

o
s.c.
Alumf Nlil
""'
-
-

o

o
,.,,
POhJ

o
°''"º
desempenho. Os aditivos mais comuns são: ..
Só<Uo - o + o o • + - o o
extrema pressão, para manter o filme s.c.
o.mo • • o • + o o • - -
lubrificante em caso de alta carga; s.c-.
CikiO - - o • • o - o o +
aumentador de adesividade, para
s.c.
aumentar a aderência da graxa à Só<Uo
o o • o o • + - - o

superfície; antidesgaste, para diminuir o '"'-


Blirio
o o • o - • • • o o

s.c.
desgaste das superfícies; antioxidante, AJut1• 1 - - - + o - • • - o
IO
para reduzir a oxidação do óleo e do sabão; o o o - o - o - • o
anticorrosivo, para neutralizar os ácidos "'"''
Poliure
;, o o o - • o o o o •
formados pela oxidação (PAULI; ULIANA, s. :Sôb'iu- S.C•. Satiio Compkio:o

1997; MELLO, 2013). ._ : COmp.a&Nel • . Mcompalt\1$1 o: Testes inOIYidll<liit


-
Fonte:
<ht tp://www.skf.com/br/products/bearings-un its- h
Quadro 4.4 I Compatibilidade de graxas
ousings/super- precision- bearings/principles!lubrica
quanto ao espessante tion/grease-lubrication/miscibilityllndex.html>_
Acesso em: 28 maio 2017.
.. ..
Por fim, existem vários aditivos que podem
ser utilizados em qraxas para melhorar seu
s. UUo
s.
UOo

o
s.
c.àlCI
o


50010

-
o
s.c.
l ioo



s.c.
Có"'

-
-
·-s.c.

o
s.c.
Siirlo

o
s.c.
Alumf Nlil
""'
-
-

o

o
,.,,
POhJ

o
°''"º
desempenho. Os aditivos mais comuns são: ..
Só<Uo - o + o o • + - o o
extrema pressão, para manter o filme s.c.
o.mo • • o • + o o • - -
lubrificante em caso de alta carga; s.c-.
CikiO - - o • • o - o o +
aumentador de adesividade, para
s.c.
aumentar a aderência da graxa à Só<Uo
o o • o o • + - - o

superfície; antidesgaste, para diminuir o '"'-


Blirio
o o • o - • • • o o

s.c.
desgaste das superfícies; antioxidante, AJut1• 1 - - - + o - • • - o
IO
para reduzir a oxidação do óleo e do sabão; o o o - o - o - • o
anticorrosivo, para neutralizar os ácidos "'"''
Poliure
;, o o o - • o o o o •
formados pela oxidação (PAULI; ULIANA, s. :Sôb'iu- S.C•. Satiio Compkio:o

1997; MELLO, 2013). ._ : COmp.a&Nel • . Mcompalt\1$1 o: Testes inOIYidll<liit


-
Fonte:
<ht tp://www.skf.com/br/products/bearings-un its- h
Quadro 4.4 I Compatibilidade de graxas
ousings/super- precision- bearings/principles!lubrica
quanto ao espessante tion/grease-lubrication/miscibilityllndex.html>_
Acesso em: 28 maio 2017.
Fonte: https://goo.gV8GpH1b
Referências
CHEVRON CORPORATION. fundamentos de lubrificação. São Paulo: Departamento de
Tecnologia da Texaco Brasil, 2005.

GONÇALVES, E. B.; PIRES NETO, j. T.; VALLE, M. L. M.; WINDLIN, f. L. Lubrificantes. ln: BRUNETTI,
f. Motores de combustão interna. Blucher, 2012. Vol. 2, p. 215-241 .

MELLO, P. B. Lubrificantes e lubrificação: notas de aula. Porto Alegre, RS: UFRGS, 2013.

PAULI, E. A. D.; ULIANA, f. S. Lubrificação: mecânica. Vitória, ES: Apostila SENAl-ES, 1997.

PIRES E ALBUQUERQUE, O. A. L. Lubrificação. São Paulo: McGraw-Hill, 1973.


1 Apresentação da webaula
Nesta webaula trataremos sobre conceitos básicos de mancais de deslizamento, apresentando
algumas características importantes. Posteriormente, abordaremos noções de lubrificação em
superfícies deslizantes, como o uso de sapatas de sustentação e superfícies cilíndricas,
apresentando o comportamento do eixo rotativo.
2 Introdução aos mancais
Mancai é um elemento utilizado entre dois figura 5.1 1 Mancai hidrodinâmico
corpos rígidos para evitar o contato deles,
introduzindo o atrito viscoso do
lubrificante ao invés do atrito seco entre as
superfícies (DUARTE JÚNIOR, 2005).
Existem os mancais estáticos, onde há um
sistema de pressurização externa; e
mancais dinâmicos, que são
autopressurizáveis. Há também dois tipos
de mancais de deslizamento: os mancais
radiais e os mancais axiais.
Fonte:
<http://www.directindustry.com/ptlprod/ zollem/pro
duct - 13709- 1466697.html>. Acesso em: 4 jun.
2017.
Os mancais radiais são compostos por um Desta forma, o lubrificante pressurizado
eixo no interior de um alojamento conseçiue sustentar a carçia sobre o
cilíndrico. já os mancais axiais são duas mancai. Quando o lubrificante é o próprio
superfícies circulares com um meio ar, diz-se que é um mancai aerostático. No
lubrificante entre elas. Comumente se vê contrário, quando é um líquido, tem-se um
falar de mancai de rolamento, porém estes mancai hidrostático (DUARTE JÚNIOR,
usam elementos rolantes internos para 2005). Uma importante vantagem deste
ajudar no alinhamento e redução de atrito sistema é que não há necessidade de
(como esferas e agulhas). movimento relativo entre os corpos para
O mancai estático mantém as superfícies que o mancai separe as superfícies. No
separadas com o auxílio de um sistema de entanto, esta solução geralmente significa
pressurização externo, por exemplo, uma uso de componentes extras (como a
bomba. própria bomba) e, às vezes, perda excessiva
llu luln ilic.:1:111Le.
Em um mancai dinâmico, o filme de fluido O efeito cunha ocorre quando o fluido
entre as superfícies se forma devido ao lubrificante é levado de uma reçiião de
arraste do lubrificante causado pela maior volume para uma região de menor
movimentação das superfícies (MELLO, volume, aumentando sua densidade.
2013). Isto lhe confere uma característica Consequentemente, a pressão do fluido
autopressurizável, que independe de aumenta e permite a sustentação da parte
sistemas externos de pressurização. A superior. já o efeito de prensamento causa
sustentação dos componentes pode se dar uma pressurização do lubrificante devido à
ou pelo efeito cunha (wedge) ou pelo efeito velocidade relativa das partes no sentido
de prensamento do líquido (squeeze), de compressão do fluido, causando um
tendo ambos o objetivo de criar pressão aumento de pressão e, consequentemente,
interna no lubrificante. da força de sustentação. A figura 5.2
apresenta ilustrativamente estes efeitos de
auLup1 essu1 i.au,:au, cu111 as selas ve1111ell 1as

mostrando a força de sustentação.


Enquanto os mancais radiais são aplicados Figura 5.2 l Ilustração do efeito cunha e de
para quando se tem uma carqa radial prensamento
(muitas vezes acompanhada de Efeito Cunha
movimen to angular), os mancais axiais são Efeito de Prensamento
usados quando se têm cargas axiais.


Nestes mancais axiais, o mecanismo de
.
autopressurização ocorre pelo uso de uma
seção convergent e no fluxo do óleo,
chamadas sapat as. Ou seja, não há pressão
hidrodinâmica se as superfícies separadas
Fonte: elaborada pelo autor
pelo lubrificante forem paralelas. A Figura
5.3 apresen ta o uso de uma sapata para
restringir a área de passagem do
lul.J 1Í fi<.:élllle e, élSSÍ Ili, fJI U lllUVel é1 fJI essiiu

hidrodinâmica para a sust entação da


superfície deslizante móvel (DUARTE
JÚNIOR, 2005).
figura 5.3 I Sapata para promover pressão Por fim, existem também os mancais
hidrodinâmica em mancais axiais mistos, que têm a capacidade de suportar
tanto cargas radiais quanto axiais.
Superficie de deslizamento móvel Exemplos são: combinações de mancai
V"O
.. radial e axial separadamente, mancais
-+ cônicos e mancais esféricos.
:::::!:Fluido
- - l ubr!ficanie
-+ Sapata

Superflcie de desliza111e11to.Jlxa (v=li)

"-,
• Região co11vergente
Fonte: Duarte Júnior (2005), p. 18.
3 Noções de lubrificação de superfícies deslizantes
Para falar da teoria hidrodinâmica da • Efeitos de inércia e de peso do fluido
lubrificação, é interessante lembrar de são desprezíveis;
algumas hipóteses fundamentais (PIRES E • Fluido incompressível;
ALBUOUEROUE, 1973): • Análise em duas dimensões. Ou seja,
' '
• A força viscosa de atrito do lubrificante despreza-se os efeitos de profundidade
é proporcional ao gradiente de (escoamento lateral ou diferença de
velocidade (o que não é verdade para pressão);
alguns óleos sintéticos, por exemplo); • Viscosidade do fluido constante.
• Escoamento laminar;
• O líquido adere à superfície, logo sua
velocidade na parede é igual à
velocidade da parede;
Obviamente, estas hipóteses são avaliadas, A primeira característica importante a se
e até reconsideradas, em estudos observar em lubrificação de superfícies
avançados de mancais. No caso desta deslizantes é que não há sustentação
webaula, servirá apenas co mo informação, hid rodinâmica se as duas superfícies forem
pois estas hipóteses são aceitáveis para a paralelas. O gradien te de pressão se torna
grande maioria das análises de lubrificação nulo se não há uma variação da seção
em superfícies deslizantes. transversal de fluxo do lubrificante. No
caso da sustentação da superfície superior,
é essencial o uso da sapata para restrição
da seção de fluxo.
Consideremos, portanto, duas superfícies
não paralelas, onde a in fe rior é móvel e a
superior con tém a sapata, tal como
apresen tado na Figura 5.4. A equação que
descreve o perfi l de velocidade (v) do
lubrificante em função da posição y é a
Equação 5.1, onde~ µ é a viscosidade
dinâmica do lu brificante, p a pressão do
lubrificante, x a posição na direção do fluxo
(portanto dp/dx é a taxa de variação da
pressão p com a posição x), h a altura en tre
as sapatas na posição x e U a velocidade de Fonte: https://goo.gUmOqdFs
deslocamento da superfície inferior (PIRES
E ALBUOUEROU E, 1973).
' '
Além disto, como no início e no final da
11 = ..!...~y
Zµ_dx
2 - [(.!! + .!µ ~!!.) y - uj Eq. 5. 1
I~ dX Z
sapata superior não há um diferencial de
pressão (pois a pressão se iguala à
O que esta equação realmente significa? O ambiente), a sustentação da superfície
perfil de velocidade da lubrificação é uma ocorre, de fato, na superfície da sapata.
soma de uma parte parabólica (função de
y2) e de uma parte linear (função de y). Com
isto, o perfil de velocidade é côncavo na
entrada e convexo na saída. No exato local
onde o perfil de velocidade é linear é onde
se tem a maior força de sustentação da
superfície.
figura 5.4 I Fluxo do lubrificante em Obviamente, existem muitas outras
superfícies deslizantes com presença de equações para cálculos de lubrificação em
sapata superfícies deslizan tes (como perfil de
pressão, força viscosa de atrito, altura e
inclinação da sapata, força resultante,
entre ou tras). No entanto, estes cálculos

Xh,~~~.___E~/_jh
não serão a bordados nesta webaula, mas
y
podem ser encontrados em referências do
)- So amôwi - U -
\ p
assunto (PIRES E ALBUOU EROUE, 1973).
' '
z sapala 1 Como dito no início deste tópico, as
hipóteses adotadas podem não ser sempre
\ verdadeiras. Desta forma, tendo em vista
aplicações práticas, alg umas
Fo1 1 l~: l:UllSic.Je1 d<,:Ües c.Jeve111 Sei reilcts:
<ht t ps://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/ 9966/ 9966
4.PDF>. Acesso em: 5 jun. 2017.
• Como as superfícies são finitas, pode
haver a necessidade do uso de fatores
de correção nas equações;
• Se há uma variação da temperatura do
lubrificante enquanto passa pela
sapata, haverá variação da viscosidade.
Por exemplo, no caso de um aumento
da sua temperatura, haverá uma
diminuição da pressão média do
lubrificante e, consequentemente, da
Força de sustentação;
• Quando se calcula a altura da sapata,
ela necessariamente deve ser grande o
suficiente para não perm itir o contato
entre os corpos (por causa das
asperidades).
4 Noções de lubrificação de superfícies cilíndricas
A lubrificação de superfícies cilíndricas é Basicamente, o sistema de superfícies
um dos tópicos mais estudados em cilíndricas deslizantes é composto por um
mancais, pois sua aplicação é diversa (por mancai (ou bucha) e por um eixo (ou
exemplo, sustentação de virabrequim de munhão), como representado na Figura
motores) e sua complexidade é elevada. 5.5. Quando o eixo gira a uma velocidade
Constantemente se trabalha para melhorar suficientemente alta, ele fica excêntrico ao
a força hidrodinâmica deste tipo de mancai mancai, sendo sustentado pela força
e aumentar sua durabilidade. hidrodinâmica causada pelo arraste do
lubrificante para a parte inferior do eixo. O
valor desta excentricidade é bastante
pequeno, mas pode ser significativo
conforme a aplicação.
figura 5.5 I Componentes e excentricidade Existem soluções analíticas (PIRES E
entre superfícies cilíndricas deslizantes ALBUQUERQU E, 1973) e numéricas
(DUARTE JÚNIOR, 2005) para resolver as
Bucha ou
equações de lubrificação em superfícies
Mancai
Munhão cilíndricas. Com elas, pode- se, por
ou Eixo Óleo exemplo, calcular a força de sustentação
Lubrificante que o mancai pode oferecer. No entanto,

.0. .•......
'• ,
••
caso se deseja apenas uma estimat iva da
força viscosa de atrito, é possível utilizar a
equação de Petroff, apresentada na Eq. 5.2,
que considera o eixo e o mancai alinhados
Fonte: elaborada pelo autor (ou seja, sem excentricidade).
Nesta equação,fé o coeficiente de atrito, A equação de Petroff tende a subestimar
F"' é a força de atrito, W é a carqa, µé a (às vezes siqnificativamente} o coeficiente
viscosidade do lubrificante, N é a rotação de atrito real (GONÇALVES et ai. apud
do eixo em [rps], Pm é a pressão projetada BRUNETTI, 2012). No entanto, muitas vezes
no eixo, Ré o raio do eixo, e c é a folga pode ser suficiente para uma primeira
radial entre o eixo e o mancai. análise ou estimativa. A base teórica mais
completa surgiu alguns poucos anos mais
f = Fat = 2rr2 µN R Eq. 5.2 tarde com a equação de Reynolds.
W PmC
Além do eixo apresentar excentricidade Figura 5.6 I Posições do eixo (munhão) de
com o mancai quando em pleno acordo com sua rotação
funcionamen to, ele assume outras entrada Jubrif. mancai
munhio
posições quando está em repouso ou no -:.:::n:'.:::-><'.
início do movimento (Figura 5.6). Quando o
eixo está parado, ele se acomoda na part e
mais inferior do mancai, havendo o con tato
entre as partes. Quando se inicia o
movimento, há o atrito de contorno en tre w
munhio . repouso
w -
munhão • tm baixa
••
munhio • em arte
as superfícies e, portanto, o eixo rola sobre rouç.io · lubrif. rotação · lubrif.
de contorno hidrodinãmic•
a superfície do mancai até atingir uma
altura onde o peso e o atrito se equilibram. Fonte: Almeida (2015), p. 7.
Com o aumento da velocidade do eixo,
i11ida- se a luu1 ificai,:iíu li i<l1u<li11'1111ica,
atingindo a posição apresentada na Figura
5.5 e na Figura 5.6.
O perfil da pressão sobre o eixo não é Figura 5.7 I Perfil de pressão de
uniforme, e depende Fortemente da susten tação hidrodinâmica no sistema
viscosidade do lubrificante, geometria e eixo- mancai
velocidade do eixo. A Figura 5.7 apresenta
uma ilustração esquemática deste perfil de
pressão, enfatizando a presença de um
pico de pressão máxima.

ronte: f'auli e Uliana (1997), p. 1 O.


Em aplicação prática, é importante
determinar os parâmetros do mancai e do
eixo. Um dos parâmetros é a folga entre o
eixo e o mancai, que, geralmente, está em
torno de 0,06% a O, 1% do diâmetro do eixo
(PAULI; ULIANA, 1997). Esta folga é
suficiente para neutralizar, por exemplo,
erros de alinhamento ou dilatação térmica.
Fonte: https://goo.gVDsXbol
Referências
ALMEIDA, J. C. Mancais de deslizamento: notas de aula. Curitiba, PR: UFPR, 2015.

DUARTE JÚNIOR., D. Tribologia, lubrificação e mancais de deslizamento. Rio de janeiro:


Ciência Moderna, 2005.

GONÇALVES, E. B.; PIRES NETO, J. T.; VALLE, M. L. M.; WINDLIN, F. L. Lubrificantes. ln: BRUNETTI,
F. Motores de combustão interna. São Paulo: Blucher, 2012. Vol. 2, p. 215-241.

MELLO, P. B. Lubrificantes e lubrificação: notas de aula. Po rto Alegre, RS: UFRGS, 2013.

PAULI, E. A. D.; ULIANA, F. S. Lubrificação: mecânica. Vitória, ES: Apostila SENAl-ES, 1997.

PIRES E ALBUQUERQUE, O. A. L. Lubrificação. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1973.


1 Apresentação da webaula
Nesta webaula falaremos sobre os diversos métodos de lubrificação utilizados na indústria,
além de discutir brevemente sobre armazenamento, manuseio e recebimento de lubrificantes.
Por fim, trataremos sobre assuntos relacionados à legislação relacionada a lubrificantes,
principalmente ao seu descarte.
2 Métodos de lubrificação
A forma de aplicar o lubrificante em uma figura 6.1 1 Almotolia para aplicação de
máquina, motor ou equipamento é dada lubrificantes
conforme as características do lubrificante
e do equipamento a ser lubrificado.
Exemplos de fatores a considerar na
decisão da forma de aplicação são: se o f -
lubrificante é óleo ou graxa, a viscosidade
do lubrificante utilizado, a quantidade a
utilizar de lubrificante e o custo do
equipamento e do dispositivo de
lubrificação (PAULI; ULIANA, 1997).
Fonte:
<http://www.vonder.com.br/produto/almotolia 250
mi bico flexível vonder/6530>.Acessoem: 18jun.
2017.
Caso o lubrificante seja um óleo, pode-se É possível utilizar também o sistema de
decidir entre os sequintes métodos copo com agulha (ou vareta), que libera o
(MELLO, 2013; PAULI; ULIANA, 1997; fluxo de lubrificante conforme o eixo gira.
MECÂNICA INDUSTRIAL, 2017): O método mais usado na indústria é o copo
conta-gotas, que permite regular a
• Lubrificação por Gravidade: quantidade de óleo a ser aplicado (Figura
Também conhecida como lubrificação 6.2). Há também sistemas com circulação,
manual, o lubrificante escoa pelo onde uma bomba direciona o lubrificante
próprio efeito da gravidade. Pode ser para um reservatório elevado, permitindo a
aplicado com o uso de almotolias queda do óleo sobre o mecanismo.
(como a mostrada na Figura 6.1 ),
porém, desta Forma, não se consegue
garantir uma camada homogênea de
lul.11ifka11Le suu1e as pa1Les 111úveis.
figura 6.2 I Copo conta-gotas para • Lubrificação por Capilaridade:
lubrificação por gravidade Como o próprio nome diz, o lubrificante
flui por canais minúsculos ou por meios
porosos. O eixo, então, gira encostando
no corpo embebido com o lubrificante,
promovendo a lubrificação. Uma das
técnicas é a do copo com mecha, que
consiste no fluxo do lubrificante por um
pavio encharcado de óleo. Ou tro
exemplo é a lubrificação por estopa (ou
almofada), onde as estopas ou
almofadas estão embebidas de óleo. As
partes móveis se lubrificam ao girar
Fonte:
e11cu~la11tlu "ª ah 11uíatla.
<http://www.superclassificados.com/anuncio/lubri fi
cador-copo-lubrificador- oleador- copo -oleador -17
07279>. Acesso em: 1Bjun. 2017.
• Lubrificação por Salpico: Na lubrificação por anel ou por corren te, o
Este tipo de lubrificação ocorre pelo lubrificante se encontra em um
borrifo do óleo lubrificante nas partes reservatório logo abaixo do mancai e o anel
móveis. O óleo fico contido em um (ou corrente), que tem uma parte
recipiente (ou cárter) e é expelido pela constantemente imersa no lubrificante,
passagem de partes móveis neste leva o óleo para o mancai conforme a
banho de lubrificante. Método muito rotação do eixo. Geralmente, a corrente
usado em motores pequenos (WINDLIN consegue transportar uma quantidade de
et ai. apud BRUNETII, 2012). lubrificante maior do que o anel. De forma
similar trabalha a lubrificação por colar,
que substitui o anel, que é usado quando
se trabalha em altas velocidades (Figura
6.3).
figura 6.3 I Foto de lubrificação por salpico • Lubrificação por Imersão:
com colar Neste método, as partes a serem
lubrificadas imergem total ou
parcialmente em um banho de óleo.
Com o movimento das partes móveis, o
lubrificante escoa por ranhuras e é
distribuído em todo o mecanismo. A
lubrificação por imersão é muito
utilizada, por exemplo, em caixas de
engrenagens.

Fonte:
<ht tp://www.manutencaoesupriment os.com.br/cont
eudo/ 4652-lubri ficacao- por-salpico- na- manutenc
ao/>. Acesso em: 18 jun. 2017.
• Lubrificação por Sistema Forçado: Caso o lubrificante seja uma graxa,
Usa-se uma bomba para promover o pode-se utilizar uma espátula, pincel ou
fluxo de lubrificante no sistema. Na pistola para a sua aplicação. Estes métodos
lubrificação por perda, a bomba força a são muito comuns, porém são processos
passagem do óleo entre as partes manuais, o que os tornam sujeitos a erros
metálicas, reutilizando parte do óleo humanos e operacionais. Um outro método
perdido. Na lubrificação por circulação, de aplicação manual é com o copo Stauffer,
tem-se um circuito fechado de óleo, que consiste em um copo com uma rosca.
onde a bomba direciona o lubrificante Ao girar a parte com rosca, a graxa é
para as partes a serem lubrificadas, que comprimida e expelida pelo orifício. Para
escoa e retorna para o circuito de óleo. mancais, utiliza-se o método de
lubrificação por enchimento.
Um sistema mais complexo pode ser
utilizado quando se têm diversos pontos de
lubrificação com graxa num mesmo
equipamento ou quando há necessidade
de automatização. Por exemplo, em um
sistema centralizado, o operador deve
apenas abastecer um único reservatório
com a quantidade exata de graxa,
enquanto que a circulação da graxa pode
ser realizada manualmente ou de forma
automática.
3 Armazenamento de lubrificantes
Ao manusear e armazenar lubrifican tes,
espera- se que as suas propriedades se
mantenham int ocáveis até o seu uso. Desta
forma, existem diversas preocupações
necessárias para garantir a estabilidade do
lubrificante e evitar contaminações. Por
isto, o ideal é o armazenamento dos
lubrificantes em locais secos, limpos, com
ven tilação adequada e protegidos da luz do
Sol, com temperatura ambiente entre -1 O
ºC e 35 ºC (GALP ENERGIA, 2010).

Fonte: https:l/goo.gVNWuSiA
Uma das maiores preocupações é a Caso contrário, pode haver contaminação
contaminação do lubrificante pela áqua, em uma queda de temperatura ambiente,
pois ela faz com que o lubrificante perca pois há contração do volume do óleo
propriedades (como diminuição dentro do tambor, criando um gradiente de
considerável do poder dielétrico em óleos pressão no sentido de admitir a entrada do
para transformadores) e tenha seus ar ambiente (que contém umidade e
aditivos deteriorados ou degradados impurezas) (PAULI; ULIANA, 1997). Formas
(como em óleos para motores). Desta de evitar contaminação por água são:
forma, os tambores de armazenamento de manter o tambor na horizontal, com as
lubrificantes devem manter o máximo de aberturas do tambor também na posição
estanq ueidade. horizontal; evitar colocar os tambores em
contato direto com o chão; verificar
constantemente se os tambores não
i:lf'I ese11 L1:1111 11e11 liu111 Vi:ILa11 1e11 Lu.
figura 6.4 I Posição de armazenamento em Outra contaminação comum dos
tambores lubrificantes é por impurezas, como areia e
ar úmido poeira. A presença destes contaminantes
pode ser grave quando utilizar o
lubrificante nos equipamentos, pois eles
podem obstruir e danificar o sistema
(principalmente quando se trata de
equipamentos de precisão). Além disto,
..o : .. estes contaminantes também afetam as
propriedades do lubrificante, seja óleo ou
CERTO ERRADO graxa. Por este motivo, é importante que o
Fonte: Pauli e Uliana (1997), p. 82. local de armazenamento do lubrificante
seja em local Fechado e limpo.
A mistura de lubrificantes diferentes A temperatura de armazenamento deve
também pode ocorrer, seja acidentalmente garantir a estabilidade do lubrificante, pois
ou por negligência no armazenamento e temperaturas extremas (sejam altas ou
manuseio. Isto pode se tornar algo grave, baixas) podem degradá-lo. Graxas
uma vez que a viscosidade do lubrificante submetidas a elevadas temperaturas
original pode ser afetada e, podem sofrer separação do sabão,
consequentemente, causar elevado tornando-as inutilizáveis, enquanto óleos
desgaste ou falha das partes móveis. Desta podem evaporar componentes mais
forma, é importante que a identificação voláteis, alterando sua composição inicial.
dos tambores e dos lubrificantes esteja Em contrapartida, óleos submetidos a
evidente e protegida contra umidade e baixas temperaturas podem cristalizar e se
impurezas. É altamente sugerida a total tornarem inutilizáveis. É importante
separação dos lubrificantes diferentes, lembrar que, além da temperatura, o
pois, assi111, há 111ell1u1 p10Ler,:ilu cu11ua e11u lul.i1 if1ca11Le 11ilu tleve sei a1111aLe11atlu e111

humano ou acidentes. locais próximos de chamas e faíscas, pois


isto aumenta drasticamente o risco de
incêndio.
Quanto ao tempo de armazenamento, há A lubrificação muitas vezes ocorre próxima
uma suqestão de "validade" do lubrificante à máquina ou equipamento. Neste caso, o
de dois anos para graxas e de dez anos uso de recipientes e aparelhos devem
para óleos lubrificantes (SKF, 2012). Um garantir a integridade do lubrificante do
tempo demasiado de armazenamento transporte. Os recipientes utilizados devem
pode acarretar em perdas de propriedades ser próprios para lubrificantes, sendo
do lubrificante (causado, por exemplo, por importante a proibição de vasilhames
oxidação - se o armazenamento não for improvisados, já que pode colocar o
estanque). Não necessariamente significa operador em risco, atém de não haver
que o lubrificante estará inutilizável, mas é garantia de compatibilidade química.
necessária uma avaliação para informar se Quando possível, é interessante uma sala
o lubrificante pode ser utilizado sem riscos própria para a lubrificação de
em seu trabalho. equipamentos, pois isto garante um
1:11111.Jie11Le 1:1p1 up1 i1:1uu e li111pu p1:111:11:1
atividade.
Por fim, é importante verificar o óleo
recebido dos fornecedores. O primeiro
passo é analisar o recipiente no qual o
lubrificante se encontra, garantindo
isenção de falhas e violação de lacres. As
mangueiras, válvulas e filtros utilizados no
processo devem estar limpos. É altamente
aconselhável retirar uma amostra do óleo
r

.,-1• recebido para análise, pois, desta forma, se
~ garan te que o óleo recebido está de acordo
com o requisitado.

~ onte : nnps:l/goo.gvquJobt
'
-

Fonte: https://goo.gV6NUUSS
4 legislação sobre lubrificantes
Existem normas reguladoras para As principais agências reguladoras no
manuseio, armazenamento, comércio e Brasil são o Ministério do Meio Ambiente
descarte de lubrificantes. O (MMA), atuando através do Instituto
descumprimento destas normas e leis Brasileiro do Meio Ambiente e dos
podem acarretar processos penais nas Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) com
mais diferentes áreas (administrativo, cível, as resoluções do Conselho Nacional do
ambiental, criminal etc.). O descarte e Meio Ambiente (CONAMA), e a Agência
rerrefino (tipo de reciclagem) dos Nacional do Petróleo, Gás Natural e
lubrificantes usados é um dos assuntos Biocombustíveis (ANP).
mais críticos e, portanto, recebe maior
atenção juridicamente.
O lbama tem duas resoluções principais
quanto a óleos lubrificantes:

• Resolução Conama nº 362, de 23 de


junho de 2005: "Ficam proibidos
quaisquer descartes de óleos usados ou
contaminados em solos, subsolos, nas
águas interiores, no mar territorial, na
zona econômica exclusiva e nos
sistemas de esgoto ou evacuação de
águas residuais."

Fonte: https://goo.gUMeUE
• Resolução Conama nº 450, de 6 de Uma outra regu lamentação do lbama é a
março de 2012: "Altera os arts. 9°, 16, Resolução Conama nº 430, de 13 de maio
19, 20, 21 e 22, e acrescenta o art. de 2011, que estabelece limites e
24-A à Resolução Conama nº 362, de condições para lançamento de efluentes.
23 de junho de 2005, que dispõe sobre Neste texto, pode-se ver a limitação de
recolhimento, coleta e destinação final despejo de óleo ou graxa, distinguindo até
de óleo lubrificante usado ou conforme a origem do óleo lubrificante.
contaminado." A ANP possui diversas resoluções para as
Como se pode ver, estas regulamentações mais variadas atividades relacionadas a
buscam especificar os responsáveis e lubrificantes. A Tabela 6.1 apresenta
diretrizes para o destino de óleos usados, algumas destas regulamentações,
impedindo o descarte nocivo ao meio podendo outras serem encontradas na
ambiente. Na Resolução Conama nº 362, referência (ANP, 2016).
tle 2005, eles 1:1pu11L.11111u1e11 efi11u tlu úleu
usado como o método mais seguro no
quesito ambiental, uma vez que permite a
reciclagem do lubrificante.
Tabela 6.1 1Resoluções da ANP referentes a Por fim, é importante notar que existem
lubrificantes também requlamentações em outros
RESOLUÇÕES E
DESCRIÇÃO
países, que podem ser importantes quando
PORTARIAS ANP
se tratar de importação e exportação de
Resolução ANP n• Especificações de óleos bâsicos e
669/2017 regras de comercialização. lubrificantes. Dois exemplos que podem ser
Portaria ANP n•
Especificações para comércio de mencionados são:
óloos tubt1ficantcs bâsicos, tan10 de
12911999
origen) nacional quanto i~rtados .
Especificações par-d conê'cio de
Pat:lanà ANP n•
óleos lubrrficantes bãsitos
130/1999
rerrefinaôos
Regras para comert1Q1tiaçào de óleos
Resolução ANP nº lubrificantes básicos, com detalhes
16/2009 nos requisitos para cadastrar produtor
e importador.
Requisitos e regulação para
Resolução ANP n• autOfização para exercer a
17/2009 imponação de óleo lubrificante
acabado.
Requisitos e regulação para
R~uiy3.u ANP 11"" ~ulu1i~ao µc11<:1 l:X~1."t"1 o 1ecu::fi11u
19/2009 do óleo lubrificante usado ou
conLaminado.
Fonte: ANP (2016).
• Estados Unidos: a resolução da EPA • União Europeia: a diretiva 2008/98/EC
(Environmental Protection Aqency, que de 19 de novembro de 2008 da União
significa Agência de Proteção Europeia regulamenta a coleta,
Ambiental) nº 800-R-11-002 de tratamento e destino de resíduos de
novembro de 2011 especifica os óleos. Eles afirmam metas de
lubrificantes ambientalmente aceitos, reciclagem e recuperação dos
como óleos vegetais e ésteres lubrificantes usados, além de assegurar
sintéticos. Eles definem o a importância de evitar a con taminação
"ambientalmente aceito" considerando do ambiente com os resíduos (EUR- LEX,
a biodegradação, t oxicidade aquática e 2008).
bioacumulação (EPA, 2011 ).
Fonte: https://900.gYeHJmWj
Referências
ANP. Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Lubrificantes. 2016.
Disponível em: <h ttp://www.anp.gov.br/ wwwanp/petroleo - e- derivad os2/lubrificantes>.
Acesso em: 19 jun. 2017.

EPA. EPA 800-R-11 -002: Environmentally Acceptable Lub ricants. Washing ton D.C., EUA:
Environmental Protection Agency, 2011 .

EUR-LEX. European Union Law. Waste framework directive 2008/98/EC. 2008. Disponível em:
<h ttp:/ /eur- lex.europa.eu/legal - co ntent/EN/TXTnuri=CELEX:3 2008L0098>. Acesso em: 20
jun. 2017.

GALP ENERGIA. Armazenagem e manuseamento. 201 O. Disponível em:


<h t t p://www.galpenergia.com/PT/Produ tosServi cos/Produ tos/Lubrificantes/Paginas/ Armazen
agem - manuseam ento.aspx>. Acesso em: 19 jun. 2017.

MECÂNICA INDUSTRIAL. Métodos de lubrificação em mecânica. 2017. Disponível em:


<h ttps://www.m ecan icaindust rial.com. b r/2 4 -m etodos- de- lu b ri li cacao- em - m ecanica/>.
Acesso e111: 18 ju11. 2017.

MELLO, P. B. Lubrificantes e lubrificação: notas de au la. Porto Alegre, RS: UFRGS, 2013.
PAULI, E. A. D.; ULIANA, F. S. lubrificação: mecânica. Vitória, ES: Apostila SENAl-ES, 1997.

SKF. Armazenamento de lubrificantes. 2012. Disponível em:


<h t t p://www.sk f.com/br/p rod ucts/bea rin gs- u n its - h ou si n gs/su per- precision - bearings/p ri n ci pi
es/lu bricatio n/ lubricant - st orag e/index.html>. Acesso em: 19 jun. 2017.

WINDLIN, F. L. et ai. Lubrificação. ln: BRUNETII, F. Motores de combustão interna. São Paulo:
Blucher, 2012. Vol. 2, p. 175-214.
1 Apresentação da webaula
Nesta última webaula, falaremos sobre algumas aplicações de lubrificantes, com foco maior em
motores de combustão interna e sistemas hidráulicos. Também abordaremos brevemente
aplicações em transformadores, fluidos de corte e engrenagens, apresentando características
dos lubrificantes em cada tipo de trabalho.
2 Aplicação em motores de combustão
Os lubrificantes em motores de combustão figura 7.1 1Motor de combustão interna
interna possuem diversas Funções, entre
elas (WINDLIN et ai. apud BRUNETII, 2012;
CHEVRON CORPORATION, 2005; PAULI;
ULIANA, 1997; MELLO, 2013):

• Redução de atrito das partes móveis


(uma vez que o atrito significa consumo
de combustível indesejado).

Fonte:
<ht tp://www.autoentusiastasclassic.com.br/2013/0
3/motores-combustao- interna-uma-breve.html>.
Acesso em: 8 jul. 2017.
• Diminuição do desgaste devido ao Desta forma, é importante notar que um
contato entre as partes móveis. óleo puramente simples não é suficiente
• Resfriamento dos componentes. para atender todas estas demandas e
• Auxílio na vedação, impedindo a trabalhos do lubrificante em um motor de
entrada de partículas e substâncias combustão. Por este motivo, o uso de
externas. aditivos é extremamente importante e
• Proteção à corrosão e oxidação dos essencial para o bom funcionamento.
componentes. Exemplos de aditivos utilizados em óleos
• Limpeza do sistema. de motor são: detergente, dispersante,
antioxidante, anti ferrugem,
antiespumante, entre outros.
Outro importante aditivo para o óleo de Isto se consegue com o uso de óleos
motor é o melhorador do índice de mutiviscosos, como vimos em aulas
viscosidade, pois a temperatura de passadas, que são obtidos com aditivos
operação de um motor a combustão melhoradores do índice de viscosidade. A
(automotivo, por exemplo) é bastante tendência no setor automotivo é a
ampla. Em países localizados nas zonas diminuição da viscosidade do lubrificante,
temperadas do hemisfério norte, por sendo hoje muito usado em motores a
exemplo, a temperatura ambiente pode gasolina o óleo SAE SW30, com
variar de -20 ºC (no inverno) até 30 ºC (no expectativa futura do uso do SAE OW20
verão). Desta forma, o óleo lubrificante (CHEVRON CORPORATION, 2005).
deve fluir quando o motor está frio, que é
quando se tem a partida do motor, e
quando ele está em regime permanente
(4u1:111tlu u úleu eslá fJ' úxi1110 tle 90 ºC).
O método de lubrificação por salpico ou
aspersão foi muito utilizado em motores de
combustão automotivos antigos e
atualmente se encontra em motores
pequenos. As partes móveis possuem
elementos captadores de óleo e, com o
movimento dos componentes do motor,
jogam o óleo lubrificante para demais
partes a serem lubrificadas. Em motores
automotivos atuais, utiliza-se a
lubrificação forçada ou sob pressão
(WINDLIN et ai. apud BRUNETTI, 2012).

Fonte: https://goo.gVDCPYCz
São sistemas muito mais sofist icados, que Figura 7 .21 Lubrificação de um motor de
contam com diversos component es para combustão interna
garan tir o funcionamen to correto e
controlado do sist ema de lubrificação
(como filtros, óleos, cárter, t rocador de
calor etc.). A Figura 7.2 apresen t a
ilustrat ivamente um circuito de
lubrificação de um motor de combust ão
interna.

Fonte:
<ht tps://www.flatout.com.br/especial -lubriticantes-
parte-2- o- inferno-da- combustao- intema>. Acesso
em: 8 juL 2017.
Alguns dos principais componentes do • Bomba de óleo
sistema de lubrificação de motores A bomba de óleo tem a função de
automotivos de combustão interna são: promover o fluxo do lubrificante para o
• Cárter circuito que o direciona para as partes a
Úmido (comum em veículos convencionais) serem lubrificadas. A bomba pode ser tanto
ou seco (comum em veículos de acionada pelo virabrequim (menor custo,
competição), o cárter é um recipiente para porém menor controle) ou por corrente ou
armazenar o óleo do motor, onde este é engrenagem (maior custo, porém maior
reservado para ser distribuído para a controle e flexibilidade de projeto). A
lubrificação dos componentes. bomba de óleo pode conter uma válvula de
Atualmente, busca-se substituir o cárter alívio de pressão, que ajuda a controlar a
metálico para plástico, pois é possível uma pressão do sistema e, consequentemente,
redução de massa de 43% apenas com a diminui o consumo energético da bomba.
111ulli:111<;i:1 llu 111i:1le1 ii:!l (WINDLIN el i:!l. éipull
BRUNETTt, 2012).
• Filtro de Óleo Apesar dos cilindros do motor possuírem
Um importante componente do circuito de vedação, ainda ocorre a saída de çrases de
lubrificação do motor, o filtro de óleo tem a combustão durante os processos de
função de reter particulados, impedindo compressão e expansão do motor. Devido
seu fluxo no circuito, uma vez que podem ao vazamento de gases pela folga dos
causar a obstrução e aumento do consumo anéis para o cárter, Fenômeno conhecido
da bomba de óleo. Exemplos de por blow-by, e são uma mistura rica em
particulados são contaminantes, produtos combustível que chega ao cárter e ao
de combustão e partículas desprendidas do lubrificante. O blow- by é readmitido pelo
atrito de partes móveis. Um dos principais coletor de admissão de ar do motor. No
tipos de filtro é a base de celulose. entanto, é necessário promover a
separação dos vapores do lubrificante e do
blow-by, caso contrário haveria admissão
de luln ifica11Le 110 111ulu1 (4ue (JUlle
prejudicar na emissão de poluentes).
3 Aplicação em sistemas hidráulicos
Sistemas hidráulicos são altamente
utilizados na engenharia, tanto em
produtos (mecanismos e transmissores de
movimento) como em equipamentos de
produção (prensas, elevadores). Isto se
deve à alta capacidade de transferência de
força dos circuitos hidráulicos a partir da
pressurização do óleo, podendo ampliá-la
ou reduzi-la com a mudança da área de
aplicação da força.

Fonte: https://goo.gVW9MX5V
Este fenômeno é ilustrado pela Figura 7.3, Figura 7.3 I Transferência de força em um
onde mostra uma pequena força f , sistema h idráulico
aplicada sobre uma pequena área A 1 se
Força f 2
tornando uma força maior f 2 sobre uma
área maior A 2• Isto ocorre porque a pressão Força F1
do fluido é única (p), fazendo, ent ão, valer a
Equação 7.1. Ou seja, a principal função do
,
óleo lubrificante em sistemas hidráulicos é AreaA 1 _
transmitir a força com o mínimo de perda -Área A2
(PAULI; ULIANA, 1997).

\
-p
\__ Pressao

Fonte: elaborada pelo autor


Os t rês principais componentes de um
(Eq. 7 .1) sistema h idráulico são (Figu ra 7.4): pistão
ou atuador, que executa a força e o
Um outro tipo de sistema de transm issão movimen to; a bomba hidráulica, que
de força é o pneumático, onde se usa um efetua o aumento da pressão do óleo; e as
gás ou o ar para o fluido. Apesar de, válvu las, que direcionam o fluxo do óleo.
usualmente, apresentar custo menor do Com estes três componentes (em conjunto
que o hidráulico, o sistema pneumático com tubos, mangueiras e conexões),
possui maior dificuldade de vedação e monta- se o circuito hidráulico para atuar e
menorvelocidade de atuação (uma vez que trabalhar.
o ar é um fluido compressível). Com
sistemas hidráulicos, uma grande força
pode ser t ransferida com uma velocidade
111uilu 111ctiu1.
figura 7.4 I Principais elementos de Exemplos clássicos de sistemas hidráulicos
sistemas hidráulicos. (a) Pistão. (b) Bomba. são:
(c) Válvula • Retroescavadeiras, que demandam
elevadas forças dos pistões hidráulicos.
Uso similar se vê em guindastes.
• Direção hidráulica de veículo
automotores, que substituíram as
"pesadas" direções mecânicas.
• Freios de veículos, que utilizam
circuitos hidráulicos para transmitir a
força aplicada no pedal para diminuir a
velocidade.
• Prensas hidráulicas, muito usadas para
ronte: a: Disponível em: <https://goo.gl/RCXíAf>. 111u11Laye11s tle cu111pu11e11Les cu111
Acesso em: 8 jul. 2017. b: Disponível em:
interferência mecânica ou para
<htt ps://goo.gV3vgjDH>. Acesso em: 8 jul. 2017. c:
conformação de peças.
Disponível em: <htt ps://goo.gVAV6t7C>. Acesso em:
8 jul. 2017.
Como se pode ver, o que todos estes O principal aditivo utilizado em óleos para
sistemas têm em comum é o uso de um sistemas hidráulicos é o antidesgaste, uma
pistão para a aplicação de forças. Sua vez que o atrito no pistão e nos
operação pode ser lenta ou rápida, com componentes da bomba hidráulica pode
forças pequenas ou elevadas, com ocorrer e, portanto, o óleo deve melhorar a
repetições constantes ou não. Desta forma, durabilidade dos componentes.já as
o óleo empregado deve contemplar as válvulas têm sua vida útil aumentada se
condições de trabalho específicas do não houver particulados e contaminação
equipamento. Além disto, para todas as no óleo, que podem travá-la ou obstrui-la.
aplicações, é importante que o lubrificante Portanto, além do uso de filtros, o uso de
atue também como um redutor de atrito aditivos detergentes, dispersantes e
para melhor movimentação do pistão e da antioxidantes se torna essencial. Aditivos
bomba hidráulica. anticorrosivos e antiferrugem também são
usé!tlus f'éllél f'leve11i1 él i11ley1 itlé!tle tlus
componentes.
A seleção da viscosidade do lubrificante Figura 7.5 1Sistema automatizado de troca
também é importante, pois ela pode afetar de marcha por comando eletrônico
o tempo de resposta do pistão. O índice de
viscosidade também deve ser analisado
quando se tem variação da temperatura de
operação do óleo. Um exemplo para este
caso são os sistemas automatizados de
troca de marcha para veículos
automotores, que são sistemas hidráulicos
comandados eletronicamente e que
promovem a troca de marcha no lugar do
motorista. Eles devem trabalhar tanto em
baixas temperaturas (como antes discutido Fonte:
< http ~ · //www m;iionP.tJm;iirP.lli r.om/p t/~;iil ;ii ciP. imp r
pai a 1110Lo1 es de t:o11 1uusliio) 4ua11lo e111
ensa/noticias/magneti-marelli- cofap-aftermarket-1
temperaturas mais altas (quando em
an%C3%A7a-o -c%C3%A2mbio-aut omatizado- no -
regime permanente). mercado>. Acesso em: 8 jul. 2017.
4 Outras aplicações
Neste tópico, abordaremos brevemente São bastante utilizados para a transmissão
mais três aplicações de lubrificantes: uso de energia em redes de potência,
em transformadores, fluidos de corte e aumentando a tensão significativamente
lubrificação de engrenagens. (para algumas centenas de milhares de
Volts) para a transmissão a longa distância
• Óleos para transformadores e depois reduzindo para a utilização
Transformadores são aparatos elétricos doméstica ou industrial. Dois grandes
com função de transmitir energia riscos presentes em transformadores são a
elétrica pela alteração da tensão formação de arco elétrico (passagem de
elétrica de um circuito para o outro. corrente pela ruptura do isolamento de um
meio) e o superaquecimento.
Desta forma, as duas principais funções de Ele também deve possuir elevada
óleos para transformadores (muitas vezes estabilidade química, uma vez que sua
chamados de óleos isolantes) são degradação pode afetar sua propriedade
isolamento elétrico e resfriamento das dielétrica (LUCHETI LUBRIFICANTES, 2017;
partes ativas. Funções secundárias são PIAZZA, 2003). Para promover um bom
proteção do núcleo e dos enrolamentos resfriamento do transformador, o óleo
contra-ataque químico e prevenção de deve possuir baixa viscosidade (permitindo
depósitos e lodos sobre os componentes. melhor escoamento) e boa condutividade
Para se conseguir um bom isolamento térmica, propriedade difícil de se obter de
elétrico, o óleo lubrificante deve possuir um elemento eletricamente isolante.
rigidez dielétrica elevada e estar isento de Além disto, é importante que o óleo para
contaminantes, principalmente água. transformador também tenha elevado
ponto de fulgor e de inflamação para evitar
i:u.:iUt:ll Lt:S COI li SOi:I 4 ut:ill li:I.
- -..

Fonte: https://goo.gITJcyCd
• Fluidos de corte já um superaquecimento pode danificar a
Durante a usinaqem de peças peça e a ferramenta, além de afetar o
(metálicas ou não), há o desgaste dimensional final da peça devido à
abrasivo (por sulcamente ou por atrito) expansão térmica.
da peça causada pela ferramenta. Este Por este motivo, fluidos de corte devem ser
processo envolve elevadas forças de utilizados em todos os processos de
atrito e aquecimento da peça e da usinagem, como torneamento, Fresa,
ferramenta. Estas forças elevadas retificação, furação e polimento. As
podem comprometer o acabamento da principais funções dos fluidos de corte são:
peça, além de demandar potência refrigerar a peça e a ferramenta; lubrificar
desnecessariamente alta dos o contato para diminuição do atrito;
equipamentos e aumentar o risco de melhorar o acabamento da peça; aumentar
quebra da peça. a vida útil da ferramenta; remover cavacos
tlu1 afile u cu1 le; e evitai a cu11 usiíu tia pei,:a
e da ferramenta (UNIVERSAL
LUBRIFICANTES, 2017).
O primeiro relato de uso de fluido de corte Em geral, os fluidos solúveis em água têm
é de 1890, quando se utilizava áqua para melhor capacidade de refriqeração (uma
resfriar a peça e a ferramenta (LISBOA; vez que a água é um excelente fluido para
MORAES; HIRASHITA, 2013), tornando troca de calor), porém tem pouca ação
possível o aumento da velocidade de corte lubrificante (UNIVERSAL LUBRIFICANTES,
sem afetar a durabilidade da ferramenta. A 2017). Para se ter um óleo com boa
água, no entanto, pode favorecer a capacidade de refrigeração, o fluido deve
oxidação das peças. A solução ter baixa viscosidade, boa molhabilidade e
imediatamente adotada foi adicionar calor específico e condutividade térmica
sabão à água para diminuir este efeito. elevadas. Em contrapartida, para ser um
Hoje se tem diversos tipos de fluidos de bom lubrificante, o fluido de corte deve
corte: mineral (integral ou solúvel em suportar elevadas pressões e possuir baixa
água), sintético (integral e solúvel em volatilidade (LISBOA; MORAES; HIRASHITA,
áyua), se111issi11Lélico, álcool ele. 2013).
Apesar do fluido de corte no estado líquido
ser o mais comum, é possível também
encontrar fluidos de corte sólidos (como a
grafite e o bissulfeto de molibdênio) e
gasosos (ar, dióxido de carbono e
nitrogênio). Porém, é importante notar que
apenas os fluidos de corte líquidos
conseguem cumprir a Função de
lubrificação e de refrigeração
simultaneamente. Os sólidos são bons
lubrificantes, mas não conseguem remover
calor das peças, enquanto os gasosos têm
boa Função de refrigeração, mas não têm
l.Jua aluai,:<íu 110 lul.Jlilh:ai,:<íu.
Fonte: https://goo.gULJkhwY
• Lubrificação de engrenagens A lubrificação de engrenagens pode ser
Um conjunto de enqrenaqens deve feita tanto com óleo lubrificante quanto
funcionar sempre com o mínimo de atrito com graxa. Quando se usa óleo, é comum
possível. Caso contrário, além do desgaste também utilizar um caixa com um banho
e falha das engrenagens, o ruído das de óleo, onde a engrenagem trabalha em
engrenagens em funcionamento pode ficar imersão (engrenagens fechadas). É
muito intenso (até mesmo insuportável), importante manter o nível do óleo correto
principalmente em altas velocidades. Para senão pode ocorrer superaquecimento,
isto, a lubrificação tem a função de facilitar pois o óleo lubrificante também tem
a movimentação das engrenagens pela função de resfriar as engrenagens. Quando
diminuição do atrito, ajudando também na se têm engrenagens abertas, a solução é
redução de ruídos. usar a graxa como lubrificante. Com isto,
deve-se garantir boa adesividade e
lul.i1 iflcac;au liu111uyê11ea, ~e11tlu a y1 axa
betuminosa uma boa opção (PAULI;
ULIANA, 1997; MELLO, 2013).
Os aditivos possuem grande importância A AGMA (American Gear Manufacturers
na lubrificação de engrenagens, Association, em inglês "Associação
principalmente o de extrema pressão. Isto Americana dos Fabricantes de
se deve pelo contato dos dentes das Engrenagens") classifica os lubrificantes
engrenagens, que, localmente, apresentam para engrenagens, sejam abertas ou
uma tensão de contato elevadíssima. O fechadas, considerando tanto a
aditivo de extrema pressão garante a viscosidade do óleo quanto os aditivos
contínua lubrificação (mesmo com pressão presentes em sua composição. Por
elevada), reduzindo o atrito e aumentando exemplo, lubrificantes com classificação
a durabilidade das engrenagens (PAULI; "EP" possuem aditivos antidesgaste e
ULIANA, 1997). extrema pressão, enquanto a classificação
"R&O" tem inibidores de ferrugem e
oxidação. A composição também está
i11duíua 11a da~~ificai,:au AGMA ("S" pai a
sintéticos e "CP" para óleos compostos, por
exemplo) (CHEVRON CORPORATION,
2005).
É importante lembrar que engrenagens
podem trabalhar nos três regimes de
lubrificação: limítrofe, quando se tem a
partida do movimento das graxas; mista,
no início do movimento; e
elasto-hidrodinâmica, quando se está no
regime de trabalho permanente
(considerando projeto correto e
lubrificação apropriada). Desta Forma, o
lubrificante deve contemplar todas as fases
de trabalho das engrenagens para, assim,
ter a durabilidade dos componentes
otimizada.

Fonte: https://goo.gVD9gM2H
Referências
CHEVRON CORPORATION. fundamentos de lubrificação. São Paulo: Departamento de
Tecnologia da Texaco Brasil, 2005.

LISBOA, f. C. D.; MORAES, j. j. B. D.; HIRASHITA, M . D. A . Fluidos de corte: uma abordagem geral e
novas tendências. XXXlll Encontro Nacional de Engenharia de Produção (ENEGEP). Salvador,
2013.

LUCHETI LUBRIFICANTES. Óleo para transformador. 2017. Disponível em:


<http:/ /www.lucheti.com.br/site/oleo- para- transformador>. Acesso em: 8 jul. 2017.

M ELLO, P. B. Lubrificantes e lubrificação: notas de aula. Po rto Alegre, RS: UFRGS, 2013.

PAULI, E. A. D.; ULIANA, f. $.Lubrificação: mecânica. Vitória, ES: Apostila SENAl-ES, 1997.

PIAZZA, f. Ensaios em equipamentos e instalações elétricas: funções dos óleos isolantes.


2003. Disponível em: <http://www.eletrica.ufpr.br/piazza/ensaios/f ncoleo1.pdf>. Acesso em: 8
jul. 2017.

UNIVERSAL LUBRIFICANTES. fluidos de corte. 2017. Disponível em:


<http://www.universallubrifican tes.com .br/component/k2/item/35 - fluidos- de- corte>. Acesso
em: 8 jul. 2017.
WINDLIN, F. L. et ai. Lubrificação. ln: BRUNETII, F. Motores de combustão interna. São Paulo:
Blucher, 2012. Vol. 2, p. 175-214.

Você também pode gostar