Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Super Material HAS
Super Material HAS
1. Introdução...................................................................... 3
2. Fisiopatologia .............................................................. 4
3. Quadro clínico............................................................... 5
4. Classificação................................................................. 7
5. Diagnóstico................................................................... 9
6. Tratamento..................................................................11
7. Decisão terapêutica.................................................22
Referências bibliográficas..........................................26
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS) 3
Tá. Mas independente de qual seja a SE LIGA! No Brasil, a HAS está direta
ou indiretamente relacionada com cerca
sua causa, qual é o real problema por de 50% das mortes por doenças car-
trás de um quadro de hipertensão ar- diovasculares, sendo que essas, por sua
terial? Essa é uma das principais per- vez, correspondem à principal causa de
guntas para que a gente possa en- morte entre brasileiros (30%).
tender porque a HAS é uma doença
tão importante na prática médica. 3. QUADRO CLÍNICO
O que acontece é o seguinte: lem-
Apesar do que muitos acreditam, na
brando da definição que a pressão
grande maioria dos casos, a HAS se
arterial é a força que o sangue exerce
apresenta de forma completamente
sobre as paredes do vaso, quando a
assintomática e é por isso que muitas
pessoa apresenta uma hipertensão, o
vezes o seu diagnóstico acaba sendo
choque entre o sangue e a parede é
feito em consultas com qualquer outro
mais intenso e mais constante, o que
objetivo. Assim, quando nos depara-
acaba favorecendo a ocorrência de le-
mos com um paciente que apresente
sões por todo o sistema cardiovascu-
alterações nos níveis pressóricos, é
lar e também lesões em órgãos-alvo
imprescindível que ele seja questio-
(LOA). É justamente isso que justifi-
nado acerca de um possível diagnós-
ca a comum associação da HAS com
tico prévio de HAS, bem como sobre
processos patológicos como:
a evolução da doença e o tratamento
que ele segue para controlá-la.
Além disso, outros tópicos impor-
tantes que devem fazer parte da sua
anamnese são o histórico familiar, a
presença de fatores de risco específi-
cos para doenças cardiovasculares, os
aspectos socioeconômicos do pacien-
te e também os seus hábitos de vida.
Já no que tange ao exame físico, aqui
devem ser obtidos informações gerais
como os dados antropométricos do
paciente e também o seu exame car-
diovascular completo, mas um ponto
Figura 1.
de grande destaque nesses casos é a
própria aferição da pressão arterial.
Segundos as diretrizes mais recentes
(como no caso da Sociedade Brasileira
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS) 6
Deitado
Em pé
Deitado
CONSULTA Superior com maior
DE RETORNO PA prévia
Sentado e em pé
Em idosos, diabéticos,
alcoolistas ou em uso de
anti-hipertensivos
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS) 7
5. DIAGNÓSTICO
Para calcularmos o risco no paciente
Então vamos lá. Imagine que você com suspeita de hipertensão, nós po-
estava atendendo um pacien- demos nos basear na seguinte tabela
te e, durante o exame físico, você da diretriz brasileira:
PAS: 130-139 OU PAS: 140-159 OU PAS: 160-179 OU PAS: ≥ 180 OU
FATORES DE RISCO
PAD: 85-89 PAD: 90-99 PAD: 100-109 PAD: ≥ 100
0 Sem risco Baixo Moderado Alto
1-2 Baixo Moderado Alto Alto
≥3 Moderado Alto Alto Alto
LOA
DM
Alto Alto Alto Alto
DCV
DRV
Beleza, mas para que a gente avalia Percebeu? Até esse momento da con-
isso daí? Porque é justamente esse sulta a gente só estava tentando defi-
risco que nos ajuda a definir o próximo nir quem de fato tem HAS e quem ain-
passo da avaliação do paciente. A ideia da está na suspeita da condição. Feito
é: PA ≥ 140x90mmHg com risco alto já isso, então, nós deveremos solicitar
fecha o diagnóstico de HAS. Por outro para todos os pacientes uma série de
lado, uma PA elevada com risco baixo exames laboratoriais – que são úteis
ou moderado requer uma avaliação um para checar se há lesão de órgãos-al-
pouco mais profunda para que a gente vo – e só para aqueles com suspeita
possa concluir que realmente se trata é que nós poderemos solicitar exames
de um quadro de hipertensão. complementares de medição da PA,
que são a MAPA e a MRPA.
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS) 10
FLUXOGRAMA DIAGNÓSTICO
PRIMEIRA CONSULTA
Encaminhar ao
Dianóstico de HAS
serviço de urgência
CONSULTA DE RETORNO
Normotenso
< 140 x 90
(mascarada?)
Pressão de consultório
Hipertensão
PAs ≥ 140 ou PAd ≥90
(Jaleco branco?)
ou
Hipertensão do
PA vigília < 130x85
Jaleco Branco
Considerar MAPA
PAs 24h > 130 ou
Diagnóstico de HAS
PAd 24h > 80
ou
Hipertensão do
< 135x85
Jaleco Branco
Considerar MRPA
EXAMES LABORATORIAIS
Análise de Urina Potássio plasmático
Ácido úrico plasmático Creatinina plasmática
ECG Convencional Perfil lipídico
Ritmo de filtração glomerular estimado Glicemia em Jejum e HbA1c
Obs. esses exames laboratoriais são importantes principalmente porque através deles a gente consegue investigar se há lesão
de órgão alvo (LOA). Mas além disso, eles podem ser fundamentais para ajudar a determinar o risco cardiovascular do paciente e
até para levantar a suspeita de HAS secundária. Obs. o perfil lipídico consiste em colesterol total, triglicérides, HDL e LDL - mas
a gente pode não precisar pedir o LDL pois o seu valor é calculável quando a dosagem de triglicérides é < 400mg/dL. MRPA
(Medida Residencial da Pressão Arterial) Lembra daquelas três situações que a gente comentou lá em cima, nas quais a PA
se apresenta com alguma alteração quando medida no consultório? Pois bem, o grande objetivo da MRPA e da MAPA é driblar
esse problema, obtendo medidas da PA de forma sistematizada enquanto o paciente estiver fora do consultório. Com base
nisso, a MRPA (Medida Residencial da Pressão Arterial) realiza a aferição da PA do paciente 3 vezes no período da manhã,
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS) 11
Reduz a PA
em 11mmHg
Reduzir consumo
Exercício físico
de sal de cozinha
MEDIDAS NÃO
FARMACOLÓGICAS
Reduzir consumo
Reduzir peso
de álcool
Reduz a PA Reduz a PA
em 5mmHg Cessar tabagismo Diminuir estresse em 5-6mmHg
Figura 2.
Mesmo com tudo isso, os DIU tiazí- Secretor, de modo que com-
dicos são os mais utilizados no trata- petem com o ácido úrico
mento da HAS, sendo que a sua ad- • Hipercalcemia
ministração deve ser por via oral e aí, ◊ Inibem a secreção de Ca+2,
a partir disso, ele leva cerca de 1 a 3 pois essa se dá por meio de
semanas para conseguir normalizar uma bomba Na+/Ca+2
os níveis pressóricos do paciente.
• Hiperglicemia
◊ Em altas doses, são capa-
Efeitos Adversos
zes de aumentar a resistência
• Hipocalemia insulínica
◊ Como o filtrado vai chegar no • Hiperlipidemia
ducto coletor com uma maior
◊ Aumentam em 5-15% a con-
concentração de íons Na+, ha-
centração sérica de colesterol,
verá mais troca pelos K+
mas isso pode ser resolvido a
• Hiperuricemia longo prazo
◊ Todos os tiazídicos são libe-
rados por meio do Sistema
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS) 16
Figura 3.
Figura 4.
acima deve ter iECA ou BRA com- Dentre os não seletivos, os princi-
pondo o seu tratamento. pais são o propanolol e o nasolol, mas
Contudo, quando a lesão se estabe- é importante ter sempre em mente
lece, a TFG cai e aí a forma que o cor- que ele estará mais relacionado com
po tem de mantê-la normal é fazendo efeitos adversos como, por exemplo,
vasoconstrição justamente nas arte- claudicação e disfunção erétil. Já entre
ríolas eferentes. Ou seja, se já tiver os seletivos estão drogas como me-
lesão, essas drogas vão impedir um toprolol e atenolol, as quais têm ação
mecanismo compensatório do corpo mais restrita ao coração, inicialmente
e por isso não devem ser indicadas reduzindo o débito cardíaco e, depois,
para o paciente. promovendo a redução da secreção
de renina, a readaptação dos barorre-
ceptores e a diminuição das catecola-
Betabloqueadores (BB) minas nas sinapses nervosas.
Por fim, a última classe de medica- Obs. carvedilol e nebivolol são outros
exemplos de BB seletivos, mas que se
mentos que vamos ver é a dos be- destacam por apresentarem uma ação
tabloqueadores (BB), que, como o secundária. O carvedilol ainda é capaz
nome já deixa claro, atua bloqueando de bloquear alfa-1 e promover vasodila-
tação, de modo que é bastante utilizado
os receptores beta-adrenérgicos do
em pacientes com ICC. Já o nebivolol é
corpo. Na prática, ainda se questiona capaz de liberar óxido nítrico e por isso
bastante a eficiência dos BBs no tra- é benéfico no tratamento de pacientes
tamento da HAS, pois alguns estudos que também possuem disfunção erétil.
demonstraram que seus efeitos seus
inferiores aos das outras classes que Outros bloqueadores adrenérgicos
vistas anteriormente. Contudo, já foi
provada a sua eficácia na redução da Além dos BBs, ainda existem outras
morbimortalidade de pacientes com drogas capazes de inibir os outros
HAS associada à coronariopatia ou receptores adrenérgicos do corpo,
à insuficiência cardíaca – e aí, nesses como o alfa-1 e o alfa-2. No entanto,
casos, os BBs entram como drogas essas drogas não reduzem o risco de
de 1ª linha! Mas enfim… uma ques- mortalidade e por isso não entram na
tão importante com relação aos BBs primeira linha de escolha, sendo, por-
é que eles podem ter ação seletiva tanto, drogas para atingir meta, em
(atuam apenas sobre os receptores outras palavras: se depois de asso-
beta-1 presentes no coração) ou não ciar todas as outras opções, o pacien-
(também atuam sobre os beta-2 que te ainda continuar fora da sua meta
estão nos vasos). pressórica, aí a gente apela para es-
ses outros medicamentos.
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS) 22
No entanto, é legal a gente saber que Contudo, caso não apresentem ne-
desses, apenas os bloqueadores de nhuma melhora após esse intervalo,
alfa-2 possuem ação central, enquan- é indicado que se inicie com eles uma
to que os de alfa-1 atuam fazendo monoterapia, em que escolheremos
vasodilatação periférica e ainda estão apenas uma das classes.
associados a uma dilatação da mus-
culatura uretral, o que é benéfico para SE LIGA! Caso esse paciente com HAS
pacientes que tenham prostatismo. I e risco baixo/moderado tenha dificulda-
de em retornar à assistência médica, po-
de-se optar por iniciar o tratamento me-
7. DECISÃO TERAPÊUTICA dicamentoso logo após o diagnóstico.
Sem melhora
Acrescentar outros
anti-hipertensivos
160mmHg. E se for um jovem (< 30 Por outro lado, o VIII Joint defende
anos)? Bem... aí devemos iniciar o tra- metas um pouco diferentes. Aqui, pa-
tamento não medicamentoso e só cientes com mais de 60 anos devem
partir para o uso de medicamentos se buscar PA < 150x90mmHg, enquan-
ele tiver um risco alto. to aqueles com menos de 60 anos ou
com mais de 18 e que tenham diabe-
tes ou doença renal crônica devem ter
Metas Pressóricas uma PA < 140x90mmHg.
A partir da decisão terapêutica, nosso SBC
objetivo é atingir as metas pressóricas Meta pressórica
preconizadas para cada grupo. As- > 60 anos < 150 x 90 mmHg
sim, a SBC define que em se tratando < 60 anos
de indivíduos com HAS I e II com risco > 18 anos + DM ou DRC
< 140 x 90 mmHg
MAPA RESUMO
↑ durante exercício
Tratamento MAPA
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
American College of Cardiology. 2017 Guideline for the Prevention, Detection, Evaluation,
and
Management of High Blood Pressure in Adults. J. Am. Coll. Cardiol. Setembro, 2017.
BRANT, Luisa C. C.; et al. Variações e diferenciais da mortalidade por doenças cardiovascu-
lares no Brasil e em seus estados, em 1990 e 2015: Estimativa do Estudo Carga Global de
Doença. Rev. Bras. Epidemiologia. Maio, 2017. 20 Suppl 1: 116-128.
CLARK, Michelle; et al. Farmacologia Ilustrada. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
GOLDMAN, Lee; AUSIELLO, Dennis. Cecil Medicina. 25ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018.
HALL, John E,; et al. Tratado de Fisiologia Médica. 12ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
JAMES, Paul A.; et al. 2014 Evidence-Based Guideline for the Management of High Blood
Pressure in Adults: Report From the Panel Members Appointed to the Eighth Joint National
Committee (JNC 8). JAMA, dez/2013.
KUMAR, Vinay; et al. Robbins e Contran: Patologia, Bases Patológicas das Doenças. 8ªed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
MARTINS, Milton A.; et al. Clínica Médica. 2ª ed. Vol. 1. Barueri – SP: Manole, 2016.
RANG, H.P.; DALE, M.M.; et al. Farmacologia. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
SERRANO JUNIOR, Carlos V.; et al. Tratado de Cardiologia SOCESP. 2ª ed. Barueri – SP:
Manole, 2009.
Sociedade Brasileira de Cardiologia. VII Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Rev. da
Soc. Bra. de Cardiologia. Vol. 107. Nº 3. Rio de Janeiro, 2016.
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS) 27