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PROJETO MARAVILHAS III

S1331
TÍTULO Nº VALE PÁGINA
PROJETO BÁSICO
RL-1850PI-X-00856 1/27
MINA DO PICO Nº VOGBR REV.
BARRAGEM MARAVILHAS III – ESTUDOS HIDROLÓGICOS
E HIDRÁULICOS - RELATÓRIO TÉCNICO VG12-053-1-RH-RTE-0001 1

REVISÕES
TE: TIPO A - PRELIMINAR C - PARA E - PARA CONSTRUÇÃO G - CONFORME CONSTRUÍDO
EMISSÃO B - PARA CONHECIMENTO F - CONFORME COMPRADO H - CANCELADO
APROVAÇÃO D - PARA COTAÇÃO
Rev TE Descrição Por Ver. Apr. Aut. Data
.
20/08/201
A B EMISSÃO INICIAL PC JA JA AS
2
22/02/201
0 B ATENDENDO A COMENTÁRIOS PC JA JA AS
3
12/05/201
1 C APROVADO PC JA JA AS
4
PROJETO MARAVILHAS III
S1331
TÍTULO Nº VALE PÁGINA
PROJETO BÁSICO
RL-1850PI-X-00856 2/27
MINA DO PICO Nº VOGBR REV.
BARRAGEM MARAVILHAS III – ESTUDOS HIDROLÓGICOS
E HIDRÁULICOS - RELATÓRIO TÉCNICO VG12-053-1-RH-RTE-0001 1

ÍNDICE
ITEM DESCRIÇÃO PÁGINA

1.0 INTRODUÇÃO 3

2.0 DADOS UTILIZADOS 3

3.0 PREMISSAS E CRITÉRIOS 4

4.0 ESTUDOS HIDROLÓGICOS 6

5.0 CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO DAS ESTRUTURAS HIDRÁULICAS 14

6.0 RECOMENDAÇÕES FINAIS 25

7.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 26

8.0 equipe técnica 27


1.0 INTRODUÇÃO

No presente relatório, elaborado pela VOGBR Recursos Hídricos & Geotecnia Ltda., são
apresentados os “Estudos Hidrológicos e Hidráulicos para a Barragem de Rejeitos
Maravilhas III”, localizada na Mina do Pico, integrante do Complexo Minerador de Itabiritos,
de propriedade da VALE, situada no município de Itabirito/MG.

A Barragem Maravilhas III tem por objetivo atender à disposição dos rejeitos provenientes
das Instalações de Tratamento de Minério (ITM) das Minas do Pico e Vargem Grande, a
partir do ano de 2016. A FIGURA 1 .1 apresenta a área de localização da futura barragem.

FIGURA 1.1 – Localização da área de implantação da Barragem Maravilhas III

Este documento foi desenvolvido utilizando-se de informações disponibilizadas pela VALE,


bem como de dados existentes em outros estudos já elaborados para a região.
Especificamente, os trabalhos consistiram na elaboração de estudos hidrológicos para a
determinação das vazões de projeto no dimensionamento das estruturas hidraúlicas
constituintes da Barragem Maravilhas III.

2.0 DADOS UTILIZADOS

Os documentos relacionados a seguir subsidiaram o desenvolvimento dos estudos


apresentados neste relatório:

 Relatório no MD-4100PI-G-00002 – “Projeto Conceitual – Barragem


Congonhas – Geral – Volume I – Memorial Descritivo do Projeto Conceitual”,
elaborado pela Pimenta de Avila, em março de 2009;

 Relatório “Estudo de Impacto Ambiental – EIA – Barragem Congonhas”,


elaborado de LUME Estratégia Ambiental, em dezembro de 2010;
 Relatório no RL-1800PI-X-30845 – “Projeto Básico – Geral – Consolidação
das Informações de Projeto - Relatório Técnico”, elaborado pela
Geoestrutural, em janeiro de 2012;

 Relatório no RL-1800PI-X-30851 – “Projeto Básico – Geral – Estudos


Hidrológicos e Hidráulicos I - Relatório Técnico”, elaborado pela
Geoestrutural, em fevereiro de 2012;

 Relatório nº 10370-033-NT001-2 – “Avaliação da Disponibilidade Hídrica


Superficial na Barragem Maravilhas III”, elaborado pela Potamos Engenharia
e Hidrologia, em junho de 2012.

 Base topográfica da área dos empreendimentos com curvas nível de metro


em metro, fornecido pela VALE em 15/05/2012;

 Imagem aérea (arquivo “imagem área”), fornecido pela VALE em 01/06/2012;

 Arquivo “Dados rejeitos”, fornecido pela VALE em 01/06/2012, contendo a


produção e principais características dos rejeitos provenientes da ITM A
Pico, ITM D Pico, ITM I Pico e ITM VGR;

 Produção total e características dos rejeitos provenientes da ITM I VGR


“arquivo “RG0002 GADMF N0006_Vargem Grande_Rev15”, disponibilizado
pela VALE em 01/06/2012.

3.0 PREMISSAS E CRITÉRIOS

Neste item são apresentadas as principais premissas e critérios que nortearam o


desenvolvimento dos estudos hidrológicos e hidráulicos da Barragem de Rejeitos Maravilhas
III, em nível de projeto básico:

 Durante a presente etapa, será utilizada base topográfica obtida do


perfilamento a laser aero levantado, com curvas de 1,0 m em 1,0 m,
fornecida pela VALE em 15/05/2012;

 Classificação dos resíduos sólidos segundo a Norma ABNT/NBR


10.004/2004: Resíduo Classe IIB - Não perigoso e Inerte;

 A Barragem Maravilhas III receberá rejeitos provenientes das seguintes


Instalações de Tratamento de Minério (ITM): ITM A, ITM D e ITM I, da Mina
do Pico e ITM e ITM I, da Mina Vargem Grande;

 Início do período de operação: janeiro de 2016;

 O reservatório da barragem de rejeitos terá também a finalidade de


armazenar e clarificar a água da polpa de rejeito e da drenagem pluvial.
Essa água será retornada ao processo de beneficiamento, através de
bombeamento em balsa;

 O dimensionamento da Barragem deverá seguir os padrões estabelecidos


na Norma ABNT/NBR 13.028/2006 (Mineração – Elaboração e apresentação
de projeto de barragens para disposição de rejeitos, contenção de
sedimentos e reservação de água) e “Critérios para Cálculo de Cheia de
Projeto de Vertedouros”, elaborado pela GTGH da VALE, constante na
bibliografia “Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e
Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração”, (PINHEIRO, 2011);

 Construção da Barragem Maravilhas III durante o período de estiagem, entre


os meses de abril a setembro;

 A construção do canal de desvio poderá ser realizada durante o período de


chuva. Para tanto, o eixo do canal de desvio foi afastado do leito do curso de
água;

 Crista da barragem limitada à cota 1306,00 m, ficando a sua vida útil


condicionada à capacidade do reservatório e ao volume de rejeitos gerados;

 O lançamento de rejeitos na Barragem Maravilhas III se dará a partir de


montante;

 A cota de lançamento será na EL. 1310,00 m, obtida visando a não


interferência do acesso existente;

 Declividade da praia de rejeitos: 1% trecho emerso e 5% trecho submerso;

 Manutenção da vazão residual durante a fase de construção e operação da


barragem;

 Em virtude da inexistência de monitoramento fluviométrico da bacia de


interesse, o cálculo das vazões de projeto foi realizado por meio de métodos
indiretos, a partir da transformação da chuva em vazão. As vazões de
projeto foram determinadas segundo o Método Racional para áreas
inferiores a 1,0 km² e a partir da metodologia do Hidrograma Unitário,
quando superiores.

 As vazões de projeto para dimensionamento das estruturas hidráulicas


foram obtidas considerando os seguintes períodos de retorno:

- Sistema extravasor: 10.000 anos de recorrência, considerando uma


borda livre mínima de 1,0 m, conforme recomendação constante na
publicação “Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e
Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração”, (PINHEIRO,
2011);
- Sistema de desvio: 25 anos de recorrência, obtido considerando a
construção da barragem durante o período seco e admitindo um risco
de aproximadamente 2%;
- Sistema de drenagem superficial: 100 anos para as canaletas de
drenagem nas bermas e descidas de água e 500 anos para canais
periféricos, conforme previsto na NBR 13.028 (ABNT, 2006).

 Cota da soleira do vertedouro de emergência posicionada a 3,0 m abaixo da


crista da barragem, considerando uma borda livre de, no mínimo, 1 metro;

4.0 ESTUDOS HIDROLÓGICOS


Os estudos hidrológicos foram elaborados com a finalidade de fornecer subsídios para o
dimensionamento das estruturas hidráulicas previstas na Barragem de Rejeitos Maravilhas
III, sendo compostas por:

 Sistema extravasor da barragem;

 Sistema de desvio para construção da barragem;

 Sistema de drenagem superficial da barragem.

Face à inexistência de monitoramento fluviométrico da bacia de interesse, o cálculo das


vazões de projeto foi realizado por meio de métodos indiretos, a partir da transformação da
chuva em vazão. Em virtude da magnitude da área de contribuição, superior a 1,0 km², as
vazões de projeto foram determinadas segundo o Método do Hidrograma Unitário.

Basicamente, a metodologia adotada nos estudos hidrológicos pode ser resumida na


seguinte seqüência:

 Estudo das chuvas intensas na área de projeto;

 Definição das características físicas e parâmetros das bacias de


contribuição, tais como, áreas de drenagem, características do terreno e
tempos de concentração;

 Cálculo das vazões de projeto utilizadas no dimensionamento das estruturas


hidráulicas previstas na implantação da barragem de rejeitos.

4.1 CHUVAS DE PROJETO

As chuvas de projeto utilizadas como entrada no modelo de transformação de chuva em


vazão foram obtidas dos quantis de altura pluviométrica da Mina do Pico ( TABELA 4 .1),
apresentados na bibliografia “Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e
Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração”, (PINHEIRO, 2011).

TABELA 4.1 – Quantis de Altura Pluviométrica (mm)

Período de Retorno (anos)


Duração
2 5 10 25 50 100 200 500 1000 10.000
6 10,9 13,8 15,8 18,2 20,1 19,5 21,1 23,3 24,9 30,2
Minutos

10 17,6 22,3 25,3 29,0 31,8 32,7 35,2 38,5 40,9 48,9
15 23 29,0 32,8 37,6 41,1 43,1 46,3 50,5 53,6 63,7
20 26,8 33,7 38,2 43,7 47,7 50,5 54,2 59,1 62,6 74,2
30 32,1 40,4 45,7 52,3 57 60,9 65,4 71,1 75,3 88,9
1 41,3 51,8 58,6 66,9 72,9 78,7 84,4 91,8 97,0 114
2 53,5 67,5 76,5 87,8 96,1 104 112 123 130 155
3 60,6 76,6 87,0 100 110 119 128 140 150 179
4 65,7 83,1 94,5 109 119 130 140 153 163 196
Horas

6 72,8 92,2 105 121 133 144 156 171 183 220
8 77,8 98,7 112 130 142 155 168 184 196 237
10 81,8 104 118 136 150 163 176 194 207 250
12 85 108 123 142 156 170 184 202 216 261
18 92,1 117 133 154 170 185 200 220 235 285
24 97,2 123 141 163 179 195 211 233 249 302
2 124 159 182 211 233 254 275 304 325 395
Dias

3 152 194 222 257 284 310 335 370 395 481
5 196 249 285 330 363 396 429 472 505 613
7 232 294 336 388 427 466 504 555 593 721
10 277 350 399 460 506 551 596 655 700 849
15 338 429 490 566 623 679 735 809 865 1050
20 390 493 562 648 712 776 840 923 987 1197
30 478 599 680 782 857 932 1007 1105 1180 1427

Em virtude da premissa de construção da barragem de rejeitos durante o período de


estiagem (abril a setembro), as chuvas de projeto utilizadas para o dimensionamento
hidráulico do sistema de desvio foram determinadas considerando os quantis máximos de
altura de precipitação diária para cada semestre seco (abril a setembro).

Especificamente, utilizou-se os registros de chuva diária (período de 1991 a 2011) oriundos


do pluviômetro PVL-05-PIC, operado pela VALE e instalado na Mina do Pico. Os valores
máximos diários ocorridos na estação selecionada para cada período de estiagem estão
apresentados na TABELA 4 .2.

TABELA 4.2 – Altura de Chuva Máxima para o Período Seco (mm)

Ano Chuva máxima (mm)


1991 36,40
1992 24,40
1993 44,00
1994 24,20
1995 33,60
1996 27,20
1997 37,60
1998 27,00
1999 52,20
2000 49,80
2001 50,00
2002 40,80
2003 31,40
2004 41,40
2005 41,30
2006 19,50
2007 22,50
2008 60,80
2009 83,50
2010 23,80
2011 15,60

Inicialmente, os quantis apresentados na TABELA 4 .2 foram ordenados e plotados,


empregando a posição de plotagem de Weibull para a determinação dos valores amostrais.

Aos pontos amostrais, foram ajustadas diversas distribuições teóricas, tendo sido adotada a
distribuição de Gumbel. A partir dessa distribuição, foram obtidos os quantis de precipitação
máxima diária para as diversas recorrências. Para transformação em chuva de 24 horas e
desagregação em alturas de chuvas de menor duração foi utilizada a seguinte metodologia:
 Transformação da precipitação diária, em altura de chuva de 24 horas de
duração, pela multiplicação dos valores pelo fator 1,10 (PINHEIRO, 2011);

 Determinação das relações entre a chuva de duração de 24 horas e


durações inferiores a este valor, para cada período de retorno, utilizando os
quantis referentes à equação IDF obtida do posto fluviométrico de Belo
Horizonte, constante na publicação “Drenagem Urbana - Manual de Projeto
(1986)”;

 Multiplicação das relações obtidas, para cada período de retorno, pelos


valores de chuva de 24 horas de duração resultante da análise de
freqüência de 1 dia de duração, a fim de determinar as alturas de chuva de
menor duração na área em estudo.

Os quantis de altura de chuva para o período de retorno de interesse (TR 25 anos) utilizados
no dimensionamento do Sistema de Desvio estão apresentados na TABELA 4 .3.

TABELA 4.3 – Quantis de Altura Pluviométrica (mm) – Período Seco

Período de Retorno (anos)


Duração
TR 25
5 9,45
10 14,5
Minutos

15 18,1
20 21,0
25 23,4
30 25,6
1 30,9
2 39,4
4 48,7
6 54,3
Horas

8 58,6
10 62,0
12 64,9
14 67,5
24 77,8

4.2 VAZÕES DE PROJETO

O estudo para o cálculo das vazões de projeto foi realizado com o intuito de fornecer
subsídios para o dimensionamento das estruturas hidráulicas previstas na área de
implantação da Barragem de Rejeitos Maravilhas III.

4.2.1 Sistema Extravasor da Barragem de Rejeitos – Etapa Final

Como premissa de projeto, o sistema extravasor da Barragem de Rejeitos Maravilhas III foi
dimensionado para uma vazão decorrente da chuva com 10.000 anos de recorrência,
considerando uma borda livre mínima de 1,0 m, conforme recomendação constante na
publicação “Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos
Hidráulicos em Obras de Mineração”, (PINHEIRO, 2011).

A partir dos valores de precipitação apresentados na TABELA 4 .1 e utilizando-se métodos


indiretos de transformação chuva-vazão, foram determinadas as vazões de projeto para o
dimensionamento hidráulico do sistema extravasor da Barragem de Rejeitos na Etapa Final.
O modelo matemático utilizado foi o HEC-HMS – Hydrologic Modeling System, desenvolvido
pelo Hydrologic Engineering Center, órgão colegiado do U.S. Army Corps of Engineers,
versão 3.5.

Para determinação da chuva efetiva, parcela da precipitação que transformará em


escoamento superficial, foi utilizada a metodologia proposta pelo Soil Conservation Service
(SCS), tendo como parâmetro o Número de Curva (CN).

O parâmetro CN representa o tipo de cobertura, solo e ocupação na bacia em condições


normais de chuva antecedente, tendo sido considerado a condição de umidade antecedente
tipo III (bacia saturada em decorrência de eventos chuvosos anteriores). No entanto,
segundo a metodologia, para o cálculo do CN (III) é necessário definir o CN (II) para o tipo
de solo estudado e, posteriormente, fazer a conversão para o CN (III), conforme formulação
apresentada:
23  CN ( II )
CN ( III ) 
10  0,13  CN ( II )

Os valores de CN atribuídos a cada tipo de solo, considerando as condições normais (CN II)
e de solo saturado (CN III) estão apresentados na TABELA 4 .4.

TABELA 4.4 – Valores adotados para o CN

Solo Tipologia CN (II) CN (III)


Vegetação rasteira 79 90
Vegetação densa 73 86
GRUPO C
Culturas 82 91
Lago do Reservatório 100 100

Na síntese dos hidrogramas de vazões foi utilizado o método SCS, tendo como parâmetro o
lagtime (Tlag) dado pela multiplicação do tempo de concentração pelo fator de 0,6.

O tempo de concentração foi calculado usando o Método Cinemático para o trecho em


reservatório, admitindo velocidade de 0,5 m/s, e o Método de Kirpich para o trecho em
terreno natural.

Os parâmetros utilizados no modelo para o cálculo das vazões de projeto do sistema


extravasor da barragem de rejeitos Maravilhas III estão apresentados na TABELA 4 .5.

TABELA 4.5 – Parâmetros Utilizados – Sistema Extravasor da Barragem Maravilhas III

Área de Número de Curva Abstração Tempo de


Lag Time
Estrutura Drenagem Ponderado Inicial Concentração
(horas)
(km²) (CN III) (mm) (horas)

Sistema Extravasor 9,90 94 2,97 2,38 1,43

As simulações foram realizadas para os eventos de chuva com as durações variando entre 1
hora até 30 dias, de maneira a se determinar a duração crítica, ou seja, aquela que resultará
na maior vazão afluente. Adicionalmente, para a obtenção das vazões de projeto (vazão
máxima defluente) do sistema extravasor da barragem de rejeitos Maravilhas III, no ribeirão
Congonhas, foi considerado o potencial de amortecimento do reservatório da referida
barragem, a partir da avaliação do trânsito de cheia, apresentado no item 5.1.1.
Os resultados das simulações para as vazões afluentes ao sistema extravasor da barragem
de rejeitos na etapa final, podem ser visualizados na TABELA 4 .6.

TABELA 4.6 – Vazões Afluentes ao Sistema Extravasor da Barragem Maravilhas III

Duração Vazão Afluente (m³/s) - TR 10.000 anos


1 135
2 177
3 187
4 184
6 168
Horas

8 151
10 135
12 122
18 93,4
24 75,7
2 50,7
3 41,3
5 31,7
7 26,7
Dias

10 22,0
15 18,2
20 15,5
30 12,3

Ressalta-se que os efeitos do amortecimento do reservatório da Barragem serão


considerados no item 5.1.1, onde será apresentada a avaliação do trânsito de cheias nesse
reservatório, bem como o dimensionamento do sistema extravasor.

4.2.2 Sistema de Desvio para Implantação da Barragem de Rejeitos

A partir dos valores de precipitação apresentados na TABELA 4 .3 e utilizando-se métodos


indiretos de transformação chuva-vazão, foram determinadas as vazões de projeto para o
dimensionamento hidráulico do sistema de desvio.

O parâmetro CN considerado para o sistema de desvio consiste na condição de umidade


antecedente tipo I (condição de baixa umidade antecedente na bacia), de acordo com
recomendação constante na publicação “Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos
e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração”, (PINHEIRO, 2011). O tempo de
concentração foi calculado usando o Método de Kirpich, por se tratar de um cenário em que
não existe a formação de reservatório.

Os parâmetros utilizados no modelo para o cálculo das vazões de projeto do sistema de


desvio da Barragem de Rejeitos Maravilhas III estão apresentados na TABELA 4 .7 a
seguir.

TABELA 4.7 – Parâmetros Utilizados – Sistema de Desvio da Barragem Maravilhas III

Área de Número de Abstração Tempo de


Lag Time
Estrutura Drenagem Curva Inicial Concentração
(horas)
(km²) (CN I) (mm) (horas)
Sistema de Desvio 9,90 61,00 32,40 1,30 0,78

As simulações foram realizadas para os eventos de chuva com as durações variando entre 1
hora e 24 horas, de maneira a se determinar a duração crítica, ou seja, aquela que resultará
na maior vazão afluente. Os resultados das simulações para as vazões afluentes ao sistema
de desvio da barragem de rejeitos podem ser visualizados na TABELA 4 .8.

TABELA 4.8 – Vazões Afluentes ao Sistema de Desvio da Barragem Maravilhas III

Duração Vazão Afluente (m³/s) - TR 25 anos


1 0,00
2 0,65
4 2,32
6 3,14
Horas

8 3,55
10 3,69
12 3,75
14 3,76
24 3,64

4.2.3 Sistema de Drenagem Superficial da Barragem de Rejeitos

Em virtude da magnitude das áreas de contribuições (inferiores a 1,0 km²), as vazões das
estruturas constituintes do sistema de drenagem superficial foram obtidas utilizando o
Método Racional.

No Método Racional, a transformação de chuva em vazão é obtida pela aplicação de um


coeficiente de escoamento definido em função da cobertura vegetal e tipo do solo da bacia
de contribuição, considerando que os eventos chuvosos correspondentes às vazões
máximas têm a duração igual ao tempo de concentração da respectiva bacia, ou seja:

C it ,T  A
Qp  3, 6
Onde:
- Qp: vazão de projeto (m³/s);
- C: coeficiente de escoamento, determinado a partir do uso do solo e
do tipo do solo;
- it,T: intensidade média da chuva para uma duração t e um tempo de
retorno TR (mm/h);
- A: área da bacia de contribuição (km²).

Os tempos de concentração foram obtidos de acordo com os seguintes critérios:

 Nas áreas das canaletas de drenagens das bermas, das descidas de água e
dos canais periféricos utilizou-se o Método Cinemático, admitindo a
velocidade de escoamento de 1,0 m/s, 5,0 m/s e 5,0 m/s, respectivamente;

 Nas áreas de terreno natural, utilizou-se o Método de Kirpich.

Os coeficientes de escoamento (C) admitidos foram:


 Na superfície do maciço da barragem: C = 0,45;

 No terreno natural: C = 0,25.

A TABELA 4 .9 apresenta uma síntese das variáveis utilizadas e os resultados obtidos para
as estruturas do sistema de drenagem superficial, utilizando o Método Racional, sendo TR o
tempo de retorno, I a intensidade média da chuva e C o coeficiente de escoamento.

Para o cálculo da vazão de projeto de dimensionamento das canaletas de drenagem das


bermas considerou-se como referência a maior área de contribuição.

TABELA 4.9 – Parâmetros Utilizados – Sistema de Drenagem Superficial da Barragem


Maravilhas III

Área de
Estrutura Nome Drenagem TR (anos) I (mm/h) C (Ponderado) Vazão (m³/s)
(km²)
Berma Todas 0.004 100 195 0.45 0.097

D-01 0.025 100 195 0.45 0.603


Descida de Água
D-02 0.031 100 195 0.45 0.767

CP-01 0.070 500 233 0.36 1.65


Canal Periférico
CP-02 0.095 500 233 0.34 2.10

4.3 VAZÃO MÍNIMA RESIDUAL

Pelo fato da área de interesse estar inserida, em sua totalidade, no estado de Minas Gerais,
os estudos de vazões mínimas foram conduzidos com o objetivo de determinar a vazão
mínima anual com duração de 7 dias e período de retorno de 10 anos (Q 7,10) na seção fluvial
selecionada. A Q7,10 corresponde a vazão de referência adotada no estado de Minas Gerais,
instituída pela Portaria do IGAM nº 049/10 de 01 de julho de 2010, para estabelecer o fluxo
residual mínimo a ser mantido a jusante.

A vazão residual a ser mantida a jusante da Barragem de Rejeitos Maravilhas III foi obtida a
partir dos estudos de disponibilidade hídrica desenvolvidos pela Potamos Engenharia e
Hidrologia (Relatório nº 10370-033-NT001-2 – “Avaliação da Disponibilidade Hídrica
Superficial na Barragem Maravilhas III”), em junho de 2012. Foi estabelecido, como
premissa, que a vazão residual adotada equivale a 100% da Q 7,10, ou seja, 114 m³/h (31,67
l/s).

5.0 CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO DAS ESTRUTURAS HIDRÁULICAS

5.1 SISTEMA EXTRAVASOR DA BARRAGEM DE REJEITOS

O sistema extravasor da Barragem de Rejeitos Maravilhas III foi concebido com a finalidade
de conduzir, de forma ordenada, as vazões defluentes do reservatório em épocas de cheias
até o talvegue natural, garantindo a segurança hidráulica da barragem, sendo composto
pelos seguintes elementos:

 Canal de aproximação: concebido em concreto armado, com geometria


retangular, sem declividade;
 Caixa de transição: concebida em concreto, com a finalidade de controlar o
escoamento de água durante a mudança de seção e direção do canal de
aproximação para o canal do rápido;

 Canal do rápido: concebido em concreto armado, com geometria retangular,


tendo seu fundo constituído por degraus onde a topografia possuir altas
declividades, de forma a auxiliar na dissipação da energia do fluxo de água;

 Bacia de dissipação: concebida em concreto, implantada na extremidade de


jusante do rápido, visando minimizar a energia do fluxo de água e a
ocorrência de processos erosivos no trecho de restituição ao talvegue
natural.

O sistema extravasor foi dimensionado para a vazão decorrente da chuva de 10.000 anos de
período de retorno, considerando uma borda livre mínima de 1,0 m, conforme recomendação
constante na publicação “Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e
Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração”, (PINHEIRO, 2011).

O dimensionamento do sistema extravasor foi realizado a partir dos hidrogramas de vazões


afluentes, obtidos nos estudos hidrológicos. Adicionalmente, para determinação da vazão
defluente e sobrelevação do nível de água máximo foi considerado o potencial de
amortecimento do reservatório a partir da avaliação do trânsito de cheia, apresentada a
seguir.
5.1.1 Avaliação do Trânsito de Cheia

A simulação do trânsito da cheia de projeto pelo reservatório da barragem foi realizada com
o emprego do Método de Puls Modificado, incorporado ao modelo matemático HEC-HMS
versão 3.5. Esse método é baseado na discretização em diferenças finitas da equação do
balanço hídrico, utilizando como elementos de cálculo as relações cota x descarga do
vertedouro e cota x volume do reservatório, além do hidrograma de vazões afluentes de
projeto, obtido nos estudos hidrológicos. Para realização das simulações adota-se, como
nível de água inicial dos reservatórios, a cota correspondente à soleira vertente (El.
1303,00 m).

A determinação da curva de descarga do sistema extravasor foi efetuada através da


equação de emboque de canal:

2 2
Q  Cd  B  H  gH
3 3
Onde:
- Q: vazão (m³/s);
- Cd: coeficiente de descarga, adimensional. Para o presente
dimensionamento, adotou-se Cd igual a 0,9;
- B: largura da base do vertedouro, adotada com 5,0 metros (m);
- H: carga hidráulica sobre a soleira (m);
- g: aceleração da gravidade (m/s²).

A curva de descarga obtida para o vertedouro está apresentada na FIGURA 5 .2.

1306,50

1306,00

1305,50

1305,00
C ota (m)

1304,50

1304,00

1303,50

1303,00

1302,50
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00

Vazão (m³/s)

FIGURA 5.2 – Curva de Descarga do Sistema Extravasor


A curva cota x volume do reservatório acima da soleira vertente da barragem de rejeitos
Maravilhas III está apresentada na FIGURA 5 .3.
1306,50

1306,00

1305,50

1305,00
C o ta (m )

1304,50

1304,00

1303,50

1303,00

1302,50
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

Volume (1000 m³)

FIGURA 5.3 – Curva Cota x Volume do Reservatório Acima da Soleira Vertente

O resultado do trânsito de cheias pelo reservatório da barragem pode ser visualizado na ,


onde são apresentados os valores das vazões de pico afluentes e defluentes e a
sobrelevação, associadas às durações de chuva para 10.000 anos de período de retorno,
considerando o amortecimento de cheias no reservatório.

TABELA 5.10 – Vazões de entrada e saída para TR 10.000 anos

Vazão Afluente (m³/s) Vazão Defluente (m³/s) Elevação (m)

1 135 4,09 1303,53


2 177 5,80 1303,76
3 187 6,79 1303,89
4 184 7,48 1303,98
Horas

6 168 8,97 1304,09


8 151 10,00 1304,17
10 135 10,68 1304,21
12 122 11,18 1304,25
18 93,4 12,01 1304,31
24 75,7 12,39 1304,34
Vazão Afluente (m³/s) Vazão Defluente (m³/s) Elevação (m)

2 50,7 15,10 1304,53


3 41,3 16,85 1304,65
5 31,7 17,97 1304,73
7 26,7 18,00 1304,74
Dias

10 22,0 17,30 1304,68


15 18,2 15,90 1304,59
20 15,5 14,30 1304,47
30 12,3 11,87 1304,30

A FIGURA 5 .4 apresenta os hidrogramas de vazões de projeto afluente e defluente e o


nível de água, para evento correspondente à duração crítica, igual a 7 dias, para 10.000
anos.

30,0 1308,0

Q Máx Afluente = 26,68m³/s

Crista da Barragem = 1306,00 m


25,0 1306,0
Borda Livre
N.A. Máx Maximorum = 1304,74 m

20,0 1304,0
Q Máx Defluente = 18,05 m³/s

Cota Altimétrica (m)


Vazão (m³/s)

N.A. Máx Normal = 1303,00 m


15,0 1302,0
Hidrograma de Cheia Afluente

Hidrograma de Cheia Defluente

Crista da Barragem
10,0 N.A Max Maximorum 1300,0
NA Max Normal

Cotagrama

5,0 1298,0

0,0 1296,0
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240 264 288
Tempo (h)

FIGURA 5.4 – Trânsito da Cheia com TR 10.000 anos de período de retorno

Na TABELA 5 .11 é apresentada uma síntese dos resultados encontrados nos cálculos do
trânsito de cheia no reservatório da barragem de rejeitos Maravilhas III. Para determinação
da cota de coroamento da Barragem, foi adicionado ao valor de sobrelevação máxima do
nível de água do reservatório para TR 10.000 anos, uma borda livre mínima de 1,00m.

TABELA 5.11 – Síntese do Cálculo das Vazões de Projeto para o Sistema Extravasor.

Variável TR 10.000 anos


Duração crítica (dias) 7
Vazão Máxima Afluente (m³/s) 26,68
Vazão Máxima Defluente (m³/s) 18,05
Sobrelevação Máxima do Nível de Água (m) 1304,74
Cota do Coroamento (m) 1306,00
Borda livre resultante (m) 1,26

A seguir é apresentado o dimensionamento dos elementos constituintes do Sistema


Extravasor da Etapa Final da Barragem de Rejeitos Maravilhas III.

5.1.2 Dimensionamento hidráulico do Sistema Extravasor

5.1.3 Canal de aproximação

O dimensionamento do canal de aproximação foi realizado com base nas vazões máximas
defluentes obtidas do estudo de trânsito de cheias. A altura do canal foi dimensionada com
base na equação de emboque citada anteriormente.

Esta estrutura foi concebida com seção retangular, em concreto armado com 5,0 metros de
base e 3,0 metros de altura. A TABELA 5 .12 apresenta a síntese do dimensionamento
hidráulico do canal do vertedouro.

TABELA 5.12 - Síntese do Dimensionamento Hidráulico do Canal de Aproximação

Variável Barragem Maravilhas III – Etapa Final


Vazão de Projeto (m³/s) 18,05
Largura da Base (m) 5,00
Profundidade do escoamento (m) 1,74
Altura da parede (m) 3,00
Borda livre resultante (m) 1,26

5.1.4 Canal do Rápido

O canal do rápido foi concebido em concreto armado, com geometria retangular, com 3,0
metros de base e 2,0 metros de altura. Apresenta, ainda, nos trechos com alta declividade,
perfil longitudinal em degraus com 0,50 metros de altura, de forma a auxiliar na dissipação
da energia do fluxo de água.

O dimensionamento destas estruturas foi realizado considerando os trechos com declividade


máxima e mínima apresentados pelo canal, para determinação da velocidade máxima e
altura máxima da lâmina de água, respectivamente.

Nos trechos em que esta estrutura apresenta perfil longitudinal em degraus, o


dimensionamento foi realizado pela metodologia Skimming Flow, com o auxílio do programa
HidroWin, desenvolvido pela Departamento de Hidráulica e Recursos Hídricos da Escola de
Engenharia da UFMG, que utiliza metodologia fundamentada no estudo “Flow
Characteristics of Skimmimg Flows in Stepped Channels”, de Othsu, Yasuda e Takahashi,
publicado no Journal of Hydraulics Engineering – ASCE, Setembro/2004. Nos trechos sem
degraus, foi utilizada a metodologia proposta por Manning. O coeficiente de Manning
adotado foi de 0,015, usual para revestimento em concreto.

Os resultados obtidos estão apresentados na TABELA 5 .13.

TABELA 5.13 - Síntese do Dimensionamento Hidráulico do Canal do Rápido

Variável Trecho sem degraus Trecho com degraus


Largura (m) 3,00 3,00
Altura (m) 2,00 2,00
Vazão de Projeto (m³/s) 18,05 18,05
Declividade Mínima (%) 1,81 10,30
Declividade Máxima (%) 8,64 57,81
Velocidade Máxima (m/s) 10,76 9,75
Profundidade Máxima de Escoamento (m) 0,96 1,05
Borda Livre Resultante (m) 1,04 0,95

5.1.5 Bacia de Dissipação

A bacia de dissipação de energia foi projetada para atenuar a velocidade do escoamento


proveniente do rápido, a fim de restituir o fluxo de maneira adequada para o talvegue natural
a jusante.

Para o dimensionamento hidráulico desta estrutura, adotou-se a equação da altura


conjugada do ressalto e a formulação empírica para determinação do comprimento do
ressalto hidráulico, constante na publicação “Hydraulic Design of Stilling Basins and Energy
Dissipators” proposta pela Bureau of Reclamation (1978).

O dimensionamento foi realizado considerando a lâmina de água na entrada da bacia obtida


a partir do trecho final do rápido. A TABELA 5 .14 apresenta os resultados obtidos para o
dimensionamento hidráulico da bacia de dissipação do sistema extravasor.

TABELA 5.14 – Síntese do Dimensionamento Hidráulico da Bacia de Dissipação

Variável Bacia de dissipação


Vazão de Projeto (m³/s) 18,05
Velocidade estimada na entrada da bacia (m/s) 9,44
Número de Froude na entrada 3,23
Largura da bacia (m) 3,00
Variável Bacia de dissipação
Altura da lâmina de água na entrada da bacia (m) 0,87
Altura da lâmina de água conjugada (m) 3,56
Comprimento da bacia mínimo necessário (m) 18,33
Altura da parede adotada (m) 4,00
Comprimento da bacia de dissipação adotado (m) 19,00

5.2 SISTEMA DE DESVIO PARA IMPLANTAÇÃO DA BARRAGEM DE REJEITOS

Quando da construção da barragem, haverá a necessidade de implantação de um sistema


de desvio no leito do rio para manutenção das frentes de obras durante a ocorrência de
eventos de chuva e para minimizar os riscos de acidentes por inundações. Este sistema será
composto pelos seguintes elementos:

 Ensecadeira de montante, concebida em solo lançado, com a finalidade de


redirecionar as águas advindas da drenagem natural para o canal de desvio;

 Canal de desvio, concebido em concreto armado, com seção retangular com


2,0m (base) e 2,0m (altura), sendo o trecho sob o maciço da barragem de
rejeito, um canal fechado tipo galeria;

 Ensecadeira de jusante, concebida com as mesmas características da


ensecadeira de montante, com a finalidade de evitar que o nível de água de
jusante interfira na região de obras.

Como premissa este sistema foi dimensionado considerando a vazão decorrente da chuva
durante o período seco (Abril a Setembro) com 25 anos de período de retorno, considerando
a construção da barragem nesses 6 meses e admitindo um risco de, aproximadamente, 2%.

A seguir é apresentado o dimensionamento hidráulico dos elementos constituintes do


sistema de desvio da barragem.

5.2.1 Ensecadeiras

O sistema de desvio da Barragem de Rejeitos Maravilhas III será composto por duas
ensecadeiras, a de montante e de jusante. A ensecadeira de montante tem a finalidade de
redirecionar as águas advindas da drenagem natural para o canal de desvio. Já a de jusante
foi concebida com o intuito de evitar que o nível de água de jusante interfira na região de
obras.

A determinação da altura do ensecadeira foi efetuada com base na estimativa da


sobrelevação do nível de água na entrada do canal de desvio, decorrente da passagem da
vazão de projeto (3,76 m³/s). A sobrelevação do nível de água a montante do canal foi
efetuada a partir da equação de emboque, apresentada no item 5.1.1.

De acordo com os resultados obtidos, a sobrelevação a montante decorrente da passagem


da vazão de projeto (3,76 m³/s) é de 1,15m, que corresponde a El. 1227,15m. Garantindo
1,00 m de borda livre, a cota da crista da ensecadeira de montante poderia estar na El.
1228,15. No entanto, em virtude das condições do terreno (muito encaixado) e em função do
eixo do canal de desvio ter sido deslocado do fundo do leito do curso de água, a
ensecadeira foi implantada com uma altura de 10,00 metros, estando a cota da crista da na
El. 1236,00m.
5.2.2 Canal de Desvio

O canal de desvio foi concebido em seção retangular revestido em concreto com as


seguintes dimensões: 2,0 m (base) x 2,0 m (altura). No trecho localizado sob o maciço da
Barragem Inicial o canal terá seção fechada, tipo galeria.

O canal de desvio foi dimensionado, a partir da vazão de projeto, para não apresentar carga
hidráulica a montante, funcionando como escoamento livre. Também não está prevista carga
hidráulica a jusante que pudesse afogar a saída da galeria. A verificação hidráulica da
estrutura foi realizada a partir da aplicação da equação de emboque de canal, apresentada
no item 5.1.1.

O resultado obtido para o dimensionamento hidráulico do canal de desvio está apresentado


na TABELA 5 .15.

TABELA 5.15 – Síntese do Dimensionamento Hidráulico do Canal de Desvio

Variável Canal de Desvio


Vazão de projeto (m³/s) 3,76
Tipo da Seção Celular
Declividade longitudinal (%) 0,01
Coeficiente de Manning 0,015
Base (m) 2,00
Altura (m) 2,00
Comprimento (m) 643,61
Profundidade máxima de escoamento (m) 1,15
Borda livre resultante (m) 0,85

5.3 SISTEMA DE DRENAGEM SUPERFICIAL DA BARRAGEM DE REJEITOS

O sistema de drenagem superficial tem por objetivo coletar as águas provenientes do


escoamento superficial sobre o talude de jusante e crista do maciço da Barragem de
Rejeitos Maravilhas III e conduzi-las, de forma ordenada, até os pontos de descarga no
terreno natural, evitando o desenvolvimento de processos erosivos. O sistema proposto é
constituído basicamente pelas seguintes estruturas:

 Canaletas de drenagem nas bermas, cuja função hidráulica será de conduzir


os escoamentos superficiais provenientes das bancadas da barragem até as
descidas de água e/ou aos canais periféricos;

 Descidas de água sobre os taludes, responsáveis por coletar os


escoamentos provenientes das bermas, destinando-os aos canais
periféricos;

 Canais periféricos de coleta e condução de águas superficiais, tendo como


objetivo coletar o escoamento proveniente das bermas, descidas de água e
áreas adjacentes, descartando-os juntos as bacias de dissipação. Os canais
periféricos serão instalados nas ombreiras esquerda e direita da barragem, e
serão concebidos com perfil longitudinal em degraus onde a topografia
possuir altas declividades, de forma a auxiliar na dissipação da energia do
fluxo de água;
 Bacias de dissipação, previstas nas extremidades de jusante dos canais
periféricos, com o objetivo de reduzir a energia do fluxo de água, evitando a
ocorrência de processos erosivos.

As estruturas do sistema de drenagem foram dimensionadas para o escoamento das vazões


de pico, apresentada na TABELA 4 .9, considerando o regime permanente e uniforme. Os
cálculos foram efetuados empregando a equação de Manning:

2
1
Q   A  Rh 3 I
n
Onde:
- Q: vazão (m³/s);
- n: coeficiente de rugosidade de Manning, adotado 0,015 (concreto);
- A: área molhada (m²);
- Rh: raio hidráulico da seção molhada (m);
- I: declividade longitudinal (m/m).

O dimensionamento destas estruturas foi realizado para determinação da altura da lâmina


de água e o critério de velocidades admissíveis. Adotou-se como premissa uma borda livre
de, no mínimo, 40% da altura da lâmina de água (Chow, 1959).

5.3.1 Canaletas de drenagem

As canaletas de drenagem são estruturas com o objetivo de coletar os escoamentos


provenientes das bermas e crista do maciço da barragem de rejeito. Essas estruturas foram
projetadas em seção retangular de concreto, com base e altura de 0,5 metros, com
inclinação longitudinal de 0,5%.

Para o cálculo da vazão de projeto de dimensionamento das canaletas de drenagem,


considerou-se como referência a estrutura de maior área de contribuição.

Os resultados obtidos para o dimensionamento hidráulico das canaletas de drenagem das


bermas para a Barragem de Rejeitos Maravilhas III estão apresentados na TABELA 5 .16.

TABELA 5.16 – Síntese do Dimensionamento Hidráulico das Canaletas das Bermas

Variável Canaletas sobre as Bermas


Vazão de projeto (m³/s) 0,097
Declividade longitudinal (%) 0,50
Coeficiente de Manning 0,015
Largura(m) 0,50
Velocidade máxima (m/s) 1,06
Profundidade máxima de escoamento (m) 0,18
Altura (m) 0,50

5.3.2 Descidas de água

As descidas de água foram concebidas no maciço da barragem, em concreto, com


geometria retangular, tendo o seu fundo constituído por degraus nos trechos dos taludes, de
forma a auxiliar na dissipação da energia do fluxo de água.

O dimensionamento desta estrutura foi realizado utilizando a metodologia do Skimmimg


Flow para os trechos com degraus e por Manning, nos trechos sem degraus.
Os resultados obtidos para o dimensionamento hidráulico das descidas de água da
Barragem de Rejeitos Maravilhas III estão apresentados na TABELA 5 .17.

TABELA 5.17 – Síntese do Dimensionamento Hidráulico das Descidas de Água

Descida de água 01 (D-01) Descida de água 02 (D-02)


Variável Trecho sem Trecho com Trecho sem Trecho com
degraus degraus degraus degraus
Vazão de projeto (m³/s) 0,603 0,603 0,767 0,767
Largura (m) 1,00 1,00 1,00 1,00
Declividade mínima (%) 2,43 44,71 2,28 39,15
Declividade máxima (%) 3,59 50,13 4,77 49,89
Altura do degrau (m) - 0,50 - 0,50
Velocidade máxima (m/s) 3,30 5,96 3,93 5,95
Profundidade máxima de escoamento (m) 0,21 0,29 0,25 0,30
Altura da parede (m) 1,00 1,00 1,00 1,00

5.3.3 Canais Periféricos

Os canais periféricos foram projetados com seção retangular e revestimento em concreto,


com o perfil longitudinal acompanhando o terreno natural. Tais estruturas foram concebidas
em degraus, nos trechos onde a topografia apresenta altas declividades.

O dimensionamento destas estruturas foi realizado considerando os trechos com declividade


máxima e mínima apresentados pelo canal, para determinação da velocidade máxima e
altura máxima da lâmina de água, respectivamente.

Nos trechos em que esta estrutura apresenta perfil longitudinal em degraus, o


dimensionamento foi realizado pela metodologia Skimming Flow, com o auxílio do programa
HidroWin. Nos trechos sem degraus, foi utilizada a metodologia proposta por Manning,. O
coeficiente de Manning adotado foi de 0,015, usual para revestimento em concreto.

Os resultados obtidos para o dimensionamento hidráulico dos canais periféricos estão


apresentados na TABELA 5 .18 a seguir. O canal periférico CP-01 localiza-se na margem
esquerda do maciço, ao passo que o CP-02 encontra-se na margem direita.

TABELA 5.18 – Síntese do Dimensionamento Hidráulico dos Canais Periféricos

Canal Periférico 01 (CP-01) Canal Periférico 02 (CP-02)


Variável Trecho sem Trecho com Trecho sem Trecho com
degraus degraus degraus degraus
Vazão de projeto (m³/s) 1,65 1,65 2,10 2,10
Largura (m) 1,00 1,00 1,00 1,00
Declividade mínima (%) 1,22 10,41 1,20 10,39
Declividade máxima (%) 8,89 52,18 8,57 27,55
Altura do degrau (m) - 0,50 - 0,50
Velocidade máxima (m/s) 6,19 7,13 6,56 6,24
Profundidade max. de escoamento (m) 0,55 0,63 0,66 0,56
Altura da parede (m) 1,00 1,00 1,00 1,00
5.3.4 Bacia de Dissipação

A bacia de dissipação foi dimensionada para atenuar a velocidade do escoamento no


término dos canais periféricos. Para tanto, adotou-se a equação de Bèlanger para
caracterização do ressalto e a formulação empírica para determinação de seu comprimento
constante na publicação “Hydraulic Design of Stilling Basins and Energy Dissipators”
proposta pela Bureau of Reclamation (1978).

O dimensionamento foi realizado considerando a lâmina de água na entrada da bacia obtida


a partir do trecho final dos canais periféricos. A bacia de dissipação BD-01 está localizada no
final do canal periférico CP-01, ao passo que a bacia de dissipação BD-02, corresponde ao
canal periférico CP-02. Logo, a bacia de dissipação BD-01 está implantada na margem
esquerda do maciço, e a BD-02, na margem direita.
A TABELA 5 .19 apresenta os resultados obtidos para o dimensionamento hidráulico da
bacia de dissipação.

TABELA 5.19 – Síntese do Dimensionamento Hidráulico das Bacias de Dissipação

Variável BD-01 BD-02


Vazão de Projeto (m³/s) 1,653 2,098
Velocidade estimada na entrada da bacia (m/s) 5,38 4,43
Número de Froude na entrada da bacia 3,10 1,73
Largura da bacia (m) 1,00 1,00
1
Altura da lâmina de água na entrada da bacia (m) 0,31 0,67
Altura da lâmina de água conjugada (m) 1,20 1,34
Comprimento da bacia mínimo necessário (m) 6,18 4,60
Altura da bacia de dissipação adotada (m) 2,00 2,00
Comprimento da bacia de dissipação adotado (m) 7,00 5,00

6.0 RECOMENDAÇÕES FINAIS

Para o Relatório do Projeto Básico, será realizada a consolidação dos estudos


hidrológicos/hidráulicos, considerando:

 Plano de disposição de rejeitos;

 Estudos de balanço hídrico do reservatório da barragem de rejeitos


contemplando o seu aproveitamento para regularização e recirculação de
água;

 Estudos para concepção do sistema de drenagem superficial e do sistema


extravasor para a etapa inicial da barragem;

 Refinamento do cálculo do sistema extravasor da barragem na etapa final


considerando a morfologia da praia de rejeitos.

 Validação dos estudos para concepção do sistema de desvio para


construção da barragem considerando a etapa inicial da Barragem.
7.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT - NBR 13.028. “Elaboração e apresentação do projeto de barragens de rejeito”. ABNT.


2006.

BAPTISTA, J.A.; COELHO, M.L.P.C.; CIRILO, J.A. “Hidráulica Aplicada”. ABRH. 2001.

CETESB. “Drenagem urbana – Manual de projeto”. CETESB. 1986.

CHOW, V.T.; MAIDMENT, D.R.; MAYS, L.W. “Applied hydrology”. 1ª ed. McGraw-Hill. 1988.

PINHEIRO, M.C. “Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos


Hidráulicos em Obras de Mineração”. Porto Alegre: ABRH, 2011.

TORRICO, J.J.T.. “Práticas hidrológicas”. 2ª ed. TRANSCON. 1974.

TUCCI, C.E.M.. “Hidrologia Ciência e Aplicação”. 4ª ed. UFRGS/ABRH Editora. 2009.

U.S. ARMY CORPS OF ENGINEERS. “HEC-HMS version 3.2”. Institute for Water
Resources (Hydrologic Engineering Center). 2008.
8.0 EQUIPE TÉCNICA

EMPRESA RESPONSÁVEL POR ESTE RELATÓRIO


Razão social: VOGBR RECURSOS HÍDRICOS &
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