Você está na página 1de 49

Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)

PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04

AULA 04: CONCURSO DE PESSOAS E CONCURSO


DE CRIMES.

SUMÁRIO PÁGINA
Apresentação da aula e sumário 01
I – Concurso de Pessoas 02
II – Concurso de Crimes 17
Lista das Questões 30
Questões comentadas 36
Gabarito 49

Olá, meus amigos concurseiros! Devorando os papiros?

Hoje é dia de estudarmos dois institutos que costumam ser


bastante cobrados em provas de concursos públicos: Concurso de
pessoas e concurso de crimes.

Chega de papo. Ao trabalho!

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04

I – CONCURSO DE PESSOAS

O concurso de pessoas pode ser conceituado como a colaboração


de dois ou mais agentes para a prática de um delito ou
contravenção penal.

O concurso de pessoas é regulado pelos arts. 29 a 31 do CP:

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide


nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode


ser diminuída de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime


menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será
aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o
resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

Circunstâncias incomunicáveis

Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de


caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Casos de impunibilidade

Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio,


salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o
crime não chega, pelo menos, a ser tentado. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04

Cinco são os requisitos para que seja caracterizado o concurso de


pessoas:

 Pluralidade de agentes culpáveis – Para que possamos


falar em concurso de pessoas, é necessário que ambos os
agentes sejam imputáveis. Assim, se um maior de 18 anos
(penalmente imputável) determina a um menor de 18 anos
(inimputável) que realize um homicídio, não há concurso de
pessoas, mas autoria mediata, pois o autor do crime foi o
mandante, que se valeu de um inimputável para praticar o
crime. Não há concurso, pois um dos agentes não era
imputável. Essa regra só se aplica aos crimes
unissubjetivos (aqueles em que basta um agente para sua
caracterização). Nos crimes plurissubjetivos (aqueles em
que necessariamente deve haver mais de um agente, como
no crime de quadrilha ou bando, por exemplo – art. 288 do
CP), se um dos colaboradores é inimputável (ou não é
culpável por qualquer razão), mesmo assim permanece
o crime. Nos crimes eventualmente plurissubjetivos (crime
de furto, por exemplo, que eventualmente pode ser um crime
qualificado pelo concurso de pessoas, embora seja, em regra,
unissubjetivo) também não é necessário que todos os agentes
sejam imputáveis, bastando que apenas um o seja. Nessas
duas últimas hipóteses, no entanto, não há propriamente
concurso de pessoas, mas o que a Doutrina chama de
concurso impróprio, ou concurso aparente de pessoas.

 Relevância da colaboração – A participação do agente deve


ser relevante para a produção do resultado, de forma que a
colaboração que em nada contribui para o resultado é um
indiferente penal. Além disso, a colaboração deve ser prévia
ou concomitante à execução, ou seja, anterior à consumação

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
do delito. Se a colaboração for posterior à consumação do
delito, como o fato já ocorreu, não há concurso de pessoas,
podendo haver, no entanto, outro crime (favorecimento real,
receptação, etc). Porém, se a colaboração for posterior à
consumação, mas combinada previamente, há concurso de
pessoas. Ex: Imagine que Poliana decide matar seus pais, e
combina com seu namorado para que ele esteja às 20h em
ponto na porta de sua casa para lhe ajudar na fuga. Assim, a
conduta do namorado (auxiliar na fuga) é posterior à
consumação, mas fora combinada anteriormente, havendo,
portanto, concurso de pessoas. Diversa seria a hipótese, no
entanto, se o namorado tivesse ido à casa da namorada sem
saber que deveria lhe ajudar na fuga. Lá chegando, a
namorada conta o ocorrido e ele, a partir daí, concorda em
auxiliá-la na fuga. Nessa hipótese, o namorado comete o
crime de favorecimento pessoal (nos termos do art. 348 do
CP). Cuidado com isso!

 Vínculo subjetivo (ou liame subjetivo) – Também é


conhecido como concurso de vontades. Assim, para que
haja concurso de pessoas, é necessário que a colaboração dos
agentes deva ter sido ajustada entre eles, de modo que a
colaboração meramente causal, sem que tenha havido
combinação entre os agentes, não caracteriza o concurso de
pessoas. Trata-se do princípio da convergência. Caso haja
colaboração dos agentes para a conduta criminosa, mas sem
vínculo subjetivo entre eles, estaremos diante da autoria
colateral, e não da coautoria.

 Unidade de crime (ou contravenção) para todos os


agentes – Nos termos do art. 29 do CP: Art. 29 - Quem, de
qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
nº 7.209, de 11.7.1984). Daí podemos perceber que se 20

pessoas colaboram para a prática de um delito (homicídio, por


exemplo), todas elas respondem pelo homicídio,
independentemente da conduta que tenham praticado (um
apenas conseguiu a arma, o outro dirigiu o veículo da fuga,
outro atraiu a vítima, etc.). Trata-se da teoria unitária ou
monista, adotada como regra pelo Código Penal. No
entanto, existem exceções à teoria monista, ou seja,
existem casos em que o Código Penal adota a teoria
pluralista, estabelecendo que a colaboração de cada um dos
agentes acarretará no enquadramento de cada um em crime
específico. Por exemplo: Quando um particular oferece
propina a um funcionário público, que aceita, o particular
comete o crime de corrupção ativa (art. 333) e o funcionário
público comete o crime de corrupção passiva (art. 317 do CP);
 Existência de fato punível – Trata-se do princípio da
exterioridade. Assim, é necessário que o fato praticado pelos
agentes seja punível, o que de um modo geral exige pelo
menos que este fato represente uma tentativa de crime, ou
crime tentado. Para a caracterização do crime tentado, é
necessário que seja dado início à execução do crime. Se o fato
ficar meramente no plano abstrato, no plano da cogitação,
não há fato punível, nos termos do art. 14, II do CP. O art. 31
do CP determina, ainda, de modo específico para a hipótese
de concurso de pessoas, que a colaboração só é punível se o
crime for, ao menos, tentado: Art. 31 - O ajuste, a
determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição
expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não
chega, pelo menos, a ser tentado. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984).

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
I.a) Modalidades de concurso de pessoas

A) Coautoria

Para entendermos o fenômeno da coautoria, devemos,


primeiramente, estudar o que seria a autoria do delito.

Várias teorias, ao longo do tempo, procuraram definir quem seria o


autor do crime.

A teoria subjetiva ou unitária não diferenciava autor e partícipe,


considerando que todos aqueles que concorriam para o crime eram
autores do delito.

Já a teoria extensiva, apesar de entender, também, que todos os


colaboradores eram autores do crime, estabelecia penas diversas
conforme o grau de culpa de cada um deles.

Por fim, a teoria objetiva ou dualista faz clara distinção entre


autor e partícipe. Foi a teoria adotada pelo CP. Agora que já
sabemos que o CP diferencia autor e partícipe, precisamos saber qual é o
critério para se diferenciar um do outro. Três teorias surgiram.

A primeira teoria, a teoria objetivo-formal, estabelece que autor


é quem realiza a conduta prevista no núcleo do tipo, sendo partícipes
todos os outros que colaboraram para isso, mas não realizaram a conduta
descrita no núcleo do tipo. Para esta teoria, por exemplo, no crime de
homicídio, somente seria autor aquele que efetivamente praticasse a
conduta de ―matar‖ alguém. Todos os outros colaboradores seriam
partícipes. O grande problema desta teoria é considerar o autor
intelectual (mandante) como partícipe, e não como autor. Mais que isso:
Essa teoria não explica o fenômeno da autoria mediata (quando alguém
se vale de um inimputável para cometer um crime).

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
A segunda teoria, a teoria objetivo-material, entende que autor é
quem colabora com participação de maior importância para o crime, e
partícipe é quem colabora com participação de menor importância,
independentemente de quem pratica o núcleo do tipo (verbo que
descreve a conduta criminosa – matar, subtrair, etc).

A terceira e última teoria, a teoria do domínio final do fato,


criada pelo pai do finalismo, Hans Welzel, entende que autor é todo
aquele que possui o domínio da conduta criminosa, seja ele o executor
(quem pratica a conduta prevista no núcleo do tipo) ou não. Para esta
teoria, o autor seria aquele que decide o trâmite do crime, sua prática ou
não, etc. Essa teoria explica, satisfatoriamente, o caso do mandante, por
exemplo, que mesmo sem praticar o núcleo do tipo (―matar alguém‖),
possui o domínio do fato, pois tem o poder de decidir sobre o rumo da
prática delituosa.

Para esta teoria, o partícipe existe, e é aquele que contribui para a


prática do delito, embora não tenha poder de direção sobre a conduta
delituosa. O partícipe só controla a própria vontade, mas a não a conduta
criminosa em si, pois esta não lhe pertence.

O erro desta última teoria é não se aplicar aos crimes culposos, pois
neste não há domínio final do fato, pois o fato final (resultado) não é
buscado pelos agentes, que pretendiam outro resultado.

A teoria adotada pelo CP é a teoria objetivo-formal,


considerando autor aquele que realiza a conduta descrita no núcleo do
tipo. Entretanto, deve ser usada a teoria do domínio do fato para os
crimes em que há autoria mediata, autoria intelectual, etc., de forma
a complementar a teoria adotada.

Desta maneira, após entendermos quem seria considerado autor do


delito para o CP, podemos definir a coautoria como a espécie de concurso
de pessoas na qual duas ou mais pessoas praticam a conduta descrita no
núcleo do tipo penal. Assim, no crime de roubo, se duas ou mais pessoas

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
entram num banco, portando armas, e anunciam um assalto, todas elas
praticaram a conduta descrita no núcleo do tipo do art. 157, § 2°, I e II
do CP (subtrair para si ou para outrem, mediante violência ou grave
ameaça...). Logo, todas são coautoras do delito.

Porém, no mesmo exemplo, o motorista que fica do lado de fora (o


―piloto de fuga‖) é considerado partícipe, pois embora concorra para a
prática do delito, não pratica a conduta descrita no núcleo do tipo penal.

A coautoria pode ser funcional (ou parcial), que é aquela na qual


a conduta dos agentes são diversas e se somam, de forma a produzir o
resultado. Assim, se Ricardo segura a vítima para que Poliana a
espanque, ambos são coautores do crime de lesão corporal, mediante
coautoria funcional.

Porém, a coautoria pode ser, ainda, material (direta), que é a


hipótese em que ambos os coautores realizam a mesma conduta. Assim,
no exemplo acima, se Ricardo e Poliana espancassem a vítima, ambos
seriam coautores mediante coautoria material.

No quadro abaixo vou mostrar para vocês algumas hipótese


polêmicas de aplicação do instituto da coautoria:

Admite-se a coautoria nos crimes próprios , desde que ambos


os agentes possuam a qualidade exigida pela lei, ou que, aqueles
que não a possuem, ao menos tenham ciência de que o outro
agente age nessa qualidade;

 Não se admite a coautoria nos crimes de mão-própria, pois


são considerados de conduta infungível, só podendo ser praticados
pelo sujeito especificamente descrito pela lei;

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
 A Doutrina se divide quanto à possibilidade de coautoria em crimes
omissivos, mas boa parte entende ser possível;

 Na autoria mediata não há concurso de pessoas entre autor


mediato autor imediato, respondendo apenas o autor mediato, que
se valeu de alguém sem culpabilidade para a execução do delito;

 Entretanto, é possível coautoria e também participação na autoria


mediata, desde que haja colaboração entre os agentes mediatos.
NUNCA HAVERÁ CONCURSO DE PESSOAS ENTRE AUTOR
MEDIATO E AUTOR IMEDIATO;

 CUIDADO! Na coação física irresistível, não há autoria mediata,


mas autoria direta, pois o agente que realiza a ação não possui
conduta, já que não há vontade. Nesse caso, aquele que pratica a
coação física irresistível é autor direto, não mediato;

 Admite-se a autoria mediata nos crimes próprios, mas não nos


crimes de mão própria (há alguns doutrinadores que entendem ser
possível).

B) Participação

Conforme estudamos, no Brasil adotou-se a teoria objetivo-


formal, distinguindo-se autor e partícipe. Assim, podemos definir a
participação como a modalidade de concurso de pessoas na qual o agente
colabora para a prática delituosa, mas não pratica a conduta descrita no
núcleo do tipo penal.

A participação pode ser:

 Moral – É aquela na qual o agente não ajuda materialmente


na prática do crime, mas instiga ou induz alguém a praticar o
crime. A instigação ocorre quando o partícipe age no
psicológico do autor do crime, reforçando a idéia criminosa,

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
que já existe na mente deste. O induzimento, por sua vez,
ocorre quando o partícipe faz surgir a vontade criminosa na
mente do autor, que não tinha pensado no delito;

 Material – A participação material é aquela na qual o


partícipe presta auxílio ao autor, seja fornecendo objeto para
a prática do crime, seja fornecendo auxílio para a fuga, etc.
Este auxílio não pode ser prestado após a consumação, salvo
se o auxílio foi previamente ajustado.

Como o partícipe não pratica a conduta descrita no núcleo do


tipo penal, como puni-lo?

Como a conduta do partícipe é considerada acessória em relação à


conduta do autor (que é principal), o partícipe é punido em razão da
teoria da acessoriedade. Porém, três teorias da acessoriedade existem:

 Teoria da acessoriedade mínima – Entende que a conduta


principal deva ser um fato típico, não importando se é ou não
um fato ilícito. EXEMPLO: Imagine que Marcio e João
combinam de matar Paulo. Na data combinada para a
execução, Marcio guia o carro até o local e fica esperando do
lado de fora. João se dirige até Paulo e, após uma discussão,
Paulo começa a agredir João, que na verdade mata Paulo em
legítima defesa. João matou Paulo em legítima defesa e não
em razão do ajuste com Marcio (não tendo praticado fato
ilícito, mas apenas típico), mas por esta teoria, mesmo assim
Marcio responderia como partícipe do crime. Veja que João,
de fato, matou Paulo. Contudo, o fato não é ilícito, pois João
agiu em legítima defesa. Porém, para esta teoria, ainda que a
conduta de João seja considerada apenas típica, mas não
ilícita, Marcio deveria ser punido;

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
 Teoria da acessoriedade limitada – Exige que o fato
praticado (conduta principal) seja pelo menos uma conduta
típica e ilícita. Assim, no exemplo dado acima, a conduta do
partícipe Marcio não é punível, pois a conduta principal,
apesar de típica, não é ilícita. Veja que, para esta corrente
Doutrinária, se o fato praticado pelo autor NÃO FOR
ILÍCITO (Ainda que seja um fato típico), em razão de
legítima defesa, etc., o partícipe não deve ser punido;

 Teoria da acessoriedade máxima – Para esta teoria, o


partícipe só será punido se o fato for típico, ilícito e praticado
por agente culpável. Essa teoria faz exigência irrazoável, pois
a culpabilidade é uma questão pessoal do agente, não
guardando relação com o fato. Assim, imagine que Carlos,
maior de idade, seja partícipe de um roubo praticado por
Lucas, menor de idade. Para esta corrente, Carlos não
poderia responder pelo roubo praticado (na qualidade
de partícipe), pois Lucas (o autor principal) é
inimputável (não tem culpabilidade), sendo o fato
apenas típico e ilícito, sem o complemento da
culpabilidade.

 Teoria da hiperacessoriedade – Exige que, além de o fato


ser típico e ilícito e o agente culpável, o autor tenha sido
efetivamente punido para que o partícipe responda pelo
crime. É ainda mais irrazoável que a última. Imagine que José
seja partícipe de um roubo praticado por Marcelo. No decorrer
do processo, Marcelo vem a falecer (o que gera a extinção da
punibilidade de Marcelo, nos termos do CP). Para esta
corrente, como houve extinção da punibilidade em
relação a Marcelo (o autor do delito), o partícipe (José)
não poderá mais ser punido.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
O Nosso CP não adotou expressamente nenhuma das quatro
teorias, mas com certeza não adotou a teoria da acessoriedade mínima
nem a teoria da hiperacessoriedade (as extremas).

A Doutrina entende que a teoria que mais se amolda ao


nosso sistema é a teoria da acessoriedade limitada, exigindo que o
fato seja somente típico e ilícito para que o partícipe responda pelo crime.
No entanto, a acessoriedade máxima é a que mais se coaduna com
o instituto da autoria mediata, razão pela qual deve ser citada
quando a questão se referir à autoria mediata.

Questões interessantes acerca da participação:

 A lei admite a redução da pena de 1/6 a 1/3 se a participação é de


menor importância (art. 29, § 1° do CP). Isto não se aplica às
hipóteses de coautoria, mas apenas à participação;

 A Doutrina admite a participação nos crimes omissivos por


omissão, quando o partícipe devia e podia evitar o resultado (art.
13, § 2° do CP);

 A participação inócua não se pune. Assim, se A empresta uma


faca a B, de forma a auxiliá-lo a matar C, e B mata C usando seu
revólver, a participação de A foi absolutamente inócua, pois em
nada auxiliou no resultado. Da mesma forma, se A instiga B a
matar C, e B realiza a conduta porque já estava determinado a
isso, a instigação promovida por A não teve qualquer eficácia, pois
B já mataria C de qualquer forma;

 Participação em cadeia é possível: Assim, se A empresta uma


arma a B, para que este a empreste a C, a fim de que este último
mate D, tanto A quanto B são partícipes do crime, por prestarem

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
auxílio material em cadeia;

 A participação em ação alheia ocorre quando o partícipe, sem


qualquer liame subjetivo com o autor, contribui de maneira culposa
para a prática do delito. Assim, o funcionário público que não
tranca a porta da repartição ao final do expediente, e esta vem a
ser furtada por um particular na madrugada, responde por peculato
culposo (art. 312, § 2° do CP), enquanto o particular responde por
furto. Não há concurso de pessoas pois falta o liame subjetivo
entre ambos (coerência de vontades).

Circunstâncias incomunicáveis

O art. 30 do CP estabelece que:

Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições


de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Antes de estudarmos a comunicabilidade ou não das circunstâncias,


devemos diferenciar a mera circunstância da circunstância elementar do
crime.

A circunstância elementar é aquela que se refere a algo


indispensável para a caracterização do crime. Assim, a circunstância
―alguém‖ no crime de homicídio, é uma elementar, pois se o fato for
praticado contra um animal, não haverá homicídio.

Por sua vez, a mera circunstância não é indispensável à


caracterização do crime, pois apenas agregam um fato que, se presente,
aumenta ou diminui a pena. Assim, o ―motivo torpe‖ é uma circunstância
não-elementar, ou mera circunstância, pois caso o fato seja praticado

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
sem essa circunstância, continua a existir homicídio, no entanto, sem a
qualificadora.

A) Espécies de elementares e de circunstâncias

Podem ser subjetivas (de caráter pessoal), quando relativas à


pessoa do agente. É o caso da condição de funcionário público, que é
pessoal, pois se refere ao agente.

Podem ser, ainda, objetivas (ou de caráter real), quando se


referem ao fato criminoso em si, seu modus operandi, etc. Assim, o
emprego de violência, no crime de roubo (art. 157 do CP) é uma
elementar objetiva.

As condições pessoais não se confundem com as


circunstâncias ou elementares de caráter pessoal. As primeiras são
fatores pessoais do agente, que independem da prática da infração penal.
Assim, o fato de o agente ser menor de 21 anos é uma condição pessoal,
e não uma circunstância de caráter pessoal, tampouco uma elementar.

Com base nesses três institutos (elementares, circunstâncias e


condições pessoais), podemos extrair três regras do CP:

 As circunstâncias e condições de caráter pessoal não se


comunicam – Se A contrata B, para que este mate C, em
razão deste último ter estuprado sua filha, A comete o crime
de homicídio privilegiado, em razão do relevante valor moral
(art. 121, § 1° do CP). Entretanto, B comete o crime de
homicídio simples (art. 121), pois a circunstância ―relevante
valor moral‖ é pessoal, não se estendendo ao coautor;

 As circunstâncias de caráter real, ou objetivas, se


comunicam – Porém, é necessário que a circunstância
tenha entrado na esfera de conhecimento dos demais
agentes. Imagine que A contra B para matar C. B informa a
A que usará de emboscada (portanto, homicídio qualificado,

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
nos termos do art. 121, § 2° do CP), e A concorda com isto.
Nesse caso, a circunstância objetiva ―emboscada‖ (relativa ao
meio utilizado), se comunica, pois embora A não tenha usado
de emboscada, concordou com esta prática por B.
Diversamente, se B praticasse o crime mediante emboscada
sem nada comunicar ao mandante, A, esta circunstância não
se comunicaria, por não ter entrado na esfera de
conhecimento de A;

 As elementares sempre se comunicam, sejam objetivas


ou subjetivas – No entanto, mais uma vez se exige que
estas elementares tenham entrado no âmbito de
conhecimento dos demais agentes. Imaginem que Júlio,
servidor público, convida Marcelo a entrar na repartição onde
trabalham, valendo-se da condição de Júlio, para subtrair
alguns computadores. Caso Marcelo conheça a condição de
funcionário público de Júlio, ambos respondem pelo crime de
peculato-furto (art. 312, § 1° do CP). Caso Marcelo
desconheça essa circunstância elementar, responde ele
apenas pelo crime de furto, pois a ausência dessa
circunstância faz desaparecer o crime de peculato-furto, mas
a conduta ainda é punível como furto comum.

Não confundam coautoria com autoria colateral. Na coautoria, deve


haver vínculo subjetivo ligando as condutas de ambos os autores. Na
autoria colateral, ambos praticam o núcleo do tipo, mas um não
age em acordo de vontades com o outro. Imaginem que A e B,
desafetos de C, sem que um saiba da existência do outro, escondem-se

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
atrás de árvores esperando a passagem de C, a fim de matá-lo. Quando
C passa, ambos atiram, e C vem a óbito. Nesse caso, não houve
coautoria, mas autoria colateral. Entretanto, aí vai mais uma informação:
Imaginem que o laudo identifique que apenas uma bala atingiu C, direto
na cabeça, levando-o a óbito. Nesse caso, o laudo não conseguiu apontar
de qual arma saiu a bala que matou C. Nesse caso, como não se pode
definir quem efetuou o disparo fatal, ambos respondem pelo crime de
homicídio TENTADO, pois não se pode atribuir a nenhum deles o
homicídio consumado, já que o laudo é inconclusivo quanto a isto. Este é
o fenômeno da autoria incerta. No entanto, se ambos estivessem agindo
em conluio, com vínculo subjetivo, ou seja, se houvesse concurso de
pessoas, ambos responderiam por crime de homicídio CONSUMADO,
pois nesse caso seria irrelevante saber de qual arma partiu a bala que
levou C a óbito.

Cooperação dolosamente distinta

A cooperação dolosamente distinta, também chamada de


―participação em crime menos grave‖, ocorre quando ambos os agentes
decidem praticar determinado crime, mas durante a execução, um deles
decide praticar outro crime, mais grave. Nesse caso, aplica-se o art. 29, §
2° do CP:

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide


nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

(...)

§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime


menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será
aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

Vou dar um exemplo: Imaginem que Camila e Herval combinam de


realizar um furto a uma casa que imaginam estar vazia. Camila espera no
carro enquanto Herval adentra à residência. Entretanto, ao chegar à
residência, Herval se depara com dois seguranças, e troca tiros com
ambos, levando-os a óbito (sinistro esse cara). Após, entra na casa e
subtrai diversos bens. Volta ao carro e ambos fogem.

Camila não quis participar de um latrocínio (que foi o que


efetivamente ocorreu), mas apenas de um furto. Assim, segundo a
primeira parte do § 2° do art. 29 do CP, responderá somente pelo furto.

Entretanto, se ficar comprovado que Camila podia prever que o


latrocínio era provável (se soubesse, por exemplo, que Herval estava
armado e que havia a possibilidade de ter seguranças na casa), a pena do
crime de furto (não a do latrocínio!!) será aumentada até a metade.

A lei diz ―até a metade‖, logo, o aumento pode não chegar a esse
patamar. O aumento de pena irá variar conforme o grau de previsibilidade
do crime mais grave para o qual Camila não se predispôs mas era
previsível.

II – CONCURSO DE CRIMES

Assim como é plenamente possível que duas ou mais pessoas se


unam para praticar determinado delito, é plenamente possível que de
uma mesma conduta (ou de uma série de condutas interligadas) surjam
vários crimes.

O concurso de crimes pode ser de três espécies: concurso


formal, concurso material e crime continuado.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
A exata caracterização de cada um dos institutos é bastante
importante, pois isso influenciará na adoção do sistema de aplicação da
pena.

Três também são os sistemas de aplicação da pena:

 Sistema do cúmulo material – Aqui, ao agente é aplicada a


pena correspondente ao somatório das penas relativas a cada
um dos crimes cometidos isoladamente. Foi adotado no que
tange ao concurso material (art. 69 do CP), no concurso
formal impróprio ou imperfeito (art. 70, caput, 2° parte) e no
concurso de penas de multa (art. 72 do CP);

 Sistema da exasperação – Aplica-se ao agente somente


a pena da infração penal mais grave, acrescida de
determinado percentual. Foi acolhido no que se refere ao
concurso formal próprio ou perfeito (art. 70, caput, primeira
parte, do CP) e ao crime continuado (art. 71 do CP);

 Sistema da absorção – Aplica-se somente a pena da


infração penal mais grave, dentre todas as praticadas, sem
que haja qualquer aumento. Foi adotado
(jurisprudencialmente) em relação aos crimes falimentares.

Concurso material (ou real) de crimes

Está regulado pelo art. 69 do CP:

Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou


omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-
se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que
haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de
reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido
aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos
crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata
o art. 44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o


condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis
entre si e sucessivamente as demais. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

Nesse fenômeno, o agente pratica duas ou mais condutas e produz


dois ou mais resultados. Pode ser homogêneo, quando todos os crimes
praticados são idênticos, ou heterogêneo, quando os crimes são
diferentes.

Esse cúmulo de penas deve ser aplicado pelo Juiz na hora da


sentença, se os processos tiverem sido reunidos por conexão, ou pelo Juiz
da execução, caso tenham sido aplicadas as penas em processos diversos
(nos termos do art. 66, III, a da LEP).

Se for imposta pena de reclusão a um dos crimes e de detenção a


outro, executa-se primeiramente a de reclusão, nos termos do art. 69,
caput, segunda parte, do CP.

Só será possível a aplicação de penas restritivas de direitos a um


dos crimes se em relação aos outros foi aplicada pena também restritiva
de direitos ou, em caso de ter sido aplicada pena privativa de liberdade,
esta foi suspensa (é o chamado sursis), nos termos do art. 69, § 1° do
CP.

As penas restritivas de direitos podem ser cumpridas


simultaneamente, desde que compatíveis. Assim, a pena de limitação de
final de semana não pode ser cumprida simultaneamente com outra

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
restritiva de direitos idêntica (limitação de final de semana), pois nesse
caso o agente estaria cumprindo apenas uma das penas (e pagando as
duas o malandro!). Entretanto, é plenamente possível o cumprimento
simultâneo de pena restritiva de direitos consistente em prestação de
serviços à comunidade e outra consistente em prestação pecuniária ($$),
pois isso não importa em prejuízo a ninguém (nem ao Estado nem ao
infrator).

Só é possível a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei


9.099/95) se o somatório das penas mínimas previstas para todos os
crimes for inferior a um ano. Assim, se o acusado praticou dois crimes em
concurso material, sendo a pena mínima de ambos estipulada em 03
meses de detenção, é possível a suspensão condicional do processo.

Concurso formal de crimes

No concurso formal, ou ideal, o agente, mediante uma única


conduta, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Nos termos do
art. 70 do CP:

Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão,


pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a
mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma
delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até
metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se
a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam
de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo
anterior.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível


pela regra do art. 69 deste Código. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04

Primeiramente, deve ser esclarecido a vocês que deve haver


unidade de conduta e pluralidade de resultados. No entanto, a
unidade de conduta não significa unidade de atos, pois existem condutas
que podem ser fracionadas em diversos atos, como no caso de alguém
que mata outra pessoa com diversas pauladas na cabeça. Embora neste
caso haja diversos atos, há unidade de conduta.

O concurso formal será homogêneo se todos os crimes cometidos


mediante a conduta única forem idênticos, e será heterogêneo se os
crimes praticados forem diversos.

O concurso formal pode ser, ainda, perfeito ou imperfeito:

 Concurso formal perfeito (próprio) – Aqui o agente pratica


uma única conduta e acaba por produzir dois resultados,
embora não pretendesse realizar ambos, ou seja, não há
desígnios autônomos (intenção de, com uma única conduta,
praticar dolosamente mais de um crime). Esse tipo de
concurso só pode ocorrer, portanto, entre crimes culposos, ou
entre um crime doloso e um ou vários crimes culposos.
Exemplo: Imaginem que Camila, dirigindo seu Bugatti pelas
ruas de São Paulo, em altíssima velocidade, atropela, sem
querer, um pedestre, que vem a óbito, e causa lesões graves
em outro pedestre. Nesse caso, Camila responde pelos crimes
de homicídio culposo e lesão corporal culposa em concurso
formal, aplicando-se a ela a pena do homicídio culposo (mais
grave) acrescida de 1/6 até a metade;

 Concurso formal imperfeito (impróprio) – Aqui o agente


se vale de uma única conduta para, dolosamente, produzir
mais de um crime. Imaginem que, no exemplo anterior,
Camila desejasse matar o pedestre, antigo desafeto, bem
como lesionar o outro pedestre (sua ex-sogra). Assim, com

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
sua única conduta, Camila objetivou praticar ambos os
crimes, respondendo por ambos em concurso formal
imperfeito, e lhe será aplica a pena de ambos
cumulativamente (sistema do cúmulo material), pois esse
concurso formal é formal apenas no nome, já que deriva de
intenções (desígnios) autônomas, nos termos do art. 70,
segunda parte, do CP.

A) Aplicação da pena no concurso formal

Via de regra, no concurso formal o sistema utilizado é o da


exasperação, utilizando-se como base a pena do crime mais grave,
aumentada (exasperada) de 1/6 até a metade (art. 70, primeira parte, do
CP).

O quantum do aumento (entre 1/6 e metade da pena usada como


base) será definido mediante a análise da quantidade de crimes
praticados. Se praticados poucos crimes, aplica-se o aumento mínimo; se
praticados diversos crimes mediante a única conduta, aplica-se o
aumento em seu montante máximo.

Trata-se, portanto, de uma fórmula de aplicação da pena que visa a


beneficiar o réu, em razão do menor desvalor de sua conduta.

Entretanto, se estivermos diante de concurso formal


imperfeito (impróprio), aplica-se a regra estabelecida pelo art. 70,
segunda parte, do CP, ou seja, o sistema do cúmulo material, pois
o agente se valeu de uma única conduta para praticar diversos crimes de
maneira dolosa, agindo com intenções autônomas (desígnios autônomos).

Há, ainda, a figura que se denominou de concurso material


benéfico, que ocorre quando o sistema da exasperação se mostra
prejudicial ao réu em relação ao sistema da cumulação. Explico:
Imaginem que o agente tenha cometido homicídio doloso simples (pena

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
de 06 a 20 anos) e tenha, culposamente, mediante a mesma conduta,
lesionado levemente uma terceira pessoa, cometendo o crime de lesões
corporais culposas em concurso formal com o homicídio (art. 129, § 6° do
CP, pena de 02 meses a um ano de detenção).

Nesse exemplo acima, o sistema da exasperação é muito prejudicial


ao réu. Imaginem que o infrator tenha sido condenado pelo crime de
homicídio a 10 anos de reclusão (crime mais grave). Nesse caso, pelo
sistema da exasperação, por ter havido concurso formal, essa pena deve
ser aumentada de 1/6 até a metade. Logo, a pena dele variará de 11
anos e 08 meses a 15 anos de reclusão (pena base + 1/6 e pena base +
metade). Pelo sistema do cúmulo material, como a pena de lesões
culposas é bem pequena, a pena do agente variaria de 10 anos e dois
meses a 11 anos de reclusão. Nesse caso, percebam, o sistema da
exasperação é prejudicial ao réu. Assim, a lei estabelece que, nesse caso,
ELE NÃO SE APLICA, aplicando-se o sistema do cúmulo material, pois o
sistema da exasperação foi criado para beneficiar o réu e não pode ser
aplicado quando resultar em prejuízo a ele. Nos termos do § único do art.
70 do CP:

Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível


pela regra do art. 69 deste Código. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

Crime continuado

Também conhecido como continuidade delitiva, é a espécie de


concurso de crimes na qual o agente pratica diversas condutas,
praticando dois ou mais crimes, que por determinadas condições, fazem
entender que todos fazem parte de uma única cadeia delitiva. Nos termos
do art. 71 do CP:

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou
omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas
condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras
semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada,
em qualquer caso, de um sexto a dois terços. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes,


cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o
juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta
social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as
circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se
idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas
as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste
Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Duas teorias buscam explicar este instituto:

 Teoria da ficção jurídica – Para esta teoria, a


continuidade delitiva é uma ficção, pois, na verdade,
existem diversos crimes, tendo a Lei considerado os diversos
atos como apenas um crime, para fins de aplicação da pena.
Esta teoria foi desenvolvida por Francesco Carrara;

 Teoria da realidade, ou da unidade real – Para esta teoria, o


crime continuado é, por sua própria natureza, um único delito,
não havendo que se falar em ficção jurídica.

O nosso CP adotou a teoria da ficção jurídica, pois a


consideração dos diversos delitos como um único crime se dá apenas para

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
fins de aplicação da pena, tanto que, no que tange à prescrição, eles são
considerados crimes autônomos, nos termos do art. 119 do CP:

Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da


punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

A) Requisitos para a configuração do crime continuado

A Doutrina entende serem três os requisitos do crime continuado:


a) pluralidade de condutas; b) pluralidade de crimes da mesma
espécie; e c) condições semelhantes de tempo, lugar, modo de
execução e outras semelhanças.

Há divergência doutrinária quanto à necessidade de haver ou não


unidade de desígnio.

A pluralidade de conduta decorre da redação do art. 71, que fala


em ―mediante mais de uma ação ou omissão‖.

A pluralidade de crimes causa polêmica. O que seriam crimes da


mesma espécie? A Doutrina e a Jurisprudência não são pacíficas. Parte
minoritária entende que crimes da mesma espécie são aqueles que
tutelam o mesmo bem jurídico. Assim, para essa corrente, furto,
estelionato, apropriação indébita, etc, seriam todos crimes da mesma
espécie, pois seriam todos ―crimes contra o patrimônio‖.

No entanto, a corrente que prevalece, inclusive no STJ, é a de que


crimes da mesma espécie são aqueles tipificados pelo mesmo dispositivo
legal, na forma simples, privilegiada ou qualificada, consumados ou
tentados. Assim, seriam crimes da mesma espécie roubo e roubo
qualificado.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
Entretanto, essa corrente entende que, além de serem tratados no
mesmo dispositivo legal, devem tutelar o mesmo bem jurídico. Assim,
roubo simples (art. 157) e latrocínio (art. 157, § 3° do CP) não seriam
crimes da mesma espécie, pois o latrocínio tutela, ainda, o direito à vida,
e não somente o patrimônio.

Por fim, a semelhança entre os delitos deve obedecer à conexão


de quatro gêneros: temporal, espacial, modal e ocasional.

A conexão temporal exige que os crimes tenham sido cometidos


na mesma época. Mesma época não implica mesmo momento. A
jurisprudência tem entendido que os crimes não podem ter sido
cometidos em um lapso temporal superior a 30 dias. No entanto, no que
se refere aos crimes contra a ordem tributária, o STF já entendeu que
pode haver continuidade delitiva desde que os delitos tenham sido
cometidos em lapso temporal não superior a 03 anos.

A conexão espacial indica que, para que seja considerada


continuidade delitiva, os crimes devem ser cometidos no mesmo local. A
Jurisprudência entende que a conexão espacial só estará presente se os
crimes forem cometidos na mesma cidade, ou, no máximo, na mesma
região metropolitana.

A conexão modal se verifica quando o agente pratica o crime


sempre da mesma maneira, seja pelo modo de execução, pela utilização
de comparsas, etc.

A conexão ocasional não possui previsão expressa na Lei, mas


parte da Doutrina a entende como a necessidade de que os primeiros
crimes tenham proporcionado uma ocasião que gerou a prática dos
crimes subseqüentes.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
Com relação à unidade de desígnios, ou seja, a necessidade de que
todos os crimes praticados na verdade tenham sido partes de um único
projeto criminoso, a Doutrina é dividida, mas a maioria da Doutrina,
bem como a Jurisprudência, entendem ser necessária essa
unidade de desígnios, de forma que a mera reunião dos demais
requisitos não configura a continuidade delitiva se os crimes
foram praticados de maneira isolada, sem nenhum vínculo entre
eles. Isso significa que a maioria da Doutrina e a Jurisprudência adotam
a teoria objetivo-subjetiva, desprezando a teoria objetiva pura, que não
prevê a necessidade de unidade de desígnios.

B) Aplicação da pena no crime continuado

Existem três espécies de crime continuado: simples, qualificado e


específico. Entretanto, em todos os casos se aplica o sistema da
exasperação.

No crime continuado simples, as penas dos delitos parcelares são as


mesmas. Exemplo: 10 furtos simples praticados em continuidade delitiva.
Nesse caso, aplica-se a pena de apenas um deles, acrescida de 1/6 a 2/3
(varia conforme a quantidade de delitos).

No crime continuado qualificado, as penas dos delitos praticados são


diferentes, de modo que se aplica a pena do mais grave deles, aumentada
de 1/6 a 2/3.

Por fim, o crime continuado específico está previsto no § único do


art. 71 do CP:

Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes,


cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o
juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta
social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se
idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas
as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste
Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Assim, nos crimes dolosos cometidos com violência ou grave


ameaça à pessoa, sendo as vítimas diferentes, poderá o Juiz aplicar a
pena de um deles (ou a mais grave, se diversas), aumentada até o triplo.
Vejam que se adotou o mesmo sistema da exasperação, entretanto, o §
único previu um quantum maior a ser acrescido à pena-base. A lei não
estabelece a quantidade mínima nesse caso, mas a Jurisprudência,
inclusive o STF, entende que o mínimo aqui também é de 1/6.

Aqui também se aplica a regra do ―concurso material benéfico‖, ou


seja, se o sistema da exasperação se mostrar mais gravoso, deverá ser
aplicado o sistema do cúmulo material.

C) Crime continuado e conflito de leis penais no tempo

Se durante a execução do crime continuado sobrevir lei nova, mais


gravosa ao réu, esta última é aplicada, pois o crime continuado se
considera praticado quando cessa a continuidade delitiva. Assim, sendo o
tempo do crime o momento em que cessa a continuidade, a lei nova
chegou a vigorar antes de sua consumação, aplicando-se a este, por ser a
lei vigente ao tempo do crime.

Este entendimento está, inclusive, sumulado pelo STF:

SÚMULA Nº 711

A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME


CONTINUADO OU AO CRIME PERMANENTE, SE A

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA
CONTINUIDADE OU DA PERMANÊNCIA.

D) Prescrição

Nos crimes continuados, por haver mera ficção jurídica de crime


único, apenas para fins de aplicação da pena, a prescrição é calculada
em relação a cada crime isoladamente.

Entretanto, para o cálculo da prescrição, leva-se em conta a pena


mínima estabelecida para a pena-base, desprezando-se o acréscimo que
seria aplicado. Assim, se há dois furtos simples praticados em
continuidade delitiva (penas mínimas de um ano), tendo a sentença
aplicado a pena mínima, por exemplo, acrescida de determinado
percentual, a prescrição é calculada tendo por base a pena mínima
aplicada, e não a pena mínima de um ano acrescida do percentual de
exasperação. Isso é o que consta do verbete n° 497 da súmula do STF:

SÚMULA Nº 497

QUANDO SE TRATAR DE CRIME CONTINUADO, A PRESCRIÇÃO


REGULA-SE PELA PENA IMPOSTA NA SENTENÇA, NÃO SE
COMPUTANDO O ACRÉSCIMO DECORRENTE DA CONTINUAÇÃO.

Multa e o concurso de crimes

Assim prevê o art. 72 do CP:

Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são


aplicadas distinta e integralmente. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04

Assim, o art. 72 do CP prevê a aplicação do sistema do


cúmulo material no que tange às penas de multa. Essa aplicação é
inquestionável no concurso material e no concurso formal.

No entanto, no que se refere ao crime continuado, há forte


divergência.

A primeira corrente (amplamente majoritária na Doutrina) entende


que esta regra também se aplica ao crime continuado, por não ter a Lei
feito qualquer distinção.

A segunda corrente (majoritária na Jurisprudência, inclusive


no STJ), entende que, nesse caso, não se aplica a regra do art. 72,
por ter a lei entendido que se trata de crime único, mediante
ficção jurídica.

Por hoje chega! Terminamos mais uma etapa da nossa caminhada


rumo à aprovação.

Até a próxima!

Prof. Renan Araujo

LISTA DAS QUESTÕES

01 - (CESPE - 2007 - TJ-PI - JUIZ)

No concurso de pessoas, há quatro teorias que explicam o tratamento da


acessoriedade na participação. De acordo com a teoria da

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
hiperacessoriedade, para se punir a conduta do partícipe, é preciso que o
fato principal seja:

I típico.

II antijurídico.

II culpável.

IV punível.

A quantidade de itens certos é igual a

A) 0.

B) 1.

C) 2.

D) 3.

E) 4.

2 - (CESPE - 2009 - PC-RN - AGENTE DE POLÍCIA)

Acerca do concurso de pessoas, assinale a opção correta.

A) Considere que Lia e Lena estivessem discutindo dentro do carro


quando, acidentalmente, Lia atropelou um pedestre que atravessava na
faixa de segurança. Nessa situação hipotética, Lia e Lena deverão
responder pela prática de homicídio culposo.

B) O crime de falso testemunho admite coautoria e participação.

C) Considere que Mévio e Leo tenham resolvido furtar uma casa


supostamente abandonada. Nesse furto, considere que Leo tenha ficado
vigiando a entrada, enquanto Mévio entrou para subtrair os bens; dentro
da residência, Mévio descobriu que a mesma estava habitada e acabou
agredindo o morador; após levarem os objetos para um local seguro,

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
Mévio narrou o fato para Leo. Considerando essa situação hipotética,
Mévio deverá responder pelo crime de roubo e Leo, por furto.

D) No crime de induzimento ou instigação ao suicídio, o agente que


instiga age como partícipe e o suicida é, ao mesmo tempo, sujeito ativo e
passivo.

E) As circunstâncias e as condições de caráter pessoal se comunicam


entre os coautores e partícipes do crime.

3 - (CESPE - 2011 - TJ-ES - ANALISTA JUDICIÁRIO - DIREITO -


ÁREA JUDICIÁRIA - ESPECÍFICOS)

Considere que os indivíduos João e José — ambos com animus necani,


mas um desconhecendo a conduta do outro — atirem contra Francisco, e
que a perícia, na análise dos atos, identifique que José seja o
responsável pela morte de Francisco. Nessa situação hipotética, José
responderá por homicídio consumado e João, por tentativa de homicídio.
Certo ou Errado?

4 - (CESPE - 2011 - PC-ES - ESCRIVÃO DE POLÍCIA -


ESPECÍFICOS)

O concurso de pessoas, no sistema penal brasileiro, adotou a teoria


monística, com temperamentos, uma vez que estabelece certos graus de
participação, em obediência ao princípio da individualização da pena.
Certo ou Errado?

5 - (CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA -


ÁREA DE DIREITO)

A teoria do domínio do fato é aplicável para a delimitação de coautoria e


participação, sendo coautor aquele que presta contribuição independente

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
e essencial à prática do delito, mas não obrigatoriamente à sua
execução. Certo ou Errado?

6 - (CESPE - 2010 - DPU - DEFENSOR PÚBLICO)

Em caso de concurso formal de crimes, a pena privativa de liberdade não


pode exceder a que seria cabível pela regra do concurso material. Certo
ou Errado?

7 - (CESPE - 2009 - AGU - ADVOGADO)

No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre


a pena de cada um deles, isoladamente. Certo ou Errado?

8 - (FCC - 2011 - TCE-SP - PROCURADOR)

Em matéria de concurso de pessoas, é correto afirmar que

A) coautores são aqueles que, atuando de forma idêntica, executam o


comportamento que a lei define como crime.

B) partícipe é aquele que, também praticando a conduta que a lei define


como crime, contribui, de qualquer modo, para a sua realização.

C) é possível a coautoria nos crimes de mão própria.

D) é admissível a coautoria nos crimes próprios, desde que o terceiro


conheça a especial condição do autor.

E) é inadmissível a participação nos crimes omissivos próprios.

9 - (FCC - 2007 - MPU - ANALISTA - PROCESSUAL)

Maria, enfermeira, por ordem do médico João, ministrou veneno ao


paciente, supondo tratar-se de um medicamento, ocasionando-lhe a
morte. Nesse caso,

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
A) não há concurso de agentes, mas apenas um autor mediato, pela
realização indireta do fato típico.

B) há concurso de agentes, sendo João autor principal e Maria co-autora.

C) há concurso de agentes, sendo João autor principal e Maria partícipe.

D) há concurso de agentes, figurando tanto João como Maria na condição


de autores.

E) há concurso de agentes, figurando Maria como autora e João como co-


autor.

10 - (FCC - 2007 - MPU - ANALISTA ADMINISTRATIVO)

José instigou Pedro, agindo sobre a vontade deste, de forma a fazer


nascer neste a idéia da prática do crime. João prestou auxílio a Pedro,
emprestando-lhe uma arma para que pudesse executar o delito. José e
João são considerados, tecnicamente,

A) co-autores.

B) autores.

D) partícipe e co-autor, respectivamente.

E) co-autor e partícipe, respectivamente.

11 - (FCC - 2008 - MPE-CE - PROMOTOR DE JUSTIÇA)

Nos chamados crimes monossubjetivos,

A) o concurso de pessoas é eventual.

B) o concurso de pessoas só ocorre no caso de autoria mediata.

C) o concurso de pessoas é necessário.

D) não há concurso de pessoas.

E) há concurso de pessoas apenas na forma de participação.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04

12 - (FGV - 2011 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - 2 -


PRIMEIRA FASE (OUT/2011)

As regras do concurso formal perfeito (em que se adota o sistema da


exasperação da pena) foram adotadas pelo Código Penal com o objetivo
de beneficiar o agente que, mediante uma só conduta, praticou dois ou
mais crimes. No entanto, quando o sistema da exasperação for
prejudicial ao acusado, deverá prevalecer o sistema do cúmulo material
(em que a soma das penas será mais vantajosa do que o aumento de
uma delas com determinado percentual, ainda que no patamar mínimo).
A essa hipótese, a doutrina deu o nome de

A) concurso material benéfico.

B) concurso formal imperfeito.

C) concurso formal heterogêneo.

D) exasperação sui generis.

13 - (FGV - 2010 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - 2 -


PRIMEIRA FASE (SET/2010)

Com relação ao concurso de delitos, é correto afirrmar que:

A) no concurso de crimes as penas de multa são aplicadas distintamente,


mas de forma reduzida.

B) o concurso material ocorre quando o agente, mediante mais de uma


ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes com dependência fática e
jurídica entre estes.

C) o concurso formal perfeito, também conhecido como próprio, ocorre


quando o agente, por meio de uma só ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes idênticos, caso em que as penas serão somadas.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
D) o Código Penal Brasileiro adotou o sistema de aplicação de pena do
cúmulo material para os concursos material e formal imperfeito, e da
exasperação para o concurso formal perfeito e crime continuado.

14 - (CESPE – 2009 – PF – AGENTE)

Julgue o item a seguir com base no direito penal.

Conflitos aparentes de normas penais podem ser solucionados com base


no princípio da consunção, ou absorção. De acordo com esse princípio,
quando um crime constitui meio necessário ou fase normal de preparação
ou execução de outro crime, aplica-se a norma mais abrangente. Por
exemplo, no caso de cometimento do crime de falsificação de documento
para a prática do crime de estelionato, sem mais potencialidade lesiva,
este absorve aquele.

15 - (CESPE – 2011 – TRE/ES - ANALISTA JUDICIÁRIO)

Julgue o item que se segue, à luz dos dispositivos do Código Penal (CP).
Erro de pessoa é o mesmo que erro na execução ou aberratio ictus.

QUESTÕES COMENTADAS

1 - (CESPE - 2007 - TJ-PI - JUIZ)

No concurso de pessoas, há quatro teorias que explicam o


tratamento da acessoriedade na participação. De acordo com a
teoria da hiperacessoriedade, para se punir a conduta do
partícipe, é preciso que o fato principal seja

I típico.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
II antijurídico.

II culpável.

IV punível.

A quantidade de itens certos é igual a

A) 0.

B) 1.

C) 2.

D) 3.

E) 4.

COMENTÁRIOS: Conforme estudamos, a teoria da hiperacessoriedade é


a mais radical de todas as quatro, exigindo para a punibilidade do
partícipe, que a conduta principal deva ser típica, ilícita, culpável e
punível. Assim, a alternativa correta é a letra E.

2 - (CESPE - 2009 - PC-RN - AGENTE DE POLÍCIA)

Acerca do concurso de pessoas, assinale a opção correta.

A) Considere que Lia e Lena estivessem discutindo dentro do carro


quando, acidentalmente, Lia atropelou um pedestre que
atravessava na faixa de segurança. Nessa situação hipotética, Lia
e Lena deverão responder pela prática de homicídio culposo.

ERRADA: Nesse caso não há concurso de agentes, pois não há


participação culposa em crime culposo;

B) O crime de falso testemunho admite coautoria e participação.

ERRADA: A grande maioria da Doutrina entende não haver possibilidade


de concurso de agentes nesse caso, por se tratar de crime de mão-
própria. No entanto, parte da Doutrina entende que pode haver coautoria

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
quando há coação moral resistível de um terceiro sobre aquele que
comete o crime.

C) Considere que Mévio e Leo tenham resolvido furtar uma casa


supostamente abandonada. Nesse furto, considere que Leo tenha
ficado vigiando a entrada, enquanto Mévio entrou para subtrair os
bens; dentro da residência, Mévio descobriu que a mesma estava
habitada e acabou agredindo o morador; após levarem os objetos
para um local seguro, Mévio narrou o fato para Leo. Considerando
essa situação hipotética, Mévio deverá responder pelo crime de
roubo e Leo, por furto.

CORRETA: Aqui, trata-se da hipótese de cooperação dolosamente


distinta. Leo não pretendeu praticar um roubo, e sim um furto, devendo
responder apenas por este, e não pelo roubo, que foi praticado apenas
por Mévio. Entretanto, nos termos do art. 29, § 2° do CP, se o crime de
roubo era previsível, a pena de Leo pode ser aumentada até a metade,
mas ele sempre responderá pelo crime de furto apenas.

D) No crime de induzimento ou instigação ao suicídio, o agente


que instiga age como partícipe e o suicida é, ao mesmo tempo,
sujeito ativo e passivo.

ERRADA: No crime de instigação ao suicídio, quem instiga é autor do


crime (pratica o núcleo do tipo), e não mero partícipe do delito. Assim, a
alternativa está errada.

E) As circunstâncias e as condições de caráter pessoal se


comunicam entre os coautores e partícipes do crime.

ERRADA: As circunstâncias e condições de caráter pessoal não se


comunicam, nos termos do art. 30 do CP, salvo se forem elementares do
delito.

3 - (CESPE - 2011 - TJ-ES - ANALISTA JUDICIÁRIO - DIREITO -


ÁREA JUDICIÁRIA - ESPECÍFICOS)

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
Considere que os indivíduos João e José — ambos com animus
necandi, mas um desconhecendo a conduta do outro — atirem
contra Francisco, e que a perícia, na análise dos atos, identifique
que José seja o responsável pela morte de Francisco. Nessa
situação hipotética, José responderá por homicídio consumado e
João, por tentativa de homicídio. Certo ou Errado?

CORRETA: Como ambos não agiram com vínculo subjetivo, não há


coautoria, mas autoria colateral, afastando-se, desta forma, o concurso
de pessoas, respondendo cada um apenas pela sua conduta. Assim, a
afirmativa está correta.

4 - (CESPE - 2011 - PC-ES - ESCRIVÃO DE POLÍCIA -


ESPECÍFICOS)

O concurso de pessoas, no sistema penal brasileiro, adotou a


teoria monística, com temperamentos, uma vez que estabelece
certos graus de participação, em obediência ao princípio da
individualização da pena. Certo ou Errado?

CORRETA: Conforme estudamos, o nosso CP adotou a teoria monista no


concurso de pessoas, de forma que todos aqueles que cooperam para a
prática do delito, por ele respondem, nos termos do art. 29 do CP. No
entanto, o CP determina que a pena de cada um dos agentes deve ser
calculada na medida de sua culpabilidade, o que demonstra a adoção de
uma teoria monista mitigada, ou temperada.

5 - (CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA -


ÁREA DE DIREITO)

A teoria do domínio do fato é aplicável para a delimitação de


coautoria e participação, sendo coautor aquele que presta
contribuição independente e essencial à prática do delito, mas
não obrigatoriamente à sua execução. Certo ou Errado?

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
CORRETA: A teoria do domínio do fato é uma teoria adotada pelo nosso
sistema jurídico como complementação à teoria objetivo-formal, adotada
como regra, pois a teoria objetivo-formal não explica satisfatoriamente a
hipótese de autoria mediata. Assim, pela teoria do domínio do fato, autor
é todo aquele que pratica conduta essencial ao delito, e possui o poder
de definir o seu destino, sua ocorrência ou não.

6 - (CESPE - 2010 - DPU - DEFENSOR PÚBLICO)

Em caso de concurso formal de crimes, a pena privativa de


liberdade não pode exceder a que seria cabível pela regra do
concurso material. Certo ou Errado?

CORRETA: Esta é a previsão do art. 70, § único do CP, pois no concurso


formal se adota, em regra, o sistema da exasperação na aplicação da
pena, como forma de beneficiar o réu em razão do menor desvalor de
sua conduta. No entanto, se esse sistema se mostrar mais gravoso ao
infrator, deverá ser aplicado o sistema do cúmulo material. Trata-se do
chamado ―cúmulo material benéfico‖.

7 - (CESPE - 2009 - AGU - ADVOGADO)

No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade


incidirá sobre a pena de cada um deles, isoladamente. Certo ou
Errado?

CORRETA: Esta é a previsão literal do art. 119 do CP: Art. 119 - No


caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a
pena de cada um, isoladamente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984). Lembrando que pela súmula n° 497 do STF, a prescrição nos
crimes continuados é calculada com base na pena aplicada, sem o
quantum de exasperação aplicado.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
8 - (FCC - 2011 - TCE-SP - PROCURADOR)

Em matéria de concurso de pessoas, é correto afirmar que

A) coautores são aqueles que, atuando de forma idêntica,


executam o comportamento que a lei define como crime.

ERRADA: Embora seja coautor todo aquele que pratica o comportamento


definido como crime, não é necessário que a conduta seja idêntica, pois
pode haver hipótese de coautoria funcional, na qual os agentes praticam
condutas diversas, que se complementam.

B) partícipe é aquele que, também praticando a conduta que a lei


define como crime, contribui, de qualquer modo, para a sua
realização.

ERRADA: O partícipe não pratica a conduta descrita no núcleo do tipo;

C) é possível a coautoria nos crimes de mão própria.

ERRADA: Nos crimes de mão própria não se admite coautoria, em razão


de o crime dever ser praticado especificamente por determinada pessoas;

D) é admissível a coautoria nos crimes próprios, desde que o


terceiro conheça a especial condição do autor.

CORRETA: Nos crimes próprios é plenamente possível a coautoria, desde


que o outro agente tenha pleno conhecimento da condição do outro
coautor.

E) é inadmissível a participação nos crimes omissivos próprios.

ERRADA: Nos crimes omissivos próprios se admite a participação moral,


quando, por exemplo, alguém induz outra pessoa a se omitir.

9 - (FCC - 2007 - MPU - ANALISTA - PROCESSUAL)

Maria, enfermeira, por ordem do médico João, ministrou veneno


ao paciente, supondo tratar-se de um medicamento,
ocasionando-lhe a morte. Nesse caso,

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
A) não há concurso de agentes, mas apenas um autor mediato,
pela realização indireta do fato típico.

B) há concurso de agentes, sendo João autor principal e Maria co-


autora.

C) há concurso de agentes, sendo João autor principal e Maria


partícipe.

D) há concurso de agentes, figurando tanto João como Maria na


condição de autores.

E) há concurso de agentes, figurando Maria como autora e João


como co-autor.

COMENTÁRIOS: Nesse caso, há autoria mediata, pois o Médico João se


valeu de uma pessoa sem culpabilidade (obediência hierárquica) para
praticar um delito. Assim, não há que se falar em concurso de agentes, de
forma que a alternativa correta é a letra A.

10 - (FCC - 2007 - MPU - ANALISTA ADMINISTRATIVO)

José instigou Pedro, agindo sobre a vontade deste, de forma a


fazer nascer neste a idéia da prática do crime. João prestou
auxílio a Pedro, emprestando-lhe uma arma para que pudesse
executar o delito. José e João são considerados, tecnicamente,

A) co-autores.

B) autores.

C) Partícipes.

D) partícipe e co-autor, respectivamente.

E) co-autor e partícipe, respectivamente.

COMENTÁRIOS: Nesse caso, ambos apenas auxiliaram (moralmente e


materialmente) o autor a praticar o delito, motivo pelo qual são
considerados partícipes do crime.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
Assim, a alternativa correta é a letra C.

11 - (FCC - 2008 - MPE-CE - PROMOTOR DE JUSTIÇA)

Nos chamados crimes monossubjetivos,

A) o concurso de pessoas é eventual.

B) o concurso de pessoas só ocorre no caso de autoria mediata.

C) o concurso de pessoas é necessário.

D) não há concurso de pessoas.

E) há concurso de pessoas apenas na forma de participação.

COMENTÁRIOS: Nos crimes monossubjetivos, em regra o delito é


praticado por um único agente, não sendo necessária a pluralidade de
agentes. Portanto, nestes crimes (que são a regra), o concurso de
agentes é meramente eventual.

Assim, a alternativa correta é a letra A.

12 - (FGV - 2011 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - 2 -


PRIMEIRA FASE (OUT/2011)

As regras do concurso formal perfeito (em que se adota o


sistema da exasperação da pena) foram adotadas pelo Código
Penal com o objetivo de beneficiar o agente que, mediante uma
só conduta, praticou dois ou mais crimes. No entanto, quando o
sistema da exasperação for prejudicial ao acusado, deverá
prevalecer o sistema do cúmulo material (em que a soma das
penas será mais vantajosa do que o aumento de uma delas com
determinado percentual, ainda que no patamar mínimo).

A essa hipótese, a doutrina deu o nome de

A) concurso material benéfico.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
B) concurso formal imperfeito.

C) concurso formal heterogêneo.

D) exasperação sui generis.

COMENTÁRIOS: Quando a conduta, por si só, seja hipótese de concurso


formal, mas o cálculo de aplicação da pena pelo sistema da exasperação
(art. 70 do CP) se demonstrar mais prejudicial que o cálculo de aplicação
pelo sistema do cúmulo material (art. 69 do CP), o art. 70, § único do CP,
determina que aplica-se o sistema do cúmulo material. Vejamos:

Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão,


pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a
mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma
delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até
metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se
a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam
de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo
anterior.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria


cabível pela regra do art. 69 deste Código. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

A esse sistema foi dado o nome de cúmulo material benéfico (concurso


material benéfico).

Portanto, a alternativa CORRETA É A LETRA A.

13 - (FGV - 2010 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - 2 -


PRIMEIRA FASE (SET/2010)

Com relação ao concurso de delitos, é correto afirrmar que:

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
A) no concurso de crimes as penas de multa são aplicadas
distintamente, mas de forma reduzida.

B) o concurso material ocorre quando o agente, mediante mais de


uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes com
dependência fática e jurídica entre estes.

C) o concurso formal perfeito, também conhecido como próprio,


ocorre quando o agente, por meio de uma só ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes idênticos, caso em que as penas serão
somadas.

D) o Código Penal Brasileiro adotou o sistema de aplicação de


pena do cúmulo material para os concursos material e formal
imperfeito, e da exasperação para o concurso formal perfeito e
crime continuado.

COMENTÁRIOS: A afirmativa A está errada, eis que no concurso de


crimes as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente, nos
termos do art. 72. A afirmativa B também está errada, eis que dá a
definição de concurso formal, não de concurso material. A letra C
caracteriza bem o concurso formal, no entanto, peca quanto às
consequências, já que as penas não são somadas, aplicando-se o sistema
da exasperação, nos termos do art. 70 do CP.

Já a letra D está correta, eis que o sistema do cúmulo material (soma das
penas) é aplicado ao concurso material e ao concurso formal imperfeito
(agente pratica uma só conduta, atingindo mais de um bem jurídico, só
que com a intenção de lesionar os dois), nos termos dos arts. 69 e 70,
segunda parte, do CP. Já o sistema da exasperação é previsto para o
concurso formal próprio ou perfeito (com uma só conduta atinge dois
bens jurídicos, sem a intenção de lesionar ambos) e ao crime continuado,
conforme podemos extrair dos arts. 70 e 71 do CP.

Portanto, a afirmativa CORRETA É A LETRA D.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 45 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
14 - (CESPE – 2009 – PF – AGENTE)

Julgue o item a seguir com base no direito penal.

Conflitos aparentes de normas penais podem ser solucionados


com base no princípio da consunção, ou absorção. De acordo com
esse princípio, quando um crime constitui meio necessário ou fase
normal de preparação ou execução de outro crime, aplica-se a
norma mais abrangente. Por exemplo, no caso de cometimento do
crime de falsificação de documento para a prática do crime de
estelionato, sem mais potencialidade lesiva, este absorve aquele.

COMENTÁRIOS. A questão retrata exatamente o conceito doutrinário a


respeito da consunção. Observe, para ilustrar, os dizeres do mestre,
Damásio de Jesus:

“Ocorre a relação consuntiva, ou de absorção, quando um fato


definido para uma norma incriminadora é meio necessário ou normal
fase de preparação ou execução de outro crime, bem como quando
constitui conduta posterior ou posterior do agente...”[1]

O corre a consunção quando:

1. Um crime é meio necessário ou fase de outro.

2. Antefato e pós-fato.

Exemplos:

 O homicídio absorve o crime de lesão corporal, que é meio para sua


realização;

 A tentativa é absorvida pelo crime consumado;

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 46 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04

Portanto, ao conceituar a consunção a questão está perfeita. O exemplo


dado também está correto. Vejamos a seguinte decisão do STF, que
representa o entendimento da Corte:

De acordo com o STF (Ext 1206 / REPÚBLICA DA POLÔNIA


28/06/2011)
Quanto aos crimes de falso, devido ao fato de sua potencialidade
lesiva ter se exaurido quando da prática das fraudes, são absorvidos
pelos delitos de estelionato. O mesmo ocorre em relação à infração
de apropriação indébita, que também foi utilizada como crime meio
para a consumação de uma das fraudes. Incide, na espécie, o
princípio da consunção.

Portanto, a afirmativa ESTÁ CORRETA.

15 - (CESPE – 2011 – TRE/ES - ANALISTA JUDICIÁRIO)

Julgue o item que se segue, à luz dos dispositivos do Código Penal


(CP).

Erro de pessoa é o mesmo que erro na execução ou aberratio


ictus.

COMENTÁRIOS: O erro sobre a pessoa não é igual ao erro sobre a


execução, também chamado de aberratio ictus. Vejamos:

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 47 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04
 ERRO SOBRE A PESSOA (ERROR IN PERSONA) – Aqui o agente
pratica o ato contra pessoa diversa da pessoa visada, por confundi-
la com a pessoa que deveria ser o alvo do delito. Neste caso, o erro
é irrelevante, pois o agente responde como se tivesse praticado o
crime CONTRA A PESSOA VISADA. Essa previsão está no art. 20,
§3° do CP;

 ERRO NA EXECUÇÃO (ABERRATIO ICTUS) – Aqui o agente


atinge pessoa diversa daquela que fora visada, mas não por
confundi-la, mas por ERRAR NA HORA DE PRATICAR O DELITO.
Imagine que o agente, tentando acertar ―A‖, erro o tiro e acaba
acertando ―B‖. No erro sobre a pessoa o agente não ―erra o alvo‖,
ele ―acerta o alvo‖, mas o alvo foi confundido. SÃO COISAS
DIFERENTES! Nesse caso, assim como no erro sobre a pessoa, o
agente responde pelo crime originalmente pretendido. Esta é a
previsão do art. 73 do CP. O erro na execução pode ser: a) Com
unidade simples – O agente atinge somente a pessoa diversa
daquela visada; b) Com unidade complexa – O agente atinge a
vítima não visada, mas atinge também a vítima originalmente
pretendida. Nesse caso, responde pelos dois crimes, em
CONCURSO FORMAL;

Portanto, a afirmativa ESTÁ ERRADA.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 48 de 49


Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)
PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 04

1. ALTERNATIVA E
2. ALTERNATIVA C
3. CORRETA
4. CORRETA
5. CORRETA
6. CORRETA
7. CORRETA
8. ALTERNATIVA D
9. ALTERNATIVA A
10. ALTERNATIVA C
11. ALTERNATIVA A
12. ALTERNATIVA A
13. ALTERNATIVA D
14. CORRETA
15. ERRADA

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 49 de 49

Você também pode gostar