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1. Introdução:
1
Sistema Integrado de Participação da Primeira Instância na Gestão Judiciária e na Administração da Justiça do
Tribunal Regional do Trabalho da Terceira-Região.
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Juiz Titular da 5ª. Vara do Trabalho de Belo Horizonte. Prof. Adjunto da Faculdade de Direito da UFMG.
Mestre e Doutor em Direito Constitucional (UFMG).
3
Emprega-se o termo para expressar os níveis de melhora pretendidos mediante o confronto entre a visão de
futuro (aquilo que se pretende alcançar) e o estado atual em que se encontra o Poder Judiciário; gap, nestes
termos é diferença entre o futuro (devir) e o agora; a “distância”, o “caminho” a ser percorrido para se
alcançar o futuro planejado.
2
4
FARIA, 2001, passim. Para os fins desta reflexão designa-se por crise funcional a por que passa a Justiça brasileira considerando-se o
modelo de racionalidade que preside a aplicação do direito (nas suas múltiplas esferas de atuação) e estrutura funcional necessária à sua
realização e seus reflexos na prestação jurisdicional.
5
MORAIS, 2005, p. 190.
6
FARIA, 2003, passim.
7
MORAIS, 2005, p. 190.
3
8
STRECK, 2001, passim.
9
Expressão colhida da Sociologia do Direito.
10
KUHN, 2003, passim; MORIN, 2001, passim.
11
ROCHA, 2005, passim.
4
12
VASCONCELOS, 2007, passim; VASCONCELOS;GALDINO, 2000, passim.
6
13
CNJ, Res. 70/09.
7
14
CNJ, Res. 49/07.
15
KAPLAN; NORTON, 1997, p.40.
16
Indicadores balanceados de desempenho (trad. livre).
17
CNJ, Edital de Concorrência Pública 1/2009.
18
Encontram-se entre as empresas que inauguraram o método a partir de 1992 para cá: Mobil North America
Marketing and Refining, CIGNA Property & Casualty Insurance, Brown & Root energy Services,Chemical Retail
Banck, AT&T Canada, INc., Zenca Ag Porduts North America, Southern Gardens Citrus, Duke Children’s Hospital,
etc (KAPLAN; NORTON, 2001, passim).
8
22
Idem, p. 149.
23
CHAER, 2011, passim.
24
KAPLAN; NORTON, 2001, p. 146.
25
Idem.
10
O percurso da estratégia
30
KAPLAN; NORTON, 1997, p.3, 5 e 8.
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Institucionaliza, no âmbito dos Tribunais, o Núcleo de Estatística e Gestão Estratégica, sob supervisão do
Presidente ou Corregedor e a Comissão de Estatística e Gestão Estratégica do Poder Judiciário, para o
levantamento de dados destinados, dentre outros fins, a subsidiar a formulação de políticas judiciárias
nacionais e as respectivas ações.
32
BRASIL, Lei nº 11.419/2006, art. Art. 7º .
15
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CARTER; CLEGG ; KORNBERGER, 2010, p. 115. A nova escola, segundo os autores, tem como principias
teóricos os trabalhos de Herbert A. Simon, nobel de economia; Cohen, March e Olsen (1972); Lindblom (1959);
e Weick (1979). A referida escola põe em questão o modelo tradicional de racionalidade tomando como
premissa básica o fato de que a tomada de decisões não se dá nunca em condições de perfeita racionalidade,
mas de maior ou menor incerteza e conhecimento.
34
MINTZBERG, H. The design school: reconsidering the basic premises of strategic management. Strategic
Management Journal, 11: 171-195, apud CARTER; CLEGG; KORNBERGER, 2010, p. 116.
35
CARTER; CLEGG ; KORNBERGER, 2010, p. 43.
36
MILLER,S. J.; WILSON, D.C. Perspectives on organizational decision-making. In: CLEGG, S. R. et. al. The sage
handbook of Organization Studies. London: Sage, 2006, pp. 469-484, apud CARTER; CLEGG; KORNBERGER,
2010, p. 44.
19
37
WEIK, K. E. The social psychology of organizing. MA: Addison-Wesley, 1979, apud CARTER; CLEGG;
KORNBERGER, 2010, p. 117.
20
Por outro lado, a abertura da Justiça para o diálogo interno entre os tribunais
nacionais e entre estes e Tribunais de outros países, bem como para o diálogo com a
sociedade, em busca da melhoria dos serviços judiciários e da realização da justiça é uma
renúncia definitiva ao solipsismo judiciário e dos magistrados, passando a prevalecer na
gestão profissional o estímulo ao intercâmbio, à troca de experiências e conhecimento. Nesta
perspectiva a estratégia adotada inclui ainda a garantia da participação de magistrados de
primeiro grau e servidores na elaboração e execução do planejamento estratégico dos
Tribunais. Disto resulta uma ampla abertura sistêmica do Poder Judiciário para o ingresso de
racionalidades emergentes como as que emanam do princípio da razão dialógica e do
princípio da complexidade.
No plano político, a estratégia - em coerência com as premissas do
constitucionalismo 38 contemporâneo, atribui ao Poder Judiciário a função de promover o
fortalecimento do Estado Democrático (de direito) e de “fomentar (grifo posterior) a
construção de uma sociedade livre, justa e solidário, por meio de uma efetiva prestação
jurisdicional”. Ao pretender ser reconhecido como instituição apta a “garantir o exercício dos
direitos de cidadania” o Poder Judiciário emana uma de suas declarações estratégicas de
maior relevância, por que ela exige a superação das práticas jurisdicionais restritas às funções
judiciais conformadas sob os paradigmas dos Estados liberal e social que ainda são
hegemônicas em nosso país.
A estratégia pressupõe, assim, uma ampla reconstrução do sentido da
jurisdição e das práticas jurisdicionais, uma vez que o sentido clássico desta atividade,
impregnado nas práticas jurisdicionais tradicionais, não se coaduna com a missão
institucional que o Poder Judiciário se propõe a cumprir. Do mesmo modo e com ênfase
ainda maior, a visão de futuro que norteia a estratégia implica uma conversão paradigmática
no interior das práticas jurisdicionais tradicionais.
Sem embargo, o Planejamento Estratégico e sua metodologia ao explicitarem
a missão e a visão de futuro, os objetivos-meio, as iniciativas e projetos, os instrumentos de
acompanhamento e mensuração de resultados utilizados e seu custo orçamentário, que
orientam a atuação do Poder Judiciário faz transparecer para a sociedade de forma inusitada
toda a atividade interna deste Poder. Sobretudo, transparece a autocompreensão que a
instituição tem de si mesma e de sua função social, os critérios de escolha pelos quais define
os atributos de valor que ela se dispõe a ofertar à sociedade, o modo como que pretende fazê-
38
CARBONNEL, 2005, passim; ZAGREBELSKY, 2005, passim.
21
39
CASTANHÊDE, Eliane, Folha de São Paulo, 31 de janeiro de 2012; CASTANHÊDE, Eliane. A marretadas. Folha
de São Paulo, 13 de janeiro de 2012,
40
FARIA, 1998, passsim.
22
41
A proposta de institucionalização do SINGESPA foi apresentada, por este autor, à Administração do TRT3 e
aos coordenadores regionais representantes dos juízes de primeira instância. A minuta de Regulamento Geral
do Sistema então posta em discussão, em reunião do Conselho de Representantes realizada em 25/02/11 , foi
aprimorada, aprovada e publicada no Diário Eletrônico da Justiça em 30/08/09.
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O SINGESPA figurou entre as seis melhores experiências de Gestão Judiciária, dentre aproximadamente cem
outros projetos e/ou experiências inovadoras oriundas de 16 países participantes.
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43
CHANDLER, A.D. Strategy and estruture: Chapters in the history of the American Industrial
Interprise. Cambridge: MIT Press, 1962, p. 15 apud CARTER; CLEGG ; KORNBERGER, 2010, p. 35.
44
CARTER; CLEGG ; KORNBERGER, 2010, p. 36.
26
45
CHAVES JUNIOR, 2012.
28
Princípios
Estrutura e organização:
Objetivos 47
Individual:
Coletiva:
Nos Encontros Anuais das URGEs e Encontro Bienal dos Representantes das
URGEs
• Aprovação de diretrizes de ação destinadas: 1) à simplificação e
uniformização de rotinas e procedimentos, e para a Gestão Judiciária, no
âmbito das Unidades Regionais; 2) a serem encaminhadas à Reunião
Plenária do Encontro Bienal de Representantes das URGES para discussão
e aprovação, caso em que são encaminhadas à Presidência do TRT3 como
proposição dos órgãos de primeira instância.
Organograma do SINGESPA:
48
Fonte: http://www.trt3.jus.br/singespa/conheca/estrutura.htm
48
Organograma concebido por este autor e elaborado pelo servidor Geraldo Luis Campos – DRH/TRT3.
36
Fluxograma do SINGESPA
Fonte: http://www.trt3.jus.br/singespa/conheca/fluxograma.htm. 49
49
Organograma concebido por este autor, elaborado pela servidora Jaqueline – ACS/TRT3 e aprimorado pelo
servidor Geraldo Luis Campos – DRH/TRT3.
37
50
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA TERCEIRA REGIÃO. Relatório Sistema Integrado de Gestão Judiciária
e de Participação da Primeira Instância na Administração da Justiça do Tribunal Regional do Trabalho da
Terceira Região -SINGESPA/TRT3 apresentado ao VIII Seminário Internacional de Gestão Judicial - Painel de
Experiências Inovadoras em Gestão Judicial, promovido pelo Justice Studies Center of the Americas (OEA) e
pelo Conselho Nacional de Justiça, Brasília, 2010.
38
Vale ressaltar que o TRT-MG já caminha a passos largos nesse sentido, tendo
inclusive instituído o Sistema Integrado de Gestão Judiciária e Participação da
Primeira Instância na Administração da Justiça do TRT-MG - SINGESPA/TRT-
MG... Essa iniciativa pioneira em gestão judiciária... simplifica, racionaliza e
padroniza procedimentos e práticas judiciais, com base nas experiências de juízes de
primeira instância, que definem conjuntamente políticas jurisdicionais que sigam as
diretrizes e metas do CNJ. O sistema significa uma mudança paradigmática na
atuação do juiz, pois troca o conflito (de competência) pela cooperação, permitindo
aos magistrados da primeira instância aprimorar e harmonizar rotinas processuais,
sem prejuízo da individualidade e independência de cada um deles, além de ensejar
a participação dos juízes de 1º grau na governança judiciária 52...
51
Cf. projeto do novo Código de Processo Civil em trâmite no Congresso Nacional.
52
Cópia impressa em poder deste autor.
40
53
“Assegurar a participação dos magistrados e servidores na concepção e execução do planejamento” (CNJ,
2009).
41
4. Conclusão
experiências práticas bem sucedidas como base de orientação das ações estratégicas (banco de
boas praticas), a estratégia reconhece as limitações dos fundamentos tradicionais do
conhecimento (que se situa na base dos processos decisórios), a aguda complexização dos
contextos de atuação da Justiça (internos e externos), a absorção de novos paradigmas
epistemológicos fundados na intersubjetividade e eleva ao paroxismo o princípio da
participação como fator indispensável ao cumprimento da missão a que o Poder Judiciário se
propõe;
• A jurisdição, na estratégia do Poder Judiciário nacional, deixa de ter um
sentido exclusivamente endoprocessual para incluir toda ação do Poder Judiciário tendente à
realização da justiça, dentro ou fora do processo, não sendo mais possível também distinguir,
para fins de divisão do trabalho, atos de jurisdição e atos de administração; sendo estes meio
para o alcance da efetividade dos primeiros, razão pela qual o exercício da jurisdição é
também exercício de atos de administração;
• Nesta perspectiva, amplia-se o conceito de jurisdição para incluir a interação
dos órgãos judiciais com as demais instituições do trabalho e com a sociedade tendo em vista
a prevenção dos litígios judiciais, da solução coletiva das demandas e da interação com
órgãos e entidades públicas e privadas para prevenir demandas repetitivas e impedir o uso
abusivo e desnecessário da Justiça, conforme emana da estratégia estabelecida;
• A conjugação da missão institucional de realizar a justiça (efetividade da
ordem jurídica, integridade e efetividade dos direitos e das decisões judiciais) com a duração
razoável do processo, este como atributo de valor agregado à missão institucional, são
perspectivas por demais desafiadoras para a persistência do monopólio do Poder Judiciário na
resolução dos conflitos sociais e clama pela participação da sociedade na administração da
justiça com base num princípio de subsidiariedade e cidadania ativas;
• Os conflitos de menor complexidade e de menor grau de litigiosidade podem
ser prevenidos e bem resolvidos através de meios não judiciais de resolução de conflitos por
entes ou instituições de representação social –como é caso dos sindicatos no âmbito da Justiça
laboral onde, a exemplo de outras Justiças, grande parte dos conflitos são suscetíveis de serem
resolvidos por tais meios, desde que concebidos e implantados com base nos princípios da
legalidade, boa-fé e integridade dos direitos; a estratégia tornaria possível enfatizar aspectos
qualitativos da prestação jurisdicional condizentes com o princípio de justiça imanente à
missão institucional do Poder Judiciário;
44
5. Bibliografia
CARTER, Chris; CLEGG, Stewart R.; KORNBERGER, Martin. Um livro bom, pequeno e
acessível sobre estratégia. Trad. Raul Rubenic. Porto Alegre: Bookman, 2010.
CASTANHÊDE, Eliane. Interesse público. Folha de São Paulo, São Paulo, 31 de janeiro de
2012, disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/fs...o/23102-interesse-publico.shtml. Consulta: 29.03.2012.
CHANDLER, A.D. Strategy and estruture: Chapters in the history of the American
Industrial Interprise. Cambridge: MIT Press, 1962.
COLLINS, James C.; PORRAS, Jerry I. Construindo a visão da empresa. HSM Management,
São Paulo, n. 7, a. 2, p. 32-42, mar. /abr. 1998.
FARIA, José Eduardo (Org.). Direitos Humanos, Direitos Sociais e justiça. 3. ed. São Paulo:
Malheiros, 1998.
FARIA, José Eduardo. Direito e justiça no século XXI: a crise da justiça no Brasil.
Seminário “Direito e Justiça no Século XXI”, Coimbra, Centro de Estudos Sociais, 29/05 a
01/06, 2003. Disponível em http://www.4shared.com/office/HUM7z-
sM/Direito_e_Justica_do_Seculo_XXI_.html. Consulta: em 21/03/12.
KAPLAN, Robert S.; NORTON, David P. A estratégia em ação – balenced scorecard. Rio de
Janeiro: Elsevier, 1997.
KAPLAN, Robert S.; NORTON, David P. Organização orientada para a estratégia. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2001.
KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Editora Perspectiva,
2003.
MORAIS, José Luis Bolsan. O estado e suas crises. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2005.
MORIN, Edgar. O método 4 – as ideias – habitat, vida, costumes, organização. Trad. Juremir
Machado da Silva. 2. ed. 1ª. reimp. Porto Alegre: Editora Sulina, 2001.
STRECK, Lenio Luiz. Hermenêutica jurídica e(m) crise – uma exploração hermenêutica da
construção do direito. 3. ed. rev. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001.
ZAGREBELSKY, Gustavo. El Derecho dúctil. Trad. Marina Gascón. 6. ed. Madrid: Editorial
Trotta, 2005.