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EmprEsarial
Angela Salvadori
Ícones de interatividade
Afirmação Curiosidade
Assista
Dicas
Biografia
Esclarecimento
Conceito
Contexto Exemplo
Sumário
Apresentação ................................................................................................................... 5
A autora ........................................................................................................................... 6
Capítulo 1
A história dos conceitos de estratégia e sua incorporação
à administração de empresas .......................................................................................... 7
1.1 Noção de administração e sua relação com planejamento ...................................... 7
1.2 Conceitos de estratégia e planejamento estratégico .............................................. 19
1.3 Evolução dos desafios da administração ................................................................ 27
Referências ..................................................................................................................... 35
Capítulo 2
Principais abordagens das estratégias empresariais .................................................... 37
2.1 Escola de design, planejamento, posicionamento, empreendedora,
cognitiva, de aprendizado, poder, cultura, ambiental e de configuração .................... 37
2.2 Escola do design ...................................................................................................... 39
2.3 A escola do planejamento ...................................................................................... 40
2.4 A escola do posicionamento ................................................................................... 40
2.5 Escola empreendedora ............................................................................................ 41
2.6 A escola cognitiva ................................................................................................... 42
2.7 A escola do aprendizado ......................................................................................... 43
2.8 A escola do poder ................................................................................................... 44
2.9 A escola cultural ...................................................................................................... 45
2.10 A escola ambiental ............................................................................................... 46
2.11 A escola de configuração ...................................................................................... 47
2.12 5Ps: a estratégia como plano, pretexto, padrão, posição e perspectiva .............. 48
2.13 Estratégia do oceano vermelho e do oceano azul ................................................ 52
2.14 Estratégia do oceano azul em empresas brasileiras ................................................... 62
2.15 As forças competitivas .......................................................................................... 64
Referências .................................................................................................................... 65
Capítulo 3
A metodologia do planejamento estratégico nas empresas ........................................ 67
3.1 Diagnóstico estratégico ........................................................................................... 67
3.2 Visão, missão e valores da empresa ........................................................................ 75
3.2.1 Visão ................................................................................................................................................................... 76
3.2.2 Missão ................................................................................................................................................................ 77
3.2.3 Valores da empresa ............................................................................................................................................ 82
Referências .................................................................................................................... 88
Capítulo 4
Análise de cenários: ambiente externo e ambiente interno ........................................ 89
4.1 As competências essenciais .................................................................................... 89
4.2 As fontes das competências .................................................................................... 99
4.3 A matriz SWOT ...................................................................................................... 102
4.4 Vantagens competitivas ........................................................................................ 105
4.5 Modelo Porter ........................................................................................................ 111
Referências ................................................................................................................... 117
Apresentação
Conhecer níveis e tipos de estratégias e suas formulações, bem como discutir sua
utilização visando à competitividade empresarial, é um dos objetivos da administração
nos tempos atuais. Diante disso, o presente livro apresenta um dos temas mais atraen-
tes e importantes da administração moderna: estratégia empresarial. Este texto foi
escrito de forma instigante e trabalha, de modo breve, conceitos teóricos. Além disso,
traz diversos exemplos práticos que ilustram, com clareza, estratégias abordadas por
empresas importantes e representativas no cenário nacional e internacional.
A autora
Angela Salvadori é Mestre em Educação pela Universidade Tuiuti do Paraná –
UTP (2007) e Graduada em Administração pela Universidade Tecnológica Federal do
Paraná – UTFPR (2002). Atua como professora de ensino superior e trabalha na área de
administração de condomínios.
Currículo Lattes:
<lattes.cnpq.br/8188688964295460>
Nos livros de história que retratam e relatam a forma como a humanidade vivia, é
possível perceber que os princípios administrativos, mesmo que caseiros e amadores,
permitiram ao homem a construção de sua identidade durante os tempos. Conceitos
como planejamento, organização e controle estão presentes em épocas e locais distin-
tos, como nas antigas civilizações, nas guerras, nas religiões e na filosofia. As teorias
que foram escritas a respeito levaram em consideração a forma com que os homens,
historicamente, organizaram-se e evoluíram.
Estratégia Empresarial
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O nível de produção resulta da integração social, Relevância dos grupos informais e das relações
comportamento do trabalhador depende do grupo humanas, importância do conteúdo do cargo e
em que está inserido (comportamento social ênfase nos aspectos emocionais.
do trabalhador), o trabalhador é condicionado a
recompensas e sanções sociais.
Estratégia Empresarial
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Tais perspectivas serão mais aprofundadas na década de 1950, com a abordagem
behaviorista ou comportamental, por priorizar os estudos das pessoas no contexto or-
ganizacional. Essa abordagem aprofunda o estudo:
i) dos estilos de administração ou formas de gerenciar as pessoas (do autocrático
ao democrático);
ii) do processo decisório, pois entende que o gestor está dentro de uma raciona-
lidade limitada. Portanto, ele é capaz de tomar as melhores decisões e não so-
luções ótimas, dada a escassez de seus recursos;
iii) dos conflitos como aspecto comum no ambiente das organizações e necessá-
rio para os processos de mudanças;
iv) das relações intergrupais, quer seja de grupos intraorganizacionais, quer seja
de grupos interorganizacionais.
A dimensão ambiental também se consolidou no estudo da administração, a partir
da década de 1950, sob diversas abordagens teóricas: estrutural, comportamental, sistê-
mica e contingencial. Os estruturalistas fundamentaram-se na sociologia organizacional
ao focar a interdependência das organizações na sociedade, a relevância dos aspectos
formais e informais dentro das organizações e os diferentes tipos de organizações. Eles
foram os pioneiros a destacar as forças do ambiente externo como fatores relevantes a
serem considerados no planejamento e na administração das organizações.
Essa abordagem é vista como um período de transição para a abordagem sistê-
mica. Nesta, o conceito de organização é aprofundado e entendido como um siste-
ma aberto e dependente do ambiente externo, o qual se revela como o promotor de
mudanças nesse mesmo ambiente. Na abordagem sistêmica, discutem-se as princi-
pais características de uma organização vista como sistema aberto. Podemos perceber
a capacidade de modificar a estrutura e os sistemas comportamentais (concepção do
modelo sociotécnico) para nos adaptarmos às mudanças ambientais.
Estratégia Empresarial
12
Para compreender a mudança dos enfoques dados à administração, leia A história da administra-
ção, de João Bosco Lodi (Pioneira: São Paulo, 1971), e também Os bruxos da administração, de John
Micklethwait e Adrian Woodldridge (Campus: Rio de Janeiro, 1998).
Bernardo Beghetto
Design Gráfico:
a criação do modelo monocromático, batizado de Havaianas Top.
Inspirado na mania dos surfistas de virar as solas das sandálias, foi
anunciado por personalidades do esporte e da televisão. O relan 1994
çamento marcou o início de uma fase colorida. As sandálias ganha- investimento em design.
Bernardo Beghetto
cas internacionais (Polo Ralph Lauren, Fido Dido e Arrow), foi fecha-
Design Gráfico:
da a cadeia de lojas Jeaneration e foram encerradas as operações
na Argentina e no Chile. Além disso, foram demitidos funcionários
administrativos e fábricas deficitárias também tiveram suas opera- 1998
mudança na cultura e na
ções finalizadas. Efetuaram-se modificações nos processos indus- estratégia da empresa.
triais que focalizavam a gestão da qualidade, a produção enxuta e o
incentivo às inovações.
Mais recentemente, desde 2010, as sandálias viraram tênis.
Além disso, foram lançados produtos vinculados à marca Havaianas:
bolsas, chaveiros e meias. Os gestores pretendem crescer em outras
Bernardo Beghetto
Design Gráfico:
categorias de produtos, mas sem deixar de focar nas inovações das
sandálias Havaianas.
Com as mudanças implantadas na empresa, os pares das san- 2010
dálias passaram a ser distribuídos em caixinhas, substituindo os sa- expansão de nicho
de produtos.
quinhos plásticos amarrados com barbante. Além disso, a venda
do produto foi expandida para lojas de artigos esportivos e grandes redes de varejo. A
diversificação da linha diminuiu o ciclo de vida das Havaianas e aumentou o ritmo das
vendas: as sandálias já não são aposentadas só quando ficam velhas, mas quando saem
de moda. E, graças ao sucesso nas classes mais altas, a imagem da marca se fortaleceu
nas camadas populares e garantiu a fidelidade do segmento.
Com a definição das cinco áreas-chave (calçados esportivos, Havaianas e gran-
des volumes, lonas e coberturas para caminhões, varejo estratégico e calçados
Timberland), a empresa modificou a cultura dos funcionários, passando de uma cultura
fabril para uma focada no mercado. Ademais, as estratégias mercadológicas foram in-
tensas e volumosas, a fim de reafirmar uma nova imagem do produto. A empresa tam-
bém passou a adotar uma administração por resultados.
Estratégia Empresarial
14
das em relação ao ano anterior. No entanto, esse resultado ficou aquém do projetado
pelos gestores e ainda contrastou com o resultado de outras regiões, de mercados
maduros e emergentes (MARKETEERONLINE, 2013).
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meio do uso efetivo de recursos”. Assim, o significado
original da palavra correspondia à própria noção do
generalato, ou seja, o comando do exército.
Segundo Vizeu e Gonçalves (2010), na Antiguidade a
estratégia era compreendida como um meio de obter êxito
na empreitada militar. Todavia, ao longo do tempo, as funções do generalato também
foram evoluindo, aprimorando-se e se expandindo para além das funções militares.
Com isso, a ideia de estratégia passa a configurar a ação humana em diversas esferas,
de modo a guiar a ação voltada para a conquista, para a busca do êxito em qualquer
situação.
Assim sendo, para a política, o resultado é o poder; para a economia, a riqueza;
para a ação militar, a vitória sobre o inimigo; e, para a as empresas, o resultado depen-
de dos objetivos traçados (podem ser objetivos que visam a fins lucrativos ou a melho-
rias sociais, para as organizações estatais e sem fins lucrativos).
O legado do termo estratégia pode também ser encontrado nas escritas antigas.
Cita-se aqui a importante obra de Sun Tzu, general chinês que escreveu A arte da guerra
(por volta de 500 a.C.). O livro é dividido em 13 capítulos e ultrapassou o Oriente, sendo
reconhecido até hoje pelos executivos como um dos primeiros e memorávies registros
escritos de estratégias militares que podem ser adaptadas e aplicadas à administração
atual. Para Sun Tzu, a vitória depende da sorte, no que diz respeito aos erros que seu
oponente cometa, mas a derrota depende, exclusivamente, de suas próprias ações.
Em sua obra, em nenhum momento aparece qualquer referência ao planejamento
estratégico e à estratégia empresarial. Entretanto, os conceitos apresentados sobre a
guerra poderiam constar nas obras de administração de empresas da atualidade, caso
as palavras fossem mudadas. Para Festinalli, Tibola e Canopf (2011), a transferência do
contexto militar para o empresarial é justificada porque a estratégia militar e a empre-
sarial se caracterizam como atividades pragmáticas, fundamentadas na premissa es-
sencial do cálculo utilitário de consequências.
Estratégia Empresarial
20
Matriz BCG
Participação relativa de mercado
Alta Baixa
Crescimento do mercado
Alto
Estrela Em questionamento
Vaca Abacaxi
Para saber mais sobre o assunto, pesquise sobre a Matriz BCG na internet!
2
Antecipar as ações Escolher entre
e reações dos alternativas
competidores estratégicas
Fórmulas
estratégicas
dinâmicas
3
Fonte: COSTA, 2012.
Pressupostos Ferramentas
Período Referências Eventos
teóricos e modelos
Modelo de estratégia
amplamente aplicável a nível
– Kenneth Andrews
organizacional. Administração
Década de – Peter Drucker
Foco no planejamento por objetivos –
1950 – Theodore Levitt
financeiro, no orçamento e APO.
– John Von Neumann
controle financeiro. Visão de
curto prazo.
Auge do planejamento
estratégico.
Análise ambiental externa e
Criação do Strategic
interna.
Management Journal e
O objetivo é definir a – Mintzberg (1973) PIMS
da Strategic Management
Década de estratégia que antecede a – Kenneth Andrews Teoria dos
Society nos Estados
1970 estrutura. – Alvin Tofler jogos.
Unidos.
Critério de eficácia – John Naisbitt
Crescimento da indústria
organizacional.
brasileira.
Foco no crescimento
por meio da expansão e
diversificação.
Estratégia Empresarial
26
Pressupostos Ferramentas
Período Referências Eventos
teóricos e modelos
Modelo das
– Michael Porter
cinco forças.
Estudo sistemático do (1980; 1985)
Modelo das
ambiente industrial e – Thomas Peter e
estratégias
definição de estratégias. Robert Waterman Dificuldade das empresas
genéricas.
Foco na administração (1983) norte--americanas de
ISO 9000.
Década de estratégica e na – Jack Welch – Taiichi concorrer com as empresas
Prêmios de
1980 competitividade a partir da Ohno japonesas.
qualidade.
atratividade da indústria. – Richard J. Ascensão do marketing
Modelo de
Estratégia compartilhada Schonberger – James estratégico
qualidade
com todas as funções e P. Womack
sistêmica.
operações. – Daniel T. Jones e
Cadeia de
Daniel Roos
Valor.
– Robert S. Kaplan e
David P. Norton
– Jordan D. Lewis
– Michael Y. Yoshino
Visão integrada das funções – Robert Porter Lynch
administrativas e menos – John Kay
centralizada. – Gregory Bateson
Foco na sintonia entre os – James F. Moore
Década de
ambientes interno e externo. – Charles H. Fine ECO 1992 ISO 14000
1990
Clusters como geradores de – Warren Bennis
competitividade. – John Kotter
Impacto ambiental na gestão – Richard C. Whiteley
estratégica. – Adrian J. Slywotzky
– David J. Morrison
– Stephen H.
– Rhines Moth e Al
Ries
BSC.
Kaplan e
Dicotomia entre “pensar” e
Norton.
“agir”.
UENs.
A prática estratégica requer
Existem, portanto, diversas definições para estratégia empresarial. Elas são for-
muladas conforme a visão dos autores sobre o funcionamento das organizações. Por
essa razão, esse conceito é multidimensional e situacional. Multidimensional porque a
estratégia empresarial pode ser elaborada para vários níveis da organização, desde a
escolha de um negócio mais rentável ou ações mais adequadas para concorrer em um
dado mercado até a seleção de técnicas mais efetivas para atrair o consumidor. Por ou-
tro lado, é situacional porque não existe uma estratégia universal e ideal para todas as
organizações. Ela deve ser adequada segundo as condições externas e internas da or-
ganização. Ela pode ainda ser estabelecida em nível organizacional ou em atividades
Estratégia Empresarial
27
específicas, podendo, nesse caso, incluir unidades de negócios ou funções. Toda orga-
nização tem estratégia, explícita ou implícita.
Para compreender a incorporação da
palavra estratégia no mundo empresarial,
é necessário verificar as diferentes dimen-
sões linguísticas e os possíveis significados
que explicam essa palavra. Entretanto, so-
mente isso não basta; é necessário tam-
bém pensar em ações práticas: analisar as
ações e suas consequências, sempre lem-
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brando que nosso “inimigo”, que é o con-
corrente, também é uma pessoa como nós
e que, como tal, também busca ter sucesso
em suas batalhas.
Para ver um breve relato sobre a história de Ford, veja o vídeo História de Ford (breve documentá-
rio), disponível no YouTube.
A Ford, que tanto sucesso teve com o modelo T, também foi obrigada a se adap-
tar aos novos tempos. As empresas passaram a realizar modificações incrementais,
criando conceitos como o de obsoletismo planejado. A finalidade dessa medida era pro-
mover pequenas modificações incrementais nos produtos. Com isso, os artigos exis-
tentes se tornavam obsoletos todos os anos e precisavam ser substituídos por novas
peças disponíveis no mercado.
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estar próximo à faculdade. Inclusive, foi ele quem ar-
rendou o local no início. A lojinha vendia sapatos femi-
ninos e tênis a preços baixos. Com os anos, as vendas
cresceram e foram abertas filiais em academias e
shopping centers. Mas, de repente, os sócios decidiram mudar de negócio físi-
co para virtual. Eles venderam todos os pontos de vendas e criaram a Netshoes.
Nos últimos anos, a empresa vem dobrando de tamanho. Em 2009, ela faturou
R$ 155 milhões e, em 2012, a previsão de faturamento foi de R$ 1 bilhão. Todo esse su-
cesso foi resultado de fortes investimentos em marketing e diversificação, incluindo a
entrada no mercado internacional e o aumento do número de itens em sua pratelei-
ra eletrônica, até aqui restrita a tênis, jaquetas e maiôs. Analistas avaliam que a com-
panhia, ao alcançar o faturamento de R$ 1 bilhão, equipara-se a importantes grupos
de empresas “pontocom” brasileiras, tais como a B2W, que é dona do Submarino e da
Americanas.com, e a Nova Pontocom, que é responsável pelos sites do Pão de Açúcar
e das Casas Bahia.
Analisando a concorrência da Netshoes, encontramos empresas generalistas, que
vendem desde protetor solar a fogões. Além disso, elas estão apoiadas pelas maiores
empresas do varejo brasileiro. A Netshoes, ao contrário, é independente e especialis-
ta em artigos esportivos. O dono do negócio é Márcio Kumruian, um paulistano de 38
anos que resolveu empreender quando trabalhava como gerente de uma loja de calça-
dos em São Paulo. Em 2000, ele juntou as economias, convenceu um primo a apostar
em seu projeto e partiu para a loja própria.
O nome do negócio surgiu em um almoço de família. Foi sugestão de uma tia an-
tenada com os assuntos da internet. Márcio adotou o prefixo Net, mesmo operando
uma loja de rua e sem ter nenhum plano de vender sapato pela web. A primeira ver-
são do site Netshoes foi em 2002. Já em 2007, o dono do negócio decidiu investir mais
na web, que representava 70% das vendas na ocasião. Para aumentar seu poder inves-
tidor, desfez-se dos negócios no varejo de cimento e tijolo, o que possibilitou que ele
elevasse seu faturamento em pouco tempo. Hoje, a Netshoes é símbolo de crescimen-
to de empresas comerciais brasileiras na web. Outras duas disputam constantemente o
topo do varejo on-line: B2W e Nova Pontocom.
Estratégia Empresarial
32
A Netshoes é conhecida por ser uma empresa virtual que vende produtos esportivos e que possui
um marketing diferenciado: constantemente divulga novidades para seus clientes.
O quadro a seguir apresenta uma síntese dos desafios empresariais nos séculos
XX e XXI, das dimensões de produtos e mercados, na perspectiva geográfica e nos am-
bientes interno e externo. É uma síntese adaptada do livro Implantando a administra-
ção estratégica, de Ansoff e Mc Donnell (1993).
Estratégia Empresarial
33
Talvez, futuramente, os países contem com uma nova arquitetura social. Será
iniciado um processo de evolução que vislumbre mais o desenvolvimento do que o
crescimento. Podemos esperar também a criação e o uso de novas matrizes energéti-
cas que sustentem um consumo e uma transformação de produtos em expansão. Há
como prever, igualmente, a exaustão de recursos naturais, os problemas ambientais
no limite do suportável, a tentativa de distribuição mais harmoniosa das riquezas, a
inclusão dos grupos sociais excluídos e o maior conhecimento da natureza humana e
de seu comportamento.
Diante de tantas contradições, muitas empresas estão encontrando nos estu-
dos e nas aplicações das técnicas do planejamento estratégico um ponto de partida
para buscar soluções que possibilitem a manutenção da competitividade. Indepen-
dentemente de seu porte, de sua localização ou tipo de produto produzido ou serviço
oferecido, é necessário ter em vista esse fator.
Referências
ANSOFF, H. I.; MCDONNELL, E. J. Implantando a administração estratégica. 2. ed. São
Paulo: Atlas,1993.
BOWER, M. The will to manage. New York: MacGraw-Hill, 1966.
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gico – origens, princípios e perspectivas. Revista de Administração Contemporânea, Rio
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FIGUEIREDO, M. A. D. et al. Definição de atributos desejáveis para auxiliar a autoavalia-
ção dos novos sistemas de medição de desempenho organizacional. Gestão & Produção,
São Carlos, v. 12, n. 2, p. 305-315, maio/ago. 2005. Disponível em: <scielo.br/pdf/gp/
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GHEMAWAT, P. A. Estratégia e o cenário dos negócios: textos e casos. Porto Alegre:
Bookman, 2000.
HAVAIANAS. Sobre Havaianas: história. Disponível em: <br.havaianas.com/pt-BR/about-
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KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A estratégia em ação: balanced scorecard. 6. ed. Rio de
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KIRIHATA, J. Havaianas completam 50 anos; relembre a história das Havaianas. UOL
Notícias Economia, São Paulo, 3 jul. 2012. Disponível em: <economia.uol.com.br/ultimas-
-noticias/redacao/2012/07/03/havaianas-completam-50-anos-e-apostam-em-inovacao-
para-crescer-mais-veja-fatos-marcantes-da-empresa.jhtm>. Acesso em: 13/06/2013.
Estratégia Empresarial
36
Posicionamento
5Ps do
Promoção Preço
marketing
Público Produto
As 10 escolas de estratégia
O poeta americano John Godfrey Saxe (1816-1887) escreveu o poema “Os homens cegos e o elefante”
com base em uma fábula criada na Índia há muitos anos. O texto serve para refletir sobre como nossas per-
cepções podem conduzir a incorretas interpretações.
Estratégia Empresarial
39
Análise SWOT
Strengths Weaknesses
(Força) (Fraquezas)
S W
Essa escola tem por objetivo propor um modelo de formulação de estratégia com
base na adequação entre as potencialidades internas e externas da empresa. Para que
se possa aplicar essa técnica, faz-se necessário analisar as seguintes premissas:
• a formação da estratégia deve ser um processo deliberado de pensamento
consciente, ou seja, a ação deve fluir da razão;
• a responsabilidade e o controle desse processo devem ser do executivo principal,
que, nessa escola, é o estrategista do processo. Existe apenas um estrategista,
que é o executivo, no topo do organograma;
• o modelo da formação de estratégia deve ser simples e informal para que o
controle possa ser realizado por apenas uma pessoa;
• as estratégias devem ser únicas e sob medida, visto que são apenas para ação
de um estrategista;
• o processo de design está completo quando as estratégias parecem plenamen-
te formuladas como perspectiva. Assim, elas parecem, em algum ponto do
tempo, plenamente formuladas, prontas para serem implementadas;
• essas estratégias devem ser explícitas para que os demais membros da em
presa possam compreendê-las;
• finalmente, somente depois que essas estratégias únicas, explícitas e simples
são totalmente formuladas é que elas podem ser implementadas.
Estratégia Empresarial
40
[...] a escola de posicionamento não se afastou radicalmente das premissas da escola de pla-
nejamento, ou mesmo daquelas da escola do design, com uma exceção-chave. [...] a escola
do posicionamento, ao contrário, afirmou que poucas estratégias-chave – como posições de
mercado – são desejáveis em uma determinada indústria: as que podem ser defendidas con-
tra concorrentes atuais e futuros. Facilidade de defesa significa que as empresas que ocu-
pam essas posições têm lucros maiores que as outras empresas na indústria. E isso, por sua
vez, oferece um reservatório de recursos com os quais elas podem expandir-se e, com isso,
ampliar e consolidar suas posições.
É nessa escola que se caracteriza a obra de Sun Tzu, a Arte da guerra, pois a es-
tratégia utilizada por esse chinês é baseada em cálculos estáticos que permitem um
melhor aproveitamento e ordenamento dos soldados durante as batalhas. Ao mesmo
tempo, essa escola é bastante criticada justamente pelo fato de enfatizar análises e
© Sergey Nivens / / Fotolia
“um processo muito mais rico, confuso e dinâmico do que aquele ordenado e estático,
descrito nesta escola”. Assim, o desafio da utilização dos conceitos e das práticas des-
sa escola está no uso de sua base para ampliar a visão estratégica, e não simplesmente
restringi-la conforme as teorias propostas.
Em resumo, as principais premissas dessa escola são:
Os analistas
desempenham um papel
importante nesse processo,
passando os resultados
dos seus cálculos aos
gerentes, que, oficialmente,
Assim, as controlam as
estratégias saem desse opções.
processo totalmente
desenvolvidas para serem O processo de
articuladas e implementadas. formação de
E, de fato, a estrutura do estratégia envolve,
mercado dirige as estratégias portanto, a seleção
posicionais deliberadas, as dessas posições
quais dirigem a estrutura genéricas com
organizacional. base em cálculos
analíticos.
Escola do
posicionamento
Estratégias são
posições genéricas,
especificamente
comuns e
identificáveis no
mercado. © style-photography.de / / Fotolia. (Adaptado).
Design Gráfico: Sabrina Bugnhaki
O mercado (o
contexto) é
econômico e
competitivo.
A visão tende, com frequência, a ser mais uma espécie de imagem do que um pla-
no plenamente articulado, tanto em palavras quanto em números. Essa abordagem
torna a visão mais flexível e adaptável a diversas circunstâncias ambientais, mantendo
a essência.
Como é de praxe, Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000, p. 111) resumem em seu li-
vro as premissas de cada escola, sendo as da escola empreendedora as listadas a seguir:
• a estratégia existe na mente do líder como perspectiva; trata-se de um senso
de direção a longo prazo, uma visão do futuro da organização;
• o processo de formação da estratégia é, na melhor das hipóteses, semicons-
ciente. Seu enraizamento está na experiência e na intuição do líder, quer
ele conceba a estratégia ou a adote de outros e a interiorize em seu próprio
comportamento;
• o líder promove a realização de sua visão de forma decidida, até mesmo obses-
siva. Ele mantém o controle da implementação para ser capaz de reformular
aspectos específicos, caso seja necessário;
• portanto, a visão estratégica é maleável e, assim, a estratégia empreendedora
tende a ser deliberada e emergente. Deliberada na visão global e emergente na
maneira pela qual os detalhes da visão se desdobram;
• a organização é igualmente maleável: uma estrutura simples, sensível às dire-
tivas do líder. Pode tratar-se de uma nova empresa, uma empresa de proprie-
dade de uma só pessoa ou uma reformulação em uma grande organização já
estabelecida. Muitos procedimentos e relacionamentos de poder são suspen-
sos para conceder ao líder visionário uma ampla liberdade de manobra;
• a estratégia empreendedora tende a assumir a forma de nicho: um ou mais bol-
sões de posição no mercado protegidos contra as forças de concorrência direta.
A escola empreendedora enfatiza os aspectos críticos da formação de estratégia,
como a proatividade e o papel da liderança e da visão estratégica. Porém, ela é criti-
cada pelo fato de centrar a formação da estratégia no comportamento de um indiví-
duo. Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) afirmam que esse indivíduo permanece na
chamada “caixa-preta, enterrada na cognição humana”.
© alphaspirit / / Fotolia
dão forma à maneira pela qual as pessoas li-
dam com informações vindas do ambiente.
Essas informações fluem por todos os tipos
de filtros deturpadores antes de serem decodificadas pelos mapas cognitivos ou são
meramente interpretações de um mundo que existe somente na concepção de cada
um. Em outras palavras, o mundo visto pode ser modelado, emoldurado e construído.
As estratégias como conceito são de difícil realização. Quando são realizadas, ficam
consideravelmente abaixo do ponto ótimo e, consequentemente, são difíceis de mudar
quando não são mais visíveis.
Como análise dessa escola, pode-se ver que há períodos de concepção da es-
tratégia, de reconcepção e até de apego às estratégias definidas, devido às fixações
cognitivas.
(...) o papel da liderança passa a ser de não preconceber estratégias deliberadas, mas de ge-
renciar o processo de aprendizado estratégico, pelo qual novas estratégias podem emergir.
Portanto, a administração estratégica envolve a elaboração das relações sutis entre pensa-
mento e ação, controle e aprendizado, estabilidade e mudança. Dessa forma, as estratégias
aparecem primeiro como padrões do passado; mais tarde, talvez, como planos para o futu-
ro e, finalmente, como perspectivas para guiar o comportamento em geral. (2000, p. 156).
Devido a seus aspectos, ainda surpreende que tantas organizações achem mais conve-
niente procurar um líder que assuma o leme e apresente uma visão clara a ser seguida por
todos, ou, ainda melhor, receber uma estratégia pronta gerada pelos computadores da
escola de posicionamento. (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000 Ibid, p.170).
Nem sempre é fácil encontrar visionários. Por isso, a preparação das pessoas que
assumem cargos superiores nas empresas depende de como as empresas lidam com as
constantes modificações, que necessitam de atualizações constantes. O que a escola
do aprendizado reforça é o aprendizado individual e coletivo.
moldada pelo poder e pela política, seja como um processo dentro da organização ou
como o comportamento da própria organização em seu ambiente externo. As estraté-
gias que podem resultar desse processo tendem a ser crescentes e assumem mais a forma
de posições e meios de iludir do que de gerar perspectivas. O poder micro vê a formação
de estratégia com a interação, por meio de persuasão, barganha e, às vezes, confronto
Estratégia Empresarial
45
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2.9 A escola cultural
Antes de compreendermos a escola cultural, é necessário entender o que é cul-
tura. Segundo Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000, p. 194), basta colocar “o poder
diante do espelho e a imagem invertida que você vê é cultura: o poder toma a entida-
de denominada organização e a fragmenta; a cultura junta uma coleção de indivíduos
em uma entidade integrada chamada organização”. De fato, o poder focaliza principal-
mente o interesse próprio e a cultura, o interesse comum.
Partindo para um conceito empresarial mais direto do que o apresentado por
Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), Lacombe (2004, p. 87) afirma que cultura em-
presarial é um “conjunto de valores em vigor numa empresa, suas relações e sua hie-
rarquia, definindo os padrões de comportamento e de atitudes que governam as ações
e decisões mais importantes da administração”. Dessa forma, a cultura empresarial in-
fluencia nas decisões da empresa, podendo resistir às mudanças estratégicas ou supe-
rá-las e também demonstrar seus valores dominantes.
Na escola cultural, a formação da estratégia é um processo de interação social
baseado nas crenças e nas interpretações comuns dos membros de uma organização.
Um indivíduo adquire essas crenças por meio de um processo de aculturação ou socia-
lização. Esse processo é, em grande parte, tácito e não verbal, embora seja, às vezes,
reforçado por uma doutrinação mais formal.
Portanto, os membros de uma organização podem descrever apenas parcialmen-
te as crenças que sustentam sua cultura, ao passo que as origens e explicações podem
permanecer obscuras. Em consequência disso, a estratégia assume a forma de uma
perspectiva enraizada em intenções coletivas (não necessariamente explicadas). Ela
Estratégia Empresarial
46
Na teoria contingencial, busca-se entender a relação dentro dos subsistemas e entre cada um
deles, bem como entre a organização e seu ambiente. Com isso, procura-se definir padrões de
relações. Busca-se entender como as organizações operam sob condições variáveis e em cir-
cunstâncias específicas.
visão compartilhada da contribuição que pode ser feita à sociedade. Muitas das em-
presas que se originaram de pequenas organizações geridas por um líder carismático
Estratégia Empresarial
49
têm essa característica. Mudar uma perspectiva estratégica implica mudar o modelo
mental. Por aí, podem ser antecipadas as dificuldades que surgem para se alterar qual-
quer perspectiva estratégica.
• de penetração de mercado;
• desenvolvimento de produtos;
• liderança em custos;
• diferenciação e foco;
• de concentração;
Design Gráfico: Juliano Henrique
• segmentação;
• estabilidade;
• crescimento.
Estratégia Empresarial
52
Para formular a estratégia do oceano azul, é preciso raciocinar além das frontei-
ras convencionais da concorrência, empreendendo movimentos estratégicos capazes
de revolucionar as convenções e reconstruir os limites do mercado. Existem alguns pa-
drões nítidos para a criação de oceanos azuis.
Estratégia Empresarial
54
3. Exame da cadeia de
compradores;
fornecerá amanhã. E, apesar de esse exame ser mais difícil, ele permite aos gerentes mais
proatividade na formulação de estratégias azuis.
O Cirque du Soleil, em vez de tentar superar a concorrência, identificou a possibi-
lidade de explorar um novo negócio. O circo tradicional consiste em três fatores-chave:
a tenda, os palhaços e as acrobacias clássicas. Já o novo circo definiu os preços de seus
ingressos em comparação aos do teatro, em nível superior ao dos circos tradicionais.
Hoje, o empreendimento é uma das principais empresas exportadoras do Canadá.
Cabe chamar a atenção para o fato de que esse crescimento não se deu em um se-
tor atraente; pelo contrário, o público do circo era cada vez menor e o sentimento con-
tra o uso de animais em espetáculos cada vez maior. “Para tanto, atraiu-se um grupo
totalmente novo de frequentadores – adultos e clientes empresariais –, dispostos a pa-
gar preços várias vezes superiores aos praticados pelos circos tradicionais, por uma ex-
periência de entretenimento sem precedentes” (KIM; MAUBORGNE, 2005, p. 16).
A estratégia do Cirque du Soleil foi a de parar de competir com os concorrentes.
Um caso de empresa que explorou o oceano azul é o Cirque du Soleil. Esse novo empreendi-
mento foi criado em 1984 e seu objetivo é oferecer diversão por meio da transmissão da vi-
bração circense combinada à sofisticação intelectual e à riqueza artística do teatro.
Custo
Inovação
de valor
Design Gráfico: Sabrina Bugnhaki
a inovação de valor é oferecer saltos no valor para os compradores e para as próprias em-
presas e o foco de tornar o concorrente irrelevante. A inovação de valor atribui a mesma ên-
fase ao valor e à inovação. Valor sem inovação tende a concentrar-se na criação de valor em
escala incremental, algo que aumenta o valor, mas não é suficiente para sobressair no mer-
cado. Inovação sem valor tende a ser movida a tecnologia, promovendo pioneirismo ou fu-
turismo que talvez se situem além do que os compradores estejam dispostos a aceitar e a
comprar (KIM; MAUBOURGNE, 2005, p. 13).
A inovação de valor ocorre apenas quando empresas alinham inovação com utilidade, com preço
e com ganhos de custo. Se não conseguirem associar inovação e valor, os inovadores de tecnolo-
gias e os pioneiros de mercado geralmente põem os ovos, que acabam sendo chocados por outras
empresas.
A expressão trade-off pode ser traduzida livremente como “relação de compromisso” ou “per-
de e ganha”. Um trade-off se refere, geralmente, à perda de uma qualidade ou aspecto de
algo, mas ao ganho em troca de outra qualidade ou aspecto. Isso implica que uma decisão
seja feita com completa compreensão tanto do lado bom quanto do lado ruim de uma escolha
em particular.
Estratégia Empresarial
58
Criar
Eliminar
Nova Curva Autosserviço
Facilidade de Valor Entretenimento e
Atendimento interatividade
Área de convivência
Vejamos algumas técnicas aplicadas pelo Cirque du Soleil que podem ser aplica-
das por outras empresas.
Uma nova curva de valor
A empresa desenvolve novas ideias sobre como otimizar sua estrutura de custos,
em comparação a seus concorrentes, mediante eliminação e redução de atributos.
Por meio da elevação e da criação, surgem insights sobre como aumentar o valor para
compradores e como criar uma nova demanda.
O resultado da aplicação do modelo das quatro ações à matriz de avaliação de va-
lor do setor é a descoberta de novos aspectos na leitura de velhas verdades.
A matriz eliminar-reduzir-elevar-criar
Essa é outra ferramenta para criação de oceanos azuis. Ela induz a empresa a
responder às quatro perguntas do modelo das quatro ações e leva a empresa a agir
embasada nelas.
No caso do Cirque du Soleil, foram eliminados vários atributos circenses tradicionais.
Elementos como o uso de animais durante os espetáculos, as performances de artistas fa-
mosos e as apresentações em vários picadeiros foram substituídos por um formato com-
pletamente repaginado.
Eliminar
Astros circenses
Elevar
Espetáculos com animais
Picadeiro único
Descontos para grupos
Espetáculos em vários picadeiros
Design Gráfico: Sabrina Bugnhaki
Criar
Reduzir Tema
Diversão e humor Ambiente refinado
Vibração e perigo Várias produções
Músicas e danças artísticas
Curva de valor do
Cirque du Soleil
Circos regionais
menores
O principal propósito desta matriz é identificar quais são os atributos relevantes para
os clientes do dado mercado e classificar qual a posição das empresas em relação
a cada um destes atributos. O eixo vertical da matriz retrata o nível de oferta de cada
atributo segundo a percepção dos compradores. Pontuação mais alta significa que
a empresa oferece mais aos compradores e, portanto, investe mais no atributo. O eixo
horizontal representa a variedade de atributos nos quais o setor investe e compete.
(KIM; MAUBORGNE, 2005, p. 25-26).
mais vantajoso diante das demais empresas em um ambiente como o chinês, a estra-
tégia do oceano azul pode ser útil.
Algumas questões que podem ser levantadas para identificar estratégias que tra-
gam posicionamento vantajoso no mercado são: como ser mais produtivo em termos
de vendas? Existem novas oportunidades que não estão sendo exploradas? Por que al-
guns de nossos produtos têm dificuldade de penetração no mercado? Como convencer
os clientes de que nossos produtos são mais vantajosos que os da concorrência? Será
que a concorrência tem intenções e/ou estratégias para dominar nosso mercado?
O quadro a seguir apresenta o caso de algumas empresas nacionais e seu dife-
rencial para competir no mercado. Atenção para as atitudes estratégicas associadas à
concepção de oceano azul.
O termo oceano azul é uma metáfora relacionada à exploração marinha e que ilustra a criação de
estratégias capazes de focar novas utilidades para bens e serviços, em vez de tomar atitudes tra-
dicionais, focadas apenas em ações da concorrência como paradigma.
Estratégia Empresarial
64
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identifica cinco tipos de forças que devem ser ana-
lisadas. Em primeiro lugar, deve ser analisada a es-
trutura da concorrência existente no ramo em que a
empresa será estabelecida. A segunda força compe-
titiva é representada pelos clientes. Os fornecedores constituem o terceiro elemento
a ser considerado. As últimas forças competitivas são representadas pelos novos en-
trantes e pelos novos produtos que podem afetar o segmento no qual a empresa está
estabelecida.
Além dos cinco já citados, um sexto fator a ser considerado é representado pelas
forças sociais. São elas: o governo, a sociedade, as organizações não governamentais e
as organizações preocupadas com a tecnologia. Essas forças, em princípio, são neutras
e influenciam todas as empresas que se encontram no segmento. Podem, no entanto,
colocar impedimentos que inviabilizam a empresa.
Os concorrentes são representados pelas empresas que atuam no mesmo seg-
mento ou em segmentos semelhantes. A estrutura da concorrência pode determinar
as características que devem ser assumidas pela empresa. Os clientes são a razão de
ser da empresa. Cada mercado terá peculiaridades que deverão ser avaliadas. Os for-
necedores são as empresas que fornecem os produtos e serviços necessários para que
a empresa realize os objetivos para os quais foi criada. A inexistência de uma estru-
tura de fornecimento adequada pode inviabilizar a empresa. Novos entrantes são os
concorrentes que ainda não estão estabelecidos. Normalmente, ideias boas são ra-
pidamente copiadas, o que gera uma série de novos entrantes. Novos produtos ofe-
recem desafios competitivos sempre que possam ameaçar a posição dos produtos e
serviços que a empresa se propõe a fazer. Para entender os efeitos do macro ambiente
sobre a empresa, o empreendedor deve analisar cada uma dessas forças competitivas
e avaliar o impacto que sua estrutura representa para a empresa.
Estratégia Empresarial
65
Referências
KIM, W. C.; MAUBORGNE, R. A estratégia do oceano azul: como criar novos mercados e
tornar a concorrência irrelevante. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
LACOMBE, F. Dicionário de administração. São Paulo: Saraiva, 2004.
LIMA, A. A estratégia do oceano azul na empresa nacional. Disponível em: <ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2745&revista_caderno
=18>. Acesso em: 24/06/2013.
MINTZBERG, H.; AHLSTRAND, B.; LAMPEL, J. Safári de estratégia: um roteiro pela selva
do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2000.
MINTZBERG, H. Ascensão e queda do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman,
2004.
PORTER, M. E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concor-
rência. Rio de Janeiro: Campus, 1986.
VIZEU, F.; GONÇALVES, S. A. Pensamento estratégico: origens, princípios e perspectivas.
São Paulo: Atlas, 2010.
“Gerenciamento é substituir músculos por pensamentos,
folclore e superstição por conhecimento, e força por cooperação.”
Peter Drucker
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as oportunidades e ameaças, assim como as
forças e as fraquezas da empresa. A partir de
então, definem-se a visão e a missão, basea-
das nos valores empresariais. Com todos esses Analisar os cenários interno e externo requer
posicionamentos são estabelecidos os objeti- do gestor uma visão acurada sobre todas as
vos estratégicos. variáveis que cercam e afetam a empresa.
Dependendo de como seja feito esse olhar, o
diagnóstico será preponderante para tomar
decisões estratégicas.
3.1 Diagnóstico estratégico
O diagnóstico estratégico constitui uma das etapas do planejamento estratégico.
Identifica-se, nessa fase, a situação atual da empresa, levando em consideração sua
área de atuação, o posicionamento estratégico, as estratégias adotadas, a análise de
suas áreas funcionais, os estilos de decisões adotadas e a forma de relacionamento
com seus funcionários e clientes, entre outros fatores.
É por meio do diagnóstico estratégico que a organização passa a compreender
melhor os seus recursos organizacionais e o meio no qual está inserida. Nesse caso, a
etapa de diagnóstico abrange dois tipos de análise: a do ambiente interno e a do am-
biente externo.
A análise do ambiente interno consiste no mapeamento dos recursos organiza
cionais. Esses recursos podem ser humanos, tecnológicos, financeiros, estruturais, pro-
cessuais etc. O objetivo é a identificação dos pontos fracos e fortes da organização.
Estratégia Empresarial
68
Em uma economia global, a análise dos recursos internos deve utilizar uma men-
talidade globalizada. Por mentalidade globalizada entendemos a não limitação às pre-
missas de um único país, de uma única cultura ou de um único contexto. Nesse caso, as
empresas devem ter recursos e capacidades que possibilitem entender e reagir diante
de situações competitivas influenciadas por variáveis específicas ou não de um deter-
minado país.
O caráter global e internacional deve ser ob-
servado pelas empresas de qualquer tipo. Mesmo
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as que não lidam com comércio internacional de-
pendem, de alguma forma, do exterior, pois al-
guns produtos que elas utilizam ou vendem
provêm do mercado estrangeiro. Além disso, o
mercado não deve se restringir unicamente à di-
mensão local, pois existem muitas oportunidades
na dimensão global.
Para saber mais sobre como as empresas estão se internacionalizando e enxergando o mun-
do e seus mercados, leia o livro O mundo é plano: uma breve história do século XXI, de Thomas
Friedman, publicado pela Actual Editora em 2005.
Recursos Capacitações
Capacidade de gerar recursos internamente
Financeiros
ou provenientes de empréstimo.
Estrutura formal, sistemas formais de
Organizacionais
Tangíveis
enraizados no Recursos de
Ideias, capacitações científicas, capacidade de inovar.
histórico da inovação
empresa e foram
acumulados ao Recursos Reputação para clientes, marca, percepção da qualidade,
longo do tempo relacionados à durabilidade e confiabilidade do produto, reputação para os
reputação fornecedores e para interações e relações eficazes de suporte.
Os ambientes da organização
Econômico
Ambiente
Legal Setorial / Mercadológico Tecnológico
Organizacional, marketing,
finanças, RH, produção, TI.
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Uma fábrica de automóveis deve mapear coerentemente seus ambientes interno e externo.
Como na maioria das vezes tem característica de multinacional, há fatores que extrapolam
fronteiras geográficas. Nesse caso, os cenários interno e externo mudam sempre.
Foi o que aconteceu, por exemplo, com o banco americano Lehman Brothers, em
2008. Quando a crise americana de títulos imobiliários eclodiu, o banco foi o primeiro a
quebrar. Não foi somente o ambiente externo (principalmente o econômico) que o afe-
tou; o ambiente interno exerceu maior influência. Isso porque foi decisão do banco assu-
mir títulos que, sabidamente, eram supervalorizados e que, em algum momento, seriam
liquidados. Os dirigentes do banco tinham noção das ameaças trazidas pela manutenção
dessa posição. O resultado foi a quebra do banco, fato que deu início a uma onda mun-
dial de quebras de bancos e prejuízos às economias em que essas instituições atuavam.
Para saber um pouco mais dos bastidores da crise americana e dos dias que antecederam a que-
bra do Lehman Brothers, assista ao filme Margin call – o dia antes do fim (EUA, 2011), do diretor
J. Candor.
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dos de ameaças ou de oportunidades. Para
isso, o mapeamento dos cenários (externo e
interno) de uma empresa é fundamental.
A identificação dos tipos de variáveis nos cenários interno e externo é um procedi-
mento importante para prever o comportamento dessas variáveis. Elas se dividem em dois
tipos: endógenas e exógenas. As endógenas são geradas no ambiente interno da empresa
e podem ser controladas. São exemplos dessa variável: a produtividade, a inovação tecno-
lógica, o volume de investimentos que a empresa tenha disponível para realizar, as econo-
mias de escala, entre outras.
As exógenas não são manipuladas pela empresa, mas a afetam sobremaneira.
Elas se localizam no cenário externo e podem causar forte impacto na empresa. São
exemplos dessa variável: uma crise financeira, a diminuição da taxa de juros, o clima,
o câmbio e as revoltas populares. Enquanto as variáveis endógenas são geradas inter-
namente e afetam o que está fora da empresa, as exógenas vêm de fora e impactam a
empresa internamente.
Estratégia Empresarial
73
Variáveis exógenas
Clima
Concorrência
Câmbio Crise
financeira Juros Qualificação
Desemprego
da mão de obra
Inovação
Concorrência Economias
de escala Tomada
de decisões
Produtividade Diversificação Qualificação
do produto
da mão de obra
inovação tecnológica superior à fabricada pela empresa analisada, essa inovação será
uma variável exógena, pois afetará diretamente o modo do negócio praticado.
Em 2008, quando a Apple lançou no mercado o iPod, dispositivo revolucionário de
armazenamento e reprodução de músicas e vídeos, todo o setor sofreu o impacto des-
sa inovação. Mesmo existindo produtos que já cumpriam essas funções, o iPod se tornou
um ícone de gadget e, até hoje, dita tendência a cada lançamento. Com o iPod, a Apple
aproveitou para oferecer a venda de músicas, livros e filmes por meio de seu portal de
multimídia chamado iTunes.
O iTunes foi outra grande renovação no setor de multimídia, uma vez que permi-
tia vender músicas, filmes e livros de forma digital. Essa inovação complementaria o
iPod e os dois, produto e serviço, mudaram de forma consistente o modo de fazer ne-
gócios na internet.
empresa.
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3.2.1 Visão
A visão geralmente é definida antes da missão. Ela apresenta o que a alta ad-
ministração considera como o futuro da organização e os benefícios trazidos futura-
mente para o mercado. Se uma empresa tem uma visão de onde quer chegar, todos os
percalços serão considerados como temporários, pois existe um ponto que se deseja
alcançar no futuro e que determina todo o seu curso de ação.
Normalmente, a visão deve ser positiva e inspiradora. Ela serve de guia para a em-
presa e faz com que ela não perca de vista seus objetivos maiores. Quase todos os gran-
des negócios começaram com uma visão. Geralmente, a visão responde aos seguintes
questionamentos:
Empresa Visão
“Ser uma empresa brasileira com atuação global, posicionada entre as três maiores empresas de
Vale do Rio
mineração diversificada do mundo, e, até 2010, atingir a excelência em pesquisa, desenvolvimento,
Doce
implantação de projetos e operação de seus negócios.”
Lojas
“Ser a melhor empresa de varejo do Brasil.”
Americanas
3.2.2 Missão
A missão tem diversas finalidades. A primeira delas é não permitir que a empresa
perca o foco. Um dos problemas enfrentados é que sempre se diz “não” para determi-
nados negócios. Se não existir uma definição da missão, negar qualquer negócio sem-
pre será traumático.
A missão também é importante para o marketing da
empresa. Uma missão bem elaborada gera confiança nos
clientes, que a veem como organizada e preocupada des-
de o início com princípios que, posteriormente, terão
que ser incorporados com os programas de quali-
dade total, entre outros. Para as empresas que
estão efetivamente preocupadas com seu cres-
cimento, um desafio que sempre existe é o
da contratação de bons colaboradores, que
possam alavancar seu crescimento. Uma
missão positiva, inspiradora e motiva-
dora pode determinar os tipos de
pessoa que serão atraídos por ela.
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Estratégia Empresarial
78
Existem diversos processos para a criação de uma missão. Alguns dos princípios
centrais a serem definidos, de forma clara, são:
• os clientes que fazem parte de seu mercado;
• os produtos ou serviços a que se dedica;
• seu mercado de atuação;
• as tecnologias que utilizará;
• a imagem que deseja ter na sociedade;
• seu compromisso com os empregados e colaboradores;
• seus objetivos em relação aos acionistas.
A seguir, vamos entender o que é missão por meio de dois casos.
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Os produtos seguem,
Fornecer alimentos dietéticos para
rigorosamente, as
pessoas com necessidades alimentares
Pessoas com prescrições das
Loja de especiais. Esses alimentos seguem, Fornecer
necessidades nutricionistas, mas têm
alimentos rigorosamente, as prescrições dos alimentos
alimentares tal qualidade que fazem
dietéticos nutricionistas, mas têm tal qualidade que dietéticos.
especiais. o cliente esquecer
fazem com que o cliente esqueça que
que está consumindo
está consumindo alimentos prescritos.
alimentos prescritos.
Dar um atendimento
Atender a todas as necessidades de Pacientes com
Atender às altamente
tratamento odontológico das pessoas renda média
Clínica necessidades especializado,
com renda média alta e alta, e que não alta e alta, não
odontológica de tratamento a fim de atender às
sejam usuárias de planos de saúde, em usuários de
odontológico. necessidades dos
um só local. planos de saúde.
pacientes.
Fornecer socorro
Fornecer socorro mecânico para Não extrapolar o
mecânico Automóveis
Mecânica de automóveis fabricados no país, por meio tempo de espera de
por meio de fabricados no
automóveis de contratos de manutenção, com espera 15 minutos, em todo
contratos de país.
máxima de 15 minutos, em todo o país. o país.
manutenção.
Preços compatíveis
Fornecer almoços, a pessoas que
As pessoas com o mercado, mas
necessitam se alimentar rapidamente, a
Restaurante Fornecer que necessitem fazendo com que cada
preços compatíveis com o mercado, mas
Fast-food almoços. se alimentar refeição seja uma nova
fazendo com que cada refeição seja uma
rapidamente. e estimulante
nova e estimulante experiência.
experiência.
Note que a missão de cada uma dessas empresas serve de estímulo para que elas
definam sua forma de operar de modo diferenciado em relação a seus concorrentes.
Todas as outras decisões estratégicas e operacionais derivarão dessas missões criati-
vas e inovadoras.
No caso da clínica odontológica, há uma inversão do processo tradicional de aten-
dimento odontológico. Comumente, o paciente vai a diversos consultórios de espe-
cialistas. Já nessa clínica, ele tem todo o atendimento em um só local. Isso porque a
missão da empresa estipula que os especialistas venham ao encontro do cliente.
Estratégia Empresarial
81
Por outro lado, convém destacar que a missão necessita ser efetivamente pratica-
da. No caso da mecânica de automóveis, ela deve manter os 15 minutos como espera
máxima. Para isso, conta com empresas conveniadas em todo o país e um sistema de
acionamento rápido para as chamadas.
O restaurante que promete experiências únicas precisa estar constantemente mu-
dando o cardápio e sempre oferecendo novos e saborosos pratos. A clínica odontológica
necessita ter em seus quadros todas as especialidades da odontologia, mesmo que a de-
manda seja baixa. A empresa que fornece refeições dietéticas deve ter um conjunto de
receitas deliciosas, mesmo para pacientes com severos problemas alimentares.
Os métodos de tomada de decisão que o consultor oferece devem efetivamente
aumentar a eficiência das pessoas e das empresas. A empresa que realiza manutenção
de mecânica em automóveis da marca Volkswagen considera que a percepção da qua-
lidade da manutenção de um veículo começa pelo estado das instalações da oficina;
logo, ela se esforça para manter tais locais sempre limpos.
No caso da empresa que oferece lazer total ligado ao futebol, há a oferta de ser-
viços de transporte, compra de ingresso, localização privilegiada dentro dos estádios
em camarotes especiais, televisão com replay dos lances principais, bebidas e salgadi-
nhos. Com todos esses diferenciais, o ato de assistir a uma partida de futebol realmen-
te se transforma em um espetáculo de lazer total. Segundo o dirigente da empresa, a
grande ameaça competitiva enfrentada é que não se pode garantir que o time de sim-
patia do torcedor ganhe a partida, o que põe por terra toda a qualidade de seu serviço.
Os casos apresentados possibilitam observar que a missão deve abranger a na-
tureza e a delimitação do negócio, o papel social da organização e as atividades nas
quais os esforços devem ser concentrados. Ela pode ser definida, então, a partir dos
produtos e/ou serviços a serem ofertados (missão fechada) ou, ainda, a partir das ne-
cessidades dos consumidores (missão aberta) (OLIVEIRA, 2002).
Um formato mais amplo da missão aberta possibilita a manutenção da organiza-
ção por um período maior de tempo no mercado, de forma que seja possível ajustar-se
às mudanças tecnológicas. O quadro a seguir apresenta algumas missões:
Empresa Missão
3M Resolver problemas não solucionados de forma inovadora.
Nike Experimentar a emoção da competição, da vitória e de vencer os adversários.
Sony Experimentar a satisfação de progredir e aplicar a tecnologia em benefício próprio.
Design Gráfico: Willian Batista
Walmart Dar às pessoas simples a oportunidade de comprar as mesmas coisas que as pessoas ricas.
Walt
Fazer as pessoas felizes.
Disney
Ser a empresa de consumo líder mundial no fornecimento de serviços e produtos
Ford
automobilísticos.
Estratégia Empresarial
82
e suas ações estratégicas e, nesse caso, os valores retratam as normas de conduta das
Estratégia Empresarial
84
fadas, personagens simpáticos e finais felizes, tudo com uma preocupação muito gran-
de na qualidade de seus produtos e serviços, assim como em seu maior valor: acreditar
que todas as pessoas podem ser felizes. Infelizmente, Disney não viveu a plenitude de
sua obra, pois morreu em 1966, quando seu empreendimento ainda estava em cresci-
mento. Hoje, a marca Disney está no mundo todo e sua missão está evidenciada não
somente em seus funcionários, mas também em seus consumidores.
O auge para uma empresa é conseguir, assim como a Disney conseguiu, que seus
clientes entendam e absorvam seus valores, sua missão e sua visão.
A missão da Disney de "fazer as pessoas felizes" reflete o pensamento de seu criador, Walt Disney, e é essa
simplicidade que inspira todos os funcionários da empresa. Se o negócio é ser feliz, nada mais lógico do
que perseguir esse sentimento com a inspiração nos contos, nas histórias, na magia etc. Essa missão é um
exemplo concreto de como a empresa deve buscar alcançar seu objetivo (ALBUQUERQUE, 2010).
Há empresas que detêm valores tão claramente definidos que eles representam
pontos de diferenciação em relação a suas concorrentes. Por exemplo, empresas que
decidem apoiar a causa da sustentabilidade do meio ambiente. A imagem passada é
a de que essas organizações são defensoras do meio onde se desenvolvem. Embora
essas ações sejam de longo prazo, se o consumidor identificar que os valores são sé-
rios e houver comprometimento de sua parte, ele consumirá produtos dessa empresa.
Nesse sentido, os valores também podem ser importantes para estabelecer estraté-
gias empresariais.
Um caso interessante que reforça a importância da filosofia da empresa é o da
empresa Philips. A Royal Philips, com sede na Holanda, é uma empresa diversificada
de saúde e bem-estar, concentrada em melhorar a qualidade de vida das pessoas por
meio de inovações oportunas.
Estratégia Empresarial
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Ao pesquisar no site do Sebrae, você pode encontrar uma simplificação da construção dos
passos de um planejamento estratégico.
Missão
Melhorar a qualidade de vida das pessoas por meio da introdução, no tempo
certo, de inovações tecnologicamente significativas.
Visão
Em um mundo em que a tecnologia toca cada vez mais todos os aspectos de
nosso cotidiano, somos um fornecedor líder de soluções nas áreas de saúde, es-
tilo e vida e tecnologia, ambicionando ser a companhia industrial mais admirada
por todos os nossos parceiros.
Valores
• Encantar os consumidores;
• cumprir os nossos compromissos;
• desenvolver nossos funcionários;
• estimular a interdependência.
O compromisso de marca
Nosso compromisso é sense and simplicity. Esse conceito resume nosso
comprometimento em oferecer produtos e soluções que sejam avançadas, fáceis
de usar e criadas para atender às necessidades de todos os consumidores, em
qualquer lugar do mundo em que eles estiverem.
Estratégia Empresarial
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A estratégia
• Melhorar a rentabilidade por meio da realocação de capital para oportunidades
de negócio que ofereçam retorno mais consistente e maior.
• Alinhar a marca Philips e as nossas competências-chave em cuidados de saúde,
estilo de vida e tecnologia, visando ao crescimento em categorias e zonas geo-
gráficas selecionadas.
• Constituir parcerias com clientes-chave nas áreas B2B e B2C.
• Continuar a investir na manutenção de pesquisa e no desenvolvimento de clas-
se mundial, fortalecer o nosso portfólio de propriedade intelectual e fortalecer
as nossas competências de liderança.
• Impulsionar a produtividade por meio da transformação do negócio e da exce-
lência operacional.
Fonte: PHILIPS, 2013.
Outro ponto importante é notar que a delimitação dos elementos visão, missão e
valores independe do tamanho da empresa. Comete-se o erro de pensar que eles de-
terminam a filosofia da firma e se aplicam somente a empresas de grande porte. Essa
visão é equivocada. Médias e pequenas empresas também devem ter uma ideologia,
que será vital para guiar os passos de seus funcionários e gestores.
Missão
Design Gráfico: Willian Batista
Valores Visão
Filosofia da
empresa
Referências
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<scielo.br/pdf/ptp/v23nspe/03>. Acesso em: 24/06/2013.
4 Análise de cenários:
ambiente externo e ambiente interno
O objetivo deste capítulo é identificar o ambiente estratégico da empresa, por
meio da análise dos pontos fortes e fracos e das oportunidades e ameaças que podem
surgir. Essa análise é conhecida como matriz SWOT. Para realizá-la, é necessário com-
preender as fontes e os tipos de competências organizacionais para identificar suas
forças e fraquezas. A realização dessa análise também exige que se esteja a par das
vantagens competitivas de um dado setor econômico e de suas forças de atratividade,
para identificar as oportunidades e fraquezas.
“O lema da estratégia
competitiva é ser diferente.
Michael Porter
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ii) agregar valor: a competência deve iii) ser de difícil imitação: a competência deve
proporcionar aumento de valor aos clientes, diferenciar a empresa de seus concorrentes. As
oferecendo-lhes reais benefícios; características precisam ser vistas pelo mercado
como específicas da marca, do produto ou da
própria empresa e, portanto, serem
extremamente difíceis de imitar.
Além desses testes, a competência essencial deve ser dinâmica e proporcionar uma
vantagem competitiva para a empresa. Por esse motivo, ela está relacionada a proces-
sos de aprendizagem organizacional, inovação e desenvolvimento de tecnologia.
Para que uma organização tenha um ambiente de aprendizagem direcionado
para o desenvolvimento de tecnologias, é necessário que haja uma abordagem sistê-
mica baseada na construção e aplicação de competências essenciais. Estas, por sua
vez, quando dinâmicas, proporcionam alternativas diferenciadas de crescimento, de-
nominadas diversificação global (LEI; HITT; BETTIS, 2001).
Nas organizações, existe uma hierarquia de competências. A definição das compe-
tências essenciais é considerada como o primeiro nível de análise. A forma como a or-
ganização alavanca e explora seus recursos constitui o segundo nível de análise das
competências. Esse nível está relacionado a uma série de processos de negócios e de ro-
tinas, que gerenciam a interação entre os recursos organizacionais. Esses recursos são as
bases das competências e os inputs da cadeia de valor da organização.
O terceiro nível das competências é a função que integra e coordena as capaci-
dades funcionais das unidades estratégicas de negócios (UENs). No último nível, en-
contram-se as competências essenciais. Elas ultrapassam as fronteiras das UENs e
resultam na interação entre as diferentes competências dessas unidades, gerando um
conjunto de competências disseminadas pela empresa.
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Muitos políticos, quando fazem mudanças em sua gestão, desejam popularidade ou tratam de pri-
vilegiar seus patrocinadores nas campanhas eleitorais. Nesse caso, as ações de empreendedorismo
na gestão pública têm caráter privado, no sentido de serem individualistas, com foco em fins pes-
soais ou grupais.
Poucos concorrentes
Rara
Outras organizações
Cara para ser
não podem criar com
imitada
facilidade.
Outro método útil para criar competências essenciais é a análise da cadeia de va-
lor (PORTER, 1980). A cadeia de valor é um modelo que as organizações utilizam para
entender sua posição de custo e identificar os vários recursos que poderiam ser utili-
zados para facilitar a implantação de uma estratégia de negócio. Para tanto, a organi-
zação precisa, primeiramente, diferenciar as atividades primárias (vinculadas à criação
física dos produtos, à venda e à distribuição aos consumidores e aos serviços de pós-
-venda, como assistência técnica) das secundárias ou de apoio (que dão suporte para
que as atividades primárias sejam realizadas). Essa cadeia analisa, de forma integral, o
processo realizado por uma organização, desde a fase de compra de matéria-prima até
a entrega do bem ou do serviço ao consumidor final.
O objetivo dessa análise é criar valor para o cliente sem aumentar os custos das
operações. Uma organização cria valor para seu cliente quando suas rivais não são ca-
pazes de realizar atividades da mesma forma. Nesse contexto, a terceirização repre-
senta uma alternativa estratégica usada para reduzir custos operacionais e manter a
qualidade do processo.
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Design Gráfico: Juliano Henrique
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Por meio do estudo desse caso, observamos que a Apple tem sua estrutura ope-
racional toda terceirizada. Esse é um modo de compartilhar com parceiras estratégicas
os riscos de seu negócio para, principalmente, reduzir seus custos operacionais.
Por outro lado, a empresa sempre esteve associada a produtos de alta qualidade e
de preços superiores no mercado. Agora, com a estratégia de desenvolver um aparelho
popular, mais barato, ela mostra que procura diversificar a oferta de seus produtos para
atender a novos mercados. No entanto, há uma preocupação em manter o valor que a
marca tem: qualidade em seus produtos, ainda que com preços populares.
As competências individuais podem ser definidas com base nas abordagens dis-
cutidas por Zarifian (2001). A primeira abordagem define a competência como a ca-
pacidade que um indivíduo tem de tomar iniciativas, de ir além do que está escrito,
de compreender e dominar novas situações. Uma competência definida nesses moldes
poderá ser utilizada no local de trabalho, uma vez que um indivíduo assim é capaz de
assumir responsabilidades e, consequentemente, obter reconhecimento por suas atitu-
des. Nesse sentido, a descrição dos cargos é restritiva para propor um ambiente onde
o trabalhador pode agir com competências, pois sua autonomia é limitada. Dessa for-
ma, essa concepção traz mudanças significativas na organização do trabalho.
Uma segunda abordagem define as competências como a aplicação de conhecimen-
tos que foram adquiridos pela pessoa e que são testados em situações incertas. Nessa
abordagem, o autor coloca a dinâmica da aprendizagem como fator essencial ao desenvol-
vimento das competências.
Na terceira abordagem, a competência refere-se à capacidade do indivíduo de
mobilizar uma rede de atores para fazer com que todos compartilhem ações e respon-
sabilidades em uma dada situação. Destaca-se o conceito de corresponsabilidades.
Com base nessas definições, Fleury (2002, p. 55) define a competência como o
“saber agir de forma responsável e reconhecida, o que implica em saber mobilizar, in-
tegrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que agregam valor econômico
à organização e valor social ao indivíduo”.
Outro autor que trata das competências individuais é Le Boterf (2003). Para ele,
competência é uma abstração, não tem existência material. Ela depende da capacida-
de da pessoa de realizar um projeto a partir da combinação de recursos pessoais (co-
nhecimentos, habilidades e atitudes) e recursos ambientais (tecnologia, banco de
dados, livros, redes de relacionamento etc.). Nesse caso, ela é uma ação e não um es-
tado. O indivíduo pode buscar, nos recursos ambientais, fontes complementares para
desenvolver seus recursos pessoais na ausência de determinados saberes para realizar
suas ações. A competência individual profissional consiste em combinar os recursos
pessoais e ambientais para produzir uma ação competente no âmbito da organização.
O autor ainda afirma que o saber combinatório é o elemento central do desenvolvi-
mento das competências, sejam elas individuais ou organizacionais.
Essa visão também é compartilhada por Prahalad e Hamel (1990). Eles concebem
as competências organizacionais, denominadas por eles de essenciais, como decorren-
tes do conjunto das competências individuais. Os autores destacam ainda a relevân-
cia dos gestores para identificar as competências importantes para as organizações e
como elas devem ser identificadas, mapeadas, desenvolvidas e aplicadas nas fronteiras
de suas organizações.
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Orientam
Alimentam
Desenvolvem
Viabilizam Retroalimentam
Dessa forma, para Gallouj (1996) as competências advêm de diversas fontes: edu-
cação, educação continuada, experiência e interação. O quadro a seguir mostra as fon-
tes de competências e os respectivos meios de aquisição.
A matriz SWOT recebe esse nome devido aos componentes que a constituem. Em inglês, es-
ses componentes são chamados de strengths (forças), weaknesses (fraquezas), opportunities
(oportunidades) e threats (ameaças).
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pontos fracos para combatê-lo, avalia-se a organização como vulnerável em seu mer-
cado, situação denominada por Kotler (1996) de vulnerabilidade. Nessa situação, a
empresa deve optar por uma estratégia defensiva, com possíveis modificações para
se proteger. O quadro a seguir mostra essas combinações.
Mercados
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Tecnologias
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Esse item também pode ser entendido como a ocorrência de níveis de performance
econômica acima da média do mercado, em decorrência das estratégias organizacionais.
O valor criado pela empresa é superior a seus custos de produção e/ou operacionais. E,
nesse contexto, o valor é entendido como aquilo que os clientes estão dispostos a pagar
pelo produto e/ou serviço, que possui características semelhantes ao da concorrência, e
que oferecem um preço inferior. Porter (1990) ainda analisa que existem dois tipos bási-
cos de vantagem competitiva: a vantagem baseada na liderança do custo e a vantagem
baseada na diferenciação.
Para uma empresa ter liderança no custo, ela estrategicamente procura atender
a um mercado amplo, sendo a própria amplitude de atuação um importante fator de
vantagem de custos. Por outro lado, em geral, uma empresa que adota a estratégia de
liderança de custos oferece um produto e/ou serviço padrão ao mercado. Sua preocu-
pação, nesse caso, está em oferecer um produto que tem vantagens de custo absoluto
(ou de produtividade) e de escala.
Segundo Pankaj e Rivkin (2000), para que uma empresa obtenha vantagens por
meio da liderança de custos, é preciso:
Curva de experiência
Curva de experiência
Tempo
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Estabelecer a desagregação dos negócios de uma organização em seus componentes
(década de 1970) e definir critérios de rateamento de custos entre os negócios existentes;
Efeitos de escala
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Em algumas indústrias, as empresas não têm como decidir entre escolher as estratégias de foco ou de
diferenciação, pois, nesse caso, a questão é exclusivamente de custos, como o que ocorre com grande
parte de produtos commodities, entre eles a soja.
Pode-se dizer que essas proposições são empíricas e partem de pesquisas e refle-
xões, que buscam explicar os aspectos que impactam na conquista de vantagens com-
petitivas em relação à concorrência. Trata-se de observar como algumas empresas,
independentemente do setor da economia ou do papel que desempenham na indús-
tria, são capazes de promover um desempenho superior a outras.
Por exemplo, o setor de empresas aéreas é caracterizado por ter elevadas barreiras
à entrada, decorrentes dos custos elevados de capital. No entanto, apesar dessa barreira,
nos últimos anos uma nova empresa aérea passou a competir nesse segmento: a empresa
GOL, fundada em 2001 por um grupo de empresários brasileiros. Sua inserção no merca-
do brasileiro trouxe desafios competitivos para as principais companhias aéreas já atuantes
nesse mercado, principalmente considerando-se os problemas econômicos do século XXI.
A GOL entrou no mercado com uma inovação estratégica: a companhia passou a competir
baseada em uma estrutura de baixo custo, que proporcionava baixos preços, sendo a pio-
neira nesse setor. Esse modelo já era praticado em outros mercados internacionais, mas,
no Brasil, a GOL foi pioneira. Com sua entrada, sua demanda cresceu rapidamente e as
companhias áreas mais antigas perderam competitividade para a nova entrante.
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À medida que as grandes empresas multinacionais na área de telefonia (AT&T) e de TV a cabo (MCI)
se consolidam no mercado, com as aquisições e fusões, os clientes comerciais terão menos poder
para assegurar descontos, uma vez que encontrarão menos prestadores de serviços.
O poder de negociação dos compradores tem ligação direta com a busca de redu-
ção de custos operacionais das empresas, por meio da estipulação de um valor de in-
sumos e matérias-primas de modo praticável. Desse modo, para baixar seus custos, as
empresas compradoras negociam melhor qualidade, preços inferiores e melhores ní-
veis de atendimento. As empresas compradoras têm poder quando:
• compram um volume significativo de seus fornecedores;
• as compras das empresas representam volume significativo das receitas das
empresas vendedoras;
• as empresas compradoras poderiam substituir a compra facilmente em função
de custo menor ou sem nenhum custo de mudança;
• os bens e/ou serviços das empresas vendedoras são diferenciados, o que poderia
incentivar a integração das empresas compradoras, a fim de reduzir seus custos.
O poder de negociação dos clientes em várias indústrias tem aumentado graças a
dois fatores principais: o acesso que os compradores têm sobre informações dos pro-
dutores e a disponibilidade de informações na internet. Esse poder decorre dos custos
nulos ou insignificantes para substituir produtos e/ou serviços em função dos preços
inferiores e/ou de ausências de custos de transferências.
Os produtos substitutos são bens e/ou serviços que têm funções semelhantes a
outros bens e/ou serviços, independentemente do setor ao qual pertencem. A ameaça
dos produtos substitutos pode existir quando os clientes não percebem vantagem em
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*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autora, salvo quando indicada a referência.