Você está na página 1de 69

NORMA PENAL

Preceito Primário
Traz o verbo e a intenção do agente:
“Matar alguém”

Preceito Secundário
Traz a pena e as sanções.

Preceito Proibitivo
Traz implícita a norma violada: “Não matarás”.
LEI E NORMA

• A lei é a fonte da norma penal


• A norma é o conteúdo da lei penal
• A lei é que revela a norma
• A lei contém a norma L ] N
• A norma está contida na lei penal N [ L

A = Norma
B = Lei
CARACTERÍSTICAS DA NORMA PENAL
• Imperatividade – caráter obrigatório

• Exclusividade – a única que define crimes

• Generalidade – destinada a todos

• Impessoalidade – não se refere a


pessoas determinadas

• Irrefragabilidade – somente pode ser


derrogada por outra norma

• Abstratividade – não abrange fatos


pretéritos, somente futuros

• Bilateralidade – relação jurídica entre o


Estado e os cidadãos
CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAIS PENAIS
• Tridimensionalidade: três dimensões (altura, profundidade e largura)
• Matéria (Território)/Tempo/Espaço
• Quanto ao Território:
GERAIS – vige em todo o território nacional
LOCAIS – vigoram em determinado lugar do
território nacional.
Classificação - continuação
• Quanto ao Espaço:
COMUNS – aplicam-se a todas as pessoas
ESPECIAIS – dirigidas a determinados grupos de
pessoas, com qualidades especiais.

• Quanto ao Tempo:
ORDINÁRIAS – para viger em quaisquer
circunstâncias
EXCEPCIONAIS – para viger em situações
emergenciais: estado de sítio, guerra,
calamidade pública etc.
NORMAS PENAIS
• INCRIMINADORAS: são as que descrevem condutas criminosas e
cominam sanções;

• EXPLICATIVAS: são as que esclarecem o conteúdo de outras


normas penais;

• PERMISSIVAS: são as que autorizam a impunidade de determinados


crimes.
Norma Penal – continuação:
Completas: apresenta a lei em
todos os seus elementos, não
necessitando de
complementação.
Incompletas: Norma de
conteúdo incompleto, vago, que
exige uma complementação por
outra norma.
NORMA PENAL EM BRANCO
É UM CORPO ERRANTE À PROCURA DE UM ESPÍRITO – Binding

• EM SENTIDO LATO = quando o complemento deriva da


mesma fonte formal da norma incriminadora
(homogênea): art. 237, CP e art. 1521, CC

• EM SENTIDO ESTRITO = quando o complemento


deriva de outra instância legislativa (heterogênea):
art. 269, CP; Portaria – Ministério da Saúde.
Conhecimento prévio de impedimento

Art. 237, Código Penal -


Contrair casamento,
conhecendo a existência de
impedimento que lhe cause
a nulidade absoluta:
Pena - detenção, de três
meses a um ano.
Dos Impedimentos
Art. 1.521, Código Civil.
Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o
parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado
e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais
colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado
por homicídio ou tentativa de homicídio contra o
seu consorte. Art. 1.548. É nulo o casamento
contraído:
I - (Revogado) ;
II - por infringência de impedimento.
Omissão de notificação de doença

Art. 269, Código Penal -


Deixar o médico de
denunciar à autoridade
pública doença cuja
notificação é compulsória:
Pena - detenção, de
seis meses a dois anos, e
multa.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE - art. 1º, CP
• Não há direito penal orbitando Posição Constitucional:
fora da lei escrita.
• CI 1824 – art. 179, n. II
Antecedentes Históricos:
• CR 1891 – art. 72, § 15
Magna Charta, de 1215 – art. 39
• CF 1934 – art. 113, n.26
Bills of Rights – 1774 • CF 1937 – art. 122, n.11
• CF 1946 – art. 141, § 27
Const. Americana – 1787 • CF 1967 – art. 150, § 16
• CF 1969 – art. 153, § 16
Declaração dos Direitos do • CF 1988 – art. 5º, XXXIX
Homem e do Cidadão -
1789
PRINCÍPIO NO DIREITO BRASILEIRO
• CP de 1890 – Art. 1º ALCANCE DO PRINCÍPIO
• FEUERBACH • Não há crime nem
Nullum crimen, nulla pena sem lei anterior
poena, sine lege – lege praevia; veda
praevia retroatividade
• Vedação do Uso da • Não há crime nem
analogia pena sem lei escrita –
lege scripta; veda
• Extirpação de penas costumes
cruéis: galés, morte
para sempre, • Não há crime nem
mutilações, açoites, pena sem lei
morte civil Etc. expressa e
determinada – lege
stricta/certa; veda
analogia
A LEI PENAL NO TEMPO
A lei penal temporal pode ter os • A regra é a
seguintes desdobramentos:
irretroatividade da lei
• IRRETROATIVIDADE maléfica ao réu;
• A exceção é a
retroatividade da lei mais
• RETROATIVIDADE
favorável ao réu;
• Outra exceção é a ultra-
• ULTRA-ATIVIDADE atividade da lei mais
grave, se for excepcional
ou temporária;
• REVOGAÇÃO • Leis comuns revogam-se;
• Leis excepcionais e
• AUTORREVOGAÇÃO temporárias se
autorrevogam.
VIGÊNCIA DA LEI PENAL NO TEMPO – art. 2º, CP

• Regra Geral: princípio • Novatio legis in


tempus regit actum pejus
(vale a lei que estiver
• Novatio legis in
vigente na época do fato)
mellius
• Na hipótese de conflito
de leis penais no tempo: • Lex Tertia
• Novatio legis • Lex Intermedius
incriminadora • Lei Excepcional
• Abolitio Criminis • Lei Temporária
VIGÊNCIA DA LEI PENAL NO TEMPO – art. 2º, CP

• NOVATIO LEGIS • ABOLITIO CRIMINIS


INCRIMINADORA • Ocorre quando a nova lei
• Ocorre quando a nova lei exclui da órbita penal fato
torna crime um fato anteriormente
anteriormente não considerado crime.
considerado crime. • Ex.: sedução (art. 217,
• Ex.: fraude em concurso CP), que deixou de ser
público (art. 311-A, CP), crime após 28/03/05.
que passou a incorporar o
CP após 15/12/11. Antes • Adultério (art. 240,CP),
não havia este dispositivo que deixou de ser crime
penal. após 28/03/05.
ABOLITIO CRIMINIS
• Consequências jurídico- • Réu cumprindo pena privativa
penais advindas da de liberdade: expedição de
abolitio criminis: alvará de soltura em seu favor;
• Persecução criminal ainda não • Mandado de prisão ainda não
iniciada: não se instaurará cumprido: expedição de
inquérito policial a respeito; contramandado de prisão em
• Processo crime em seu favor;
andamento: declaração a • Nome será riscado do rol dos
extinção da punibilidade (art. culpados;
107, III, CP); • Efeitos penais principais e
• Sentença condenatória acessórios (reincidência,
lavrada: extinção da pretensão prescrição etc.) desparecem;
executória da pena. • Reparação civil do dano: única
obrigação que permanece.
VIGÊNCIA DA LEI PENAL NO TEMPO – art. 2º, CP

• NOVATIO LEGIS IN MELLIUS • NOVATIO LEGIS IN PEJUS


Uma lei sempre será mais branda Uma lei sempre será pior que a
que a anterior quando contiver: anterior quando contiver:
• Pena mais branda; • Pena mais grave
(quantidade/qualidade);
• Circunstância atenuante antes
não previstas; • Circunstância agravante antes
não previstas;
• Causas de diminuição de pena
antes não previstas; • Causas de aumento de pena
antes não previstas;
• Extinção de causa de aumento de
pena ou circunstâncias • Extinção de causa de diminuição
agravantes antes previstas; de pena ou circunstâncias
atenuantes antes previstas;
• Maiores facilidades na obtenção
do livramento condicional; • Maiores dificuldades na obtenção
do livramento condicional;
• Redução de prazos de
decadência, prescrição etc. • Ampliação de prazos de
decadência, prescrição etc.
VIGÊNCIA DA LEI PENAL NO TEMPO – art. 2º, CP

• LEX TERTIA • LEX INTERMEDIUS


/ / / / /
Lei 1 Lei 2 Lei 1 Lei 2 Lei 3
Pena: 3 a 8 Pena: 2 a 5 Pena: 2 a 5 Pena: 1 a 3 Pena: 3 a 8
Multa: sem multa Multa: 200 d/m # Considerando que o agente
# Considerando que a pena cometeu um crime sob a Lei 1, e
antes de ser sentenciado, surgem
privativa de liberdade da Lei 2 é
outras duas leis sucessivas, sendo
mais benéfica ao réu, ela
que a segunda ser-lhe-ia mais
retroagiria em seu benefício; e favorável, ela será aplicada em
sendo a multa da Lei 1 mais relação à anterior (retroativa), e
benéfica ao réu, ela seria ultra- também à sucessiva (ultra-ativa).
ativa?. Desta forma, seria feita Mesmo que o agente seja
uma combinação de leis. sentenciado sob a Lei 3, a Lei 2 é
SÚMULA 501/STJ proíbe a que será levada em consideração.
combinação de duas leis penais. Posição atual do STF
I – É inadmissível a aplicação da causa de
diminuição prevista no art. 33, § 4º, da Lei
11.343/2006 à pena relativa à condenação por
crime cometido na vigência da Lei 6.368/1976.
Precedentes. II – Não é possível a conjugação de
partes mais benéficas das referidas normas, para
criar-se uma terceira lei, sob pena de violação aos
princípios da legalidade e da separação de
Poderes. III – O juiz, contudo, deverá, no caso
concreto, avaliar qual das mencionadas leis é
mais favorável ao réu e aplicá-la em sua
integralidade.
07/11/2013 PLENÁRIO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
600.817 MATO GROSSO DO SUL. RELATOR : MIN.
RICARDO LEWANDOWSKI.
Súmula 501 - STJ
É cabível a aplicação retroativa da Lei n.
11.343/2006, desde que o resultado da
incidência das suas disposições, na
íntegra, seja mais favorável ao réu do
que o advindo da aplicação da Lei n.
6.368/1976, sendo vedada a combinação
de leis.
Fonte:
DJe 28/10/2013
RSSTJ vol. 43 p. 501
RSTJ vol. 232 p. 749
LEI EXCEPCIONAL E TEMPORÁRIA - art. 3º, CP

• Lei Excepcional • Lei Temporária


EXIMIA LEGE AD TEMPUS LEGE
• Vige durante situação • Possui vigência
de emergência: previamente fixada pelo
calamidade pública, legislador.
convulsão social, • Ambas possuem:
estado de sítio; Auto revogação
revolução, epidemia Ultra atividade
etc. Não são alcançadas por
DECRETO Nº 64.881, DE 22/3/2020. Decreto lei posterior mais
da quarentena, formulado com apoio do
Comitê Administrativo Extraordinário, que
benigna.
trata das demandas da administração Lei Geral da Copa
pública e do setor privado sobre as medidas
para combate da COVID-19. Novo decreto (Lei nº 12.663/2012)
prorroga a medida até 9 de abril de 2021.
Artigo 1º - Observados os
termos e condições
estabelecidos no Decreto nº
64.994, de 28 de maio de 2020,
fica estendida, até 9 de abril de
2021, a vigência: I - da medida
de quarentena instituída pelo
Decreto nº 64.881, de 22 de
março de 2020. [...]
Lei nº 12.663/2012
Art. 30. Reproduzir, imitar, falsificar ou modificar indevidamente quaisquer Símbolos Oficiais de titularidade
da FIFA:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa.
Art. 31. Importar, exportar, vender, distribuir, oferecer ou expor à venda, ocultar ou manter em estoque
Símbolos Oficiais ou produtos resultantes da reprodução, imitação, falsificação ou modificação não
autorizadas de Símbolos Oficiais para fins comerciais ou de publicidade:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses ou multa.
Marketing de Emboscada por Associação
Art. 32. Divulgar marcas, produtos ou serviços, com o fim de alcançar vantagem econômica ou publicitária,
por meio de associação direta ou indireta com os Eventos ou Símbolos Oficiais, sem autorização da FIFA ou
de pessoa por ela indicada, induzindo terceiros a acreditar que tais marcas, produtos ou serviços são
aprovados, autorizados ou endossados pela FIFA:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, sem autorização da FIFA ou de pessoa por ela indicada,
vincular o uso de Ingressos, convites ou qualquer espécie de autorização de acesso aos Eventos a ações
de publicidade ou atividade comerciais, com o intuito de obter vantagem econômica.
Marketing de Emboscada por Intrusão
Art. 33. Expor marcas, negócios, estabelecimentos, produtos, serviços ou praticar atividade promocional,
não autorizados pela FIFA ou por pessoa por ela indicada, atraindo de qualquer forma a atenção pública nos
locais da ocorrência dos Eventos, com o fim de obter vantagem econômica ou publicitária:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa.
Art. 34. Nos crimes previstos neste Capítulo, somente se procede mediante representação da FIFA.
Art. 35. Na fixação da pena de multa prevista neste Capítulo e nos arts. 41-B a 41-G da Lei nº 10.671, de 15
de maio de 2003, quando os delitos forem relacionados às Competições, o limite a que se refere o § 1º do
art. 49 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), pode ser acrescido ou reduzido
em até 10 (dez) vezes, de acordo com as condições financeiras do autor da infração e da vantagem
indevidamente auferida.
Art. 36. Os tipos penais previstos neste Capítulo terão vigência até o dia 31 de
dezembro de 2014.
ULTRA ATIVIDADE e RETROATIVIDADE DA
NORMA PENAL EM BRANCO
• ULTRA
ATIVIDADE
Caso a norma complementar seja
revogada, o crime ainda
subsistirá.
Art. 2º, VI, Lei n. 1521/51;
Portaria Ministerial fixando
preços.

A norma complementar está ligada a uma


circunstância temporal ou excepcional
Retroatividade da Norma Complementar
RETROATIVIDADE
Caso a norma complementar seja revogada, o mesmo ocorrerá com a
norma principal.
Art. 269, CP;
Portaria nº 1.100/96.
A norma complementar não está ligada a uma
circunstância temporal ou excepcional. A revogação
constitui-se em aperfeiçoamento da legislação.
TEMPO DO CRIME
Art. 4º Código Penal
• TEMPUS DELICTI – • Nosso Código
Tempo do Delito Penal adotou a
É o momento em que teoria da
se considera atividade – art.
praticado o crime.
4º, CP
• Teorias existentes
• TEORIA DA ATIVIDADE
• TEORIA DO RESULTADO
• TEORIA MISTA
LEI PENAL NO ESPAÇO
Art. 5º, Código Penal
Quando um crime não somente TERRITÓRIO: “é a base física,
viola o interesse de um país. o ângulo geográfico de uma
Princípios existentes: nação onde ocorre a
PRINCÍPIO DA
validade da sua ordem
TERRITORIALIDADE jurídica”. Kelsen
PRINCÍPIO DA Tridimensionalidade:
NACIONALIDADE (ATIVA OU Terra – 8.514.876 km2. (5º
PASSIVA) maior do planeta)
PRINCÍPIO DE Água – 12 milhas marítimas
DEFESA/REAL/PROTEÇÃO de largura, a partir da
PRINCÍPIO DA baixa-mar do litoral
UNIVERSALIDADE/COSMOP continental e insular bras.
OLITA
PRINCÍPIO DA
Ar – teoria da absoluta
REPRESENTAÇÃO soberania do país
subjacente (Lei n. 7.565/86
– art. 11).
Espaço territorial
• Território físico do Brasil -
Mar territorial e Plataforma
Continental
Mar Territorial (12 milhas marítimas) e
a Plataforma Continental (200 milhas
marítimas) zona econômica
ESPAÇO AÉREO
BRASILEIRO
• O espaço aéreo de um país é a porção
da atmosfera que se sobrepõe ao território
desse país, incluindo o território marítimo,
indo do nível do solo, ou do mar, até
100Km de altitude, onde o país detém o
controle sobre a movimentação de
aeronaves.
LEI PENAL NO ESPAÇO
Art. 5º, Código Penal
• Território, então, é o • O Brasil adotou,
espaço de terra, água segundo o art. 5º do
e ar compreendido Código Penal, o
dentro dos limites princípio da
fixados e territorialidade
reconhecidos temperada ou
internacionalmente. mitigada.
• Basta um crime tocar • As exceções a esse
no nosso território, princípio estão
que terá aplicação a elencadas no art. 7º,
lei penal brasileira. CP.
LUGAR DO CRIME
Art. 6º, Código Penal
• LOCUS DELICTI – • Nosso Código
Lugar do Crime adotou, no art. 6º, a
É o lugar em que se teoria da
considera praticado o ubiquidade.
crime.
Crimes plurilocais:
Teorias existentes: Quando o mesmo crime tem
TEORIA DA ATIVIDADE sua execução num local e
TEORIA DO RESULTADO resultado noutro, mas
dentro do mesmo país, a
TEORIA DA UBIQUIDADE
competência é determinada
OU MISTA
pelo art. 70, caput, CPP.
LUGAR DO CRIME
Art. 6º, Código Penal
• Nos crimes à • Basta que uma porção do
distância, quando o crime tenha tocado no
território nacional, que
iter criminis se
será aplicada a lei
desenvolve em dois brasileira, mesmo que o
países, a solução fato tenha sido punido no
está determinada estrangeiro.
pelo art. 70, §§ 1º e • Rigorismo da regra é
2º, CPP. abrandado pelo art. 8º,
do Código Penal.
EXTRATERRITORIALIDADE
Art. 7º, Código Penal Brasileiro
• Nosso Código Penal, • Inciso I, a, b, c, d.
como já dissemos, Extraterritorialidade
adotou o princípio da Incondicionada
territorialidade Neste inciso, em todos
temperada. os casos elencados,
• As exceções ao vige o princípio real
princípio da ou de
territorialidade estão defesa/proteção.
no art. 7º, a saber:
EXTRATERRITORIALIDADE
Art. 7º, Código Penal Brasileiro
EXTRATERRITORIALIDADE • § 3º - Princípio
CONDICIONADA Real/Defesa/Proteção.
Inciso II, a = Princípio da
Justiça Universal • § 1º - Informa que na
Inciso II, b = Princípio da extraterritorialidade
nacionalidade ativa incondicionada (Inciso I),
Inciso II, c = Princípio da o agente será punido
Representação. segundo a lei brasileira,
Aplicam-se a estes três casos os ainda que absolvido ou
requisitos subordinativos do § condenado no
2º. estrangeiro. Esse
Observação: Todas as situações rigorismo é amenizado
devem existir ao mesmo
tempo (cumulativamente).
pela regra do art. 8º, CP.
EXTRATERRITORIALIDADE
Art. 7º, Código Penal Brasileiro
• EXTRADIÇÃO • Art. 5º, LI, LII, CF/88
É o ato de um país entregar • Requisitos p/ Extradição:
a outro um criminoso Lei nº 6.815/80 (Est. Estrangeiro);
para ser julgado e Lei nº 6.964/812, e Regimento
Interno do STF.
punido.
Deve ser solicitada pelo País
Deve haver tratado bilateral estrangeiro ao Pres. Rep., que
ou, em sua ausência, o submete à análise do STF. A
promessa de decisão do STF deve ser
submetida ao crivo do Pres.
reciprocidade de
Rep. Trata-se de prerrogativa
tratamento. inerente à soberania nacional.
Imunidades Diplomáticas
• Documentos regentes: • Os diplomatas ficam a
• Convenção Internacional salvo da legislação penal
de Havana sobre brasileira, submetendo-se
Funcionários às leis penais dos
Diplomáticos – 1928 Estados que
(Código de Bustamante) representam.
• Convenção Internacional • O privilégio não diz
de Viena sobre Relações respeito à pessoa, e sim,
Diplomáticas - 1961 à função exercida.
Imunidades Diplomáticas
• Possuem imunidade • Exclui-se o pessoal não
diplomática: oficial que trabalha para a
• Embaixadores e Núncios Embaixada (STF).
• Chefes de missões especiais • IMUNIDADES
• Familiares destes, bem como CONSULARES
os funcionários
• Cônsules não são agentes
administrativos, e os técnicos
das missões e seus familiares. diplomáticos, mas
administrativos. Possuem
• Representantes da ONU e
OEA e Chefes de Estado imunidade relativa.
• Integrantes do pessoal de • Somente possuem
serviço (imunidade relativa). imunidade referente aos
atos praticados no exercício
de suas funções.
Imunidades Diplomáticas
O território de embaixadas estrangeiras,
ou edifícios consulares, no Brasil,
pertencem ao nosso território. Crimes
comuns ali cometidos são julgados pela
lei penal brasileira, salvo se os agentes
possuírem imunidade diplomática
absoluta.
CONTAGEM DE PRAZO
Art. 10, CP
• Termo Inicial = dies a quo • Pessoa presa às 20h do dia
23/03/20, para cumprir pena
• Termo final – dies ad de três meses de detenção.
quem Conta-se o dia 23 por inteiro,
• Calendários existentes: não obstante o condenado
ficar apenas 4 horas preso,
Babilônico, judeu, maia, terminando a pena às 24h do
egípcio, chinês, hindu, dia 22/06/20. Se fosse por um
muçulmano, romano ano: a pena estaria cumprida
primitivo, juliano, às 24h do dia 22/03/21.
gregoriano. O calendário • O ano é contado de certo dia
até às 24h da véspera do dia
gregoriano é o de idêntico número do mês do
calendário comum a que ano seguinte, não importando
alude o art. 10, CP se bissexto.
FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS
Art. 11, CP
• Frações não computáveis • De dois meses, oito
da pena: horas, e trinta minutos de
• Frações de dias = horas, detenção, mas sim, três
minutos e segundos; meses de detenção,
• Frações de real = desprezando-se as horas
centavos de real. e os minutos;
• Ninguém será condenado • De pena pecuniária de
a uma pena: R$ 235,80, mas sim, de
R$ 235,00, desprezando-
se os centavos de real.
Conflito de Normas
PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE
• Art. 12, CP Lex specialis derogat legi generali
Quando uma lei penal sucede Ex.: arts. 121 e 123, CP
a outra não temos um PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE
conflito. Lex primaria derogat legi subsidiariae
O conflito surge quando uma Ex.: art. 213, CP (arts. 129 + 147 +
ação criminosa pode 146)
configurar mais de um PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO
delito, todavia uma só Lex consumens derogat legi
consumptae
norma será aplicável.
Ex.: art. 121, CP ( lesão
O conflito não é real, apenas corporal/crime de passagem)
aparente. PRINCÍPIO DA ALTERNATIVIDADE
Para solucioná-lo existem – Crimes de ação múltipla
alguns princípios basilares: Ex.: art. 122, CP (condutas
separadas por , ou) (; e - cumul.)
PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE
ARTIGO 334-A, CP ART. 33, LEI Nº 11.343/06
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar,
Contrabando produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à
• Art. 334-A. Importar ou exportar venda, oferecer, ter em depósito, transportar,
trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar,
mercadoria proibida: (Incluído entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) que gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( regulamentar:
cinco) anos. Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos
e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e
quinhentos) dias-multa.
Princípio da Especialidade
• Art. 121, CP • Art. 123, CP
Homicídio simples Infanticídio
Art. 121. Matar alguém: Art. 123 - Matar, sob a influência
do estado puerperal, o próprio
Pena - reclusão, de seis a vinte
filho, durante o parto ou logo
anos.
após:
Pena - detenção, de dois a seis
anos.
Princípio da Subsidiariedade
• Artigo 146, CP (Dispositivo acessório)
• Artigo 213, CP Constrangimento ilegal
(Dispositivo principal) Art. 146 - Constranger alguém, mediante
violência ou grave ameaça, ou depois de
Art. 213. Constranger lhe haver reduzido, por qualquer outro
alguém, mediante violência meio, a capacidade de resistência, a não
fazer o que a lei permite, ou a fazer o que
ou grave ameaça, a ter ela não manda:
conjunção carnal ou a Pena - detenção, de três meses a um ano,
ou multa.
praticar ou permitir que com • Artigo 147, CP (Dispositivo acessório)
ele se pratique outro ato Ameaça
libidinoso: (Redação dada Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra,
escrito ou gesto, ou qualquer outro meio
pela Lei nº 12.015, de 2009) simbólico, de causar-lhe mal injusto e
Pena - reclusão, de 6 (seis) grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou
a 10 (dez) anos. multa.
• Artigo 129, CP (Dispositivo acessório)
Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal
ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Princípio da Subsidiariedade
• Art. 157, CP Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para
Roubo outrem, coisa alheia móvel:
Art. 157 - Subtrair coisa Pena - reclusão, de um a quatro
móvel alheia, para si ou anos, e multa.
para outrem, mediante Ameaça
grave ameaça ou violência Art. 147 - Ameaçar alguém, por
a pessoa, ou depois de palavra, escrito ou gesto, ou
qualquer outro meio simbólico, de
havê-la, por qualquer meio,
causar-lhe mal injusto e grave:
reduzido à impossibilidade
Pena - detenção, de um a seis
de resistência: meses, ou multa.
Pena - reclusão, de quatro a Lesão corporal
dez anos, e multa. Art. 129. Ofender a integridade
corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a
um ano.
Princípio da Consunção
Art. 129,CP (Crime Meio)
Art. 121,CP
Lesão Corporal Leve
(Crime Fim) Lesão Corporal Grave
Matar Alguém. Lesão Corporal
Gravíssima
CRIMES DE PASSAGEM
Princípio da Consunção
• Furto em Residência – Art. Violação de domicílio
155, § 4º, I, CP Art. 150 - Entrar ou permanecer,
clandestina ou astuciosamente, ou
Furto qualificado contra a vontade expressa ou tácita
§ 4º - A pena é de reclusão de de quem de direito, em casa alheia
dois a oito anos, e multa, se o ou em suas dependências:
crime é cometido: Pena - detenção, de um a três
I - com destruição ou rompimento meses, ou multa.
de obstáculo à subtração da coisa Dano
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou
• CRIME FIM deteriorar coisa alheia:
Pena - detenção, de um a seis
meses, ou multa.
CONCURSO (CONFLITO) APARENTE DE NORMAS

• Antefato Impunível • Pós-Fato Impunível


São ações posteriores ao crime
São ações anteriores ao que a lei concebe, implícita ou
crime que a lei concebe, explicitamente, como naturais,
implícita ou não sendo passíveis da
explicitamente, como reprimenda penal.
necessárias ao mesmo, Ex.: agente que falsifica moeda, e
não passíveis de em seguida, a coloca em
circulação, comete apenas o
aplicação da lei penal. crime do art. 289, CP; ou o
Ex.: lesões corporais, no ladrão que vende a coisa
crime de homicídio, e furtada, como sendo sua, não
comete o crime de estelionato,
violação de domicílio, no somente o furto.
crime de furto à
residência.
CRIME
• Conceito Material: • Conceito Analítico:
Crime é toda ação ou omissão
Crime é a violação de
humana voluntária típica e
um bem jurídico
antijurídica,
penalmente tutelado funcionando a
(protegido). culpabilidade como
• Conceito Formal: pressuposto para a
Crime é toda ação ou imposição da pena,
omissão proibida pela e a punibilidade como
lei, sob a ameaça de consequência
jurídica do crime.
pena.
Requisitos do Crime:

• AÇÃO HUMANA • FATO TÍPICO


Pode ser positiva ou negativa. Conduta = quando o
Animais não podem ser comportamento humano
agentes de crimes.
se ajusta ao modelo legal
TEORIAS DA AÇÃO: contido na lei penal.
• Teoria Causalista (Beling e
von Liszt) – elemento Resultado = é a modificação
antropológico/mecanicista do mundo exterior.
(movimento corpóreo mecânico)
Nexo Causal = é a relação
• Teoria Finalista entre a conduta e o
(Hans Welsel) – elemento resultado alcançado.
psicológico/final (movimento
corpóreo com finalidade) Tipicidade = é a perfeita
• Teoria Social (Jeschek e adequação da conduta e
Wessels) – elemento resultado à definição legal
sociológico (movimento corpóreo do delito.
com finalidade socialmente relevante)
Karl Binding Ernst von Beling Franz von Liszt

Teoria Causalista
– elemento
antropológico/mec
anicista
(movimento
corpóreo
mecânico)
Teoria Finalista –
elemento
psicológico/final
(movimento
corpóreo com
finalidade)
Teoria Social
(Jescheck e
Wessels) –
elemento
sociológico
(movimento
corpóreo com
finalidade
socialmente
relevante)
Elementos do Tipo Penal
• TIPO: é o conjunto dos • ELEMENTO NORMATIVO:
elementos descritivos do crime Descreve a situação do agente.
contidos na lei penal. Consiste em expressões que
• ELEMENTO OBJETIVO: fazem referência ao injusto, e
necessitam de uma juízo de
Descreve a conduta do agente.
valor por parte do magistrado
• ELEMENTO SUBJETIVO ou aplicador da lei.
Descreve a intenção, ou o
desígnio, do agente.
Tipicidade Conglobante
O que é tipicidade Para Zaffaroni a tipicidade
conglobante? Refere- penal (adequação penal
se à conduta do agente + antinormatividade) é a
que, na consideração fusão da tipicidade legal
do fato típico, não (penal) com a tipicidade
basta ser contrária ao conglobante (todo o
ordenamento jurídico).
direito penal, mas sim,
ao ordenamento Adequação típica ocorre
jurídico como um todo quando determinada
conduta humana
(conglobado). Eugênio individual se amolda à
Raúl Zaffaroni descrição abstrata da lei
penal.
Tipicidade Conglobante
• Tipicidade • Exemplo: Oficial de justiça que
Conglobante: A conduta cumpre ordem de penhora e
deve ser contrária ao sequestro de bens de devedor.
ordenamento jurídico Qualquer jurista diria que o
como um todo, e não oficial de justiça estaria
apenas ao Direito Penal. acobertado por uma causa
A aferição da tipicidade excludente de ilicitude. Para
reclama a presença da esta teoria, o caso é de
causa excludente de
antinormatividade geral.
tipicidade.
Requisitos do Crime
• CULPABILIDADE:
• ANTIJURIDICIDADE: Diz respeito à consciência jurídica
Fato antijurídico é do agente em relação ao
delito. A culpabilidade é o juízo
aquele contrário ao ético, moral (de reprovação)
direito. Ocorre do crime. É o limite ou o
quando o agente não fundamento da pena.
agir acobertado por
Elementos da Culpabilidade:
uma causa • IMPUTABILIDADE
excludente de • POTENCIAL CONSCIÊNCIA
antijuridicidade, ou de DA ILICITUDE
ilicitude (art. 23, CP). • EXIGIBILIDADE DE
CONDUTA DIVERSA
• Quanto à ação do • Quanto à lesividade
agente: do bem jurídico:
CRIME COMISSIVO CRIME DE DANO
CRIME OMISSIVO CRIME DE PERIGO:
PRÓPRIO CONCRETO
CRIME COMISSIVO ABSTRATO
POR OMISSÃO
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES
• Quanto ao resultado: • Quanto ao momento
CRIME MATERIAL do crime:
CRIME FORMAL CRIME INSTANTÂNEO
CRIME DE MERA CRIME PERMANENTE
CONDUTA CRIME INST. DE EFEITO
PERMANENTE
Para Memorizar: com
(bigamia)
resultado, com
resultado antecipado CRIME A PRAZO (arts. 129,
§ 1º, I; 148, § 1º, III e 169, p.ú.,
e sem resultado. II, CP.)
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES
• Quanto à intenção • Quanto à
do agente: consumação do
CRIME DOLOSO crime:
CRIME CULPOSO CRIME CONSUMADO
CRIME CRIME TENTADO
PRETERDOLOSO CRIME FALHO ou
tentativa perfeita ou
Dolo antecedente e acabada
culpa consequente CRIME IMPOSSÍVEL
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES
• Diferencie o Crime • Quanto ao número de
Progressivo da Progressão agentes exigidos:
Criminosa CRIME UNISSUBJETIVO (único
• Diferencie o Crime de forma agente)
livre (arts. 121 e 147, CP) CRIME PLURISSUBJETIVO
daquele de forma vinculada (vários agentes)
(arts. 130 e 213 CP, conj. carnal)
• Quanto ao número de
• Diferencie os Crimes atos executórios:
Transeuntes (não deixam
vestígios) dos Não Transeuntes CRIME UNISSUBSISTENTE
(único ato executório)
(deixam vestígios)
• Diferencie o Crime habitual CRIME PLURISSUBSISTENTE
(dois ou mais atos executórios)
(prática reiterada de atos que
revelam estilo de vida: CRIME MONO-OFENSIVO =
curandeirismo - art. 284, CP) do ofensa a bem jurídico único (furto)
profissional (cometido com PLURIOFENSIVO = ofensa a dois ou
finalidade lucrativa, como mais bens jurídicos (latrocínio)
rufianismo - art. 230, CP).
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES
• Quanto à gravidade • Quanto ao agente
do crime: que o pratica:
CRIME SIMPLES CRIME COMUM
CRIME QUALIFICADO CRIME PRÓPRIO
CRIME PRIVILEGIADO CRIME DE MÃO
PRÓPRIA
O QUE É CRIME CRIME FUNCIONAL
REMETIDO? Art. (Exige que o agente seja
funcionário público: no
304, CP. exercício da função ou em
decorrência dela)
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES
• Quanto ao local do • Quanto à ação
crime: penal:
CRIME À DISTÂNCIA CRIME DE AÇÃO
(conduta e resultado PENAL PÚBLICA
desenvolvem-se em
países distintos – art. 6º, INCONDICIONADA
CP e art. 70, §§ 1º, 2º, CRIME DE AÇÃO
CPP) PENAL PÚBLICA
CRIME PLURILOCAL CONDICIONADA
(conduta e resultado CRIME DE AÇÃO
desenvolvem-se em PENAL PRIVADA
comarcas distintas do
Brasil)
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES
• Quanto à CRIME HEDIONDO
especialidade: CRIME CONTRA A
CRIME MILITAR CRIANÇA E O
CRIME AMBIENTAL ADOLESCENTE
CRIME DE TRÂNSITO CRIME DE DROGAS
CRIME DE ARMA DE CRIME CONTRA A
FOGO ECONOMIA
CRIME FALIMENTAR POPULAR
CRIME ELEITORAL CRIME CONTRA O
CONSUMIDOR etc.
Peculiaridades
– SUJEITO ATIVO DO CRIME
– SUJEITO PASSIVO DO CRIME
– OBJETO JURÍDICO DO CRIME
– OBJETO MATERIAL DO CRIME
– TÍTULO GENÉRICO (Crimes contra a vida)
– TÍTULO ESPECÍFICO (homicídio)

Você também pode gostar