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Prof.

José Knust

DO NACIONALISMO
AO ESTADO-NAÇÃO
O mundo hoje se organiza politicamente como um conjunto de
Estados-Nação. O que significa isso e por que isso ocorreu?
O QUE É UMA NAÇÃO?
IDENTIDADE,
PERTENCIMENTO,
COMUNIDADE.

Quem você é?
“Dentro de um espírito antropológico, proponho a seguinte definição de
nação: uma comunidade política imaginada – e imaginada como
sendo intrinsicamente limitada e, ao mesmo tempo, soberana. Ela é
imaginada porque os membros da mais minúscula das nações jamais
conhecerão, encontrarão ou nem sequer ouvirão falar da maioria de seus
companheiros, embora todos tenham em mente a imagem viva da
comunhão entre eles. (...) Na verdade, qualquer comunidade maior que a
aldeia primordial do contato face a face (e talvez mesmo ela) é imaginada.
As comunidades se distinguem não por sua falsidade/autenticidade, mas
pelo estilo em que são imaginadas. (...) Imagina-se a nação limitada
porque mesmo a maior delas, que agregue, digamos, um bilhão de
habitantes, possui fronteiras finitas, ainda que elásticas, para além das
quais existem outras nações. Nenhuma delas imagina ter a mesma
extensão da humanidade. (...) Imagina-se a nação soberana porque o
conceito nasceu na época em que o Iluminismo e a Revolução estavam
destruindo a legitimidade do reino dinástico hierárquico de ordem divina.
(...) As nações sonham ser livres (...) A garantia e o emblema dessa
liberdade é o Estado Soberano. E, por último, ela é imaginada como uma
Benedict Anderson. comunidade porque, independente da desigualdade e da exploração
Comunidades Imaginadas.
São Paulo: Cia. das
efetivas que possam existir dentro dela, a nação sempre é concebida
Letras, 2008, p.32-34. como uma profunda camaradagem horizontal.”
“A palavra “nação” deriva dos termos latinos nasci (nascer) e natio (natural
de algum lugar ou lugar de nascimento). (...) O sentido inicial comum de
natio, por conseguinte, diz respeito a pessoas ligadas pelo nascimento
ou pelo local de nascimento. Uma conotação importante é que esse
local de nascimento provê o fundamento para uma forma “natural” de
associação humana. (...). O termo nação geralmente denota um grupo de
pessoas que tem ancestrais, história, cultura e língua comuns, o que
supõe um foco de lealdade e afeição. (...) A “autodeterminação
nacional” está intimamente ligada à teoria da soberania e do estado,
implicando independência (...) do controle de outros estados e,
consequentemente, a capacidade de um povo formular a lei e exercer a
Andrew Vincent. jurisdição dentro de um território determinado. “Nacionalidade”, na
Ideologias políticas modernas. terminologia legal, denota a cidadania jurídica de um estado particular (...)
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., embora continua sem explicar os determinantes da nacionalidade que tanto
1995, p.237-238.
podem ser a residência como o local de nascimento ou a família. (...)
“Caráter nacional” (...) evoca sobretudo os interesses (...) de identificar o
comportamento característico dos “tipos nacionais”. (...) O nacionalismo é
frequentemente visto como uma ideologia (ou um comportamento) que
torna a identidade (...) [nacional] o princípio de uma doutrina que busca a
expressão política.”
ASCENSÃO DO NACIONALISMO
NACIONALISMO REVOLUCIONÁRIO

• Desafio revolucionário à legitimidade tradicional das monarquias absolutistas


(baseada nas ideias de tradição, hierarquia, hereditariedade e direito divino).
NACIONALISMO REVOLUCIONÁRIO

• Desafio revolucionário à legitimidade tradicional das monarquias absolutistas


(baseada nas ideias de tradição, hierarquia, hereditariedade e direito divino).
• Abre-se a questão: o que legitima o poder? A resposta revolucionária é: o
poder emana do povo e é ele que legitima qualquer governo.
NACIONALISMO REVOLUCIONÁRIO

• Desafio revolucionário à legitimidade tradicional das monarquias absolutistas


(baseada nas ideias de tradição, hierarquia, hereditariedade e direito divino).
• Abre-se a questão: o que legitima o poder? A resposta revolucionária é: o
poder emana do povo e é ele que legitima qualquer governo.
• Mas quem compõe esse povo? Os cidadãos. Mas quem são os Cidadãos?
NACIONALISMO REVOLUCIONÁRIO

• Desafio revolucionário à legitimidade tradicional das monarquias absolutistas


(baseada nas ideias de tradição, hierarquia, hereditariedade e direito divino).
• Abre-se a questão: o que legitima o poder? A resposta revolucionária é: o
poder emana do povo e é ele que legitima qualquer governo.
• Mas quem compõe esse povo? Os cidadãos. Mas quem são os Cidadãos?
• Desenvolve-se a ideia de Nação como base da cidadania e do poder legítimo.
AS NOVAS CONDIÇÕES SOCIAIS

Grande transformação social::


• Grande crescimento demográfico.
• Grandes deslocamentos populacionais:
• Êxodo rural.
• Migrações internas na Europa.
• Migrações externas (para EUA, Argentina,
Austrália e Brasil, sobretudo).
• Desenvolvimento urbano e industrial.
AS NOVAS CONDIÇÕES SOCIAIS

Grande transformação social: Grande transformação cultural:


• Grande crescimento demográfico. • Mudança na vida cotidiana e nos hábitos.
• Grandes deslocamentos populacionais: • Perda de vínculos e identidades tradicionais.
• Êxodo rural. • Busca por novas formas de vínculos e
identidades.
• Migrações internas na Europa.
• Migrações externas (para EUA, Argentina, • Desenvolvimento de interesse artístico e
Austrália e Brasil, sobretudo). acadêmico pela cultura popular tradicional
(folclore).
• Desenvolvimento urbano e industrial.
NACIONALISMOS
CENTRÍFUGOS E
CENTRÍPETOS NA
EUROPA DO SÉCULO 19

Emergência de questões nacionais


na Europa do século 19.

A Europa pós-Napoleônica (1815)


NACIONALISMOS
CENTRÍFUGOS E
CENTRÍPETOS NA
EUROPA DO SÉCULO 19

Emergência de questões nacionais


na Europa do século 19.

Revolução e nacionalismo na
construção da identidade
nacional francesa.

A Europa pós-Napoleônica (1815)


NACIONALISMOS
CENTRÍFUGOS E
CENTRÍPETOS NA
EUROPA DO SÉCULO 19

Emergência de questões nacionais


na Europa do século 19.

Centralização versus
autonomia local no
Reino da Espanha

A Europa pós-Napoleônica (1815)


NACIONALISMOS
CENTRÍFUGOS E
CENTRÍPETOS NA
EUROPA DO SÉCULO 19

Emergência de questões nacionais


na Europa do século 19.

Irlanda na Grã-Bretanha

A Europa pós-Napoleônica (1815)


NACIONALISMOS
CENTRÍFUGOS E
CENTRÍPETOS NA
EUROPA DO SÉCULO 19

Emergência de questões nacionais


na Europa do século 19.

Nacionalismos dentro
do Império austríaco.

A Europa pós-Napoleônica (1815)


NACIONALISMOS
CENTRÍFUGOS E
CENTRÍPETOS NA
EUROPA DO SÉCULO 19

Emergência de questões nacionais


na Europa do século 19.

Nacionalismos dentro
do Império austríaco.

A Europa pós-Napoleônica (1815)


NACIONALISMOS
CENTRÍFUGOS E
CENTRÍPETOS NA
EUROPA DO SÉCULO 19

Emergência de questões nacionais


na Europa do século 19.

Nacionalismos dentro
do Império Russo.

A Europa pós-Napoleônica (1815)


NACIONALISMOS
CENTRÍFUGOS E
CENTRÍPETOS NA
EUROPA DO SÉCULO 19

Emergência de questões nacionais


na Europa do século 19.

Nacionalismos dentro do
Império Turco-Otomano.

A Europa pós-Napoleônica (1815)


NACIONALISMOS
CENTRÍFUGOS E
CENTRÍPETOS NA
EUROPA DO SÉCULO 19

Emergência de questões nacionais


na Europa do século 19.

Nacionalismo e luta pela


unificação italiana.

A Europa pós-Napoleônica (1815)


NACIONALISMOS
CENTRÍFUGOS E
CENTRÍPETOS NA
EUROPA DO SÉCULO 19

Emergência de questões nacionais


na Europa do século 19.

Nacionalismo e luta pela


unificação alemã.

A Europa pós-Napoleônica (1815)


NACIONALISMOS
CENTRÍFUGOS E
CENTRÍPETOS NA
EUROPA DO SÉCULO XIX

A “primavera dos povos” de 1848


INDEPENDÊNCIAS NA AMÉRICA
E A FORJA DE NAÇÕES

Nacionalismos concomitantemente “centrífugos” e


“centrípetos” para a construção de novos Estados.
A CONSTRUÇÃO DOS
ESTADOS-NAÇÃO
UMA NOVA FORMA DE ESTADO

• Soberania territorial absoluta.


• Absolutismo Jurídico.
• Construção de um aparato estatal maior e mais capilarizado: o
serviço público
• Unificação e centralização institucional.
UMA NOVA FORMA DE ESTADO

• Soberania territorial absoluta.


• Absolutismo Jurídico.
• Construção de um aparato estatal maior e mais capilarizado: o
serviço público
• Unificação e centralização institucional.
• Política de “massas”.
• A esfera pública.
• A questão da democracia.
UMA NOVA FORMA DE LEGITIMAÇÃO

• Novas formas de construção do consenso.


• A invenção de tradições.
• Símbolos nacionais.
• Filologia e História nas Universidades: a construção do nacional.
UMA NOVA FORMA DE LEGITIMAÇÃO

• Novas formas de construção do consenso.


• A invenção de tradições.
• Símbolos nacionais.
• Filologia e História nas Universidades: a construção do nacional.
• Inimigos internos e externos.
UMA NOVA FORMA DE LEGITIMAÇÃO

• Novas formas de construção do consenso.


• A invenção de tradições.
• Símbolos nacionais.
• Filologia e História nas Universidades: a construção do nacional.
• Inimigos internos e externos.
• A escola primária como forjadora de Nações.
• A língua nacional.
• A história nacional.
A UNIFICAÇÃO DA ITÁLIA
(RISORGIMENTO)

• Nacionalismo italiano pós-Napoleão.


• Ascensão do Reino de Piemonte-
Sardenha como potência rival à
hegemonia do Império Austro-Húngaro.
• A primeira tentativa de unificação:
1848-1853.
A UNIFICAÇÃO DA ITÁLIA
(RISORGIMENTO)

• A política de Vitor Emanuel II e do


conde de Cavour para enfrentar o
Império Austro-Húngaro.
• A expedição de Garibaldi ao Reino das
Duas Sicílias.
• A tomada de Roma e o conflito com o
Papa.
A UNIFICAÇÃO DA
ALEMANHA

Derrota de Napoleão e
A Confederação Germânica
(1815)
A UNIFICAÇÃO DA
ALEMANHA
Reis da confederação Germânica reunidos em Frankfurt, 1863
Derrota de Napoleão e
A Confederação Germânica
(1815)
A UNIFICAÇÃO DA
ALEMANHA

A hegemonia prussiana, o
desenvolvimento econômico
e o Zollverein (1827-1866)
A UNIFICAÇÃO DA
ALEMANHA

As Guerras de 1866-1871 e
a formação do II Reich.
A FORMAÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS

A Marcha para o Oeste


• A expansão territorial.
• O ouro na Califórnia (1848).
• O homestead act (1862) e a
imigração europeia.
• As ferrovias e a integração
econômica.
• O massacre dos povos
nativos da América.
A FORMAÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS

O Destino Manifesto

John Gast, Progresso


da América (1872)
A FORMAÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS

A Guerra Civil Americana


• A Escravidão e os diferentes projetos
de país.
• A expansão do poder político e
econômico Norte e “Compromissos”
de 1820, 1850 e 1854.
• A questão do Nacionalismo.
• Ascensão do Partido Republicano e
eleição de Abraham Lincoln.
ATIVIDADES PARA CASA

Ler textos básicos 3.1:


• Maciel Henrique Silva e Kalina V. Silva, “Comunismo”. In: Dicionário de conceitos históricos.
Contexto, 2010, p.70-72.
• _____________, “Liberalismo”. In: Dicionário de conceitos históricos. Contexto, 2010, p.258-
260.
• Andrew Vincent, “Conservadorismo”. In: Ideologias políticas modernas. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 1995, p.80-82, 91.
• _____________, “Nacionalismo”. In: Ideologias políticas modernas. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 1995, p.237-240.
• Gian Bravo, “Anarquismo”. In: Norberto Bobbio. Dicionário de política. UnB, 2004, p.23-24.
ATIVIDADES PARA CASA

Fazer o Teste 3.1.


• 3 questões sobre os textos básicos 3.1.
• 2 questões de ENEM ou vestibulares
• 3 questões de interpretação e análise de materiais diversos.

Prazo: 09/10
Tolerância: 11/10
ATIVIDADES PARA CASA
OPCIONAL: LEITURAS EXTRAS

Textos complementares:
• Patrick Geary. “Filologia e Nacionalismo”. In: O mito das nações: a invenção do nacionalismo.
São Paulo: Conrad, 2005, p.44-46.
• Benedict Anderson. Comunidades Imaginadas. São Paulo: Cia. das Letras, 2008, p.32-83.
• Eric Hobsbawm. “Estado, governo e Nação”. In: Nações e Nacionalismo desde 1870. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1990, p.101-105, 113.

Texto para aprofundamento:


• Eric Hobsbawm. “A construção das Nações”. In: A Era do Capital, 1848-1875. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 2012..
ATIVIDADES PARA CASA
OPCIONAL: VÍDEOS EXTRAS

Sugestão de vídeoaula:
• “Nacionalismo | Dose Filosófica”, do canal Se liga nessa História.
• “Nações e Nacionalismo”, do canal Viagens de Clio.
• “Unificação Italiana”, do canal Brasil Escola.
• “Unificação Alemã”. do canal Brasil Escola.

Sugestão de filme:
• O Leopardo [filme que retrata o período da unificação italiana].
BIBLIOGRAFIA

• Anderson, Benedict. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. São Paulo: Companhia das Letras,
2008.
• Beales, Derek, e Eugenio F. Biagini. The Risorgimento and the Unification of Italy. Routledge, 2014.
• Bender, Thomas. A Nation Among Nations: America’s Place in World History. Hill and Wang, 2006.
• Elias, Norbert. Os Alemães. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.
• Evans, Richard J. Rereading German History: From Unification to Reunification, 1800-1996. Psychology Press, 1997.
• Hill, Christopher. National History and the World of Nations: Capital, State, and the Rhetoric of History in Japan, France, and the United
States. Duke University Press, 2009.
• Hobsbawm, Eric J. A era das revoluções: Europa, 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2009.
• ———. A Era do Capital, 1848-1875. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2012.
• ———. Nações e nacionalismo desde 1780: programa, mito e realidade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
• Hobsbawm, Eric J., e Terence Ranger, orgs. Invenção das tradições. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.
• Lessa, Carlos. “Nação e nacionalismo a partir da experiência brasileira”. Estudos Avançados 22, no 62 (abril de 2008): 237–56.
• Showalter, Dennis E. Railroads and Rifles: Soldiers, Technology and the Unification of Germany. Casemate Pub & Book Dist Llc, 2013.
• Tutino, John. New Countries: Capitalism, Revolutions, and Nations in the Americas, 1750-1870. Duke University Press, 2016.
• Vincent, Andrew. Ideologias políticas modernas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995.

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