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Curso Teórico de Direito Administrativo para a Receita

Federal
Profº Cyonil Borges

CONVÊNIOS ADMINISTRATIVOS
Oi Pessoal,
Hoje, a nossa aula é sobre Sistema de Registro de Preços e
Convênios Administrativos. Houve, ainda, breve detalhamento sobre
o SICAF.
Ah! Gente, postei um arquivo complementar, só com exercícios de
convênios e Lei de Acesso à Informação. Divirtam-se!
Momento comercial: fiz uma gravação de 242 exercícios, bem
pesados, lá no site do amigo Silvio Sande, sendo 150 questões só de
ESAF. Depois, visitem o site, e baixem o material, é um excelente
treinamento, e forma de complementarmos o nosso aprendizado.
Forte abraço.
Cyonil Borges.

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CONVÊNIOS
O que são contratos da Administração? O que são convênios
administrativos? Há diferença entre estes e os contratos
administrativos? Vamos por partes! Estilo Jack...

A expressão contrato da Administração ou contratos


administrativos, em sentido amplo, transmite-nos a ideia de
gênero, donde se destacam todos os tipos de pactos, avenças,
acordos celebrados entre o próprio Estado ou entre este e
particulares. Nos contratos administrativos, em sentido estrito, por
sua vez, os interesses são, necessariamente, opostos e diversos. P.
ex.: contrato de segurança firmado entre o Estado e a empresa “X” -
enquanto a empresa quer o lucro, o Estado quer a prestação do
serviço em razão do interesse público.

E os convênios administrativos?

Bom, a resposta primária é afirmarmos serem contratos


administrativos, em sentido amplo. De certa forma, não está
correto afirmar que as relações conveniais são ajustes, são acordos,
enfim, contratos num sentido bem amplo, viu!

No entanto, com os contratos administrativos, em sentido


estrito, os convênios não se confundem. Nos convênios
administrativos, o raciocínio é diverso. Nos convênios os interesses
são mútuos; não existem partes (nos convênios existem partícipes);
os interesses caminham lado a lado, paralelos, comuns e
convergentes.

Enquanto o traço característico de um contrato é o lucro, nos


convênios, a cooperação. Por exemplo: a Receita Federal do Brasil
celebra um contrato com o Estado de Roraima, com o objetivo de
repasse de informações tributárias. Pergunta-se: é de fato um
contrato, em sentido estrito? Obviamente que não! Isso porque os
interesses perseguidos pelos partícipes são paralelos, logo,
estamos diante de uma relação convenial. Inclusive, por
esse motivo é que são dispensadas as modalidades de licitação para
a celebração de convênios.

Na esfera federal, o Decreto 6.170/2007 assim define os


convênios:

Acordo, ajuste ou qualquer outro instrumento que


discipline a transferência de recursos financeiros de
dotações consignadas nos Orçamentos Fiscal e da
Seguridade Social da União e tenha como partícipe, de
um lado, órgão ou entidade da administração pública

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federal, direta ou indireta, e, de outro lado, órgão ou
entidade da administração pública estadual, distrital ou
municipal, direta ou indireta, ou ainda, entidades
privadas sem fins lucrativos, visando a execução de
programa de governo, envolvendo a realização de
projeto, atividade, serviço, aquisição de bens ou evento
de interesse recíproco, em regime de mútua
cooperação.

A seguir, ensinamentos doutrinários sobre a distinção entre


contratos e convênios, de real importância em nossa futura prova.
Vejamos:

- os entes conveniados têm objetivos institucionais comuns e se


reúnem, por meio de convênio, para alcançá-los;

- no convênio, os partícipes objetivam a obtenção de um


resultado comum, ou seja, um estudo, um ato jurídico, um
projeto, uma obra, um serviço técnico, uma invenção, etc., que
serão usufruídos por todos os partícipes, o que não ocorre no
contrato;

- no convênio, verifica-se mútua colaboração, e não se cogita


de preço ou remuneração, que constitui cláusula inerente aos
contratos;

- no contrato, o valor pago a título de remuneração passa a


integrar o patrimônio da entidade que o recebeu, sendo
irrelevante para o repassador a utilização que será feita do
mesmo; no convênio, se o conveniado recebe determinado
valor, este fica vinculado à utilização prevista no ajuste; assim,
se um particular recebe verbas do poder público em decorrência
de convênio, esse valor não perde a natureza de dinheiro
público, só podendo ser utilizado para os fins previstos no
convênio; por essa razão, a entidade está obrigada a prestar
contas de sua utilização, não só ao ente repassador, como ao
Tribunal de Contas;

- nos contratos, as vontades são antagônicas, se compõem,


mas não se adicionam, delas resultando uma terceira espécie
(vontade contratual, resultante e não soma) - ao passo que nos
convênios as vontades se somam, atuam paralelamente, para
alcançar interesses e objetivos comuns; e

- ausência de vinculação contratual, a inadmissibilidade de


cláusula de permanência obrigatória e de sanções pela
inadimplência (exceto eventuais responsabilidades funcionais
que, entretanto, são medidas que ocorrem fora da avença).

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Antes de prosseguir, peço que os(as) amigos(as) não
associem convênios administrativos com os consórcios
administrativos.

Os consórcios administrativos são acordos de vontades entre


duas ou mais pessoas jurídicas públicas da mesma natureza e mesmo
nível de governo ou entre entidades da administração indireta para a
consecução de objetivos comuns. Essa definição destoa da de
convênios, pois esses podem ser celebrados entre entidades públicas
diversas ou com entidades privadas.

Mais um detalhe.

Com o advento da Lei 11.107/2005, introduziu-se a


possibilidade da criação de consórcios públicos, os quais adquirirão
personalidade jurídica de Direito Público (integrante da administração
indireta de todos os consorciados) ou Privado, sendo formados
exclusivamente a partir da reunião apenas de entes políticos
(União, Estados, Municípios e Distrito Federal).

Perceba a diferença! Enquanto os convênios e os


consórcios administrativos não adquirem personalidade jurídica,
os consórcios públicos têm dupla possibilidade (Direito Público ou
Privado); enquanto os consórcios administrativos podem ser
celebrados por entes da Administração Indireta (entes
administrativos), os consórcios públicos acordados apenas por
entes políticos.

Ah! Quase passou batido! É importante não confundir


convênio com contrato de repasse. Inclusive, essa é sempre uma
questão “sonho de consumo”. Vejamos.

No contrato de repasse a transferência dos recursos


financeiros se processa por intermédio de instituição ou agente
financeiro público federal, que atua como mandatário da União. No
âmbito da União, tal papel vem sendo desempenhado, a contento,
pela Caixa Econômica Federal (CEF). De uma forma geral, o resultado
nos contratos de repasse é mais efetivo do que nos convênios, em
face da fiscalização procedida pela CEF.

Por exemplo: a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) firma


convênio com o Município de Divinópolis de Minas para
saneamento básico, no entanto, não há técnicos suficientes por
parte da FUNASA para acompanhar a execução físico-financeira
das obras e serviços. Nesse contexto, a Fundação “contrata” os
serviços da CEF para ser o “fiscal” da execução, sendo a
responsável, inclusive, por dar o aval para os repasses das

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parcelas do convênio. A CEF, no caso, fará jus à justa taxa de
administração.

Sobre o contrato de repasse, acrescento que costuma ser o


acordo hábil à execução de programa de trabalho que objetive a
realização de obra, salvo quando o concedente dispuser de estrutura
para acompanhar a execução do convênio. E se a CEF, por exemplo,
não tiver capacidade técnica necessária, figurará, no contrato de
repasse, na qualidade de interveniente, outra instituição pública ou
privada a quem caberá o mencionado acompanhamento.

Em 2013, o Decreto sofreu importantes alterações. O Decreto


8.180/2013 substituiu o “termo de cooperação” pelo “termo de
execução descentralizada”, entendido como:

“instrumento por meio do qual é ajustada a descentralização de


crédito entre órgãos e/ou entidades integrantes dos Orçamentos
Fiscal e da Seguridade Social da União, para execução de ações de
interesse da unidade orçamentária descentralizadora e consecução do
objeto previsto no programa de trabalho, respeitada fielmente a
classificação funcional programática”.

Afastou-se a necessidade de as entidades serem da mesma


natureza e de que as empresas estatais sejam dependentes. Assim
dispunha o Decreto:

III - termo de cooperação - instrumento por meio do qual é ajustada


a transferência de crédito de órgão da administração pública federal
direta, autarquia, fundação pública, ou empresa estatal
dependente, para outro órgão ou entidade federal da mesma
natureza;

Inclusive, por ser o termo de execução descentralizada o ajuste


adequado, o Decreto veda a celebração de convênios
entre órgãos e entidades da administração pública
federal.
Os Convênios, Contratos de Repasse e Termos de Cooperação
TERMOS DE EXECUÇÃO DESCENTRALIZADA (Decreto
8.180/2013)– acima listados – são objetos do Decreto 6.170, de
2007. Vejamos:

Art. 1º Este Decreto regulamenta os convênios, contratos de repasse


e termos de execução descentralizada celebrados pelos órgãos e
entidades da administração pública federal com órgãos ou entidades
públicas ou privadas sem fins lucrativos, para a execução de
programas, projetos e atividades que envolvam a transferência de
recursos ou a descentralização de créditos oriundos dos Orçamentos
Fiscal e da Seguridade Social da União.

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O referido Decreto trás importantes definições. De todos os conceitos,
abaixo transcrevo os mais relevantes, a meu ver, para a prova.
Vejamos:

IV - concedente [CONCEDER, portanto, É QUEM


TRANSFERE] - órgão da administração pública federal direta
ou indireta, responsável pela transferência dos recursos
financeiros ou pela descentralização dos créditos orçamentários
destinados à execução do objeto do convênio;

VI - convenente [É QUEM RECEBE] - órgão ou entidade


da administração pública direta e indireta, de qualquer esfera
de governo, bem como entidade privada sem fins lucrativos
[a banca pode muito bem inverter e trocar por entidade
com fins lucrativos, pay attencion], com o qual a
administração federal pactua a execução de programa,
projeto/atividade ou evento mediante a celebração de
convênio;

DETALHE: Só, excepcionalmente, os órgãos e


entidades federais poderão executar programas estaduais ou
municipais, e os órgãos da administração direta, programas a
cargo de entidade da administração indireta, sob o regime de
mútua cooperação mediante convênio.

V - contratante [CONTRATAR, É QUEM REPASSA] -


órgão ou entidade da administração pública direta e indireta da
União que pactua a execução de programa, projeto, atividade
ou evento, por intermédio de instituição financeira federal
(mandatária) mediante a celebração de contrato de repasse;

VII - contratado [QUEM RECEBE] - órgão ou entidade da


administração pública direta e indireta, de qualquer esfera de
governo, bem como entidade privada sem fins lucrativos,
com a qual a administração federal pactua a execução de
contrato de repasse;

VIII - interveniente - órgão da administração pública


direta e indireta de qualquer esfera de governo, ou entidade
privada que participa do convênio para manifestar
consentimento ou assumir obrigações em nome próprio [por
exemplo: Ministério da Educação repassa dinheiro para
Fundação Privada – entidade sem fins lucrativos –, a qual
funcionará como convenente e executora do convênio.
No entanto, Universidade Federal local ingressa no ajuste
como INTERVENIENTE];

IX - termo aditivo - instrumento que tenha por objetivo a


modificação do convênio já celebrado, vedada a alteração do

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objeto aprovado [Cuidado! Pode alterar o convênio, as
cláusulas regulamentares, mas não pode alterar o objeto
aprovado. O programa de trabalho ajustado entre a
Administração Federal e terceiros não é uma carta de
recomendações. Se houve o ajusta para a construção de
escola, não pode construir creche, sob pena de não
aprovação do convênio, e, por conseguinte, devolução
dos dinheiros haja vista o DESVIO DO OBJETO. As
alterações que sejam substanciais no projeto devem ser
aprovadas pelo concedente, este é que aprovará a
alteração do programa de trabalho];

Abre-se um parêntese para esclarecer que, tratando-se de recursos


públicos, de natureza reconhecidamente escassa, o repasse de
verbas, mediante tais ajustes, deve ser precedido de algumas
cautelas. Nesse contexto, o Decreto 6.170/2007 cria algumas
barreiras de celebração. O aludido ato normativo veda, por exemplo,
a celebração de convênios:

I - com órgãos e entidades da administração pública direta e


indireta dos Estados, Distrito Federal e Municípios cujo valor
seja inferior a R$ 100.000,00 ou, no caso de execução de obras
e serviços de engenharia, exceto elaboração de projetos de
engenharia, nos quais o valor da transferência da União seja
inferior a R$ 250.000,00.

A ideia aqui é evitar o “picotamento” do repasse em


pequenos valores, e, por conseguinte, dificultando o trabalho
dos órgãos de controle, bem como a fiscalização pelo
concedente ou contratante. Explico. Os órgãos de controle
costumam balizar os trabalhos de fiscalização segundo a
materialidade dos recursos, afinal o número de servidores
(fiscais) é sempre menor do que o trabalho a ser realizado.
Por curiosidade, acrescento que a Controladoria Geral da
União efetua sorteio, de tal sorte a “premiar” na fiscalização
Municípios que recebem ínfimos recursos federais, os quais, a
priori, não seriam nunca selecionados segundo a
materialidade;

II - com entidades privadas sem fins lucrativos que tenham


como dirigente agente político de Poder ou do Ministério
Público, dirigente de órgão ou entidade da administração
pública de qualquer esfera governamental, ou respectivo
cônjuge ou companheiro, bem como parente em linha reta,
colateral ou por afinidade, até o segundo grau.

A meu ver, a tradução do inciso é a de evitar que o agente


político ou dirigentes exerçam influência indevida no órgão

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ou entidade concedente/contratante para a liberação
antecipada das verbas (o tal “lobby”).

III - entre órgãos e entidades da administração pública federal


[porque nesse caso temos o Termo de Execução
Descentralizada];

IV - com entidades privadas sem fins lucrativos que não


comprovem ter desenvolvido, durante os últimos três anos,
atividades referentes à matéria objeto do convênio ou contrato
de repasse.

Simplesmente excepcional a previsão do inc. VI.


Hipoteticamente, durante muito tempo como funcionava. Um
cidadão era eleito para um cargo eletivo qualquer, mas, para
tanto, “vendia sua alma” para um sem número de pessoas e
empresas, afinal, de onde tirar R$ para a campanha?
Informalmente, assumia o “dever”, por assim dizer, de passar
o R$ de volta e em com “juros e correção monetária”. Mas
como passar R$? Criava-se uma ONG e com esta firmasse um
convênio. E, por curioso, o objeto nunca era concluído, afinal,
a ideia era remunerar aquele que ajudou a campanha. Com
essa previsão a farra tende a reduzir!

V - com entidades privadas sem fins lucrativos que tenham, em


suas relações anteriores com a União, incorrido em pelo
menos uma das seguintes condutas:

a) omissão no dever de prestar contas;

b) descumprimento injustificado do objeto de convênios,


contratos de repasse ou termos de parceria;

c) desvio de finalidade na aplicação dos recursos


transferidos;

d) ocorrência de dano ao Erário; ou

e) prática de outros atos ilícitos na execução de


convênios, contratos de repasse ou termos de parceria [por
que não falou contrato de gestão? Estranho, não é
verdade? Fica ligado(a)!].

E a(o) amiga(o) se questiona sobre como aferir se as entidades


privadas acham-se ou não aptas ao recebimento dos recursos
públicos, não é verdade?

Então, o art. 3º do Decreto impõe que as entidades privadas, sem


fins lucrativos, cadastrem-se previamente no Sistema de Gestão de

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Convênios e Contratos de Repasse (SICONV), por intermédio de
qualquer órgão/entidade concedente [obrigação surgida a
partir de 1º de setembro de 2008]. Para o cadastramento,
são exigidos, entre outros documentos:

I - relação nominal atualizada dos dirigentes da entidade,


com Cadastro de Pessoas Físicas – CPF [serve, por exemplo,
para que o órgão concedente afira se há ou não dirigente
agente político ou do Ministério Público];

II - prova de regularidade com as Fazendas Federal,


Estadual, Distrital e Municipal e com o Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço - FGTS, na forma da lei [a regularidade
fiscal é item requerido, costumeiramente, das empresas
que participam de licitações];

III - comprovante do exercício nos últimos três anos, pela


entidade privada sem fins lucrativos, de atividades referentes à
matéria objeto do convênio ou contrato de repasse que
pretenda celebrar com órgãos e entidades da administração
pública federal [esse requisito afasta as entidades
fantasmas e as sequiosas de amealhar os escassos
recursos públicos. No caso, a cadastramento deverá ser
aprovado pelo órgão/entidade responsável pela matéria
objeto do convênio ou contrato].

Em caso de falsidade ou incorreção da informação em qualquer


documento, DEVE [do verbo, não há discricionariedade!] o
convênio ou contrato de repasse ser imediatamente DENUNCIADO
pelo concedente ou contratado.

Ah! Além desse caso, acrescento que a denúncia pode ocorrer a


qualquer instante, não sendo admissível cláusula
obrigatória de permanência ou sancionadora dos
denunciantes. Vejamos:

Art. 12. O convênio poderá ser denunciado a qualquer tempo,


ficando os partícipes responsáveis somente pelas obrigações e
auferindo as vantagens do tempo em que participaram
voluntariamente do acordo, não sendo admissível cláusula
obrigatória de permanência ou sancionadora dos denunciantes.

Parágrafo único. Quando da conclusão, denúncia, rescisão ou


extinção do convênio, os saldos financeiros remanescentes,
inclusive os provenientes das receitas obtidas das aplicações
financeiras realizadas, serão devolvidos à entidade ou órgão
repassador dos recursos, no prazo improrrogável de

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trinta dias do evento, sob pena da imediata instauração
de tomada de contas especial do responsável, providenciada
pela autoridade competente do órgão ou entidade titular dos
recursos.

Antes de prosseguirmos, é digno de nota que, com o Decreto


8.180/2013 inseriu os arts. 12-A e 12-B ao Decreto 6.170/2007,
passando a ser, portanto, forte quesito de prova.

No art. 12-A, previu-se que o termo de execução


descentralizada poderá ter as seguintes finalidades:

I - execução de programas, projetos e atividades de interesse


recíproco, em regime de mútua colaboração;

II - realização de atividades específicas pela unidade descentralizada


em benefício da unidade descentralizadora dos recursos;

III - execução de ações que se encontram organizadas em sistema e


que são coordenadas e supervisionadas por um órgão central; ou

IV - ressarcimento de despesas.

Note que os incisos I a III referem-se à típica delegação de


competência, para que a unidade descentralizada promova a
execução dos programas, atividades e ações da unidade
descentralizadora. E, tratando-se de ressarcimento de despesas entre
órgãos e entidades federais, o termo de execução descentralizada
poderá ser dispensado.

Por fim, o termo de execução descentralizada observará o


disposto no Decreto Federal 825/1993. Este diploma estabelece as
normas para a programação e execução orçamentária e financeira
dos orçamentos fiscal e da seguridade social. Sinceramente, não me
parece razoável exigir, em Direito Administrativo, os pormenores do
Decreto. Em todo caso, são reproduzidos, abaixo, os artigos que
versam sobre a descentralização orçamentária:

Art. 2° A execução orçamentária poderá processar-se mediante a


descentralização de créditos entre unidades gestoras de um mesmo
órgão/ministério ou entidade integrantes dos orçamentos fiscal e da
seguridade social, designando-se este procedimento de descentralização
interna.

Parágrafo único. A descentralização entre unidades gestoras de


órgão/ministério ou entidade de estruturas diferentes, designar-se-á
descentralização externa.
Art. 3° As dotações descentralizadas serão empregadas obrigatória e
integralmente na consecução do objeto previsto pelo programa de trabalho
pertinente, respeitada fielmente a classificação funcional programática.

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Art. 4° As empresas públicas federais que não integrarem os orçamentos
fiscal e da seguridade social, mas que executarem as atividades de agente
financeiro governamental, poderão receber créditos em descentralização,
para viabilizar a consecução de objetivos previstos na lei orçamentária.
§ 1° Quando a execução dos programas de trabalho for confiada a entidade
ou órgão gestor de créditos integrantes dos orçamentos fiscal e da
seguridade social da União, será adotado o critério de descentralização,
conforme disciplinado neste decreto.
§ 2° Aplicam-se às entidades referidas neste artigo, no tocante à execução
dos créditos descentralizados, as disposições da Lei n° 4.320, de 17 de
março de 1964, as deste decreto e demais normas pertinentes à
administração orçamentário-financeira do Governo Federal.

Acima fiz referência ao tal SICONV!

Nos termos do art. 13 do Decreto, a celebração, a liberação de


recursos, o acompanhamento da execução e a prestação de contas de
convênios, contratos de repasse e termos de parceria [mais uma
vez não se fala em contratos de gestão] serão registrados no
SICONV, que será aberto ao público, via rede mundial de
computadores - Internet, por meio de página específica denominada
Portal dos Convênios.

Serão órgãos setoriais do SICONV todos os órgãos e entidades


da administração pública federal que realizem transferências
voluntárias de recursos, aos quais compete a gestão dos convênios e
a alimentação dos dados que forem de sua alçada.

O Poder Legislativo, por meio das mesas da Câmara dos


Deputados e do Senado Federal, o Ministério Público, o Tribunal de
Contas da União e a Controladoria Geral da União, bem como outros
órgãos que demonstrem necessidade, a critério do órgão central do
sistema, terão acesso ao SICONV, podendo incluir no referido
Sistema informações que tiverem conhecimento a respeito da
execução dos convênios publicados.

Retomando a questão do prazo de 3 anos.


O prazo de 3 anos de experiência, como disse, é um bom
começo para a seleção da entidade privada. No entanto, atualmente,
há centenas de entidades privadas, sem fins lucrativos, nas mais
diversas áreas sociais [cultura, saúde, educação], com mais de 3
anos de serviços prestados. Há, induvidosamente, duas ou mais
entidades aptas ao recebimento dos dinheiros públicos.

Então, havendo pluralidade de “fornecedores”,


não caberia ao Estado licitar? Sim, até caberia! Acontece que
a Lei 8.666/1993 aplica-se só tangencialmente aos convênios
administrativos, não sendo imposta, na espécie, a realização de

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modalidade prévia de licitação, como concorrência, concurso ou
pregão, por exemplo. Mas isso não significa dizer que as entidades
serão escolhidas ao bel-prazer do Estado. Sobre o tema, vejamos o
art. 4º do Decreto:

Art. 4o A celebração de convênio ou contrato de repasse com


entidades privadas sem fins lucrativos será precedida de
chamamento público a ser realizado pelo órgão ou entidade
concedente, visando à seleção de projetos ou entidades que
tornem mais eficaz o objeto do ajuste.

O chamamento público não é, propriamente, uma nova


modalidade de licitação. É uma excelente e séria forma de seleção de
entidades privadas, pois baseado em critérios objetivos hábeis à
aferição da qualificação técnica e capacidade operacional do
convenente. Trata-se da escolha dos melhores projetos. Nada mais
justo! Escolha da entidade privada com vasta experiência [3 ou mais
anos], ajustada, em todo caso, aos ideários do Estado.

À semelhança dos instrumentos convocatórios [edital e


convite], existe a necessidade de publicidade do chamamento. Nos
termos do §1º do art. 4º,

§ 1o Deverá ser dada publicidade ao chamamento público, inclusive


ao seu resultado, especialmente por intermédio da divulgação na
primeira página do sítio oficial do órgão ou entidade concedente, bem
como no Portal dos Convênios [perceba que o Decreto não faz
alusão ao prazo mínimo ou máximo de publicidade].

Acrescento que o Decreto ressalva algumas situações


em que o Ministro de Estado ou o dirigente máximo da entidade da
administração pública federal poderá, mediante decisão
fundamentada, excepcionar a exigência do chamamento público,
como, por exemplo:

I - nos casos de emergência ou calamidade pública,


quando caracterizada situação que demande a realização ou
manutenção de convênio ou contrato de repasse pelo prazo
máximo de cento e oitenta dias consecutivos e ininterruptos,
contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a
prorrogação da vigência do instrumento [perceba que o
prazo de 180 dias, improrrogável, é idêntico
àquele da contratação emergencial da Lei
8.666/1993];
II - para a realização de programas de proteção a pessoas
ameaçadas ou em situação que possa comprometer sua
segurança; ou

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III - nos casos em que o projeto, atividade ou serviço
objeto do convênio ou contrato de repasse já seja realizado
adequadamente mediante parceria com a mesma entidade
há pelo menos cinco anos e cujas respectivas
prestações de contas tenham sido devidamente aprovadas [são
duas as condições. Além do prazo de, no mínimo, 5
anos, as contas devem ter sido aprovadas. Não vejo
com bons olhos o dispositivo, traveste-se de uma
possível “reserva de mercado”. Se a entidade é tão
boa assim, não há motivo de dispensar o chamamento
público, afinal, se a entidade é excelente, venceria o
concurso de projetos, não é verdade?].

Os órgãos e entidades da administração pública federal deverão


registrar e manter atualizada no SICONV relação de todas as
entidades privadas sem fins lucrativos aptas a receber transferências
voluntárias de recursos por meio de convênios, contratos de repasse
e termos de parceria. A relação será publicada no Portal dos
Convênios.

O Ministro de Estado ou o dirigente máximo da entidade da


administração federal são responsáveis pela assinatura dos convênios
ou contratos de repasse. Não há, no caso, possibilidade de
delegação! O ato de assinatura é indelegável, mas, na prática, não
há grandes consequências práticas em termos de responsabilidade.
Alguém já viu algum Ministro de Estado ser responsabilizado
pela CGU ou TCU, em matéria de convênios? Se você viu ou
ouviu, por favor, avisa! A razão é lógica. A assinatura é ato político. A
execução do objeto pelo concedente [cláusula necessária em
qualquer convênio] é de competência de setores específicos do
órgão repassador, e, bem por isso, não seriam razoáveis penalidades
às altas autoridades pelas irregularidades incorridas durante a
execução.

Por exemplo: o Ministro da Agricultura assina convênio com o


MST para treinamentos na área de agricultura familiar.
Celebrado o convênio, o Ministério, por intermédio do setor
próprio, inicia os repasses dos recursos, e acompanha a
execução. Finalizado o convênio, o MST presta contas ao
Ministério, que, por intermédio do setor de prestação de contas,
aprova com regularidade plena as contas do convênio.
Depois de 2 anos, a Controladoria Geral da União depara-se
com irregularidades na execução, como, por exemplo, ausência
de notas fiscais e outros documentos probantes das despesas
efetuadas.

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Instaura-se a Tomada de Contas Especial, e, no caso, em
desfavor do Ministro em solidariedade com o MST. Então, o
Ministro tem responsabilidade? Penso, sinceramente, que não!
A responsabilidade, a meu ver, é maior do setor de prestação
de contas. Como aprovar contas sem a comprovação do nexo
de causalidade?
Como dizem, por aí, a pressa pode ser inimiga da perfeição.
Logo, queridos(as), cautela na administração das verbas
públicas. Se o órgão não tem pessoal qualificado ou em número
suficiente para o exame das prestações de contas, o remédio é
interromper o repasse dos recursos [para de celebrar
convênios]. O que não podemos é chancelar a “historinha” das
entidades de que não há mão de obra suficiente para o exame
das prestações de contas.

Ah! O concedente terá prazo de noventa dias para apreciar a


prestação de contas apresentada, contados da data de seu
recebimento.

Então. Já deu “pra” cair a ficha de que os convênios são


acordos em que os interesses são paralelos? Tanto isso é
verdade que o art. 7º do Decreto determina que o convenente
ofereça contrapartida. Algo do tipo: quer assinar convênio comigo
[União], então “faz-me rir”. Nos termos do Decreto, a contrapartida
do convenente é atendida por meio de recursos financeiros, de bens e
serviços, desde que economicamente mensuráveis [isso mesmo,
nem sempre recursos financeiros. Há Municípios, pelo Brasil,
que não têm recursos nem pra comprar merenda escolar,
“magina” dar dinheiro para a contrapartida].

Quando financeira, a contrapartida deverá ser depositada na conta


bancária específica do convênio em conformidade com os prazos
estabelecidos no cronograma de desembolso, ou depositada nos
cofres da União, na hipótese de o convênio ser executado por meio
do Sistema Integrado de Administração Financeira - SIAFI. E, quando
atendida por meio de bens e serviços, constará do convênio cláusula
que indique a forma de aferição da contrapartida.

Sobre a conta específica, o art. 10 do Decreto determina que as


transferências sejam feitas exclusivamente por intermédio de
instituição financeira controlada pela União [exemplo do Banco do
Brasil e Caixa Econômica Federal], que poderá atuar como
mandatária desta para execução e fiscalização. Os pagamentos do
convênios podem ser efetuados, excepcionalmente, a pessoas físicas,
desde que por depósito identificado e que não ultrapasse R$ 750 mil
reais.

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Os recursos de convênio, enquanto não utilizados, serão
obrigatoriamente aplicados em cadernetas de poupança de instituição
financeira pública federal se a previsão de seu uso for igual ou
superior a um mês, ou em fundo de aplicação financeira de curto
prazo ou operação de mercado aberto lastreada em títulos da dívida
pública, quando a utilização desses recursos verificar-se em prazos
menores que um mês. Em todo caso, as receitas financeiras
auferidas, com as aplicações, serão utilizadas obrigatoriamente no
objeto do convênio.

As entidades públicas, como os Municípios, devem, na execução dos


convênios, seguirem o rito da Lei 8.666, de 1993. Distinto, porém, é
o comando para as entidades privadas, sem fins lucrativos. Vejamos:

Art. 11. Para efeito do disposto no art. 116 da Lei nº 8.666, de 21 de junho
de 1993, a aquisição de produtos e a contratação de serviços com recursos
da União transferidos a entidades privadas sem fins lucrativos deverão
observar os princípios da impessoalidade, moralidade e economicidade,
sendo necessária, no mínimo, a realização de cotação prévia de preços no
mercado antes da celebração do contrato.

Por fim, veja o comportamento das bancas no que diz respeito às


provas discursivas.

(2009/Cesgranrio – Caixa Econômica/Advogado) Autarquia


federal celebrou convênio de cooperação técnica com
instituição brasileira, sem fins lucrativos, incumbida
estatutariamente do desenvolvimento institucional, tendo por
objeto a implementação e o gerenciamento de programa de
gestão da folha de pagamento dos servidores vinculados à
autarquia, mediante o pagamento de uma taxa de
administração.

Emita parecer abordando a juridicidade da celebração do convênio.

Extensão máxima: 50 linhas.

COMENTÁRIOS

A professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, em sua obra “Parcerias na


Administração Pública”, esclarece a diferenciação entre as formas de
ajuste ora examinadas mediante a apresentação pontual das
características básicas dos convênios. Confira-se:

“a. os entes conveniados têm objetivos institucionais


comuns e se reúnem, por meio do convênio, para alcançá-los;
(...)

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b. os partícipes do convênio têm competências institucionais
comuns; o resultado alcançado insere-se dentro das
atribuições de cada qual;

c. no convênio, verifica-se a mútua colaboração, que pode


assumir várias formas, como repasse de verbas, uso de
equipamentos, de recursos humanos e materiais, de imóveis,
de know-how ou outros; por isso mesmo, no convênio não se
cogita de preço ou remuneração;”

A partir da doutrina citada, pode-se afirmar que nos contratos,


diferentemente dos convênios, o que se têm são obrigações
recíprocas, ou seja, interesses relativamente opostos, contrários. Daí,
a razão do próprio nome contrato.

Interessante registrar, ainda, que enquanto os contratos são, no mais


das vezes, antecedidos de licitação, os convênios não o serão. Assim,
usar um “convênio” em lugar de contrato traz a vantagem, no caso,
irregularidade, de a Administração não estar submissa ao dever de
licitar. Esta distinção é fundamental para a resolução da questão, que
é apresentada a seguir.

PROPOSTA DE SOLUÇÃO

Os convênios têm em comum com o contrato tão somente o fato de


serem acordos de vontade. Cada qual, porém, apresenta
características e tratamento próprios, sendo que o principal elemento
de distinção concerne aos interesses das partes, que, no contrato,
são opostos e contraditórios, ao passo que no convênio, são
convergentes e paralelos. No contrato, as partes têm interesses
opostos: o ente pagador deseja a prestação dos serviços, o
fornecimento de um bem ou a execução de uma obra, enquanto que
o prestador de serviços/vendedor/empreiteiro tem o foco na
remuneração.

A partir da leitura do objeto contratual, conclui-se, sem maiores


dificuldades, que o ajuste entre a Autarquia federal e instituição
brasileira, sem fins lucrativos, não pode ser caracterizado como
verdadeiro convênio. Ao contrário disso, trata-se de contrato
travestido de convênio, em que a obrigação principal do ente público
é repassar os recursos financeiros necessários à execução do objeto e
fiscalizá-lo e, em contrapartida, a obrigação da entidade privada é
executar o objeto contratual.

Nesse contexto, no presente caso, não restam dúvidas de que não se


cogita de mera transferência de recursos vinculada à consecução de
objeto específico comum, mas, ao contrário, trata-se de relação
tipicamente sinalagmática, em que indisfarçavelmente a autarquia

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pretende a prestação de serviços por parte da instituição conveniada
e, pretendendo burlar o necessário procedimento licitatório que
deveria preceder o ajuste, fê-lo atribuindo-lhe o “nomen juris” de
convênio.

O fato de ao ajuste ter sido atribuída a denominação de convênio


absolutamente não tem o condão de desnaturar a sua verdadeira
essência contratual. Nesse sentido, é suficiente reportar-se à norma
do artigo 2.º, parágrafo único, da Lei de Licitações e Contratos
Administrativos.

Por outro lado, tampouco serve de fundamento para sustentar-se a


legalidade da celebração do “convênio” a hipótese de contratação
direta prevista no artigo 24, inciso XIII, da Lei 8.666/1993. Isso
porque a possibilidade de dispensa de licitação contemplada naquele
dispositivo legal pressupõe a observância dos requisitos exigidos pelo
artigo 26 do diploma, mediante a formalização de um procedimento
de dispensa de licitação em que a autoridade administrativa deve
evidenciar a hipótese de contratação direta, a razão da escolha do
executante, bem como a justificativa do valor contratual, no caso, a
taxa de administração.

A conclusão a que se chega, portanto, é de ilegalidade do convênio


examinado, por violação ao princípio licitatório.

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SICAF IN 2, de 11/10/2010
O registro cadastral consiste em um conjunto de arquivos que
documentam a situação jurídica, técnica, financeira e fiscal das
empresas que participam, costumeiramente, de licitações.
Com efeito, funciona como uma espécie de banco de dados que
permite à Administração obter informações importantes. Portanto, os
registros cadastrais simplificam e tornam mais rápido o trâmite das
licitações. Obviamente, o registro cadastral é mais útil às entidades
que, ao longo do ano, realizam licitações rotineiras.
Algumas regras básicas:
 A unidade que mantenha registro cadastral deve, no mínimo
anualmente, proceder, por meio da imprensa oficial e jornal
diário, o chamamento público para a atualização dos registros
existentes e para ingresso de novos interessados. É oportuno
observar que o chamamento anual não impede que, a qualquer
tempo, o interessado solicite seu cadastramento;
 O órgão licitante poderá recolher informações, até mesmo de
ofício, nos registros cadastrais de outros órgãos. Não é obrigatório
que uma entidade aceite o CRC (Certificado de Registro Cadastral)
emitido por outra. Também não existe impedimento para que um
Ente da Federação utilize cadastros de entidades de outra esfera da
Federação; e
 A qualquer tempo poderá ser alterado, suspenso ou cancelado o
registro do inscrito que deixar de satisfazer as exigências do art. 27
da Lei 8.666/93. É pertinente apontar que, da decisão que altera,
cancela ou suspende o registro, será garantida a ampla defesa e o
contraditório, tanto isso é verdade que o art.109 da LLC abre o
prazo de cinco dias úteis para recurso administrativo.
Vencidas essas considerações sobre o registro cadastral, vamos nos
ater, agora, ao SICAF propriamente dito.
Como me referi acima, o Sistema de Cadastramento Unificado de
Fornecedores - SICAF é um dos módulos do Sistema Integrado de
Administração de Serviços Gerais - SIASG e constitui um instrumento
básico de apoio aos processos de compras e contratações.

A IN 2 e Portaria 27, ambas de 2010, trouxeram novas regras sobre


o SICAF, atualizando a IN 5, de 1995. Além dessas normas, destaca-
se o Decreto 4.485, de 2002. Antes de adentrarmos nas novas regras
sobre o SICAF, reproduzo, a seguir, artigos de interesse do referido
Decreto.
Art. 1º O Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores
– SICAF constitui o registro cadastral do Poder Executivo
Federal, na forma definida neste Decreto, mantido pelos
órgãos e entidades que compõem o Sistema de Serviços Gerais

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- SISG, nos termos do Decreto nº 1.094, de 13 de março de
1994.
§ 1º A habilitação dos fornecedores em licitação, dispensa,
inexigibilidade e nos contratos administrativos pertinentes à
aquisição de bens e serviços, inclusive de obras e publicidade, e
a alienação e locação poderá ser comprovada por meio de
prévia e regular inscrição cadastral no SICAF:
I - como condição necessária para emissão de nota de
empenho, cada administração deverá realizar prévia consulta
ao SICAF, para identificar possível proibição de contratar com o
Poder Público; e
II - nos casos em que houver necessidade de assinatura do
instrumento de contrato, e o proponente homologado não
estiver inscrito no SICAF, o seu cadastramento deverá ser feito
pela Administração, sem ônus para o proponente, antes da
contratação, com base no reexame da documentação
apresentada para habilitação, devidamente atualizada.
§ 2º O SICAF deverá conter os registros dos interessados
diante da habilitação jurídica, a regularidade fiscal e
qualificação econômico-financeira, bem como das sanções
aplicadas pela Administração Pública relativas ao impedimento
para contratar com o Poder Público, conforme previsto na
legislação.
§ 3o Excetuam-se das exigências para habilitação prévia no
SICAF as relativas à qualificação técnica da interessada, as
quais somente serão demandadas quando a situação o exigir.
Art. 2o O processamento das informações cadastrais,
apresentadas pelos interessados, será realizado por meio da
utilização de recursos de tecnologia da informação, para
constituição de base de dados permanente e centralizada, que
conterá os elementos essenciais previstos na legislação vigente.
Art. 3o Os editais de licitação para as contratações referidas no
§ 1o do art. 1o deverão conter cláusula permitindo a
comprovação da regularidade fiscal, da qualificação econômico-
financeira e da habilitação jurídica por meio de cadastro no
SICAF, definindo dia, hora e local para verificação on line, no
Sistema.
Parágrafo único. Para a habilitação regulamentada neste
Decreto, o interessado deverá atender às condições exigidas
para cadastramento no SICAF, até o terceiro dia útil anterior à
data prevista para recebimento das propostas.
Art. 4o O registro de fornecedor no SICAF terá vigência de um
ano, ressalvado o prazo de validade da documentação
apresentada para fins de atualização no Sistema, a qual deverá
ser reapresentada, periodicamente, à vista de norma específica,
objetivando sua regularidade cadastral.

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Art. 6o Compete ao Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão a adoção das medidas que se fizerem necessárias à
regulamentação, à operacionalização e à coordenação do
SICAF, nos termos deste Decreto.

Perceba que a habilitação dos fornecedores poderá ser comprovada


por meio de prévia e regular inscrição cadastral no SICAF. Com
efeito, a comprovação da habilitação por meio do SICAF é facultativa,
opcional! O mesmo não ocorre com os fornecedores contratados,
para estes o registro no SICAF é obrigatório. Fiquem atentos!

O cadastramento no SICAF, segundo a IN, observa os seguintes


níveis:
I – Credenciamento;
II – Habilitação Jurídica;
III – Regularidade Fiscal Federal;
IV – Regularidade Fiscal Estadual/ Municipal;
V – Qualificação Técnica; e
VI – Qualificação Econômico-Financeira.
O primeiro nível é o credenciamento. Antes da IN, o credenciamento
era efetuado, nos Pregões Eletrônicos e Cotações, exclusivamente
pelo sítio eletrônico www.comprasnet.gov.br. Agora o credenciamento
é etapa obrigatória para o cadastro no SICAF.
Os demais níveis, por sua vez, são autônomos. Quer dizer que as
empresas podem se habilitar em qualquer nível ou níveis. Não há,
hoje, porque falarmos em habilitação parcial. Segundo os
idealizadores da IN, esta nova dinâmica tem por objetivo flexibilizar o
cadastramento, porque as licitações e contratações nem sempre
exigem todos os níveis de habilitação. É o caso, por exemplo, da
dispensa por pequeno valor (incisos I e II do art. 24 da Lei nº 8.666,
de 1993), fornecimento de bens para pronta entrega, convite,
concurso e leilão (§ 1º do art. 32 da Lei Geral de Licitações e
Contratos).
Com a IN, haverá uma maior velocidade nos cadastramentos. Antes
as empresas entregavam a documentação e o setor de cadastro tinha
de, além de conferir as informações, lançar os dados no sistema.
Agora mudou! O interessado é que deverá preencher as telas do
Sistema SICAF, para registrar as informações constantes dos
documentos que serão enviados, posteriormente, à Unidade
Cadastradora, para validá-las.
Com isso, agilizar-se-á o processo de avaliação documental, realizado
pelas Unidades Cadastradoras, que não mais transcreverão para o
Sistema os dados, que, atualmente, são entregues, em papel, por
meio dos formulários de cadastramento.
Abre-se um parêntese para esclarecer que nem todas as Unidades
são cadastradoras. Nos termos do art. 31 da IN, só as Unidades de

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Administração e Serviços Gerais – UASGs que realizam,
regularmente, licitações e contratações públicas deverão manter
Unidades Cadastradoras.
Outra novidade é que a validade dos registros passa a vigorar, agora,
a partir da validação da documentação, no SICAF, pela Unidade
Cadastradora, não sendo mais necessária a publicação de Portaria.
Existe, ainda, a pretensão de estabelecer a manutenção automática
do registro cadastral do fornecedor, por meio da validade do CPF e
CNPJ, na Receita Federal do Brasil.
Um capítulo bastante interessante é o do registro das sanções.
Vejamos mais detalhadamente.

De acordo com o art. 38, é dever do órgão/entidade integrante do


SISG ou que tenha aderido ao SIASG, registrar a ocorrência de
sanção no SICAF. Vejamos:

Art. 38. O órgão ou entidade integrante do SISG, ou que aderiu


ao SIASG, responsável pela aplicação de sanção administrativa,
prevista na legislação de licitações e contratos, deverá
registrar a ocorrência no SICAF.

§ 1º O órgão ou entidade pública não prevista no caput deste


artigo, que seja responsável pela aplicação de sanção
administrativa, poderá solicitar o registro desta ao Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão.

§ 2º Para a solicitação prevista no parágrafo anterior, o órgão


ou entidade deverá apresentar:

I – ofício formalizando solicitação do registro, endereçado ao


Departamento de Logística e Serviços Gerais da Secretaria de
Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão, contendo:

(...)

II – cópia autenticada ou publicação em órgão da imprensa


oficial do edital de sanção ou do ato administrativo formal.

§ 3º A Advocacia Geral da União – AGU, a Controladoria Geral


da União – CGU e o Tribunal de Contas da União – TCU, quando
da aplicação de sanções a fornecedores e licitantes, poderão
registrar, diretamente, as ocorrências no SICAF.

O art. 40 da IN consolida as sanções administrativas cabíveis em


desfavor dos licitantes e contratados:

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Art. 40. São sanções passíveis de registro no SICAF, além de
outras que a lei possa prever:

I – advertência por escrito, conforme o inciso I do art. 87 da Lei


nº 8.666, de 1993;

II – multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou


no contrato, conforme o inciso II do art. 87 da Lei nº 8.666, de
1993;

III suspensão temporária, conforme o inciso III do art. 87 da


Lei nº 8.666, de 1993;

IV – declaração de inidoneidade, conforme o inciso IV do artigo


87 da Lei nº 8.666, de 1993; e

V – impedimento de licitar e contratar com a União, Estados,


Distrito Federal ou Municípios, conforme o art. 7º da Lei nº
10.520, de 2002.

O mais interessante, no entanto, é que a IN estabelece os limites, a


abrangência, das sanções. Assunto dos mais discutidos em âmbito
doutrinário e jurisprudencial. Vejamos:

- Suspensão Temporária - âmbito: órgão ou entidade responsável


pela aplicação da sanção.

- Declaração de Inidoneidade – âmbito: toda a Administração


Pública.

- Impedimento de licitar e contratar – âmbito: União, Estado,


Distrito Federal ou Município.

Nos termos do art. 42, decorrido o prazo de penalidade ou admitido


que cessaram os motivos que a impuseram, o fornecedor somente
poderá ser reabilitado pela unidade que efetivou a punição,
permanecendo os registros anteriores. Exceção para o §1º do art. 38,
acima transcrito, em que o registro da reabilitação ficará a cargo do
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Nas disposições finais, no art. 52, há o esclarecimento de que as


empresas que não funcionem no País não serão cadastradas
no SICAF. O motivo é a não previsão, no Sistema, da documentação
específica que deverá ser apresentada, a cada certame internacional.
É previsto, ainda, que, no caso específico de licitações processadas
com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID e
Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento –BIRD, as
empresas estrangeiras serão cadastradas pelo pregoeiro ou

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comissão de licitação, no SICAF. É, em verdade, um
cadastramento simplificado, que não objetiva a habilitação, mas a
obtenção de senha para participar do Pregão, em sua forma
eletrônica.

Quanto à Portaria 27, de 2010, é, na verdade, uma Portaria de


Transição. São poucos artigos. Transcrevo-os, a seguir, destacando
os trechos que penso ser mais oportunos.

Art. 1º Os órgãos integrantes do Sistema de Serviços Gerais –


SISG e os inscritos no Sistema de Cadastramento Unificado de
Fornecedores – SICAF devem observar os seguintes
procedimentos, quando da utilização do SICAF, após sua
reestruturação.
Art. 2º Os inscritos no SICAF devem verificar os dados
relativos ao seu cadastro e se necessário, corrigir as
informações em sua Unidade Cadastradora, tendo em vista que
a migração dos cadastros para o novo Sistema pode,
eventualmente, ocasionar inconsistências nos dados.
§ 1º Os fornecedores, que possuem apenas o
credenciamento para a utilização do Portal Comprasnet,
deverão atualizar as informações, na sua Unidade
Cadastradora, no prazo de um ano a contar da data de
implantação do novo Sistema.
§ 2º A não efetivação da atualização das informações, na
Unidade Cadastradora, no prazo a que se refere o parágrafo
anterior, resultará no cancelamento das senhas de acesso à
utilização do Portal Comprasnet.
§ 3º A validade da senha de acesso à utilização do Portal
Comprasnet dos fornecedores regularmente inscritos, no SICAF,
está condicionada à renovação cadastral anual, conforme
estabelecido no art. 36 da Instrução Normativa nº 2, de 2010.
Art. 3º Quando da primeira renovação cadastral, após a
implantação do novo Sistema, será necessária a
atualização documental de todos os fornecedores
regularmente inscritos no SICAF, em suas Unidades
Cadastradoras, no mínimo em relação ao nível I -
Credenciamento, tendo em vista a alteração e inclusão de
novos campos cadastrais.
§ 1º Cabe ao fornecedor manter atualizados os documentos,
com prazos de vigência próprios, relativos aos demais níveis do
cadastramento.
§ 2º Após a primeira renovação, no novo sistema, a
manutenção cadastral será realizada, automaticamente,
conforme o § 1º do art. 36 da Instrução Normativa nº 2, de
2010.

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§ 3º Os cadastros não poderão ser atualizados, durante o
período de três dias úteis anteriores ao funcionamento do
novo Sistema.
§ 4º Os cadastros, cujos prazos de vencimento
coincidirem com o período referido no § 3º deste artigo,
poderão ser renovados em até trinta dias a contar do
funcionamento do novo Sistema.
§ 5º Os documentos relativos à regularidade fiscal e
econômico-financeira, cujos prazos de vencimento
coincidirem com o período referido no § 3º deste artigo,
deverão ser entregues, atualizados, diretamente, à
Comissão de Licitação, Pregoeiro ou Fiscal do Contrato,
conforme o caso, e devem ser registrados, no SICAF,
imediatamente após a implementação do novo Sistema.
Art. 4º Tendo em vista a inexatidão entre os códigos de
ocorrência do antigo sistema e os novos tipos de
classificação de penalidades, os órgãos integrantes do SISG
e os inscritos no SICAF devem verificar e solicitar a correção, se
necessário, dos dados relativos aos processos de sanções
registrados no SICAF, que tenham sido impostas com fulcro nos
seguintes dispositivos legais:
I – suspensão temporária, prevista no inciso III do art. 87 da
Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993;
II – declaração de inidoneidade, prevista no inciso IV do art. 87
da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993; e
III – impedimento de licitar e contratar, previsto no art. 7º da
Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002.
Art. 5º Os pré-cadastros, efetuados no módulo SicafWeb do
Portal Comprasnet, pendentes de validação em Unidades
Cadastradoras, não serão migrados para o novo sistema.
Art. 6º Após o início do funcionamento do novo sistema, o
acesso às informações cadastrais dos fornecedores, consultas,
orientações e legislação, estará disponível no sítio
www.comprasnet.gov.br.
Art. 7º Os casos omissos e dúvidas serão esclarecidos pelo
Departamento de Logística e Serviços Gerais da Secretaria de
Logística e Tecnologia da Informação, do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão.

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SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS (SRP)
Abre-se um breve parêntese para a apresentação do Registro de
Preços (RP), que, de acordo com o Decreto 7.892/2013 (inc. I, art.
2º), é um conjunto de procedimentos para registro formal de preços
relativos à prestação de serviços e aquisição de bens, para
contratações futuras, com validade máxima de um ano, computando-
se, nesse período, todas as eventuais prorrogações.
De modo mais preciso, o RP, na realidade, é um PROCEDIMENTO,
precedido de licitação, ora na modalidade concorrência (de regra) ora
na modalidade pregão (se envolver bens e serviços comuns). Então,
perceba: O REGISTRO DE PREÇOS NÃO É UMA MODALIDADE,
MAS UM PROCEDIMENTO QUE SERÁ REALIZADO MEDIANTE
CONCORRÊNCIA OU PREGÃO, conforme o caso.
QF-1- CESPE - AJ CNJ/CNJ/Administrativa/"Sem
Especialidade"/2013 - A licitação para registro de preços deverá
ser realizada em qualquer modalidade de licitação do tipo
menor preço, devendo ser precedida de ampla pesquisa de
mercado.1
Obviamente, o registro de preços unitários só se mostra útil
para órgãos e entidades que costumeiramente realizam licitações, em
que a rotatividade de bens e de serviços, de simples rotina, é
considerável, caso contrário perde sua razão de ser.
A partir do momento em que a Administração monta seu
Sistema de Registro de Preços – SRP, fica dispensada de adquirir
todo o lote de bens de uma só vez. Logo, as contratações são
efetuadas de acordo com a necessidade da Administração, sendo as
entregas, portanto, parceladas, o que traz vantagens para a
Administração ao reduzir, por exemplo, custo de estocagem.

Além dos requisitos acima, o SRP pode ser utilizado


preferencialmente quando2:

I) quando, pelas características do bem ou serviço,


houver necessidade de contratações frequentes;

II - quando for conveniente a aquisição de bens com


previsão de entregas parceladas ou contratação de
serviços remunerados por unidade de medida ou em
regime de tarefa;

III - quando for conveniente a aquisição de bens ou a


contratação de serviços para atendimento a mais de um

1 Gabarito: ERRADO.
2 Art. 3º do Decreto 7.892/2013.

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órgão ou entidade, ou a programas de governo; ou IV -
quando, pela natureza do objeto, não for possível definir
previamente o quantitativo a ser demandado pela
Administração.

QF-2 - CESPE - OTI (ABIN)/Administração/2010


A Constituição Federal de 1988 (CF) instituiu normas para
licitações e contratos da administração pública. Dessa forma, a
contratação de obras e serviços, a locação e a alienação, bem
como a aquisição de materiais são ações realizadas mediante
processo de licitação pública que assegure igualdade de
condições a todos os concorrentes.
Acerca desse tema, julgue o item a seguir.
O sistema de registro de preços da administração federal direta,
autárquica e fundacional é adotado, preferencialmente, nas
seguintes hipóteses, entre outras: quando, pelas características
do bem ou serviço, houver necessidade de contratações
frequentes e quando for conveniente a aquisição de bens ou a
contratação de serviços para atendimento a mais de um órgão
ou entidade, ou a programas de governo3.
Importante esclarecer que os preços e as condições de
fornecimento, inclusive quantidades, são registrados em uma Ata, à
qual o particular vencedor da licitação para registro de preços está
vinculado ao chamamento da Administração. E, no caso de recusa,
sem motivo justo e aceito pela Administração, sujeitar-se-á à
aplicação de sanções.
Todavia, os preços registrados não obrigam que a
Administração adquira as quantidades ofertadas. Portanto, significa
dizer que o registro de preços é um compromisso de o vencedor do
procedimento fornecer os serviços e os produtos cotados na licitação,
mas não de a Administração adquirir, necessariamente, o que fora
registrado. A não obrigatoriedade de a Administração adquirir itens
registrados pode ser percebida, claramente, a partir da leitura do §4º
do art. 15 da Lei 8.666/1993. Vejamos:
§ 4o A existência de preços registrados não obriga
a Administração a firmar as contratações que deles
poderão advir, ficando-lhe facultada a utilização de
outros meios, respeitada a legislação relativa às
licitações, sendo assegurado ao beneficiário do registro
preferência em igualdade de condições.
QF-3- CESPE - Proc (AGU)/AGU/2013 - Após a efetivação
do registro de preços, o poder público, caso pretenda contratar

3 Gabarito: Certo.

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o seu objeto, deverá fazê-lo obrigatoriamente com o ofertante
registrado.4
Informe-se, ainda, que o registro de preços não se confunde
com o parcelamento dos bens e a realização de várias contratações
com o instituto do fracionamento da despesa, afinal, no registro
de preços a Administração promove a licitação, adotando a
concorrência ou o pregão, ambas com o tipo menor preço.
Entretanto, a partir da edição do Decreto 7.892/2012, passou a ser
possível também a adoção do tipo técnica e preço nos registros de
preço. Vejamos:

Art. 7º A licitação para registro de preços será realizada


na modalidade de concorrência, do tipo menor preço, nos
termos da Lei nº 8.666, de 1993, ou na modalidade de pregão,
nos termos da Lei nº 10.520, de 2002, e será precedida de
ampla pesquisa de mercado.

§ 1º O julgamento por técnica e preço poderá ser


excepcionalmente adotado, a critério do órgão gerenciador e
mediante despacho fundamentado da autoridade máxima do
órgão ou entidade.
Ocorre que, no caso do tipo técnica e preço, não será possível o
uso do Pregão, já que a Lei que rege tal modalidade (10.520/2002)
só permite a combinação com o tipo menor preço. Logo, no caso do
uso excepcional do tipo técnica e preço em uma licitação para
registro de preços, a modalidade de licitação deverá ser a
concorrência.
QF-4- CESPE - AL (CAM DEP)/CAM DEP/Técnico em
Material e Patrimônio/2012 - A licitação para registro de preços
pode ser realizada na modalidade de concorrência do tipo
técnica e preço.5
No que diz respeito à validade dos preços registrados, vejamos o que
estabelece a Lei 8.666/1993:
Art. 15 (...)
V – balizar-se pelos preços praticados no
âmbito dos órgãos e entidades da
Administração Pública.
§ 1o O registro de preços será precedido
de ampla pesquisa de mercado.

4 Gabarito: ERRADO.
5 Gabarito: CERTO.

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§ 2o Os preços registrados serão
publicados trimestralmente para orientação da
Administração, na imprensa oficial.
§ 3o O sistema de registro de preços será
regulamentado por decreto, atendidas as
peculiaridades regionais, observadas as
seguintes condições:
I – seleção feita mediante concorrência;
II – estipulação prévia do sistema de
controle e atualização dos preços registrados;
III – validade do registro não
superior a um ano. (grifo não consta do
original)
(...)
§ 5o O sistema de controle originado no
quadro geral de preços, quando possível,
deverá ser informatizado.
§ 6o Qualquer cidadão é parte legítima
para impugnar preço constante do quadro geral
em razão de incompatibilidade desse com o
preço vigente no mercado.
Acórdão 3028/2010 – TCU – 2ª Câmara
Determinar ao FNDE que fixe em no máximo um ano a
validade do registro de preços proveniente do Pregão
Eletrônico n.º 28/2010, assim como a validade dos registros
referentes às futuras licitações, incluindo-se nesse prazo
eventuais prorrogações, em observância ao art. 15, § 3º,
III, da Lei n.º 8.666/93, à jurisprudência desta Corte de
Contas (Acórdãos n.º 2.140/2010 – 2ª Câmara e n.º
991/2009 – Plenário) e à Orientação Normativa n.º 19/2009
da Advocacia-Geral da União.
Perceba que se o RP for prorrogado, contadas todas as
prorrogações, sua duração não pode ser superior a um ano, o que
foi, inclusive, incorporada pela norma regulamentadora da matéria
em âmbito federal6.
Detalhe de Prova!
Em 2013, foi editado o Decreto 7.892, já tantas vezes citado
aqui, e que incorporou boa parte da jurisprudência do TCU. Nesse
contexto, uma das mais importantes questões tratadas em tal norma

6 Art. 12 do Decreto 7.892/2013.

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diz respeito à situação dos caronas. Mas, para entendê-la,
primeiramente observemos a seguinte decisão do TCU:
Acórdão 1487/2007 – TCU – Plenário
– Sistema de Carona
O sistema de carona é garantido
expressamente pelo Decreto nº 4.342/2002,
responsável por inserir o §3º ao art. 8º do
Decreto nº 3.931/2001, de seguinte teor:
Art. 8º - A Ata de Registro de Preços,
durante sua vigência, poderá ser utilizada por
qualquer órgão ou entidade da Administração
que não tenha participado do certame licitatório,
mediante prévia consulta ao órgão gerenciador,
desde que devidamente comprovada a
vantagem.
(...)
§3º - As aquisições ou contratações
adicionais a que se refere este artigo não
poderão exceder, por órgão ou entidade, a cem
por cento dos quantitativos registrados na Ata de
Registro de Preços.
Por exemplo: o Ministério da Saúde realiza
registro de preços para fornecimentos avaliados
em R$ 30 milhões. Porém, como os demais
órgãos da Administração Pública Federal podem
aderir até 100%, teríamos quase três bilhões de
reais.
Vejamos trecho do voto condutor do Exmo.
Ministro Relator, Valmir Campelo, em que fica
demonstrada a preocupação do TCU quanto ao
(estranho) sistema de carona:
7. Refiro-me à regra inserta no art. 8º, §
3º, do Decreto nº 3.931, de 19 de setembro de
2001, que permite a cada órgão que aderir à
Ata, individualmente, contratar até 100% dos
quantitativos ali registrados. No caso em
concreto sob exame, a 4ª Secex faz um exercício
de raciocínio em que demonstra a possibilidade
real de a empresa vencedora do citado Pregão
16/2005 ter firmado contratos com os 62 órgãos
que aderiram à ata, na ordem de
aproximadamente 2 bilhões de reais, sendo que,
inicialmente, sagrou-se vencedora de um único
certame licitatório para prestação de serviços no

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valor de R$ 32,0 milhões. Está claro que essa
situação é incompatível com a orientação
constitucional que preconiza a competitividade e
a observância da isonomia na realização das
licitações públicas.

Conclui a Corte de Contas:


9.2. determinar ao Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão que:
(...)
9.2.2. adote providências com vistas à
reavaliação das regras atualmente estabelecidas
para o registro de preços no Decreto n.º
3.931/2001, de forma a estabelecer limites para
a adesão a registros de preços realizados por
outros órgãos e entidades, visando preservar os
princípios da competição, da igualdade de
condições entre os licitantes e da busca da maior
vantagem para a Administração Pública, tendo
em vista que as regras atuais permitem a
indesejável situação de adesão ilimitada a atas
em vigor, desvirtuando as finalidades buscadas
por essa sistemática, tal como a hipótese
mencionada no Relatório e Voto que
fundamentam este Acórdão;
A preocupação do TCU era plenamente justificável, pelo que viu
dos números acima. Bem por isso foi editado o Decreto 7.892/2012,
que acerca dos caronas, assim estabelece:

Art. 22. Desde que devidamente justificada a vantagem,


a ata de registro de preços, durante sua vigência, poderá ser
utilizada por qualquer órgão ou entidade da administração
pública federal que não tenha participado do certame
licitatório, mediante anuência do órgão gerenciador.
Perceba que o dispositivo cuida de duas figuras distintas – o
órgão gerenciador e as instituições não participantes do RP, os
chamados caronas.
Órgão gerenciador, de acordo com o inc. III do art. 2º do
Decreto 7.892/2012, é o órgão ou entidade da administração pública
federal responsável pela condução do conjunto de procedimentos
para registro de preços e gerenciamento da ata de registro de preços
dele decorrente.
Já os caronas (instituições não participantes - inc. III do art.
2º do Decreto 7.892/2012) são o órgão ou a entidade da

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administração pública que, não tendo participado dos procedimentos
iniciais da licitação, atendidos os requisitos desta norma, faz adesão à
ata de registro de preços. Tais caronas, quando desejarem fazer uso
da ata de registro de preços, deverão consultar o órgão gerenciador
da ata para manifestação sobre a possibilidade de adesão.
Entretanto, não basta apenas a anuência do gerenciador.
Caberá ao fornecedor beneficiário da ata de registro de preços,
observadas as condições nela estabelecidas, optar pela aceitação ou
não do fornecimento decorrente de adesão, desde que não prejudique
as obrigações presentes e futuras decorrentes da ata, assumidas com
o órgão gerenciador e órgãos participantes. Isto quer dizer que, além
da anuência do gerenciador, será necessária a concordância do
fornecedor, o qual, contudo, não verá reduzidas suas obrigações com
relação às instituições que participaram regularmente do RP.
Mas a grande questão que constou do Acórdão do TCU acima
transcrito ainda não foi tratada aqui. A possibilidade de adesões
ilimitadas por parte dos caronas. O Decreto 7.892 trouxe regras mais
rígidas a respeito no mesmo art. 22:
§ 3º As aquisições ou contratações adicionais a que se
refere este artigo não poderão exceder, por órgão ou entidade, a
cem por cento dos quantitativos dos itens do instrumento
convocatório e registrados na ata de registro de preços para o
órgão gerenciador e órgãos participantes.
§ 4º O instrumento convocatório deverá prever que o
quantitativo decorrente das adesões à ata de registro de preços
não poderá exceder, na totalidade, ao quíntuplo do quantitativo
de cada item registrado na ata de registro de preços para o
órgão gerenciador e órgãos participantes, independente do
número de órgãos não participantes que aderirem.
Há, portanto, um duplo limite máximo de adesão por parte dos
caronas: 100% por órgão; 500% (quíntuplo do quantitativo) do
total, independente do número de adesionistas. Por exemplo: 20
adesões, cada uma com 25% do total dos quantitativos, no máximo
permitido pela norma (500% no total). E mais! Nota que o §4º do
dispositivo menciona que é necessário que o EDITAL preveja as
adesões por parte dos caronas. Caso isso não ocorra, não poderá
acontecer. Nesse contexto entendeu o TCU (Acórdão 855/2013-
Plenário):
16. [...], a sobredita vedação de adesão à ata por parte dos
chamados "caronas" (órgãos não participantes) estaria implícita
por força do art. 9º, III, c/c o art. 22, § 4º, ambos do novel
Decreto nº 7.892/2013, que regulamenta o Sistema de Registro
de Preços previsto no art. 15 da Lei nº 8.666/93, senão
vejamos:

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‘Art. 9º O edital de licitação para registro de preços observará o
disposto nas Leis nº 8.666, de 1993, e nº 10.520, de 2002, e
contemplará, no mínimo: (...)
III - estimativa de quantidades a serem adquiridas por órgãos
não participantes, observado o disposto no § 4º do art. 22, no
caso de o órgão gerenciador admitir adesões;
(...)
Art. 22. Desde que devidamente justificada a vantagem, a ata de
registro de preços, durante sua vigência, poderá ser utilizada por
qualquer órgão ou entidade da administração pública federal que
não tenha participado do certame licitatório, mediante anuência
do órgão gerenciador.
(...)
§ 4º O instrumento convocatório deverá prever que o
quantitativo decorrente das adesões à ata de registro de preços
não poderá exceder, na totalidade, ao quíntuplo do quantitativo
de cada item registrado na ata de registro de preços para o
órgão gerenciador e órgãos participantes, independente do
número de órgãos não participantes que aderirem.’ (grifei)
17. No caso concreto, considerando que o edital não estimou as
quantidades a serem a adquiridas pelos "caronas", vedada está a
adesão à ata.
Outra decisão interessante é a seguinte:
Acórdão 1192/2010 – TCU – Plenário
Não há viabilidade jurídica para a adesão,
por órgãos da Administração Pública, a atas de
registro de preços relativas a certames
licitatórios realizados por entidades integrantes
do Sistema “S”, uma vez que não se sujeitam
aos procedimentos estritos da Lei n.º
8.666/1993, podendo seguir regulamentos
próprios devidamente publicados, assim como
não se submetem às disposições do Decreto n.º
3.931/2001, que disciplina o sistema de registro
de preços (Precedentes citados: Decisões n.os
907/97 e 461/98, ambas do Plenário; Acórdão
n.º 2.522/2009-2ª Câmara).
Por conta de as entidades do sistema ‘S” não integrarem a
Administração, o TCU entendeu descabida a adesão a atas realizadas
por tais entidades.
No que se refere à ata feita por outros entes federativos
(Estados e Municípios), entende a Advocacia-Geral da União
(Orientação Normativa/AGU n. 21):

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“É vedada aos órgãos públicos federais a adesão à Ata de
Registro de Preços, quando a licitação tiver sido realizada pela
Administração Pública Estadual, Municipal ou do Distrito Federal”.
No mesmo sentido têm sido as decisões proferidas pelo egrégio
TCU (Ac. 1793/2011, Plenário):
Por ferir o princípio da publicidade, é vedada a adesão de
órgão ou entidade federal a ata de registro de preços
promovida por órgão ou entidade estadual ou municipal.
O multicitado Decreto 7.892/2012 traz a mesma disposição (§
8º do art. 22). Entretanto, permite a norma que instituições
estaduais ou municipais adiram a atas levadas a efeito por
instituições federais. É o que dispõe a norma (art. 22):

§ 9º É facultada aos órgãos ou entidades municipais,


distritais ou estaduais a adesão a ata de registro de preços da
Administração Pública Federal.

Na realidade, como as atas efetuadas por instituições federais


seriam mais ‘publicizadas’, não há problemas que um ente federativo
de menor abrangência faça adesão a estas. O problema estaria no
contrário (ata estadual ou municipal com adesão de instituição
federal): como a publicidade seria menor, dado que há menos
exigências de divulgação dos editais desses outros entes federativos,
haveria uma restrição indevida à publicidade.

Resta, então, a conclusão, a partir da jurisprudência do TCU:


caso o registro de preços tenha sido procedido por instituição
estadual, órgãos e entidades federais não poderão aderir [pegar
carona], por isso ser lesivo ao princípio da publicidade.

Cumpre anotar que os preços constantes de uma ata não são


imutáveis. Vejamos o que diz, mais uma vez, o Decreto 7.892/2013:

Art. 17. Os preços registrados poderão ser revistos em


decorrência de eventual redução dos preços praticados no mercado
ou de fato que eleve o custo dos serviços ou bens registrados,
cabendo ao órgão gerenciador promover as negociações junto aos
fornecedores, observadas as disposições contidas na alínea “d” do
inciso II do caput do art. 65 da Lei nº 8.666, de 1993

Entretanto, a revisão de preços não precisará ser feita sempre


‘para baixo’. Observemos mais uma vez o Decreto 7.892:

Por fim, cabe anotar que o registro de um fornecedor pode ser


cancelado, por culpa imputável a este, nas seguintes circunstâncias
(art. 20, Decreto 7.892/2012):

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I - descumprimento das condições da ata de registro de
preços;
II - não retirada da nota de empenho ou instrumento
equivalente no prazo estabelecido pela Administração,
sem justificativa aceitável;
III - não aceitação de redução do preço registrado, na
hipótese deste se tornar superior àqueles praticados no
mercado; ou
IV - sanção prevista nos incisos III ou IV do caput do art.
87 da Lei nº 8.666, de 1993, ou no art. 7º da Lei nº 10.520, de
2002.
Além dessas hipóteses, o cancelamento do registro de preços
poderá ocorrer por fato superveniente, decorrente de caso fortuito ou
força maior, que prejudique o cumprimento da ata, devidamente
comprovados e justificados por razão de interesse público ou a pedido
do fornecedor.
QF-5 - ESAF - Ana Tec (SUSEP)/Administração e
Finanças/2010
Sobre o Sistema de Registro de Preços, é correto afirmar:
a) a Ata de Registro de Preços não pode sofrer alterações
durante seu prazo de validade, devendo manter inalterados os
preços inicialmente registrados.
b) a licitação para registro de preços pode ser realizada
nas modalidades de concorrência, tomada de preços, convite ou
pregão.
c) a existência de preços registrados obriga a
Administração a firmar as contratações que deles poderão
advir.
d) o prazo de validade da Ata de Registro de Preços não
pode ser superior a um ano, aí computadas as eventuais
prorrogações.
e) ao fornecedor é vedado solicitar o cancelamento do
seu registro de preços7.

Pessoal, continho aqui na “torcida” de vocês. E peço que façam os


exercícios, em arquivo complementar.
Forte abraço,
Cyonil Borges.

7 Gabarito: Letra D

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