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Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº. Cyonil Borges

LICITAÇÕES PÚBLICAS

E aí Pessoal,

A Lei 8.666, de 1993, não é Lei do Capeta como dizem por aí. Se por um
lado é rica em detalhes; por outro, os mesmos detalhes são findáveis, e,
pelo número de questões disponíveis, sempre batidos em provas, de tal
sorte que, ao cabo das aulas, alcançaremos 100% das possíveis
cobranças. Vocês verão!

Mãos à obra!

Cyonil Borges.

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Sumário

1. Conceito de Licitação ................................................................. 3

2. Princípios Regentes das Licitações Públicas ................................. 15

3. Modalidades de Licitação .......................................................... 28

4. Tipos de Licitação (Critérios de Julgamento) ............................... 47

5. Fases ou Etapas da Licitação .................................................... 53

6. Alienação de Bens ................................................................... 71

7. Contratação Direta: Dispensas e Inexigibilidade de Licitação ........ 73

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1. Conceito de Licitação

Inicialmente, vejamos o que diz o art. 3º da Lei 8.666/1993:

Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do


princípio constitucional da isonomia a seleção da
proposta mais vantajosa para a administração e a
promoção do desenvolvimento nacional sustentável, e
será processada e julgada em estrita conformidade com os
princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da
moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do
julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.

Dos trechos negritados, podemos extrair o conceito de licitações, a partir


de três pontos:

I) A licitação é um procedimento [“será processada (...)”]:


deixando de lado a discussão a respeito de procedimentos ou
processos administrativos, pode-se dizer que um processo ou
procedimento administrativo é um conjunto de atos
encadeados que caminham para um resultado final.
Resumidamente, o procedimento significa ser uma série de
atos, os quais acabam se interligando. No caso das licitações,
tais atos acabaram se dividindo em duas grandes fases da
licitação;
II) As licitações destinam-se à seleção da proposta mais
vantajosa aos interesses públicos. Claro que a proposta mais
vantajosa não coincide sempre com a de menor preço. Como se
diz: “o barato pode sair caro”. O objetivo das licitações não é a
proposta mais barata, mas sim a mais vantajosa aos
interesses públicos. Como se sabe, por vezes é melhor pagar
mais, contratando algo mais adequado (com mais qualidade), do
que pagar menos, contratando-se de maneira menos útil. Então,
cuidado com esse objetivo do processo licitatório: é a melhor
proposta (não a mais barata!).
III) Há um segundo objetivo para o processo licitatório: a
isonomia constitucional. Releia o art. 3º ali acima. Perceba
que ele diz que as licitações destinam-se ao cumprimento do
princípio constitucional da isonomia, à seleção da proposta
mais vantajosa à Administração, e ao desenvolvimento nacional
sustentável. Assim, não adianta a Administração contratar
diretamente por preços abaixo de mercado a empresa da
esposa, do primo, p. ex., do Presidente da Entidade, sem realizar
o devido processo licitatório. De fato, assim procedendo, o
agente público responsável, apesar de selecionar a “melhor
proposta”, acabaria por promover grave ofensa ao princípio
da isonomia. Ainda neste sentido: de que vale garantir a

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isonomia entre os interessados, se os preços pactuados estão


frontalmente muito acima dos praticados pelo mercado? Daí
a questão do “segundo objetivo”;

IV) Item de Prova: com a Lei 12.349, de 2010, acrescentou-se um


terceiro objetivo às licitações: a promoção do
desenvolvimento nacional sustentável (por isso que está
destacado em vermelho no art. 3º). Esse terceiro objetivo vem
a atender uma “velha reclamação” da doutrina: as licitações
devem servir como instrumento de estímulo ao desenvolvimento
do país.

Fixação
(2013/CESPE/DPE-RR/Defensor) Os objetivos do procedimento
licitatório incluem a isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para
a administração pública e a promoção do desenvolvimento nacional
sustentável.

Comentários:

É o que nos informa o caput do art. 3º da Lei 8.666/1993.

Gabarito: CERTO.

Fixação
ESAF - AFC (CGU)/Correição/2006
A licitação, regulada pela Lei n. 8.666/93, destina-se a garantir observância do
princípio constitucional da isonomia e a selecionar propostas de preços mais baratos,
para a Administração contratar compras, obras e serviços, devendo ser processada e
julgada com observância da impessoalidade, igualdade e publicidade, entre outros.
a) Correta a assertiva.
b) Incorreta a assertiva, porque a licitação destina-se a selecionar proposta mais
vantajosa para a Administração, ainda que eventualmente não seja a mais barata.
c) Incorreta, porque o sigilo da licitação afasta a observância do princípio da
publicidade.
d) Incorreta, porque a exigência de habilitação prévia afasta a observância do
princípio da impessoalidade.
e) Incorreta, porque a exigência de condições passíveis de valorar propostas afasta a
incidência do princípio da igualdade.
Comentários:

Como sobredito, a Lei de Licitações – o Estatuto Geral das Licitações – objetiva a


seleção da proposta mais vantajosa. No entanto, a proposta mais vantajosa não

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é, necessariamente, a de valor menor entre as propostas, afinal, ao lado do


preço, a Administração deve cotejar a qualidade do que adquire.

Gabarito: alternativa B.

A seguir, façamos algumas considerações sobre os dispositivos da Lei


8.666, de 1993, alusivos ao objetivo do desenvolvimento nacional
sustentável. Para o cumprimento deste objetivo, a Lei previu, por
exemplo, o estabelecimento de uma margem de preferência para a
aquisição de produtos manufaturados e para serviços nacionais,
assim definidos, nos termos dos incisos XVII e XVIII do art. 6º da Lei de
Licitações:

XVII - produtos manufaturados nacionais - produtos


manufaturados, produzidos no território nacional de acordo com o
processo produtivo básico ou com as regras de origem estabelecidas
pelo Poder Executivo federal; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)

XVIII - serviços nacionais - serviços prestados no País, nas


condições estabelecidas pelo Poder Executivo federal; (Incluído pela
Lei nº 12.349, de 2010)

Abre-se um parêntese para esclarecer que, para o emprego da margem


de preferência, alguns requisitos devem ser observados, a saber:

- a capacidade de produção ou prestação no País não pode


ser inferior à quantidade a ser adquirida ou contratada, ou,
ainda, inferior ao quantitativo mínimo para preservar a
economia de escala (§7º do art. 23), nos termos do art. 3º, §9º, I
e II, da Lei de Licitações;

- as margens de preferência por produto, serviço, grupo de


produtos ou serviços nacionais, não podem ultrapassar o
montante de 25% sobre o preço dos produtos
manufaturados e serviços estrangeiros;

- a margem de preferência poderá ser estendida, total ou


parcialmente, aos bens e serviços originários dos Estados Partes
do Mercado Comum do Sul – Mercosul;

- a aplicação da margem de preferência deve estar fundamentada


em estudos revistos periodicamente, em prazo não superior a
cinco anos, que considerem, em todo caso:

I - geração de emprego e renda;

II - efeito na arrecadação de tributos federais, estaduais e


municipais;

III - desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no País;

IV - custo adicional dos produtos e serviços; e

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V - em suas revisões, análise retrospectiva de resultados.

Registre-se que, ao lado da referida preferência, poderá ser estabelecido


margem de preferência adicional, tratando-se de produtos
manufaturados e serviços nacionais resultantes de desenvolvimento e
inovação tecnológica realizados no País.

A justificativa de margem adicional de preferência para tais produtos


e serviços de tecnologia pode ser percebida, também, a partir da leitura
do §12 do art. 3º da Lei. Fixou-se que a licitação poderá ser restrita a
bens e serviços com tecnologia desenvolvida no País e produzidos
de acordo com o processo produtivo básico de que trata a Lei 10.176,
de 11 de janeiro de 2001, nas contratações destinadas à implantação, à
manutenção e ao aperfeiçoamento dos sistemas de tecnologia de
informação e comunicação, sistemas considerados estratégicos em ato
do Poder Executivo federal.

Por fim, é previsto que os editais de licitação para a contratação de bens,


serviços e obras poderão, mediante prévia justificativa da autoridade
competente, exigir que o contratado promova, em favor de órgão ou
entidade integrante da administração pública ou daqueles por ela
indicados a partir de processo isonômico, medidas de compensação
comercial, industrial, tecnológica ou acesso a condições
vantajosas de financiamento, cumulativamente ou não, na forma
estabelecida pelo Poder Executivo federal.

Não se esqueça deste último objetivo, ok? É que ele está “cheirando
a leite”, e se tem uma regra básica em prova de concurso é: Se é Novo,
Vai Cair! Então, atenção na prova.

Será que, afinal, não vão apresentar um conceito para licitações? Esse
conceito já tá “na mão”! Suficiente juntar os quatro pontos já expostos.

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Vejamos: PROCEDIMENTO, MELHOR PROPOSTA, ISONOMIA,


DESENVOLVIMENTO NACIONAL SUSTENTÁVEL.

Olha só como é que fica. Licitação é:

O PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO mediante o qual a


Administração Pública, visando à seleção da PROPOSTA MAIS
VANTAJOSA AOS INTERESSES PÚBLICOS, dá necessário
cumprimento ao princípio constitucional da ISONOMIA, dentre
outros, assim como estimula, dentro do possível, o
DESENVOLVIMENTO NACIONAL SUSTENTÁVEL.

É melhor fazer assim, entender, do que ficar decorando o tempo todo,


não é? Então, é só guardar os quatro pontos: PROCEDIMENTO,
MELHOR PROPOSTA, ISONOMIA, DESENVOLVIMENTO NACIONAL
SUSTENTÁVEL, que a gente consegue conceituar licitação, em qualquer
questão dissertativa, por exemplo, além de gabaritar as provas objetivas.

Bom, esclarecido o conceito, vamos partir para outros pontos


importantes.

Primeiramente, é bom deixar claro que o dever de licitar é GERAL para


a Administração Pública, em todos os níveis da federação, em razão
do que estabelece a Constituição Federal de 1988. Olha só o que diz o art.
37, inc. XXI, do nosso texto constitucional:

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as


obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante
processo de licitação pública que assegure igualdade de
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as
exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à
garantia do cumprimento das obrigações.

Nota o trecho destacado que nos informa “ressalvados os casos


especificados na legislação”. Pois é, isso vai ser importante para
decifrarmos as contratações diretas, ou seja, a dispensa e
inexigibilidade de licitação, que são situações que permitem ao poder
público contratar sem a modalidade prévia de licitação.

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Anote-se que licitações e contratos são coisas bem distintas. De fato,


enquanto a primeira é uma série de atos (um procedimento), o último é
o vínculo decorrente, o resultado, de regra, naturalístico da licitação,
ou seja, a consequência costumeiramente natural do processo licitatório.
A licitação, então, é o antecedente, e o contrato o consequente, não
podendo ser confundidos, sendo que, em alguns casos, para a
celebração do contrato dispensa-se ou se inexige a modalidade
própria de licitação, isto é, há casos de contratação direta, sem
modalidade de licitação utilizada. Isso não quer dizer, entretanto, que a
contratação direta não vá ser formalizada ou ter documentação. Não é
isso. O que acontecerá, aliás, o que não acontecerá, é apenas a
modalidade, mas a formalização será feita.

Então, ao fim, pode-se dizer que: o dever de licitar é uma regra para
as contratações da Administração Pública. Contudo tal regra
encontrará exceções.

Outra coisa importante é deixar bem clara a competência da União


para legislar a respeito de licitações e contratos. Vejamos o art. 22,
inc. XXVII, da Constituição Federal, para tanto:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

(...)

XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas


as modalidades, para as administrações públicas diretas,
autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal
e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as
empresas públicas e sociedades de economia mista, nos

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termos do art. 173, § 1°, III; (Redação dada pela Emenda


Constitucional nº 19, de 1998)

A União tem competência, então, para legislar, em grau de norma


geral, sobre todas as modalidades. Portanto, a Lei 8.666/1993 tem a
natureza de Lei federal Geral (ou nacional, como preferem alguns
doutrinadores), em razão do que estabelece o XXVII do art. 22 da
CF/1988.

Ficamos assim. A tal Lei “Nacional” é aquela editada pela União, mas
com força suficiente para alcançar todos os demais entes políticos.
Apesar da crítica de parte da doutrina à rigidez, e ao fato, ao menos
aparente, de a Lei 8.666/1993 invadir a competência de os Estados se
auto-organizarem, a Lei alcança a estes e também aos Municípios e ao
Distrito Federal.

Curiosidade de fundo “concursístico”. O art. 22 da CF delineia a


competência privativa da União, ou seja, apesar de ser apontado
como um problema de geografia constitucional, a Lei 8.666/1993 não
é, para efeito de concurso, considerada legislação concorrente.
Algumas ilustres organizadoras já foram nesta ferida, afinal é
costumeiro o concursando ouvir falar em norma geral e pensar no art. 24
da CF, que trata de legislação concorrente.

Professor, então quer dizer que toda a Lei de Licitações cuida de


normas gerais?

Não! Nem toda a Lei 8.666/1993 é norma geral. Contudo a


separação de quais são ou não normas gerais é tarefa das mais árduas,
considerando o volume de artigos que contém a Lei. Mesmo diante da
dificuldade em distinguir as normas gerais das não gerais, o Supremo
Tribunal Federal – STF parece ter sinalizado para a existência de
normas aplicáveis apenas à União, logo, não gerais. Na ADIN 927-3,
o STF suspendeu cautelarmente, até decisão final de mérito, a alínea “b”
do inc. I do art. 17, bem como a eficácia do §1º do dispositivo, a seguir
reproduzido:

Art. 17 (...)

I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para


órgãos da administração direta e entidades autárquicas e
fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais,
dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de
concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:

(...)

b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade


da Administração Pública, de qualquer esfera de governo;

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(...)

§ 1o Os imóveis doados com base na alínea "b" do inciso I deste


artigo, cessadas as razões que justificaram a sua doação, reverterão
ao patrimônio da pessoa jurídica doadora, vedada a sua alienação
pelo beneficiário.

Em síntese:

- Os Estados, Distrito Federal e Municípios podem legislar


suplementarmente sobre a matéria no que tange ao interesse
peculiar de suas administrações. Mas não podem contradizer a
Lei 8.666/1993, naquilo que ela seja Lei Geral; e,

- nem toda a Lei 8.666/1993 é norma geral, pois existem


dispositivos aplicáveis apenas à União, por exemplo, a
contratação direta para regular os preços e abastecimento.

Poxa, agora já não basta ter de estudar a Lei


8.666/1993, vou ter de decorar as partes em que ela é
lei geral, e em que não é, nossa!
Calma aí, gente! O “lance” é só saber que nem toda Lei 8.666/1993 é
Lei Geral. Mas decorar todos esses detalhes não é muito viável, não!
Dificilmente, “pra” não dizer raramente, o examinador tem abordado esse
assunto em prova.

Professor, esse dever de licitar é só das pessoas de Direito Público


ou alcança as pessoas de Direito Privado interventoras no domínio
econômico?

Excelente questão!

O inc. III do §1º do art. 173 da Constituição Federal dispõe que lei
estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de
economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade
econômica de produção ou comercialização de bens ou de
prestação de serviços, dispondo, dentre outras matérias, de licitação e
contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os
princípios da administração pública.

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Então as referidas entidades, atuantes no domínio econômico,


estão dispensadas de licitar, segundo as normas de Lei
8.666/1993?

Calma! Não é bem assim. Com a colaboração do Direito Constitucional,


informe-se que a norma no art. 173, §1º, III, é de eficácia limitada. De
outra forma, enquanto não sobrevier Lei própria que estabeleça o
regramento para as licitações das entidades estatais que explorem
atividades econômicas, estas deverão seguir o regime da Lei
8.666/1993. Como a lei “que estabelecerá” ainda não foi editada, as
empresas governamentais, atuantes na atividade econômica, continuam
presas, vinculadas, a seguir a Lei 8.666/1993.

Entendi Professor. Então quer dizer que sempre tais entidades de


Direito Privado deverão seguir a Lei 8.666, de 1993?

Opa! Não é bom usar do advérbio “sempre”, especialmente em matéria


de Direito Administrativo [o Direito das exceções]. É que o dever de
licitar por parte das entidades estatais exploradoras de atividade

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econômica foi mitigada, isto é, afastada parcialmente, pela


jurisprudência do Tribunal de Contas da União (TCU), contando com
sólidas e fundamentadas opiniões no mesmo sentido por parte da
doutrina.

Há entendimento de ser possível contratação direta (sem aplicação de


qualquer modalidade de licitação) de bens, de serviços e de produtos
atinentes, referentes às atividades finalísticas das entidades da
Administração que explorem atividades econômicas, ou seja, aqueles
decorrentes de procedimentos usuais de mercado em que atua e
indispensáveis ao desenvolvimento de sua atividade normal.

Ressalte-se que raciocínio é oposto para atividade-meio, na qual a


entidade estatal que explora atividade econômica deve licitar
normalmente, a não ser, obviamente, que a licitação mais uma vez
acarrete obstáculo ao regular curso da atividade-fim. Vejamos,
abaixo, decisão paradigmática do TCU:

Acórdão 121/1998 – TCU/Plenário

Exclui a PETROBRÁS Distribuidora - BR da


obrigatoriedade de realizar processo licitatório para as
contratações de transportes que sejam atividade-fim da
empresa, como a de transporte de produtos,
permanecendo esta obrigatoriedade para atividades-
meio.

Só um detalhe! Das empresas governamentais, a Petrobras é um caso à


parte (especialíssimo), isso porque segue o Decreto 2.745/98 em suas
contratações. O TCU, em inúmeras decisões, fixou o entendimento pela
inconstitucionalidade de tal normativo, recebendo voto favorável pela
ilegalidade no Superior Tribunal de Justiça.

No entanto, no ACO 1193 QO-MC/RJ e outras decisões mais recentes, o


STF, em processo da relatoria do Min. Gilmar Mendes, concedeu liminares
para garantir aplicabilidade do citado Decreto até decisão final de mérito.
Em suma: enquanto não sobrevier decisão de mérito acerca da
legalidade/constitucionalidade do referenciado Decreto, a Petrobras pode
continuar o utilizando, ante o respaldo dado pelo STF.

Muito bem. Passando para outro assunto, os amigos devem ter


acompanhado esse imbróglio todo com Belo Monte, a Mega Usina (será 3ª
maior hidrelétrica do mundo!) no meio da Amazônia. Pois é, é uma
concessão de serviço público. E daí? Daí que tem uma questão
interessante por detrás: afinal licitações para concessões e permissões de
serviço público são regidas pela Lei 8.666/1993? Viu como a questão é
boa? Vejamos só o que diz o art. 124 da Lei 8.666/1993:

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Art. 124. Aplicam-se às licitações e aos contratos para


permissão ou concessão de serviços públicos os
dispositivos desta Lei que não conflitem com a legislação
específica sobre o assunto.

Vamos à interpretação do dispositivo.

A Lei 8.987/1995 trata de concessões e permissões de serviços públicos,


e, portanto, será esta norma que regerá, de regra, a matéria. Quanto à
Usina de Belo Monte, tem uma norma ainda mais específica para o
assunto, a Lei 9.074/1995. Mas, em prova, tem de ter atenção para a
seguinte afirmativa do examinador: licitações de concessão ou
permissão de serviços públicos podem ser regidas pela Lei
8.666/1993. E aí, tá certo? SIM, pois, a despeito de não ser a norma
principal, a Lei 8.666 alcança, ainda que
subsidiariamente/supletivamente, licitações para concessões e
permissões de serviços públicos.

Por fim, a questão curiosa do Terceiro Setor, mais especificamente, duas


situações específicas: Serviços Sociais Autônomos e as entidades
que, de modo geral, recebem transferências voluntárias da União, em
que os convênios são as mais conhecidos.

Há uma decisão do TCU, de 1997, na qual foi tratada a questão dos


Serviços Sociais Autônomos, vulgarmente conhecidos como ‘Sistema S’.

Então. Será que o chamado ‘Sistema S’, formado por pessoas


jurídicas de Direito Privado (SESC, SEBRAE, SENAT, SENAR, SESI,
APEX, ABDI, e outros), obriga-se a licitar conforme a Lei
8.666/1993?

As entidades do ‘Sistema S’ são entidades de natureza privada, não


integrantes da Administração Pública (as entidades do sistema “S”
são paraestatais), sem fins lucrativos, que administram verbas públicas,
advindas de dotações orçamentárias ou de contribuições parafiscais.

O entendimento do Tribunal de Contas da União (Decisão Plenária


907/1997) é de que, embora devam licitar, estão dispensadas do
procedimento previsto na Lei 8.666/1993. Logo podem editar seus
próprios regulamentos de licitação, em obediência apenas aos
princípios da Administração Pública.

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Outra importante colocação é a que envolve as entidades que, de modo


geral, recebem transferências voluntárias da União, de regra, como
dito, por meio de convênios.

O primeiro registro é que convênio é “uma coisa”, e contrato outra


“coisa”. Uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa!

Nos convênios há o interesse mútuo, ou seja, um interesse comum


(convergente), sem qualquer tipo de antagonismo. Exemplo: a
União precisa de uma entidade que faça o trabalho de reintrodução de ex-
detentos no mercado de trabalho. Tem uma “ONG” que faz isso. A União
pode repassar dinheiro para essa ONG cuidar disso. Essa transferência
pode ser efetuada por convênio, pois não há oposição nenhuma de
interesses, isso porque a União e a ONG desejam que ex-detento volte a
trabalhar.

Nos contratos, como o nome já informa (CONTRA-ATO) há uma espécie


de oposição, ou, como nas palavras da Lei, obrigações recíprocas. Por
exemplo: a União contrata uma empresa para que lhe forneça serviços de
manutenção predial. Daí nascerá um CONTRATO e não um convênio,
pois, de um lado, a União quer os serviços e entregará o dinheiro para
tanto; de outro, a empresa quer o dinheiro, e entregará os serviços. O
que uma, a União, quer, é exatamente o CONTRÁRIO do que quer a
outra, a empresa.

Pois bem. Então falemos da seguinte situação: a União transfere


dinheiro para uma entidade do terceiro setor por convênio. E aí, de
que “jeito” a entidade pode utilizar esse dinheiro? Tem que licitar?

Olha só o que diz o art. 11 do Decreto 6.170, de 2007:

Art. 11. Para efeito do disposto no art. 116 da Lei nº 8.666,


de 21 de junho de 1993, a aquisição de produtos e a
contratação de serviços com recursos da União transferidos a
entidades privadas sem fins lucrativos deverão observar os

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princípios da impessoalidade, moralidade e economicidade,


sendo necessária, no mínimo, a realização de cotação
prévia de preços no mercado antes da celebração do
contrato.

O art. 116, citado no Decreto Federal, é o que tangencia os convênios. A


conclusão é simples: pelo Decreto, as entidades que recebem recursos
voluntários por meio de convênios federais não estão obrigadas a
licitar para o emprego regular de tais recursos, sendo suficiente a
cotação prévia de preços.

2. Princípios Regentes das Licitações Públicas

Como sobredito, em regra os contratos administrativos são precedidos de


licitações públicas, tendo por finalidade a obtenção da proposta mais
vantajosa, assegurada a isonomia de tratamento aos interessados,
e proporcionado o desenvolvimento nacional sustentável.

Todo ato administrativo deve ser cercado de cautelas legais, morais e


éticas. A licitação, como conjunto encadeado de atos, não poderia ser
diferente. Não pode ser realizada “de qualquer jeito”. Ao contrário disso.
A licitação se sujeita a um conjunto significativo de princípios e de
normas jurídicas, e, com isso, são evitados ou reduzidos desvios,
favorecimentos, além de permitir a utilização boa, regular, adequada, dos
escassos dinheiros públicos. Não há dúvidas em afirmar que a
observância das formalidades inerentes à licitação acarretará a mais
aprimorada e satisfatória realização dos fins buscados pelo Direito.

Exatamente na busca pela regular aplicação das verbas públicas, os


princípios da licitação ganham destaque. Funcionam como vetores de
orientação na interpretação das diversas normas regulamentadoras da
matéria, e, ainda, possuem função de preenchimento de lacunas, sempre
frequentes no dia a dia dos aplicadores do direito (gestores públicos,
licitantes, empresários, membros dos órgãos de controle).

Vencida a apresentação teórica dos princípios, como norte, diretrizes,


vetores básicos, para a conduta do administrador público, cumpre-
nos realçar a classificação doutrinária dos princípios da licitação em
explícitos e implícitos ou reconhecidos doutrinariamente.

Os primeiros, como o próprio nome já informa, são aqueles


expressamente contidos no rol não exaustivo [exemplificativo] do art.
3° da Lei 8.666/1993:

Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do


princípio constitucional da isonomia a seleção da proposta
mais vantajosa para a administração e a promoção do
desenvolvimento nacional, e será processada e julgada em
estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade,

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da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da


publicidade, da probidade administrativa, da vinculação
ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e
dos que lhes são correlatos.

Os segundos são os chamados princípios implícitos. São aqueles


inferidos, depreendidos, reconhecidos no próprio ordenamento jurídico,
sem serem denominados expressamente de princípios pela Lei
8.666/1993. Apenas para exemplificar, podem-se citar alguns:
razoabilidade, padronização, celeridade, economicidade, e adjudicação
compulsória.

Vamos tratar dos princípios, sem usar muito tempo com os princípios
mais tradicionais, por serem de conhecimento mediano. Vamos começar
pelo grupo dos princípios explícitos.

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O primeiro princípio explícito e do qual se fala bastante é o da


Legalidade. Por este princípio, a Administração só pode fazer aquilo
que a lei determina ou autoriza. Da mesma forma nas licitações. É
necessário obediência às normas.

Em razão da impessoalidade a Administração Pública não pode fazer


escolhas pautando-se tão nas “qualidades” dos envolvidos na licitação.
Com outras palavras, não importa os envolvidos, mas sim os OBJETIVOS
a serem alcançados pela Administração nas licitações, qual seja, a
seleção da proposta mais vantajosa e o cumprimento do princípio
constitucional da isonomia.

Vamos falar um pouco mais a respeito da moralidade, a qual, aliás,


pode-se tratar logo junto com o princípio da probidade.

Em razão desses dois princípios, não basta à Administração agir, tão-


somente em conformidade com a lei, em sentido estrito. De outra forma,
a Administração, de acordo com os princípios da
moralidade/probidade, deve atuar conforme princípios éticos, com
boa-fé, honestidade. Desse modo, pode-se dizer que a Administração
tem o dever de cumprir não só com a Lei, em sentido estrito, mas
com o “espírito” desta, ou seja, toda sua conduta deve estar atrelada à
legalidade em sentido amplo.

Importante:

O art. 9º da Lei de Licitações e Contratos é uma das


aplicações dos princípios da moralidade, da
isonomia, da impessoalidade, ao vedar que as
pessoas físicas ou jurídicas que tenham elaborado o
projeto básico venham a participar, direta ou
indiretamente, da licitação ou da execução da obra
ou serviço e do fornecimento.

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De acordo com o art. 9º, § 3º, a participação indireta


é percebida, p. ex., quando da “existência de qualquer
vínculo de natureza técnica, comercial, econômica,
financeira ou trabalhista entre o autor do projeto,
pessoa física ou jurídica, e o licitante ou responsável
pelos serviços, fornecimentos e obras, incluindo-se os
fornecimentos de bens e serviços a estes necessários”.

Todavia, o mesmo art. 9º, em seu § 1º, admite a


participação do autor ou da empresa, conforme o
caso, como consultores, desde que exclusivamente a
serviços da Administração licitante.

Pelo princípio da publicidade, a Administração Pública tem o dever de


tornar públicos os seus atos, na forma da lei. Detalhe: o princípio é
da publicidade e não da publicação.

De fato, a publicidade, enquanto princípio, não se resume às


publicações na Imprensa Oficial e nos jornais diários de grande
circulação, conforme previsão na Lei 8.666/1993 (art. 5°, caput; art. 15,
§ 2°, art. 21, caput; art. 26, caput; art. 61, parágrafo único; art. 109, §
1°).

Muita cautela, portanto: ainda que a PUBLICAÇÃO corresponda


necessariamente ao efeito de dar PUBLICIDADE, com esta última não
se confunde. Por exemplo, na modalidade convite, fica dispensada a
publicação do instrumento convocatório, mas não a publicidade nos
quadros de aviso do órgão público. Deste modo, vale o registro: É
POSSÍVEL QUE SE DÊ PUBLICIDADE A DETERMINADO ATO EM
PROCESSO LICITATÓRIO, MESMO QUE NÃO HAJA PUBLICAÇÃO DESTE.

Mais coisa importante!


- A publicidade é elemento de formação dos atos da
licitação?

R: Os elementos de formação dos atos administrativos são:


sujeito (competência); finalidade; forma; motivo; e objeto, logo,
publicidade não é elemento de formação de um ato
administrativo, mas sim requisito de eficácia deste. Ou seja:
para sua regular produção de efeitos, uma licitação, na forma da
lei, deve ter seus atos publicados.

- A publicidade se resume às publicações na Imprensa


Oficial e nos Jornais de Grande Circulação, conforme
previsão na Lei n° 8.666/93 (art. 5°, caput; art. 15, § 2°,
art. 21, caput; art. 26, caput; art. 61, parágrafo único; art.
109, § 1°)?

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R: Além destas formas, a publicidade engloba a possibilidade


de qualquer cidadão obter da Administração Pública acesso à
informação pertinente aos procedimentos de licitação.

- Segundo determinação legal, existe momento de sigilo


na condução do certame licitatório? Em positivo, qual a
consequência de devassar tal sigilo? (Leitura dos artigos
art. 3º, § 3º; art. 44, § 1º; art. 94, todos da Lei).

R: Vale ressalvar que, segundo determinação legal, o conteúdo


das propostas será sigiloso até a sessão pública de sua
abertura. Sobre esse tópico, o art. 94, da Lei 8.666/1993
define como crime a seguinte conduta: "devassar o sigilo de
proposta apresentada em procedimento licitatório, ou
proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo”. Dessa forma, é
possível afirmar que DETERMINADOS ATOS/FASES em
processos licitatórios serão resguardados pelo sigilo: AS
PROPOSTAS, até o momento de abertura destas, quando
passarão também a ser do conhecimento de todos, ou seja,
públicas.

O princípio da igualdade é relativizado pela isonomia, que é um dos


próprios objetivos da licitação. De fato, a igualdade, enquanto princípio,
não se trata de uma mera "igualdade formal”, pois a lei admite algumas
formas de distinção entre licitantes. Afinal, a fase de habilitação
dos interessados não deixa de ser uma forma de diferenciá-los, pois
serão julgadas apenas as propostas daqueles que preencham os
requisitos de qualificação jurídica, técnica, fiscal e financeira contidos no
instrumento convocatório.

Outras vezes, a lei esclarece alguns critérios que não podem ser usados
como formas de distinção entre os licitantes: naturalidade, sede ou
domicílio, conforme se observa do art. 3°, § 1°, I, da Lei:

"Art. 3° (...) § 1° É vedado aos agentes públicos:

I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de


convocação, cláusulas ou condições que comprometam,
restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo e
estabeleçam preferências ou distinções em razão da
naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de
qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante
para o específico objeto do contrato".

Professor, como aplicação do princípio da igualdade, o Estatuto de


Licitações estabelece alguns parâmetros para a resolução de
casos de empate entre os licitantes?

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Sim! No §2º do art. 3º da Lei, previu-se a seguinte sequência:

I – produzidos no País;

II – produzidos ou prestados por empresas brasileiras.

III – produzidos ou prestados por empresas que invistam em


pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País.

Por exemplo. Duas empresas que foram selecionadas e se encontram


em igualdade de condições, sendo a primeira caracterizada apenas
como empresa brasileira, e seus bens produzidos no exterior; e a
segunda produzindo no Brasil, embora de origem estrangeira.

Nesse caso, será a preferência legalmente assegurada à empresa


estrangeira, nos termos do inciso II do § 2º do art. 3º da Lei. Isso
ocorre por que a aplicação dos critérios de desempate é SUCESSIVA,
ou seja, um após o outro. Por isso, no exemplo dado, o desempate a
favor da empresa estrangeira, dado que esta produz no Brasil.

Item de Prova! Foi suprimido, com a edição da Lei 12.349, de 2010, o


critério de desempate em favor das empresas “brasileiras de
capital nacional”. O critério, duramente criticado por boa parte da
doutrina, não existe mais, portanto. Isso tem sido objeto de provas!

Professor, e se depois da sequência, permanecer o


empate?
Deve a Administração proceder a um sorteio público, vedado, nos
termos do art. 45, § 2º, qualquer outro processo.

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Fixação
TRT/MA - Contador - (7/2005) - Considere que, em uma licitação,
duas empresas foram selecionadas e se encontram em igualdade de
condições: a primeira foi caracterizada apenas como empresa brasileira,
mas os bens são produzidos no exterior; a segunda produz no Brasil, mas
é estrangeira. Nesse caso, a preferência será legalmente assegurada à
empresa estrangeira.

Comentários:

Para resolver o item, releia o que diz o art. 3º, § 2º, Lei 8.666/1993:

§ 2o Em igualdade de condições, como critério de desempate, será assegurada


preferência, sucessivamente, aos bens e serviços: II - produzidos no País; III -
produzidos ou prestados por empresas brasileiras; IV - produzidos ou prestados
por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no
País.

Vejam que, no item, aplicando-se o primeiro critério de desempate (bens


produzidos no país), vencerá a empresa estrangeira. Daí, a CORREÇÃO da
assertiva.

Por oportuno, duas observações podem ser feitas:

i) há critérios próprios de desempate em favor de microempresas e empresas de


pequeno porte (ver art. 44 da LC 123/2006). Mas como o item não cuida disso,
não precisa ser analisado sob este aspecto; e,

ii) não deixa de notar que o inc. I do § 2º do art. 3º da Lei de Licitações não se
encontra mais lá, pois foi revogado. Assim, não se aplica mais o critério de
desempate em favor da empresa brasileira de capital nacional.

Gabarito: CERTO.

Agora, vamos conversar um ‘cadinho’ sobre um princípio muito próprio


das licitações: a vinculação ao instrumento convocatório.

Já se viu que a licitação é um procedimento administrativo, diga-se de


passagem, essencialmente vinculado, restando pequena margem de
liberdade ao administrador concentrada em poucos pontos, como, por
exemplo, na elaboração do instrumento convocatório (Edital ou Carta-
convite).

Assim, uma vez elaborado este instrumento (verdadeira lei interna da


Licitação), a Administração encontra-se plenamente vinculada aos seus
termos, não podendo deles se afastar (art. 41 da Lei 8.666/1993). Da
mesma forma, ficam vinculados os licitantes interessados, até porque
serão desabilitados ou desclassificados, conforme o caso, se
descumprirem os termos do instrumento de convocação.

O princípio da vinculação ao instrumento convocatório inibe a criação de


novas regras ou critérios, depois da expedição do Edital ou da Carta-
convite, de maneira a surpreender os licitantes.

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Contudo, isso não significa dizer que a Administração não possa alterar os
termos do Edital. Claro que pode. O fato de a Administração encontrar-se
vinculada ao instrumento convocatório, não significa, então,
transformar o Edital em algo imutável. Nos termos do §4º do art. 21
da Lei:

Qualquer modificação no edital exige divulgação pela mesma


forma que se deu o texto original, reabrindo-se o prazo
inicialmente estabelecido, exceto quando, inquestionavelmente, a
alteração não afetar a formulação das propostas.

Assim, o edital pode ser alterado, mas caso a alteração seja


significativa, gerando a necessidade de alteração das propostas por
parte dos licitantes, deverão ser observados os procedimentos listados
pela Lei:

I) divulgação do instrumento de convocação, da mesma


maneira que anteriormente fora divulgado;

II) reabertura dos prazos, a partir da nova divulgação, para a


realização do restante dos eventos pendentes.

Enfim, a despeito de estar vinculada ao instrumento convocatório, que


são o Edital ou a carta-convite, conforme o caso, nada impede que
Administração Pública altere o instrumento convocatório, desde que, é
claro, cumpra o que diz a lei.

Fixação
(2012/CESPE/TCU/TÉCNICO) Dado que o instrumento convocatório da
licitação não é imutável, pode haver modificações no edital, entretanto, de
acordo com a referida lei, duas condições nunca podem ser alteradas: a
de que a divulgação ocorra pela mesma forma que se deu o texto original,
e a de que o prazo inicialmente estabelecido seja reaberto.

Comentários:

Como sobredito, se a alteração no edital não implicar alteração na formulação das


propostas, desnecessário que se reabra prazo para apresentação de novas
propostas. Exemplo: a documentação/proposta do licitante deveria ser entregue
na sala “A” da instituição promovedora da licitação. Só que as salas mudaram sua
indicação. O que era “A”, tornou-se sala “1”, isso, evidentemente, deve ser

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indicado, para que o licitante apresente sua proposição no local correto. Mas não
implicará qualquer alteração na proposta. Por isso, em situações como a descrita,
não será necessária a republicação do edital, com a reabertura de prazo. Com
isso, o item está ERRADO.

Gabarito: ERRADO.

Por fim, o último dos princípios explícitos, o do julgamento objetivo, o


qual guarda estreita ligação com os princípios da impessoalidade e,
sobretudo, da vinculação ao instrumento convocatório. De acordo
com tal postulado, a Administração deve pautar toda a condução do
certame em critérios objetivos previamente definidos no instrumento
convocatório.

De acordo com esse princípio, a margem de apreciação subjetiva deve


ser mínima (e, na melhor hipótese, não deve existir) na condução dos
procedimentos da licitação, sendo vedada a utilização de qualquer
elemento, critério ou fator sigiloso; secreto; subjetivo, ou reservado
que possa ainda que indiretamente elidir o princípio da igualdade
entre os licitantes, nos termos do §1º do art. 44 da Lei.

O caput do art. 44 da Lei 8.666/1993 expressa com clareza essa ideia:

No julgamento das propostas, a Comissão levará em consideração


os critérios objetivos definidos no edital ou no convite, os
quais não devem contrariar as normas e princípios estabelecidos
por esta lei.

Em congruência com o princípio do julgamento objetivo, parte da doutrina


afirma que a utilização do tipo de licitação MENOR PREÇO é a regra,
constituindo a melhor técnica e a técnica e preço critérios de
julgamento por EXCEÇÃO.

Ressalte-se que o TCU tem incorporado essa posição: o uso dos tipos
técnica e técnica e preço devem ser devidamente motivados.

Aliás, aproveitando que o assunto surgiu, registra-se que os tipos de


licitação, de acordo com a Lei 8.666/1993 são (incisos I a IV do §1º do
art. 45 da Lei):

I – a de menor preço - quando o critério de seleção da proposta


mais vantajosa para a Administração determinar que será
vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as
especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço;

II – a de melhor técnica;

III – a de técnica e preço;

IV – a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de


bens ou concessão de direito real de uso.

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Veja que, ao fim, o que determina o vencedor é o tipo de licitação, o


que é ao menos curioso: TIPO, na lei de licitações, não é sinônimo de
ESPÉCIE; TIPO quer dizer CRITÉRIO BÁSICO DE JULGAMENTO, ou
seja, julga-se com base no TIPO. Na Lei 8.666/1993, espécie diz respeito
às Modalidades, estas previstas no art. 22 da Lei.

Por fim, bom esclarecer que o TIPO é critério BÁSICO, porém não
exclusivo de julgamento. Tanto assim que o art. 45 da Lei prevê, com
destaques:

Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo


a Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo
em conformidade com os tipos de licitação, os critérios
previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo
com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a
possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.

Veja que o edital fixará o TIPO, bem como FATORES para serem
utilizados no julgamento de uma licitação, tal como, por exemplo,
garantia do item, prazo de garantia. Então, ficamos assim: o tipo é
critério básico, porém, não único, para fins de julgamento.

Pois bem. Finalizados os princípios que são expressos, vejamos alguns


que são reconhecidos [implícitos] pela doutrina, como sendo aplicáveis às
licitações. Porém, por desnecessário, serão tratados apenas dos mais
relevantes, para efeito de concurso público.

Vamos começar com o princípio da COMPETIVIDADE, que apesar de ser


implícito, é muito próprio às licitações.

Em razão do princípio da competitividade ou da oposição, a


Administração Pública, quando da licitação, não deve adotar providências
ou criar regras que comprometam, restrinjam ou frustrem o caráter de

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competição, de igualdade da licitação. O presente princípio nos faz


lembrar o princípio da igualdade. Mas isso é natural, pois é bem difícil
dizer até onde vai um princípio e começa outro. Como todos são valores
da Administração, o que acontece é os princípios andam “em gangue”, ou
seja, onde tem um, tem vários envolvidos. Descumprir um,
consequentemente, é descumprir muitos!

Outro importante princípio implícito é o da adjudicação compulsória.

Da leitura dos artigos 50 e 64 da Lei, percebe-se que a Administração


fica impedida, concluído o procedimento licitatório, de atribuir o objeto
a outro que não o legítimo vencedor.

Como destaca a doutrina a adjudicação ao vencedor é obrigatória, enfim,


a entrega simbólica do objeto da licitação é obrigatória, salvo se houver
desistência expressa do vencedor ou se este não firmar o contrato no
prazo prefixado.

A adjudicação é, portanto, um ato declaratório, uma promessa, na


qual a Administração, mais ou menos, afirma o seguinte: licitante
interessada no procedimento de licitação, meus parabéns! A partir de
agora, proclamo-a vencedora, e se eu Administração desejar contratar
alguém, será você.

Percebeu? A adjudicação do processo licitatório gera algo próximo ao


que o sentimento de aprovação em concurso público já gerou: uma
expectativa de direito. Só que no caso de concursos públicos para
seleção de servidores o direito é de ser nomeado, enquanto na
adjudicação de um processo licitatório, o direito é de futura
contratação, a qual, ser for feita, terá que ser realizada com o
“adjudicatário”, que é o vencedor do certame. E outra coisa: como muitos
já devem saber, as coisas mudaram nos concursos. Se o sujeito for
aprovado EM VAGAS PREVISTAS NO EDITAL, passa a ter direito de ser
nomeado.

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Os ensinamentos acima caminham lado a lado com a visão do STF: não


se confunde o direito à adjudicação do vencedor do certame com
eventual direito de contratar (Recurso Extraordinário 107.552). A
adjudicação gera mera expectativa de direito, a Administração, em tese,
pode deixar fruir o prazo de validade das propostas e refazer o
procedimento de licitação. Assim, anota:

A adjudicação NÃO corresponde à celebração de contrato. A


adjudicação é ATO DECLARATÓRIO, que gera em favor do
adjudicatário uma expectativa de direito quanto à contratação
futura.

Fixação
IEMA/ES - Contador - (10/2007) - O direito do vencedor aplica-se à
adjudicação, à atribuição do objeto da licitação, e, não, ao contrato
imediato, mas a administração não pode contratar com outro enquanto
válida a adjudicação.

Comentários:

Excelente item para fixarmos o que vimos.

Mas, aproveitando a oportunidade, vamos conhecer um tanto da jurisprudência


de Tribunais Superiores. Nesse quadro, veja-se como decidiu o Tribunal de
Contas da União, na ocasião em que proferiu o Acórdão 868/2006–2ª Câmara:
"(...) o fato de o objeto de um dado certame ter sido adjudicado a uma empresa
não implica direito subjetivo da mesma em obter a contratação. O direito do
adjudicatário é o de ser convocado em primeiro lugar caso a Administração decida
celebrá-lo, conforme vastamente pacificado pela jurisprudência e pela doutrina."
Então, a primeira parte, está CERTA.

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E a segunda parte, também, conforme a doutrina.

De fato, não faz nenhum sentido que, com a adjudicação ainda válida, a
Administração contrate outra empresa, que não o vencedor do certame. Nesse
contexto, o reforço do art. 50 da Lei 8.666/1993: “A Administração não poderá
celebrar o contrato com preterição da ordem de classificação das propostas ou
com terceiros estranhos ao procedimento licitatório, sob pena de nulidade”.

Enfim, adjudicado o objeto do certame, declarado em favor do vencedor que ele


será o contratado, não pode a Administração, enquanto válida a adjudicação,
contratar com outro, que não o adjudicatário.

Gabarito: CERTO.

Mais um princípio reconhecido é o do sigilo das propostas, o qual tem


ligação estreita com os princípios da probidade administrativa e da
igualdade.

Em razão do princípio em referência (o do sigilo das propostas), a


documentação pertinente à HABILITAÇÃO e às PROPOSTAS
(documento que obriga quem o formaliza) deve vir lacrada e só pode ser
divulgada em sessão pública previamente marcada, com ata
circunstanciada (elaborada em detalhes) e assinada pelos licitantes e pela
Comissão de Licitação. Nesse contexto, de que as propostas são
garantidas com sigilo, a Lei 8.666, de 1993, estabelece que um dos
crimes contra a Lei de Licitações é exatamente a violação do sigilo das
propostas (art. 94 da Lei).

Aproveitando a oportunidade, olha só o que diz o § 3º do art. 3º da Lei


8.666/1993:

§ 3o A licitação não será sigilosa, sendo públicos e


acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo
quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva
abertura.

Assim, estaria ERRADA uma afirmativa que dissesse que TODOS os atos
da licitação são públicos. Não são, pois as propostas são sigilosas, até
a abertura.

Fixação

ESAF - ATA MF/2009

Os procedimentos licitatórios destinam-se a garantir a observância do


princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais
vantajosa para a Administração Pública. São princípios básicos a serem
observados no julgamento das licitações, exceto:

a) vinculação ao instrumento convocatório.

b) confidencialidade do procedimento.

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c) julgamento objetivo.

d) probidade administrativa.

e) impessoalidade.

Comentários:

O princípio que vigora na licitação é do da publicidade. Os atos são públicos,


havendo sigilo das propostas, até o momento de sua abertura. Por isso, não há,
na Lei, o princípio da confidencialidade.

Gabarito: alternativa B.

Por fim, vejamos o princípio do procedimento formal.

Como sobredito, a licitação é um procedimento administrativo. Logo, tem-


se a ideia de uma série de atos encadeados, que juntos caminham
para um resultado final, qual seja, a seleção da proposta mais vantajosa
ao interesse público.

Dessa forma, fácil perceber que as regras da licitação devem seguir o rito
previsto em lei, não sendo cabível aos administradores, a seu bel-prazer
(discricionariamente), sua inversão. A rigidez do procedimento de
licitação funciona como mecanismo de igualdade de tratamento entre os
licitantes, logo não pode a licitação prescindir do formalismo.

Não sei se reparou, mas como dito, o “fim” não é, exatamente, o fim. Pois
é. Não é mesmo. É que temos muitos princípios reconhecidos. Mas como
a intenção é tão só concurso público (ser aprovado, claro), ficamos com
os já expostos, para esse negócio aqui não ficar muito enfadonho. E
também porque, em prova, os princípios já trabalhados são suficientes
para um desempenho excelente.

Passemos ao estudo das modalidades de licitação.

3. Modalidades de Licitação

A Lei 8.666/1993 prevê cinco modalidades de licitação, conforme


estabelece os §§ 1º ao 5º do art. 22 da Lei: concorrência; tomada de
preços; convite; concurso; e leilão. Ocorre que o §8º do art. 22 da Lei
proíbe a criação de novas modalidades de licitação, bem assim de
combinação de modalidades.

De imediato, o(a) amigo(a) então se questiona: mas o Pregão não é uma


nova modalidade?! Como foi criado, então, ante a proibição constante da
Lei 8.666/1993?

Na realidade, o legislador pretendeu dizer é que leis estritamente locais


não podem criar uma nova modalidade, ou seja, sendo a Lei do
Pregão uma Lei Nacional (inc. XXVII do art. 22 da CF), não houve
qualquer inconstitucionalidade em sua criação, afinal a Lei

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8.666/1993 não é cláusula pétrea! Em síntese: não é possível por


Decretos ou Leis específicas a criação de outras modalidades de
licitação. A criação de novas modalidades só é cabível mediante LEI de
caráter nacional.

Ressalta-se que existe outra modalidade de licitação, no entanto, menos


conhecida: a consulta (Lei 9.472/1997), criada, inicialmente, no âmbito
da Agência Nacional de Telecomunicações, e, atualmente, aplicável às
demais Agências Reguladoras.

Portanto, temos sete modalidades de licitação: concorrência; tomada


de Preços (TP); convite; concurso; leilão; pregão, e consulta.

Fixação
(2013/CESPE/TRF-2/JUIZ) São modalidades de licitação
taxativamente expressas no texto da Lei n.º 8.666/1993 a concorrência, a
tomada de preços, o convite, o concurso, o leilão e o pregão.

Comentários:

Pegadinha! O Pregão não está previsto na Lei 8.666/1993, mas sim na Lei
10.520/2002.

Gabarito: ERRADO.

Fixação
ESAF - ATEng (Pref RJ)/2010
Qual das seguintes modalidades de licitação não está prevista na Lei 8.666, de 1993?
a) Convite
b) Concorrência
c) Concurso

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Muitos autores, então, dizem que estas três modalidades são comuns.
Isso se dá por conta de que no fim as fases destas modalidades serem
praticamente as mesmas. De fato, o que define o uso delas são os valores
estimativos. Mas perceba que, apesar de terem fases em comum, cada
uma das modalidades tem sua identidade, seu procedimento, a se realizar
em conformidade com a Lei.

Fixação
(2011/Cespe – MMA – Área I) Concorrência, tomada de preços e
convite são modalidades de licitação que apresentam estruturação diversa
para as fases de divulgação, proposição e habilitação.

Comentários:

Apesar de serem entendidas como modalidades comuns, por serem muito


próximas quanto ao seu rito procedimental, de fato, concorrência, tomada de
preços e convite possuem diferenças no que se refere a, por exemplo, valores (a
concorrência é destinada a contratações de valores mais elevados), responsáveis
pelo julgamento (no convite a comissão pode ser substituída por um só servidor).
O item está CERTO, portanto.

Gabarito: CERTO.

Outro detalhe importante é o que diz respeito aos consórcios públicos.


Vejamos o que diz a Lei 8.666/1993 [art. 22]:

§ 8o No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos


valores mencionados no caput deste artigo quando formado por
até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, quando formado por
maior número.

Vamos detalhar um pouco melhor o assunto.

Esses consórcios públicos são formados exclusivamente por entes


federativos, com base na Lei 11.107/2005, a qual regulamenta a
prestação associada de serviços públicos, nos termos do art. 241 da
CF/1988.

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§ 6o Na hipótese do § 3o deste artigo, existindo na praça


mais de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo
convite, realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é
obrigatório o convite a, no mínimo, mais um
interessado, enquanto existirem cadastrados não
convidados nas últimas licitações.

Ler dispositivos da Lei 8.666/1993 ainda é fundamental. Por isso, tenham


sempre a Lei ao seu lado, nessas horas de revisão.

Mas façamos o estudo em forma de perguntas e de respostas. Nesse


ponto, fica mais interessante.

É possível convite com menos de três propostas válidas?


Como regra não. No entanto, a Lei prevê exceções. Sobre o tema, dispõe
o §7º do art. 22 da Lei:

Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse


dos convidados, for impossível a obtenção do número mínimo de
licitantes exigidos no § 3º deste artigo, essas circunstâncias
deverão ser devidamente justificadas no processo, sob pena de
repetição do convite.

Então, é possível, sim, convite com menos de três participantes, mas


apenas nas duas situações descritas, e, nesses casos, deverá a
Administração promover a necessária JUSTIFICATIVA, ou seja, a
motivação, a explicação das razões de direito e de fato pelas quais não
obteve o número mínimo de participantes. Caso não existam estas
justificativas, o convite deveria ser REPETIDO.

O instrumento de convocação deve ser publicado?


De início, observa-se que o instrumento convocatório de uma licitação na
modalidade convite denomina-se carta-convite. Então, o convite não
possui Edital como instrumento convocatório. Anota isso, pois os
examinadores têm feito muitas questões sobre o assunto.

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Das modalidades, o convite é a única que prescinde de publicação (e


não de publicidade, cuidado!), sendo certo que o §3º do art. 22 da Lei
exige que a unidade administrativa afixe, em lugar apropriado, cópia do
instrumento convocatório.

Quer dizer, o instrumento convocatório, no convite, não precisa ser


publicado, mas a PUBLICIDADE é essencial, como requisito de
moralidade administrativa.

Qualquer interessado pode participar?


Se a modalidade de licitação fosse Tomada de Preços, por exemplo, a
resposta seria positiva. Seria suficiente que o particular não cadastrado
promovesse seu efetivo cadastro para que pudesse participar. Já quanto
ao convite, nosso legislador não foi expresso.

É até possível a participação de interessados que não tenham sido


formalmente convidados, mas que sejam do ramo do objeto licitado
e cadastrados no órgão ou entidade licitadora. E, para tanto, o não
convidado (desde que cadastrado) deve manifestar interesse de participar
do certame, com até 24 horas de antecedência mínima (é o que
consta da parte final do § 3º do art. 22).

E os não cadastrados e não convidados?


Pois é. Nesse ponto, há um pequeno problema de definição legal. De
acordo com a Lei, não há espaço para a participação dos NÃO
CADASTRADOS E NÃO CONVIDADOS, pois a Lei é clara ao afirmar que
os interessados cadastrados é que podem solicitar o convite com
antecedência de até 24 horas da apresentação das propostas.

No entanto, no campo doutrinário, há vozes que sustentam a participação


destes não cadastrados e não convidados. Para isso, socorrem-se, por
analogia, do prazo de cadastramento da Tomada de Preços.

Abstraindo-se da posição doutrinária, muitas das vezes importante para o


concurso, guarda o disposto na Lei, de acordo com a qual podem
participar do convite:

I) Os convidados, ainda que não cadastrados;

II) Os cadastrados, ainda que não convidados, desde que


manifestassem prévio interesse de participar, com até 24
horas de antecedência com relação à apresentação das
propostas por parte dos licitantes.

Há necessidade de comissão de licitação?


Aqui é suficiente a leitura do §1º do art. 51 da Lei, que prevê,
excepcionalmente, a condução por um único servidor da Administração.
Imagina você lotado(a) em pequena unidade administrativa, com oito

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servidores. Desejosa em licitar a aquisição de livros, orçados em R$


50.000,00, o órgão deverá constituir comissão com, no mínimo, três
servidores? Não seria “caro” demais, para tão pouca coisa? Assim, no
caso do convite, a Lei, excepcionalmente, admite a condução do certame
por um único servidor. Confiram, abaixo, o teor do art. 51:

§ 1o No caso de convite, a Comissão de licitação,


excepcionalmente, nas pequenas unidades
administrativas e em face da exiguidade de pessoal
disponível, poderá ser substituída por servidor
formalmente designado pela autoridade competente.

O amigo concursando mais curioso se pergunta: o que são pequenas


unidades administrativas? O que se entende por exiguidade de
pessoal? Se alguém souber, por favor, encaminha por e-mail. Na
Secretaria de Controle Externo do TCU, no Rio de Janeiro, por exemplo, o
número de servidores ultrapassa 40, e a condução dos convites era
efetuada por um único servidor.

Vencida as principais considerações sobre o convite, passemos ao estudo


da Tomada de Preços (TP). Abaixo a definição legal [art. 22 da Lei]:

§ 2o Tomada de preços é a modalidade de licitação entre


interessados devidamente cadastrados ou que atenderem
a todas as condições exigidas para cadastramento até o
terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas,
observada a necessária qualificação.

Do conceito, podem ser extraídas as seguintes lições.

A partir da Lei, define-se a TP como a modalidade de licitação realizada


entre interessados previamente cadastrados, observada a necessária
habilitação, convocados com a antecedência mínima prevista na lei, por
aviso publicado na imprensa oficial e em jornal particular, contendo as
informações essenciais da licitação e o local onde pode ser obtido o edital.

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Basicamente, com base na doutrina, podemos apontar quatro


características principais para as concorrências:

a) UNIVERSALIDADE – quaisquer interessados têm a possibilidade


de participação de na concorrência, independentemente de registro
cadastral na Administração que a realiza ou em qualquer órgão público.
E, por outro caminho, a concorrência tem mais situações de cabimento do
que as outras duas modalidades comuns, pois onde cabe o convite,
cabe a concorrência; em que cabe a TP, cabe a concorrência, mas
tem caso que só cabe a concorrência. Ou seja, das três modalidades
comuns de licitação, a que cabe no maior número de hipóteses, é a
concorrência, a qual, também por esse caminho, é mais UNIVERSAL.

Se estiver no limite do que está embaixo, cabe o de cima. Exemplo:


licitação para uma obra de 100 mil reais. Cabe convite, pois o limite (para
obras!) vai até 150 mil. Então, cabe TP e concorrência. Obra de 500 mil
reais. Não cabe mais convite. Mas cabe TP, e, consequentemente,
concorrência. Obra de dois milhões de reais. Não cabe mais TP. Então,
só concorrência. Por isso, a concorrência é entendida como a mais
universal – cabe no maior número de hipóteses. Por curiosidade: é o que
se extrai da interpretação do art. 23, § 4º, Lei 8.666, de 1993.

b) AMPLA PUBLICIDADE – essa característica das concorrências é


relacionada com o princípio da universalidade e significa que, na
divulgação da abertura da concorrência a Administração poderá usar de
todos os meios de informação disponíveis e por tantas vezes quantas
julgar necessário.

As bancas organizadoras não costumam solicitar do candidato os prazos


de publicidade dos Editais. No entanto, melhor pecar por excesso, não é

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verdade? O art. 21, §2º, da Lei estabelece dois prazos aplicáveis à


concorrência:

- se a concorrência envolver técnica ou for em regime de empreitada


integral, o prazo do edital até o recebimento das propostas será de, no
mínimo, 45 dias corridos;

- nas demais situações, o prazo do edital será de, no mínimo, 30 dias


corridos.

Técnica
45 dias
Empreitada Integral

Demais casos 30 dias

Destaca-se que, da leitura do dispositivo, fica claro que o prazo de


publicidade dos editais é MÍNIMO, portanto, poderia ser maior,
alcançando, por exemplo, 120 dias. Quando você compara a concorrência
com as demais modalidades, e trata dos prazos e até dos meios de
divulgação da concorrência, você perceberá que a concorrência é a que
tem mais publicidade. Daí a característica da ampla publicidade.

c) HABILITAÇÃO PRELIMINAR – é a fase inicial do processo licitatório,


realizada logo após a abertura do procedimento;

Importante
Vamos antecipar os itens que podem ser exigidos para a
habilitação dos licitantes:

I. Habilitação Jurídica (aptidão efetiva de exercer direitos e


contrair obrigações);

II. Regularidade Fiscal (atendimento das exigências do


Fisco);

III. Qualificação Técnica (conjunto de requisitos


profissionais);

IV. Qualificação econômico-financeira (capacidade para


satisfazer os encargos econômicos decorrentes do contrato); e

V. Declaração de cumprimento do Art. 7º, XXXIII, da CF,


c/c Decreto n. 4358/2002.

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Deem atenção ao art. 27. Vejam lá que a HABILITAÇÃO DOS


LICITANTES É DOCUMENTAL, ou seja, é aquela papelada
toda que se exige.

Dica quente de prova!

Perceba que há exigência de regularidade fiscal, certo?


Acontece que, com a Lei 12.440, de 2011, o art. 29 da
Lei 8.666/1993 foi alterado para contemplar também a
necessidade de regularidade trabalhista.
Os órgãos e entidades públicas costumavam inserir, como item de
habilitação, a exigência de regularidade trabalhista. As empresas
inabilitadas socorriam-se do Poder Judiciário, e, certamente, por inexistir,
à época, previsão na Lei de Licitações, sagravam-se vencedoras na tese
defendida. Agora com a Lei não há mais conversa! Portanto, fiquem
atentas(os)!

d) JULGAMENTO POR COMISSÃO – o julgamento dos requisitos


pessoais dos interessados é feito por uma comissão de, pelo menos,
três membros; deve ser composta por dois servidores qualificados dos
quadros permanentes da entidade licitante, podendo o terceiro ser
estranho à Administração. Esta comissão é o órgão julgador, sendo
que nenhuma autoridade pode substituí-la na sua função
decisória, podendo ser permanente ou especial. Apenas para
comparação: no convite, o responsável pelo julgamento pode ser, ainda
que excepcionalmente, um só servidor. Nos pregões, a incumbência de
julgar é do pregoeiro, figura central em tal modalidade. Enfim, o
julgamento por comissão é, de fato, uma das principais características da
concorrência.

Mais uma vez relembrando o valor aplicável às modalidades comuns,


conforme definido pela Lei 8.666/1993:

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Agora, o que causa um grande estrago para efeito de concurso é saber


quando a concorrência é utilizada independentemente dos valores
envolvidos (art. 23, §3º, da Lei). Assim, em tese, o bem poderia ser
avaliado em R$ 1,00, e a Administração teria que proceder,
necessariamente, à concorrência.

A concorrência será obrigatória, independentemente do valor, nos


seguintes casos:

I – Compra ou alienação de bens de bens imóveis. Todavia, essa


regra tem exceção, pois inc. III do o art. 19 da Lei admite a realização de
LEILÃO para alienação de imóveis, cuja aquisição por parte da
Administração haja derivado de procedimentos judiciais ou de dação
em pagamento. Os imóveis assim adquiridos podem ser alienados por
meio de leilão, mas também por concorrência;

II - Nas concessões de direito real de uso (§ 3º do art. 23 do


Estatuto);

III – Nas concessões de serviços públicos (Lei 8.987/1995);

IV – Nas licitações internacionais. Mais uma regra com exceções, pois


nosso legislador facultou a utilização da TP ou do Convite;

ATENÇÃO!

Nas licitações internacionais, será admitida, observados os


limites de valores, a TOMADA DE PREÇOS, quando o órgão ou
entidade dispuser de cadastro internacional de fornecedores
ou o CONVITE, quando não houver fornecedor do bem ou
serviço no país.

Esteja certo que, atualmente, em face do aumento da


concorrência nos concursos públicos, a banca buscará os
pormenores de nossa disciplina, como é a hipótese acima, em
que uma licitação internacional poderá ser procedida por
modalidade TP e Convite.

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V – Para o registro de preços (art. 15, § 3º, I, do Estatuto). Ressalva-


se aqui a possibilidade de utilização do Pregão, conforme arts. 11 e 12 da
Lei 10.520/2002. Presta atenção que o registro de preços é um
procedimento a ser realizado por: concorrência ou pregão.

VI – Para empreitada integral (art. 21, §2º, inc. I, “b”).

ATENÇÃO, MAIS UMA VEZ!

A Lei 8.666/1993, em seu art. 114, admite a PRÉ-


QUALIFICAÇÃO de licitantes, em concorrências,
especificamente quando o objeto recomende análise mais
detida da qualificação técnica dos interessados.

A pré-qualificação não deve ser confundida com a


habilitação preliminar, embora com esta se assemelhe. A pré-
qualificação não dispensa a habilitação preliminar quando da
efetiva concorrência, ainda que só a título de verificação de
que as condições permanecem as mesmas. E mais ainda: a
pré-qualificação, se houver, relaciona-se tão só ao aspecto
TÉCNICO da habilitação, ou seja, ainda há outros aspectos
que não são supridos pela pré-qualificação, QUANDO e SE esta
for feita, insistimos.

Bom, depois de vencidas as concorrências, vamos partir para as outras


três modalidades que importam para a prova, começando pelo concurso.

O § 4º do art. 22 da LLC assim define o concurso:

A modalidade de licitação entre quaisquer interessados para


escolha de trabalho técnico, científico ou artístico,
mediante a instituição de PRÊMIOS ou REMUNERAÇÃO aos
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vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado


na imprensa oficial com antecedência mínima de 45
(QUARENTA E CINCO) DIAS. (grifos não constam do
original)

Os negritos acima não constam do texto original, servindo-nos para fixar


alguns pontos:

I) O concurso, modalidade de licitação, tem por objeto a


escolha de TRABALHO, técnico, artístico ou científico. Ou seja,
é escolha de ALGO (e não de alguém, que é o caso do concurso da
Lei 8.112, de 1990);

II) O vencedor do concurso recebe PRÊMIO ou


REMUNERAÇÃO. Aqui, uma notinha: nas modalidades comuns
(concorrência, TP e convite) ALGO vai ser selecionado e o
preço a ser pago VARIA, a partir disso. Aqui, no concurso, o
valor é CERTO, variando o trabalho selecionado. Interessante,
não?

III) O período mínimo para a divulgação do concurso é de 45


dias de antecedência mínima.

Já o art. 52 da Lei 8.666/1993 estipula que o concurso deve ser


precedido de regulamento próprio, a ser obtido pelos interessados no
local indicado no instrumento convocatório. Tal regulamento deverá
indicar:

I – a qualificação exigida dos participantes;

II – as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho;

III - as condições de realização do concurso e os prêmios a serem


concedidos.

Por relevante, registra-se que, no caso de concurso, o julgamento será


feito por uma Comissão Especial integrada por pessoas de reputação
ilibada e reconhecido conhecimento da matéria em exame, servidores
públicos ou não. Exatamente esse último grifo é que a banca

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examinadora vai exigir, caso pretenda levar alguns candidatos ao erro,


pois nas comissões permanentes de licitação, diferentemente dos
concursos, pelo menos dois servidores serão dos quadros
permanentes dos órgãos da administração responsáveis pela
licitação, ou seja, pelo menos duas pessoas têm de ser da “casa” (caput
do art. 51 da Lei).

Abre-se aqui um parêntese para afastar erro bem corriqueiro entre os


concursandos: o concurso modalidade de licitação não se confunde com o
concurso público para seleção de servidores públicos. A modalidade de
licitação concurso, apesar de ter o mesmo nome, não tem ligação alguma
com concurso público realizado a ser nos termos do art. 37, inc. II, da
Constituição Federal, que é regulamentado pela Lei 8.112/90, em âmbito
federal.

Ressalta-se a diferença básica entre um e outro procedimento: os


concursos, modalidade de licitação da Lei 8.666/93, destinam-se à
seleção de TRABALHO (algo, portanto); já os concursos para
seleção de servidores, da Lei 8.112/90, prestam-se à seleção de
PESSOA (alguém, não de algo!).

Por fim, frisa-se que, quando se tratar de projeto, o vencedor deverá


autorizar a Administração a executá-lo quando julgar conveniente, até
porque os direitos patrimoniais do autor são direitos disponíveis.

Chegamos à última modalidade de licitação na Lei 8.666/1993, o Leilão.

De acordo com o §5º do art. 22 da Lei, o Leilão é a modalidade de


licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis
inservíveis; produtos legalmente apreendidos ou penhorados e bens
imóveis, desde que objeto de dação em pagamento ou de procedimentos
judiciais (art. 19), a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao
valor da avaliação.

Chama-se a atenção para algumas partes acima negritadas:

I) No leilão podem participar quaisquer interessados;

II) O leilão serve para alienação tanto de bens móveis, quanto


imóveis (para estes, há necessidade de que a aquisição tenha decorrido
de procedimentos judiciais ou dação em pagamento); e,
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III) No leilão, o tipo, de acordo com a Lei, é maior lance ou oferta.

Vale reforçar que todo bem a ser leiloado será previamente avaliado pela
Administração, para fixação do preço mínimo de arrematação.

Os bens arrematados serão PAGOS À VISTA ou no percentual


estabelecido no edital, não inferior a 5% (cinco por cento). Após a
assinatura da respectiva ata, lavrada no local do leilão, os bens
arrematados serão imediatamente entregues ao arrematante, o qual
estará obrigado ao pagamento do restante no prazo estipulado no edital
de convocação, sob pena de perder em favor da Administração o valor já
recolhido.

Nos leilões internacionais, o pagamento da parcela À VISTA poderá


ser feito em ATÉ VINTE E QUATRO HORAS.

Os livros de Direito Administrativo mais uma vez deixam essa lacuna,


pelo fato de que, além de concorrência; tomada de preços e convite,
o leilão também admite a modalidade internacional.

O Edital de leilão deve ser amplamente divulgado, no prazo mínimo de


15 dias, principalmente no município em que se realizará.

Nota
A doutrina apresenta dois tipos de leilão: o COMUM, praticado
por LEILOEIRO OFICIAL, onde houver; e o
ADMINISTRATIVO, realizado por agente da própria
instituição interessada (art. 53 da Lei).

Muito bem, se fosse tempos atrás, estaria encerrada essa parte de


modalidades. Mas as coisas mudam. E daí foi criado “o cara” das
modalidades, o Pregão, que é modalidade da onda.

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4. Tipos de Licitação (Critérios de Julgamento)

Como tivemos a oportunidade de estudar, o julgamento das propostas


será sempre objetivo, em observância ao Princípio do Julgamento
Objetivo. Nesse contexto, a Comissão de Licitação, o responsável pelo
convite, ou o Pregoeiro, deve realizá-lo em conformidade com os tipos de
licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de
acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a
possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle (art. 45
da Lei 8.666/1993).

Aqui, uma observação extremamente relevante. A adoção de um tipo não


impede que a Administração lance mão de critérios acessórios de
julgamento, de maneira a aferir a adequada capacidade de o licitante
executar as obrigações advindas do contrato futuro. Então, o instrumento
convocatório pode estabelecer outros critérios de julgamento, que não
farão parte do tipo. Um exemplo, a partir do pregão.

O pregão deve utilizar, obrigatoriamente, o tipo menor preço para


definir o vencedor do certame. Esse critério definirá, ao fim, o vencedor
da licitação. Mas a Administração não pode simplesmente desconsiderar
alguns outros critérios que lhe servirão para definir o vencedor da
licitação, tais como (eventualmente) o período de validade do produto
adquirido e as condições de garantia do produto/serviço. Até mesmo a
apresentação (embalagem) do produto, em alguns casos, pode ser
extremamente importante para definir o vencedor. Exemplo: medicação
(remédios). Devem vir em uma embalagem apropriada, pois senão será
impossível o acondicionamento adequado do produto. Nota, todavia, que
esses critérios ACESSÓRIOS não constituem o tipo, que é critério
FUNDAMENTAL para definição do vencedor, mas serão levados em
consideração quando do julgamento.

Os tipos de licitação (que não se confundem com as modalidades)


estão previstos no §1º do art. 45 da Lei, e compreendem quatro
categorias. Vejamos:

(a) menor preço – quando o critério de seleção da proposta mais


vantajosa para a Administração determinar que será vencedor o licitante
que apresentar a proposta de acordo com as especificações do edital
ou convite e ofertar o menor preço;

(b) de melhor técnica;

(c) de técnica e preço; e

(d) de maior lance ou oferta – nos casos de alienação de bens ou


Concessão de Direito Real de Uso.

Os tipos de licitação "melhor técnica" ou "técnica e preço" serão


utilizados, regra geral, para serviços de natureza

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predominantemente intelectual, em especial, na elaboração de


projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de
engenharia consultiva em geral e, em particular, para a elaboração de
estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos.

Todavia, a própria Lei 8.666/1993 abre possibilidade de utilização dos


referidos tipos para contratações relativas a fornecimento de bens e
execução de obras ou prestação de serviços (§3º do art. 46 da Lei).

Então, técnica ou técnica e preço são utilizadas, em regra, para


objetos que exijam, no mais das vezes, intelectualidade para sua
execução, mas podem ser utilizadas em todo e qualquer objeto a ser
contratado pela Administração, desde que:

- Exista autorização expressa e justificada da autoridade


promotora;

- O objeto se refira a bens, a obras, a serviços de grande vulto,


majoritariamente dependentes de tecnologia nitidamente sofisticada
e de domínio restrito, atestado por autoridades técnicas de reconhecida
qualificação;

- O objeto pretendido admita soluções alternativas e variações


de execução, com repercussões significativas sobre sua qualidade,
produtividade, rendimento e durabilidade concretamente mensuráveis, e
estas puderem ser adotadas à livre escolha dos licitantes, na
conformidade dos critérios objetivamente fixados no ato convocatório.

Professor, no que consiste a técnica?


No modo de executar algo. Imagina que o órgão público vai contratar
instituição para dar treinamento a seus servidores sobre as normas
básicas a respeito de Processo Civil. Pressupondo a realização de uma
licitação, seria suficiente comparar tão somente os preços oferecidos
pelas instituições que se pretendem promotoras do evento? Não,
certamente!

Não caberia, portanto, o tipo menor preço, uma vez que insuficiente para
identificar qual seria a melhor instituição para realizar o treinamento.
Seria importante, então, analisar o “modo de fazer” dos licitantes:
quem são os responsáveis pelo treinamento? Qual sua experiência em
eventos dessa natureza? Já foram, antes, instrutores? Quais os meios
didáticos e pedagógicos de realização do evento? Enfim, o modo de fazer
muitas vezes é preponderante para se determinar o vencedor de uma
licitação.

Lembre-se, por oportuno, que só se pode exigir dos licitantes o


indispensável para a execução do contrato, em razão das disposições
constitucionais que exploramos anteriormente (o inc. XXI do art. 37 da
CF/1988).

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Detalhe: para contratação de bens e serviços de informática, a


administração adotará, OBRIGATORIAMENTE, o tipo de licitação
"técnica e preço", permitindo-se, todavia, o emprego de outro tipo
de licitação nos casos indicados em decreto do Poder Executivo. É
por essa razão que não pode a Administração utilizar o Pregão para
aquisição de alguns bens de informática (para outros já há Decreto
autorizativo: cartuchos, protetores de tela, laptop etc.), porque, como
ensinado, o critério de julgamento do Pregão é o de Menor Preço.

Responde rápido: todas as modalidades usam, necessariamente, os


tipos previstos na Lei 8.666/1993? NÃO!!! Aos CONCURSOS não se
aplicam os tipos de licitação já estudados (menor preço, melhor
técnica etc.), nos termos do §1º do art. 45 da Lei. Vejamos o
dispositivo, então:

§ 1o Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de


licitação, exceto na modalidade concurso:

Registrem: O CONCURSO NÃO USA OS TIPOS PREVISTOS NA LEI,


POR EXPRESSA DETERMINAÇÃO LEGAL.

Ficaria pergunta: mas então, como são avaliados os concursos


(modalidades de licitação, não os de servidores)? A partir dos
critérios estabelecidos no regulamento próprio citado no art. 52.

Em síntese, cada concurso deve definir seus critérios de avaliação,


em razão da especificidade do objeto do certame. Apenas para dar
exemplo, podemos citar alguns exemplos de concursos: para projetos
arquitetônicos (como o da ponte JK, em Brasília); de monografias
(constantemente realizados por Tribunais Judiciais); de trabalhos de
pesquisa (como os realizados pela Embrapa, para concessão de bolsas
para projetos de pesquisa).

Bom, apesar de acharmos que dificilmente o examinador vá entrar a


fundo no uso do tipo técnica, vamos fazer alguns esclarecimentos a
respeito de como se utiliza este.

Para tanto, é suficiente a leitura do “passo a passo” a seguir, para


entender como se usa o tipo técnica:

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I - serão abertos os envelopes contendo as propostas técnicas


exclusivamente dos licitantes previamente qualificados e feita então
a avaliação e classificação destas propostas de acordo com os
critérios pertinentes e adequados ao objeto licitado, definidos com
clareza e objetividade no instrumento convocatório;

II - uma vez classificadas as propostas técnicas, proceder-se-á


à abertura das propostas de preço dos licitantes que tenham
atingido a valorização (pontuação) mínima estabelecida no
instrumento convocatório e à negociação das condições
propostas, com a proponente melhor classificada no que diz
respeito ao preço;

III - no caso de impasse na negociação anterior, procedimento


idêntico será adotado, sucessivamente, com os demais
proponentes, pela ordem de classificação dos preços, até a
consecução de acordo para a contratação;

IV - as propostas de preços serão devolvidas intactas aos licitantes


que não forem preliminarmente habilitados ou que não obtiverem a
valorização mínima estabelecida para a proposta técnica.

Vejamos um exemplo:

Proposta técnica – pontuação Proposta de preços (R$)

A – 100 pontos D – 40,00

B – 95 pontos A – 50,00

C – 90 pontos B – 45,00

D – 85 pontos C – 60,00

Sendo “A” a melhor classificada na técnica, o contrato a ela será


oferecido, isso se cobrir o menor preço apresentado (“D” – R$ 40,00);
recusando-se, o contrato será oferecido a “B”, e, assim, sucessivamente.
Se “A”, “B”, e “C” não cobrirem o preço de “D”, esta será a vencedora,
enfim, acaba por prevalecer o preço como parâmetro de
classificação. Interessante, não? Mas esperamos que o examinador não
coloque uma loucura dessas na prova...

Quanto ao uso do tipo “técnica e preço”, a Lei 8.666/1993 menciona


que a classificação dos proponentes é feita de acordo com a média
ponderada das valorizações das propostas técnicas e de preço, de
acordo com os pesos preestabelecidos no instrumento convocatório (art.
46, §2º). É o seguinte: na técnica e preço, o critério “preço” tem um
peso; a técnica, outro. Somam as notas atribuídas a cada um. Está
definido o vencedor. Bem mais fácil de fazer uma licitação utilizando a
técnica, não?

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Fixação
ESAF - Ana Tec (SUSEP)/Administração e Finanças/2010
Para tornar correta a seguinte afirmação, basta preencher as lacunas com
as palavras da opção:

"Nas licitações do tipo 'melhor técnica', a consecução de acordo para a


contratação deverá ter, como referência, o limite representado pela
proposta de __________ entre os licitantes que obtiveram a valorização
mínima em sua proposta __________."

a) menor preço // técnica

b) melhor técnica // de preços

c) maior preço // de preços

d) melhor técnica // técnica

e) menor preço // de preços

Comentários:

Caso não tenham convicção acerca do passo a passo do tipo melhor técnica,
revejam mais atrás, ok? Mas fixem que, no uso do tipo melhor técnica, o menor
preço servirá de base de negociação com os licitantes que obtiveram a
valorização mínima de suas propostas técnicas.

Gabarito: alternativa A.

Fixação
(2012/FDC/Auditor técnico-ISS/BH) Considere um certame para a
aquisição de um módulo de informática para os servidores da Secretaria
Municipal de Fazenda que fazem atendimento ao público, com valor
estimado em R$ 700.000,00 (setecentos mil reais), Diante da descrição, a
modalidade e o tipo de licitação a ser adotada correspondem a:

a) convite − melhor técnica

b) concurso − melhor técnica


c) leilão − maior lance ou oferta
d) concorrência − técnica e preço
e) tomada de preços − menor preço

Comentários:

Primeiramente, o examinador facilitou nosso caminho, pois, ao não colocar o


pregão, deixou de entrar em possível polêmica. De fato, quase tudo de
informática atualmente é comum, no entendimento do Tribunal de Contas da
União. Bem por isso, a Corte de Contas Federal sugere o uso do pregão, sempre
que possível, para contratações ligadas à informática. Mas como o pregão não
está na questão, não se cogita do uso dele.

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Por outro lado, o examinador colocou valor enquadrável na concorrência, ante o


que diz o art. 23, inc. II. Os limites do convite e da tomada de preços são
inferiores a 700 mil reais (são de 80 mil e 650 mil, respectivamente, no caso de
aquisições de bens e contratações de serviços que não sejam ligados à
engenharia).

Outro ponto é o tipo aplicável às licitações para contratações de informática.


Como disse ainda há pouco, o pregão não foi colocado na questão. Ótimo,
facilitou a vida. Mas, apenas para lembrança: se fosse um pregão, o tipo a ser
adotado, necessariamente, seria o menor preço, ante determinação legal nesse
sentido (inc. X do art. 4 da Lei 10.520/2002).

Como, pelo valor, teria de er a concorrência, e e a, no iten di ponívei , ó


apareceu na letra D, ótimo, gabaritamos com tal item. E a Lei 8.666 até fala
sobre o tipo a ser adotado em contratação de informativa. Vejamos:

Art. 45 (...)

§ 4o Para contratação de bens e serviços de informática, a administração


observará o disposto no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991,
levando em conta os fatores especificados em seu parágrafo 2o e adotando
obrigatoriamente o tipo de licitação "técnica e preço", permitido o emprego
de outro tipo de licitação nos casos indicados em decreto do Poder Executivo.

Destacou-se os trechos acima, para que chegássemos às seguintes conclusões:

I – Pela Lei, o tipo a ser adotado para contratações ligadas à informática seria
TÉCNICA E PREÇO, A NÃO SER QUE EXISTA UM DECRETO DO PODER EXECUTIVO
DA ESFERA FEDERATIVA CONTRATANTE QUE ABRISSE A POSSIBILIDADE DE USO
DE OUTRO TIPO.

II – Poderia, então, ser utilizado outro tipo, que não técnica e preço, para
contratações de informática. E isso é feito no âmbito da União, aonde quase tudo
de informática vem sendo contratado por pregão, o qual, por sua vez, utiliza
sempre o tipo menor preço.

Gabarito: alternativa D.

Fixação
(2012/ESAF/CGU/Analista-Auditoria) São fatores de pontuação
técnica das propostas nas licitações do tipo "técnica e preço":
a) Padronização, Integração.
b) Suporte, Prazo de Manutenção.
c) Qualidade, Compatibilidade.
d) Integração, Prazo de Entrega.
e) Prazo de Manutenção, Desempenho.

Comentários:

Os tipos de licitação "melhor técnica" ou "técnica e preço" serão utilizados, regra


geral, para serviços de natureza predominantemente intelectual, como vimos
O procedimental de ambos é previsto no art. 46 da Lei 8.666/1993, sendo que o
1o de tal dispositivo estabelece:

I - serão abertos os envelopes contendo as propostas técnicas exclusivamente


dos licitantes previamente qualificados e feita então a avaliação e classificação

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destas propostas de acordo com os critérios pertinentes e adequados ao objeto


licitado, definidos com clareza e objetividade no instrumento convocatório e que
considerem a capacitação e a experiência do proponente, a qualidade técnica da
proposta, compreendendo metodologia, organização, tecnologias e recursos
materiais a serem utilizados nos trabalhos, e a qualificação das equipes técnicas a
serem mobilizadas para a sua execução;

Veja que, pelo dispositivo, deve-se analisar a QUALIDADE técnica da proposta e


outros fatores que devem estar COMPATÍVEIS com os termos do edital. E tais
dispositivos também são aplicáveis às licitações do tipo técnica e preço, como se
vê:

§ 2o Na licitaçõe do tipo "técnica e preço" erá adotado, adicionalmente ao


inciso I do parágrafo anterior, o seguinte procedimento claramente explicitado no
instrumento convocatório:

Logo, chegamos ao gabarito da questão – podem ser pontuados os critérios de


qualidade e compatibilidade.

Gabarito: alternativa C.

5. Fases ou Etapas da Licitação

Inicialmente, esclareça-se que as fases aqui abordadas são as aplicáveis


às modalidades comuns, em especial. Concurso e leilão também têm
procedimentos diferenciados, e, por não serem tratados especificamente
na Lei 8.666/1993, não são abordados aqui.

As fases da licitação são duas, basicamente: a interna e a externa.

Vejamos o que a Lei 8.666/1993 tem a nos dizer a respeito da fase


interna, a princípio:

Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a


abertura de processo administrativo, devidamente
autuado, protocolado e numerado, contendo a autorização
respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e do recurso
próprio para a despesa, e ao qual serão juntados
oportunamente.

Como aponta a doutrina, os procedimentos de licitação compõem-se de


uma fase interna que vai até a elaboração do edital ou da carta-
convite, e de uma fase externa, que se inicia com a publicação do
edital ou expedição da carta-convite e termina com a adjudicação
do objeto da licitação.

A fase interna bem realizada, planejada, é de extrema importância, pois,


ao ser viabilizada com cautela, com zelo, com o mínimo de deficiências,
acaba por evitar problemas e atrasos tão indesejados durante a fase
externa da licitação. Ressalta-se que uma das grandes delongas do
procedimento licitatório são os intermináveis recursos impetrados pelos
licitantes (deem uma lida no art. 109 da LLC). Logo, uma fase interna

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procedida com o mínimo de erros e desatenções levará à otimização dos


recursos públicos geridos.

A Lei de Licitações fornece-nos alguns dos requisitos a serem atendidos


durante a fase interna da licitação, sob pena de nulidade e
responsabilidade daqueles que lhe deram causa, são exemplos:

1º - Orçamento detalhado em planilhas com todos os


custos (art. 7º, §2º, II);

2º Previsão de recursos orçamentários que assegurem


o pagamento das obrigações decorrentes de obras ou
serviços a serem executadas no exercício financeiro em
curso (art. 7º, §2º, III);

3º - Escolha da modalidade de licitação e tipo de


licitação;

4º - Elaboração do Edital;

5º - Ato de designação da comissão de licitação, do


leiloeiro administrativo ou oficial, ou do responsável
pelo convite;

6º - Dentro do Edital: descrição do objeto; prazo e


condições de pagamento; requisitos de habilitação
exigíveis.

Destaca-se que toda minuta de edital e outros documentos relacionados


ao processo licitatório tem de passar pela área jurídica da instituição

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promovedora da licitação, para efeito de emissão de parecer. Quem diz


isso é o parágrafo único do art. 38.

E mais: o parecerista pode ser demandado pelo TCE, TCU, e quiçá, TCM
para que responda por eventuais atos culposos pautados em seu parecer.
Esta é uma posição hoje assentada no STF. Com outras palavras, que, ao
menos se tratando de processos licitatórios, os pareceristas podem
ser responsabilizados por suas opiniões. Aliás, não se está nem
dizendo, mas sim recordando.

Já a fase externa da licitação tem início com a publicação do aviso


da licitação (um “resumo” da licitação) ou expedição da carta-
convite. À semelhança da fase interna, a Lei fornece-nos uma sequência
lógica para a realização da fase externa. Abaixo, então, as fases, em
sequência, com os artigos relacionados. Vejamos:

1º - Edital (art. 21 e art. 41);

2º - Direito à impugnação dos editais (art. 41);

3º - Habilitação das licitantes (art. 27 a 31);

4º - Julgamento pela comissão de licitação (art. 45;


44 e 51);

5º - Homologação (art. 43, VI); e

6º - Adjudicação (art. 43, VI).

Pedimos que sempre contextualizem as afirmações, no que diga


respeito às fases. O edital inicia a fase externa da licitação, mas não
a licitação em si. E outro: notaram que o CONTRATO não é fase? Pois é,
não é fase mesmo. O contrato é CONSEQUÊNCIA do processo
licitatório. E não fase.

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Bom, antes de se adentrar em alguns detalhes da fase externa, bom


registrar que o art. 39 da Lei 8.666/1993 obriga a Administração a
realizar audiência pública sempre que o valor estimado para uma
licitação ou para um conjunto de licitações simultâneas ou sucessivas for
superior a 150 milhões de reais (100 [cem] vezes o limite previsto
no art. 23, inciso I, alínea "c", que é de 1 milhão e meio de reais).

A audiência pública serve, por exemplo, para a Administração receber


sugestões e críticas a respeito de uma contratação futura, de valor
considerável. Todavia, pede-se atenção: não confundam esse valor,
para quando a audiência é obrigatória (superior a 150 milhões de
reais) com o que a Lei 8.666, de 1993, chama de licitação de grande
vulto, que é aquela cujos valores sejam superiores a 37,5 milhões
de reais, as quais não obrigam a realização de audiência pública (art. 6º,
inc. V, Lei 8.666/1993).

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Bom, vamos passar para o edital, que, como sabemos, é o instrumento


convocatório da licitação. Na modalidade CONVITE, registra-se, não
há, em sentido estrito, um edital propriamente dito, mas sim uma
carta-convite, que faz as vezes do Edital, servindo de instrumento
convocatório.

Interessante anotar duas coisas a mais, com relação ao Edital:

I) qualquer cidadão ou licitante pode impugnar um edital de


licitação, nos termos do art. 41, 8.666/1993. Impugnar, em linhas
gerais, quer dizer “recorrer” contra o Edital. Só que a expressão mais
adequada é impugnação mesmo, até porque a gente recorre de algo que
já foi decidido, o que não é o caso do edital, que é ato normativo, a lei
interna da licitação, em expressão advinda da doutrina;

II) as minutas dos contratos que nascerão da licitação fazem parte do


Edital de licitação como anexos obrigatórios (art. 40, § 2º, inc. III). Por
isso, muitos doutrinadores dizem que os contratos administrativos que
nascem da Lei 8.666/1993 são de adesão. De adesão, porque a
Administração estabelece os termos do contrato e o contratado, o
vencedor da licitação, meramente ADERE a estes termos.

Após a divulgação do Edital, a Administração Pública fica no aguardo,


agora, do movimento das empresas interessadas (entrega dos envelopes
com a documentação para habilitação e a proposta comercial).

Feita a apresentação dos documentos/propostas, o terceiro movimento é


da Administração: a Comissão de Licitação procede à habilitação das
empresas, verificando a documentação apresentada, nos termos do art.
27 a 31 da Lei (nota que se os participantes não conseguirem superar
essa etapa – a habilitação - serão INABILITADOS).

Da leitura do art. 43 da Lei, fácil perceber que a licitação, em sua fase


externa, é composta de dois momentos igualmente importantes (mas
não únicas): o primeiro destinado ao exame da documentação
apresentada pelos interessados (fase subjetiva) – HABILITAÇÃO; a
segunda referente ao exame das propostas (fase objetiva) –
JULGAMENTO, com a particularidade de que a fase de habilitação
antecede o julgamento das ofertas.

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Na primeira fase (habilitação), a Administração verifica se os


participantes da licitação preenchem ou não os requisitos necessários
previstos em edital e considerados indispensáveis para a futura execução
do contrato, quando então serão analisados itens como qualificação
jurídica, técnica e econômica, bem como regularidade fiscal dos
proponentes, na forma do art. 27 a 31 da Lei 8.666/1993.

O art. 27 da Lei nos fornece um rol de itens de habilitação a serem


exigidos do licitante: da habilitação jurídica ao cumprimento do art. 7º,
XXXIII, da CF/1988. Vejamos, resumidamente.

A habilitação jurídica é aptidão efetiva de exercer direitos e contrair


obrigações, p. ex., inscrição do licitante pessoa física no Cadastro de
Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda.

Já a regularidade fiscal refere-se ao atendimento das exigências do


Fisco, p. ex., certidões negativas de tributos e recolhimento de FGTS
(vimos, acima, a necessidade também de REGULARIDADE
TRABALHISTA, agora constante do art. 29 da Lei 8.666/1993.
Tema de futuras provas! Aguardem!);

A qualificação técnica diz respeito ao conjunto de requisitos


profissionais, p. ex., registro ou inscrição do interessado na entidade
profissional competente.

A qualificação econômico-financeira é capacidade para satisfazer os


encargos econômicos decorrentes do contrato, p. ex., certidão
negativa de falência ou concordata expedida pelo distribuidor da sede do
licitante pessoa jurídica.

Por fim, o art. 7º, XXXIII, da CF/1988 e o Decreto nº 4358/2002,


os quais vedam empregar menores de 18 anos em atividades
insalubres e perigosas.

Fixação

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ESAF - AFC (CGU)/Desenvolvimento Institucional/2008


Na fase de habilitação nos processos licitatórios serão exigidos dos licitantes vários
documentos comprobatórios de sua capacidade para contratar com a Administração
Pública. Assinale a opção que indica uma comprovação que, se exigida, estará em
desacordo com a Lei n. 8.666/93.
a) Capacidade econômico-financeira.
b) Capacidade jurídica.
c) Regularidade fiscal.
d) Qualificação econômico-financeira.
e) Possuir em seu quadro de pessoal quantitativo suficiente para cumprir o objeto.
Comentários:

Os tipos de licitação "melhor técnica" ou "técnica e preço" serão Detalhe: o


licitante que queira desistir de sua proposta tem até (inclusa) a habilitação, para
assim proceder (§ 6o do art. 44 da Lei 8.666/1993). Isso se dá em respeito ao
processo, em si: licitação não é brincadeira, para as pessoas desistirem dela, sem
qualquer razão para tanto.

Então, o licitante pode pensar ‘direitinho’ até a fase de habilitação, para que não
apresente uma proposta que, depois, não possa honrar. Contudo, tal vedação à
desistência não é absoluta: caso algum fato superveniente a motive, isso, desde
que aceito pela comissão, pode ser aceito. Exemplo: uma empresa entra em uma
licitação para fornecer botas para o exército brasileiro. Com a empresa já
habilitada para o certame, o preço da borracha que seria utilizada na produção
aumenta bastante, em razão de uma crise no setor. Nesse caso, há possibilidade
de desistência por parte da empresa, ante o fato novo.

Gabarito: alternativa E.

Fixação
ESAF - AUFC/Controle Externo/Controle Externo/2006
No âmbito do processo de licitação, o licitante somente pode desistir da proposta,
sem necessidade de justificativas, até a conclusão da seguinte fase:
a) julgamento
b) habilitação
c) classificação
d) homologação
e) adjudicação1

1
Gabarito: Letra B

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Vencida a habilitação, a Comissão prossegue com o julgamento,


classificando ou desclassificando as propostas comerciais das
empresas (aqui, na fase de julgamento, se o licitante for eliminado
será DESCLASSIFICADO).

Como visto, o julgamento é objetivo. Então, nesse ponto, descabem


novos comentários. Mas cabe falar, de novo, da comissão de licitação,
que já falamos um tanto ao longo desse nosso “papo”.

A comissão de licitação, permanente ou especial, é a equipe de


servidores responsáveis pela condução do procedimento de licitação.
Basicamente, a função da comissão é de receber, de examinar, e de
julgar todos os documentos e procedimentos relativos às licitações e
ao cadastramento de licitações (art. 6º, XVI). Logo, não cabe à
comissão a homologação e sequer a adjudicação do certame, são
papéis de competência da autoridade competente.

Nos termos do art. 51 da Lei, a comissão permanente ou especial será


formada por, no mínimo, três membros, sendo que, destes três, pelo
menos dois devem ser servidores qualificados pertencentes aos
quadros permanentes dos órgãos/entidades da Administração
responsáveis pela licitação. Assim, em tese, é possível a constituição de
uma comissão de licitação com 17 membros, sendo dois da instituição
que promove a licitação e os demais de outras instituições da
Administração.

Lembre-se de que, na modalidade de licitação convite,


excepcionalmente, a comissão de licitação pode ser substituída
por um único servidor, desde que se trate de pequenas unidades
administrativas e em face da exiguidade de pessoal disponível
(art. 51, § 1º). Não há uma definição legal do que se possa entender por

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“pequena unidade...”, mas o fato é que a lei dá tal possibilidade.


Atenção, então!

Já na modalidade concurso, a comissão é especial, podendo ser


composta por servidores ou não (art. 51, § 5º, Lei 8.666/1993). É
possível, portanto, a participação de servidores nas comissões
julgadoras de concursos, só não é obrigatória. Nas modalidades
comuns (concorrência , tomada de preços e convite), ressalta-se,
SEMPRE haverá a participação de integrantes dos quadros
permanentes dos órgãos da Administração responsáveis pela licitação,
conforme estipula o art. 51 da Lei.

A regra é a solidariedade dos membros da Comissão, isto é, estes


respondem em conjunto pelos atos/decisões que produzam, afinal de
contas, as deliberações produzidas pela Comissão, ainda que possam ser
classificadas como atos simples, tem natureza colegiada (art. 51, § 3º),
ou seja, é tomada pelos membros, em conjunto. Daí, nada mais racional
que a responsabilidade seja de todos, não é? Mas, atenção: se
determinado membro não concordar com o procedimento adotado
pelos demais, pode registrar em ata de reunião em que surgiu a
divergência. Daí, não responderá solidariamente. É que se deve
respeitar a opinião do divergente, desde que devidamente fundamentada
e devidamente registrada em ata, como a própria Lei ressalta, no art. 51.

Como maneira de se evitar possíveis conluios entre os membros/licitantes


interessados, o Legislador (§ 4º do art. 51 da Lei) fixou o prazo não
excedente a um ano de mandato para os membros das comissões,
vedando a recondução da totalidade de seus membros para a mesma
comissão no período subsequente.

Portanto, é possível que a Administração faça um rodízio parcial da


comissão. Um exemplo. Imaginemos uma comissão de licitação composta
por três membros, X; Y e Z, com um ano de mandato. Ao fim do primeiro
ano, X sai da comissão e, em seu lugar, entra W. A Lei foi cumprida? SIM,
pois a Lei veda a recondução INTEGRAL dos membros. Trocando-se um, a
Lei foi cumprida. Ao fim do segundo ano, W sai, volta X. Cumpriu-se a
Lei? SIM, pois a norma veda a recondução INTEGRAL, mas não
impede esse jogo de “escravos de Jó”: tira e bota W e X,
indefinidamente.

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Apesar disso, o ideal seria que a Administração promovesse uma


rotatividade entre os membros da Comissão, de forma a evitar a
perpetuação dos vícios havidos no interior de tais colegiados. Nesse
contexto é, inclusive, a jurisprudência do TCU2.

Questão interessante é a seguinte: e se houver empate? Como que


desempata, já que o julgamento tem que ser, sempre, objetivo?

Bom, como tem que ser objetivo, tem que ter critério de desempate.
O primeiro deles diz respeito às microempresas e empresas de
pequeno porte.

No ordenamento jurídico brasileiro, a Constituição Federal e as legislações


infraconstitucionais, à vista do real desnível das pequenas empresas,
atuam no fomento, no desenvolvimento das atividades dos menos
favorecidos economicamente. Exemplo disso é a disposição constante do
art. 179 da CF/1988:

A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios


dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno
porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico
diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas
obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e
creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei.

Mais recentemente a Lei Complementar 123/2006 dispensou tratamento


favorecido às Microempresas – ME e empresas de pequeno porte – EPP.
Portanto, o legislador não facultou o uso da igualdade meramente
formal, admitindo a lei formas de distinção entre os licitantes,
quando as circunstâncias assim o exigirem. Vejamos agora como isso
apareceu na prova, à época, de Analista do TCU:

(2007/TCU – Analista) A União, em suas contratações


públicas, não pode conceder tratamento diferenciado
às microempresas e empresas de pequeno porte, pois
tal comportamento violaria o princípio da isonomia entre os
licitantes. (Certo/Errado)

Imagina qual a resposta? ERRADO, claro. E se quiserem ler mais, para


“fechar” o edital, podem ler a respeito das microempresas, e licitações
com a participação destas, nos arts. 42 a 49 da LC 123, de 2006. Lá há
importantes disposições acerca de tais entidades que, volta e meia, tem
caído em provas, em questões que, recentemente, têm sido pesadas.
Vejam, por exemplo, a questão abaixo:

Fixação

2
Acórdão 1281/2010, do Plenário do TCU.

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(2012/ESAF/RFB/AUDITOR) - A União, por intermédio de um de seus


Ministérios, realizou pregão para a contratação de empresa especializada
na prestação de serviços de reserva e fornecimento de passagens aéreas.
Sagrou-se vencedora no referido pregão a empresa “x”, que se utilizou da
prerrogativa de efetuar lance de desempate na condição de empresa de
pequeno porte, a partir do que prevê a Lei Complementar n. 123/2006.
Considerando o caso concreto acima narrado, o sistema normativo sobre
licitações e contratos e a jurisprudência recente do TCU, assinale a opção
correta.

a) Para fins de aferição da receita bruta e do consequente enquadramento


como empresa de pequeno porte, no caso de agências de turismo, o
cálculo deve ter por parâmetro as comissões e adicionais recebidos pela
agência e não a receita total das vendas efetuadas.

b) Para que possa ser favorecida pelas regras especiais estabelecidas pela
LC 123/06, a empresa precisa estar enquadrada como microempresa, ou
empresa de pequeno porte, sendo irrelevante o valor de sua receita bruta.

c) Independentemente da modalidade de licitação, a preferência em


empate ficto se verifica quando a proposta de uma microempresa – ME,
ou empresa de pequeno porte – EPP superar em até 10% o valor daquela
de menor valor que não tenha sido apresentada por licitante também
classificada como ME ou EPP.

d) O preceito constitucional da realização de licitação para as contratações


públicas com o objetivo de melhor atendimento ao interesse público,
assegurado tratamento isonômico entre os participantes, é incompatível
com o tratamento favorecido às empresas de pequeno porte.

e) A regularização fiscal tardia significa que a microempresa ou empresa


de pequeno porte podem participar da licitação mesmo sem dispor dos
documentos comprobatórios de sua regularidade fiscal. Caso venha a
obter a vitória, ser-lhe-á assegurada oportunidade para apresentar a
documentação necessária em momento posterior à contratação.

Comentários:

Interessantíssima questão, prova viva que o examinador está mesmo ‘antenado’


na jurisprudência TODA, já que se demanda conhecimento do que fora decidido
pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

A Corte de Contas Federal possui um informativo de licitações e contratos, de


ótimo nível e excelente para quem se prepara para concursos públicos mais
pesados. Veja o que foi divulgado como PRIMEIRA ‘MANCHETE’ no informativo de
número 108, do TCU:

Contratação de empresa especializada na prestação de serviços de


reserva, emissão, marcação, remarcação e fornecimento de passagens:
para o fim de enquadramento como microempresa ou empresa de
pequeno porte, a receita bruta, no caso de agências de turismo, deve ser

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calculada tendo por parâmetro as comissões e adicionais recebidos pela


agência, e não a receita total das vendas efetuadas.

O informe diz respeito ao Acórdão 1323/2012, do Plenário do Tribunal. Agora,


compare com a questão. É a LITERALIDADE da alternativa A, que está correta,
claro. Para que se entenda melhor o assunto, vamos desdobrá-lo.

A Lei Complementar 123/2006 (LC 123/2006) veio ao mundo para dar


tratamento diferenciado às microempresas (ME) e empresas de pequeno porte
(EPP) nas licitações públicas, assim entendidas as que tiveram receita bruta de
até 3,6 milhão de reais em 2011 (incs. I e II da LC 123/2006).

Para alguns ramos específicos, o cálculo da receita bruta não é tão simples. É o
caso das empresas que negociam passagens aéreas. Veja, de maneira mais
específica, o que disse o TCU, ao prolatar o já mencionado Acórdão 1323/2012-
Plenário:

Para o deslinde da questão, considerou o relator ser necessário esclarecer o


conceito de receita bruta, para empresas que lidem na área de contratação
examinada (passagens aéreas). Para isso, se valeu de fundamentos lançados em
Solução de Consulta 31/2011, da Primeira Região Fiscal (D.O.U. de 21/9/2011),
na qual se registrou que “a intermediação na venda e comercialização de
passagens individuais ou em grupo, passeios, viagens e excursões, bem como a
intermediação remunerada na reserva de acomodações em meios de
hospedagem, são operações em conta alheia, da agência de turismo. Nesses
casos, a base de cálculo do Simples Nacional é apenas o resultado da operação
(comissão ou adicional recebido pela agência)”. Isso significaria dizer que a
receita bruta, no caso de agências de turismo, deve ser calculada tendo por
parâmetro as comissões e adicionais recebidos pela agência, e não a receita total
das vendas efetuadas.

Então, reforçando a ideia, a letra A está plenamente CORRETA, uma vez que em
consonância com a jurisprudência do TCU.

Comentários adicionais com relação aos demais itens:

- Letra B: ERRADA. Vimos que é fator determinante para o enquadramento de


uma empresa como ME ou EPP o valor de sua receita bruta.

- Letra C: ERRADA. De fato, a LC 123/2006 prevê uma situação que é um empate


‘ficto’, isto é, um empate ‘imaginário’. É o seguinte dispositivo da LC 123 que
trata disso:

Art. 44. Nas licitações será assegurada, como critério de desempate, preferência
de contratação para as microempresas e empresas de pequeno porte.

§ 1º Entende-se por empate aquelas situações em que as propostas


apresentadas pelas microempresas e empresas de pequeno porte sejam iguais ou
até 10% (dez por cento) superiores à proposta mais bem classificada.

§ 2º Na modalidade de pregão, o intervalo percentual estabelecido no § 1º


deste artigo será de até 5% (cinco por cento) superior ao melhor preço.

Veja, então, que a margem do que se considera empate, sem o ser, nas licitações
que contem com a participação das ME/EPP é de 10%. Entretanto, no caso do
PREGÃO a diferença cai para 5% da proposta apresentada pela ME/EPP quando
comparada com a melhor das propostas apresentadas por empresa não
enquadrada como ME/EPP. Então, a diferença DEPENDE da modalidade de
licitação empregada, e, portanto, o item está ERRADO.

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- Letra D: ERRADA. Bom, em primeiro lugar, a Constituição não fala,


expressamente, que as licitações são realizadas com vistas ao melhor
atendimento dos interesses públicos. Quem assim dispõe é a Lei 8.666/1993, em
seu art. 3º. Além disso, não há nada de incompatível em se dar tratamento
diferenciado a empresas de pequeno porte com relação ao princípio da isonomia.
Pelo contrário. A isonomia reclama tratamento diferenciado para quem se
encontra em situação diferenciada. Assim, como empresas pequenas não são
iguais às grandes (enormes, por vezes), é plenamente compatível o tratamento
diferenciado a empresas pequenas e a isonomia. A própria CF/1988 assim
reconhece, no trecho em que cuida da ordem econômica. Veja:

- Letra E: ERRADA. Bem interessante esse item. A Lei 8.666 exige que as
empresas que queiram contratar com a Administração não possuam débitos
perante a fazenda pública. Nesse quadro, várias certidões são exigidas dos
participantes da licitação. Entretanto, com relação às ME/EPP a situação é um
tanto distinta. Vejam o que diz a LC 123/2006:

Art. 42. Nas licitações públicas, a comprovação de regularidade fiscal das


microempresas e empresas de pequeno porte somente será exigida para efeito de
assinatura do contrato.

Alguns candidatos, então, acharam que o item estava correto. Contudo, a leitura
da norma não pode ser feita de forma isolada. Leiam os seguintes dispositivos:

Art. 43. As microempresas e empresas de pequeno porte, por ocasião da


participação em certames licitatórios, deverão apresentar toda a documentação
exigida para efeito de comprovação de regularidade fiscal, mesmo que esta
apresente alguma restrição.

Então, é o seguinte – as ME/EPP não estão dispensadas de apresentar a


documentação relativa a sua regularidade fiscal. Devem apresentá-la, mesmo que
apresente alguma restrição. Se não dispuser dos documentos, será
desclassificada. Agora, o trecho final do item, está PARCIALMENTE correto - caso
venha a obter a vitória, ser-lhe-á assegurada oportunidade para apresentar a
documentação. Mas não em momento posterior à contratação.

Gabarito: alternativa A.

Como critério de desempate, o art. 3º, §2º, da Lei 8.666/1993, que


estabelece, objetivamente, os critérios a serem utilizados em licitações
no caso de empate entre licitantes. Para a resolução de tais casos (de
empate), são os seguintes os critérios a serem utilizados, na seguinte
ordem:

I – produzidos no País;

II – produzidos ou prestados por empresas brasileiras.

III – produzidos ou prestados por empresas que


invistam em pesquisa e no desenvolvimento de
tecnologia no País (recente alteração – Lei nº
11.196/2005).

Reforço: não se cogita mais do critério de desempate em favor de


empresa brasileira, de capital nacional. É que tal critério foi
recentemente revogado pela Lei 12.349/2010.

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Vejam que os critérios estão ordenados. Pergunta o concursando: e se


permanecer o empate? Nesse caso, deve a Administração proceder a
sorteio público, vedado qualquer outro processo (art. 45, § 2º,
LLC). Lembro que no caso de licitações que utilizem o tipo menor
preço, o critério de desempate a ser utilizado, EXCLUSIVAMENTE, é
o menor preço (art. 45, § 2º, da Lei).

Por fim, não se esqueçam de que as fases anteriores ficaram para trás.
Assim, caso um licitante tenha problemas em sua proposta de preços,
será DESCLASSIFICADO, e não inabilitado. Isso se dá, por exemplo,
quando as propostas sejam inexequíveis ou com preços manifestamente
superiores aos de mercado (art. 48 da Lei 8.666/1993).

Fixação

ESAF - AFC (CGU)/Desenvolvimento Institucional/2008

A respeito da desclassificação de propostas de licitantes, é correto


afirmar, exceto:

a) a proposta desclassificada, após corrigida, poderá ser reapresentada,


desde que haja concordância dos demais licitantes.

b) serão desclassificadas as propostas que não atendam às exigências do


edital.

c) propostas com preços manifestamente inexeqüíveis devem ser


desclassificadas.

d) propostas com valores globais superiores ao limite estabelecido devem


ser desclassificadas.

e) a desclassificação de todas as propostas faculta à administração fixar


prazo para os licitantes apresentarem novas propostas.

Comentários:

Primeiro, nota que o examinador demanda o item ERRADO. Agora, vejam:


permitir que uma proposta fosse reapresentada, após ter sido desclassificada,
implicaria reabrir a licitação para tal licitante. Ora, se isso tenha que ser feito com

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relação a um deles, deveria ser feito para todos, por uma questão de isonomia. O
processo licitatório jamais acabaria, então! Por isso, ERRADA a letra A. Todas as
demais estão em conformidade com o art. 48 da Lei 8.666/1993.

Gabarito: alternativa A.

Abaixo, vejamos os dois últimos passos do processo licitatório: a


homologação e a adjudicação.

A homologação é um típico ato de controle, ou seja, encerrada a


participação da comissão, o que ocorre após essa proceder ao
julgamento, o processo licitatório será remetido e submetido ao crivo
da autoridade competente, que pode ou não reconhecer a
legitimidade de todo o processo, mediante homologação.

Segue-se a adjudicação, que pode ser definida como a mera entrega


simbólica do objeto da licitação ao vencedor, a qual gera apenas
expectativa de direito à contratação, como já havíamos dito. E, voilà,
acabou a licitação. Vem cá: cadê o contrato? O contrato não faz parte
da licitação, mas é uma consequência dela.

Mas, antes de passarmos para o próximo tópico, no qual falaremos de


alienação de bens, vamos tecer considerações sobre as possibilidades de
revogação e anulação das licitações.

Na parte de Atos Administrativos, são estudadas algumas formas de


desfazimento, como: caducidade; contraposição; renúncia; cassação;
anulação; e revogação.

Destaca-se a aplicação da Súmula 473 do STF, assim traduzida: a


Administração Pública PODE (ato discricionário) revogar atos LEGAIS,
por RAZÕES DE INTERESSE PÚBLICO (conveniência e oportunidade –
mérito administrativo), logo, ficam preservados os direitos adquiridos
e, sendo assim, os efeitos não são retroativos (EX-NUNC); DEVE (ato
vinculado) anular atos ILEGAIS, com efeito, geralmente, EX-TUNC
(retroativos), não havendo que se falar em direitos adquiridos a partir
de atos anulados, uma vez que ilegais.

Que tal sintetizarmos isso em forma de tabela? Vejamos como fica:

FORMAS DE EXTINÇÃO

Revogação Anulação

Órgão que praticou Tanto Administração


Competência
o ato (1) como o Judiciário (2)

Motivo Inconveniência e Ilegalidade ou

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Não oportunidade ilegitimidade (4)

Ex-nunc (não
Efeitos Ex-tunc (retroagem)
retroagem) (3)

(1) Pensando desta forma, podemos até mesmo entender que pode o
Judiciário revogar um ato administrativo. O que não é
possível é o Judiciário revogar um ato que não lhe pertence;

(2) Porém, a forma de atuação é distinta. Enquanto o Judiciário, no


exercício de sua atividade jurisdicional, só atua mediante
provocação; a Administração, no exercício da atividade
administrativa, age por provocação ou de ofício, neste último
caso, em nome do princípio do impulso oficial ou Oficialidade;

(3) A revogação deve preservar os direitos adquiridos, coisa que


não acontece com a anulação, pois, atos ilegais não geram
direitos;

(4) O direito de a Administração anular os atos administrativos


que geraram efeitos favoráveis a terceiros que agiram de boa-fé
decai em 5 (cinco) anos.

A revogação ocorre baseada em juízo que apura a conveniência do ato


relativamente ao interesse público. No exercício de competência
discricionária, a Administração desfaz seu ato anterior para reputá-lo
incompatível com o interesse público. Embora a definição aqui empregada
seja a mesma da utilizada no desfazimento dos atos administrativos, a
revogação da licitação conta com um detalhe diferenciador, OS
FATOS QUE A ENSEJAM DEVEM SER SUPERVENIENTES, pertinentes e
suficientes para justificar tal conduta.

E o que entender como fato superveniente? Vejam o exemplo a


seguir:

“O Senado Federal abre um pregão para aquisição de novos


veículos, no mês de junho de 2007. Em razão de problemas
técnicos e entraves jurídicos, a licitação ultrapassou o exercício
financeiro. Acontece que o orçamento para o ano seguinte não
existe reserva de recursos para enfrentar a despesa com a
aquisição do objeto do pregão”.

Não há dúvida de que a inexistência de reserva orçamentária é mais


que um motivo justo para revogar-se a licitação, que seria possível,
nesta hipótese, por se tratar de um fato superveniente.

Já a anulação acontece em face de ilegalidade, podendo ser viabilizada


de ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e
devidamente fundamentado. Nos termos do §1º do art. 49 da Lei, a

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anulação do procedimento não gera obrigação de indenizar, ressalvado


o disposto no parágrafo único do artigo 59, vale dizer, quando a
ilegalidade for imputável à própria Administração, oportunidade que
deverá promover a responsabilidade de quem lhe deu causa.

A regra é que nas duas hipóteses de desfazimento (revogação e


anulação) ficam assegurados o contraditório e a ampla defesa. Tanto
isso é verdade que a alínea “c” do inc. I do art. 109 da Lei de Licitações
prevê recurso do ato de anulação ou revogação, no prazo de cinco
dias úteis a contar da intimação do ato ou da lavratura da ata. A esse
recurso a autoridade competente pode atribuir efeito suspensivo, com
base no § 2º do art. 109 da Lei.

Todavia, a jurisprudência dos Tribunais Superiores tem sido no


sentido de que, no caso da revogação, nem sempre o contraditório
se faz necessário. Vejamos um julgado elucidativo que trata da
matéria:

STJ-7017/DF

3. Revogação de licitação em andamento com base em


interesse público devidamente justificado não exige o
cumprimento do §3º, do art. 49, da Lei 8.666/93.

5. Só há aplicabilidade do §3º, do art. 49, da Lei


8.666/93, quando o procedimento licitatório, por ter sido
concluído, gerou direitos subjetivos ao licitante vencedor
(adjudicação e contrato) ou em casos de revogação ou de
anulação onde o licitante seja apontado, de modo direto
ou indireto, como tendo dado causa ao proceder o
desfazimento do certame.

Agravo de Instrumento STF nº 228.554-4

Ora, antes da homologação da licitação, não exsurge aos


concorrentes nenhum direito subjetivo capaz de impedir a
revogação da abertura do processo licitatório, por óbvia
conveniência pública, superveniente à desistência de todos
os concorrentes menos um, nem tampouco alguma lesão
patrimonial, de que se irradiasse direito a indenização.
Nessas circunstâncias, em que com a revogação nada
sofreu a esfera dos direitos e interesses privados, não
havia lugar para observância de contraditório e ampla
defesa, inerentes à cláusula constitucional do justo
processo da lei (due process of law), cujo alcance está em
impedir ação arbitrária e lesiva do Estado.

E o assunto tem sido exigido em prova, com base na jurisprudência.


Vejamos, a seguir, entendimento das bancas.

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Fixação
(2010/CESPE/MS/ANALISTA) O ato revogatório da licitação, quando
antecedente à homologação e adjudicação, é perfeitamente pertinente e
não enseja contraditório. Só é possível o contraditório antecedendo a
revogação quando há direito adquirido das empresas concorrentes, o que
só ocorre após a homologação e adjudicação do serviço licitado.

Comentários:

A Lei 8.666, de 1993, registra que é necessário o contraditório e a ampla defesa


no caso de "desfazimento", por anulação ou revogação, do processo licitatório
(art. 49, § 3o). Todavia, os Tribunais Superiores, em especial, o STJ, têm
entendido que tal exigência ó nece ita er cumprida no ca o de a licitação já ter
sido homologada. Nesse contexto, consultar, caso necessário, o Mandado de
Segurança 7017, julgado pelo STJ e citado por nós logo acima.

Gabarito: CERTO.

E, detalhe: mesmo após a homologação, pode a Administração


promover a revogação e DEVE efetuar a anulação, sendo certo,
porém, que, nos termos das decisões judiciais citadas, devem ser
garantidos o contraditório e a ampla defesa quando O
PROCEDIMENTO JÁ TIVER SIDO HOMOLOGADO OU ADJUDICADO.

Por fim, anota que anulação ou revogação de um processo licitatório deve


ser adequadamente motivadas, para que se garanta o direito daqueles
que, desejando, queiram questionar tal atitude.

Fixação
(2010/CESPE/MS/ANALISTA) A revogação da licitação é ato
administrativo, exigindo, portanto, a devida fundamentação e motivação
(justo motivo para seu desfazimento), assim como o cumprimento das
disposições legais.

Comentários:

Apesar de ter que ser entendida como exceção, é possível que seja feita a
revogação do processo licitatório, com a devida motivação (art. 49, caput, Lei
8.666/1993).

O que se aponta na Lei, para que possa ocorrer a revogação de um processo


licitatório são razões de interesse público decorrente de fato superveniente
devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta.
Assim, observada tal situação, torna-se possível a revogação de um processo
licitatório, como dito pelo examinador no item.

Gabarito: CERTO.

Agora sim, vamos para a alienação de bens.

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6. Alienação de Bens

A Lei de Licitações não cuida só de aquisições. Pode até parecer estranho,


mas nossa “amiga” Lei (é melhor ser amigo mesmo...) também trata de
alienações de bens (móveis e imóveis). O art. 17, entre outros
assuntos, dispõe que a alienação de bens da Administração Pública,
subordinada à existência de interesse público devidamente justificado,
será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas:

Se imóveis, são exigidas:

 Prévia autorização legislativa;

 Subordinação à existência de interesse público devidamente


justificado (motivação);

 Avaliação prévia; e

 Licitação na modalidade de concorrência (via de regra);

Se móveis, são requeridas:

 Subordinação à existência de interesse público devidamente


justificado (motivação);

 Avaliação prévia; e

 Licitação na modalidade de leilão (via de regra).

Dos requisitos acima, nota-se:

- Para a alienação de bens móveis, a autorização legislativa não


se faz necessária;

- A modalidade utilizada, regra geral, para a alienação de bens


móveis é o Leilão. Porém, para a venda de bens móveis avaliados,
isolada ou globalmente, em quantia superior ao limite da modalidade
de tomada de preços (R$ 650.000,00), a Administração não poderá
utilizá-lo (§6º do art. 17), restando à Administração usar a
CONCORRÊNCIA; e

- A modalidade regra para a alienação de bens imóveis é a


Concorrência. Entretanto, de acordo com o art. 19 da Lei de Licitações,
os bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja derivado
de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, poderão ser
alienados sob a modalidade de concorrência ou leilão. Chamamos
atenção para o fato de que os imóveis ADQUIRIDOS PELA
ADMINISTRAÇÃO POR PROCEDIMENTOS JUDICIAIS OU POR DAÇÃO EM
PAGAMENTO PODEM SER ALIENADOS MEDIANTE ATO (decisão) DA
AUTORIDADE COMPETENTE. Neste sentido, vejamos os termos do art.
19 da Lei, com destaque nosso:

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Os bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja


derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento,
poderão ser alienados por ato da autoridade competente, observadas
as seguintes regras:

Assim, NEM SEMPRE É NECESSÁRIA AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA


PARA ALIENAÇÃO DE BENS IMÓVEIS POR PARTE DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

Destaca-se, ainda, que prescinde (não é necessária) de autorização


legislativa a venda de bens móveis ou imóveis pelos entes
paraestatais. Cuidado! No contexto em que a Lei 8.666 foi feita, as
entidades paraestatais eram as empresas estatais (Sociedades Mistas
e Empresas Públicas) e serviços sociais autônomos.

Atenção: muita (ou toda) cautela com nossa última observação!


Só deve ser lembrada dentro de um item de licitações, isso
porque a doutrina atualmente aponta que empresas estatais
são entidades administrativas e empresariais (Sociedades de
Economia Mista e Empresas Públicas), portanto, inconfundíveis
com as paraestatais (OS, OSCIP, ‘sistema S’, e as Entidades de
Apoio).

Fixação
(2013/ESAF/DNIT) Assinale a exigência que, segundo a Lei n.
8.666/93, é apresentada para a alienação de bens públicos imóveis das
pessoas jurídicas de direito público que não está presente na alienação de
bens imóveis pertencentes às empresas públicas. Os bens imóveis aqui
tratados não foram adquiridos por dação em pagamento.

a) Interesse público justificado.

b) Licitação na modalidade de concorrência.

c) Avaliação prévia.

d) Autorização legislativa.

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e) Licitação na modalidade de leilão3.

7. Contratação Direta: Dispensas e Inexigibilidade de


Licitação

Finalmente, um dos assuntos mais temidos por muitos dos nossos amigos
concursandos em provas: as contratações diretas, por dispensa ou
inexigibilidade.

Como já assinalado, a licitação, a partir da Constituição Federal, passou a


ser norma impositiva (obrigatória), como exigência constitucional para
toda a Administração Pública, direta e indireta. A doutrina lembra
que a o dever de licitar é exigível para a Administração direta; fundos
especiais; autarquias; fundações públicas; empresas públicas; sociedades
de economia mista, e demais entidades controladas direta ou
indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal, e Municípios,
nos termos do art. 1º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993.

Contudo, como realçado, o dever de a Administração licitar não é


absoluto, pois o próprio texto constitucional abre a possibilidade de a Lei
afastar o princípio da licitação, destacando-se daí a eficácia contida
de tal passagem Constitucional.

Com efeito, a Lei 8.666/1993 apresenta “fórmulas” da contratação


direta (contratação sem modalidade de licitação), com os seguintes
rótulos: licitação dispensada (art. 17), licitação dispensável (art. 24)
e inexigibilidade (art. 25).

O primeiro grupo é a contratação direta por dispensa de licitação,


dividida em: dispensada e dispensável.

Na licitação dispensada, a própria lei estabelece os casos em que o


administrador deixará de licitar (art. 17), não havendo, portanto,
3
Gabarito: Letra D.

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qualquer margem de discrição (liberdade) por parte do agente


público.

Diferentemente, a licitação dispensável é vista como ato


discricionário do administrador, ou seja, pode ou não licitar. A licitação
dispensável, então, tem lugar em contexto de viabilidade jurídica de
competição, sendo, portanto, ato discricionário do administrador
optar entre fazer ou não fazer o certame de licitação;

A segunda forma de contratação direta é a inexigibilidade, que, de


acordo com o art. 25, decorre da inviabilidade de competição, ou seja,
quando há impossibilidade jurídica de competição entre licitantes,
quer pela natureza específica do negócio, quer pelos objetivos sociais
visados pela Administração.

Reforce-se que o rol da contratação direta por inexigibilidade é


EXEMPLIFICATIVO (numerus apertus, não taxativo), diferentemente do
rol da contratação direta por dispensa de licitação, de natureza
EXAUSTIVA, TAXATIVA (para quem gosta de latim, numerus clausus).

Um último detalhe pouco citado, mas útil para fins de concursos, é que o
art. 17 (DISPENSADA), de modo geral, cuida de alienação (saída de
bens da Administração); o art. 24 (DISPENSÁVEL), por sua vez, trata
de aquisições de bens e de serviços (sentido de entrada). No art.
17, a Administração é demandada; no art. 24, é ela que demanda.

Olha só, gente: objetivamente, é bem difícil cair casos mais detalhados a
respeito da licitação DISPENSADA. Assim, quanto a essa, nossa
recomendação é que seja feita uma leitura do art. 17, e partir para a
prova.

Todavia, um dos assuntos mais proeminentes em prova diz respeito à


licitação DISPENSÁVEL. Primeiro, vamos fazer como faz a Professora Di
Pietro e dividir a licitação em 4 grandes grupos, a saber:

a) Em razão do valor: por exemplo, limite de isentar a licitação em


20% da modalidade convite para compras, obras, e serviços contratados
por SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA; EMPRESA PÚBLICA; AGÊNCIAS
EXECUTIVAS; e CONSÓRCIOS PÚBLICOS (parágrafo único do art. 24 da
LLC).

b) Em razão da situação: exemplo da licitação deserta, quando não


comparecem interessados e a licitação não puder ser repetida sem
prejuízo para a administração (inc. V do art. 24 da LLC), oportunidade em
que as condições do edital devem ser repetidas no contrato para
que a licitação seja considerada deserta, vale dizer, mantidas as
condições preestabelecidas.

c) Em razão do objeto: aquisição de bem destinado


EXCLUSIVAMENTE à pesquisa científica e tecnológica com recursos

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concedidos pela CAPES/CNPq ou outras instituições oficiais credenciadas


pelo CNPq (inc. XXI do art. 24 da LLC).

d) Em razão da pessoa: exemplo da aquisição de serviços por


pessoa jurídica de direito público interno (não cabe para as SEM e
as EP, personalidade de direito privado!) de bens e serviços
produzidos por órgão ou entidade que integrem a Administração Pública.
Porém, a criação desse órgão ou entidade deve ter ocorrido em data
anterior à Lei nº 8.666/1993 (inc. VIII do art. 24 da LLC).

Dicas quentes!
Com a Lei 12.715, de 2012, previu-se a contratação direta para
a transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o
Sistema Único de Saúde (SUS). E, nos termos do §2º do art.
24, o limite temporal de criação do órgão (inc. VIII do art. 24)
não se aplica à contratação. De olho!
E, com a Lei 12.873/2013, o rol do art. 24 da Lei foi ampliado,
mais uma vez, pra prever a possibilidade de contratação direta de
entidades privadas sem fins lucrativos, para a implementação de cisternas ou de
outras tecnologias sociais de acesso à água para consumo humano e produção
de alimentos, para beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingidas pela
seca ou falta regular de água. Há dois importantes detalhes para a prova. O
primeiro é que a contratação deve ser viabilizada com entidades sem fins
lucrativos. O segundo é que o objeto é restrito às famílias rurais e de baixa
renda.

Vamos falar um pouco mais da inexigibilidade, citando, inclusive os


incisos que cuidam do assunto e os explorando um pouco mais.

Inc. I do art. 25, que estabelece os casos assim estabelece:

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Art. 25. É inexigível a licitação quando houver


inviabilidade de competição, em especial:

I para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros


que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou
representante comercial exclusivo, vedada a preferência
de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita
através de atestado fornecido pelo órgão de registro do
comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou
o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação
Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;

Essa situação acima é relativamente simples, uma vez que, se o


fornecedor é exclusivo, não há como se exigir licitação, não é?

Questão interessante diz respeito à indicação de marcas em licitações.

No inciso transposta, há uma singela vedação de preferência por


marcas. E a razão é simples: o poder público compra produtos e não
marcas. Assim, a aquisição é de canetas e não daquela marca famosa de
canetas...

Contudo, tal vedação não é absoluta. Vejamos o estabelecido no § 5º do


art. 7o da Lei:

é vedada a realização de licitação cujo objeto inclua bens e


serviços sem similaridade ou de marcas, características e
especificações exclusivas, salvo nos casos em que for
tecnicamente justificável, ou ainda quando o fornecimento de
tais materiais e serviços for feito sob o regime de administração
contratada, previsto e discriminado no ato convocatório. (grifos
nossos)

Assim, verifica-se que, em regra, é vedada a indicação/preferência


de marca. Todavia, pedimos sua atenção: o próprio dispositivo abre
espaço para EXCEÇÕES: nos casos em que for tecnicamente
justificável (vejam o trecho destacado em amarelo, no parágrafo
acima). Significa, portanto, que é possível a estipulação de determinada
marca SOB CERTAS CIRCUNSTÂNCIAS. Tanto isso é verdade que o
TCU, no Acórdão 1.196/2002 – Plenário, defendeu a tese de que a
indicação de marca é admissível para fins de padronização, se
acompanhada por razões de ordem técnica. Mas isso não fica “a critério
da Administração”. De outra forma, só é admissível quando
justificável.

Contudo, é um erro pensar que pelo fato de se estabelecer determinada


marca fica afastada, necessariamente, a licitação. A Decisão do TCU
686/1997 – Plenário esclarece que ainda que fosse admitida a preferência
de marca, para fins de padronização, como permitido pela norma
regedora da matéria (art. 15, I, da Lei n° 8.666, de 1993), afastando, no

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caso, a contratação de veículos de outra marca, se houver a


possibilidade de os bens serem fornecidos por várias empresas,
seria justificada e obrigatória a licitação.

Em síntese:

- De regra, é vedada a preferência de marca em licitações;

- Em aplicação ao princípio da padronização (art. 15, I), é possível a


preferência de marca, desde que tecnicamente justificável; e

- A preferência de marca não significa afastamento do


procedimento de licitação, afinal de contas, o fornecedor pode ser
não exclusivo.

E esse assunto de marcas é tão importante que o TCU, recentemente,


edital a súmula 255. Vejam:

Nas contratações em que o objeto só possa ser fornecido por


produtor, empresa ou representante comercial
exclusivo, é dever do agente público responsável pela
contratação a adoção das providências necessárias para
confirmar a veracidade da documentação comprobatória da
condição de exclusividade.

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Com outras palavras, a súmula quer dizer que é um dever da


Administração, mas especificamente, do agente público, a
comprovação de tal exclusividade quanto ao produto a ser fornecido.
É isso!

Já o inc. II do art. 25 diz:

II - para a contratação de serviços técnicos enumerados


no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com
profissionais ou empresas de notória especialização,
vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e
divulgação;

Também há súmula do TCU a respeito. É a 252. Olhem ela aí:

Inviabilidade de competição para a contratação de


serviços técnicos, a que alude o inciso II do art. 25 da Lei
nº 8.666/93, decorre da presença simultânea de três
requisitos: serviço técnico especializado, entre os
mencionados no art. 13 da referida lei, natureza singular do
serviço e notória especialização do contratado.

Pergunta-se: estando o serviço listado dentre aqueles do


mencionado art. 13, isto, por si só, faz com que tal serviço seja,
necessariamente, contratado por inexigibilidade? A resposta é um
sonoro NÃO. Analisemos o “porquê”.

No art. 13, há referência, por exemplo, ao treinamento/aperfeiçoamento


de pessoal como serviço técnico-profissional. Assim, treinamentos
relacionados à digitação de textos em computador não serão licitados?
Cuidado! Não é bem assim.

Para estes serviços de digitação não seria mesmo o caso de


inexigibilidade, pois não teriam, à primeira vista, a característica da
singularidade exigida pela Lei, sendo, em sentido reverso, bastante
comuns os treinamentos mencionados, circunstância que determinaria a
realização de licitação.

O termo em negrito (SINGULARIDADE) não é de fácil conceituação,


uma vez que se trata de conceito jurídico indeterminado. Para efeito
de concursos, e para nossa vida prática, sintetizamos a característica
singular pela conjugação de dois fatores: o primeiro, a
excepcionalidade de uma necessidade da Administração Pública a
ser atendida; o segundo, a inviabilidade desta necessidade ser
atendida por um profissional “padrão” no mercado.

Como se vê, o conceito de singularidade será, certamente,


influenciado por diversos fatores, como a localização geográfica da
instituição, o momento histórico etc. Em síntese: o que é singular para
um município pode não o ser para outro, ou para a União. Todavia, a

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contratação por inexigibilidade de licitação com amparo na notória


especialização deve referir-se, SEMPRE, a serviços singulares.

Outra dúvida comum é quanto à natureza do rol de serviços do


art. 13 da Lei.

Os livros voltados à preparação para provas de concursos públicos não


costumam trazer a informação sobre a natureza do rol de serviços
constantes do art. 13 da LLC, e, mais, livros de Direito Administrativo
(Geral) também passam ao largo, o que torna a questão um diamante, a
ser lapidado.

O art. 13 da LLC fornece-nos categoria especial de serviços, os


denominados “serviços técnicos especializados”, por exemplo:
estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos;
assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou
tributárias; patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; e
treinamento e aperfeiçoamento de pessoal.

Tais serviços, dado o caráter técnico, ou serão contratados por


inexigibilidade de licitação (art. 25) ou por meio de concurso
(modalidade de licitação), com a observação de que a utilização do
concurso é PREFERENCIAL quando não couber a inexigibilidade,
quer dizer, não se afasta a adoção da concorrência, por exemplo.

Para concursos públicos, mais duas observações:

1ª) O rol de serviços é exaustivo: a doutrina é polêmica neste ponto,


mas, majoritariamente, prevalece o entendimento de que a lista do art.
13 é exaustiva, não podendo, portanto, ser ampliado por trabalho
interpretativo.

2ª) Não é todo serviço técnico especializado que garante a


contratação direta por inexigibilidade: no RESP (recursos especial)
704108, o STJ dispõe que a contratação de serviços técnicos sem licitação
depende de três condições, no que coincide o entendimento exposto
pelo TCU na súmula 252:

1) a enumeração do serviço no dispositivo legal (art. 13);

2) sua natureza singular, isto é, não basta estar enumerado no


art. 13 da Lei 8.666/93, sendo necessário que o serviço se torne
único devido à sua complexidade e relevância; e

3) a notória especialização do profissional (conforme disposto


no § 1º do art. 25). Enfim, não é qualquer serviço descrito no art.
13 da Lei 8.666/93 que torna inexigível a licitação, mas aquele de
natureza singular, que exige a contratação de profissional
notoriamente especializado. Ou seja, como dissemos no item
anterior: para que um serviço seja contratado por inexigibilidade
de licitação, por ser de notória especialização, tem de estar no
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art. 13; contudo, simplesmente estar contido no art. 13 não


significa que a contratação do serviço em questão se dê,
obrigatoriamente, por inexigibilidade de licitação.

Por fim, o último caso de inexigibilidade: a contratação de artista


consagrado. Vamos para o inciso III do art. 25, então:

III - para contratação de profissional de qualquer setor


artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo,
desde que consagrado pela crítica especializada ou pela
opinião pública.

Muita gente se pergunta por que a contratação de artistas é hipótese


de INEXIGIBILIDADE e não de dispensa de licitação. É fácil
entender, quando se pensa a respeito. Imagina uma licitação assim: A
União informa a todos os artistas consagrados que faz uma licitação
alusiva a show a ser realizado em Brasília, para comemoração do
aniversário da República. Para tanto, recebe proposta e realiza os devidos
testes auditivos no Ministério da Cultura no dia XX de 2010.

Os “licitantes”: Caetano; CPM22; Capital Inicial; Zezé di Camargo, e, para


fechar o rol dos “licitantes” – BANDA CALYPSO! Que beleza, hein? Agora,
diz aí: como é que você vai fazer competir esse pessoal todo?
IMPOSSIVEL!!! Por isso que, quando é arte, a hipótese é de
INEXIGIBILIDADE e não de dispensa!

Finalizando, podemos fazer o seguinte “esqueminha” gráfico para as


contratações diretas:

Contratação Direta

Inexigibilidade Dispensável Dispensada

Fundamento Art. 25 Art. 24 Art. 17

Inviabilidade de Poderá licitar Não poderá


competição (ato licitar (ato
Núcleo
(impossibilidade discricionário – vinculado – a lei
de licitar) licita se quiser) já determina)

Lista Lista Exaustiva


Hipóteses exemplificativa Lista Exaustiva
legais (numerus (numerus
(numerus clausus)
apertus) clausus)

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Senhores(as), paramos por aqui. Apesar da vastidão do assunto, para as


provas, o que se tratou aqui é suficiente. No mais, descansem um pouco.
Hoje, vocês merecem!

Grande abraço e bons estudos!

Cyonil Borges.

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QUESTÕES EM SEQUÊNCIA

1 - (ESAF - CGU - AFC Correição/2006) A licitação, regulada pela Lei n.


8.666/93, destina-se a garantir observância do princípio constitucional
da isonomia e a selecionar propostas de preços mais baratos, para a
Administração contratar compras, obras e serviços, devendo ser
processada e julgada com observância da impessoalidade, igualdade e
publicidade, entre outros.
a) Correta a assertiva.
b) Incorreta a assertiva, porque a licitação destina-se a selecionar proposta mais
vantajosa para a Administração, ainda que eventualmente não seja a mais
barata.
c) Incorreta, porque o sigilo da licitação afasta a observância do princípio da
publicidade.
d) Incorreta, porque a exigência de habilitação prévia afasta a observância do
princípio da impessoalidade.
e) Incorreta, porque a exigência de condições passíveis de valorar propostas
afasta a incidência do princípio da igualdade.

2 - (Contador Niterói – ESAF – 1999) A licitação pública realizada pela


Administração, nos exatos termos do art. 3º da Lei nº 8.666/93, observa
os princípios
A. da economicidade, da impessoalidade e do interesse pessoal
B. da economicidade, da legalidade e da continuidade do serviço público
C. da moralidade administrativa, da razoabilidade e da discricionariedade
D. da vinculação ao instrumento convocatório, da moralidade administrativa
e do julgamento objetivo
E. da necessidade de contratação, da igualdade e da continuidade do serviço
público

3 -(ESAF - CGU - AFC Controle Interno/2008) - Em uma licitação na


modalidade pregão, na forma eletrônica, o pregoeiro um dia antes da
abertura constatou um vício no edital. A alteração necessária implicou
alteração na formulação das propostas. Diante das circunstâncias, a
autoridade superior recomendou-lhe que republicasse a licitação da
mesma forma que a publicação original. A recomendação da autoridade
superior se deu para que houvesse a observância do princípio da:
a) vinculação ao instrumento convocatório.
b) moralidade.
c) imprevisão.
d) economicidade.
e) proporcionalidade.

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4 - (ESAF – PFN – 2004) Sobre as modalidades de licitação, assinale a


opção correta.
a) O Pregão, por ser modalidade que não está inserida entre as previstas na Lei
n o 8.666, de 1993 (que estabelece normas gerais sobre licitações e contratos
administrativos no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e
Municípios), somente pode ser utilizado, na sistemática atual, pela União.
b) Nos casos em que couber a Concorrência, a Administração sempre poderá
utilizar a Tomada de Preços; a recíproca, contudo, não é verdadeira.
c) A Lei n o 8.666, de 1993, ao disciplinar a modalidade Concurso, estabelece
normas gerais a serem observadas nos concursos públicos para a seleção de
candidatos à ocupação de cargos e empregos públicos.
d) O Convite é modalidade de licitação da qual somente podem participar
licitantes previamente cadastrados pela Administração.
e) A Lei n. 8.666, de 1993, veda a criação de outras modalidades de licitação ou
a combinação das modalidades nela referidas.

5 - (ESAF – TCE/GO - Procurador do Ministério Público/2007) - A


tomada de preços, no sentido técnico adotado pela legislação pátria, é
a) um tipo de licitação para contratações, até determinado valor, que varia de
acordo com o objeto da contratação (se obras ou serviços de engenharia, ou
compras e demais serviços).
b) um levantamento prévio de preços, feito pela Administração, com o objetivo
de constituir o Sistema de Registro de Preços.
c) um tipo de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de
habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação
exigidos no edital para execução de seu objeto.
d) uma modalidade de licitação, da qual podem participar apenas interessados
previamente cadastrados, ou que atendam a todas as condições exigidas para
cadastramento até o terceiro dia anterior à data de recebimento das propostas.
e) uma modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu
objeto, previamente cadastrados ou não.

6 - (2009/Esaf – MF – ATA) Associe a modalidade de licitação a suas


características respectivas. Ao final, assinale a opção correspondente.
1. Concorrência
2. Tomada de preços
3. Convite
4. Concurso
5. Leilão
( ) Realiza-se entre interessados devidamente cadastrados, ou que atendam a
todas as condições exigidas para o cadastramento até o terceiro dia anterior à
data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.

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( ) Destina-se à escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a


instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios
constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de
45 (quarenta e cinco) dias.
( ) Tem por objeto a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou
de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de
bens imóveis prevista no art. 19 da Lei n. 8.666, de 1993, a quem oferecer o
maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.
( ) É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial
de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de
qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.
( ) É a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu
objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3
(três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do
instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na
correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência
de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.
a) 5, 1, 3, 2, 4
b) 2, 4, 5, 1, 3
c) 1, 3, 4, 5, 2
d) 3, 2, 1, 4, 5
e) 4, 5, 2, 3, 1

7 - (TCU – 2000 – ESAF) A etapa preliminar da pré-qualificação é


possível na seguinte modalidade licitatória:
a) leilão
b) carta-convite
c) tomada de preços
d) concorrência
e) concurso

8 - (Tribunal de Contas da União – ESAF – 1999) Tratando-se de convite,


modalidade de licitação, se não houver o comparecimento de, no
mínimo, três interessados ao procedimento, deve-se observar o
seguinte comportamento:
a) adotar outra modalidade de licitação
b) repetir o convite, salvo por limitação do mercado ou manifesto desinteresse
dos convidados, sempre justificados.
c) revogar a licitação
d) apurar o motivo do não-comparecimento dos convidados, para impor
sanções.
e) prosseguir a licitação com os interessados, sem qualquer outra providência.

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9 - (ESAF – PFN – 2004) Especificamente quanto à modalidade de


licitação denominada Pregão, assinale a opção incorreta.
a) Tal modalidade somente é cabível para aquisição de bens ou contratação de
serviços considerados comuns.
b) É possível, em tal modalidade, a realização de licitação por meio eletrônico,
conforme regulamentação específica.
c) Em tal modalidade de licitação, é possível a apresentação não apenas de
propostas escritas, mas também de lances verbais.
d) Em tal modalidade de licitação, primeiro se promove o exame dos requisitos
de habilitação dos licitantes, para somente após passar à fase de avaliação das
propostas de preços.
e) Aplicam-se apenas subsidiariamente, para a modalidade Pregão, as normas
da Lei n o 8.666, de 1993.

10 - (ESAF/AnalAdm/ANEEL/2004) A modalidade de licitação do


pregão, nos termos da lei, foi concebida para ser adotada quando o
objeto da contratação for
a) obras, bens e serviços comuns, de pequeno valor.
b) alienação de bens inservíveis.
c) fornecimento de serviços continuados e compras de material permanente.
d) obras, bens e serviços cujo valor não ultrapasse o limite previsto para a
modalidade convite.
e) bens e serviços comuns.

11 - (AFC – STN – 2000 – ESAF) A modalidade do pregão, recentemente


inserida no âmbito do procedimento licitatório, tem as seguintes
características, exceto:
a) exigência de garantia de proposta pelos licitantes
b) a disputa ocorre por meio de propostas e lances em sessão pública
c) inversão de fases, ocorrendo a habilitação a posteriori
d) maior celeridade de suas fases
e) possibilidade de negociação do preço com o licitante vencedor

12 - (ESAF/AnalAdm/ANEEL/2004) Para julgamento e classificação das


propostas na modalidade do pregão, será adotado o critério de
a) menor preço.
b) menor preço ou técnica e preço.
c) melhor técnica ou técnica e preço.
d) menor preço ou melhor técnica.
e) técnica e preço.

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13 - (ESAF – Controladoria Geral da União – CGU – 2003/2004) Em


matéria de licitação, objeto de disciplinamento pela Lei nº 8.666/93, é
permitido asseverar-se que
a) a impugnação feita pelo licitante, tempestivamente, impede que ele participe
da licitação, até decisão final a ela pertinente.
b) a inabilitação do licitante, por si só, não o impede de participar das fases
subseqüentes.
c) ultrapassada a fase de habilitação dos concorrentes e abertas as propostas,
poderão eles ser ainda desclassificados, em razão de fatos supervenientes ou
conhecidos após o julgamento.
d) mesmo após a fase de habilitação, a seu exclusivo critério, é facultado ao
licitante desistir de sua proposta, se ainda não houve o julgamento final.
e) não é permitida à Comissão de Licitação promover diligências destinadas a
esclarecer ou complementar a instrução do processo.

14 - (ESAF – MRE – Oficial de Chancelaria – 2004) A exigência prevista


na lei de licitação para a habilitação dos interessados, concernente aos
direitos sociais constitucionalmente assegurados, refere-se à
a) proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito
e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de
aprendiz, a partir de quatorze anos.
b) proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou
entre os profissionais respectivos.
c) proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de
admissão do trabalhador portador de deficiência.
d) proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de
admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.
e) igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício
permanente e o trabalhador avulso.

15 - (ESAF – Controladoria Geral da União – CGU – 2003/2004)


Tratando-se do procedimento de licitação, assinale a afirmativa falsa.
a) Após a fase de habilitação, não cabe desistência de propostas, salvo por
motivo justo decorrente de fato superveniente e aceito pela Comissão.
b) O tipo de licitação de maior lance ou oferta destina-se exclusivamente para os
casos de alienação de bens ou concessão de direito real de uso.
c) A fase final do procedimento será a deliberação da autoridade competente
quanto, sucessivamente, à adjudicação e à homologação do objeto da licitação.
d) A inabilitação do licitante importa preclusão do seu direito de participar
das fases subsequentes.
e) A administração não poderá celebrar o contrato com preterição da ordem
de classificação das propostas ou com terceiros estranhos ao procedimento

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licitatório sob pena de nulidade.

16 (ESAF/AnalAdm/ANEEL/2004) Na fase de habilitação, no


procedimento licitatório, é possível a exigência de garantia, limitada ao
seguinte percentual do valor estimado da contratação:
a) 0,5%.
b) 1,0%.
c) 2,0%.
d) 5,0%.
e) 10,0%.

17 - (2008/ESAF – CGU – Desenvolvimento Institucional) A respeito da


desclassificação de propostas de licitantes, é correto afirmar, exceto:
a) a proposta desclassificada, após corrigida, poderá ser reapresentada, desde
que haja concordância dos demais licitantes.
b) serão desclassificadas as propostas que não atendam às exigências do edital.
c) propostas com preços manifestamente inexeqüíveis devem ser
desclassificadas.
d) propostas com valores globais superiores ao limite estabelecido devem ser
desclassificadas.
e) a desclassificação de todas as propostas faculta à administração fixar prazo
para os licitantes apresentarem novas propostas.

18 - (Procurador da Fazenda Nacional – ESAF – 1998) O último ato do


procedimento licitatório, pelo qual se atribui ao vencedor o objeto
licitado, denomina-se
a) homologação
b) julgamento
c) habilitação
d) adjudicação
e) contratação

19 - (SEFAZ - PI – ESAF – 2002) A alienação de bens imóveis da


Administração far-se-á mediante licitação na seguinte modalidade:
a) pregão
b) concorrência
c) concurso
d) tomada de preços
e) convite

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20 - (ESAF - AFC/CGU - 2004) O procedimento apropriado, previsto na


Lei nº 8.666/93, para alienar bens imóveis da União, cuja aquisição
tenha decorrido de procedimento judicial ou dação em pagamento, é
a) concorrência ou leilão
b) leilão ou pregão
c) pregão ou convite
d) dispensa de licitação
e) inexigibilidade de licitação

21 - (ESAF – TCE/GO - Procurador do Ministério Público/2007) Assinale


a opção correta.
a) No desfazimento do processo licitatório em decorrência de vício que o torne
nulo não se há de falar em ampla defesa ou contraditório, por inexistir direito à
contratação, por qualquer dos licitantes.
b) A anulação do procedimento licitatório por motivo de ilegalidade gera, como
regra, o dever de a Administração indenizar os licitantes pelos gastos levados a
efeito para a elaboração das propostas e a participação no certame.
c) A nulidade da licitação não conduzirá à do contrato, se o vício da qual decorre
não for imputável à contratada.
d) A anulação do certame licitatório, se decorrente de inquestionável e notória
afronta à lei, prescinde de prévia fundamentação.
e) A anulação de reconhecimento de inexigibilidade de certame deve observar o
princípio da ampla defesa.

22 - (ESAF – SERPRO – 2001) Nos casos em que houver inviabilidade de


competição, para a contratação de um determinado serviço profissional
técnico-especializado, a Lei de Licitações (Lei no 8.666/93) autoriza a
adoção do procedimento de
a) carta-convite
b) concurso
c) dispensa
d) inexigibilidade
e) leilão

23 - (ESAF - Analista de Compras Prefeitura do Recife – 2003) Não é


cabível a dispensa de licitação nos casos em que se configura uma
situação de
a) calamidade pública.
b) emergência.
c) inviabilidade de competição.

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d) restauração de obra de arte.


e) não acudirem interessados à competição.

24 - (ESAF – PFN – 2004) Entre as opções a seguir, marque aquela apta


a justificar o reconhecimento de inexigibilidade de licitação.
a) Casos de aquisição de bens junto a representante comercial exclusivo,
caracterizando inviabilidade de competição.
b) Casos de contratação em ocasiões de grave perturbação da ordem.
c) Casos em que caracterizada a urgência de atendimento de situação que possa
ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas.
d) Casos de contratação de remanescente de serviço, em consequência de
rescisão contratual, atendida a ordem de classificação da licitação anterior e
aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor.
e) Casos de contratação de prestação de serviços com organizações sociais,
qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades
contempladas no contrato de gestão.

25 - (ESAF – AFTN – 1996) Quanto à dispensa e inexigibilidade de


licitação, é correto afirmar:
A A enumeração legislativa das hipóteses de inexigibilidade é exaustiva
B Singularidade do serviço é requisito essencial para o reconhecimento da
situação de inexigibilidade por notória especialização
C Licitação deserta entende-se como aquela na qual os licitantes apresentam
propostas com preços abaixo do mercado
D É possível a inexigibilidade de licitação em serviços de publicidade
E As hipóteses de dispensa de licitação têm caráter vinculado para
Administração

26 - (Comércio Exterior – ESAF – 1998) São hipóteses de dispensa de


licitação, exceto:
a) contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, atendida a
ordem de classificação e aceitas as condições do licitante vencedor.
b) locação de imóvel para a instalação de órgão público.
c) casos de emergência, diante de situação urgente que ocasione riscos de
prejuízos ou à segurança de pessoas, obras ou bens.
d) contratação de instituição científica brasileira, incumbida estatutariamente de
atividades de pesquisa, sem fins lucrativos e com inquestionável reputação
ético-profissional.
e) contratação de serviços técnicos especializados, prestados por profissionais
ou empresas de notória especialização

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27 - (ESAF - IRB Brasil Resseguros – Advogado/2006) - Assinale a única


opção verdadeira.
Estão dispensadas da realização de procedimento licitatório:
a) as agências reguladoras, por serem autarquias de regime especial.
b) as fundações públicas, por possuírem natureza jurídica de direito privado.
c) as sociedades de economia mista exploradoras de atividade econômica, na
venda de bens por ela produzidos em virtude de suas finalidades.
d) as empresas públicas, devido a sua natureza jurídica de direito privado.
e) as agências executivas que firmarem com a União contrato de gestão, nos
termos do parágrafo 8 do artigo 37 da Constituição da República Federativa do
Brasil.

28 - (ESAF - CGU - AFC Auditoria e Fiscalização/2006) Na hipótese da


contratação direta, com dispensa de licitação, em razão de situação de
emergência ou de calamidade pública, o contrato decorrente
a) tem prazo máximo de duração de 360 dias.
b) tem prazo máximo de duração de 180 dias, vedada a sua prorrogação.
c) tem prazo máximo de duração de 180 dias, permitida uma única prorrogação.
d) tem prazo máximo de duração de 120 dias, vedada a sua prorrogação.
e) tem prazo máximo de 360 dias, podendo ser prorrogado se persistir a
situação de emergência.

29 - (ESAF - CGU - AFC Controle Interno/2008) Determinada repartição


militar teve parte de suas unidades operacionais e parte do prédio da
administração destruídas em razão de uma explosão em seu centro de
munição. Em decorrência da explosão, verificou-se que diversos
equipamentos bélicos e pólvoras ficaram expostos ao tempo, sofrendo
risco de perecimento. Diante da urgência, decidiu-se realizar a
contratação por emergência para recuperação de todas as instalações
da unidade. Cabe ressaltar que a assessoria jurídica do órgão alertou os
servidores envolvidos para o fato de que a contratação emergencial
somente poderia ser utilizada para resguardar a integridade e
segurança de bens e pessoas. Diante da situação exposta, assinale a
opção correta.
a) A Administração agiu corretamente, porque seria possível realizar toda a
tarefa no prazo de 190 dias, portanto inferior a 240 dias.
b) A Administração não agiu corretamente, por não estar caracterizada a
situação emergencial, e, por conseguinte, pela necessidade de realizar licitação
para todas as unidades atingidas indiscriminadamente.
c) A Administração não agiu corretamente, porque a dispensa de licitação por
emergência somente poderia ocorrer para a recuperação dos compartimentos
em que estavam contidos os equipamentos bélicos e pólvoras, por correrem
risco de perecimento, devendo a recuperação do prédio da Administração
ocorrer por licitação pública.

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d) A Administração agiu corretamente em razão de os equipamentos bélicos e


pólvoras estarem expostos ao tempo e a recuperação do prédio da
administração também ser importante, mesmo sua recuperação total estando
prevista para ser feita no prazo de 190 dias.
e) A Administração agiu corretamente porque, em que pese o prazo previsto
para o término das obras ser de 190 dias, a lei prevê a possibilidade de
prorrogação do prazo máximo para a contratação por emergência.

MARCA O GABARITO

1 11 21

2 12 22

3 13 23

4 14 24

5 15 25

6 16 26

7 17 27

8 18 28

9 19 29

10 20

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Gabarito Organizado

1 B 11 A 21 E

2 D 12 A 22 D

3 A 13 C 23 C

4 E 14 A 24 A

5 D 15 C 25 B

6 D 16 B 26 E

7 D 17 A 27 C

8 B 18 D 28 B

9 D 19 B 29 C

10 E 20 A

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 92 de 92

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