DISCIPLINA: Zootecnia de monogástrico PROFESSOR: Alyne Cristina Sodré Lima ALUNO (A):
CADERNÃO ETAPA 2
A Escrituração zootécnica tem por objetivo Particularidade anatômicas reprodutivas:
conhecer com precisão a realidade do criatório, Macho: contribui com 50% do material genético comparar resultados entre criatórios diferentes e do plantel de produção, servindo efetuar uma seleção criteriosa do manejo e dos aproximadamente 20 fêmeas na monta natural, o animais. São considerados critérios essenciais: que torna sua importância individual ainda maior. Identificação dos animais: cada animal Por essa razão, a escolha do macho tem altíssima individualizado ou as baias (Brincos; Tatuagens; influência decisiva nos resultados econômicos da Placas). Cadastro: número, raça, cor, composição produção. O sistema reprodutor masculino é racial, presença ou não de anomalias, marcação, composto por dois testículos no escroto, o data do nascimento, data de entrada no rebanho; epidídimo e o ducto deferente, as glândulas pesagem; ocorrências e observações. Controle sexuais acessórias (glândulas apolares, glândulas reprodutivo: Porcas: intervalo entre partos, vesiculares, a próstata e as glândulas prolificidade, % macho/fêmea, período seco, data bulbouretrais), a uretra e o pênis. de cobertura, reprodutor, data do parto, informações sobre as crias, data do parto, Os testículos produzem os espermatozoides e produções individuais, encerramento da lactação; testosterona. As estruturas restantes ajudam os NÚMERO DE LEITÕES/FÊMEA/ANO. espermatozoides a alcançarem o óvulo na fêmea. Varrão: número de coberturas efetuadas, idade, O macho deve ser previamente inseminado para histórico do sistema reprodutivo, vacinação garantir uma copula ou coleta de sêmen seguro, (imagem 01). sem sinais de infeção no trato reprodutivo. É importante também garantir que os membros, principalmente os posteriores, estejam sadios para a monta.
Fêmea: Para as fêmeas que forem selecionadas
destinadas a reprodução deve-se garantir que cheguem à puberdade com peso corporal adequado, aclimatadas, imunizadas e com pelo menos dois cios detectados. Bons índices reprodutivos na suinocultura relacionam-se com a seleção das fêmeas que farão parte do plantel, pois elas, assim como o macho, garantem 50% da carga genética dos leitões. As funções reprodutivas da fêmea são a produção de oócitos e o fornecimento de um ambiente para Imagem 1: Exemplo de ficha zootécnica. o crescimento e nutrição do feto que se
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desenvolverá após a fertilização de um oócito de 130 a 150 kg; espessura do toucinho 16 a maduro por um espermatozoide. Os órgãos 18mm, com condição corporal adequada de 2,5 a reprodutivos femininos incluem dois ovários, 3. As marrãs de reposição devem ser alojadas em duas tubas uterinas, o útero bifurcado (Y) com baias, com espaçamento de 2,0 a 2,2 m2/ fêmea, dois prolongamentos, em sentidos opostos que com 6-10 animais/baia, em piso de boa qualidade, possibilitam a gestação de vários leitões, a vagina com água à vontade e comedouros adequado. e a vulva. Ciclo estral: intervalo entre o início de um cio ao O óvulo é liberado do ovário e entra na início do cio seguinte – são de 20 a 21 dias. extremidade aberta da tuba uterina, onde O cio é caracterizado como a fase na qual a fêmea normalmente ocorre a fertilização, devido a aceita a cobertura. Os sinais de cio são edema e passagem do óvulo para o útero. No útero, o hiperemia da vulva, orelhas eretas e o reflexo de zigoto desenvolve-se em um embrião, e em seguida um feto, e por fim passa para fora do útero através da vagina e da vulva como um recém- nascido. Atenção ao sistema reprodutor que deve está livre de contaminações, infecção, odor, secreções purulentas e lesões, para garantir uma inseminação adequada e uma gestação e parto sem complicações. Os princípios que devem ser observados no manejo de preparação de marrãs são as tolerância ao homem (imagem 02) na presença do instalações, ambiência, nutrição, manejo cachaço, onde a fêmea fica completamente parada reprodutivo e sanidade. É importante observar na presença do macho adulto. que existem diferenças entre os manejos adequados para cada linhagem genética disponível no Brasil.
Requisitos mínimos para cobertura:
Macho: 120 a 180 dias, respeitando o peso por raça. Dos 7 aos 9 meses de idade, recomenda-se que o macho realize a cobrição de apenas uma fêmea por semana. Após os 9 meses de idade, pode-se intensificar o uso do macho, porém nunca Imagem 02: Características no ciclo estral e ação ultrapassando 10 cobrições em 14 dias o que para o teste de reflexo de tolerância ao homem equivale a servir 5 fêmeas em duas semanas com (RTH). 2 cobrições cada. A relação macho:fêmea no plantel deve ser de 1:20. É importante manter uma As fêmeas que estiverem em cio deverão ser proporção mais ou menos equivalente de machos incluídas em um protocolo de inseminação adultos e jovens, a fim de poder servir sem artificial ou de monta natural. problemas fêmeas de todas as idades. Para monta natural deve levar a fêmea para a baia do macho onde o macho se sentirá mais a vontade Fêmea: a primeira cobertura deve ocorrer a partir para a copula. O ambiente deve ser limpo, sem do terceiro cio; idade entre 210 a 230 dias; peso ruídos ou contaminantes. Para otimizar a
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utilização do sêmen, pode-se realizar a Sêmen fresco: deve ser utilizado dentro de duas inseminação artificial (IA). horas após a coleta – indicado para inseminação na propriedade, com fêmeas prontas, no cio; A IA é uma técnica de reprodução animal que consiste em introduzir o sêmen do macho, por Sêmen resfriado: também chamado de sêmen meios instrumentais, no local mais apropriado do refrigerado, utilizado no máximo por quatro a seis sistema genital da fêmea, possibilitando a dias após a coleta e conservação em temperaturas ocorrência da fertilização. de 14 a 17 °C - recomendada a sua utilização por no máximo três dias, em propriedades próximas; Utilizam-se duas a três doses de sêmen com três bilhões de espermatozoides cada, distribuídas Sêmen congelado: tem ilimitada capacidade de durante o cio em intervalos regulares, uma ou conservação (a técnica de congelamento que duas vezes ao dia (imagem 03). ocasiona isso), podendo ser transportado por longas distâncias – pode ser importado, obtido de outros municípios e estados. Vantagens da IA: - Possibilita o uso de sêmen de machos geneticamente superiores; - Permite a introdução de reprodutores de alto valor zootécnico e com isso agregando valor genético ao rebanho suíno; Imagem 03: Protocolo de inseminação - Permite maior aproveitamento (uso intensivo) de bons reprodutores; Deposição do sêmen pode ser realizada a nível do - Facilita o controle de doenças que podem vir a colo do útero (I.A.) - retidos um grande número interferir na eficiência reprodutiva do rebanho, de espermatozoides ou com deposição do sêmen diminuindo assim, o risco de transmissão das no útero, inseminação transcervical (I.A.T.) - mesmas; diminuir o número de espermatozoides por dose (imagem 04). - Maior controle da eficiência reprodutiva do plantel; - Materiais simples para o seu emprego, tornando viável o custo de produção; Dispensa os gastos na manutenção de reprodutores; Imagem 04: Inseminação artificial no colo do - Homogeneidade dos lotes de animais pela útero e transcervical. padronização das características de produção e de carcaça; Material utilizado para inseminação artificial: - Controle da qualidade espermática dos cateter tipo espiral; frasco com a dose para ser ejaculados. inseminado: o volume inseminado varia entre 50 Desvantagens IA: e 100 mL, dependendo da concentração da dose inseminante; luvas descartáveis e papel toalha. - Custo com mão de obra qualificada;
Para utilização na IA o sêmen pode ser: - Riscos na execução inadequada;
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- Disseminação de problemas de ordem genética; aumentada e, muitas vezes, é possível produzir uma ração pré-parto ou mesmo usar a ração - Limitações das técnicas de conservação do lactação nessa fase. Erros nesse manejo produzem sêmen resfriado. consequências sobre a produção de leite, sobre o peso médio ao nascer e sobre o percentual de Após a inseminação, as matrizes devem leitões nascidos com baixo peso. Tudo isso tem permanecer no mesmo local, não devendo ser reflexo sobre o desempenho da maternidade e as transferidas ou sofrer estresse até os 35 dias de fases subsequentes. O fornecimento de água gestação. O diagnóstico de retorno ao cio deve ser também não deve ser esquecido, pois as matrizes iniciado aos 14-15 dias após a cobertura, gestantes tendem a se locomover pouco e acabam procurando identificar precocemente as fêmeas ingerindo pouca água. Os bebedouros tipo calha que não ficaram prenhes para realocá-las no que servem também como comedouros nas próximo grupo de cobertura ou encaminhá-las ao gaiolas de gestação exigem limpeza e descarte. reabastecimento frequentes, caso contrário a água terá qualidade ruim ou insuficiente. Os principais problemas sanitários com fêmeas Gestação gestantes estão relacionados ao aparelho A gestação da porca dura em torno de 114 dias, o locomotor e ao trato urinário. Os problemas de hormônio responsável pela manutenção da aparelho locomotor estão relacionados à nutrição, prenhez é a progesterona. O período mais crítico mas principalmente à qualidade dos pisos das em relação à morte dos embriões vai até o 35º dia, gestações. Os problemas urinários são causados a partir daí, já houve a formação do esqueleto e o pela baixa ingestão de água, baixa frequência de embrião passa a ser chamado de feto. O peso dos micção e alta contaminação ambiental. leitões ao nascimento será influenciado pelo Para prevenir problemas urinários, as matrizes manejo alimentar da fêmea, principalmente após devem ser levantadas quatro vezes ao dia, em o 70º dia, período no qual também se desenvolve horários fixos, desconsiderando-se o momento da o sistema imunológico do leitão. alimentação. Ainda durante a gestação, existem O manejo de alimentação deve passar a restrito os protocolos de vacinação das matrizes, os quais nos quatro a cinco dias que seguem à cobertura. consistem principalmente de vacinas para Posteriormente, a quantidade de ração servida tem doenças entéricas dos leitões recém-nascidos e de ser adequada durante as diferentes fases da rinite atrófica. Esses protocolos devem respeitar a gestação para atender o crescimento de tecidos recomendação do fabricante e do médico maternos, fetais e glândula mamária. O ajuste da veterinário. condição corporal deve ser iniciado logo após Manejos do parto: esse curto período de restrição, sendo desejável que as fêmeas sejam desmamadas e cobertas no Início - abertura e dilatação das vias fetais moles, escore próximo a 3 e estejam com escore próximo provocadas pelas concentrações rítmicas do a 4 no momento do parto. Essa informação útero. A prostaglandina reduz a progesterona e, ao também pode ser discutida com a equipe técnica mesmo tempo, estimula a liberação de ocitocina, da genética utilizada. No terço final da gestação (a que provoca as contrações uterinas para o partir dos 70-80 dias), a alimentação da mãe deve nascimento do leitão. A fêmea fica inquieta e ser direcionada para o crescimento dos fetos e a começa a sentir dores do parto 24 horas antes. glândula mamária. Essa fase interfere diretamente no peso dos leitões ao nascer e na produção de Duração do parto: leite após o parto. A quantidade fornecida é
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De 2 a 6 horas, com intervalos de nascimentos de leitões em média de 15 minutos, sendo que a partir daí é considerado parto distocico. O final do parto ocorre com o delivramento da placenta que deve acontecer até 1 hora após o último leitão nascer. Intervenção no parto: Massagear o aparelho mamário da porca; Inverter a posição em que a porca estiver deitada; Fazer o procedimento do toque vaginal; Além de reanimação de leitões aparentemente Fazer uso de aplicação de ocitocina. mortos e acompanhamento da primeira mamada Cuidado com as fêmeas após o parto: (ingestão do colostro) (imagem 05).
Levantar as fêmeas após no máximo 6 horas
decorrido do final do parto; Fornecer água e começar com o programa de alimentação; Tomar a temperatura corporal pelo menos uma vez durante 3 dias. Cuidado com o leitão Para o manejo dos recém-nascidos alguns materiais são necessário, além de um parteiro treinado: a) papel toalha absorvente, pó secante ou maravalha para secagem do leitão; b) tesoura para o corte do cordão umbilical – limpa e desinfetada, mantida sempre bem afi ada; c) cordão de algodão – mantido embebido em solução desinfetante trocada diariamente; d) solução desinfetante para o umbigo – acondicionada em recipiente fechado e com capacidade para pequenos volumes; e) Imagem 05: Nascimento, cura do umbigo, Carbetocina ou ocitocina para determinados secagem, reanimação (quando necessário), partos distócicos; f) antibiótico injetável e identificação e mamada do colostro e leitões no antitérmico para matriz em caso de toque ou escamoteador, respectivamente. febre; h) luvas de toque dentro de suas INTERVALO DESMAME CIO (IDC): embalagens; i) solução lubrifi cante estéril para O IDC é um indicador de produtividade e da toque; j) agulha e linha cirúrgica para pequenas saúde das matrizes. Determina a duração do intervenções; l) lâminas e cabo de bisturi; m) tempo em que a matriz suína leva para apresentar tranquilizante e anestésico local; n) relógio e cio após o desmame. O objetivo da granja deve caneta para anotações; o) seringas e agulhas (40 x ser obter 85% das matrizes em cio 5 dias após o 15). desmame. Quando o retomo ao cio não ocorre
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dentro da média de até 10 dias, é certo a suspeita da Piscicultura revelam que, em média, o da presença de algum problema reprodutivo. brasileiro consome cerca de 9,5 quilos da proteína por ano, o que representa um total abaixo do recomendado pela OMS, que é de 12 quilos, e a *************************************** média mundial está em 20 quilos. O potencial brasileiro relacionado à piscicultura é PISCICULTURA altíssimo, associado ao fato a condição Chegada de novas empresas, rápida continental da costa do país, pelas áreas alagadas profissionalização e intensificação tecnológica e também em função da disponibilidade de água. foram alguns dos fatores observados na É importante ressaltar que viabilizar o segmento aquicultura brasileira, que apresentou industrial da piscicultura significa escolher crescimento de 123% entre 2005 e 2015, espécies mais adaptadas ao cativeiro e com um passando de 257 mil para 577 mil toneladas de custo mais baixo de produção, como exemplo a pescado nesse período, alcançando em 2018 a tilápia, espécie mais produzida no país. marca de 579 mil toneladas (tabela 1), sendo que Este aumento está relacionado as instalações de esse quantitativo é representado por quase 90% de indústrias do ramo e com a maior demanda pelo peixes (imagem 1). produto, especialmente a da farinha de peixe, que é fundamental durante a produção de rações para Tabela 1: Produção brasileira da aquicultura por região de organismos aquáticos. Em consequência desse 2015 a 2018(t) crescimento na produção, foi verificado o aumento do consumo e das exportações de peixe.
Imagem 1: Produção da aquicultura brasileira por espécie e
grupos de espécies, 2018
A necessidade de buscar novas alternativas de
renda e o apelo da segurança alimentar e saúde no consumo de carnes brancas, faz com que cada vez mais a piscicultura seja uma possibilidade real de desenvolvimento nas propriedades rurais. Mesmo após ter crescido consideravelmente, as criações de peixes no Brasil ainda têm muito chão pela frente, podendo evoluir ainda mais. Pesquisas realizadas pela Associação Brasileira