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ANÁLISE DO MATERIAL PARTICULADO (PM10) NA ÁREA CENTRAL DA CIDADE DE SÃO CARLOS-SP ATRAVÉS DE TÉCNICAS ESPECTROANALÍTICAS E AVALIAÇÃO
MULTIDIMENSIONAL DE SÉRIES TEMPORAIS. View project
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2018
TÓPICOS EM
SECAGEM DE
PRODUTOS
NATURAIS
2018
A Laura Junqueira Freire, com carinho
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1.
CAPÍTULO 2.
CAPÍTULO 3.
CAPÍTULO 4.
CAPÍTULO 5.
CAPÍTULO 6.
CAPÍTULO 7.
Com o nascimento da Laura Junqueira Freire em 2015, como Vô muito coruja tive a
ideia e iniciativa de dar continuidade a essa série de publicações tendo como meta
homenagear a chegada da mais nova membro da família. A partir dessa premissa, o
tema e os participantes do livro foram escolhidos seguindo como critérios a
reconhecida capacidade técnica na área, aliada ao lado humano dos autores. Com
isso em mente, os autores dos 07 capítulos foram convidados e, felizmente,
aceitaram compor essa obra de carácter tão especial.
Dessa forma, tanto para a Laura quanto para todos que estudam e trabalham em
Engenharia, Tratamento de Resíduos, etc, apresento o e-book Tópicos em
Secagem de Produtos Naturais. O livro é composto de 2 partes. A primeira
apresenta tópicos sobre secagem de produtos naturais, englobando os 5 primeiros
capítulos. Os assuntos vão desde a análise da secagem de frutas, cevada, etc., até
a apresentação de uma análise fundamentada nos Fenômenos de Transferência e a
simulação dos modelos propostos.
Embora a elaboração dos capítulos tenha seguido uma recomendação geral, houve
flexibilidade, por exemplo, sobre como escrever as referências bibliográficas e a
nomenclatura adotada por cada autor. Cada capítulo aborda um tema de forma
autossuficiente.
Sem sombra de dúvida, o resultado final foi gratificante sendo, portanto, mais uma
contribuição dedicada aos sistemas particulados e uma referência que poderá vir a
ser usada por estudantes e profissionais de diversas áreas. Quero agradecer a
todos os participantes do E-Book e um agradecimento especial ao Professor
Gustavo Dias Maia, do DEQ/UFSCar, pelo trabalho em formatar e compor todo o
livro.
Cláudio R. Duarte
Universidade Federal de Uberlândia, UFU, Brasil.
Erika F. R. Tada
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, Brasil.
Fábio B. Freire
Universidade Federal de São Carlos, UFSCar, Brasil.
Flavio B. Freire
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, UTFPR, Brasil.
Geisa Albini
Universidade Federal de São Carlos, UFSCar, Brasil
Guilherme G. Bonaldo
Universidade Federal de São Carlos, UFSCar, Brasil.
Gustavo D. Maia
Universidade Federal de São Carlos, UFSCar, Brasil.
Hugo Perazzini
Universidade Federal de Itajubá, UNIFEI, Brasil.
João C. Thoméo
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, Brasil.
José T. Freire
Universidade Federal de São Carlos, UFSCar, Brasil.
Luíz A. de A. Pinto
Universidade Federal do Rio Grande, FURG, Brasil.
Marcos A. S. Barrozo
Universidade Federal de Uberlândia, UFU, Brasil.
Maria do Carmo Ferreira
Universidade Federal de São Carlos, UFSCar, Brasil.
Neiton C. Silva
Universidade Federal de Uberlândia, UFU, Brasil.
Priscila B. Silva
Universidade Federal de Uberlândia, UFU, Brasil.
Silvia F. da Rocha
Universidade Federal do Rio Grande, FURG, Brasil.
1
1.1. INTRODUÇÃO
Dentre as frutas tropicais a acerola (Malphigia emarginata DC) tem tido destaque
devido ao elevado teor de vitamina C (em média de 1500 mg/100 g de polpa) o qual
somente é superado pelo fruto camu-camu. O consumo de frutas ricas em vitamina
C vem sendo incentivado, pois o organismo humano é capaz de absorver 100% da
vitamina C quando a mesma apresenta-se na forma in natura, fato não evidenciado
na ingestão de vitaminas sintéticas, com apenas 50% de absorção (Araújo e
Minami, 1994).
2
Como a quantidade de resíduos pode chegar a muitas toneladas, agregar valor a
esses subprodutos é de interesse econômico e ambiental, necessitando de
investigação científica e tecnológica que possibilite sua utilização eficiente,
econômica e segura. Para poder aproveitar os resíduos de frutas, uma alternativa
promissora é o processo de secagem. A secagem beneficia o transporte (diminuindo
o volume e peso do material), assim como aumenta os nutrientes por unidade de
massa seca e a vida útil, pois reduz a sua atividade de água que afeta o
crescimento microbiano.
Dentro de todo esse contexto, o objetivo desse capítulo foi avaliar o impacto de
diferentes metodologias de secagem de resíduos de processamento de frutas,
usando como materiais de estudo os resíduos do processamento da acerola e do
maracujá-amarelo, verificando as variáveis impactantes no processo de remoção de
umidade e suas consequências nos teores de compostos bioativos presentes nestes
resíduos de frutas. Em vista disso, os objetivos específicos desse estudo foram a
realização da caracterização dos resíduos do processamento da acerola e do
maracujá-amarelo; a avaliação e influência das variáveis operacionais em cada
método de secagem estudado, analisando os efeitos da remoção de umidade nos
compostos bioativos; bem como a avaliação global de cada metodologia, que
validaria um possível aproveitamento e aplicação desses resíduos.
A acerola (Malpighia emarginata DC) é conhecida pelo seu elevado teor de vitamina
C, além da presença vitamina A, ferro, cálcio, vitaminas do complexo B e de outros
compostos antioxidantes que destacam este fruto no campo dos nutracêuticos, pela
capacidade desses de capturar radicais livres do organismo.
Barboza et al. (1996) afirmam que a fruta foi trazida de Porto Rico para o Brasil na
década de 1950 pela professora Maria Celene Cardoso de Almeida da Universidade
Federal Rural de Pernambuco. Entretanto, ganhou expressão econômica somente a
partir da década de 1990. Atualmente, o Brasil é o maior produtor da fruta sendo o
mercado voltado principalmente para a fabricação de sucos, devido à sensibilidade
da fruta que dificulta o transporte e armazenagem. Estima-se que 40% do volume
de frutas processadas se tornem resíduos, os quais possuem elevado potencial
antioxidante.
3
Figura 1.1. Resíduo do processamento de acerola
4
um transferidor fixado na placa estática. Cerca de 200 g do resíduo de acerola foi
espalhado de forma aleatória sobre a placa superior e a placa móvel elevada de
forma gradual. No momento em que as primeiras partículas deslizaram foi realizada
a leitura do ângulo de repouso estático. O ensaio foi feito em triplicata.
1
𝐷𝑠 = (1)
∆𝑠𝑖
𝐷𝑖
Em que: ∆𝑠𝑖 = fração mássica das partículas com diâmetro médio Di.
Açúcar Redutor Total (ART): Os açúcares redutores totais foram determinados pela
metodologia descrita por Miller (1959). Neste método, o ácido 3,5–dinitrosalicílico
(DNS) é reduzido a ácido 3-amino-5-nitrosalicílicoao ao mesmo tempo em que
5
ocorre a oxidação dos grupos aldeídos e cetônicos à grupos carboxílicos,
desenvolvendo uma coloração marrom-alaranjado intensa.
Lipídeos: O teor de lipídeos foi determinado pelo método Goldfish utilizando éter de
petróleo como extrator. Após a extração a gordura extraída foi posta em estufa para
a evaporação do éter residual, por fim pesou-se o extrato gorduroso. A porcentagem
de extrato etéreo foi calculada por meio da Equação 2:
𝑃𝑏 − 𝑃𝑎
𝐸𝐸% = . 100 (2)
𝑚
Onde: EE = Extrato etéreo (g); Pa = Peso do reboiler (g); Pb = peso do reboiler mais
o extrato etéreo (g); m = Massa da amostra (g).
6
o ambiente analítico foi mantido em temperatura de 25°C e luminosidade reduzida.
Tais precauções foram tomadas a fim de minimizar a influência de fatores externos
aos analisados na degradação dos compostos. A metodologia e material adotado
para tais análises são descritos nos itens a seguir:
Para o teor de flavonoides totais o método colorimétrico de Zhishen et al. (1999) foi
adaptado. Como solvente extrator também foi utilizado o metanol, já o padrão
empregado foi a rutina e a leitura efetuada no comprimento de onda de 450 nm.
Para cada experimento foram feitas análises em triplicata para três massas distintas
do resíduo, totalizando assim nove resultados por condição. Todos os resultados
foram expressos em µg de rutina/100 g de amostra em base seca.
7
As amostras foram trituradas e massas de 0,5 g, aproximadamente, separadas para
a análise. A seguir foram adicionados 25 mL de solução de ácido oxálico (0,4%,
m/v) a cada massa e a mistura agitada mecanicamente em tubos do tipo vortex.
Esta mistura foi filtrada e o extrato obtido utilizado para as determinações de novos
L2. O branco foi feito substituindo a solução de DCFI por água destilada. Os
resultados foram expressos em mg ácido ascórbico/100 g de amostra (base seca).
A composição das frutas pode ser influenciada por diversos fatores como a
localização geográfica, práticas de cultivo, regime pluvial, exposição à luz do sol,
características genéticas e, principalmente, o estágio de maturação em que os
frutos se encontram (Matsuura et al., 2001).
8
Tabela 1.2. Análise centesimal do resíduo de acerola.
Fibras totais (g / 100 g b.s.) 51,12 ± 0,52
Proteínas (g / 100 g b.s.) 10,13 ± 0,15
Lipídeos (g / 100 g b.s.) 5,43 ± 0,37
Carboidratos (g / 100 g b.s.) 30,86 ± 0,12
Calorias (kcal/100g) 315,0 ± 7,71
Cinzas (g) 2,46 ± 0,09
Açúcares redutores (g / 100 g b.s.) 2,13 ± 0,08
Umidade (g / 100 g b.u.) 79,58 ± 2,61
pH 3,9 ± 0,1
9
Figura 1.4. Resíduo de processamento de maracujá-amarelo
Nos testes para obtenção dos ângulos de repouso estático e dinâmico observou-se
que o resíduo de maracujá apresentou baixíssima escoabilidade. Enquanto que os
valores obtidos para o ângulo estático foram superiores a 80º (com o material se
deslocando todo ao mesmo tempo como uma massa única), o material no tambor
rotativo ficou aderido à parede do equipamento, impedindo assim uma medida
confiável do ângulo de repouso dinâmico.
Dessa forma e segundo exposto por Medeiros et al. (2001), que afirmaram que a
fluidez de um material e seu ângulo de repouso têm influência decisiva no projeto e
utilização de silos e secadores, pôde-se concluir que o resíduo utilizado neste
trabalho não poderá ser desidratado em secadores em leitos móveis, sem um
estudo adequado para melhorar sua escoabilidade e fluidez.
10
1.3. SECAGEM DE RESÍDUOS DE ACEROLA NO SECADOR ROTO-AERADO
(a) (b)
11
Arruda et al. (2009) compararam o desempenho do secador rotatório convencional
com o secador roto-aerado e relataram que o tempo de residência do fertilizante
neste novo secador era 48% menor que no convencional, constatando que o
secador roto-aerado apresentava maior eficiência quando comparado com o
equipamento tradicional contracorrente, usando suspensores. Silvério et al. (2015)
avaliaram diferentes configurações do secador roto-aerado em relação ao secador
rotatório convencional.
Considerando a ampla gama de produtos que podem ser secos neste secador, além
do fato do Brasil ser um dos maiores produtores de acerola e considerando que
durante o processamento desta fruta é gerado um grande volume de resíduos que
são ricos em compostos antioxidantes, optou-se por realizar a secagem dos
resíduos do processamento da acerola neste novo equipamento visando o seu
reaproveitamento para fins mais nobres.
12
tubos, próximos à alimentação de sólidos, tinham diâmetros internos iguais a 4 mm.
Os 12 mini-tubos posteriores tinham diâmetros internos de 6 mm e, por fim, os 34
mini-tubos próximos à descarga de sólidos possuíam diâmetros internos iguais a 9
mm
Esta configuração foi utilizada com base nos resultados encontrados por Silvério et
al. (2015) e a fim de garantir o escoamento adequado do resíduo de acerola. Isto
porque o resíduo tende a acumular na entrada do secador e o ar de secagem
oferecia resistência ao seu escoamento.
Dessa forma, optou-se por colocar mini-tubos com diâmetros menores no começo
do secador. Logo, as velocidades do ar na saída dos tubos variavam para as
diferentes regiões do secador, sendo maiores na entrada e menores próximos à
descarga dos sólidos.
13
secador foi 3,2 min. Os tempos médios de residência dentro do secador roto-aerado
(figura 1.8) variaram entre 3,15 a 4,44 min.
14
Figura 1.9. Taxa de secagem e umidade removida para as diferentes condições do
PCC.
15
As figuras 1.11 a 1.13 apresenta os resultados da concentração de ácido cítrico
(TA), e dos compostos fenólicos (TPC) e flavonoides (TFC) após cada um dos
experimentos nas condições apresentadas na tabela 1.4. Os resíduos de acerola in
natura apresentaram os seguintes resultados para estes compostos; TA: 2843,0±0,1
g ácido cítrico/100 g de amostra (b.s.); TPC: 916,2,2±13,5 mg de ácido gálico/100 g
de amostra (b.s.); TFC: 4,94±0,17 mg rutina/100 g1 de amostra (b.s.)).
A figura 1.11 mostra que o teor de ácido cítrico foi menor nos experimentos
realizados com níveis mais elevados da temperatura e da velocidade do ar (P4, P6
e P8). Esta redução ocorre devido à baixa estabilidade do ácido cítrico durante
operações a elevadas temperaturas.
16
Figura 1.12. Fenólicos totais (TPC) para as diferentes condições do PCC.
17
infravermelho (6) a fim de pré-secar o resíduo de acerola. A potência das lâmpadas
podia ser ajustada por um variador de voltagem (0 a 1200 W).
𝑇 °𝐶 − 115,0 °𝐶
𝑥1 = (5)
35,0 °𝐶
𝑣 (𝑚/𝑠) − 2,3 𝑚/𝑠
𝑥2 = (6)
0,75 𝑚/𝑠
𝑃 𝑊 − 850,0 𝑊 (7)
𝑥3 =
250 𝑊
18
A tabela 1.6 apresenta os resultados da secagem de resíduo de acerola em secador
roto-aerado assistido por infravermelho. A umidade inicial média do resíduo de
acerola foi 78,7 ± 0,8 g.100 g-1 b.u., após o infravermelho (Miv) a umidade chegou
até a 59,1 g /100 gb.u. (Experimento 14 (E14) - 1188 W). Uma redução de 24,3%
em relação ao resíduo úmido alimentado. Esse valor corresponde a 45,7% do total
de umidade retirada do material na condição experimental E14. O tempo de
exposição do material nas lâmpadas infravermelho foi de 9 min. Para as potências
de 600, 850 e 1100 W a redução média de umidade foi de 1,9 ± 0,1%, 11,4 ± 1,0% e
18,3 ± 1,6%, respectivamente.
19
tabela 1.6 foram submetidos a uma análise de regressão. A análise de variância
(ANOVA) foi realizada a fim de se avaliar a adequabilidade dos modelos e
significância dos fatores (p<0.10) e está apresentada na tabela 1.7. Por meio dos
parâmetros da regressão (tabela 1.7) é possível quantificar os efeitos das variáveis
independentes nas respostas de interesse: umidade final do material após o
secador roto-aerado (Mroto); o Hold-up, a taxa de secagem (Rw) e o tempo de
residência (T).
20
É possível observar nos resultados da tabela 1.6 que o aumento da temperatura do
ar de secagem de 67,6 ºC (E9) para 162,4 ºC (E10) proporcionou um acréscimo de
319% na redução da umidade. De forma análoga o aumento da potência de 511,7
W para 1188,3 W pode aumentar a redução da umidade em 30,0%. A tabela 1.7
mostra que o efeito linear da temperatura (𝑥1 ) e o quadrático da potência (𝑥22 ) foram
positivos e significantes sobre a taxa de secagem.
A maior redução de umidade foi na condição E14, na qual foi possível reduzir de
78,7 (na entrada do secador) a 36,6 g / 100 g b.u (após o roto-aerado), o que
corresponde a 53,5%. Visando uma maior redução da umidade do material, além
dos 17 experimentos do planejamento composto central, realizou-se a secagem na
condição E18 (180,0 ºC; 2,3 m / s; 1188,3 W). Para esta condição a umidade após o
infravermelho foi de 60,9 g.100 g-1 b.u. (redução de 22,9%) e após o roto-aerado foi
de 24,9 g / 100 g b.u. (redução de 59,1%). Portanto, a redução de 68,5% em apenas
16,0 min dos quais 7,0 min corresponde ao tempo de residência dentro do secador
roto-aerado e 9,0 min em exposição à radiação infravermelha. Considerando que
um processo de secagem pode afetar a qualidade final do produto, também é
importante avaliar os índices de qualidade.
Apesar das reduções dos teores de compostos fenólicos após a secagem, elas não
comprometeram a qualidade final do produto. O material seco apresenta um bom
potencial e pode ser considerado de concentrações intermediárias de acordo com a
classificação de Vasco (2008).
21
Figura 1.15. TPC após a pré-secagem com infravermelho e após o roto-aerado
(produto final).
TPC TFC TA AA
Param. p valor Param. p valor Param. p valor Param. p valor
-
𝑥1 -17,00 0,0021 0,11 0,0055 <0,0001 1,94 0,0053
207,06
𝑥12 - - 0,24 0,0002 - - 2,21 0,0126
𝑥2 -18,67 0,0011 -0,16 0,0006 - - - -
𝑥22 - - -0,51 <0,0001 - - - -
𝑥3 -44,50 <0,0001 -0,14 0,0013 -84,11 0,0041 4,20 <0,0001
𝑥32 -39,07 <0,0001 -0,12 0,0159 - - 2,35 0,0089
𝑥1 𝑥2 -15,29 0,0127 - - - - - -
𝑥1 𝑥3 - - - - - - - -
𝑥2 𝑥3 - - 0,11 0,0158 55,73 0,0787 -2,51 0,0035
R² 0,948 0,967 0,873 0,927
A figura 1.17 mostra os resultados do teor de acidez total titulável (TA). Da mesma
forma, também pode ser observado que em diversas condições experimentais o TA
foi muito próximo do conteúdo da amostra do resíduo in natura ( 2171,3±48,5 g
ácido cítrico/100 g de amostra, b.s.). As menores retenções (a partir de 63%) em
22
relação ao material fresco ocorreram nas condições de secagem E6, E7, E8, E10 e
E14 (figura 1.17).
Estas condições foram aquelas onde foram usadas elevadas potências das
lâmpadas de infravermelho e/ou elevada temperatura do ar de secagem. Pela
análise da variância (tabela 1.8) também é possível constatar este comportamento,
pois os efeitos lineares da temperatura do ar de secagem e da potência são
negativos e significantes para este composto. Esta redução ocorre devido à baixa
estabilidade do ácido cítrico em operações a elevadas temperaturas (Prajapati et al.,
2011).
Os resultados dos teores de ácido ascórbico (AA) do produto final são apresentados
na figura 1.18. Os teores mais elevados de ácido ascórbico, após a secagem, foram
obtidos nas condições de alta temperatura, velocidade intermediária do ar de
secagem e elevada potência das lâmpadas de infravermelho (E6 e E18). Os
23
resultados da ANOVA (tabela 1.8) confirma esta tendência, mostrando que os
efeitos lineares da temperatura do ar de secagem e da potência são positivos e
significantes para o teor de ácido ascórbico. Essas condições podem favorecer à
inativação de enzimas responsáveis pela degradação do ácido ascórbico e também
à liberação dos mesmos devido ao rompimento de constituintes celulares durante a
secagem (Dorta et al. 2012; Chism e Haard, 1996; Duzzioni et al., 2013). Dessa
forma, o método de desidratação proposto nesse trabalho pode ser considerado
eficaz, pois o produto final apresentou elevados teores de ácido ascórbico.
24
variaram de 33,3 e 74,5ºC, para as condições E9 e E18, respectivamente. Observa-
se que ocorreu o resfriamento das sementes no secador roto-aerado em relação ao
material que entrou após a pré-secagem em infravermelho, sendo mais acentuado
nas condições com elevadas potência e baixa temperatura do ar de secagem. O
que explica o fato de que em muitas condições operacionais, a maioria dos
compostos bioativos após a passagem pelo secador roto-aerado (produto final)
apresentarem teores bem próximos ao do resíduo in natura.
25
A diferença entre o teor de compostos fenólicos totais e os ácidos fenólicos
identificados por HPLC sugere que existam outros compostos fenólicos presentes
no material. Tomaino et al. (2005) afirmam que as consequências dos
procedimentos de processamento e conservação de alimentos sobre a atividade
antioxidante geral dos alimentos são geralmente os resultados de eventos diferentes
e, às vezes, opostos que podem ocorrer de forma consecutiva ou simultânea. Os
métodos de processamento também podem melhorar as propriedades dos
antioxidantes naturais ou induzir a formação de novos compostos com propriedades
antioxidantes, de modo que a atividade antioxidante geral da matéria-prima da
planta possa permanecer inalterada ou aumentada apesar da eventual perda de
ingredientes ativos. Além disso, as reações oxirredução que ocorrem entre
diferentes antioxidantes naturais e, se os antioxidantes são misturados com
matrizes de alimentos, entre antioxidantes e produtos de oxidação lipídica, têm
consequências quase imprevisíveis sobre as propriedades antioxidantes globais e a
estabilidade alimentar.
26
Figura 1.22. Concentração de ácido clorogênico (ACL) determinado por HPLC.
27
SF560WRU e potência nominal de 800 W. A parte superior era constituída também
por um suporte onde foi colocada uma balança do fabricante Shimadzu, modelo
AUX220 e com precisão de 10-4 g. As amostras eram colocadas sobre um suporte
suspenso, conectado à parte inferior da balança através de um orifício localizado na
parte superior do micro-ondas. Como a amostra estava conectada a balança
durante toda a secagem, foi possível acompanhar todo o processo sem precisar
abrir o forno. Para cada um dos experimentos foram utilizadas cerca de 120 g de
resíduo de maracujá.
28
1.5.2. Cinética de secagem e remoção de umidade dos resíduos de maracujá
por micro-ondas
𝑀 − 𝑀𝑒𝑞
𝑀𝑅 = (8)
𝑀0 − 𝑀𝑒𝑞
[− 𝑘𝑡 𝑛 ]
𝑀𝑅 = exp (9)
Tabela 1.10. Parâmetros do modelo de Overhults et al. (1973) para secagem dos
resíduos de maracujá por micro-ondas.
Potência k n R2
-3
280 W 1,34 x 10 2,05 0,9977
480 W 1,68 x 10-3 1,80 0,9983
-3
600 W 2,13 x 10 1,77 0,9998
800 W 2,70 x 10-3 1,39 0,9988
2
R médio 0,9987
Figura 1.25: Cinética de remoção de umidade dos resíduos de maracujá por micro-
ondas
29
A figura anterior confirmou o comportamento esperado, mostrando que conforme a
potência foi sendo elevada, obteve-se um aumento na taxa de desidratação,
atingindo valores baixos de umidade rapidamente, ou seja, com um tempo pequeno
requerido para a desidratação do material. O impacto do tempo também foi
verificado nos experimentos realizados, cujos resultados de umidade final estão
expressos na tabela 1.11. Observou-se que os maiores níveis de potências usados
no planejamento experimental foram aqueles que conduziram a um nível de
umidade satisfatório para a estocagem do material, em um tempo de exposição
reduzido.
Tabela 1.11. Umidades finais obtidas nas secagens dos resíduos de maracujá por
micro-ondas.
TEMPO (minutos)
POTÊNCIA
5 10 15 20
78,75 % 76,19% 71,23% 63,87%
280 W
(± 0,95) (± 1,45) (± 0,71) (± 0,72)
75,54 % 62,03 % 41,78% 8,95 %
480 W
(± 2,51) (± 1,89) (± 1,31) (± 0,84)
71,08 % 48,43 % 16,62 % 4,36%
600 W
(± 0,83) (± 1,96) (± 0,53) (± 0,08)
66,60 % 25,48 % 8,23 % 5,26%
800 W
(± 1,41) (± 0,93) (± 0,30) (± 0,16)
Apesar das elevadas taxas de secagem desta técnica, tornou-se necessário verificar
os efeitos das condições operacionais sobre a qualidade do resíduo de maracujá.
Em análise preliminar, já foi possível observar que os experimentos apresentaram
um material com umidade final com variações consideráveis, dependendo da
condição experimental. A potência de 280 W originou um material de alta umidade
final e com um aspecto visual que leva a crer que ocorreu pouco impacto das micro-
ondas. Já as potências de 600 e 800 W geraram um resíduo bastante desidratado,
entretanto com um certo escurecimento do material. Considerando essa análise
preliminar e visual, de acordo com o aspecto final do produto e em termos de
remoção de umidade, a melhor potência foi a de 480 W, onde o material atingiu
valores de umidades baixos com 20 minutos de desidratação e não apresentou
escurecimento.
Teor de Fenólicos Totais (TPC): A figura 1.26 apresenta os resultados obtidos para
os teores de compostos fenólicos totais.
30
Figura 1.26. TPC para amostras desidratadas por micro-ondas: (a) 280 W, (b) 480
W, (c) 600 W e (d) 800 W.
(a) (b)
(c) (d)
Verificou-se também que foi possível obter bons resultados de TPC na desidratação
por micro-ondas ao realizar essa metodologia em condições intermediárias de
potência, como a de 480 W, onde foi possível uma retirada de umidade satisfatória e
ao mesmo tempo não ocorreu diminuição significativa dos fenólicos por excesso de
exposição. Dessa forma, na faixa estudada, a potência de 480 W (figura 1.26b) se
mostrou a ideal em termos de TPC, pois obteve-se um produto final de qualidade,
com 8,95 % de umidade final e teor de fenólicos de 217,03 ± 6,51 mg ácido gálico /
100 g amostra seca.
31
Teor de Flavonoides Totais (TFC): O Teor de Flavonoides Totais (TFC) para as
quatro potências estudadas, expresso em mg de rutina / 100 g amostra seca, é
apresentado na figura 1.27. Os resultados indicaram que a desidratação por micro-
ondas também foi benéfica aos compostos flavonoides, obtendo-se valores
elevados desses compostos, quando a secagem ocorreu com potências onde houve
maior remoção de umidade (480, 600 e 800 W). Todavia, o comportamento dos
mesmos foi levemente diferente dos obtidos para os fenólicos, pois o TFC não se
mostrou tão sensível ao excesso de exposição às micro-ondas.
Figura 1.27. TFC para amostras desidratadas por micro-ondas: (a) 280 W, (b) 480
W, (c) 600 W e (d) 800 W.
(a) (b)
(c) (d)
Acidez (TA) : Os teores de ácido cítrico obtidos para cada experimento estão
apresentados na figura 1.28. Diferentemente do ocorrido com os compostos
fenólicos e flavonoides, os teores de ácido cítrico foram diretamente impactados
pela exposição à radiação de micro-ondas, sofrendo uma maior diminuição em
relação ao resíduo in natura, devido a sensibilidade térmica desse composto.
32
próximo ao valor do resíduo in natura, mas após isso, conforme as potências e
tempos foram aumentando, o TA reduziu drasticamente.
Figura 1.28. TA para amostras desidratadas por micro-ondas: (a) 280 W, (b) 480 W,
(c) 600 W e (d) 800 W.
(a) (b)
(c) (d)
Após isso, notou-se uma tendência de aumento desse composto, conforme o tempo
de desidratação foi aumentando e o material atingia valores menores de umidade.
Mais uma vez a potência intermediária (480 W) se mostrou a mais eficiente sob
todos os aspectos, atingindo um valor de 4,17 ± 0,43 mg ácido ascórbico / 100 g
amostra seca após 20 minutos de desidratação.
33
Figura 1.29: AA para amostras desidratadas por micro-ondas: (a) 280 W, (b) 480 W,
(c) 600 W e (d) 800 W.
(a) (b)
(c) (d)
34
Figura 1.30: Microscopia eletrônica de varredura (MEV) com ampliação de 500
vezes para amostras secas nas potências de 280 W (a), 480 W (b), 600 W (c) e 800
W, expostas por tempos de 20 minutos.
(a) (b)
(c) (d)
35
métodos se baseou nas diferentes taxas de congelamento que tais métodos
apresentam (PITOMBO, 1989). Enquanto o nitrogênio líquido congela a amostra
rapidamente, o freezer convencional realiza o congelamento a taxas menores. Ao
término de cada experimento, a umidade das amostras era medida e então o
material passava pelas análises de teores de compostos bioativos. O planejamento
experimental é apresentado na tabela 1.12.
36
1.6.1. Cinética de desidratação
Observou-se que a liofilização foi mais eficiente para as amostras que passaram
pelo congelamento em freezer, onde as mesmas atingiram valores de umidade final
inferiores a 10% já com 48 horas de desidratação (6,07± 0,18%), sendo que tais
valores só foram atingidos pelas amostras submetidas ao nitrogênio líquido após 72
hs (11,11± 0,56%). Comportamento semelhante a este foi observado por Marques
(2008) para a acerola e mamão papaya, o que confirmou o exposto na literatura que
os métodos de congelamento rápidos, como o do nitrogênio líquido, acabam por
gerar cristais menores, cuja remoção é mais lenta quando comparada a métodos de
congelamento mais lento, como o do freezer, onde cristais maiores e mais
homogêneos são formados, e cuja remoção por sublimação se torna mais eficiente.
Cabe ainda ressaltar que o tempo necessário para que o material atinja uma
umidade final adequada ao armazenamento é muito superior às demais técnicas de
desidratação, sendo esta uma desvantagem importante da liofilização,
principalmente no quesito gasto de energia.
37
Tabela 1.13. Coeficientes para modelo de Overhults et al. (1973) para as amostras
liofilizadas.
Método de
k n R2
Congelamento
Freezer 3,22 x 10-2 2,11 0,9910
N2 líquido 2,30 x 10-2 2,12 0,9964
Teor de Fenólicos Totais (TPC): A figura 1.34 apresenta os resultados obtidos para
os teores de compostos fenólicos (TPC) obtidos nas duas metodologias de
congelamento.
38
Figura 1.34: TPC para amostras liofilizadas congeladas em freezer (a) e nitrogênio
líquido (b).
(a) (b)
Figura 1.35: TFC para amostras liofilizadas congeladas em freezer (a) e nitrogênio
líquido (b).
(a) (b)
Foi verificado que, assim como ocorrido aos compostos fenólicos, foi possível obter
elevados teores de flavonoides após a liofilização, independente do método de
congelamento. Pérez-Gregório et al. (2011) obtiveram comportamento semelhantes
na liofilização de alho. Um pico no TFC foi atingido em umidades inferiores a 30%
(correspondendo a tempos de desidratação entre 36-48 hs) e após isso, observou-
se uma redução gradual do composto.
Assim, é necessária uma atenção maior ao processo para não submeter o material
à exposição prolongada. Cabe ressaltar ainda que o método de congelamento
pouco influenciou no TFC, atingindo-se praticamente os mesmos teores máximos
para as mesmas condições de umidade em ambos os métodos.
39
observado para o resíduo in natura. Essa diminuição pode ser devida ao longo
tempo do processo.
(a) (b)
Entretanto, mais testes precisam ser realizados para confirmar tal suposição.
Quanto aos métodos de congelamento, o N2 líquido apresentou resultados
levemente melhores quando comparados aos do freezer, para mesmos tempos de
liofilização, o que indicou que houve certa proteção desse composto devido aos
cristais menores do método de congelamento rápido.
(a) (b)
40
Observando-se os resultados encontrados, verificou-se que praticamente em todos
os experimentos o AA se manteve constante ou com pouca variação e muito
próximo ao obtido no resíduo in natura. Tal comportamento também foi observado
por Marques (2008) para abacaxi, goiaba, acerola, manga e mamão papaya.
41
Figura 1.38 – Microscopia eletrônica de varredura (MEV) para amostras
desidratadas por liofilização congeladas previamente em freezer e desidratadas por
(a) 72 horas e ampliação de 50 vezes, (b) 72 horas e ampliação de 500 vezes, (c)
120 horas e ampliação de 50 vezes e (d) 120 horas e ampliação de 500 vezes.
(a) (b)
(c) (d)
1.7.CONSIDERAÇÕES FINAIS
42
aproveitamento desse material, muitas vezes disposto de maneira inadequada pelas
indústrias frutícolas.
O resíduo de maracujá foi analisado por duas técnicas, cujo uso tem se
popularizado nos últimos anos: o micro-ondas e a liofilização. Assim como
observado para a acerola, foram encontradas faixas adequadas de operação para
essas técnicas visando obter um produto final de qualidade adequada para ser
aproveitado. O uso de micro-ondas permitiu obter um material de boa qualidade em
tempos reduzidos de secagem e, apesar dos benefícios à estrutura final do material,
a liofilização se mostrou como uma técnica bastante dispendiosa devido aos altos
tempos de processo necessários.
1.8. BIBLIOGRAFIA
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47
48
Capítulo 2
49
2.1. INTRODUÇÃO
Uma dieta pode ser considerada saudável, quando nela contém uma variedade de
vegetais, podendo associar à dieta a prevenção/redução de doenças em longo
prazo, devido à presença de biocompostos (Heerman et al., 2017). Com relação aos
vegetais, apesar de seus benefícios nutricionais, são proteicamente pobres, sendo
necessário um enriquecimento proteico para obter um produto final de alta
qualidade e completo. Assim, é possível otimizar qualquer componente em uma
formulação, sendo este macronutriente, micronutriente ou até mesmo na quantidade
de traços. Segundo Qi et al. (2017), a busca por alimentos saudáveis e o crescente
avanço das tecnologias de processamento, fez com que a suplementação de
formulações alimentícias tenha se tornado alvo de estudos.
Para obtenção de uma formulação precisa e sem desperdícios, ela pode ser
viabilizada pela programação linear, esta ferramenta por meio de modelos
matemáticos, estabelece uma mistura ótima de diversas variáveis, respeitando a
função linear de efetividade, satisfazendo o conjunto de restrições lineares desejado
(Rocha et al. 2014, Larrosa et al. 2015), a esta modelagem fundamenta-se
basicamente no desenho de um conjunto de equações para descrever o sistema
com a maior precisão possível, respeitando as caraterísticas particular de cada
constituinte. Entretanto, o consumo de produtos vegetais é limitado pela alta
perecibilidade, assim alternativa para manter uma dieta diversificada em todas as
estações do ano, é comercializar os vegetais em sua forma desidratada, para
posterior reconstituição.
50
A secagem é amplamente utilizada para minimizar perdas no setor agrícola (Delele
et al., 2015), reduzindo a umidade e aumentando o tempo de conservação
(Mujumdar e Huang, 2007), essa técnica mostra-se apropriada para vegetais,
devido ao grande volume de processamento e rápidas taxas de secagem (Agrawal
e Methekar, 2017), em vista disso, estudos sobre a secagem de diversos produtos
agrícolas tem sido conduzidos com sucesso, em vegetais como batata (Goula et al.,
2017; Rahimi, et al., 2017), cebola (Mitra et al., 2011), cenoura (Vishwanathan et al.,
2013), manga (Medeiros et al., 2017), repolho (Yang et al., 2013), tomate
(Bennamoun et al., 2015; Azzez et al., 2017), entre outros produtos.
51
A qualidade dos alimentos desidratados depende diretamente das alterações que
ocorrem durante o processamento e armazenamento. Algumas destas alterações
envolvem modificações na estrutura física, afetando a textura, a reidratação e a
aparência do produto final. Outras mudanças são também devido a reações
químicas que podem acontecer pelo uso de temperaturas elevadas. No alimento
desidratado, a atividade enzimática residual, a atividade microbiana e a reidratação
são parâmetros de grande importância, na estimativa da validade do alimento e para
fornecer informações ao consumidor.
Figura 2.1. Uva red globe (Vitis vinífera Red Globe), ameixa (Prunus doméstica) e
maçã fuji (Malus doméstica): in natura (A, B e C, respectivamente) e desidratadas
(D, E e F, respectivamente).
52
As mudanças químicas que ocorrem durante a secagem são ligadas,
principalmente, as substâncias específicas peculiares de cada matéria-prima. Como
por exemplo, no estudo de Rocha et al. (2014) foi constatado que na secagem de
pasta de vegetais em leito de jorro, no experimento realizado a temperatura do ar de
entrada de 110ºC, os compostos fenólicos aumentaram em relação aos demais
experimentos em temperaturas menores, e mesmo sabendo que os fenóis são
termossensíveis, esse aumento foi atribuído a presença de precursores de
moléculas fenólicas na matéria-prima, formando compostos fenólicos por
interconversão não-enzimática.
Para inibição das reações enzimáticas pode ser empregado pré-tratamentos, como
pulverização de metabissulfato de sódio e cloreto de cálcio (Mwende et al., 2017).
Tais tratamentos visam inibir a atuação das enzimas oxidativas, como as
peroxidases e polifenoloxidases, responsáveis pela degradação dos compostos
fenólicos que dão início à reação de escurecimento enzimático. Esta reação ocorre
em três etapas sequenciais (Murata et al., 1995); na primeira, as enzimas,
denominadas monofenol mono-oxigenases, hidroxilam um monofenol para formar
um difenol de coloração incolor; a próxima reação é a oxidação do difenol em
compostos de cor ligeiramente amarelada, as quinonas; finalmente as quinonas
sofrem reações secundárias, enzimáticas ou não, formando os pigmentos marrons
característicos do fenômeno. A formação de pigmentos de origem enzimática é
facilmente observada em frutas ou vegetais cortados ou com sua superfície
injuriada, que ficam expostas a ação do oxigênio. Isso acontece porque quando o
vegetal se encontra intacto suas enzimas encontram-se retidas nas células, não
havendo possibilidade de reação, assim após o corte ou fratura os fluidos celulares
entraram em contato com ar, iniciando as reações de degradação que geralmente
são favorecidas pela temperatura de secagem.
53
Outro fator causador de perda de qualidade dos vegetais in natura são reações
microbiológicas, causadoras da deterioração dos tecidos vegetais, devido à
proliferação de bactérias, fungos e leveduras, em substratos com alto valor de
atividade água. No entanto, esse parâmetro pode ser controlado com o emprego
das boas práticas de fabricação (BPF) e da análise de perigos e pontos críticos de
controle (APPCC), em que consistem na aplicação de procedimentos para garantir a
produção de produtos seguros. A secagem também é eficaz na inibição de
microrganismos devido às altas temperaturas de operação.
Uma alternativa para melhorar o produto seco é optar por secá-lo na forma de
pasta, tornando possível fazer formulações que antecedem a operação de secagem,
o que proporcionará um produto final íntegro e homogêneo. Pois, os pós que serão
secos individualmente para posterior mistura, podem apresentar granulometrias
distintas e partículas visivelmente não-uniformes, deixando o produto com aspecto
heterogêneo. Isso ocorre porque a maioria dos materiais vegetais é composta por
estruturas de diferentes escalas e funções. De acordo com (Rahman et al., 2018)
essas escalas são classificadas por macroescala, mesoescala e microescala, sendo
o exemplo escolhido pelo autor foi a composição estrutural de uma maçã, onde são
encontrados tecidos diferentes, como os tecidos do vórtice, dos córtex externo e
interno
Salinas et al. (2018), Park e Yoon (2018) e Olaniyan et al. (2017) e secaram yácon,
batata e tomate, respectivamente, na forma de pastas. Nos estudos foram avaliadas
propriedades como funcionalidade, estrutura do material, características sensoriais
e reológicas, compostos antioxidantes e reconstituição do pó, além de diferentes
condições de secagem e seus parâmetros. Os autores alcançaram melhores
qualidades dos produtos em pó, devido às inúmeras respostas que foram estudadas
e avaliadas a fim de melhorar o processamento e a operação de secagem.
54
Figura 2.2. Alho (Allium sativum) e casca de banana verde (Musa spp.): (A e D) in
natura, (B e E) na forma desidratadas, e seus produtso finais na forma de pó (C e
F), respectivamente.
Larrosa et al. (2015) realizou a formulação de uma pasta composta por diferentes
vegetais, e nessa formulação foi otimizada a atividade antioxidante, sendo que a
pasta foi seca em leito de jorro cônico. O pó seco apresentou uma alta atividade
antioxidante total (81,3% de inibição do DPPH), teor de umidade inferior a 0,10 g g -1,
e com aspecto fino e homogêneo. como pode ser observado na figura 2.3.
Figura 2.3. Produto desidratado da pasta de vegetais seca em leito de jorro cônico
(Larrosa, 2012).
55
As pastas de vegetais secas podem ser empregadas em uma série de formulações
alimentícias, como aditivos ou produto principal, tais como, molhos, sopas, misturas
instantâneas de sopas e cremes, e alguns produtos alimentares especiais. Assim, a
secagem torna-se uma operação fundamental no processamento de vegetais,
sendo capaz de evitar problemas ambientais com os excedentes gerados, e agregar
valor no produto final, ofertando um produto de boa qualidade.
No caso das proteínas existem várias evidências sobre os bons aspectos físicos,
químicos, nutricionais e biológicos das proteínas de origem animal (Smithers, 2015)
e, juntamente, com a procura por alimentos saudáveis e avanço das tecnologias de
processamento, as proteínas têm grande importância na suplementação de
formulações alimentícias (Qi et al., 2017). Também é possível otimizar a quantidade
de algum nutriente já existente, como a atividade antioxidante, no estudo de Larrosa
et al. (2015).
56
Ursache et al. (2018) extraíram carotenoides de bagas de espinheiro marítimo
(Hippophae rhamnoides L., ssp. Carpatica), um arbusto encontrado na Ásia e na
Europa, a fim de encapsulá-los com proteínas do soro do leite, goma de ácacia e
óleo de groselha. Após essa mistura foi seca em spray drying, gerando um pó com
alto teor de antioxidantes, e os resultados da microscopia e de FT-IR do pó obtido,
indicaram que as moléculas de carotenoides totais estavam envolvidas por películas
de proteínas do soro de leite, e o pó apresentou aspecto esferoide de 2-30 μm, além
das bandas específicas para carotenoides. Depois, o pó obtido foi testado em
formulação de muffins, e estes apresentaram depois de assados um total teor de
carotenoides de 24,2 ± 12,9 mg kg-1.
Figura 2.4. Pasta de vegetal enriquecida com soro de leite: (A) in natura, (B) seca
em bandeja e, (C) seca em leito de jorro.
57
que os produtos secos derivados dos rejeitos de saladas poderiam ser usados como
ingredientes funcionais em formulações alimentícias.
A secagem é uma das operações industriais de maior gasto energético (Hu et al.,
2016), elevadas cargas energéticas estão relacionadas com as altas taxas de calor
necessárias para a remoção de umidade do sólido por evaporação. Durante a
secagem ocorrem transferências simultâneas de calor e massa através da aplicação
de calor no material (Perry e Chilton, 1980; Mujumdar, 2014).
58
infravermelho, bomba de calor e leito fluidizado são amplamente utilizados na
secagem, como é possível observar na tabela 2.1.
Abacate Da Silva e Da
Pasta - Infravermelho
(Persea americana) Silva, (2018)
Hardy e
Amendoim bambara Pasta - Spray drying
Jideani (2018)
-Convectivo tradicional
Cebola - Liofilizador Ren et al.,
Fatias
(Allium cepa L.) - Vácuo (2017)
- Ar desumidificado
Jambolão/jamelão - Liofilizador Paul e Das
Pasta
(Syzygium cumini L.) - Micro-ondas (2018)
- Vácuo
Pêra
Proietti et al.,
(Pyrus communis L. cv. Cubos - Convectivo tradicional
(2018)
„Conferência‟)
Rosa-mosqueta
Demarchi et
(Rosa rubiginosa, rosa Pasta - Vácuo
al., (2018)
eglanteria L.)
Taro - Convectivo tradicional
Wei et al.,
(Colocasia esculenta (L). Fatias - Micro-ondas
(2018)
Schott) -Vácuo
59
e a secagem ocorre rapidamente e não exige altas pressões, e estudos relatam sua
capacidade de aumentar a validade do produto seco. A secagem por janela de
refração pode ser aplicada nas indústrias de alimentos, farmacêutica, nutracêutica,
cosmética e de pigmentos. No entanto, reserva-se está técnica para produtos de
alta qualidade, pela sua capacidade de reter compostos aromáticos e pigmentos
naturais, tornando está técnica de alto custo.
Porém, a programação linear também pode ser utilizada para outras finalidades
relacionadas à funcionalidade do produto alimentício, como por exemplo, a
otimização de uma dieta balanceada para crianças com recomendações nutricionais
relatada por Briend et al. (2003), a maximização de calorias de uma pasta de
vegetais para sopa desidratada avaliado por Larrosa et al. (2011), a maximização de
proteínas para pasta de vegetais por Rocha et al. (2014) e a maximização de
atividade antioxidante de pasta de vegetais por Larrosa et al. (2015).
60
minimizar conteúdo de gordura em alimentos, maximizar teor de carotenoides,
maximizar conteúdo proteico, minimizar conteúdo de açúcar no produto, dentre
outros. Esta função é representada por uma chamada “função objetiva” a qual
deverá ser maximizada, minimizada ou até mesmo se igualar a um dado valor.
onde Y é o valor a ser otimizado chamado de função objetiva, x1, x2, x3,...,xn são as
variáveis de decisão a serem otimizadas e, a1, a2, a3,..., an são constantes.
onde x1, x2, x3,...,xn são as variáveis de decisão e, b0, b1, b2, b3,..., bn são
constantes.
n
FT mi.Fi (3)
i 1
61
Cabe salientar que para que o programa consiga resolver a otimização, é
necessário ter o conhecimento dos vegetais que serão inseridos na planilha,
podendo ser aqueles que apresentam maior proporção do nutriente que se deseja
maximizar, como fibra bruta, e a composição centesimal de cada vegetal. Pois, a
composição de carboidratos, proteínas, fibras, lipídios serão valores conhecidos e
constantes ao longo da otimização. No caso, da Equação 3, a quantidade de fibra
deve ser conhecida para cada vegetal escolhido, que pode ser retirado através de
uma tabela de composição de alimentos ou ser realizado em laboratório.
Como o produto base seria uma sopa desidratada, foi estabelecida neste exemplo
as restrições de nutrientes. Com isso, cada restrição deve ter um limite mínimo e
máximo que cada variável de decisão pode atingir. E assim a otimização irá buscar
um máximo valor de fibras selecionando e quantificando aqueles vegetais que
convergirão para um valor máximo e ótimo. As Inequações 4 a 13 representam as
limitações de carboidratos, proteínas, lipídios, fibras e valor calórico,
respectivamente.
n n
mi .Ci C1
i 1
(4) m .C
i 1
i i C2 (5)
n n
mi .Pi P1
i 1
(6) m .P P
i 1
i i 2 (7)
n n
mi .Li L1
i 1
(8) m .L
i 1
i i L2 (9)
62
n n
m .F
i 1
i i F1 (10) m .F
i 1
i i F2 (11)
n n
mi .Vci Vc1
i 1
(12) m .Vc
i 1
i i Vc2 (13)
Onde os valores Ci, Pi, Li, Fi e Vci, são as composições de cada constituinte
vegetal, como carboidratos, proteínas, lipídios, fibras e valor calórico,
respectivamente. Os valores C1, P1, L1, F1 e Vc1 são referentes aos limites mínimos
de composição, enquanto que C2, P2, L2, F2 e Vc2 são referentes aos limites
máximos de composição. O tabela 2.2 apresenta um exemplo dos limites de
restrição da composição de nutrientes para a otimização de fibra bruta utilizada na
planilha do Excel.
Tabela 2.2. Células de restrição de cada nutriente e seus limites máximo e mínimo.
Composição Limite mínimo Limite máximo
Carboidratos g/100g 50 75
Proteínas g/100g 3 10
Lipídios g/100g 0,5 2
Fibras g/100g 2 15
Calorias (kcal/100g) 250 400
mi 0 (16)
mi m (17)
63
Diante da definição de todas as equações e inequações lineares e a instalação do
suplemento Solver no Excel é necessário realizar a montagem da formulação.
Inicialmente deve-se separar a célula de destino onde constará a equação da
função objetiva; definir as células das variáveis, onde podem ser alteradas ao longo
do processo para se atingir a otimização da célula de destino e; as células de
restrição como foi exemplificado na tabela 2.2. Ao fazer a seleção correta das
células e colocando o programa a resolver o problema, será informado se obteve ou
não uma solução ótima. Se ao final da resolução não atingir uma solução ótima, é
porque algum valor está abaixo ou acima dos limites estabelecidos, ou seja, o
programa não conseguiu maximizar a quantidade de fibras. Portanto, deve-se rever
todas as restrições colocadas na planilha e resolver novamente. No caso deste
exemplo de maximização de fibras, o programa Solver ainda obtém o resultado final
da otimização da composição, desde que se coloque nas células de destino
adequadas a equação linear que represente o determinado componente,
associando a quantidade de cada constituinte utilizado. Esses valores teóricos
poderão ser comparados analiticamente em laboratório e, assim, comprovar a
viabilidade da ferramenta matemática de otimização.
No trabalho realizado por Larrosa et al. (2015) foi definido como função objetiva a
maximização da atividade antioxidante dos compostos fenólicos presentes nos
vegetais, sendo utilizados seis vegetais e óleo de soja. Destes seis vegetais, apenas
a abóbora não foi selecionada e quantificada. Os autores mencionam que apesar de
apresentar compostos bioativos, a sua atividade antioxidante determinada pela
metodologia do radical DPPH, não atingiu o valor mínimo estabelecido pelos limites
de restrição de atividade antioxidante. Logo, o programa não inseriu seus dados e
não otimizou sua quantidade, definindo como 0 g para este vegetal.
Rocha et al. (2015) também avaliaram a programação linear para maximizar o teor
proteico de pasta de vegetais, porém, com plasma bovino, obtendo uma formulação
otimizada para ser utilizada na secagem em leito de jorro. Comparando as
diferentes otimizações, foi observado que a pasta de vegetais formulada com
plasma bovino obteve uma quantidade mássica maior (40,8 g, b.u.) do que usando
sangue inteiro (35,3 g, b.u.), considerando os mesmos vegetais para cada
formulação e com as mesmas restrições. Além disso, constata-se variações nas
quantidades dos vegetais ao mudar a fonte proteica. Por exemplo, no estudo de
Rocha et al. (2014) as quantidades de cebola, cenoura e tomate foram as maiores
e, com valores próximos de 200 g (b.u.), enquanto que no estudo de Rocha et al.
(2015) a quantidade de tomate foi a maior. Essas diferenças ocorreram porque cada
64
constituinte a ser colocado na formulação possuía composição química diferente, e
associado aos limites estabelecidos pelas restrições poderia ocorrer variações nas
suas quantidades. Nesses casos, devido às restrições de limites de 15 a 20% (m m -
1
) de proteínas, e como o tomate era o vegetal que apresentava maior concentração
proteica em relação aos demais, a sua quantidade foi a maior otimizada. Rocha
(2016) também relatou esse fato, ao avaliar o enriquecimento da pasta de vegetais
com soro de leite utilizando a programação linear para maximizar o teor de
proteínas e secagem em leito de jorro. Portanto, apesar da função objetiva seja
maximizar proteínas, não necessariamente o material mais proteico será otimizado
com maior quantidade, devido às interações entre outras variáveis e os limites
estabelecidos.
Rodrigues et al. (2014) utilizaram a programação linear para formular uma pasta de
vegetais com sangue bovino, com variações na concentração lipídica de 4 e 6% (m
m-1). Neste estudo obtiveram duas formulações diferentes utilizando a mesma
função objetiva para maximizar o conteúdo proteico. No entanto, a concentração de
lipídios foi fixada nos limites mínimos e máximos com seus valores correspondentes
às concentrações desejadas. O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho da
secagem em leito de jorro em relação ao acúmulo de material no leito. Em relação
às formulações otimizadas, foi observado que houve variações nas quantidades dos
vegetais, assim como do óleo de soja comercial e do sangue bovino. Por exemplo, a
quantidade de tomate para formulação de 6% (m m -1) de lipídios aumentou 13%,
enquanto que os demais vegetais apresentaram pequena redução. Isso pode ser
explicado pela composição dos vegetais, em que o tomate apresentava mais lipídios
do que os demais.
Segundo Musina et al. (2017), a programação linear pode ter aplicações típicas na
indústria de alimentos, tanto na área de processamento de alimentos, quanto na
melhoria da nutrição do animal, produção de dietas de baixo custo, entre outros.
Também, os autores mencionaram as vantagens em relação ao cálculo rápido e
amplitude das características nutricionais de um produto em relação aos outros
métodos matemáticos. Logo, a ferramenta de otimização pode ser utilizada para
formulações na dieta do animal, como na dieta de humanos, assim como, no próprio
crescimento de vegetais, o que contribui para um melhor desenvolvimento da
matéria prima, seja de origem animal ou vegetal, para ser destinada a um
determinado produto alimentício.
65
como foi discutido, utilizada para obtenção de pastas para serem utilizadas em
secadores de leito móvel, como o leito de jorro.
A secagem de vegetais pode ser realizada por diversas técnicas, como secagem
solar, bandeja, a vácuo, spray drying, leito fluidizado, leito de jorro, liofilização,
dentre outras. A obtenção de produtos secos representa uma maneira de estender a
vida útil destes alimentos perecíveis, e reduzir suas perdas durante a distribuição,
transporte e consumo. Além disso, estes produtos podem ser incorporados em
diversas formulações, como na área de panificação (biscoitos, massas),
condimentos, sopas desidratadas, shakes, pó para sucos, snacks, dentre outros.
66
podem influenciar nas respostas bioquímicas do produto e explicar os efeitos
causados pelo processo. No caso do estudo de Larrosa et al. (2015), o qual foi
estudado três temperaturas, foi definido que a temperatura de 100ºC foi a mais
apropriada devido à maior atividade antioxidante dos compostos fenólicos que não
apresentou diferença significativa (p>0,05) em relação à pasta in natura. Foi
mencionado ainda, que apesar de ter apresentado uma maior temperatura de saída
do ar (88ºC), o tempo de residência do produto dentro do equipamento foi menor
comparado aos outros experimentos. Ao comparar com a secagem em bandeja, em
que a pasta foi seca numa menor temperatura (65ºC), o tempo de contato com o ar
quente foi superior à secagem em leito de jorro. Com isso, fez com que ocorresse
maiores perdas de compostos fenólicos e, consequentemente, afetou sua
capacidade antioxidante para valores menores que a secagem em leito móvel.
67
todas as outras condições. Portanto, para interpretar esses resultados é necessário
compreender todos os fatores envolvidos, seja as condições operacionais do
secador utilizado, como o material que está sendo seco. Também deve-se avaliar
que numa dada condição que apresentou maior quantidade fenólica não
necessariamente terá a maior capacidade antioxidante, pois, depende dos
compostos fenólicos que foram extraídos, quais que ficaram presentes na amostra,
a interação destes compostos com outros nutrientes no alimento, dentre outros
fatores.
68
podem ser encontrados na literatura tais como: Henríquez et al. (2014) avaliaram a
cinética de degradação térmica de maçã desidratada em diferentes temperaturas;
Méndez-Lagunas et al. (2017) estudaram a cinética de morango avaliando o
comportamento da atividade antioxidante, conteúdo de antocianinas e compostos
fenólicos e; Qiu et al. (2018) avaliaram a degradação cinética de antocianinas de
batata roxa desidratada em fatias.
De modo geral, pode-se dizer que a estabilidade dos compostos fitoquímicos pode
ser afetada pela presença de oxigênio, temperatura, luminosidade, atividade de
água, pH e pró-oxidantes como enzimas, minerais e metais (Deman, 1999). A
intensidade das reações envolvidas depende do tempo de exposição e da
temperatura utilizados durante a operação de secagem, os quais permitem uma
maior ou menor degradação do produto. No entanto, isso pode ser contornado com
a combinação de baixas temperaturas e reduzido tempo de residência dos
equipamentos de secagem, o que ainda é um desafio na área de alimentos, como
no caso de pastas de vegetais.
Uma outra abordagem tem sido utilizada para analisar os extratos fenólicos é a
análise pelo infravermelho. A espectroscopia na região do infravermelho (FT-IR) é
uma análise orgânica qualitativa para identificação de grupamentos funcionais,
através de valores das frequências de absorção da molécula (bandas) (Garcia,
2006; Haack, 2010). A análise pela espectroscopia por infravermelho-médio possui
vantagens por ser um método rápido se comparado às metodologias de análise de
compostos fenólicos (Abbas, 2017). Colorimetria e cromatografia líquida de alta
eficiência são técnicas demoradas, caras e exigem quantidade significativa de
solvente. Logo, o desenvolvimento de um método analítico que rastreie rapidamente
uma amostra facilitaria a identificação e avaliação do conteúdo de fenóis de
matrizes de plantas. Portanto, a técnica de infravermelho pode ser utilizada para
identificar espectros de cada padrão de composto fenólico considerando ao redor de
13 ácidos fenólicos e 23 flavonoides conhecidos, permitindo o conhecimento das
bandas de diferentes famílias. Esta análise na área de compostos fenólicos ainda
69
está sendo estudada, mas pode auxiliar na interpretação dos resultados de
quantificação de compostos antioxidantes seja na matéria prima ou no produto
processado e/ou desidratado. Apesar de não quantificar o composto antioxidante, a
técnica auxilia na identificação de alguns grupamentos funcionais presentes em
compostos fenólicos e por sua vez, dependendo da amostra e da condição
operacional de secagem pode ter reduzido ou aumentado sua absorção ao passar
pela radiação infravermelha ou eliminada a sua banda. Essa interpretação ocorre
pela transformada de Fourier (FT-IR) do espectro de absorção no infravermelho,
sendo um método mais rápido de caracterizar o grupo funcional de um composto
químico melhorando também a qualidade dos espectros. Para interpretar os
resultados das bandas é necessário conhecer os possíveis compostos fenólicos
presentes na amostra, assim como a banda (nm) que represente os grupos
funcionais.
Figura 2.5: Espectros de FT-IR dos extratos metanólicos das pastas de vegetais
enriquecida com soro de leite: (A) 110ºC, (B) 100ºC e (C) 90ºC. Rocha (2016).
70
primários respectivamente (Silverstein et al., 2005). Sendo possível afirmar que
houve uma degradação na concentração de antioxidantes, porque a intensidade
diminuiu com o aumento da temperatura de secagem.
Larrosa et al. (2011, 2015) e Rocha et al. (2014, 2015) avaliaram a variação de cor
(∆E) como resposta do efeito da secagem de pasta de vegetais, em leito de jorro e
bandeja tradicional, e os parâmetros L, a, b, C e ângulo Hue como caracterização
dos produtos in natura e secos. Comparando as duas técnicas, pôde-se dizer que a
secagem em bandeja não afetou tanto a cor do produto final, apesar do ar quente a
65°C entrar em contato com a pasta de vegetais por um tempo maior. A secagem
em leito de jorro por ser uma técnica que utiliza a atomização e aspersão da pasta,
faz com que a luminosidade do produto desidratado seja maior do que a pasta in
natura devido à maior área de exposição ao ar quente. Larrosa et al. (2011, 2015) e
Rocha et al. (2015) obtiveram tonalidade da pasta de vegetais e dos produtos
desidratados na região do amarelo-esverdeada (ângulo Hue acima de 90°),
enquanto que Rocha et al., (2014) obtiveram valores de Hue pouco diferentes nos
produtos desidratados com pasta de vegetais devido à adição do sangue bovino, e
esses autores apresentaram valores abaixo de 90° na região da tonalidade amarelo-
avermelhada devido ao pigmento vermelho do sangue, a hemoglobina. Apesar de
que, na pesquisa de Rocha et al. (2015) formularem uma pasta de vegetais
enriquecida, o uso apenas do plasma bovino não afetou a pigmentação do produto
final, ficando amarelo-esverdeada.
71
deve às suas propriedades funcionais, como solubilidade, capacidades de absorção
de água e de óleo, emulsificação, formação de espumas e gelificação. Essas
propriedades tornam as proteínas alimentares versáteis e, também ingredientes
úteis no desenvolvimento de produtos, formulação e outras aplicações (Aryee et al.,
2018). Além da funcionalidade da proteína, também pode ser avaliada a qualidade
desta que pode ser aproveitada e absorvida em nosso organismo, medindo-se a
quantidade de proteínas que são hidrolisadas pelas enzimas digestivas como a
digestibilidade proteica. Portanto, quando se trata de alimentos principalmente
proteicos ou enriquecidos com proteínas, além da quantificação de proteínas, é
importante também avaliar a funcionalidade do produto desidratado e a qualidade
deste nutriente para fins tecnológicos e nutricionais.
72
temperatura de bulbo úmido do ar de entrada que, dependendo da umidade
absoluta do ar e das condições operacionais pode alcançar entre 35-43ºC. Logo, o
produto estará no máximo ao redor de 50ºC. Teoricamente, o produto desidratado
deveria sofrer aumento nas suas propriedades funcionais, porém, deve-se
relacionar com os demais fatores já citados que podem influenciar na resposta final.
Rocha et al. (2014, 2015) verificaram que, na secagem em leito de jorro em pastas
de vegetais enriquecida com sangue e plasma bovinos, o efeito da temperatura do
ar de secagem influenciou significativamente tanto na solubilidade quanto na
digestibilidade proteica. Além disso, foi observado que a digestibilidade do produto
foi maior do que a pasta de vegetais in natura.
Rocha (2016) encontraram, nas pastas de vegetais secas em leito de jorro, valores
superiores de CRA nos produtos secos ao utilizar soro de leite em relação à adição
de plasma ou de sangue bovino. Isso se deve à elevada concentração de proteínas
solúveis que se encontram no soro de leite, mesmo utilizando uma quantidade
menor em relação às quantidades otimizadas na formulação de pasta de vegetais
contendo sangue ou plasma bovino. Logo, a quantidade de fonte proteica nem
sempre garante elevadas propriedades funcionais, pois depende da qualidade das
proteínas que estão presentes, do perfil de aminoácidos e da interação entre
proteína-água. A temperatura do ar de secagem está diretamente ligada às perdas
das propriedades proteicas, sendo necessário manter sempre o rigoroso controle
deste parâmetro para sejam minimizadas as perdas dos compostos nitrogenados.
2.5. REIDRATAÇÃO
73
secagem, além das condições operacionais do próprio secador, fatores como
porosidade, tamanho de partícula e estado bioquímico dos nutrientes influenciam na
taxa de reidratação. García-Segovia et al. (2011) também relataram que a
reidratação é influenciada pelos chamados fatores intrínsecos (composição do
material, pré-tratamentos de secagem, formulação do produto, procedimentos pós-
secagem) e fatores extrínsecos (como meio de imersão, temperatura do
procedimento e condições hidrodinâmicas).
A maioria dos produtos desidratados que são obtidos por secagem convencional
convectiva em bandejas são em pedaços/fatias onde, às vezes, é necessário
realizar uma moagem a fim de se obter uma granulometria padronizada e mais fina,
para aumentar a capacidade de reidratação em produtos em pó. Neste caso, ao
reduzir o tamanho das partículas, aumenta-se a área superficial, e
consequentemente, influencia à velocidade de reidratação. Técnicas de secagem
como leito de jorro e spray drying, em pasta de vegetais, possuem vantagens de
obter produtos com granulometria fina (<100 µm). Já na técnica de freeze-drying,
obtém-se produtos com estrutura altamente porosa devido à cristalização da água
em cristais de gelo, os quais sublimam. A secagem a vácuo ao empregar pressão
abaixo da atmosfera faz com que o material infle, causando um aumento da pressão
interna do produto, tornando-o poroso (Voda et al., 2012; Oliveira, 2014).
74
estudaram fatias de maçã a 30ºC avaliando diferentes tempos de imersão. Portanto,
esses estudos avaliaram a reidratação utilizando o sistema de imersão da amostra
em água, e após um determinado tempo era retirada e quantificada o quanto de
água era adsorvida. Nos estudos da reidratação de amostras em forma de pós
secos, de cebola, pasta de vegetais e spirulina, respectivamente, de Martins e Pinto
(2003), Larrosa (2012) e Larrosa et al. (2016), foi utilizado um método diferente do
método tradicionalmente descrito na literatura.
Legenda: (1) Suporte universal; (2) Funil de Buchner; (3) Mangueira de silicone; (4) Pipeta graduada de 10 mL.
75
2.6. ANÁLISES TÉRMICAS, MORFOLÓGICAS E ESTRUTURAIS
A análise térmica é uma técnica muito aplicada em secagem a fim de avaliar o efeito
da operação no produto final. As análises mais utilizadas são DSC (calorimetria
exploratória diferencial) e TGA (análise termogravimétrica).
Figura 2.7. Calorimetria diferencial exploratória das pastas vegetais enriquecida com
plasma bovino: (A) in natura, (B) seca em bandejas e, (C) seca em leito de jorro.
(Rocha, 2016).
A figura 2.7 mostra a análise de DSC determinada por Rocha (2016), para pasta
vegetais enriquecida com plasma bovino in natura, seca em bandejas e seca em
leito de jorro. As curvases não apresentam muitas diferenças e este comportamento
76
está associado à estabilidade térmica dos compostos presentes no pó, como
funcionais e bioativos, que se mantiveram após a secagem. O impacto da
temperatura de secagem no produto seco também pode ser avaliado pela
temperatura de transição vítrea, que na figura 2.7 variaram de aproximadamente 90
a 120ºC. Na temperatura de transição vítrea o sistema amorfo pode mudar de alta
viscosidade para uma viscosidade mais baixa, estando essa temperatura associada
à estabilidade do pó.
A figura 2.8 mostra as análises de MEV das pastas vegetais enriquecidas com
plasma bovino secas em bandejas e em leito de jorro (Rocha 2016). Nesta figura é
possível observar a diferenças com relação à granulometria do produto seco, pois
as partículas secas em secador de bandejas apresentam-se maiores do que as
secas em leito de jorro. Também é possível observar uma tendência a aglomeração
na figura 2.8(B), esse fato pode ser atribuído a exposição ao ar de secagem que
ocorre nas partículas secas em leito de jorro, tornando-as mais susceptíveis a
reação de caramelização, fazendo com que as partículas tenham a tendência de
aderirem entre elas.
77
Figura 2.9. Difração de raio-X da pasta vegetais enriquecida com soro de leite seca
em leito de jorro na temperatura de 100ºC. Rocha (2016).
2.8. BIBLIOGRAFIA
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87
88
Capítulo 3
89
3.1. INTRODUÇÃO
90
Este capítulo apresenta um estudo sobre os transportes de calor e massa
envolvidos durante a secagem de sistemas particulados em um tambor horizontal
parcialmente preenchido. São apresentados e discutidos os possíveis mecanismos
de transferência no sistema e um modelo matemático a uma fase (pseudo-
homogêneo) é proposto para predição dos perfis de temperatura e concentração de
água ao longo do tempo. Discute-se em detalhes a questão da sensibilidade do
modelo às variações dos parâmetros, o que se denomina sensibilidade paramétrica.
O modelo foi validado experimentalmente com partículas esféricas de sílica-gel e
com fibras de bagaço de cana. Valores das propriedades físicas do meio poroso
foram obtidos da literatura ou determinados experimentalmente, quando não
disponíveis.
91
de volume representativo do sistema. Esse modelo é chamado de pseudo-
homogêneo ou a uma fase e os balanços de massa e energia são propostos para o
meio pseudo-homogêneo. Já no segundo, chamado de modelo a duas fases ou
heterogêneo, são propostos balanços para cada fase isoladamente, acoplando-os
na interface fluido-partícula. A abordagem a duas fases é mais completa e
consistente fisicamente; no entanto, há dificuldade em se obter informações
experimentais locais das fases sólida e fluida, de modo a validar o modelo, bem
como em se determinar as propriedades físicas da fase sólida e os coeficientes de
acoplamento entre as fases. Os modelos pseudo-homogêneos fornecem
informações gerais e aproximadas, que são, por vezes, suficientes para que os
fenômenos globais de transferência de calor e massa possam ser observados e
compreendidos.
Entrada Saída
de ar de ar
Meio
poroso
Água
∂X 1 ∂X ∂2 X ∂2 X 1 ∂2 X
= Deff + + +
∂t r ∂r ∂r 2 ∂z 2 r 2 ∂θ2
(1)
ρ ∂Xabs Vθ ∂Xabs ∂Xabs
+ a Vr + + Vz
ρs ∂r r ∂θ ∂r
Em que:
92
r, z, θ Posições radial, axial e angular, respectivamente (m)
T Tempo (s)
Vr, Vz Velocidades do ar em meio ao leito de partículas nas direções radial,
e Vθ axial e angular, respectivamente (m s-1)
X Concentração de água no leito (kg-água kg-sólido-seco-1)
Xabs Umidade absoluta do ar (kg-água kg-ar-seco-1)
ρa Densidade do ar (kg m-3)
ρs Densidade do sólido úmido (kg m-3)
∂X 1 ∂X ∂2 X ∂2 X 1 ∂2 X ρ ∂ T Vθ ∂ T ∂T
= Deff + + + 2 2 + a f𝑐 Vr + + Vz (2)
∂t r ∂r ∂r 2 ∂z 2 r ∂θ ρs ∂r r ∂θ ∂z
93
Figura 3.2. Vista transversal do tambor horizontal parcialmente preenchido por
partículas. Note-se que a coordenada radial é dependente da coordenada angular,
devido à assimetria do sistema.
2 1
r
r
∂X 1 ∂X ∂2 X ρa ∂T
= Deff + + f𝑐 Vr (3)
∂t r ∂r ∂r 2 ρs ∂r
É importante frisar que este último termo se refere somente aos fenômenos de
transporte envolvidos em meio ao leito de partículas e não está relacionado com o
escoamento forçado de ar no espaço vazio acima da superfície do leito.
∂T 1 ∂ T ∂2 T ∂T
ρl Cpl = K0 + + Cpa − λf𝑐 ρa Vr (4)
∂t r ∂r ∂r 2 ∂r
Em que:
94
λ Calor latente de vaporização da água (J kg-1)
ρl Densidade do leito (kg m-3)
Para a solução destes balanços, algumas aproximações foram consideradas:
Balanço de Massa:
t = 0, X = X0 (5)
X
r = ri(θ) , Deff = β X - Xeq (6)
r
X
r = R, Deff =0 (7)
r
Balanço de Energia:
t = 0, T = T0 (8)
T
r = ri(θ) , K0 = h T - T (9)
r
T
r = R, K0 = α w TP - T (10)
r
A complexidade dos balanços sugere que não sejam possíveis soluções analíticas e
que métodos numéricos sejam empregados para a integração das equações
diferenciais. No caso do tambor horizontal utilizado, embora admitido o possível
95
escoamento de fluido em meio às partículas ou nas fronteiras do leito, as partículas
permanecem estáticas durante todo o tempo, o que permite que esta análise se
utilize do método das diferenças finitas para solução.
O calor específico do leito (Cpl) pode ser estimado pela soma ponderada entre as
frações volumétricas de sólido úmido e de gás no meio poroso:
O calor específico da fase sólida não está disponível para grande parte dos
materiais agroindustriais e pode ser obtido por calorimetria exploratória diferencial
(DSC, da sigla em inglês). A porosidade do leito pode ser determinada por
picnometria, para a obtenção da densidade do sólido (s), e por gravimetria, para a
obtenção da densidade do leito (l), sendo calculada por meio de sua definição:
𝜌𝑙
𝜀 =1−
𝜌𝑠
96
Tabela 3.1. Parâmetros requeridos para solução simultânea dos balanços de massa
e energia e caracterização dimensional de partículas de sílica-gel e de bagaço de
cana.
Parâmetro Descrição Valor Fonte
Caracterização dimensional das partículas
Diâmetro médio de
0,055 cm Medida direta do
dsílica partículas de sílica-gel
± 0,008 cm diâmetro de dez
secas
partículas
Diâmetro médio de fibras
0,0077 cm aleatórias com
dBC de bagaço de cana a
± 0,016 cm paquímetro
7,3% de umidade (b.u.)
Medida direta do
Comprimento médio de comprimento de
1,65 cm
LBC fibras de bagaço de cana dez partículas
± 0,28 cm
a 7,3 % de umidade aleatórias com
paquímetro
Aproximação ao
Volume médio das
Λsílica 0,0078 cm³ volume de uma
partículas de sílica-gel
esfera
Volume médio das Aproximação ao
ΛBC partículas de bagaço de 0,00071 cm³ volume de um
cana cilindro
Porosidade do leito de Casciatori et al.
εBC 0,733 kg m-³
bagaço de cana 2014
Porosidade do leito de Método
εsílica 0,4
sílica-gel gravimétrico
Propriedades físicas e térmicas
Densidade do ar a
1,18 kg m-3
25 ºC
ρa
Densidade do ar a
1,14 kg m-³ Perry et al. 2008
45 ºC
Densidade do leito de
ρsílica 1200 kg m-³
sílica-gel
Densidade do leito de
Casciatori et al.
ρBC fibras de bagaço de cana 318 kg m-³
2014
a 75% (b.u.)
Condutividade térmica
Casciatori et al.
K0,BC efetiva do leito de fibras K0,BC = f (Xa)
2013
de bagaço de cana
Cpa Calor específico do ar 1180 J kg-1 oC-1 Himmelblau 1982
Calor específico da
Cpsílica 940 J kg-1 oC-1 Perry et al. 2008
sílica-gel
Calor específico do
CpBC 1760 J kg-1 oC-1 Prieto 2003
bagaço de cana seco
-1 o -1
Cpágua Calor específico da água 4184 J kg C Perry et al. 2008
fc Coeficiente de saturação 0,00246
do ar em função da kg-água kg-ar-1 ºC-1 Perry et al. 2008
temperatura
Calor latente de 241430 J kg-1
Λ Perry et al. 2008
vaporização da água
97
Coeficiente de
transferência de calor Tada et al.
hw entre a parede do tambor 3,1 W m-2 oC-1 2017(2)
e a primeira camada do
leito
Variáveis de processo
T0 Temperatura inicial do leito 25 ºC
Temperatura do ar na entrada do
Tar
tambor
45 ºC
Temperatura da parede interna do
TP
tambor
Concentração de água inicial das 0,25
X0,sílica
partículas de sílica-gel kg-água kg-sólido seco-1
Concentração de água inicial das fibras 3
X0,BC
de bagaço de cana kg-água kg-sólido seco-1
R Raio do tambor 0,15 m
98
0,037 Re0,8 Pr
Nuturbulento = 2 (13)
1 + 2,443 Re−0,1 Pr 3 −1
𝐿 2 2
𝑁𝑢 = = 𝑁𝑢𝑙𝑎𝑚𝑖𝑛𝑎𝑟 + 𝑁𝑢𝑡𝑢𝑟𝑏𝑢𝑙𝑒𝑛𝑡𝑜 (14)
𝐾𝑎
Entrada Saída
de ar de ar
Placa Meio
térmica poroso
Isolante
térmico
Água
99
entre os dados experimentais e os dados simulados. Outros valores para
coeficientes dessa natureza podem ser encontrados em VDI Heat Atlas.
Pe
Nuesfera = 2 + F 6 (15)
Pr
V
V* = (16)
ε
ε
d* = d (17)
1-ε
100
comumente utilizado em casos em que se admite convecção natural em meio a um
leito de partículas esféricas, como é o caso abordado na presente seção para
partículas de sílica-gel. Desse modo, para se estimar a velocidade de escoamento
do fluido, admite-se Nuesfera = 2.
O fator F é definido como apresentado na equação 18 para Pr > 0,6. Para regiões
de escoamento predominantemente laminar, o fator pode ser aproximado a 0,6 ou
0,664, quando adota-se geometria de uma placa plana.
2
0,0557 Re0,3 Pr 3
F = 0,664 1 + 2
(18)
1 + 2,44 Pr 3 − 1 Re−0,1
1 2
Nucilindro = 0,6 + 0,387 Ra f(Pr) 6 (19)
101
bem como diferenças de temperatura podem motivar a ocorrência de fluxos de
massa. Estes efeitos são chamados Soret e Dufour, respectivamente, e baseiam-se
no conceito do não-equilíbrio termodinâmico.
Mais tarde, Carl Friedrich Wilhelm Ludwig preencheu um tubo em U com solução de
sulfato de sódio a 8,98% e manteve uma das extremidades em contato com gelo e a
outra em contato com água fervente, e observou que o soluto estava concentrado
próximo à extremidade fria do tubo. Nos dois casos, a distribuição não uniforme dos
componentes da mistura foi atribuída à existência de regiões com diferentes
temperaturas. Uma revisão histórica detalhada pode ser encontrada em Rhaman e
Saghir (2014).
A teoria do Efeito Dufour foi descrita por Mortimer e Eyring em 1980 a partir dos
dados experimentais de Saxton, Dougherty e Drickamer (1954). Os autores
relacionaram fluxos de calor promovidos por gradientes de concentração e
atribuíram este fenômeno à busca do sistema pelo equilíbrio.
102
exemplo), tende a atingir uma nova posição de equilíbrio após um intervalo de
tempo. Nesta nova condição de equilíbrio, a entalpia do sistema seria a soma das
entalpias na condição de equilíbrio original e aquela requerida para que houvesse a
transição para o novo estado de equilíbrio. Neste trabalho, os autores abordam um
coeficiente chamado de fator de difusão térmica, que envolve as teorias dos efeitos
Dufour e Soret simultaneamente.Para modelos a uma fase, os efeitos Soret e
Dufour podem ser incorporados pelos parâmetros efetivos de transporte. Outra
alternativa seria incorporar termos específicos para estes efeitos aos balanços de
energia e de matéria.
1 1
= 16,8 − 35,7 0,51 X∗ (22)
K 0,BC
q′ t − t0
T − T1 = ln (23) (23)
4πK 0 t1 − t 0
103
Figura 3.4. Aparato experimental para determinação da condutividade
térmica efetiva na estagnação de meios porosos. A técnica é conhecida
como da sonda linear.
Resistência Termopar
elétrica
Água
Água
Para a aplicação da equação 24, são realizados ensaios com um meio poroso de K 0
conhecido, cujas partículas tenham geometria e dimensões similares às do meio
poroso do qual se deseja conhecer K0 para que se obtenha gc. Para o leito de
partículas de sílica-gel, por exemplo, o fator gc pode ser determinado empregando-
se esferas de vidro como referência. Já para bagaço de cana, as partículas de
referência empregadas por Casciatori et al. (2013) foram de algodão.
Portanto, para a obtenção de uma equação para K 0, sílica, foram realizados ensaios
com diferentes teores de umidade das partículas e temperaturas, seguindo-se um
planejamento estatístico de experimentos, resultando em uma superfície de
resposta como a apresentada na figura 3.5. O modelo estatístico utilizado para gerar
a superfície de reposta é:
104
Figura 3.5: Superfície de resposta do ensaio planejado para a determinação da
condutividade térmica efetiva de um leito de sílica-gel (K0, sílica) por meio da técnica
da sonda linear.
y L
Ar
A solução da segunda lei de Fick integrada para uma placa plana semi-infinita,
similar à apresentada na figura 3.6, de espessura 2L e contorno de primeira espécie
na superfície, devido à alta velocidade de ar, resulta na seguinte expressão:
∞ π 2
X − Xeq 8 exp − 2L Deff t
M= = 2 (26)
Xeq − Xeq π (2𝑛 + 1)2
𝑛=0
Apenas o primeiro termo da equação 26 foi empregado nos cálculos de D eff, pois os
ensaios de secagem em geral são longos. A dependência do parâmetro D eff com a
temperatura pode ser representada por uma equação do tipo Arrhenius, ou seja:
Ea
Deff = A exp − (27)
RT
105
Para as partículas de sílica-gel e de bagaço de cana de açúcar os ajustes do
modelo difusivo aos dados experimentais foram de boa qualidade para todas as
temperaturas testadas e são apresentados na figura 3.7 para 60oC. As equações de
previsão da difusividade efetiva de massa de sílica-gel (Deff, sílica) e de bagaço de
cana (Deff, BC) obtidas nos ensaios experimentais são:
23713,19
Deff .sílica = 2,62 10−5 exp − (28)
R𝑐 T
15125,66
Deff . BC = 1,25 10−5 exp − (29)
R𝑐 T
1,0
0,6
M (-)
0,4
0,2
0,0
(a)
1,0
0,8
Dados experimentais
0,6 Ajuste equação 26
M(-)
0,4
0,2
0,0
(b)
106
3.5. SIMULAÇÕES E VALIDAÇÃO EXPERIMENTAL
𝑦 = 𝑓(𝛽 , 𝑥)
(30)
𝜕𝑦 𝜕 𝑓(𝛽 , 𝑥)
= 𝑖 = 1,2, … 𝑛
𝜕 𝛽𝑖 𝜕 𝛽𝑖
𝜕𝑦
A partir das taxas de variação da variável y com os parâmetros β i 𝜕 𝛽𝑖
traçam-se as superfícies de sensibilidade paramétrica em função de cada uma das
variáveis independentes, de modo a se visualizar as regiões de maior sensibilidade.
Se a estimativa dos parâmetros for o objetivo da técnica, necessita-se de dados
experimentais da variável de resposta (temperatura, no caso de Sklivianiotis e
colaboradores e Giudici) para se fazer o ajuste dos modelos e, desta forma, estimar-
107
se os parâmetros. Assim, informações experimentais obtidas nas regiões de maior
sensibilidade proporcionarão parâmetros com estimativa mais confiável.
108
Figura 3.9. Sensibilidade da variável de resposta temperatura às variações dos parâmetros K 0 e Deff, após 2h de processo.
28
27.8 30.8
27.6 30.6
27.4 27.6 o
27.4 T ( C) 30.4
27.2 30.2
27 27.2
30
27
26.8
30
27 30 29
26 29 28
25 28 27
24 27 26
26
25
109
Figura 3.10: Perfis de temperatura em posição próxima à superfície do leito
(vide figura 3.8), para f = 0,5 de um leito de sílica-gel, com introdução de ar a
50 L s-1, considerando-se K0,sílica constante ou variável (T0 = 25 ºC; Tp = 45 ºC;
Tar = 45 ºC; X0,sílica = 0,25 kg-água kg-sólido-seco-1; UR < 15 %; Deff = 2,79 × 10-9
m² s-1).
110
3.13 e 3.14 estão apresentados os perfis temporais de conteúdo de água para
os leitos de partículas de sílica-gel e bagaço de cana, respectivamente. Não
foram observadas diferenças entre os perfis para Deff constante (Deff, sílica = 2,79
× 10-9 m² s-1; Deff,BC = 3,2 × 10-8 m² s-1) ou variável. Note-se que estes perfis
foram gerados considerando também as possíveis interações entre os
parâmetros K0 e Deff. Ainda assim, não foram evidenciadas diferenças
expressivas entre os perfis de conteúdo de umidade para o leito de sílica-gel ou
de bagaço de cana para as duas alternativas de cálculo.
111
Figura 3.13. Perfis de conteúdo de umidade em posição próxima à superfície
do leito (vide figura 3.8), para f = 0,5 de um leito de sílica-gel, com introdução
de ar a 50 L s-1, considerando-se Deff constante ou variável (T0 = 25 ºC; Tp = 45
ºC; Tar = 45 ºC; X0,sílica = 0,25 kg-água kg-sólido-seco-1; UR < 15 %)
112
como principal fonte de calor neste sistema. Apesar de incluídos os efeitos da
convecção de calor na superfície do leito, esta região estava simultaneamente
sujeita ao resfriamento evaporativo das partículas, motivo pelo qual as
temperaturas foram mais amenas.
5 horas
10 horas
Figura 3.15. Perfil espacial de temperatura (oC) obtido por Tada et al. (2017(2))
a partir de um balanço de energia para f = 0,5 de um leito seco de esferas de
113
vidro (T0 = 25 ºC; Ta = 45 ºC; Tp = 45 ºC; Q = 5 L min-1; t = 6 h;
K0 = 0,23 W m-1 oC-1).
t = 10 horas
114
Figura 3.17. Perfis espaciais de temperatura e conteúdo de água para o leito de fibras de bagaço de cana, para f = 0,5,
considerando-se K0,BC constante e igual a 0,2 W m-1 oC-1 (T0 = 25 ºC; Tar = 45 ºC; Tp = 100 ºC; Q = 50 L s-1;
Xa,0 = 3 kg-água kg-sólido-seco-1; Deff,BC = 3,2 × 10-8 m² s-1).
t=1h t=5h t = 10 h
115
Figura 3.18. Perfis espaciais de temperatura e conteúdo de água para o leito de fibras de bagaço de cana, para f = 0,5,
considerando-se K0,BC variável em função do conteúdo de água (T 0 = 25 ºC; Tar = 45 ºC; Tp = 100 ºC; Q = 50 L s-1;
Xa,0 = 3 kg-água kg-sólido-seco-1; K0,BC = f(Xa); Deff,BC = 3,2 × 10-8 m² s-1)
t=1h t=5h t = 10 h
116
3.5.3. Simulação para leitos rasos (grau de enchimento f = 0,15)
117
A partir da situação de quase equilíbrio térmico, a remoção de água poderia ser
representada apenas por um balanço de transferência de massa, dado por:
∂X 1 ∂X ∂2 X
= Deff + 2 (31) (31)
∂t r ∂r ∂r
t=5h
Existem dois caminhos para se obter este perfil de concentração de água: pela
solução simultânea dos balanços de massa e energia ao longo de todo o
processo (até t = 15,2 h); ou pela solução dos balanços de massa e energia até
t = 5,2 h, seguida pela solução do balanço de massa (equação 31) até o final
da secagem, admitindo-se que a concentração de água inicial no leito nesta
segunda etapa seja o perfil de conteúdo de umidade ao final das 5,2 h. Os
perfis gerados para t = 15,2 h a partir dos dois caminhos estão apresentados
na figura 3.20. Visualmente, nota-se a similaridade entre ambos os perfis, o
que é confirmado pelo valor médio do conteúdo de umidade, que apresenta
uma diferença de apenas 5%.
118
Figura 3.20. Perfis de concentração de umidade em leito de bagaço de cana,
para f = 0,15, considerando-se (a) solução simultânea dos balanços de calor e
massa ao longo de todo o processo; (b) solução do balanço de massa após
5,2 h de processo.
119
pequenas amostras de posições conhecidas foram feitas, tendo-se cautela
para que o leito não fosse demasiadamente perturbado.
Como desafio para este tema, resta a inclusão dos termos reacionais no
modelo a uma fase e a proposição de modelos a duas fases, o que,
certamente, será um exercício delicioso.
120
Figura 3.21. Verificação do modelo proposto para um leito de Figura 3.22. Verificação do modelo proposto para um leito de
bagaço de cana para f = 0,5 em tambor de 10 cm de diâmetro, bagaço de cana para f = 0,5 em tambor de 10 cm de diâmetro,
com T0 = 25oC e Tp = 45 ºC, sem escoamento de ar acima do com T0 = 25oC e Tp = 65 ºC, sem escoamento de ar acima do
leito de partículas (a- Temperatura; b- Conteúdo de umidade) leito de partículas (a- Temperatura; b- Conteúdo de umidade).
(a) (a)
(b) (b)
121
3.7. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Laurinha, sem a qual este livro não existiria, à FAPESP
(proc. 2014/ 23453-3) e à CAPES (Demanda Social) pelo suporte financeiro.
3.8. BIBLIOGRAFIA
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125
126
Capítulo 4
127
4.1. INTRODUÇÃO
128
fácil operação e manutenção e os custos de instalação das unidades são
relativamente baixos. As principais desvantagens são o elevado consumo
energético requerido no aquecimento do ar e as baixas eficiências térmicas (Kudra,
2012).
129
características são comuns a quase todas as espécies, tais como o formato plano, a
elevada área superficial e pequena espessura. Ao contrário das sementes e grãos,
as folhas possuem volumes muito pequenos. Ao analisar os processos de secagem
de ervas e folhas aromáticas com um enfoque técnico-científico o pesquisador se
depara com várias questões associadas a essas características inerentes às folhas.
Citando alguns exemplos:
- como o formato plano das folhas afeta a estrutura dos meios porosos e os
processos de transferência de calor e massa na secagem?
130
4.2. CONSIDERAÇÕES SOBRE MEIOS POROSOS CONSTITUÍDOS POR
FOLHAS
131
Quanto à descrição do formato, dentre as inúmeras definições de fatores de forma,
não é simples escolher qual seria a mais representativa para caracterizar o formato
plano de uma folha e raramente essa é uma informação fornecida nos estudos
sobre secagem de folhas.
Propriedade Descrição/observações
Densidade de Definida com base nos volumes de vazios no leito
empacotamento particulado. É função do tipo de empacotamento e
(porosidade) pode variar com a posição e devido à presença de
superfícies sólidas (efeito de parede).
Estabilidade É associada à resistência sofrida por uma partícula
(atrito interparticular) ao se deslocar em relação às demais devido ao
contato entre elas. É influenciada pelo tamanho,
forma, rugosidade superficial e propriedades de
superfície.
Área superficial É uma medida da área externa de uma partícula,
geralmente expressa por unidade de área ou de
volume. É função da distribuição de tamanhos e
formato das partículas.
Número de Definido como o número de pontos de contato
coordenação entre uma partícula e as partículas vizinhas.
Depende das propriedades das partículas e do
tipo de empacotamento.
Permeabilidade Uma medida da resistência do meio poroso ao
escoamento de um fluido e pode ser relacionada à
condutância do fluido através de poros
interparticulares. Depende diretamente da
porosidade e da área superficial.
Tamanho de poro Controla a retenção, a absorção e escoamento de
um fluido para o interior e exterior dos poros de
leito empacotado.
Conectividade estrutural Em um sistema multifásico, é uma medida da
interligação resultante do contato entre partículas
com propriedades similares.
Fonte: German (1989)
132
nas áreas de botânica e biologia, quando se trata de aplicações em engenharia não
existem critérios bem definidos ou padronizados de caraterização.
133
CFD estão disponíveis na literatura (Kaviany, 1991; Perré & Turner, 1999; Datta,
2007; Jaganathan et al., 2008; Jafari et al., 2008).
Tais particularidades são conhecidas, contudo nem sempre são levadas em conta
na análise dos processos de secagem de folhas. A secagem convectiva de folhas e
suas particularidades será discutida no próximo tópico.
134
Santos, 2018). A epiderme é a camada externa de tecidos, revestida por uma cera
(cutícula) que impermeabiliza as superfícies e protege a folha de perdas de
nutrientes e vapor d‟água. Abaixo existe uma camada fina de tecidos parênquima
(parênquima paliçádico), formados por células alongadas e dispostas
transversalmente à superfície da folha e que lhes confere resistência. Essa camada
é preenchida por cloroplastos, as estruturas utilizadas na fotossíntese. Os feixes
vasculares são responsáveis pela vascularização na superfície da folha e pelo
transporte de nutrientes e conferem rugosidade à superfície. O parênquima
lacunoso é uma camada de tecidos com a função de facilitar o movimento de
oxigênio, dióxido de carbono e vapor de água. Os estômatos são pequenas
aberturas localizadas na superfície das folhas com a função de regular as trocas de
umidade e de dióxido de carbono durante a respiração e auxiliar na regulagem da
temperatura, permitindo o resfriamento da folha quando a água evapora para o
exterior.
Sem entrar em maiores detalhes sobre a fisiologia vegetal que fogem ao escopo
desse texto, fica evidente que os diferentes órgãos e tecidos distribuídos ao longo
de uma espessura de poucos micrômetros conferem característica bastante
heterogênea ao material. Em um processo de secagem, o transporte de umidade
do interior da folha até a superfície sofre as resistências associadas aos diferentes
tecidos e paredes celulares.
Parênquima lacunoso
q” N
Epiderme inferior
A”
Cutícula
Pêlos
da
epiderme Feixes condutores q” N
A”
Estômato Células estomáticas
Fontes: http://mundobiologico-geral.blogspot.com/p/morfologia-vegetal.html.
135
para o conjunto de folhas a ser seco um contato equivalente ao de uma única folha
totalmente imersa na corrente de ar.
(a) (b)
136
O uso de estufas e túneis de vento para a obtenção de dados cinéticos e curvas de
secagem de diferentes produtos é muito comum no meio acadêmico porque nesses
dispositivos a velocidade e temperatura do ar de secagem podem ser estabilizados
em valores pré-ajustados, facilitando a análise. Contudo, para operações em
escalas comerciais existem alternativas mais convenientes, como por exemplo as
esteiras transportadoras, que podem ser operadas em modo contínuo e
dimensionadas para processar grandes volumes. Um desenho esquemático
mostrando a vista lateral de uma esteira transportadora de único estágio com
escoamento de ar cruzado, instalada no Centro de Secagem do DEQ/UFSCar é
mostrado na figura 4.3(a). A foto na figura 4.3(b) mostra uma vista superior da
esteira sendo carregada com folhas.
Figura 4.3. (a) Vista esquemática do secador de esteira; (b) esteira carregada com
folhas de pitangueira.
(a) (b)
Uma das razões para a baixa eficiência térmica dos secadores de esteira, bem
como de secadores convectivos em geral, é que uma parcela significativa de
energia térmica é perdida na corrente de saída, uma vez que o ar deixa o secador
ainda aquecido e com umidade abaixo da de saturação. Algumas alternativas foram
propostas para reduzir essas perdas, como por exemplo a recirculação de parte do
ar de saída (Kudra, 2012). Temple & Von Boxtel (2000) e Chen & Mujumdar (2015)
mencionam um secador modificado, em que um conjunto de esteiras (de 4 a 6) são
instaladas umas sobre as outras em um arranjo vertical, proporcionando uma
secagem em estágios. Segundo os autores, esta configuração é utilizada em
indústrias de processamento de chás localizadas na China, que frequentemente
usam vapor superaquecido para fornecimento de energia. A alimentação das folhas
in-natura é feita na esteira superior, enquanto o ar é alimentado em escoamento
cruzado na base. Assim, a esteira superior, na qual são alimentadas as folhas,
corresponde ao último estágio de secagem. Esse secador aproveita de forma mais
efetiva a energia do fluido de secagem, pois o ar na saída de um estágio é
alimentado na entrada do estágio subsequente e assim sucessivamente, atingindo
uma condição próxima da saturação na saída. Outra característica vantajosa é que
ao descarregar o material que sai de uma esteira superior na entrada da esteira
137
localizada imediatamente abaixo as folhas são naturalmente misturadas ao longo do
processo, o que favorece uma secagem homogênea. A principal desvantagem é
que a taxa de secagem diminui rapidamente a medida que o fluido escoa das
esteiras inferiores para as superiores, pois a temperatura do ar diminui e sua
saturação aumenta. Assim, a redução de umidade na esteira de alimentação é
pequena, o que pode comprometer a qualidade do produto.
Nesta categoria incluem-se os secadores que operam como leitos fluidizados, vibro-
fluidizados, tambores rotativos, entre outros. Esses equipamentos são conhecidos e
utilizados em uma ampla variedade de operações em indústrias químicas, sendo
que detalhes de suas configurações podem ser encontrados em Chen & Mujumdar
(2015). Em geral é necessário adapta-los para a secagem de ervas aromáticas pois
o formato das folhas, sua baixa massa específica e alta umidade inicial dificultam a
movimentação do material, particularmente no início do processo de secagem.
Além disto, as mudanças significativas na estrutura e morfologia das folhas durante
a secagem podem alterar os padrões de movimentação ao longo do processo.
Em função disso, os tamanhos são menores e a umidade inicial não é tão elevada
quanto a de folhas in-natura. Ainda assim, os autores observam que é comum a
aplicação de uma vibração mecânica de pequena amplitude e frequências entre 10-
20 Hz para facilitar a fluidização, uma vez que é difícil atingir regimes fluidizados
estáveis utilizando folhas in-natura.
A dificuldade para fluidização pode ser visualizada na figura 4.4, que mostra a vista
frontal de uma câmara de fluidização retangular (secção de 0,20 m x 0,11 m)
operando com folhas de manjericão (Ocimum basilicum). O ar era alimentado na
base do leito através de um distribuidor que garantia a uniformidade do escoamento.
138
Figura 4.4. Fotografias de um leito fluidizado com folhas inteiras de manjericão: (a)
H0=5,0cm; U=0,73 m/s e (b) H0=20 cm; U=1,12 m/s.
(a) (b)
São mostradas duas condições de fluidização com diferentes alturas iniciais de leito
estático. Na Fig. 4.4(a) a altura estática do leito é de 5 cm e o ar escoa com
velocidade de 0,73 m/s. Apesar dessa velocidade ser, em teoria, superior à de
mínima fluidização das folhas de manjericão, não se observa na figura um padrão
característico de regime fluidizado.
139
O secador vibro-aerado requer um sistema de vibração bem dimensionado para
operar de forma estável, o que implica em custos de construção, instalação e
operação relativamente mais altos em comparação com outros secadores
convectivos.
140
𝜔2𝑅
𝐹𝑟 = (1)
𝑔
141
em camada-delgada, para depois testar-se outras configurações de secadores.
Assim, antes de abordar os estudos de caso em secagem serão abordados alguns
aspectos da caracterização físico-química das folhas.
Na figura 4.6 são mostradas fotos de algumas espécies de folhas e o Quadro 4.2
apresenta uma síntese das suas características. As folhas selecionadas são de
espécies decorativas, com o objetivo de ilustrar, ainda que de forma limitada, a
variedade de formatos, tamanhos e texturas possíveis para esse tipo de material.
Figura 4.6. Folhas de (a) pingo de ouro (Duranta repens); (b) aroeira (Schinus
molle); (c) buxinho (Buxus serpenvirens); (d) brácteas de primavera (Bougainvillea
spectabilis).
(a) (b)
(c) (d)
Fonte: Lima e Ferreira (2011).
142
Quadro 4.2 – Características físicas das folhas mostradas na figura 4.6
Textura
Folha Formato Borda
superficial
Pingo de ouro Oval Serreada Lisa
Aroeira Lanceolada Serreada Lisa
Buxinho oval (ápice obtuso) Lisa Coriácea
Primavera Cordiforme Lisa Lisa
Fonte: Lima (2009)
𝐴𝑝 = 2𝐴𝑝𝑟𝑜𝑗 + 𝑃𝛿 (2)
𝑉 = 2𝐴𝑝𝑟𝑜𝑗 𝛿 (3)
(lw δ)1/3
φ= (4)
l
143
Ap/Vp nesse caso é igual a 15 (Lima, 2013). Destaca-se ainda, a elevada umidade
inicial das folhas aromáticas in-natura, em torno de 7 g de H2O/g de sólido seco.
144
𝜌𝑏
𝜀𝑏 = 1 − (5)
𝜌𝑝
Tabela 4.2. Densidade bulk e porosidade média de leitos fixos de folhas in-natura.
ρb (g/cm3) εb (-)
Aroeira 0,184 0,81
Buxinho 0,247 0,71
Hortelã (ramos) 0,064±0,004 0,92
Manjericão 0,089±0,001 0,90
Pingo-de-ouro 0,190 0,80
Fontes: Lima (2009; 2013); Rosanova (2018)
A baixa massa específica das folhas favorece a formação de leitos com baixa
densidade de empacotamento e alta porosidade, como pode ser observado na
tabela 4.2. Observa-se, contudo, que esta medida de porosidade média pode não
ser representativa pois a equação (5) é válida para leitos homogêneos e nos quais
efeitos de parede são desprezíveis, hipótese considerada válida quando a razão
entre o diâmetro do recipiente e diâmetro da partícula, D/dp >10. Devido às
características dos materiais, os leitos formados por folhas são heterogêneos e os
efeitos de parede possivelmente são significativos, uma vez que as dimensões
lineares das folhas em geral são grandes. Se considerarmos por exemplo, a folha
de aroeira, com diâmetro de Feret máximo igual a 8,6 cm, seria necessário usar um
recipiente com mais de 80 cm de diâmetro para atender a especificação, o que é
claramente inviável.
Figura 4.7. Fotografias dos leitos de folhas de manjericão (a) in-natura e após 240
min de secagem em camada espessa a T=60°C; U=0,4 m/s.
(a) (b)
Fonte: Lima (2013)
145
A figura 4.8 mostra os dados de densidade bulk em função do número de batidas
obtidos na compactação de leitos com folhas de manjericão com diferentes
umidades.
Na condição de máxima compactação, obtida após 100 batidas, ρ b=0,20 g/cm3 para
folhas com umidade acima de 81%; e igual a 0,03 g/cm 3 para as folhas secas
(umidade de 12%). Infere-se assim que a variação da densidade bulk ao longo de
um processo de secagem é praticamente de uma ordem de grandeza. Obivamente,
outras propriedades associadas à densidade de empacotamento, tais como
permeabilidade e tortuosidade também sofrem alterações significativas durante o
processo de secagem.
∆𝑃 𝜇
= 𝑈 (6)
𝐿 𝑘
146
do meio ao escoamento não é necessariamente uniforme, de forma que a rigor
essas condições não são atendidas. Ainda assim, assumindo que a equação possa
ser aplicada para uma estimativa aproximada da permeabilidade média de leito de
folhas, a determinação experimental da permeabilidade esbarra em dificuldades
experimentais em função das características do material. Devido à efeitos de
parede e empacotamento irregular, a pressão estática medida na parede do tubo e
em uma posição axial possivelmente não representa a média ao longo de toda a
secção transversal do leito. Ao longo do tempo, a deformação do leito e a formação
de canais preferenciais de escoamento na região da parede tendem a intensificar
essa variação, e as medidas neste caso podem caracterizar uma perda de carga
devido ao atrito e não devido à resistência do meio. Além disso, as propriedades
podem variar também ao longo da altura.
‘Contrapeso’
Régua milimetrada
3 14 15
10 11 1
14,9 cm
8
7
6
4
3
2
1
147
Figura 4.10. Gradientes de pressão medidos em diferentes posições axiais da célula
em função do tempo, para a secagem de folhas de manjericão com ar a 30 oC
18
16 T=30°C
#1 P (entre 1,5 e 13,5 cm)
14 #2 P (entre 1,5 e 9,5 cm)
# 3P (entre 1,5 e 5,5 cm)
12
P/L (Pa.cm )
Réplica #1
-1
10 Réplica #2
Réplica #3
8
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
tempo (min)
-7
6.0x10
2
-7
4.0x10
-7
2.0x10
0.0
148
O comportamento da permeabilidade é inverso ao da queda de pressão e reflete a
redução na resistência ao escoamento causada pelo encolhimento acentuado e
consequentes alterações na estrutura do leito. A 30°C a permeabilidade final é
cerca de 22 vezes maior do que no início da secagem, enquanto a 60°C ela
aumenta em 141 vezes.
Observa-se que as medidas obtidas neste arranjo não são precisas em termos
quantitativos, pois apesar do uso do contrapeso reduzir os problemas de
canalização do escoamento e deformação do leito, eles não são totalmente
eliminados. Os valores constantes observados na réplica a 60oC para tempos
acima de 120 min, por exemplo, são indicativos da presença de canais
preferenciais. Contudo, na ausência de dispositivos sofisticados que possam ser
usados para medidas de porosidades locais, o sistema idealizado, que é de simples
construção e de baixo custo, possibilita a realização de medidas com
reprodutibilidade razoável e é útil para uma análise da variação da permeabilidade
nos leitos formados por folhas.
149
Figura 4.12. Adimensional de umidade em função do tempo na secagem em
camada-delgada de folhas de manjericão; U=0,40 m/s; T=45°C.
1.1
1.0 #1 #2 #3
#4 #5 #6
0.9
#7 #8 #9
0.8 #10 #11
0.7
0.6
MR
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0.0
0 50 100 150 200 250 300 350 400
tempo (min)
Fonte: Lima-Corrêa et al. (2014)
150
Figura 4.13. Adimensional de umidade em função do tempo na secagem em
camada-delgada de folhas de manjericão; U=0,40 m/s.
1.0
0.9 T=30°C
T=45°C
0.8 T=60°C
0.7
0.6
MR (-)
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0.0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600
tempo (min)
Na figura 4.14 são mostradas fotos de uma célula de medida com a amostra inicial
das folhas in-natura e a mesma amostra após 9 h de exposição a um escoamento
de ar a 30oC. São visíveis o acentuado encolhimento das folhas, a formação de
espaços vazios e a secagem pouco uniforme.
A k N k0
Exp. #1 1,01 0,122 0,508 2,19x10-5
Exp. #5 1,00 0,023 0,524 -7,78x10-4
151
Figura 4.14. Secagem de folhas de manjericão em camada-delgada (a) amostra
com as folhas in-natura; (b) amostra após 60 min de secagem.
A equação (7) foi ajustada aos dados de dois ensaios mostrados na Fig. 4.13, os
parâmetros são mostrados na tabela 4.3. A figura 4.15 mostra as equações de
ajuste em comparação com os dados experimentais.
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0.0
0 50 100 150 200 250 300 350 400
tempo (min)
152
Outra abordagem frequentemente usada para descrever a cinética de secagem em
camada-delgada baseia-se na aplicação da equação de conservação de massa
para uma amostra cuja geometria pode ser aproximada como uma placa infinita.
Pelo fato do meio poroso ser constituído por uma fase sólida particulada e uma fase
fluida, assume-se que esse meio é homogêneo e define-se uma difusividade efetiva
para contabilizar os diversos mecanismos possíveis de transferência de massa, já
mencionados na Seção 4.2. A abordagem físico-matemática desse problema
envolve uma série de suposições e hipóteses simplificadoras, e foi apresentada e
discutida na secção 7.4 do Capítulo 7 deste livro.
M Me 8
1 1 2 D ef
2
2
Mi Me π
n 0 2n 1
exp n 2 t (8)
2
2
L
153
Tabela 4.4. Valores de Def ajustados experimentalmente a partir de dados de
secagem de hortelã em camada-fina.
Referência Espécie Lcf (cm) T(oC) U (m/s) Def (m2/s)
Park et al. Mentha n.i. 30 0,5 4,77x10-13
(2002) crispa 40 9,28x10-13
50 2,26x10-12
Kaya & Aydin Mentha 1,0 35 0,4 3,17x10-9
(2009) spicata L (500 g) 45 4,58x10-9
55 6,05x10-9
Kaya & Aydin Mentha 1,0 35 0,2 3,11x10-9
(2009) spicata L (500 g) 45 4,38x10-9
55 5,88x10-9
Rosanova et Mentha 1,0 40 * 5,07x10-10
al. (2017) villosa (15 g) 50 1,17x10-9
60 1,52x10-9
* Circulação por convecção natural
154
observados nos demais secadores testados e promover um contato efetivo e
uniforme entre a fase particulada e o ar de secagem. A principal diferença em
relação ao tambor convencional é que o ar escoa na direção perpendicular ao eixo
de rotação do tambor, através de paredes perfuradas.
Optou-se também por usar tambores curtos, com razão L/D<2. Um protótipo inicial
foi testado para a secagem de folhas de eucalipto e apresentou bons resultados em
termos de homogeneidade de secagem e preservação de constituintes aromáticos
(Freitas e Ferreira, 2015). Tendo em vista os resultados promissores foi construído
um protótipo mais aprimorado, o qual é mostrado na figura 4.16(a).
Figura 4.16. (a) Tambor rotativo e telas utilizadas para a confecção do tambor, (b)
tela rígida, (c) tela de revestimento.
(a)
(b)
(c)
Nesta versão, usada nos testes iniciais, o ar era fornecido por uma ventoinha de
computador e aquecido por uma resistência elétrica. Posteriormente, visando
operar em uma linha com controle de temperatura do ar e instrumentação adequada
para medidas de vazão e temperatura, o secador foi inserido na linha mostrada na
figura 4.17, que incluía o soprador para impelir o ar, resfriador, aquecedor,
controlador de temperatura e sistema para ajuste da velocidade de rotação do
tambor.
155
Figura 4.17. Linha de fornecimento de ar para o secador de tambor rotativo.
Legenda
(1) soprador
(2) reciclo
(3) resfriador
(4) placa de orifício
(5) aquecedor elétrico
(6) controlador temperatura
(7) termopar
(8) secador
(9) distribuidor de ar
(10) motor elétrico
(11) variador de velocidade
(12) transdutores
(13) computador
Outro aspecto importante a ser verificado para garantir um contato uniforme entre as
fases era a mistura do material, que deve ser rápida e efetiva. Para avaliar a
cinética de mistura no secador, optou-se por colorir artificialmente o próprio material
a ser seco, de forma que o mesmo pudesse ser utilizado como um traçador. Como
já mencionado anteriormente, as diferenças de composição e morfologia das folhas
e hastes de hortelã dificultam o processamento, portanto, a secagem dos ramos
seria um bom teste para o desempenho do secador. As umidades, principais
156
dimensões, esfericidades e massas específicas das folhas e hastes in-natura são
mostradas na tabela 4.5.
Figura 4.18. Fotos das vistas frontal e lateral do ar escoando pelo tambor nos
tempos 2, 4 e 6 s, com folhas de hortelã in-natura, ω=2 rpm, Qar=1,19 m3/s.
2s 4s 6s
Fonte: Rosanova (2017)
Os ensaios foram feitos separando-se em partes iguais uma amostra inicial, sendo
que uma das partes era colorida com tinta spray e ambas eram pesadas. Em
seguida, as amostras, original e com folhas coloridas, eram distribuídas lado a lado
ao longo do comprimento do tambor, sem nenhuma mistura prévia, e era iniciada a
rotação a uma velocidade angular constante de 2 rpm. A cada 2 rotações
completas eram coletadas amostras em duas posições longitudinais próximas às
extremidades do tambor. A definição das massas de amostragem foi feita com base
em testes preliminares, de forma a assegurar que a massa inicial não fosse alterada
em mais do 10%. Cada amostra coletada era pesada, os ramos coloridos eram
separados e pesados separadamente para determinação da fração mássica de
traçador. Dessa forma foi possível avaliar a fração mássica de material colorido em
função do número de rotações do tambor, para diferentes condições de operação.
Resultados obtidos usando as folhas in-natura (umidade de 8,5 ±0,3 g água/g sólido
seco) e folhas secas (umidade de 0,070±0,002 g água/g sólido seco) são mostrados
na figura 4.20. Os testes em duas condições limites de umidade permitem verificar
se a redução de umidade e encolhimento do material afetam de forma significativa a
cinética de mistura.
157
A mistura é completa quando as amostras alcançarem uma fração mássica próxima
de 50% de material colorido. Observa-se que para os ramos úmidos, depois de 8
rotações do tambor (Fig. 4.19(a)) os dados indicam que a mistura é completa, pois
nas duas posições de amostragem a fração atingiu 50%. Para os ramos secos esse
valor foi alcançado nas duas posições de amostragem depois de 6 rotações (Fig.
4.19(b)).
80 Posição 1
Posição 1
Fração de material colorido (%)
Posição 2 80
70 Posição 2
Fração de material colorido (%)
70
60
60
50
50
40
40
30 30
20 20
10 10
0 0
2 4 6 8 10 2 4 6 8 10
o o
n de rotações n de rotações
(a) (b)
Fonte: Rosanova (2017).
158
Figura 4.20. Fotos de ramos de hortelã durante os ensaios de mistura. (a) ramos in-
natura e (b) ramos secos.
Nas fotos, é possível observar visualmente que o material está uniformemente seco
após 9 h de secagem. Também é evidente a grande redução no volume dos ramos
devido ao encolhimento, que se mostrou significativo já após 3 h de operação.
Nesse ensaio em particular, a umidade em base úmida das folhas foi reduzida do
teor inicial (cerca de 86%) para aproximadamente 10%, enquanto a umidade dos
ramos caiu de 91% para cerca de 8%, valores considerados adequados para
armazenamento. Os ensaios confirmaram que as cinéticas de secagem de folhas e
hastes são diferentes, o que era esperado devido às características de cada fração.
159
Figura 4.21 - Ramos de hortelã durante a secagem a 70oC, 240 g, ω=2 rpm.
Umidade adimensional
60 C
0,6 0,6
0,4 0,4
0,2 0,2
0,0 0,0
0 3 6 9 12 15 0 3 6 9 12 15
Fonte: Rosanova
Observa-se que a secagem, tanto das folhas como das hastes, foi mais lenta a 40 oC
e que o aumento da temperatura de 50oC para 60oC não afetou de forma
significativa a velocidade de secagem. Esse comportamento difere um pouco do
usual, pois o efeito da temperatura na cinética de secagem de folhas em geral é
significativo, como discutido no tópico 4.5. Contudo, na secagem em tambor
rotativo uma parte da energia proveniente do ar aquecido é usada no aquecimento
do tambor e demais componentes da linha (dutos, equipamentos periféricos). Esses
equipamentos aquecidos dissipam calor por convecção para o ar ambiente, uma vez
que não operam com isolamento térmico. A temperatura ambiente variou pouco
entre os ensaios (no máximo 3%) e assim, as perdas de energia térmica tendem a
ser maiores quando se opera em temperaturas mais altas. Esse efeito é sentido
também pela fase sólida, que atinge temperaturas menores.
160
afetam de forma diferente os processos de transferência de calor e massa
responsáveis pela migração de umidade. Se considerarmos, por exemplo, que a
razão entre o volume e a área superficial representem a dimensão característica
para os transportes de calor e massa na secagem de uma única folha ou haste, o
valor médio seria de aproximadamente 0,009 cm para uma folha e de 0,06 cm para
uma haste, de acordo com os dados da tabela 4.5. Isso já indica que mesmo que
as difusividades efetivas fossem similares para as duas frações, a resistência
interna ao transporte de umidade é muito menor no caso das folhas devido à menor
dimensão característica. Além disso, a área superficial das folhas é cerca de 16
vezes maior do que a das hastes, o que favorece as transferências de calor e
massa.
A qualidade do produto seco no tambor foi avaliada com base nas alterações de cor,
medidas para as folhas e hastes em espectrofotômetro Konica-Minolta CM-5,
através dos parâmetros de cor definidos no sistema CIELAB, a*, b* e L, sendo que a*
indica a variação da cor verde (-a*) ao vermelho (+a*), b* indica a variação da cor
azul (-b*) ao amarelo (+b*), e o parâmetro L* indica a luminosidade (L=0 representa
a cor preta, e L=100 representa a cor branca (Rosanova, 2017). A razão a */b* é
utilizada como critério para avaliação da deterioração da cor de plantas (Arslan et
al., 2010; Rahimamalek & Goli, 2013). A figura 4.23 mostra a*/b* para folhas, hastes
e ramos de hortelã, na secagem no tambor e em estufa a 40oC.
Figura 4.23. Variação da razão a*/b* para folhas, hastes e ramos, nos ensaios
realizados em estufa e no tambor rotativo a 40oC.
0,45
0,30
0,15
0,00
a*/b*
-0,30 Início
Estufa
-0,45 Tambor
161
os resultados apresentaram tendência similar. Embora os parâmetros de cor sejam
um indicativo rápido da qualidade do processo, estudos específicos sobre a
composição de extratos e óleos essenciais ainda são necessários para uma análise
conclusiva acerca da qualidade dos materiais secos no tambor.
162
4.8. NOMENCLATURA
4.9. BIBLIOGRAFIA
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167
168
Capítulo 5
169
5.1. APRESENTAÇÃO
O grão de cevada apresenta uma forma alongada, figura 5.1, e é constituído de três
partes principais: casca, endosperma e embrião. A maior parte do grão é ocupada
pelo endosperma, onde estão as substâncias de reserva da planta, fundamentais
para a posterior formação do extrato solúvel na elaboração do mosto, uma pequena
parte é ocupado pelo embrião, onde residem às funções vitais, em condições
adequadas germina e forma folículo e raiz, iniciando o processo de transformação
no endosperma e ativando enzimas e a casca, uma camada exterior resistente, que
170
protege o grão contra influências atmosféricas danosas e possibilita a formação de
uma camada filtrante durante a clarificação do mosto, é seguida de três camadas
subsequentes, o pericarpo, a testa e a camada de aleurona (Briggs, 2002; Oetterer
e Alcarde, 2006; Pinto, 2013).
Figura 5.2. Grão de cevada: (a) lado dorsal; (b) lado ventral; (1) base; (2) ápice; (3)
sulco ventral; (4) segmento de ráquila; (5) rugas; (6) pálea; (7) lema.
A figura 5.2 mostra em (a) o lado dorsal do grão de cevada com a casca dorsal ou a
lema (7), em (b) o lado ventral com a casca ventral ou pálea (6) é mostrada, as
rugas (5) estão presentes em ambos os lados. Em (1) temos a base e em (2) o
ápice do grão, no sulco ventral (3) do grão há o segmento da ráquila (4), os restos
de um flósculo infértil que também fornece algumas informações para a identificação
de variedades. A cevada utilizada pela indústria de fabricação de cerveja são tipos
descascados, em outras palavras, as cascas ventral e dorsal permaneceram
intimamente associadas ao pericarpo e à testa durante o crescimento e
permanecem na semente após a debulha (Kunze, 2004).
171
Figura 5.3. Grão de cevada em corte transversal longitudinal: (1) caule rudimentar;
(2) embrião rudimentar; (3) raiz rudimentar (radícula); (4) escutelo; (5) camada de
epitélio; (6) endosperma; (7) células vazias; (8) camada de aleurona; (9) testa; (10)
pericarpo; (11) casca.
172
Tabela 5.1. Composição do grão de cevada seco.
Composto %
Carboidratos totais 70,0 – 85,0
Proteína 10,5 – 11,5
Material inorgânico 2,0 – 4,0
Lipídeos 1,5 – 2,0
Outras substâncias 1,0 – 2,0
Fonte: Adaptado de Kunze (2004).
A tabela 5.2 apresenta peculiaridades importantes para o uso dos grãos de cevada.
173
Tabela 5.2. Características importantes dos grãos de cevada para uso alimentício.
Características Importância Quantidade/Qualidade
Referências
do grão para desejada
Física
Tamanho e forma Maltear, Cheia, uniforme,
Pomeranz, 1974
do grão perolizar, moer; redonda
Maltear, Amarelo-branco
Cor Li et al., 2003
perolizar, moer; brilhante
Maltear, Fina ou ausente para
Casca Pomeranz, 1974
perolizar, moer; uso alimentício
Jadhav et al.,
Vinco Perolizar, moer; Profundidade rasa
1998
Não quebrado, Jadhav et al.,
Farelo Perolizar, moer;
resistente; 1998
Formação de Jadhav et al.,
Laminar, moer Ausente
flocos 1998
Maltear, Allison et al.,
perolizar, moer, Macio para maltagem e 1976; Allison,
tamanho de moagem; 1986; Brennan et
partícula da Duro para perolizar; al., 1996; Psota et
Dureza
farinha, Desconhecido para al., 2007;
imbibição de outros usos Swanston, 1995;
água, alimentícios; Swanston e
cozimento; Taylor, 1988
Química
Doll et al., 1974;
Produção/estabi
Munck et al.,
lidade da 10-13 % de proteína
1970; Newman e
espuma na para fabricação de
Proteína Newman, 1991;
cerveja; cerveja;
Pomeranz, 1975;
Aminoácidos Alto conteúdo de lisina;
Ullrich e Eslick,
essenciais;
1978
Ames et al., 2006;
Baixo conteúdo para
Cozimento; Baik e
uso como extensor do
propriedades Czuchajowska,
arroz, macarrão e
Amilose físicas para 1997; Baik et al.,
tortilhas;
processamento 2004; Lagassé et
Alto conteúdo para
de produtos; al., 2006; Zheng
extrusão;
e Sosulski, 1998
Colesterol; Alto conteúdo para Bamforth e
glicose sérica; aspectos nutricionais; Barclay, 1993;
Beta-glucana
diabetes e Pouco conhecida sua Behall et al.,
solúvel
redução do funcionalidade para uso 2004; Braaten et
peso corporal; alimentício; al., 1991;
174
processamento Baixo conteúdo para Cavallero et al.,
de alimentos e fabricação de cerveja; 2002; Fadel et al.,
qualidade dos 1987; Fastnaught,
produtos; 2001; Newman et
processo de al., 1989; Qureshi
fabricação da et al., 1986, 1991;
cerveja; Wood et al., 1990
Saciedade; Alto conteúdo para Sharma et al.,
controle do saciedade, perda de 2011; Lazaridou e
Fibras insolúveis peso; passagem peso, aumento da Biliaderis, 2007;
do alimento no massa fecal, alívio da Liljeberg et al.,
cólon; constipação; 1999
Redução do
Peterson e
Tocols colesterol; Alto
Qureshi, 1993
antioxidante
Jerumanis et al.,
Polifenol oxidase Cor do alimento Ausente 1976; Quinde et
al., 2004
Quinde-Axtell e
Baik, 2006;
Cor do alimento; Nordkvist et al.,
Ausência de
Polifenóis névoa na 1984; Quinde et
proantocianidinas
cerveja al., 2004;
Bendelow e
LaBerge, 1979
Fonte: Adaptado de Baik e Ullrich, 2008.
Oetterer e Alcarde (2006) descrevem a maltagem como uma operação que envolve
a germinação e a posterior secagem do grão de cevada, em que os grãos são
macerados em água até alcançar aproximadamente 45 % de umidade em base
úmida, a germinação dever ser feita em condições controladas de temperatura,
umidade e aeração. Após convenientemente germinadas, os grãos são secos em
temperaturas próximas a 70 °C até que a conteúdo de umidade dos grãos seja
reduzido a aproximadamente 10 % b.u.. O principal objetivo da maltagem é obter o
ponto ótimo da indução máxima enzimática, sem perder muita energia pelo
metabolismo e crescimento do embrião (Gorzolka et al., 2012).
175
produzem 75% dos açúcares fermentáveis e 25% de açúcares não fermentáveis,
que é a composição ideal para a fabricação de cerveja (Kunze, 2004; Santos, 1999).
5.5. LEGISLAÇÃO
176
- proteínas: percentual de substâncias nitrogenadas existentes na matéria seca do
grão;
- impureza: detrito do próprio produto tais como casca, arista, palha e pó;
- segunda: grãos inteiros e sadios que vazem na peneira 2,5 mm de largura, mas
fiquem retidos na peneira de crivos oblongos de 2,2 mm de largura;
- terceira: grãos inteiros e sadios que vazem na peneira de crivos oblongos de 2,2
mm de largura.
Quanto ao tipo, a cevada para fins cervejeiros é classificada como tipo único, e deve
apresentar como fator de qualidade para padrões de maltagem: poder germinativo
de no mínimo 95 %; no máximo 12 % de proteínas e máximo de 5 % de grãos
avariados. Caso a cevada esteja abaixo do padrão para maltagem poderá ser
comercializada para outras destinações, como indústria de alimentos, de ração ou
forragem animal. O conteúdo de umidade e o percentual de matéria estranha e
impurezas máximos admitidos para o produto segundo a norma de identidade e
qualidade (BRASIL, 1996) é de umidade 13 % e 3% de matéria estranha e
impurezas.
177
umidade de 10% é o mais indicado (Briggs et al., 2004). Segundo Kunze (2004),
quando a cevada é armazenada úmida, ela perde sua capacidade germinativa e
produz um malte de má qualidade, assim, cevada contendo mais do que 13 % de
umidade deve passar pelo processo de secagem antes do armazenamento. A
secagem não pode ser realizada em temperaturas altas, pois é letal para o embrião,
a temperatura do grão de cevada não deve exceder 52 °C (Sousa, 2004).
Tavakoli et al. (2009), Sologubik et al. (2013), Corrêa et al. (2013), Polachini et al.
(2015), Albini et al.(2015a) realizaram estudos para avaliar o efeito do conteúdo de
umidade em algumas das propriedades físicas do grão de cevada. Os parâmetros
avaliados foram as dimensões, forma, massa específica, porosidade, ângulo de
repouso e puderam concluir que as propriedades físicas apresentaram uma
dependência com o conteúdo de umidade. As medidas das dimensões
(comprimento, largura, espessura, diâmetro), a massa de mil grãos, esfericidade,
porosidade e área superficial aumentaram com o aumento da umidade inicial do
grão. A densidade aparente, densidade real e a porosidade diminuíram com o
aumento do conteúdo de umidade. O coeficiente de atrito estático dos grãos
aumentou linearmente à medida que o conteúdo de umidade aumentou. Carvalho et
al.(2015) realizaram a caracterização física do leito de grãos de cevada, observando
que o maior conteúdo de umidade inicial promove a expansão do leito, aumentando
o volume das partículas e por consequência do leito, aumento que foi mais intenso
que o ganho de peso da partícula, além de promover um menor empacotamento,
resultando em porosidade maior e reduzindo a área específica e as densidades real
e bulk, como verificado nos outros trabalhos mencionados anteriormente.
178
casca apresentou um efeito de resistência mecânica ao polimento. Segundo Baik e
Ullrich (2008), 2 % dos grãos produzidos mundialmente são utilizados diretamente
na alimentação e para isso, os grãos devem ser polidos para retirar as camadas
externas ao endosperma. Assim como descrito por Prachayawarakorn et al. (2014)
para o arroz, a casca da cevada pode ser removida por vários graus de polimento,
quando apenas a casca exterior do grão é removida a cevada é considerada
integral, ao prolongar o processo de polimento pode ser retirada uma camada de
farelo do cereal e até partes da camada do endosperma, á medida que ocorre o
processo de polimento há um acréscimo da perda de nutrientes.
5.7.1. Secagem
A secagem é uma das mais antigas operações unitárias, no entanto, é uma das
menos compreendidas e mais complexas (Mujumdar, 1996). É uma operação
unitária importante nas indústrias químicas, alimentícias e farmacêuticas, envolve a
transferência simultânea de calor e massa, juntamente com as variações de
processos do material, tais como transformações físicas ou químicas, que, por sua
vez, podem causar mudanças na qualidade do material, assim como nos
mecanismos de transferência de calor e massa. Os motivos da secagem são para
preservar o produto, modificar sua textura e reduzir o peso para o transporte. Mas o
mais importante é a preservação e extensão da vida útil. Para isto, o conteúdo de
umidade é reduzido a um nível em que a disponibilidade de água para reações de
deterioração (microbiológicas, químicas e físicas) é reduzida (Mujumdar, 2006;
Driscoll, 2014).
179
No processo de secagem, o fornecimento de calor pode ocorrer por três diferentes
mecanismos: condução, convecção e radiação. A maior parte dos processos
industriais que envolvem a transferência de calor emprega a combinação de tais
mecanismos. Entretanto, é comum um mecanismo ser mais importante que os
demais em algumas aplicações (Fellows, 2006). Em geral, a secagem envolve a
aplicação de calor, geralmente, por convecção a partir de uma corrente de ar
(McMinn e Magee, 1999). Existem três fatores inter-relacionados que controlam a
capacidade do ar de remover umidade de um material quando a secagem utiliza ar
quente, que são:
- a temperatura do ar;
180
5.7.1.1 Umidade
Segundo Fellows (2006) e Mujumdar (2006), a umidade pode ser classificada como:
- umidade não ligada: é a umidade que exerce uma pressão de vapor igual àquela
da água pura, a vaporização ocorre como se o material sólido não existisse, mas
sim um corpo apenas formado por água;
𝑚𝑎 𝑚𝑎
𝑋𝑏𝑢 = . 100 = . 100 (1)
𝑚𝑢 𝑚𝑎 + 𝑚𝑠𝑠
𝑚𝑎
𝑋𝑏𝑠 = (2)
𝑚𝑠𝑠
181
5.7.1.2. Umidade de Equilíbrio
182
taxa constante corresponde ao tempo em que a migração interna de água para a
superfície não consegue mais compensar a taxa de evaporação da água não ligada.
O conteúdo de umidade deste ponto, que marca o final do período de secagem a
taxa constante, é denominado de umidade crítica. O período de taxa decrescente se
inicia quando a migração interna de umidade passa a controlar o processo. O
conteúdo de umidade do material cai além da umidade crítica, a taxa de secagem
decresce lentamente até se aproximar de zero no conteúdo de umidade de
equilíbrio, o material fica em equilíbrio com o ar de secagem.
5.7.2. Secadores
183
- Natureza do produto: o produto pode ser carregado no secador como sólido,
líquido, pasta ou grânulos, cada um exigindo uma forma diferente de secador.
184
Ter conhecimento da umidade dos grãos, no momento da colheita, é fator
preponderante na tomada de decisão sobre os procedimentos subsequentes. Um
conteúdo de umidade inferior a 13 % (base úmida), o grão pode ser armazenado
diretamente, sem necessidade de secagem. Para conteúdos de umidade entre 13 %
e 16 %, considerando baixa umidade relativa do ar, os grãos podem ser
simplesmente ventilados dentro do secador, com ar natural e sem aquecimento. Se
o conteúdo de umidade for superior a 17 % (base úmida), deve-se iniciar o processo
de secagem, elevando a temperatura do ar, para evitar que o tempo de secagem se
prolongue, causando danos aos grãos (Bragantini, 2006).
- permite que a colheita seja feita mais cedo, o que diminui as perdas no campo;
185
- permite o planejamento da colheita de acordo com as possibilidades de máquinas
e mão de obra, visto que a colheita não depende das variações de umidade do grão
no campo;
186
secadores de leito fixo se utilizam de fontes suplementares de aquecimento
(resistência elétrica, fornalha, energia solar, entre outras) para auxiliar no processo
de secagem, principalmente, em regiões de alta umidade relativa (SILVA et al.,
2008).
Figura 5.4. Silo secador: (a) sem aquecedor; (b) com aquecedor.
(a)
(b)
187
Figura 5.5. Esquema da secagem estacionária ou leito fixo.
188
Na figura 5.6 (a) é apresentado um secador de coluna com escoamento concorrente
e na figura 5.6 (b) é apresentado um secador de coluna com escoamento
contracorrente. A diferença no modelo está no posicionamento dos dutos de
exaustão (2).
Figura 5.6. Secador de coluna: (a) com escoamento concorrente; (b) com
escoamento contracorrente.
(a) (b)
189
Na figura 5.8, temos um secador de coluna com escoamentos mistos (secador em
cascata), muito difundido no Brasil, é constituído por uma série de calhas invertidas
em forma de V. O ar de secagem entra numa linha de calhas e sai em outra
imediatamente adjacente, superior ou inferior e os grãos se movimentam para baixo
e entre as calhas, com a ação da gravidade. Com isso, ao descer pelo secador, o
grão é submetido à ação do movimento do ar de secagem em escoamentos
contracorrentes, concorrentes e cruzados (Silva et al., 2008).
190
5.8.3. Estudos da secagem da cevada
191
(d) propriedades psicrométricas do ar úmido.
192
Bala e Woods (1984) descreveram o uso de um programa de computador para
simular a secagem em leitos profundos de malte de cevada, em que as equações
de calor específico, coeficiente de transferência de calor, encolhimento, calor latente
de vaporização e cinética de secagem em camada fina foram utilizadas como
entradas do modelo. Enquanto Kribs e Spolek (1997) realizaram um estudo para
reduzir a energia térmica necessária para secagem de malte de cevada em
secadores de camada profunda, controlando o fluxo de ar e temperatura, enquanto
o tempo de secagem é mantido aproximadamente constante e a qualidade do malte
dentro dos limites aceitáveis.
193
Sobieski (2008,2009) aplicou a técnica de CFD para modelagem de fenômenos de
fluxo durante a secagem de cevada em secadores de leito de jorro e estudou a
sensibilidade do modelo multifase Euleriano de secagem, em secador de leito de
jorro, de cevada variedade Mauritia nas mudanças dos parâmetros do processo.
O objetivo deste capítulo foi dar os conceitos iniciais da secagem tendo como
estudo de caso a cevada. Esse cereal tem múltiplas utilizações e em cada uma
delas, o grão de cevada se apresenta com características únicas. Assim, quer-se
com este capítulo além de fornecer noções básicas sobre o tema ao leitor,
apresentar uma série de referências que permitem aprofundar o conhecimento.
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204
Capítulo 6
205
6.1. INTRODUÇÃO
206
complexas entre variáveis de processo, estimar parâmetros de modelos, prever
propriedades físicas e térmicas, etc. Neste sentido, as redes neurais artificias
podem ser uma ferramenta valiosa para superar alguns gargalos associados à
modelagem da secagem. Elas oferecem alternativas para substituir modelos
teóricos ou empíricos onde eles eventualmente falham, seja por não descreverem
bem o processo ou por se limitarem a faixas estreitas de operação. Alguns
conceitos fundamentais para a aplicação de redes neurais (RNAs) serão abordados
no próximo tópico.
O primeiro passo para projetar uma rede neural é selecionar sua estrutura básica,
as funções de ativação e o número neurônios em camadas ocultas, ou
intermediárias, que se situam entre a entrada e a saída. Uma relação típica de
entrada/saída de uma rede neural de três camadas é dada por:
(1)
207
Em uma rede neural do tipo feedforward, cada neurônio (yj) da camada
intermediária soma os sinais de entrada ponderados pela matriz de pesos, adiciona
o valor de bias específico àquele neurônio e em seguida aplica a função de ativação
para gerar o sinal de saída de acordo com:
(2)
(3)
(4)
208
dados e eficiência computacional, o que significa que quanto menor a rede, menos
parâmetros e dados são necessários e menor o tempo de identificação envolvido.
Folhas são, muito provavelmente, o sistema particulado mais difícil de ser modelado
e processado por técnicas convencionais. Devido principalmente às suas
características fluidodinâmicas, as folhas são um caso particular em aplicações
industriais de larga escala. O estudo aqui apresentado da cinética de secagem das
folhas e hastes de hortelã-pimenta é um passo fundamental no desenvolvimento e
na otimização de secadores industriais. Uma abordagem puramente teórica do
problema seria praticamente inviável. Redes neurais são uma alternativa
interessante para modelar essa cinética de secagem, usando uma única equação
válida para ampla gama de condições de operação. Entre as principais vantagens
dessa técnica está o fato de que as redes tratam convenientemente o
comportamento não-linear do processo e que a equação algébrica final de uma rede
neural permite que cálculos rápidos sejam realizados. No estudo de caso específico
desta seção, a rede neural substitui com sucesso modelos empíricos
experimentalmente ajustados que se aplicam apenas a uma faixa restrita de
condições operacionais. A fim de dar uma visão descomplicada sobre o uso de
redes neurais em processos de secagem, um estudo de caso bastante simples
envolvendo a secagem em camada fina de hortelã dentro de uma célula de leito fixo
é descrito a seguir.
Hortelã é uma erva aromática que contém óleos essenciais de alto valor econômico,
amplamente utilizados em alimentos, fragrâncias, cosméticos e indústrias
farmacêuticas. As plantas pertencentes ao gênero menta incluem muitas
variedades, as mais cultivadas em todo o mundo para a produção de óleo essencial
são a hortelã-pimenta e a hortelã (Abbaszadeh et al., 2009). Devido ao seu sabor
agradável e fresco, as plantas de menta também servem para fins culinários e são
tradicionalmente usadas na medicina natural para uma variedade de doenças
(Andrews, 1996; Chawla e Thakur, 2013; Kunnumakkara et al., 2009). O interesse
comercial na hortelã vem principalmente das duas classes de metabólitos
secundários encontrados em seu óleo essencial, ou seja, os monoterpenóides e os
compostos fenólicos. Os metabólitos secundários atuam como antioxidantes,
compostos antiinflamatórios, antiespasmódicos, antieméticos, diaforicos, agentes
antivirais (Mimica-Dukic e Bozin, 2008). O mentol é o principal monoterpeno do óleo
essencial de menta, seguido pelo mentona e seus derivados (por exemplo, acetil
mentol, isomentona, pulegona). Outros metabólitos secundários são alcalóides,
209
taninos e esteróides. Os compostos fenólicos incluem ácidos rosmarínicos e
flavonóides (Palmer, 2012; Sujana et al., 2013, Ullah et al., 2011). Informações
detalhadas sobre aspectos da botânica, etnofarmacologia e usos de plantas de
hortelã podem ser encontradas em outros lugares (Ferreira e Rosanova, 2015).
Após a colheita, as ervas frescas contêm em média até 80% de água (em base
úmida), portanto, reduzir esse teor é necessário para preservar a qualidade visando
processamento e armazenamento por longos períodos. Quando grandes
quantidades de material precisam ser processadas, o tratamento mais aplicado para
reduzir o teor de água é a secagem térmica. Normalmente, as ervas são expostas
ao ar quente em fornos ou em secadores convectivos, onde são aquecidos a uma
temperatura moderada. Neste processo, a umidade interna se move para a
superfície da folha e evapora para a fase gasosa. O primeiro desafio na secagem de
plantas é a escolha de um secador adequado e de condições de secagem
apropriadas para evitar danos à estrutura da planta e perda de constituintes. Uma
vez definida a configuração, o desafio seguinte é prever a variação do teor de
umidade da planta ao longo do tempo como uma função das variáveis do processo.
Como o objetivo principal é atingir um teor de umidade desejado com consumo
mínimo de energia e mínima degradação de compostos bioativos, a umidade do
sólido é uma variável chave a ser monitorada neste processo. No entanto, a medida
da umidade do sólido não é direta em condições dinâmicas, pois os procedimentos
mais simples e de baixo custo são baseados em técnicas de amostragem e
gravimétricas que consomem tempo e não são adequadas para uso on-line.
Desvantagens adicionais surgem quando se lida com ervas frescas, em que as
plantas podem ser bastante heterogêneas com relação ao tamanho e a forma. Os
ramos de hortelã, por exemplo, contêm folhas e caules comumente secos juntos em
instalações comerciais, já que ambas as partes contêm constituintes de interesse.
Estas frações, no entanto, têm características morfológicas bastante diferentes:
enquanto as folhas são planas, finas e flexíveis, as hastes são cilíndricas e têm uma
estrutura rígida. Essas características levam a diferentes resistências à remoção de
umidade e, portanto, a distintas taxas de secagem sob as mesmas condições de
operação. Quando o processo é analisado com base em medições do conteúdo de
umidade dos ramos, os resultados podem resultar em interpretações incorretas, pois
os valores medidos podem não representar bem a umidade local de cada fração.
210
equações conhecidas como modelos cinéticos de secagem. Alguns exemplos de
equações conhecidas comumente usadas para prever a cinética de secagem de
uma variedade de produtos são mostrados na tabela 6.1.
A versatilidade das redes neurais para se ajustar a uma ampla gama de dados
experimentais em uma única estrutura de cálculo é uma vantagem óbvia nessa
situação. Na próxima seção, os resultados obtidos serão apresentados e discutidos.
O projeto de uma rede neural começa com uma análise minuciosa e cuidadosa do
banco de dados experimental. O processo de aprendizagem da rede depende
fortemente da qualidade do banco de dados, especialmente no que diz respeito ao
tamanho, precisão e distribuição das medidas. Uma boa rede neural deve se
encaixar bem com os dados de aprendizado e também precisa estimar valores fora
desse banco, ou seja, precisa generalizar. Esses atributos são alcançados durante o
processo de aprendizado da rede, em que ocorre o ajuste de pesos entre as
conexões dos neurônios. Uma RNA tipo feedforward foi projetada com o auxílio do
toolbox Neural Networks do Matlab 2015, usando o algoritmo de otimização
211
Levenberg-Marquardt para determinar os pesos e o método do backpropagation
para o treinamento. A escolha por uma rede neural com uma única camada
intermediária, comumente encontrada na maioria das aplicações em processos
químicos, foi manter a relação de entrada/saída a mais simples possível, dada pela
Eq. (1). O objetivo final foi projetar uma RNA com o menor número possível de
neurônios. No limite em que o número de pesos é igual ao número de pontos
experimentais, o coeficiente de regressão (R2) atinge o valor 1, mas a rede neural
perde sua capacidade de generalizar, tornando-se específica demais para o
conjunto de treinamento. A escolha correta de uma boa rede neural é aquela que
possui o R2 mais alto e o menor erro de verificação. O treinamento é então feito
repetidamente até que tal rede seja encontrada dentro de um intervalo razoável de
tempo. Uma questão recorrente no projeto de redes neurais é a existência de
múltiplos mínimos locais, que dificultam a escolha do melhor desempenho. A melhor
estrutura de rede neural obtida por tentativa e erro, como mencionado
anteriormente, foi a apresentada na figura 6.2:
1.7140
−2.4963
𝑏1 = 0.6710 (11)
4.1447
3.9219
212
𝐿𝑊 = −1.0615 −1.3306 −0.0619 −3.4675 −0.6468 (12)
𝑏2 = 2.8257 (13)
Valores excessivos de bias nas saídas podem ser o resultado do underfitting, que é
quando uma rede não é suficientemente complexa para detectar totalmente o sinal
em dados complicados. O toolbox Neural Network do Matlab possui recursos
especiais para evitar a ocorrência de over e underfitting. No processo de
aprendizagem, a partir dos dados fornecidos pelos 36 ensaios experimentais, 80%
foram utilizados para programação em rede, 10% para validação e 10% para testes.
A verificação da rede para os dados de validação deve ser feita ao mesmo tempo
em que o treinamento é realizado. A rede neural obtida no final das etapas de
projeto forneceu os seguintes resultados na etapa de teste
Muitos métodos bem estabelecidos para produzir pós de interesse para diferentes
setores industriais consistem, basicamente, na evaporação da água de soluções ou
213
materiais pastosos. A secagem por spray é amplamente encontrada na fabricação
de pós, como leite, sabão e café, e foi bem descrita na literatura (Masters, 1979). O
uso de leitos de jorro com partículas inertes para secagem de pastas e produção de
pós é uma tecnologia emergente de baixo custo que surge como uma alternativa à
secagem por spray. Embora esta tecnologia tenha sido aplicada com sucesso para
secar uma ampla variedade de materiais (Freire et. al, 2011), ela ainda precisa de
melhorias em aspectos como controle de processo, flexibilidade de projeto e
aumento de escala, para ser comercialmente atraente. Os autores deste capítulo
estão engajados em um projeto de longo prazo para desenvolver modelos
confiáveis capazes de descrever o comportamento dinâmico de variáveis
importantes na secagem de pastas usando partículas inertes. Como a umidade do
pó é o parâmetro de qualidade mais relevante a ser monitorado neste processo, o
objetivo final é implementar uma estratégia de controle eficaz para monitorar o teor
de umidade do pó na saída do secador.
Pesquisas foram feitas sobre o uso de leitos de jorro e vibrofluidizados para secar
diferentes tipos de pasta. Por conveniência, este estudo de caso será sobre a
secagem do leite em leito de jorro, mas vale a pena ressaltar que a análise é
essencialmente similar, independentemente de ser utilizado um leito de jorro ou um
leito vibrofluidizado. Na verdade, a análise feita nessa seção vale para qualquer
processo de secagem que se comporte como uma mistura perfeita, ou quase isso.
Algumas informações úteis sobre configuração e recursos do leito de jorro serão
apresentadas a seguir para dar suporte à análise posterior.
214
O ar quente é alimentado em um orifício de entrada central localizado na parte
inferior da base cônica, com uma elevada vazão, suficiente para transportar
pneumaticamente as partículas até formar uma fonte. Após a desaceleração, essas
partículas retornam à região anular entre o núcleo oco e a parede da coluna,
estabelecendo, assim, um padrão contínuo de fluxo circulante. Na figura 3, Wi e Wo
representam as vazões de entrada e saída de ar e Fi representa a alimentação da
pasta. O líquido ou a pasta é atomizado na forma de um spray borrifado no topo,
revestindo as partículas com uma camada úmida. A umidade do revestimento atinge
um valor crítico quando se torna frágil e frágil, e devido ao atrito causado pelas
colisões partícula-partícula e partícula-parede, ocorre a ruptura e a liberação do
filme seco. O pó é elutriado pelo ar e depois recolhido em um ciclone de separação.
215
envolvem fenômenos complexos (Karimi et al., 2011), como no caso da secagem de
pasta de leito de jorro. Uma revisão da literatura mostra que os modelos híbridos /
neurais têm sido utilizados para avaliar processos de secagem em diferentes
configurações, como em secadores rotativos (Mateo et al., 1999; Alvarez et al.,
2005; Cubillos et al., 2011) e secadores de túneis solares (Bala et al., 2005).
Recentemente, os autores aplicaram com sucesso essa abordagem para modelar a
secagem da pasta em leito de jorro (Freire et al., 2012).
dy0
1
Wi yi W0 y0 k (14)
dt mg
Fi xi k
Xo (15)
Fo
216
ou tipo caixa cinza, cuja solução numérica foi realizada de acordo com o fluxograma
de dados representado pela figura 6.4.
Tgi k
ANN f (•)
Xs
t
Tabela 6.3. Taxa máxima de alimentação na qual o leito de jorro operou de maneira
estável.
Temperatura Velocidade acime Fluxo de alimentação
Pasta
(ºC) do mínimo jorro da pasta (mL/min)
80 1.15 40
Leite Integral
100 1.30 60
Leite Semi- 80 1.15 20
desnatado 100 1.30 40
80 1.15 20
Leite desnatado
100 1.30 40
Leite com baixa 80 1.15 20
lactose* 100 1.30 40
* Concentração de gordura igual à do leite semi-desnatado.
217
Table 6.4. Erro relativo da estimativa de queda de pressão.
(a) (b)
218
6.2.3. Estudo de Caso 3: Desempenho de redes neurais artificiais e
correlações empíricas no ajuste para estimar valores mais elevados de
aquecimento da biomassa
Em muitas aplicações práticas do dia a dia, a secagem pode ser vista como uma
etapa de pré-processamento fundamental na qualidade do produto final. O uso de
biomassa como fonte alternativa de energia é um exemplo disso, quanto melhor e
mais cuidadosa a secagem, melhor a eficiência do tratamento térmico. Os resíduos
sólidos orgânicos são uma das matérias-primas de maior interesse como fonte de
energia renovável. Existem três tipos principais de biomassas para obtenção de
energia: lipídios, açúcares/amidos e celulose/lignocelulose. A estimativa do poder
calorífico superior (PCS), cujos métodos de determinação requerem longos períodos
e são relativamente caros, é crucial na análise e desenvolvimento de sistemas de
bioenergia. Existem correlações empíricas na literatura para estimar o valor de
aquecimento (HHV) com base em dados de análise elementar (mais exigentes em
termos de instrumentação) e dados de análise imediata (mais simples e mais fácil
de ser feita experimentalmente). Nessa seção, será mostrada a viabilidade do uso
de redes neurais artificiais (RNA) e correlações empíricas para ajustar e estimar o
poder calorífico superior de biomassas a partir de bancos de dados de análise
imediata disponíveis na literatura. Partindo de um banco de dados de 100 registros
e elevando o banco para 225 e, posteriormente, para 350, foi possível analisar as
diferenças entre as características básicas de ajuste das RNAs e dos modelos de
correlação. Seis valores de HHV de biomassa disponíveis na literatura foram
utilizados para verificar a validade dos ajustes.
Que assume HHV do combustível como sendo uma função linear de seus
constituintes voláteis, não voláteis e inorgânicos.
FC
HHV aFC b cVM dAsh (18)
VM
219
Cuja estrutura supõe que o HHV do combustível seja uma função linear de seus
constituintes voláteis, não voláteis e inorgânicos, e da razão de não volatilidade para
componentes de volatilidade.
Que assumem que o HHV do combustível é uma função polinomial dos seus
constituintes voláteis, não voláteis e inorgânicos. Nas três equações acima, o ajuste
de dados foi feito usando o método de mínimos quadrados de Levenberg-Marquardt
e a, b, c, d, e e f foram ajustados de acordo.
Neste trabalho, uma rede de 7 neurônios na camada oculta (figura 6.6) mostrou-se
adequada.
Figura 6.6. Rede neural de saída única de camada multicamadas (HHV) com 7
neurônios na camada oculta e 3 entradas (FC, VM, Ash).
O banco de dados disponível em Parikh et al. (2005), com 100 medidas, foi o ponto
de partida deste trabalho. A partir desse banco de dados inicial, a rede neural foi
treinada e as correlações empíricas dadas pelas Eqs. (1-3) foram ajustados (caso
A). Em seguida, outros 125 dados de Nhuchhen e Salam 2012 foram adicionados
aos 100 iniciais, seguidos pelos passos de treinamento e adaptação mencionados
anteriormente (caso B). Depois disso, os 125 pontos restantes, disponíveis na base
de dados Nhuchhen e Salam 2012, foram incluídos (caso C). Os parâmetros de
ajuste resultantes para os casos A, B e C são mostrados, respectivamente, nas
tabelas 6.5, 6.6 e 6.7:
220
Tabela 6.6. Parâmetros de ajuste para o caso B.
Parâmetros de ajuste
Equação A b c D e f
17 0.3496 0.1612 –0.0041 - - -
18 0.2554 40.0236 0.0669 –0.0999 - -
-5 -4 -
19 0.3584 6.8285x10 –6.8549 x10 0.1609 1.2649 x10 –0.0056
221
houve uma interrupção e foi verificada a capacidade do modelo para prever dados
fora da faixa de treinamento; (iii) caso a previsão não seja satisfatória, o número de
interações foi aumentado e a capacidade de previsão foi novamente verificada.
Esse ciclo continuou até que a previsão fosse satisfatória, o que, por sua vez,
fornecia o número de iterações de otimização necessárias.
222
Os resultados dos modelos de RNA e correlação para os casos A, B e C são
mostrados, respectivamente, nas tabelas 6.9, 6.10 e 6.11.
No geral, os resultados nas tabelas 6.9, 6.10 e 6.11 mostram que a RNA foi superior
às correlações empíricas tanto no ajuste ao banco de dados de treinamento quanto
na estimativa de valores de HHV fora do banco de dados de treinamento. Observou-
se que à medida que o banco de dados de treinamento foi aumentado, a rede neural
ajustou seus pesos para melhorar ou pelo menos manter o mesmo desempenho
(capacidade de previsão). Isto foi conseguido diminuindo a correlação de ajuste, o
que pode ser interpretado como um mecanismo de robustez da rede em relação aos
desvios de medição adicionais. No entanto, os modelos de correlação empírica
ajustaram-se sistematicamente melhor aos dados de ajuste, ou seja, o coeficiente
223
de correlação aumentou com o aumento do tamanho do banco de dados, exceto
pela correlação dada pela equação 18, que pode ser considerado como tendo
mantido o mesmo desempenho de ajuste do caso B para C. No geral, uma vez que
a rede foi treinada, ela foi capaz de aprender o valor correto do HHV com erro médio
menor que as correlações.
6.3. CONCLUSÕES
6.4. NOMENCLATURA
224
U teor de umidade da pasta em base úmida [-]
VM matéria volátil [% p/p, d.b.]
W vazão mássica de ar de secagem [M t-1]
x fração mássica de água na pasta [-]
y fração mássica de água no ar [-]
Símbolos gregos
ρ densidade da pasta [M L-3]
λ calor latente de vaporização [L2 t-2]
Subscripts
exp experimental
g gas
i entrada
j leito de jorro
o saída
p pasta
s partículas inertes
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229
230
Capítulo 7
231
7.1. INTRODUÇÃO
Por onde devemos começar? Essa é a pergunta fundamental que todo pesquisador
frente ao desafio de uma nova linha de pesquisa se faz. O caminho convencional
passa por elaborar uma potente revisão bibliográfica que englobe os aspectos mais
importantes da linha a ser desenvolvida e, a partir daí, estabelecer uma metodologia
que conduza ao objetivo desejado.
232
7.2. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DE PARTÍCULAS E DO MEIO PARTICULADO
233
Tabela 7.1. Definições de diâmetros de partícula
Símbolo Diâmetro Definição Fórmula
Diâmetro de uma esfera do mesmo 𝜋
dv Volumétrico 𝑉 = 𝑑𝑣 3
volume da partícula. 6
Diâmetro de uma espera de mesma
ds Superficial 𝑆 = 𝜋𝑑𝑠 2
superfície da partícula.
Volumétrico- Diâmetro de uma esfera com a mesma 𝑑𝑣 3
dsv relação entre área superficial externa e 𝑑𝑠𝑣 =
superficial
volume da partícula. 𝑑𝑠 2
Diâmetro da esfera com a mesma
resistência ao movimento que a
partícula em um fluido de mesma
dA Arraste viscosidade e à mesma velocidade (o 𝐹𝑎 = 3𝜋𝑑𝐴 𝜂𝜈
diâmetro de arraste se aproxima do
diâmetro superficial para baixos valores
de Re).
Diâmetro da esfera com a mesma
velocidade de queda livre de uma
df Queda livre partícula de mesma densidade em um
fluido de mesma densidade e
viscosidade.
Diâmetro de queda livre em uma região 𝑑𝑣 3
dSt Stokes 𝑑𝑆𝑡 =
de fluxo laminar. 𝑑𝑠 2
Diâmetro de um círculo com a mesma
da Área projetada área projetada de uma partícula de
orientação espacial aleatória estável
Diâmetro de uma partícula de mesmo
dc Perimetral perímetro da linha externa projetada de 𝑃 = 𝜋𝑑𝑐
uma partícula.
dA Largura do menor quadrado de abertura
Peneira
pela qual a partícula passa.
Distância entre um par de retas
dF paralelas tangentes à área projetada
Feret
externa de uma partícula em uma
determinada direção fixa.
Comprimento da corda paralela a uma
dM direção fixa que divide a área projetada
Martin
externa da partícula em duas áreas
iguais.
dD Comprimento da corda entre o centróide
Desenrolado
e a borda externa de uma partícula
Fonte: Allen, T. (1997)
234
1
dS n
xi
i 1 d i
(1)
B W .T (2)
235
em que o devido cuidado na caracterização da terceira dimensão tenha sido
tomado.
V d v3 V ,a d a3 xa3 (4)
6
Li et al. (2012) apresentam uma série de equações para o cálculo da área superficial
e do volume para objetos de formas diversas, conforme descrito na tabela 7.2. Em
236
seu trabalho, os autores utilizam essas equações para a determinação do que é
considerado o fator de forma mais simples conhecido: a esfericidade.
Cone
1
3
hr 2 r h2 r 2 r
Cilindro 4
hr 2 r 3 2 rh 4 r 2
esférico 3
Prisma 3h 2 3 2 3 a2
normal triplo a a a h2
4 3 4 2 12
1 2 2
Toróide d D 2 dD
4
Cubóide abc 2 ab bc ac
Cilindro
abh h 1,5 a b ab 2 ab
elíptico
Tronco R r h R R r h
2 2
1 hR hR
R2 h h R2 R2 r 2
2
R R r
2
cônico 3 r r Rr
4 2 2
2 2
Elipsóide 8 cos sin 2 2 cos 2 cos 2 sin cos 2 d d
3 0 0 2
Fonte: Li et al. (2012).
237
morfologia da partícula na combustão em leito fluidizado circulante (CFBC) (Liu et
al. 2008), para dar o coeficiente de arraste e velocidade terminal de partículas em
queda (Haider e Levenspiel, 1989), distinguir os aspectos da forma das partículas
rochosas no estudo de sedimentos em geologia (Barrett, 1980), caracterizar a
morfologia de grãos em estudos fluidodinâmicos em um leito de jorro semicilíndrico
(Braz et al., 2017).
Tabela 7.3. Razão de aspecto para objetos comuns segundo Li et al. (2012).
Objeto Razão de aspecto Relação
Cilindro w w = h/2r
Cone w w = h/2r
Cilindro esférico w w = h/2r
Prisma normal triplo w w = h/a
Toróide w w = d/D
m m = b/a
Cubóide
n n = c/a
w w = h/2a
Cilindro elíptico
μ μ = b/a
w w = h/2R
Tronco cônico
c c = r/R
Fonte: Li et al. (2012).
238
Tabela 7.4. Esfericidades de objetos comuns não esféricos.
Esfericidade ( ) Valor Formato
Objeto
máximo ótimo
13
13
Dodecaedro 235 105 5 6
regular dr 0,910 - -
25 10 5
23
Icosaedro 3 5 5 2
regular ir 0,939 - -
5 3
13
16
Hemisfério hemi 0,840 - -
27
1,5w
23
12 w
23
Cilindro w =1
cilelip 0,874
elíptico 3w 1 2w 2 μ=1
23
4w 1 c c 2
Tronco tronco w =1
0,874
cônico 1 c 1 c 4w 1 c c =1
2 2 2
23
elipsóide α=1
Elipsóide 2 2 2 1
2 cos sin cos cos 2 sin 2 cos 2 d d
2 2 2 2 β=1
0 0
239
Felizardo (2018) cita também uma definição bidimensional da esfericidade baseada
na relação entre área projetada (AP) e perímetro (P), utilizada também por Fumagalli
(2007) e Arnosti Jr (1997), que consiste no inverso da circularidade (C) da partícula.
Ambas estão descritas na equação 5, onde C, L e E são as dimensões relativas aos
três eixos, comprimento, largura e espessura.
AP
2 D 4 2
P
(5)
C.L.E
3 D
C
m
R (6)
V
m
ap (7)
Vap
240
De acordo com Felizardo (2018), para sementes de cevada, ambos os solventes
apresentaram problemas na sua aplicação, pois o material apresentava poros de
tamanho tal que permitiam a rápida absorção do líquido. Para contornar esse
problema o autor sugeriu o recobrimento dos grãos com parafina a fim de impedir a
absorção do líquido. Alternativamente, uma técnica semelhantes encontra-se
descrita nos trabalhos de Chang (1988) e Amin et al. (2004), que determinaram as
densidades aparentes de milho, trigo, sorgo, e lentilha utilizando um picnômetro a
gás. Para determinar o volume aparente, os grãos foram recobertos por imersão em
cera de parafina líquida aquecida, de modo a isolar todos os poros intra-partícula,
tornando-os inacessíveis ao gás utilizado no picnômetro.
7.2.4. Porosidade
Os autores ainda relatam que no caso dos alimentos, alguns aspectos dependem da
porosidade do material: previsão e compreensão dos fenômenos de transferência
de calor e massa em várias operações de processamento de alimentos, como
secagem, defumação, escaldo, fritura e extrusão entre outras; propriedades
mecânicas e de textura; propriedades sensoriais; e qualidade e aceitação pelo
consumidor.A determinação da porosidade requer o conhecimento do volume total
ou aparente e o volume de vazios na matriz do material. A medição do volume
aparente ou total é uma tarefa relativamente fácil e tem sido realizada por meio de
diferentes procedimentos experimentais, como o deslocamento volumétrico de um
líquido, determinação das dimensões e medidas de força de flutuação.
De acordo com Sereno et al. (2007), diferentes métodos foram propostos para medir
o volume de partículas. Estes métodos implicam frequentemente em alterações na
estrutura e/ou composição do material, tais como a determinação do volume de
amostras moídas e desgaseificadas e a infiltração de líquidos por aplicação de pulso
241
de vácuo. A picnometria a hélio e a porosimetria de mercúrio também foram usadas,
mas requerem desidratação da amostra. Alguns autores propuseram equações
empíricas e semi-empíricas para previsão de porosidade. Poucos trabalhos
propuseram métodos para medir o volume de partículas em sólidos com alto teor de
umidade e, conseqüentemente, porosidade desses sólidos. Seguindo o
procedimento descrito por Day (1964) e Mavroudis et al. (2004), um picnômetro a
gás especialmente projetado foi utilizado com sucesso para medir o volume de
partículas de sólidos com qualquer teor de umidade e, como conseqüência, para
determinar a porosidade de tais sólidos, uma vez conhecido o volume aparente.
Para cada volume os autores associam, para uma massa fixa m da partícula, uma
respectiva densidade. Dessa forma, dois diferentes tipos de porosidade podem ser
definidos: a porosidade total, que consiste na razão entre o volume de ar (incluindo
os poros abertos e fechados) e o volume total e a porosidade de poro aberto, que
corresponde à razão entre o volume dos poros conectados com a superfície do
material:
VT Vsb
T (11)
VT
VT Vrp
pa (12)
VT
242
conectados com a superfície do material, a definição de porosidade de poro aberto é
significativamente mais adequada que a porosidade total. De outra forma, ambas
podem ser determinadas via as técnicas descritas nessa seção e com o auxílio da
caracterização física do tamanho e volume das partículas.
mb
b (13)
Vb
b
b 1 (14)
R
243
Começando com uma distribuição de temperatura uniforme, uma produção de calor
constante é gerada via corrente elétrica controlada pela sonda. O aumento da
temperatura depende de vários parâmetros, dos quais a condutividade térmica do
meio é um dos mais importantes. Assim, a condutividade térmica do meio pode ser
determinada a partir do registro na elevação temperatura da sonda. Segundo o
autor, esse método é usado para determinar a condutividade térmica de sólidos
granulares, solo e de líquidos. O método também foi empregado para medir a
condutividade térmica de gases.
De acordo com Yang et al. (2002) este método utiliza uma sonda térmica como
fonte de aquecimento, e estima a condutividade térmica com base na relação entre
a temperatura do núcleo da amostra e o tempo de aquecimento. Em princípio, o
calor é gerado em pela sonda a uma taxa q:
244
q I 2 Re (15)
2T 1 T 1 T
(16)
r 2 r r t
q
T T0 F rn (17)
2 kef
rn rn
2 4
F rn A ln rn ...
2 8 (18)
1
t
1 2
n
2
Podemos considerar que, se o produto de r e n é muito pequeno, ou seja, um valor
significativamente pequeno para r e um valor grande para t, a série acima pode ser
truncada nos dois primeiros termos, de forma que:
q
T T0 A ln rn
2 kef (19)
qA q 1 q (20)
T0 ln r 1 2 ln t
2 kef 2 kef 2 4 kef
Essa dedução nos permite observar a relação linear entre (T-T0) e ln(t), de tal forma
que o coeficiente angular S=q/4πk nos dá condutividade térmica efetiva da amostra.
É importante observar que, adicionalmente, o coeficiente linear potencialmente pode
nos fornecer não apenas a condutividade térmica efetiva do material, como também
a difusividade térmica, consequentemente, tornando possível a avaliação da
capacidade calorífica da amostra.
245
que exigiria um rigor experimental que permitisse avaliar intervalos de temperatura
nos quais a capacidade calorífica do meio seja considerada aproximadamente
constante. Deve ser levando em conta, entretanto, que a condutividade térmica
efetiva é uma função forte do tipo de empacotamento e, consequentemente, da
porosidade do leito. Isso ocorre devido ao contato entre as partículas que pode
contribuir ou não para o processo de condução.
Segundo Muramatsu et al. (2007), a kef de um meio poroso é afetada por vários
fatores: a condutividade térmica da substância sólida e do fluido que preenche os
vazios, a fração de vazios e a densidade volumétrica, portanto, um modelo de
transferência de calor estrutural seria valioso para uso prático.
Existem na literatura estudos para estabelecer correlações que possam estimar a kef
de meios porosos através da relação entre a condutividade térmica do sólido, do
fluido e da fração de vazios. Dentre os modelos existentes na literatura para a
estimativa da condutividade térmica efetiva do leito, são comuns aqueles baseados
em regras de mistura que leva em conta a contribuição de cada fase que compõe o
leito. Um deles leva em conta a média ponderada das condutividades térmicas do
sólido e do fluido:
kef k f b ks 1 b (21)
Outro modelo leva em conta a média harmônica, admitindo que a fase sólida e a
fase fluido contribuem em série no fenômenos de transferência de calor.
ks k f
kef (22)
ks b k f 1 b
kef k f b ks
1 b
(23)
Sólidos porosos, como carvão ativado, géis de sílica, aluminas e zeólitas, que
possuem muitas cavidades ou poros com diâmetros tão pequenos como uma fração
246
de nanômetro são amplamente utilizados como adsorvedores. As superfícies
desses sólidos são necessariamente irregulares ao nível molecular e possuem sítios
de atração para as moléculas que são adsorvidas. Se os sítios são muito próximos,
as moléculas adsorvidas podem interagir umas com as outras; se eles são
suficientemente dispersos, as moléculas adsorvidas podem interagir somente com
os sítios.
Dependendo da intensidade das forças que unem as moléculas aos sítios, essas
moléculas adsorvidas (adsorvato) podem estar móveis ou em uma posição fixa. As
relativamente fracas forças eletrostática, de indução e de dispersão, favorecem a
mobilidade e resultam na adsorção física. Por outro lado, as forças quasiquímicas
mais fortes podem agir na fixação das moléculas à superfície, promovendo a
quimiossorção. Embora a adsorção possa ser classificada de várias formas, a
distinção usual é entre adsorção física e quimiossorção. Com base na intensidade
das forças de aderência, essa divisão é observada experimentalmente nos valores
dos calores de adsorção (Smith et al., 2007).
247
Cada sítio pode conter, no máximo, uma molécula, caracterizando uma
cobertura em monocamada;
Não há interação entre moléculas de adsorvato de sítios adjacentes;
X C g aw
X m 1 aw 1 aw Cg aw
(24)
O modelo GAB representa uma extensão das teorias de Langmuir além daquela
proposta por Brunauer, Emmett e Teller no modelo BET (Brunauer et al., 1938). A
base teórica para o modelo GAB consiste na consideração de adsorção física
localizada em multicamada, sendo que a primeira camada de água cobre
uniformemente a superfície do adsorvato e é fortemente ligada a ele, formando o
que se chama de monocamada. As moléculas de água dispostas na multicamada
apresentam interações com o adsorvato em níveis que variam desde aqueles da
monocamada até a ausência quase que completa de interações. Nesse último caso
248
as moléculas de água apresentam propriedades idênticas ás da água líquida na
mesma temperatura e pressão do adsorvato (Quirijns et al., 2005b).
X K C g aw
X m 1 K aw 1 K aw K Cg aw
(25)
Assim, quanto maior o valor de Cg, mais fortemente a água estará ligada na
monocamada e, consequentemente, maior será a diferença de entalpia entre as
moléculas da monocamada e as da multicamada (Quirijns et al., 2005b).
Considerando que as moléculas da monocamada apresentam pouca mobilidade e,
consequentemente, um restrito número de configurações possíveis, o efeito
entrópico associado a Cg é menor do que o efeito entálpico (Van den Berg, 1981). K
é definido como a razão entre a função de partição das moléculas de água líquida
(qL) e a função de partição das moléculas adsorvidas na multicamada. O conteúdo
entrópico associado a K pode ser explicado considerando que as moléculas de água
líquida apresentam maiores possibilidades de configuração e mobilidade quando
comparadas àquelas na multicamada (qm) (Van den Berg, 1981). Quando K se
aproxima do valor unitário não se observa distinção entre a água líquida e a água
presente na multicamada. Nesse caso o modelo GAB se reduz ao modelo BET, que
considera as características da água na multicamada iguais às da água líquida
(Brunauer et al., 1938).Quirijns et al (2005b) observou para cilindros de amido que
os ajustes do modelo GAB apresentaram valores de Cg bem maiores do que um, e
valores de K menores do que um para toda a faixa de temperaturas.
249
temperatura aumenta. De modo semelhante, espera-se um aumento nos valores de
K com o aumento da temperatura, considerando que o efeito entrópico sobre o
sistema aumenta, de forma que as moléculas de água apresentem maiores
possibilidades de configuração e mobilidade. Quirijns et al. (2005a) descreve o
significado físico do parâmetro Xm como o número de moléculas na monocamada
ou, simplesmente, o conteúdo de umidade da monocamada. Xm é conhecido como
valor de monocamada e representa uma medida da disponibilidade de sítios ativos
para absorção de água pelo material (Van den Berg, 1981).
Dessa forma, de acordo com Quirijns et al. (2005a), é esperado que o parâmetro Xm
diminua com o aumento de temperatura. Esse efeito pode ser explicado
considerando que, na medida em que o sistema dispõe de maior conteúdo
energético, mais moléculas passam a apresentar propriedades compatíveis com
aquelas da multicamada, diminuindo, portanto, o valor de Xm quando a temperatura
aumenta. Outro efeito que ocorre com o aumento da temperatura, segundo Quirijns
(2005b), é que uma diminuição no valor de Xm pode acontecer devido à redução do
número de sítios ativos para a ligação com a água devido às mudanças estruturais
provocadas no material pelo aumento de temperatura. O mesmo pode ser estendido
ao significado dos parâmetros Cg e K.
250
Nesse sentido, o efeito da temperatura pode ser incorporado nos parâmetros C g e
K:
q1 HCg
Cg Cg 0 exp (26)
qm T
qL H K (27)
K K0 exp
qm T
Cg0 e K0 possuem natureza entrópica. Eles são definidos como a razão entre os
coeficientes de partição reduzidos, ou funções de acomodação, entre a primeira e a
multicamada e entre a água líquida e a multicamada, respectivamente. Espera-se
que Cg0 seja menor do que a unidade, uma vez que as moléculas preferem se alojar
na multicamada acima da monocamada, do ponto de vista entrópico. De modo
similar, K0 deve ser maior do que a unidade devido à elevada entropia das
moléculas da água líquida. Essa análise será verdadeira sempre que a estrutura do
meio poroso se mantiver intacta no intervalo de temperatura onde o estudo das
isotermas é realizado. Maia et al. (2016b) observaram ao analisar as isotermas de
dessorção de folhas de diferentes espécies vegetais que uma significativa alteração
na matriz porosa constituinte das folhas impossibilitava a análise dos dados sob o
ponto de vista convencional.
251
ln aw
H is 1 (28)
T X
Contudo, os autores reforçam que nem sempre existe precisão suficiente para a
estimativa do calor isostérico dessa forma, uma vez que desvios relativos às
medidas experimentais das isotermas de sorção podem ocasionar erros
consideráveis nessa estimativa. Para esses casos, os autores sugerem que apenas
a análise qualitativa seja empregada. Quirijns et al. (2005a), Quirijns et al. (2005b) e
Van den Berg (1981) sugerem a utilização apenas dos dados de dessorção,
desconsiderando possíveis efeitos de histerese, para a determinação de ΔHis
qualquer que seja o método adotado para o cálculo. Segundo os autores a
dessorção representa melhor os fenômenos como um todo. Além disso, os autores
argumentam que o estudo de isotermas visa, sobretudo, fornecer informações
práticas para processos de secagem, portanto, um processo de dessorção.
a
b
H1
monolayer
H Cg
His
Hm
multilayer
H K
HL
liquid
HV
252
A entropia de sorção é a medida da diferença de entropia entre a água adsorvida e
a água líquida, para processos de adsorção, e vice-versa, no caso da dessorção.
Ela pode ser calculada através das relações (Rao et al., 2005).
Gis T ln aw (29)
H is Gis
S S (30)
T
H is 1 S S
ln aw (31)
T
O assunto secagem em camada delgada pode ser considerado um dos temas mais
controversos da literatura de secagem. Curiosamente, a camada delgada é uma das
abordagens mais empregadas para se estudar um problema típico de secagem.
Mas, a que se deve o fato de algo controverso ser muito utilizado? A princípio, a
resposta não parece ser muito óbvia, mas, é possível fazer uma hipótese até com
certa confiança: simplificar o tratamento físico-matemático do problema.
253
inerente à própria fase fluida, e a outra associada à condução de calor no interior do
sólido. A umidade existente no sólido pode se movimentar em seu interior na forma
de líquido ou vapor sob a ação de vários mecanismos difusivos de transferência de
massa, bem como pelo mecanismo de capilaridade quando ocorrer uma diferença
significativa de saturação entre o interior e a superfície do sólido quando seus poros
são grandes.
T H C
a q 2T v m (32)
t Cp t
a m 2 a m 2 T (33)
t
254
quantidade de parâmetros a serem estimados. Uma das propostas do estudo da
camada delgada é, justamente, fornecer um respaldo experimental e teórico para
simplificações de teorias como a de Luikov (1975), possa ser feita sem prejudicar a
análise do problema de secagem. Soma-se a isso, a possibilidade de realização de
experimentos de simples concepção que permitem uma estimação de uma
quantidade mínima necessária de parâmetros para que a secagem possa ser bem
entendida.
Mas, afinal, o que é uma camada delgada? A camada delgada pode ser tanto um
conjunto de partículas (grãos, sementes, granulado orgânico ou inorgânico), quanto
uma “fatia” de um material orgânico ou inorgânico (frutas, vegetais, soluções
poliméricas, pastas orgânicas e inorgânicas), desde que a espessura da camada de
sólidos de ambos os casos seja fina o suficiente a ponto de ser possível inferir com
relativa segurança que o tempo de residência do gás no interior dessa camada é
muito curto a ponto de não sofrer modificações significativas de temperatura e
umidade com relação às suas condições de entrada. Esta é uma das definições
mais importantes e pode ser considerada uma definição clássica de uma camada
delgada que foi publicada no trabalho de Jayas et al. (1991), apesar de ter sido
empregada muitos anos atrás (mesmo que sem um conceito prévio bem definido). O
fato de não ser interessante alterações significativas na fase fluida com relação à
temperatura e à umidade é um indicativo de que os gradientes de umidade e
temperatura ao longo da camada não são significativos.
255
normalmente constituído de um leito de camada espessa, pode ser seccionado em
vários elementos representativos, os quais são constituídos de uma fina camada de
sólidos. Sabe-se que os gradientes de umidade e temperatura ao longo de um leito
espesso se fazem presentes e que existem meios experimentais para diminuir tais
gradientes, mas uma vez seccionado o leito em vários elementos de diferenças
finitas é possível conseguir condições homogêneas do gás (Keey, 1992). Um leito
espesso de grãos, por exemplo, pode ser divido em até 100 camadas delgadas
(Giner e Mascheroni, 2001).
hAT Tt
dT
s c ps (34)
dt
256
h
(35)
s c ps
AT Tt
dT
(36)
dt
dX
dt
k Xt X eq (37)
Como é possível notar nas Equações 36 e 37, não há um termo que descreve a
variação espacial da umidade ou da temperatura no interior da camada. De fato,
isso só é possível quando os gradientes de temperatura e umidade no interior dessa
camada não são significativos. Tal hipótese é válida somente para a condição na
qual o material sólido a ser seco se comporta como uma “camada delgada”. No
entanto, isso não significa que isso pode ser conseguido com relativa facilidade na
prática. Este pode ser considerado o ponto controverso deste tema. Em outras
palavras, a secagem pode ser muito complexa a ponto de poder ser muito bem
descrita por simples equações diferenciais ordinárias ou um simples problema de
valor inicial com relação ao tempo.
eff
Le (38)
D eff
D eff
Lu (39)
eff
257
mássica (Deff). O número de Lewis relaciona a resistência à difusão de massa
(Lc/Deff) pela resistência à difusão de calor (Lc/αeff). Quando Le < 1, a transferência
de calor é o mecanismo limitante, ou seja, a resistência ao transporte de calor no
interior do sólido controla a secagem. O número de Luikov, por sua vez, relaciona a
resistência à difusão de calor pela resistência à difusão de massa. Quando Lu < 1 a
transferência de massa é o mecanismo limitante, isto é, a resistência ao transporte
de umidade no interior do sólido controla a secagem. Está claro por meio dessas
definições que, quando um fenômeno prevalece em relação ao outro, em termos da
resistência controladora, um gradiente de temperatura deverá se estabelecer
durante a secagem, seja ele com relação à temperatura ou com a umidade.
Obviamente, isso fere a hipótese da camada delgada de que o material é fino o
bastante de modo que os gradientes de umidade e temperatura possam ser
desprezados.
T tT 2 eff tT (40)
M tM 2 Deff tM (41)
t T D eff
Lu (43)
t M eff
258
calor e massa (logo, um fenômeno global acoplado), não significa que em uma
camada delgada de sólidos não existirão gradientes de temperatura ou de umidade
no seu interior. Assim, valores locais de umidade e temperatura podem variar ao
longo da camada como resultado da transferência de calor e massa entre o ar e o
sólido.
259
Em outras palavras, os gradientes irão se estabelecer durante a secagem,
entretanto, são considerados, por hipótese, pequenos de tal modo que não
ocasionem mudanças significativas nas propriedades do gás.
a m 2 (44)
t
X 2X
D eff 2 (45)
t z
260
condições experimentais, é possível realizar uma comparação entre a transferência
de calor e de massa e validar a hipótese de “secagem isotérmica” a partir do cálculo
do número de Luikov (Lu). Esta hipótese é feita visando unicamente confirmar a
aproximação do problema para a condição de camada delgada e simplificar os
modelos matemáticos que são aplicados à secagem nessa condição, levando à
realização apenas do balanço de massa para a água (modelo difusivo). A hipótese
de secagem isotérmica é válida quando o transporte de energia não é significativo
perante a transferência de massa, sendo possível inferir que a transferência de calor
é “instantânea” em comparação à transferência de massa. É natural que a resposta
do sistema de equações diferenciais acopladas (Equações 32 e 33), por sua vez,
será muito mais sensível às variações de umidade em função do tempo e da
posição do que da temperatura em função do tempo e da posição.
hL c
Bi (46)
k eff
h m Lc
Bi m (47)
D eff
261
massa) (Khatchatourian, 2012). De fato, com relação a dados publicados pela
literatura, está claro que, para materiais biológicos, por exemplo, a difusividade
térmica (ordem de 10−6 a 10−8 m2s−1) é muito maior do que a difusividade mássica
(ordem de 10−9 a 10−12 m2s−1). Note que é essencial para o levantamento de tais
discussões a estimação destes parâmetros de transporte, o que pode ser feito
ajustando-se dados de temperatura do sólido em função do tempo por meio do
modelo de Fourier e ajustando-se dados de umidade do sólido em função do tempo
por meio do modelo de Fick.
Uma vez utilizada a condição de que Bim > Bi e Lu < 1, é necessária apenas uma
equação de balanço macroscópico de energia para descrever a transferência de
calor, visto que a resistência se encontra na fase fluida. Assim, de acordo com Chen
(2006):
dX
ha p T T s
dT
s c ps w (48)
dt dt
Xt X eq
Bi 2m D
X* 6 exp 2n eff2 t
X 0 X eq 2 2
n 1 n n Bi m Bi m 1 R
(49)
n cot n Bi m 1 0 (50)
262
os dois primeiros termos da série infinita são suficientes para proporcionar um bom
ajuste aos dados experimentais. Assim, inserindo as definições de umidade
adimensional e do número de Fourier para transferência de massa (Fo m = Deff∙t/R2),
chega-se a:
Bi 2m Bi 2m
X * 6 2 2 exp 12 Fo m 2 2 exp 22 Fo m
1 1 Bi m Bi m 1
2 2 Bi m Bi m 1
(51)
D 2 D t
X 0 X eq 6Bi 2m eff2 exp 1 2eff 2
dX 1
dt R R 1 Bi m Bi m 1
(52)
D D eff t
2
1
eff2 exp 2
R R 2 22 Bi m Bi m 1
Ea
D eff D 0 exp
(53)
R g T
Convém ressaltar que nas equações de balanço, qualquer variável que tenha
dependência com a temperatura (difusividade efetiva ou calor específico, por
exemplo) deve-se utilizar a temperatura instantânea do sólido, não a do gás.
Quando a temperatura possui influência significativa na atividade de água, o que
pode ser verificado por meio das isotermas de equilíbrio, o calor de vaporização da
água (λw) é substituído pelo calor isostérico de sorção. Do contrário, o calor latente
de vaporização da água pode ser conhecido com o auxílio de tabelas
termodinâmicas para uma determinada temperatura.
263
tempo, podendo ser utilizada, dessa forma, para descrever uma secagem
isotérmica; daí o seu interesse em ser utilizada em estudos dessa abordagem.
A Equação 51, uma vez por hipótese, baseada no conceito de secagem isotérmica,
tem seus ajustes aos dados de umidade em função do tempo comparados àqueles
oriundos da Equação 52. Para a hipótese em discussão ser válida (secagem
isotérmica), a diferença entre o conteúdo de umidade final do sólido predito pelo
modelo de secagem não-isotérmica (Equação 52) não deve diferir significativamente
daquele predito pelo modelo de secagem isotérmica (Equação 51), para um mesmo
tempo de secagem. Para se ter uma análise mais concreta e representativa do
desvio, geralmente, o critério é a comparação entre o erro experimental de
determinação da umidade pelo método da estufa e o desvio entre os resultados de
umidade do sólido preditos pelos modelos e aqueles observados experimentalmente
(GELY e GINER, 2007).
A determinação de uma “camada delgada ótima” (ou “espessura ótima”) pode ser
abordada de duas formas distintas: abordagem experimental e abordagem teórica.
A abordagem experimental consiste na utilização de um aparato experimental para
a determinação de um conjunto de variáveis referente ao sólido e ao gás. Para o
aspecto teórico, o objetivo é a determinação de alguns números adimensionais e, a
partir de um determinado critério (valor numérico), avaliar se a espessura da
camada em questão pode ser aproximada para uma camada delgada. Vale lembrar
que, para ambos os casos, é necessário a realização de experimentos de cinética
de secagem. O ideal é que ambas as abordagens sejam utilizadas em conjunto para
melhor nortear a determinação da espessura ótima. As abordagens serão
apresentadas separadamente a seguir.
264
umidade absoluta do ar na região de saída da camada de sólidos considerando
diferentes espessuras. Os primeiros casos são os mais comuns e mais fáceis de
serem determinados, enquanto que o terceiro caso necessita de um aparato
experimental mais sofisticado (sensor de umidade e placa de aquisição de dados)
para que as medidas possam ter reduzido erro experimental e, na verdade, não
consiste unicamente de um critério bem direcionado, mas sim de um complemento
de análise para os dois primeiros casos. No segundo caso pode ser utilizado o
critério proposto pelo Centro de Secagem, como comentado. No primeiro caso, são
obtidas curvas de cinética de secagem para diferentes espessuras de camada.
Quando ocorrer uma diferença nas curvas de cinética secagem que são maiores do
que o erro experimental do método da estufa, a espessura da camada a ser
utilizada será aquela a partir da qual houve mudanças na cinética de secagem.
Assim, é importante desenvolver uma célula seccionada em várias células menores
de espessuras equivalentes, permitindo que várias camadas possam ser acopladas
para possibilitar um aumento progressivo da espessura.
1 cm
0.8 2 cm
Umidade Adimensional [-]
0.7
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
265
Figura 7.4: Avaliação da aproximação para a condição de camada delgada
considerando dados de temperatura em função do tempo para diferentes posições
axiais (a) e detalhe da posição dos termopares na célula (b).
45
z [cm]
40 (cm)
5,00 -
35
4,00 -
Temperatura [°C]
3,00 -
30
2,00 -
Referência- Base
25
1 cm
2 cm 1,00 -
3 cm
4 cm
20
5 cm 0,30 -
6 cm
z=0
15
2 cm
1 cm
0.014
0.013
0.012 11 cm 10 cm
0.011
0.01
0.009
0.008
0.007
Tempo [s]
266
Fyhr e Kemp (2008), com base em equações algébricas que descrevem a taxa de
secagem e em balanços diferenciais de massa para a fase sólida e gasosa em
secador de leito fixo, desenvolveram uma expressão (Equação 54) que indica a
aproximação do problema para a camada delgada, em substituição ao tradicional
número de Biot. Para que a condição de camada delgada seja satisfeita, é possível
indicar que NTU < 1.
h m La p 1 s
NTU (54)
v g Vp
0,622 Yg ,sat Yg ,
ln 1 (55)
Yg,sat Yg, 0,622 Yg,
PMv Pv,sat
Yg,sat (56)
PMg P Pv,sat
H v 1 1
Pv,sat Pref exp (57)
R Tsat Tref
Pode ser utilizada uma temperatura de referência (T ref) igual a 0,01°C que fornece
uma pressão de referência (Pref) de 0,00611 bar.
m v,I L
Ki (58)
s X 0 D eff
267
v,I h mg Yg,sat Yg,
m (59)
268
Vp Volume da partícula [L3]
X Umidade em base seca [M M-1]
Xeq Umidade de equilíbrio [M M-1]
X0 Umidade inicial [M M-1]
X* Umidade adimensional [-]
X Umidade média [M M-1]
Yg,sat Umidade do gás na saturação [M M-1]
Yg,∞ Umidade do gás de secagem [M M-1]
z Coordenada espacial [-]
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