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Com este artigo, inauguramos nossa coluna no Jornal Balaiada. O objetivo é publicar
quinzenalmente, textos de cunho teórico e colaborar para entendermos que teoria pode ser
muita coisa. Nossa referência para o conceito de teoria é Karl Marx, onde ela é a expressão
ideal da realidade. Assim, teoria não é uma abstração vazia, ou como podemos escutar, algo
como uma “viagem na batatinha do mundo das ideias”, seria ridículo. Teoria é abordar a
realidade entendendo-a como é, não como desejamos que ela seja. Teoria é falar (investigar)
da realidade mais empírica da vida, de coisas reais, de carne e osso. Qualquer outra definição
está distante dos nossos objetivos aqui nesta coluna. Assim, esperamos que os leitores se
sintam convidados à teoria!
Como a pergunta não é nova (É possível a escrita da história…) podemos contar com
uma grande bibliografia que nos auxilia diante do tema. Perguntas que não se silenciam com o
processo histórico, que não se obsoletam com o passar do tempo e que se colocam como
importantes por dois motivos centrais: o primeiro é de obviedade, pois ainda não se colocaram
diante de respostas efetivas; o segundo motivo é o fator provocador de inquietude lançado
pela pergunta em sua capacidade de reativar a constante tentativa de respondê-la e não ser
devorado pela esfinge. É verdade que outros motivos poderiam ser elencados, entretanto,
ficamos apenas com estes. Desta forma, propomos a devida atenção ao segundo motivo: os
enigmas da esfinge.
Há muito tempo, Sófocles, por volta de 427 a.C. apresentara esta figura da esfinge
como parte central da história grega que movida pelas problematizações se constituía em
glórias, sobretudo em tragédias ou as duas coisas combinadas. A esfinge de Tebas devorava
aqueles que não fossem capazes de decifrar o seu enigma também atormentando e
apavorando a população desta cidade grega.
Marx, muito antes dos historiadores annalistes (analistas) se preocupara com a longa
duração, sobretudo a partir do presente caótico, confuso e alimentado por questionamentos.
O presente histórico em suas convulsões nos coloca realmente uma série de armadilhas e
pântanos, entretanto, é esse mesmo presente que nos coloca as problematizações sobre a
totalidade histórica. É a partir dos fenômenos sociais que partimos em busca de respostas para
o tempo presente e a sua escrita possível.
A esfinge não surgira do nada. Ela também é fruto da criação social. Ela não brota do
nada. E, diante do desvelamento, seus artífices se recontorcem para poder mantê-la ereta,
mesmo estando com suas estruturas visivelmente abaladas. Tratamos aqui da construção de
ideologias para apresentarem a partir da realidade uma inversão da mesma. Falamos de uma
sociedade de classes avançada em seus antagonismos e da mesma forma avançada nas
manifestações de suas lutas. Não basta decifrar a esfinge, é necessário destruí-la para ter a
certeza do seu fim.
Continuar a responder cara a cara com a esfinge é uma tarefa histórica não apenas de
historiadores, mas de toda a classe trabalhadora que se depara com seus vultos ameaçadores
aqui mesmo: no presente!
No próximo artigo desta coluna, escreveremos sobre o que é teoria para Marx.
Ficamos por aqui, saudando nossos leitores.