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Como Chegar a Ceoris

Petralona / 4 de agosto de 2014


Aos Demônios
O relato de Alexandru Basarab, Servo dos VoivodesMeu abençoado soberano;
Você sabe que não sou um homem de palavras. Eu pedi ao escriba que me enviou para escrever com
palavras floreadas, assim meu jeito simples de falar não o ofenderá. Você quer que eu o conte como
os outros podem infiltrar na fortaleza dos malditos bruxos. Eu falo honestamente e conto tudo que
conheço e espero que você não confunda minha fala grosseira de camponês com desrespeito.
Eu não tenho dúvidas de que há um meio de atravessar aqueles portões, meios políticos, meios de
palavras doces das quais os letrados podem gotejar nos ouvidos dos outros. Há modos de iludir, sem
dúvida, de tomar outro disfarce de modo que os malditos homens-bruxos desçam sua ponte levadiça e
o receba de braços abertos. Eu não sei nada destes meios. Sou um homem das florestas, das
montanhas e rios, sei somente como você pode aproximar-se do Castelo de Ceoris por meios simples
e materiais. Portanto agora eu descreverei para seu escriba aqui.Chegando LáJunto com as palavras
que ele escreve eu mandarei este mapa. Eu marco agora onde Ceoris está em relação ao resto de nossa
terra. Ela fica no âmago das montanhas que seus servos podem conhecer como Alpes da Transilvânia.
Ela fica aproximadamente a oito léguas da fonte do Rio Arges, no alto daquela mesma montanha. Isso
a põe também a leste das altas montanhas Mindra e Negoui. Isso quer dizer, 70 léguas, voando como
um corvo, de Bucareste, que está a sudeste dela. Buda-Peste está a 240 léguas à nordeste dela,
também como um corvo voando. Seus servos pode necessitar de mim para dizer o tempo de viagem
ao invés das léguas. Agora é onde o cálculo se torna difícil, o terreno é duro e cheio de dificuldades.
Deixe-nos calcular um pequeno grupo viajando com cavalos e carregados com os equipamentos
gerais para sobrevivência e segurança num lugar tão inóspito para viver e se ferir. Se você fosse por
terra de Bucareste, naturalmente incapaz de voar como um corvo, você gastaria 11 dias de jornada. Se
você viesse de Buda-Peste, você faria uma jornada pela água no Rio Dunav, que seus servos podem
conhecer como Danúbio. Você passaria dois dias de jornada até alcançar a vila onde as mulheres não
podem falar exceto para maldições absolutas. A vila não tem nome o qual o povo dividirá com
forasteiros, mas no mapa eu a marquei com um mal-olhado. Não beba nenhuma cerveja ou água que
lhe derem ali, mas você pode seguramente jantar da refeições que eles cozinham nas grandes
caçarolas no círculo da vila. Dali você inicia uma jornada por terra de quatro léguas. Isso o roubará
um tempo de 17 dias de viagem se você tiver sorte, ou mais se não tiver. A trilha é toda ascendente,
das terras baixas do Dunav até às montanhas onde Ceoris espera. Um de seus servos me contou uma
vez que Ceoris está a quase 6000 pés do nível do mar, embora eu não saiba como ele chegou a esse
resultado. Se fosse possível subir o Rio Arges, o tempo de viajem seria encurtado para menos de um
dia. Ah, o rio é quase intransponível nas partes superiores e pesadamente patrulhado por Gárgulas nas
inferiores.
(Se seus servos viajarem no inverno, que eu digo que eles só devem fazer em últimas circunstancias,
eles devem dobrar o tempo de viajem por terra. Viagem pela água é a mesma como eu disse, e mais
segura da vantagem, porque é feita de trenós sobre o rio congelado.)
Casas de Guarda
Os amaldiçoados bruxos mantém várias casas de guarda através da área. Eles as constroem de
pinheiros. Elas são feitas para serem erguidas rapidamente e abandonadas ou transformadas em lenha.
Pelas minhas contas, leva apenas metade de um dia, com duas dúzias ou mais de trabalhadores
mortais trabalhando direto para levantar um destes postos. Assim, eles podem mover seus postos
continuamente num esforço para nos confundir. Eu marcaria as localizações onde as casas de guarda
estavam no passado, mas pra quê? Quando você olhar este mapa elas estarão em locais diferentes.
Então ao invés disso eu marco uma linha pontilhada, um limite. Eu nunca vi uma casa de guarda fora
deste limite que desenhei.
Eu posso apenas supor a força que você pode encontrar quando tropeçar no caminho destas casas de
guarda temporárias. Porém, treze é um número dos bruxos e parece que eles o usa na organização de
seus servos. Você deve esperar provavelmente um complemento de no mínimo 13 experientes
homens de machado, metade disso em arqueiros certeiros (com olhos tão adaptados à noite quanto
uma coruja) e uma ninhada de Gárgulas que pode ir de meras 3 até tantas quanto 13. (Você não
precisa de mim para lembrá-lo que não há Gárgulas de dia.) Quantos homens de machado e arqueiros
ainda são de origem puramente mortal e quantos tem bebido do sangue dos feiticeiros, eu não posse
dizer. Só raras vezes eu tenho encontrado os próprios possuído pelo demônio nestes postos, e nunca a
mais de uma légua distantes da própria Ceoris. Quando eles estão presentes, você deve temer o fogo
que eles lançam de seus dedos, a terra que eles movem sob seus pés, o vento que corta a carne como
uma lâmina ensangüentada e a água que volta da sua garganta afogando-o por dentro. Mas na verdade
eu devo dizer que a aparição de magos tem sido menos freqüentes hoje do que em décadas passadas,
e que suas fúrias se acaba rapidamente após uma ou duas exibições de sua temível magia. Em duas
ocasiões, em que trombamos com casas de guarda, eu vi criaturas saindo de dentro que eram tão
terríveis em aspecto que jurei que deviam ser demônios dos poços mais fundos do Inferno. Para seus
servos, ela rindo que tornava vinho em vinagre, disse-os que ainda era Gárgula, embora elas não
tivessem nem pele de pedra nem asas de morcego.
Nós temos de tempos em tempos invadido casas de guarda, e eu as tenho estudado de perto. Seu piso
mede dez pés de largura por oito de profundidade, as paredes meio palmo de espessura, talvez. Elas
são apenas construções simples, garantindo àqueles dentro a vantagem da altura sobre seus atacantes.
Elas tem três pavimentos de altura, eu diria quarenta palmos de altura também. O topo é destelhado,
de modo que as Gárgulas possam voar facilmente de seus postos lá acima. Ameias escondem os
arqueiros, cujas janelas de tiro os dão um espaço amplo para acertar qualquer um que tente atacar a
casa de guarda.
O segundo pavimento fornece abrigo e conforto para aqueles dentre os vigia que precisam disso.
O nível do chão é usado para estocagem de armas e provisões. Não há piso aqui e os bruxos não
fornecem para isso. Nunca achei algo digno de saquear aqui. Elas não são prêmios a serem tomados
mas locais de encrenca, para serem evitados.
O entusiasmo com o qual os guardas vigiam é tão confiável quanto a virtude de uma mulher, ou seja
uma noite é muito diferente da outra. Se os mágicos são alertados, ou de outra forma tem razões para
suspeitar de um ataque, é mais difícil para um grupo de qualquer tamanho esgueirar-se sem ser
notado. Eu fiz isso, mas não confiaria em ninguém para esgueirar ao meu lado, porque eles não teriam
minha experiência nesse exercício. Também é difícil passar por eles em tempos de caça escassa, por
que nas vacas magras as Gárgulas são ávidas para farejar a mais fina pista de presa. E não se engane,
somos apenas um aperitivo para aquelas bestas, tanto faz se somos de carne mortal, da nobreza
secreta ou algo entre isso. Mas quando as Gárgulas estão gordas e os feiticeiros estão ocupados com
outros assuntos, os soldados podem prestar mais atenção em seus jogos de dados e piadas do que nos
estalos de galhos na floresta que os cerca. Com a furtividade de um perito, você pode esgueirar por
uma, duas ou até três dessas casas de guarda no decorrer de um dia de jornada.
Eu não posso dizer quantas casas de guarda os feiticeiros mantém num único dia. Não há como saber,
até o dia em que invadirmos o local inteiro. Eu posso confirmar que nunca vi mais do que três casas
de guarda no decorrer de uma trilha inteira da bacia do Dunav aos tijolos de Ceoris.

Emboscadas
Guardas podem esperar em emboscadas, escondendo-se atrás de pedras, em valas ou sobre as árvores.
Raramente eles fazem isso a menos que você tenha feito sua presença conhecida para eles por alguma
perturbação sobrenatural. A paciência para estabelecer uma emboscada sem saber se um grupo cairá
nela excede o que estes mateiros podem ter.

Patrulhas
Seus servos também devem tomar cuidado com as patrulhas que varrem os arredores do castelo.
Marcarei no mapa uma segunda linha mostrando a linha de segurança. Ao norte desta linha deve-se
prestar atenção cuidadosamente por causa da presença de patrulhas. Ao sul dela eles vão raramente.
As próprias patrulhas oferecem pouca ameaça para nossos melhores bandos: Os patrulheiros sempre
são mortais, salvo talvez por um líder que tenha bebido do vinho sombrio. Nunca vi um número de
patrulha maior do que quatro – embora eu não conte o número de vezes em que vi os bruxos varrerem
a colina em busca de um fugitivo ou presa. Então pode-se ver bem quantos escravos os bruxos
comandam, e desanimar à visão de seu poder concentrado.
Mais preocupante do que os patrulheiros mortais são as Gárgulas que caçam livremente em busca de
comida. Desejando ver as Gárgulas se alimentarem na natureza e não sobre seus estoques limitados,
os bruxos os soltam nas florestas entorno do castelo para caçar. Alguns caçam sozinhos, mas eu tenho
visto-os mais frequentemente caçando em bandos de cinco ou seis. Se pego, você deve adotar um
comportamento de um camponês sem bom senso perdido muito longe de um campo de caça seguro.
As Gárgulas são comandadas a conduzir prisioneiros interessantes para interrogatório no castelo, um
destino que oferece perigos muito maiores do que a fome de um monstro. Você tem uma chance de
escapar dos dentes de um Gárgula, mas não da piedade cruel de Ceoris.

Contornando as Patrulhas
Seus servos podem querer passar pelas patrulhas mas sem lutar ou se esconder delas, através do
disfarce. Os próprios feiticeiros, ou aqueles convidados a vir ao seu castelo, devem ser capazes
depassar por estas terras tranquilamente. Eles fazem isso mostrando um sinal, mais frequentemente
um amuleto incrustado com um simbolo de presságio arcano, mas outras vezes ganham passagem
meralmente com a pronúncia de uma senha. Em várias ocasiões eu tenho seguido uma caravana
viajando abertamente para o castelo, e através de meios furtivos tenho garantido a senha necessária
para passar. Uma simples palavra garante segurança para um grupo inteiro, porque poucos vêm ao
castelo desacompanhado de servos e cavaleiros.
Os próprios patrulheiros oferecem uma tática para aqueles dispostos a manter uma farsa mais longa.
Guerreiros mortais vêm e vão, com a freqüência das moscas da primavera. Seu número é grande o
bastante que nem todos se conhecem de vista. Assim você pode atacar um pequeno grupo de
patrulheiros, roubar suas armaduras e insignias e tentar passar como servos recém recrutados. Através
de tal disfarce alquém pode aprender muito da rotina no castelo, porque, com a língua solta pela
bebida, os soldados falam muito abertamente para seu próprio bem. Você deve estar pronto para
executar as ordens dos bruxos, e estar arriscando de ser tragado nas tarefas mais efeminadas. Você
pode se ver lutando contra outros que querem se infiltrar nos domínios dos bruxos. Sendo assim você
pode achar mais seguro meramente usar armaduras e insígnia roubada para mover-se nos arredores
sem tentar entrar no castelo. Quando soltamos aquela coisa que nos mandou, aquela coisa que
escorreu pelo chão queimando-o e fez um som que sangrou nossos ouvidos, nós soltamos por meio
dessa artimanha. Nós nos esgueiramos apenas até a beira do abismo que rodeia o castelo, sem
nenhuma intenção de ir adiante.
Embora eu tenha tido sucesso com essa trapaça em várias ocasiões, você deve usá-la de forma menos
freqüente. Ninguém é mais suspeito do que servos recentemente enganados. Até mesmo mais difícil
de enganar são as Gárgulas ou os próprios feiticeiros.

Armadilhas
Onde os bruxos não podem patrulhar, seus servos mortais deixam armadilhas. Você deve vigiar como
uma águia os fios esticados, que podem trazer lâminas ou cascatas de pedras das árvores ou mandar
uma ponta de lança no seu coração. As folhas e gravetos que cobrem o chão da floresta durante todas
as estações podem esconder pranchas enfraquecidas sobre poços abertos. O infeliz que cai num poço
desses pode aterrizar sobre uma série de estacas afiadas ou um piso de pedras.

Assombrações
As Gárgulas não são as únicas bestas estranhas a assombrar as matas ao redor de Ceoris. Eu tenho
escutado com meus próprios ouvidos os gemidos de soldados mortos há muito tempo naquela floresta
sombria. Nossos próprios homens se tornaram aliados do inimigo na morte, despertando grande medo
naqueles que eles tem deixado pra trás no mundo dos vivos.
Também há criaturas até mais estranhas. Bestas que são metade uma coisa e metade outra. Tenho
visto um inseto de muitas pernas tão grande quanto um urso, com braços de foice, que tem caído
sobre um de meus homens e se alimentado do abdômen aberto. Outros de nós têm visto criaturas
como folhas de pele moldadas como homem, ou uma besta alta que aparenta como se tivesse sido
feita das entranhas e sangue coagulado de centenas de vítimas.
Uma vez um soldado de comportamento vigoroso caiu num dos poços dos bruxos, onde ele encontrou
uma criatura que ele descreveu como uma cabeça de cervo propelida por um pernas de peixe
prateado. Ele sugou o liquido de seus olhos e cuspiu nele poderosamente com um tipo de caldo. Três
dias depois eu o resgatei, eu fiz o favor de afundar uma faca em seus rins, porque ele tinha ficado
louco.

Aqui Minha Missiva Termina


Meu soberano, isto é tudo que eu sei sobre o caminho para Ceoris e seus perigos. Eu tenho servido-o
aqui fielmente por quase cinco anos. Agora o peço humildemente que você deixe-me retornar para
minha casa e meus parentes. Por favor, mande outro homem que você possa confiar como você tem
confiado em mim de modo que possa mostrá-lo como minha tarefa é feita. Meus ossos estão cansados
e à noite sonho que estão moles como sangue.
Seu inquestionável servo,
ALEXANDRU
Transcrito por Milos Krevchesky’

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