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ORDEM DOS ADVOGADOS

CNEF / CNA
Comissão Nacional de Estágio e Formação / Comissão Nacional de Avaliação

PROVA ESCRITA NACIONAL DO


EXAME FINAL DE AVALIAÇÃO E
AGREGAÇÃO
(RNE)
ÁREAS OPCIONAIS

(3 valores)

24 de Novembro de 2007
Das áreas seguintes deverá responder apenas a duas:

P.P. TRIBUTÁRIAS – 1,5 valores

Em 1997, Ambrósio adquiriu uma casa, sita na cidade do Porto, para sua
habitação própria permanente, por €120.000,00.
Em Junho de 2002, Ambrósio celebrou um contrato promessa de compra e
venda para aquisição de uma nova casa, também sita na cidade do Porto e também
para sua habitação própria permanente, pelo preço de €195.000,00 tendo entregue ao
vendedor, a título de “sinal e princípio de pagamento” a quantia de €45.000,00.
Em Maio de 2003 vendeu a casa adquirida em 1997, por €150.000,00; na
declaração de rendimentos desse ano, Ambrósio manifestou a intenção de reinvestir a
totalidade do valor de realização na aquisição da sua nova casa.
Em Fevereiro de 2005, outorgou a escritura notarial de aquisição da casa
objecto do contrato promessa acima referido, tendo nessa altura pago o restante
preço.
Na mesma escritura, Ambrósio outorgou com o Montepio Geral um contrato de
mútuo, para financiamento de €90.000,00, constituindo do mesmo passo hipoteca
voluntária sobre o imóvel adquirido, para garantia do mútuo.
No mês passado, recebeu uma liquidação adicional de IRS relativa a 2003,
contemplando um acréscimo ao rendimento tributável de €1.440,00 correspondente à
parte tributável da mais-valia realizada na venda da sua antiga casa.

Assuma a posição de Advogado de Ambrósio. Resolva a seguinte questão,


justificando a sua resposta com citação das disposições legais aplicáveis (a resposta
certa tem a cotação de 1,5 valores).

Caso não concorde com a liquidação adicional, de que meio judicial deve
Ambrósio lançar mão, para reagir contra ela? – 0,5 valores
A quem deve ser dirigido e onde e como pode ser apresentado o
respectivo expediente? – 0,5 valores
O recurso a esse meio processual suspende as diligências de cobrança
do tributo? – 0,5 valores

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P.P. ADMINISTRATIVAS – 1,5 valores

Por deliberação da autoridade administrativa competente – Câmara Municipal de


Mirandela - numa zona definida no PDM (Plano Director Municipal) de Mirandela como
habitacional, foi concedida licença de construção para instalação e laboração de uma
empresa de produtos tóxicos e perigosos.

Foi contactado por um particular, residente em Sintra, para impugnar tal decisão.

Qual o meio processual principal e que pedido seria adequado à tutela dos
interesses em causa? Em que prazo e para que Tribunal ? 1,5 valores

(Nota. A violação de plano municipal de ordenamento do território é excepção à regra geral


da sanção para os vícios dos actos administrativos).

P.P. LABORAIS – 1,5 valores

A empresa A. celebrou com B. um contrato de trabalho a termo incerto, com


início em 20 de Novembro de 2006, passando, desde esta data B a trabalhar sob a
autoridade e direcção daquela, mediante retribuição.

Como motivo justificativo da aposição do termo a empresa A indicou “a


verificação de um acréscimo excepcional e temporário da actividade da empresa”.

No dia 12 de Agosto de 2007, o trabalhador B recebeu uma carta da empresa


A em que esta lhe comunicava a cessação, por caducidade, do contrato de trabalho,
com efeitos imediatos, por desde 31 de Julho de 2007, haver deixado de se verificar o
acréscimo excepcional de trabalho que justificou a sua celebração, como era do
conhecimento do trabalhador.
Entretanto, porque a empresa A nada quis pagar ao trabalhador B, este viu-se
obrigado a recorrer ao Tribunal havendo, por isso proposto a competente acção no
Tribunal do Trabalho, em 15 de Setembro de 2007.

Citando as disposições legais aplicáveis, diga quais os direitos que


assistem ao trabalhador em virtude da cessação do contrato de trabalho. – 1,5
valores

P. INSOLVÊNCIA – 1,5 valores

Beatriz instaurou acção especial de insolvência contra Carlos, pedindo a


declaração de insolvência deste.
Como fundamento, alegou, em síntese, que detém um crédito sobre o
requerido no montante de € 24.670,27, que o estabelecimento comercial do requerido
se encontra encerrado e que o requerido não tem crédito bancário, dinheiro ou
quaisquer meios que lhe permitam cumprir as obrigações por si assumidas, nem
possui qualquer património.
Devidamente citado, o requerido não deduziu oposição.
Foram considerados confessados os factos alegados pela requerente.
Foi proferida sentença que considerou as partes legítimas e declarou a
insolvência do requerido.
Os factos provados foram:
O requerido é comerciante de vinhos e gira sob a designação “D……….”, tendo
o seu estabelecimento em Peso da Régua.
O requerido encontra-se inscrito na Repartição de Finanças sob o NIF ……… .
O requerido deve à requerente a quantia de € 19.611,45, acrescida de juros no
montante de € 5.058,82.
O requerido tem o estabelecimento comercial encerrado.
O requerido não tem crédito bancário, dinheiro ou quaisquer meios próprios
que lhe permitam cumprir as obrigações por si assumidas.
O requerido não tem qualquer património.
*
1- A autora tem legitimidade para requerer a insolvência do réu? - 0,5
valores

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2-Em que tribunal deveria ter sido proposta a acção e que valor indicar? -
0,5 valores
3-Os factos provados são suficientes para se concluir pela verificação da
situação de insolvência do réu? - 0,5 valores

CONTRATOS – 1,5 valores

Em 30 de Julho de 2006, M…, viúvo e N…, solteiro, após negociações durante


vários meses, acabaram por assinar ambos um documento escrito que intitularam
CONTRATO DE COMPRA E VENDA, mas onde declaravam, em resumo, que o
primeiro prometia vender e o segundo prometia comprar, pelo preço de € 30.000,00
(trinta mil euros), o lote nº 3 de um terreno de que o primeiro era dono, devidamente
identificado, tendo-se ali declarado que o N… entregou ao M…a quantia de €5.000,00.
Ainda , nos termos desse documento escrito, incumbia ao M…, designar dia e
hora para a realização da escritura, em qualquer Cartório Notarial do Porto.
Declarou-se ali, ainda, que caso o M…não viesse a cumprir o acordo,
deveria pagar ao N…o montante de € 30.000,00, pelos danos resultantes desse
incumprimento.
O preço encontra-se pago na totalidade, conforme cheques que foram logo
emitidos e datados e extractos de conta que comprovam os levantamentos.
Até hoje, nunca o M…diligenciou pela designação de dia e hora para realização
da escritura.
N…instaurou contra M…, em 8 de Outubro de 2006, acção especial de fixação
judicial de prazo para a celebração da escritura pública de compra e venda do referido
lote e veio a ser proferida sentença julgando-a procedente e fixado o prazo de um
mês.
Apesar disso, jamais M…comunicou a N… "dia, hora e Cartório Notarial da
cidade do Porto", com vista à celebração da escritura de compra e venda do referido
lote.
M…mantém interesse na realização da escritura de compra e venda em causa.

Responda às seguintes questões:


1-Qualifique o negócio jurídico enunciado e explique porquê. - 0,5 valores

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2- Pode o M…obter a execução específica do contrato e explique a sua
resposta. - 0,75 valores
3- A responsabilidade do M…é contratual ou pré contratual? - 0,25 valores

As respostas deverão indicar as normas legais em que se fundam.

REGISTOS E NOTARIADO – 1,5 valores

Tibúrcio Barreto, natural de Meirinhos, freguesia do concelho de Mogadouro,


residente há mais de cinquenta anos no Brasil, veio passar férias a Portugal, sentindo
que já estava perto do fim da sua vida resolveu registar os prédios que possuía na sua
terra natal, para deixar, a seus filhos, tudo regularizado. Porém, encontrou dificuldades
relativamente a dois deles:
a) Um souto que comprara em 1950 a um senhor da casa dos Noronhas, de
Moimenta da Beira. Este prédio estava registado, mas inscrito ainda en nome
de um Pimentel, sogro do vendedor. Ora não era já vivo o vendedor, nem
conseguiu documentos que comprovassem a transmissão para este, do sogro.
Na matriz o prédio encontra-se já inscrito a favor do Tibúrcio.
b) Um olival, gleba desanexada de uma propriedade maior, que comprara por
boca (verbalmente) a seu compadre Luís Patrão, quando veio à terra em férias,
em 1962. O Luís Patrão faleceu já e os seus filhos estão emigrados nos
Estados Unidos da América, não se sabendo do seu exacto paradeiro. O
prédio está omisso na matriz e na Conservatória do Registo Predial.

Suponha que o Tibúrcio Barreto o procurava para tratar deste assunto, que
soluções lhe faculta a lei para registar cada um dos prédios na Conservatória do
Registo Predial.

DIREITO DAS SOCIEDADES – 1,5 valores

Joaquim adquiriu por cessão uma quota no capital de uma sociedade por
quotas, tendo aceitado ser designado gerente, como foi, embora nunca tivesse
exercido, de facto, as funções de gerente, funções que estavam confiadas a todos os

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sócios, pois todos eram gerentes, bastando a assinatura de um gerente para obrigar a
sociedade.
Veio a sociedade a deliberar a cessação da sua actividade, com encerramento
do estabelecimento social, em assembleia geral para a qual foi convocado Joaquim,
mas na qual este não esteve presente.
A pretexto de que os outros gerentes nunca o informaram de nada e até nunca
convocaram assembleias gerais para apreciação anual da situação da sociedade,
requereu inquérito, com exame à escrituração e documentos, nos termos dos
artigos1479.º e 1480.º do Código de Processo Civil.

Suponha que foi constituído Advogado pela sociedade para apresentar


contestação e diga como contestaria - 1,5 valores.

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