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EDIÇÃO IMPRESSA
SÃO PAULO Um homem tetraplégico, paralisado do pescoço para baixo, foi capaz de gerar letras
em uma tela de computador em tempo real ao imaginar estar escrevendo com uma caneta na
mão.
O trabalho foi realizado por pesquisadores das universidades Stanford, Brown e Harvard, todas
nos Estados Unidos.
O participante do experimento mais recente havia recebido dois chips na parte do cérebro que
controla os movimentos das mãos e braços como parte de um outro estudo, chamado
BrainGate2, encabeçado pela Universidade Brown.
Uma parcela das pessoas que perdem movimentos do corpo devido a doenças degenerativas ou
acidentes pode se beneficiar de interfaces como a desenvolvida pelos pesquisadores
americanos. Isso porque, nessas pessoas, os comandos cerebrais responsáveis pelos
movimentos seguem ativos. A chave está em traduzir os comandos em ações.
O físico britânico Stephen Haking (1942-2018) usava uma interface cérebro-máquina para se
comunicar. O aparelho de Hawking usava um sensor que captava as contrações de sua
bochecha e as transformavam em letras e palavras.
O aparelho permitia ao cientista trabalhar, escrever livros e realizar palestras —Hawking foi
um dos mais prolíficos divulgadores de ciência em vida.
Agora, os pesquisadores americanos devem testar o sistema que escreve com o pensamento em
pessoas que perderam a capacidade de falar.
O estudo relatado na Nature é um grande avanço para a área das BCIs, mas os cientistas
afirmam que este é apenas o começo. "São necessários novos experimentos, em mais
participantes, e melhorias no sistema. Mesmo assim, acreditamos que o futuro das interfaces
cérebro-máquina intracorticais é brilhante", escrevem os pesquisadores.