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2 O conceito de
organismo universal
Evolução no sentido neoplatônico
(a) A ideia (lógica) de condicionalidade mútua entre as partes: o todo é sempre anterior
(logicamente) à suas partes.
(c) A ideia lógica da relação abstrata entre parte e todo se transforma na intuição
concreta de um universo vivo.
(d) Estes dois sentidos ou fatores fazem parte do mesmo complexo superior de vida: a
ideia e o ser concreto atuam entre si.
Aprofundamento do sentido
neoplatônico de evolução:
Agrippa
De occulta philosophia livro II, cap. 56
Pierre-Louis Moreau de
Maupertuis
Système de la nature.
Paris, 1768.
Sistema da natureza:
ensaio sobre a
formação dos corpos
organizados. Scientiae
Studia, 7, 3, 2009, p.
478.
Há uma alma universal que dá unidade à máquina do universo. A ideia de
alma como a forma do corpo possui longa história filosófica; aqui ela aparece
para cumprir uma função essencial na construção do conhecimento científico.
Essa forma é vinculada tanto ao aspecto dinâmico (causalidade) quanto ao
cognitivo (capacidade de ser conhecido e explicado)
Aspecto cognitivo: o mecanismo universal não pode ser concebido sem uma
alma universal. Ela é um pressuposto da ideia de mecanismo universal.
(b) Mas o fundamento último e a meta final de todo acontecer é o motor imóvel
que, situado fora do mundo, sem afetar o ser e o devir do mundo, leva uma
existência própria e independente.
(a) Se as mudança ocorridas nos seres não chegam a seu termino neles
mesmos; se é uma meta exterior a eles que lhes marcam o caminho, então
os seres concretos perdem todo valor e toda independência.
(c) Toda eficácia das formas se dissolve na ação do Ser primigênito uno e
universal.
(d) Toda atividade interna das coisas naturais é aparente – elas são, na
realidade, passivas.
(e) Somente a pura imanência do fim pode conferir ao ser sua independência,
sua plenitude e sua variedade organizada – o diverso dentro da unidade, seja
no organismo individual, seja no universal.
(5) Finalidade interna e teoria do conhecimento
(b) Na cadeia dos seres, cada espécie ou gênero reflete a lei do todo e,
mesmo na sucessão contínua da cadeia, existem de modo autônomo.
A criação era uma espécie de revelação química da natureza. Temos aqui um exemplo de
autonomia natural da criação. O gênese bíblico é descrito à luz da nova química e a
criação é apresentada como um conjunto de processos alquímicos: extração, separação,
sublimação e conjunção.
A criação naturalizada produz uma natureza dotada de forças utilizáveis pelo homem;
nela revela-se o aspecto técnico desse retorno à natureza e da valorização da
observação-sensação-experiência. Lembremos que a autonomia moral do homem vinha
aliada ao domínio da natureza.
“No princípio a água caótica universal era cristalina, clara, transparente, sem odor nem gosto
particular; ela também estava em perfeito repouso e todos os elementos nela estavam
confusos; mas logo, pela ação do espírito invisível que nela esta encerrado, ela colocou-se em
movimento, fermentou, se agitou, fez nascer de si mesma uma terra, putrefou-se e tornou-se
fétida. Assim que atingiu seu termo de putrefação, o espírito motor, obedecendo às ordens do
Criador, separou as partes sutis das grosseiras com ordem e por graus e cada uma se colocou
na posição que lhe convinha: as sutis acima e as grosseiras abaixo, segundo a ordem que
percebemos na natureza. As mais sutis compuseram o que chamamos o céu ou o fogo e as
subsequentes, por graus, o ar e a água, até as mais grosseiras que compuseram a terra” (p.
21).
Crítica à tradição e retorno à
experiência
Paracelsus
(Filipe Aurélio Teofrasto Bombastus
von Hohenheim) (1493- 1541)
Sobre a Geração das Coisas Naturais.
The New Pearl of Great Price. A treatise concerning the treasure and
most precious stone of the philosopher. On the method and procedure
of this divine art etc. (Apud Debus, p. 46).
Os paracelsistas rejeitaram o método lógico-matemático das escolas e
voltaram-se para a química “com a convicção de que esta ciência poderia ser
a base para um novo entendimento da natureza” (Debus, 1977, p. 76). A
química passa a ser uma ciência com um campo universal. Para Paracelso a
alquimia e a química "podiam ser utilizadas como chaves para decifrar o
cosmo, seja mediante a experimentação direta, seja mediante a analogia"
(Debus, p. 55).
Medicina
Mas, por outro lado, toda enfermidade é um processo unitário que deve ser
considerado e investigado em íntima e necessária relação com toda a
estrutura interior do ser individual. A medicina concebe o organism como um
equilibrio de substâncias internas.
Interações entre subjetivo e objetivo
Até que ponto a ação desta força evolutiva ainda está em curso no mundo tal
como é visto fenomenicamente? Esta força ainda estaria atualizando novas
categorias de seres, novas para nós, mas preexistentes como ideias no
mundo inteligível?
Uma resposta cada vez mais afirmativa a esta última questão nos remete às
sucessivas aproximações de uma noção científica de evolução, na qual as
forças evolutivas são reguladas por leis integralmente naturais, sem qualquer
vínculo com uma instância mítica, religiosa ou metafísica das origens.