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Analgésicos opióides
Os Analgésicos opióides tem seu uso limitado em odontopediatria, sendo indicados
somente em caso de dores de grande intensidade ou que não cederam com o uso
criterioso de analgésicos não-opióides (WANNMACHER; FERREIRA, 1999).
Analgésicos não-opióides
- Paracetamol
O paracetamol, conhecido nos Estados Unidos como acetaminofeno, é o analgésico e
antipirético de eleição para pacientes com história de hipersensibilidade ao ácido
acetil salicílico , antecedentes de úlcera péptica ou por outra razão, são incapazes de
tomar ácido acetilsalicílico (BARRETO; PEREIRA, 2008).
Devido aos prováveis efeitos tóxicos do ácido acetilsalicílico (Aspirina®), o
acetaminofeno (Tylenol®, Dórico®) pode ser uma opção no tratamento da dor pós-
operatório, em odontologia. Estudos clínicos comparando o ácido acetilsalicílico com
o acetaminofeno demonstraram eficácia igual, com potência e duração de ação
semelhante no alívio de dores de origem dentária (TORTAMANO; ROCHA, 1997).
O paracetamol é o analgésico e o antipirético de escolha na criança. Sua absorção
pode diminuir quando é oferecido com alimentos ricos em carboidratose não deve ser
utilizado por período superior a 5 dias. Doses excessivas estão relacionadas com
hepatotoxidade que pode aumentar em presença de indutores enzimáticos
(barbitúricos, carbamazepina, fenitoína) (WANNMACHER; FERREIRA, 1999).
- Ácido acetil salicílico
O ácido acetil salicílico (Aspirina®) ainda é o analgésico de ação periférica
disponível mais amplamente utilizado e eficaz para o alívio de dores leves e
moderadas, indicado, portanto em quase todas as situações odontológicas de dor
(TORTAMANO; ROCHA, 1997).
Os salicilatos podem determinar vários efeitos colaterais em doses terapêuticas,
sendo, na maioria, mais perturbadora do que grave. São reações consideradas suaves
e reversíveis após a cessação do uso da droga. O efeito colateral mais comum é a
náusea. A irritação gástrica que pode causar determina essa manifestação e
ocasionalmente vômitos. (BARRETO; PEREIRA, 2008).
Devido ao fato de a liberação de prostaglandinas facilitar à agregação plaquetária, a
inibição de sua síntese por esse grupo duplicará o tempo de
sangramento. Embora isso possa parecer alarmante, aparentemente os salicilatos não
causam quaisquer problemas clínicos em pacientes saudáveis.
A alergia aos salicilatos é descrita. A intoxicação também, causada por
superdosagem dos salicilatos. Náuseas, vômitos, hipertermia e hiperventilação são
manifestações características que podem levar à alcalose respiratória seguida de
acidose respiratória e metabólica, potencialmente letais (TORTAMANO; ROCHA,
1997).
O custo é outro fator que deve ser considerado. Comumente, tem-se observado que
medicamentos novos são de custo mais elevado. Existem relatos experimentais que
analgésicos de ação periférica, tradicionalmente conhecidos (por exemplo, a
aspirina), de fácil disponibilidade e de custo reduzido, mostraram-se úteis no controle
da dor leve e moderada. Somente quando se prevê uma dor grave, ou quando o
paciente não responde aos analgésicos tradicionais, é que agentes mais novos e
eficazes, porém mais caros, devem ser empregados (ROCHA et al, 2003).
Ademais, o ácido acetil salicílico não é recomendado corriqueiramente em crianças,
pois pode provocar síndrome de Reye (lesão cerebral e hepática graves,
manifestando-se por náuseas, vômitos, irritabilidade e convulsões) ante infecção por
vírus influenza ou da varicela (WANNMACHER; FERREIRA, 1999).
- Derivados pirazolônicos
Os derivados pirazolônicos (Dipirona®) com ação analgésica e antipirética, são
usados há muito tempo, e ainda hoje permanecem como uma opção bastante utilizada
na clínica médica e odontológica, embora seus efeitos colaterais sejam
desagradáveis. Sua ação analgésica e antipirética é semelhante ao ácido acetil
salicílico. Esse analgésico, provavelmente, exerce ação por depressão direta da
atividade dos nociceptores, ou seja, após terem sido sensibilizados pelas
prostaglandinas e outros mediadores químicos, o que permite afirmar que a dipirona
constitui uma boa opção no tratamento da dor já instalada, e não na sua prevenção.
Dessa forma, quando se deseja prevenir o surgimento de dor após procedimentos
invasivos com expectativa de dor, esse analgésico não representa uma primeira
opção, ficando indicado seu uso no tratamento de dor instalada (BARRETO;
PEREIRA, 2008).
Semelhante aos grupos dos salicilatos e ao acetaminofeno, agem inibindo a síntese de
prostaglandinas, reduzindo dor e facilitando o retorno à temperatura normal, em
pacientes febris. Ademais tem igual intensidade de efeito que paracetamol
(WANNMACHER; FERREIRA, 1999)
Porém seu uso é restrito pelo risco de determinar agranulocitose irreversível,
especialmente em crianças, daí a dipirona somente está indicada em casos de
hipertermia em que a via oral for inacessível (WANNMACHER; FERREIRA, 1999)
Analgésicos não-opióides devem ser prescritos em esquemas fixos, por 24 a 48
horas, quando se prevê a ocorrência de dor de intensidade leve a moderada, evitando-
se o uso “se necessário” (WWANNMACHER; FERREIRA, 1999).
No Quadro 1 são descritas informações quanto ao uso de analgésicos não-opióides
em pacientes pediátricos.
Analgésicos não-opióides mais utilizados em Odontopediatria e posologia
Grupo/Genérico Nome comercial Posologia
Paracetamol Tylenol®, Dôrico® 10mg por kg/peso, de 6
em 6 horas
Acido acetilsalicílico Aspirina®, AAS®, 10mg por kg/peso, de 6
Buferin®, Roanl® em 6 horas
Derivados Pirazolônicos Magnopyrol®,Anador® 10mg por kg/peso, 3 a 4
(Dipirona) ,Novalgina® vezes ao dia
Fonte: TORTAMANO; ROCHA (1997)
2.3. ANTIINFLAMATÓRIOS
Os antiinflamatórios são classificados, de acordo com sua natureza, em
antiinflamatórios hormonais ou esteroidais e antiinflamatórios não hormonais ou
não-esteróides. Este último grupo representa o mais utilizado na clínica médica e
odontológica. Por ter mecanismo de ação em locais diferentes, cada grupo pode
apresentar suas propriedades, características, efeitos colaterais e peculiaridades
próprias, razão pela qual o estudo dos antiinflamatórios é normalmente descrito de
forma separada (BARRETO; PEREIRA, 2008).
Antiinflamatórios esteroidais e não-esteróidais são drogas sintomáticas, não
alterando a história natural da doença, objetivando controlar a dor e outras
manifestações da inflamação de forma inespecífica (ROCHA et al, 2003).
Quanto à eficácia, os esteróides suplantam os não-esteróides, sendo recomendados
em processos não-responsivos ao uso prévio dos não-esteróides ou com intensidade
que requer de início uma ação mais decisiva. Geralmente, essa sequência se prende
aos potenciais riscos de tratamento com esteróides, enfatizados em muitas
publicações. Na verdade, o uso em odontologia é suficientemente curto (48 a 72
horas), não se associando ao surgimento de efeitos colaterais indesejáveis. Por outro
lado, antiinflamatórios não-esteróidais induzem efeitos adversos sistêmicos, nos
quais predominam problemas gastrintestinais (WANNMANCHER; FERREIRA,
1999).
Para a escolha do fármaco a ser conduzido, pode-se utilizar como critério de escolha
a maior experiência de uso com determinado agente, menor custo e maior
comodidade de seu esquema de administração (por exemplo, maior intervalo entre
doses, devido à meia-vida mais longa) (ROCHA et al, 2003).
Tradicionalmente este grupo de medicamentos está indicado no controle dos
processos inflamatórios e nas dores agudas de moderada à severa intensidade. Agem
inibindo as enzimas da ciclooxigenases: COX1 – ciclooxigenase 1 onde estão
incluídos os medicamentos como o ácido acetilsalicílico (ex: Aspirina®), o
ibuprofeno (ex: Motrin®), o naproxeno (ex: Naprosin®), os dicoflenacos (ex:
Voltarem®), o diflusinal (ex: Dorbid®), o cefoprofeno (ex: Profenid®) entre outros;
COX2 – ciclooxigenase 2 com os fármacos celecoxibe (ex: Celebra®) e o rofecoxibe
(ROCHA et al, 2003).Estes medicamentos estão indicados em processos
inflamatórios clinicamente relevantes, em que dor, edema e disfunções decorrentes
trazem desconforto ao paciente. Não devem ser escolhidos quando o processo
odontológico acarreta apenas dor, pois, nesse caso, está indicado utilizar
preferencialmente analgesia de intensidade adequada. Também é um erro administrar
antiinflamatórios em conjunto com antibióticos em processos infecciosos. Nesse, a
reação inflamatória se constitui em defesa orgânica, tanto para evitar clinicamente a
lesão, quanto para limitar o processo (WANNMACHER; FERREIRA, 1999).
Embora a inflamação seja um fenômeno conhecido desde a antiguidade,
recentemente se sabe que essa reação é uma resposta normal e desejável do tecido
conjuntivo a estímulos diversos, com finalidade protetora, de defesa e reparo.
Independente da natureza do estímulo (físico, químico, bacteriano, imunológico e
outros), toda vez que houver agressão aos tecidos, capaz de provocar a lesão ou
morte de células, o tecido conjuntivo organiza-se para combater aquela agressão
removendo as células lesionadas e repondo o tecido perdido. No local onde houver a
agressão é liberada uma série de substâncias denominadas mediadoras químicas de
inflamação. Dentre essas substâncias encontramos a histamina, a serotonina, a
bradicinina e as prostaglandinas. (TORTAMANO; ROCHA, 1997)
No campo odontológico, verifica-se que as respostas inflamatórias são de origem
local e, por isso, as reações apresentam-se, em média, por um período de 48 horas, o
que faz com que a prescrição desses medicamentos seja normalmente feita para um
período de 3 dias.Como os processos inflamatórios parecem ser iniciados e
integrados por mediadores químicos produzidos no local, frequentemente se
considera que os medicamentos antiinflamatórios inibem a produção ou atividade de
um ou mais desses mediadores(BARRETO; PEREIRA, 2008).
2.3.1 Antiinflamatórios na Odontopediatria
Antiinflamatórios têm pouca indicação na prática odontológica pediátrica. Os não-
esteróides devem ser a primeira escolha, reservando-se os esteróides para processos
inflamatórios refratários aos primeiros. O uso agudo (menos de 7 dias) de esteróides
não determina supressão do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, assim como não
ocasiona desequilíbrios metabólicos (hiperglicemia, hipocalemia), déficit de
crescimento ou alterações significativas nas defesas antiinfecciosas. Com uso agudo,
não é necessário diminuir gradualmente a droga antes de sua supressão
(WANNMACHER; FERREIRA, 1999).
Derivados pirazolônicos
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