Resumo: Essa monografia apresenta uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime
organizado no Brasil atribuindo o enfrentamento sócio-político, econômico e cultural brasileiro
como responsável pelo crescimento de prisões cada vez maiores em todas classes sociais
referentes a essa modalidade criminosa. A mídia tem colocado em destaque cada vez mais a
atuação da polícia nos desmantelamentos de quadrilhas e grandes organizações criminosas, de
forma que se dá a impressão de que a criminalidade tem aumentado. No entanto, o que
ocorre, de fato, é que sempre houve o crime organizado no Brasil, desde a base até o teto da
pirâmide social, mas não tinha havido ainda tamanho enfrentamento ao crime como nos
últimos anos. Grandes empresários, políticos e outras pessoas das mais diferentes classes
sociais foram presas nos últimos anos, fato impensado no Brasil há bem pouco tempo atrás.
Isso tudo porque a população já não suportava mais tanta hipocrisia e, em razão disso, muito
se mudou na sociedade brasileira, desde as posturas políticas até a forma de se fazer imprensa.
Daí que o aspecto enfrentamento policial, diga-se melhor, enfrentamento social ao crime
organizado é justificável, como demonstração do poder de atuação da população quando se
quer mudar governos, políticos e formação de um País melhor.[1]
Abstract: This monograph presents a historical approach about the increase of the organized
crime in Brazil, attributing to the Brazilian socio-politic, economic and cultural confrontation, as
the responsible for the increase of arrests, each time bigger in all social levels referring to this
criminal modality. The midia has focus, each time more, on the policy actions at the
disarticulation of big criminal groups and organizations, in the way it seems that crime has
increased. However, what occurs, in deed, is that the organized crime has always existed in
Brazil, from the base until the ceiling of the social pyramid, but there was no confrontation to Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 1/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
the crime like this in the last years. Important businessman, politicians and other people from
the most different social levels had been arrested in the last years; fact considered an
impossible thought in Brazil a short time ago. Just because that the population couldn’t stand
anymore with all that hypocrisy and, for this reason, many things has changed at the Brazilian
society, from the way politics were made until the way of making press. So, the aspect of police
confrontation, in deed, social confrontation to the organized crime is justified as a
demonstration of the population’s acting power when it is wanted to change governments,
politicians and form of a better country.
Sumário: 1. Introdução. 2. Raízes do crime organizado no Brasil. 2.1. Fase colonial. 2.1. Fase do
império. 2.1. Fase da república. 3. Época da ditadura no Brasil. 3. 1. Censura. 4. O crime
organizado. 5. Características do crime organizado. 6. A relação entre corrupção e crime
organizado. 7. O crime organizado e a globalização. 8. A crise institucional do sistema. 9.
Enfrentamento ao crime organizado. 9.1. Medidas de enfrentamento. 9.2. Análise do
Enfrentamento. 8. Considerações finais. Referências.
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho não tem como pretensão exaurir o tema, até porque se constitui numa
monografia, logo, suscetível de novas indagações e reflexões.
A primeira indagação, que deu passo para a elaboração desse trabalho foi a problemática a
respeito do questionamento: há um crescimento do crime organizado Brasil ou hoje se observa
um maior enfrentamento do poder de polícia? Certamente que existe uma preocupação, de
nossa parte, quanto ao aumento, do Estado e, por conseguinte, da população, o que,
proporcionalmente, acarreta o crescimento do Crime Organizado, logo, se houve somente
crescimento da população proporcionalmente não houve crescimento do Crime Organizado.
No entanto, se observamos que não houve crescimento do Crime Organizado, o que se
poderia confirmar que o que está havendo de fato é um maior enfrentamento. A partir desse
questionamento damos inicio à um estudo pormenorizado, considerando como primeiro ponto
uma análise do período Brasil colônia, império, república, passando pela época da ditadura e
vindo até os dias atuais.
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 2/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
No decorrer desse estudo, é possível confirmar que a verdadeira causa e motivação do crime
organizado é, dentre vários fatores, a corrupção em vários níveis sociais, desde agentes
públicos, empresários, políticos etc, e o homem comum que muitas vezes se deixa corromper
por sua necessidade financeira.
Como veremos, o crime organizado habilmente tira vantagem dessa fraqueza e degeneração
do homem. A KGB, por exemplo, ex-polícia secreta de inteligência Russa, na guerra fria,
astutamente tinha como parâmetro para comprar seus alvos e contatos, três aspectos
corruptores que eram: poder, sexo e dinheiro. O crime organizado se utiliza muito bem desses
fatores, articulando-os com políticos, empresários e a quem se envolver de alguma maneira
com essas organizações.
O que ocorre de fato é que sempre houve o Crime Organizado no Brasil desde a base até o
teto da pirâmide social, mas o que se observa é um maior enfrentamento social, político,
econômico e cultural, nos últimos anos.
Atualmente em nosso país, grandes empresários, políticos e pessoas das mais diferentes classes
sociais foram parar na cadeia, fato impensado até bem pouco tempo. Resultante, em parte de
uma maior mobilização nacional, em razão disso, várias mudanças ocorreram na sociedade
brasileira, desde as posturas políticas até a forma de se fazer imprensa. Fato que não se
observa na época da Ditadura, visto que a mídia era bastante censurada. Para os governantes
militares não era viável mostrar este tipo de crime, pois enfraquecia o governo, o que para os
militares era bastante temível.
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 3/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
brasileiro foi desenvolvendo uma consciência mais crítica, mais politizada, e passou ativamente
a cobrar mais ações, a participar mais diretamente da vida política do País, a buscar seus
direitos.
Além disso, a mídia, por sua vez, com a liberdade de imprensa, passou a desempenhar um
papel fundamental na história, visto que começou a divulgar com maior profusão as
ilegalidades dos líderes e governos e, aliado a tudo isso, deu-se a impressão de que o Crime
Organizado havia crescido.
Fácil é dizer simplesmente que o crime organizado cresceu, haja vista os jornais estamparem
diariamente escândalos de corrupção, morte e roubos, aliados às crescentes prisões de altos
funcionários públicos, empresários etc, bem assim de nomes de políticos.
Contudo, quando enfatizamos que não houve o aumento do crime organizado, privilegiamos a
argumentação de que sempre houve essa modalidade criminosa no país.
Daí é que adentramos também em uma análise ao enfrentamento policial, mas que não
deixamos por último e a bem da verdade o enfrentamento da sociedade ao Crime Organizado,
pois é ela quem vai á luta, demonstrando todo o seu poder de atuação de massa unida,
quando quer mudar governos, políticos e formar um país melhor.
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 4/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
Este trabalho propõe uma reflexão não apenas sobre o papel da polícia, da mídia e de todos os
aparatos técnicos e mirabolantes criados para combater o crime organizado, se estes não
vierem acompanhados da capacitação do homem que está por de traz desses aparatos, e mais
ainda, o homem do povo que está preocupado com a saúde, com o medo de perder o
emprego, com o medo de não encontrar mais emprego, com o medo da idade, sem esperança,
sem sono, sem expectativa e sem governo. É necessário entender que até o caráter tem limites,
quando a fome e o desespero tomam conta do Homem, que se sujeita muitas vezes ao crime
organizado por não ver outra possibilidade.
Nesse sentido este trabalho contempla uma análise sobre a problemática do crime organizado
e sua relação com a corrupção, bem como do enfretamento policial e da atuação dos poderes
públicos e da conscientização da população em geral, no combate a esse tipo de crime.
O crime organizado é uma expressão de difícil conceituação, no entanto, Gómez (1997, apud
Lopez)[2] registra que existem duas modalidades de crime organizado: categoria
internacional como a norte-americana e a italiana e a de categoria regional ou local que tem
caráter mais modesto, e que pode florescer em qualquer país. A primeira caracteriza-se como
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 5/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
uma organização mais complexa, com certa continuidade dinástica, com disciplina interna
severa, constantes lutas intensas pela manutenção do poder, extensa utilização da corrupção
política e policial e compreende uma ocupação com distribuição geográfica por zonas.
É válido compreender que as raízes do crime organizado no Brasil são as mais controversas
possíveis, vez que são atribuídas origens diversas, em momentos históricos distintos.
E para empreender uma análise sobre a origem das organizações criminosas se faz necessário
um estudo histórico-antropológico e político. Visto que a maneira como o crime se manifesta,
em cada lugar e época, está intrinsecamente vinculada à trilogia: história, cultura e política.
Segundo Neto (2006)[3], o Crime Organizado no Brasil começou a aparecer na transição entre
período colonial e o Império; vindo a agravar-se quando da instalação da República.
Para aquele autor, a sociedade brasileira nasceu do crime e é organizada por um Estado que se
constitui para abrigar os interesses de uma elite que tem como origem de suas fortunas, a
ilicitude.
Como era imposição de Portugal que o Brasil fosse colonizado a todo custo, foram elaboradas
cerca de duzentas leis chamadas normas do degredo, dos quais quem as cometesse viria
cumprir as penas aqui, na Colônia de Vera Cruz. Como era interessante mandar muita gente
para cá, qualquer pequeno delito era motivo para o degredo, inclusive o adultério e a
cafetinagem. A maioria dos historiadores discorda da periculosidade dos degredados. No livro
Vadios e Ciganos, Heréticos e Bruxas: os Degredados do Brasil-Colônia, o historiador Geraldo
Pieroni afirma que “o nascimento do nosso país deveu-se a esses degredados por delitos de
ordem religiosa ou moral sem nenhum problema de conduta.”
Neste sentido o jornalista e pesquisador da nossa história Eduardo Bueno (1998 apud
BENEDITO, 2006)[4], insiste em ressaltar que é preciso tomar cuidado com generalizações. Ele
diz que o problema "não está no degredado e sim nos que tinham o poder de enviar
degredados para o Brasil" . Segundo o mesmo autor, a corrupção brasileira começou mesmo
antes do descobrimento, nos impérios português e espanhol.
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 6/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
Chamados de "impérios papeleiros" por causa da burocracia que criava um amontoado de leis
e gerava uma gigantesca estrutura paralela, à margem do poder central, Portugal e Espanha
concentravam um núcleo de corrupção muito grande, que incluía desvio de verbas, negociatas
e dribles na Justiça (BENEDITO, 2006)[5].
Para aquele autor, é nesse tipo de império que está o germe do sistema corrupto que persiste
até hoje, nestas terras.
Segundo Habib (1994)[6] a corrupção no Brasil vem de longas datas, ocorrendo em todas as
três fases, a saber: colonial, imperial e republicana.
A primeira fase é caracterizada por uma espécie de corrupção entre a Colônia e a Metrópole,
ou seja, evidencia uma relação em que à colônia competia fornecer matérias-primas para o uso
da Metrópole, sendo constantes e comuns os desvios na remessa de mercadorias, bem assim
na arrecadação de impostos e tributos.
Havia casos de cobradores de impostos reais que embolsavam esses valores arrecadados, ou,
em outras hipóteses, procediam com tal desídia que davam lugar a uma acentuada e
expressiva sonegação.
Esse fato traz a evidência que o processo de colonização brasileira refletiu um processo de
expropriação dos bens naturais do pais. Se comparada com a colonização americana, a que se
deu com o Brasil apresentou aspectos singulares e consideravelmente díspares.
E sobre esse aspecto observa-se uma Ordenança de Maurício de Nassau a seus sucessores,
durante a ocupação holandesa:
"Convém que Vossas Senhorias procurem angariar e manter, por meio de favores e de dinheiro,
alguns portugueses particularmente dispostos e dedicados para com Vossas Senhorias, dos
quais possam vir a saber em segredo os preparativos do inimigo (…). Esses portugueses devem
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 7/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
ser os mais importantes e honrados da terra, e lhes será recomendado que, exteriormente, se
mostrem como se fossem dos mais desafetos aos holandeses" (NEVES, 2007)[7].
Os colonizadores dos Estados Unidos, deixaram o Velho Mundo, face as intensas perseguições
religiosas daquela época, e se estabeleceram com suas famílias no Novo Continente, visando
assim fundar uma pátria. E para tanto, concebiam uma filosofia de nação pautada em valores
morais. Enquanto que no Brasil, se constatava o inverso. Os primeiros habitantes, provenientes
de Portugal, apresentam um perfil que não atendia aos interesses da Coroa Portuguesa, por
isso, foram deportados para a habitar na nova colônia. Eles apresentavam um perfil que era
contrário à moral da nação – afirmar que os primeiros casos de corrupção surgiram exatamente
em decorrência da relação estabelecida entre a coroa portuguesa e o governo colonia. Eles
desejavam prioritariamente a obtenção do lucro a qualquer custo.
E sobre esse aspecto, é possível afirmar que os primeiros casos de corrupção surgiram
exatamente em decorrência da relação estabelecida entre a coroa portuguesa e o governo
colonial. Pois, há registros de casos de cobradores de impostos reais que embolsavam esses
valores arrecadados, ou, em outras hipóteses, procediam com tal desídia que davam lugar a
uma acentuada e expressiva sonegação (HABIB. 1994)[8].
O período imperial, segunda fase, (Benedito, 2006)[9] registra que os cofres públicos já foram
também usados para premiar delatores. Um exemplo é Joaquim Silvério do Reis, que
denunciou a Inconfidência Mineira em 1792. Ele era conhecido como mau pagador em Ouro
Preto, estava cheio de dívidas, e depois da delação ficou tão malvisto que temia ser
assassinado. O governo resolveu o problema dele mandando-o para uma fazenda no Piauí que
recebera de graça, presente governamental (BENEDITO, 2006)[10].
Nesse mesmo período constata-se que o Banco do Brasil havia sido fundado várias vezes. A
primeira delas foi em 1808, por Dom João VI, depois de sua chegada ao Rio de Janeiro, fugindo
das tropas de Napoleão que invadiram Portugal. Ao voltar para Portugal, em 1821, ele leva
consigo todo o dinheiro depositado no banco (BENEDITO, 2006)[11].
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 8/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
Além disso, se observa também que em 1874, a Lei 2556 alterava os critérios de recrutamento
de soldados para o Exército e a Armada: os recrutados, de 18 a 35 anos, podiam ser
dispensados mediante o pagamento de 400 mil-réis, o que tornava o privilégio inacessível para
pobres. Desta forma, o recrutamento tornou-se um verdadeiro negócio. No entanto, esses
abusos e perseguições resultaram numa insurreição feminina denominada de "Guerra das
Mulheres", visto que elas invadiam igrejas, rasgavam editais e faziam passeatas (BENEDITO,
2006)[12].
O crime atinge todas as esferas e camadas da sociedade, observa-se que até a Igreja esteve
envolvida no envio de ouro para a Europa, no século 18, sem o devido pagamento dos tributos
à Coroa portuguesa. Aquele que não quisesse pagar os impostos colocava ouro e pedras
preciosas dentro de imagens religiosas, ao passar pelas vistorias. Esse método, utilizado até por
padres, deu origem a expressão "santo do pau oco", para designar algo de aparência duvidosa.
A terceira fase (república), por volta da segunda metade do século XIX o Brasil poderia
experimentar a oportunidade de uma relativa estabilidade econômica e política (HABIB, 1994)
[13]. E exatamente nessa época, não faltaram os estelionatários de plantão, os embusteiros, os
trapaceiros e burlões de refinado trato, uns tantos infiltrados entre os novos ricos, outros não
menos numerosos metidos no meio político, até mesmo freqüentando a Corte, visto que se
valiam das posições elevadas e das vantagens do cargo para afanar os lucros provenientes de
negócios escusos e imorais.
Para Habib (1994)[14], a corrupção não é sinal característico de nenhum regime, de nenhuma
forma de governo, e sim decorrência natural do afrouxamento moral, da desordem e da
degradação dos costumes, do sentimento de impunidade e da desenfreada cobiça por bens
materiais, da preterição da ética e do exercício reiterado e persistente da virtude, substituindo-
se pelas práticas consumistas e imediatistas tão caras ao hedonismo.
Essa constatação é possível pelo cotejo da história, pelo estudo da trajetória do homem através
dos tempos, donde se infere que a corrupção esteve presente por todo o tempo, contida e
limitada, em alguns períodos, crescente e fortalecida em outros, incomensurável e avassaladora
em outros tantos (PRADO, 2003)[15]. Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 9/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
A violência, o crime e a sua organização, que para o seu profundo entendimento poderia
remeter ao tempo das primeiras civilizações humana, deve agora ser abordado num contexto
de sociedade capitalista e, como tal, à luz do modelo de sociedade com os seus valores
fundamentados sempre na relação produção/consumo.
Segundo o mesmo autor, de 1922 a 1926 , Pernambuco, Alagoas e com menor freqüência a
Paraíba se tornaram áreas de atuação de lampião, numa rotina de crimes exaustivamente
repetidas. O cangaço deixava de ser um problema sertanejo localizado, para se tornar estadual.
Naquela época depreende-se que já havia organização no bando de lampião.
Visto que este foi um movimento popular presente no sertão nordestino entre os séculos XIX e
XX, personificado pela lendária figura de Virgulino Ferreira da Silva (o Lampião) e de sua
companheira Maria Déia Neném – “Maria Bonita”. Além desses dois, ficaram registrados na
história também: Jesuíno Brilhante, Sinhô Pereira, Antonio Silvino, Corisco, Chico Pereira, dentre
outros.
A atuação desses grupos deixa evidências de que já existia certa sistemática das organizações
criminosas, ainda que diferente das táticas das organizações atuais, mas semelhante no que
tange ao aspecto de respeito a hierarquia, característica que faz crê que o cangaço era uma
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 10/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
forma de crime organizado. Apesar da organização, eles não arriscavam penetrar nas cidades
de porte médio e metrópole. Tinham por atividade o saque a vilas, fazendas e pequenas
cidades, a extorsão de dinheiro mediante ameaças de ataques e pilhagem, ou o seqüestro de
pessoas importantes.
Para outros autores (SILVA, 2003)[18] o mais provável é que com a proibição do “jogo do
bicho”, eclodiu um movimento organizado, fato que resultou na primeira infração organizada
do país.
O “jogo do bicho” foi idealizado pelo Barão de Drumond com o objetivo de salvar os animais
do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro. Todavia, a idéia ganhou o apreço popular e logo passou
a ser gerenciada por grupos organizados mediante a corrupção de policiais e políticos (SILVA,
2003)[19].
Uma outra hipótese quanto ao surgimento dos movimentos organizados no Brasil é que esteja
nas prisões nas décadas de 70 e 80. Neste caso, como também nos outros citados, há muitas
controversas, mas o que chama atenção é sobre o grupo criminoso Comando Vermelho se
houve ou não, naquela década, a intenção de movimentos organizados, dentro das prisões, em
contribuir para a formação de grupos criminosos.
Neste sentido, o jornalista Carlos Amorim (1993, apud CARVALHO, 1994, p. 02) [20] afirma que
durante a convivência entre presos comuns e presos políticos não houve intenção de ensinar
guerrilha aos bandidos. Segundo o mencionado autor, a transmissão desses conhecimentos se
deu de maneira involuntária, como resultado espontâneo do convívio eventual nas cadeias. O
jornalista endossa seu pensamento afirmando que ao longo de doze anos de pesquisas, não
encontrou qualquer indício ou prova de que houve uma intenção ou mesmo uma estratégia
por parte dos presos políticos para ensinarem guerrilha aos presos comuns.
Em sentido contrário há quem afirme (CARVALHO, 1994)[21], que houve sim uma intenção
firme em propagar a sistemática do crime ou mesmo iniciar os presos comuns nos
ensinamentos próprios dos movimentos de oposição ao regime vigente a partir do golpe de
64. Para esses defensores, isso teria ocorrido principalmente no Presídio da Ilha Grande onde
foi efetuada uma tentativa de enquadrar os criminosos comuns na luta política, por meio de
uma constante e sistemática doutrinação comunista. Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 11/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
Se houve boa intenção esta foi maculada pela falta de percepção da realidade de então por
parte dos presos políticos, vez que enquanto estes eram pessoas intelectualizadas e que
provinham em regra das classes mais abastadas da sociedade, os presos comuns eram em sua
maioria proveniente de uma parcela da sociedade excluída de todo e qualquer direito.
No entanto, os presos comuns, eram excluídos, mas não destituídos de inteligência. E segundo
Carvalho (1994, p.3)[22], o assaltante de bancos Vadinho (Oswaldo da Silva Calil), que viu tudo
de perto na Ilha Grande,
“o crime organizado foi muito além do que a luta armada tinha conseguido nos anos 70, tanto
em matéria de infra-estrutura quanto na disciplina e organização internas, os alunos passaram
os professores”.
Aqueles que defendem a idéia de ausência de intenção na formação dos criminosos comuns,
por parte dos criminosos políticos, e de falta de articulação entre o Crime Organizado e a
ideologia de esquerda das décadas de 70 e 80 se apóiam na premissa de que os criminosos
comuns eram individualistas, logo incapazes de absorver uma proposta de ação coletiva como
a da doutrina comunista.
Tal argumento é posto em “cheque” por aqueles que acreditam na intencionalidade dos
ensinamentos diante da realidade das organizações criminosas brasileiras que apresentam mais
rigor, eficiência e amplitude do que os próprios militantes de esquerda (CARVALHO, 1994)[23].
Diante das controvérsias apresentadas, o certo é que proposital ou não algo aconteceu nas
prisões brasileiras durante o regime militar. A verdade sobre o passado é inalcançável, já que os
presos políticos de outrora são agora pessoas influentes e que não tem o menor interesse em
desvelar essa história.
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 12/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
Isso não significa que todos os presos políticos daquela época tenham participado deste
esquema, mas sim apenas aqueles que viram na execução de atividades criminosas algo mais
promissor que a luta política.
Dado o exposto, uma coisa é certa, não há como negar a existência de uma criminalidade
organizada, ou melhor, de verdadeiras empresas do crime. Hoje, embora existente a atividade
criminosa praticada por um único indivíduo ou por um pequeno grupo, esta já não é mais tão
rentável o que acaba por gerar as associações criminosas.
Para Anjos (2003)[24], o Crime Organizado nasce do processo de exclusão social, pois se de
fato tivesse surgido dentro das prisões, na década de setenta do século passado – com a fusão
de presos comuns com os presos políticos – a prisão de seus líderes, provavelmente teria
frustrado a sua expansão.
Devemos partir do principio de que o crime não pode se organizar sem que haja corrupção por
parte das autoridades que representam a lei.
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 13/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
Para entendermos a organização do crime, nos moldes atuais, temos que partir de alguns
princípios (ANJOS, 2004)[26], são eles: a corrupção do Estado, a organização dos grupos
criminosos ora operando em forma de empresa ou adaptados à cultura local, a colaboração de
advogados, contadores e empresários indicando os caminhos para burlar a lei, a lavagem de
dinheiro e a facilitação da articulação criminosa.
Uma das premissas para o surgimento do crime se sustenta quando da implantação do regime
militar. Pois, segundo Santos (2004, p. 89)[27]
“os anos da ditadura militar pós-64 geraram, no Brasil, uma nova mentalidade criminosa que
foi posteriormente reforçada pelos modelos estrangeiros de atuação delituosa”.
Segundo esse autor, durante o regime militar, em conseqüência da Lei de Segurança Nacional,
cidadãos que se opunham ao regime imposto foram condenados a prisão e dividiram o mesmo
espaço com criminosos comuns. O resultado desta convivência teria sido o aprendizado dos
presos comuns de táticas de guerrilhas, forma de organização, hierarquia de comando e
clandestinidade, repassado pelos presos políticos (SANTOS, 2004)[28].
Assim, afirma que diante de tais conhecimentos os presos comuns passaram a realizar seus
atos criminosos salvaguardados pelo planejamento o que garantia o sucesso do ato ilícito.
Logo, foi esse, o importante aprendizado obtido por diversos setores de crimes nas prisões
brasileiras nas décadas de 70 e 80 do século passado (SANTOS, 2004)[29].
Para Habib (1994)[30], a partir de 1964 o país ingressa no seu ciclo supremo de corrupção.
Jamais tantos casos afloraram e de forma seguida como nos governos que sucederam ao golpe
militar, passando pela Nova República e indo desaguar no primeiro governo eleito
democraticamente pelo voto direto.
Entre 1966 e 1981, nada menos que 212 instituições financeiras acabaram sofrendo intervenção
do Banco Central, e “os lucros não-operacionais (ou seja, conseguidos no mercado financeiro)
chegaram a Cr$ 582,6 milhões”, vale dizer “5.931: maiores que os operacionais.” (HABIB, 1994)
Privacidade - Termos
[31].
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 14/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
Em principio pode-se dizer que a chamada “revolução de 64” tinha por objetivo expelir dois
grandes males que se abatiam sobre a nação brasileira: a subversão e a corrupção. Por isso, a
pretexto de combater esses “flagelos”, os militares – que até então tinham se mantido distantes
do poder – passam a administrar o país, numa verdadeira “prova de revezamento” em que o
competidor entrega o bastão para outro de sua mesma equipe.
Naquela época as condutas dos militares não podiam ser fiscalizadas pelos órgãos de imprensa
e de comunicação social, o que, se de um lado criava para aqueles que se corrompiam uma
cortina de fumaça ou um biombo de impunidade, de outro somente realçava a fragilidade do
direito num momento de exceção, em que o indivíduo não dispõe de outros instrumentos para
coibir tais abusos.
3. 1. Censura
Durante a ditadura militar a “divulgação” era absolutamente indispensável por pelo menos
duas razões fundamentais: a) alertar a população sobre o verdadeiro quadro da violência,
permitindo que adote as medidas que considere adequadas para se defender; e b) permitir o
necessário controle social sobre a ação do Poder Público (HABIB, 1994)[32]. Até 1934, quando
se esboçou no Brasil a primeira constituição democrática, pouco se fez em termos institucionais
para a construção de um Estado efetivamente democrático. Os privilégios das elites tiveram
inicio na Colônia, no Império e na República Velha, e se locupletaram nas ditaduras de Vargas e
dos Militares de 64 e migraram incólumes para o período de reconstrução democrática,
carregando seus privilégios e fomentando as facilidades, por anos e anos, influindo no
congresso, no Executivo e no Judiciário.
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 15/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
As ditaduras ocorrem após situações anômicas da sociedade, em que crises políticas, crises
econômicas, guerras ou invasões de território determinam o estabelecimento do que se chama
“estado de exceção”. Com o tempo, entretanto, com a falta de oposição, de instituições
confiáveis, de imprensa livre e de ausência de controle do poder, começam a se estabelecer
privilégios que levam inexoravelmente à acomodação e desta à corrupção, afetando o poder,
os costumes, a administração pública e a economia (GRECCO, 2007)[34].
4. O CRIME ORGANIZADO
O crime organizado se diferencia dos demais crimes por sua relação com o Estado. É
fundamental esclarecer que sem essa relação o crime organizado não tomaria as amplitudes de
crescimento estrutural que tem tomado, pois é este quem lhe dá condições básicas para seu
estabelecimento como organização empreendedora.
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 16/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
Esse tipo de crime tem algumas características muito próprias, principalmente pela
flexibilização que demonstra entre a atuação de crimes totalmente desaprovados pela
sociedade (antijurídicos), como assassinatos, roubos, tráfico de entorpecentes, armas, desvio de
verbas e fraudes generalizadas etc, e ao mesmo tempo passar a imagem de legalidade e
legitimidade, apoiada pelo regime capitalista através de braços do Estado, pela instalação de
empresas que lavam o dinheiro proveniente de crimes.
Existem muitas organizações criminosas atuando no mundo. Em cada país as facções desse
crime costumam receber um nome próprio. Dessa forma a facção ítalo-americana mais
conhecida denomina-se Máfia (denominação aportuguesada do italiano maffia); à chinesa
chama-se Tríade; à japonesa conhece-se por Yakuza. Na Colômbia e no México existem os
poderosos cartéis, e na Rússia e Ucrânia a Bratva comanda o crime organizado. No Brasil
existem os Comandos (Comando Vermelho, Terceiro Comando e PCC – Primeiro Comando da
Capital), que são facções criminosas sustentadas pelo narcotráfico, o tráfico de armas, extorsão,
roubos e assaltos a bancos, e ainda do jogo do bicho e jogos ilegais, bingos e cassinos,
lenocínio e da lavagem de dinheiro (VELOSO, 2006)[36].
Não importa qual venha ser a atividade desenvolvida por uma facção de crime organizado, esta
certamente enfrentará o combate das forças policiais de sua área de atuação, bem como a
oposição de outras facções ilegais que tentam dominar o crime naquela região.
Como antes foi dito, sem um braço do Estado o crime organizado sufocaria, daí é que para
manter suas ações ilícitas, os membros dessas organizações contam muito com a letargia das
autoridades vinculadas à esse desagravo social, e com a corrupção dessas autoridades. Daí é
que essas facções se armam pesadamente e cometem os mais variados tipos de crimes, sempre
acompanhados de assassinatos e imposição do terror à população, como forma de intimidação.
Além disso, é preciso considerar também a globalização da economia que em muito tem
beneficiado às organizações criminosas em vista do livre comércio, do desenvolvimento das
telecomunicações e do sistema financeiro internacional etc. Esses fatores facilitam a formatação
dessas organizações pelas boas condições de manipulação financeira e de comunicação, bem
como a lavagem de dinheiro através de empresas com fachada legal, como instituições de
caridade, fundações sem fins lucrativos, escritórios imobiliários, agências de turismo e viagens,
escritórios jurídicos e de assessoria. Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 17/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
Há quem defenda a idéia de criação de um Estado Paralelo, mantido pelo crime organizado
(LAVORENTI, 2000)[37], todavia, entendemos que ele funciona exatamente pela existência do
Estado. O crime organizado por si mesmo não se manteria, pois sem a “capa protetora”
adotada pelo aparelho Estatal, o mesmo teria que se mostrar, não tendo em que ou onde se
esconder para manter essa aparência de legitimidade, sendo forçosamente levado a partir para
a força bruta, que é a sua real essência, de forma que efemeramente seria desmantelado. Em
verdade ele atua como um parasita, na dependência total do Estado, para que seus membros
mantenham essa máscara de grandes empresários e homens de sucesso, através da lavagem
do dinheiro sujo e grande poder de influência em vista da força da corrupção.
Essas atuais organizações criminosas entenderam, diferentemente dos traficantes dos anos 60
ou 70 que só mantinham o tráfico na base da força, quem se adequasse à vida institucional de
cada país e evitarem o combate frente à frente, teriam muitos mais a ganhar, pois pelo poder
da corrupção e assassinatos planejados com alvos certos, elas poderiam se manter por mais
tempo e influenciariam na área política e social. Diz-se que os valores referentes à lavagem de
dinheiro de entorpecentes alcançam o patamar de centenas de bilhões de dólares.
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 18/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
“Os especialistas do Fundo Nacional Suíço de Pesquisa Científica afirmam que existe crime
organizado, especificamente o transnacional, quando uma organização tem o seu
funcionamento semelhante ao de uma empresa capitalista, pratica uma divisão muito
aprofundada de tarefas, busca interações com os atores do estado, dispõe de estruturas
hermeticamente fechadas, concebidas de maneira metódica e duradoura, e procura obter
lucros elevados. Para as Nações Unidas, organizações criminosas são àquelas que possuem
vínculos hierárquicos, usam da violência, da corrupção e lavam dinheiro.” (OLIVEIRA, 2004)[39].
O Federal Bureau of Investigations – FBI (OLIVEIRA, 2004)[40] define crime organizado como
qualquer grupo que tenha uma estrutura formalizada cujo objetivo seja a busca de lucros
através de atividades ilegais. Esses grupos usam da violência e da corrupção de agentes
públicos. Para a Pennsylvania Crime Commision, as principais características das organizações
criminosas são a influência nas instituições do Estado, altos ganhos econômicos, práticas
fraudulentas e coercitivas (idem).
Mingardin (1996, p. 69)[42] aponta quinze características do crime organizado. São elas:
2. atividade clandestina;
3. hierarquia organizacional;
4. previsão de lucros;
5. divisão do trabalho;
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 19/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
6. uso da violência;
8. mercadorias ilícitas;
9. planejamento empresarial;
As características do crime organizado querem dizer que esse tipo de crime parte de uma
Associação de pessoas com o objetivo de delinqüir, visando unicamente a acumulação de
riqueza indevida, ou seja, o objetivo principal é econômico, diferentemente do terrorismo que
tem finalidades político-ideológicas. O crime organizado tem uma hierarquia estrutural como
se fosse uma empresa, com funções e cargos bem definidos, nos moldes e planejamentos de
uma firma capitalista.
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 20/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
executados, e, como não poderia deixar de ser, o crime organizado tem grande disponibilidade
financeira, com a qual mantém conexão com o poder público para ampliar seus negócios,
através do suborno e corrupção.
Existem ainda as divisões estrategicamente territoriais, as quais são alvos de muitas disputas
entre essas organizações objetivando seu domínio, de forma que é imposto nessa área
dominada, grande poder de intimidação. Essas organizações também se interligam com
objetivos comuns, ou também para prestação de serviços umas às outras, haja vista a
especialidade de cada uma. A depender do tamanho e do tipo de empreendimento ilícito da
organização, ela pode se conectar com outras organizações criminosas fora do território
nacional. É necessário também dizer que a depender do tipo de organização criminosa, a
população local a apóia não só pelo poder de intimidação, mas também pelas ofertas de
serviços sociais que prestam a essas localidades, em vista do descaso público, como fica bem
claro no enredo do filme “Cidade de Deus”.
Pelos conceitos vistos, observamos que a característica principal e sempre presente no crime
organizado é a sua relação com o estado, de modo que essas organizações buscam
desesperadamente apoio para a sua atuação nas instituições estatais.
A infrigência do crime organizado dá-se de forma consistente pela relação de laços estreitos,
na maioria das vezes, com o Poder Público, influindo na realização de leis, no controle
repressivo de suas atividades, por via do oferecimento de suborno, propina, que conduz a
outros delitos contra a Administração Pública. Esse liame mantém-se na iniciativa privada e na
pública, com forças iguais, de formar a influenciar no mercado econômico e nas políticas do
Estado contra o crime.
O sistema empresarial, muito utilizado por essas organizações criminosas, beneficia-se muito
da lavagem de dinheiro, pela facilidade na adoção de empresas e comunicação de mercados e
atividades. Uma clínica médica ou escritório de advocacia, com atividades legais, podem
facilmente lavar dinheiro registrando grandes quantidades de pessoas reais como pacientes e
clientes dessas firmas, que necessitaram de seus serviços, as quais pagaram valores
expressivamente altos, sem que elas tenham usufruído tais serviços.
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 21/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
Diante dessas evidências podemos afirmar então que o crime organizado não pode sobreviver
sem a atuação do Estado e suas engrenagens capitalistas.
A lei também contribui em muito com o crime organizado quando diferencia o ladrão de
gravata do criminoso comum. O crime organizado na modalidade do colarinho branco se
configura como o mais letal de todos, por contar com pessoas da elite, políticos, empresários e
desembargadores etc, que têm o domínio e acesso a todos os caminhos do poder e da
economia do Estado.
Nesse enlace entre o Estado e o crime organizado os mais atingidos estão do lado mais fraco,
são eles os pobres, os negros e os oriundos da periferia. Eles são instrumentos para o
alardeamento das ações da polícia contra a organização criminosa.
Por tudo isso, é importante entender que esse tipo de crime, de acordo com a estrutura da
organização criminosa, possui maior ou menor poder de influência, e conseqüentemente mais
dificuldade em ser descoberto. Isso quer indicar o tamanho e estrutura da organização, pois, se
for iniciante ou de pouca estrutura, mais difícil o apoio estatal, e em conseqüência mais fácil de
ser quebrada. Entretanto, se for uma organização mais estruturada poderá se relacionar com o
poder estatal, através da corrupção de agentes que dão apoio na ampliação e sustentação de
suas atividades criminosas.
Como antes já foi dito, a corrupção e o crime organizado são irmãs gêmeas e andam de mãos
dadas.
Desse modo, no decorrer da história do Brasil, onde nos muitos casos de corrupção ocorridos –
já foi dito que a corrupção é um fator social em qualquer tempo e meio social, em virtude da
vantagem oferecida, em contrapartida à ambição, facilidade e rapidez de se realizar o feito –
Privacidade - Termos
ainda que não houvesse o tipo penal propriamente dito do crime organizado, o qual só veio a
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 22/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
se estabelecer com a Convenção das Nações Unidas Contra o Crime Organizado Transnacional
– Convenção de Palermo, ratificada no Brasil e inserida no ordenamento jurídico pátrio através
do Decreto nº. 5.015 de 12 de março de 2004, sendo promulgada a Lei 9.034/95 cujo § 1º veio
posteriormente ser alterado pela Lei 10.217/2001(DANTAS, 2006)[44], mas é fácil indagar de
suas características e propriedades em fatos e circunstâncias ocorridas em 500 anos de Brasil,
sempre associados aos casos de corrupção, de modo que podemos dizer que sempre houve
crime organizado no Brasil.
Ao considerar a relação corrupção e crime organizado é possível inferir que o crime organizado
sempre existiu no Brasil, diante do fato de que o ataque aos cofres públicos neste País nos
acompanha desde o período de colonização.
Nesse sentido, como dito anteriormente, certos políticos adotam a profusão de leis, porque
criam dificuldades para vender facilidades.
Em relação às duzentas leis do degredo, qualquer pequeno delito era motivo para o
cumprimento de pena, aqui no Brasil, inclusive o adultério e a cafetinagem. Com isso, a maioria
dos historiadores discorda da periculosidade dessas pessoas, sinalizando (NEVES, 2007)[45] que
o nascimento do país deve-se em parte a esses degredados por delitos de ordem religiosa ou
moral sem nenhum problema de conduta.
Enquanto que Eduardo Bueno, jornalista e pesquisador da nossa história, insiste em ressalvar
que é preciso tomar cuidado com generalizações. Ele diz que o problema "não está no
degredado e sim nos que tinham o poder de enviar degredados para o Brasil" (NEVES, 2007)
[46].
E sobre o fato das penas, existe o consenso popular de que as prisões são exclusividade da
população pobre (ANDRADE, 1999)[47].
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 23/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
Esse fato é também uma herança dessa tradição ibérica em que os cavaleiros – ou seja, os ricos
que tinham cavalos, contrapondo-se aos peões, que andavam a pé – ficavam por lei isentos das
chamadas "penas vis". Não podiam ser espancados, amarrados em pelourinhos ou condenados
à morte. Isso sem contar a venalidade da Justiça e o tráfico de influências, que já aparece nas
primeiras linhas a registrar o Brasil.
Como boa tradição ibérica, a corrupção não poderia deixar de continuar com a chegada da
família real portuguesa, em 1808 (NEVES, 2007)[49]. Dom Pedro I, embora mais estadista que
seu pai, tinha na conta de seus amigos pessoas muito pouco recomendáveis, que assumiram
posições importantes no Império. Uma delas foi o famoso Chalaça, apelido do português
Francisco Gomes da Silva, considerado o homem mais poderoso do período (NEVES, 2007)[50].
Dom Pedro II foi um homem culto, mecenas, poliglota, apreciador das artes e da ciência mas
sem perfil para governar, enfadava-se com as questões do Estado. Fato que abria
oportunidades para os desmandos e a corrupção. Depois de 1884, seu governo tornou-se
insustentável, em grande parte por causa da chamada "Questão Militar", que teve como
estopim a descoberta de irregularidades num destacamento do Exército no Piauí.
Para o referido autor, naquela época, chegava-se a ter a impressão de que, de cada dez
indivíduos, nove eram desonestos ou desidiosos na defesa da moralidade administrativa das
Forças Armadas. Os que discordavam eram poucos e considerados criadores de caso
(BENEDITO, 2006)[52].
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 24/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
Esses elementos nos permitem inferir que o crime organizado, como está patenteado neste
trabalho, sempre existiu no Brasil, desde o seu descobrimento. Em verdade, não houve um
aumento real desse tipo de crime, o fato é ilusório em virtude do vínculo que ele tem com o
crescimento da população urbana, o que se faz pensar que o mesmo tenha aumentado.
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 25/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
crítica, no que tange às grandes conquistas contidas na nossa Carta Constitucional. Além disso,
há um maior alastramento das informações através dos meios de comunicação, tanto
radiofônicos quanto televisivos, inclusive Internet etc.
Não se pode olvidar ainda um ponto importantíssimo: o desequilíbrio econômico das nações.
O rompimento de fronteiras, a aproximação das nações, mercados comuns, não obstante a
desigualdade econômica desses países, facilita o intercâmbio criminoso. O tráfico de drogas,
por exemplo, faz a ponte entre o país produtor, de trânsito e de consumo e os demais.
O modismo do tema globalização acarretou a grave conseqüência de que tudo agora parece
novo, como se de fato pudesse haver um homem pré-moderno completamente afastado e
desvinculado do seu passado histórico-cultural.
É por essa razão que o crime praticado com métodos avançados de organização é chamado de
Crime Organizado. Isso, sem deixar de levar em conta que na atualidade as organizações
criminosas nacionais atuam, devido às facilidades de comunicação e a abertura da economia,
em parceria com grupos criminosos de outros países.
O efeito da globalização está presente em todas as atividades humanas – nos setores primário,
secundário e terciário da economia. E da mesma forma, também se faz presente nas
modalidades ilícitas, tais como o crime organizado.
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 26/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
E no que diz respeito à máfia, cabe destacar que da sua fase agrícola (anos 50/60), passando
pela fase urbana ou empresarial, chegou-se à máfia da droga (anos 70/90), que dispõe de
imenso capital e adquire uma gigantesca capacidade de penetração e influência política
(RIBEIRO, 2006)[56].
É possível questionar em que medida os grupos que atuam nos morros e nas favelas do Brasil
não evidenciam um exemplo de antiestado. E em que medida eles não ocupam o papel do
Estado, quando oferecem "segurança", "alimentação" e outros serviços para a comunidade das
favelas.
Observamos que o Estado não cumpre sua parcela de responsabilidade no Contrato Social,
dando margem para que outras formas de organização assumam esse papel (ZAFFARONI,
2002)[57]. Por mais paradoxal que seja, é nesses antiestados que a população busca seu
acesso aos direitos básicos garantidos na Carta Magna e que os governos não cumprem ou
não o fazem como deveriam e em retribuição constata-se a lei do silêncio e a proteção aos
criminosos.
Como se observa, o crime organizado também sofreu influências da globalização, onde cada
vez mais, essas associações criminosas usam das modernas tecnologias para espraiar seu raio
de ação.
Nesse sentido, a maioria das pessoas que são punidas por tais crimes são precisamente as
economicamente menos favorecidas (ANDRADE, 1999)[58]. Tais indivíduos sofrem as
Privacidade - Termos
conseqüências de uma política criminal imposta pelo sistema capitalista, a despeito dos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 27/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
As pessoas da elite brasileira, associadas ao crime organizado, fomentam a idéia de que toda a
podridão social está restrita às áreas pobres do País, e “usam” a força policial e o aparato do
Estado e da mídia (impressa e eletrônica), em seu favor. Ideologicamente perpetuam uma
imagem de que tudo de negativo no Brasil está vinculado às drogas ilícitas e às populações de
baixo poder aquisitivo.
E para corroborar com essa perspectiva a Polícia adentra nas favelas e morros das periferias,
rasgando a cada passo os termos da Constituição Federal, no que diz respeito aos direitos
fundamentais do cidadão, que, com o intuito de prender “traficantes” que em verdade são a
“ponta do iceberg” de uma grande corda de criminalidades e que termina do outro lado da
cidade, na parte “honesta e de bons costumes”, onde se encontram os verdadeiros e poderosos
chefões do crime. Estes deixam vastos vestígios, que também é reflexo das brutalidades que
essa política norte-americana de drogas alavanca na aterrorização da pobreza urbana na
periferia do vídeocapital financeiro.
É certo que os excluídos não têm as mesmas oportunidades que o indivíduo da classe média
alta, pois aquele é um bode expiatório para desviar a atenção do que realmente ocorre nos
bastidores da nossa elite de “moral ilibada”.
De uma forma geral, com raríssimas exceções, a classe média alta usufrui de cd’s piratas, não
respeitam os direitos autorais quando copiam obras completas, participam de rinhas (brigas de
galo). No entanto, o poder público não pune essas pessoas por tais crimes em razão de sua
classe social (ANDRADE, 2007)[59]. Em contraposição um papelote de maconha no morro pode
ser motivo de prisão inafiançável Ao longo de toda a história brasileira a elite se utilizou de
pilhagem, exploração, ganância e brutal concentração de renda, e, para tanto, a pobreza unida
respondeu, com exagerado número de assaltos, seqüestros e degradação social.
Esse fato nos remete a uma recordação das contribuições de Karl Marx (LÚCIA, 1998)[60]
quando aborda que o capitalismo traz em seu bojo o germe da sua própria destruição, nada
mais preciso para tempos em que o crime organizado ameaça, ainda que de forma transversa,
haja vista não ser seu objetivo, a destruição do sistema capitalista.
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 28/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
Esse modelo caracteriza o então denominado Estado Mínimo, também chamado de Estado de
Polícia, no qual o Estado deixa de ser intervencionista, abrindo mão de da responsabilidade
com os aspectos sociais, como previdência, estabilidade, saúde, educação, segurança etc, só se
preocupando com o Poder de Polícia.
Esse projeto neoliberal imposto aos paises de terceiro mundo tem como finalidade a abertura
do comercio mundial, ou seja, da globalização da economia para que os países do primeiro
mundo escoem seus produtos livremente, quebrando a barreira da soberania de cada país
desmantelando suas cartas constitucionais.
E nessa briga entre pobres, ricos e policiais, o crime organizado, cujo centro do poder está
localizado na alta burguesia, silenciosamente se apropria de recursos públicos. Mas o grande
absurdo dessa “crise” é a hipocrisia com que a mídia e a liderança governamental tentam
mascarar as estatísticas criminais ligadas às classes dominantes indicando que a violência só
ocorre na periferia.
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 29/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
O dicionário Houais (2001)[61] registra que o termo enfrentar significa não aceitar mais a
situação como se está e a depender do problema ou inimigo é necessário investir um grande
esforço contra a situação em questão. Deve-se estar preparado para abrir mão de muitos
prazeres e condições antes tidas como normais, inclusive econômica, social e até a própria vida,
se necessário for. A coragem é o item principal para se tomar a atitude de combater o inimigo
e não se aceitar mais as imposições que este faz. Nesse sentido, há que se pensar em formas
de enfrentamento do crime organizado.
A grande falácia da sociedade brasileira é a corrupção, cujas ações dos que dela desfrutam,
estão, em última análise, vinculados há algum tipo de rede do crime organizado, que como
antes dito, ambas, corrupção e crime organizado, são irmãs gêmeas, e não podem viver
separadamente.
No final da década de 80, foi constituída uma Comissão Especial sobre o Crime Organizado, no
Congresso Nacional, que tinha como relator o então Deputado Federal Michel Temer (LIPINSKI,
2003)[62]. Esta comissão tinha como objetivo estudar a legislação vigente de forma a elaborar
uma lei eficaz no combate ao Crime Organizado.
Mas, um dos maiores passos estrategicamente dados pela sociedade Brasileira, no combate ao
crime organizado, foi sem dúvida a Constituição Federal do Brasil de 1988, a primeira após o
regime militar, a qual instituiu um regime democrático e social de direito.
Pela sua amplitude, é também conhecida como Constituição Cidadã, em vista de ter
assegurado diversas garantias constitucionais, com o objetivo de enfatizar os direitos
fundamentais, permitindo a participação do Poder Judiciário sempre que houver lesão ou
ameaça de lesão a direitos.
– direitos sociais, caracterizados como liberdades positivas, tendo por finalidade a melhoria das
Privacidade - Termos
condições de vida;
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 30/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
Em 1995, foi sancionada a lei de “Combate ao Crime Organizado” – Lei n.° 9.034/95 – esta foi
tema de diversas dissertações e debates sobre suas imperfeições que foi impossível sua
aplicação de forma ampla. Tais defeitos constituíam na paradoxal figura do Juiz Inquisidor em
um sistema acusatório, tal como adotado pelo Brasil após a Constituição Federal de 1988. E na
ausência de uma definição precisa para o Crime Organizado, de forma a delimitar sua esfera de
atuação e permitir sua efetiva repressão. Todavia, com a referida lei também ocorreram alguns
avanços, tais como a identificação criminal, a delação premiada, etc.
Ainda no intuito de combater a criminalidade organizada foi promulgada a Lei n.9.613/98, que
dispõe sobre os crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, tal lei constitui-se
numa tentativa de evitar a lavagem de dinheiro no país, sendo esta a atividade que torna mais
vulneráveis as organizações criminosas.
Como se vê, embora a Constituição Federal de 1988 ofereça um extenso rol de direitos e
garantias individuais, o que deveria, em regra, favorecer a aplicação do Direito penal, mas
ocorre que a legislação penal e processual penal vigente é arcaica e deficiente, vez que oriunda
de uma época em que vigia um Estado totalitário, o que impossibilita a efetiva aplicação de um
Direito Penal Democrático (CAMPOS, 2006)[64].
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 31/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
É evidente que as causas das organizações criminosas são inúmeras, dentre as quais podemos
citar a econômica e social, mas também outras causas que freqüentemente não são apontadas,
por exemplo: as causas políticas e morais.
O fato é que as informações sobre os crimes não podem ser escondidas, elas devem ser
propagadas e disseminadas por todas as partes.
Nesse sentido, na “guerra” entre repórteres investigativos e prováveis culpados quem sai
ganhando mesmo é a população que face às informações veiculadas pela mídia podem
elaborar opiniões e assim fazer escolhas mais criteriosa na eleição dos governantes. Isso
contribui para uma maior pressão aos poderes públicos, principalmente no que se refere à
segurança pública.
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 32/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
Nessa prática há que se destacar a ação e estruturação da Polícia Federal, e do governo federal
que investiu em pessoal, treinamento, reaparelhamento e novas formas de investigação
criminal, mais acentuadamente contra o crime organizado (MJ, 2007)[66].
“I – apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e
interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras
infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão
uniforme, segundo se dispuser em lei;
IV – Exercer, com exclusividade, as funções de Polícia Judiciária da União” (BRASIL, 1988, p.107)
[68].
A Polícia Federal está sediada em Brasília-DF e conta com as várias Superintendências Regionais
instaladas em todas as capitais brasileiras, bem como Delegacias e Postos Avançados nos
interiores dos Estados da Federação.
Quando do governo de Getúlio Vargas foi criado o Departamento Federal de Segurança Pública
– DFSP (FENAPEF, 2006)[69], a partir do desmembramento da Polícia Civil do Distrito Federal. O
fato é que esse Departamento foi crescendo e ganhando novas atribuições. Por razões diversas,
houve grande carência de pessoal acarretando a fusão com a Guarda Especial de Brasília – GEB.
Esse Departamento cresceu em tamanho e atribuições vindo receber o nome de Departamento
Privacidade - Termos
Com a posse do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, no ano de 2003, cujo governo
reestruturou amplamente os quadros e atribuições da Polícia Federal, intensificou-se
sobremaneira os trabalhos dessa Instituição Policial, contra o crime organizado, sendo então
desencadeadas várias ondas de prisões de quadrilhas de sonegadores, criminosos virtuais,
lavagem de dinheiro, crimes do colarinho branco, descaminhos, assaltantes de bancos, crimes
contra o sistema financeiro nacional, roubos de cargas e valores etc, esbarrando inclusive em
políticos ligados próprio Governo.
No entanto, em 2006, o ex-prefeito de São Paulo e atual deputado federal, Paulo Maluf, chegou
a declarar que "a Polícia Federal da Era Lula é pior do que a SS nazista" (WIKIPÉDIA, 2007)[70].
E sobre a atuação da Polícia Federal é válido mencionar algumas operações, ocorridas entre
2003 e 2007(DPF, 2007)[71]:
Operação Afrodite: contra o tráfico de seres humanos em São Paulo. Para os trabalhos, a Justiça
expediu sete mandados de prisão e de busca de apreensão para serem cumpridos nas cidades
de São Paulo, Juquitiba e Santo André. O grupo criminoso recrutava mulheres para prostituição
no Brasil e no exterior. Clientes nos Estados Unidos pagavam de US$ 2.000 a US$ 3.000. Os
presos vão responder por tráfico de mulheres e formação de quadrilha.
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 34/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
Operação Cavalo de Tróia: quadrilha aplicava golpes pela Internet contra bancos brasileiros e
seus clientes. A operação resultou na prisão de mais de trinta pessoas, nos estados do Pará,
Goiás, Maranhão e Piauí. Entre os detidos, estava um escrivão da Polícia Civil do Pará e três
programadores. As investigações continuaram e percebeu-se que ramificações da mesma
quadrilha presa anteriormente continuavam na ativa, o que culminou, em outubro de 2004, Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 35/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
com a Operação Cavalo de Tróia II, quando foram presas mais de 60 pessoas nos estados do
Pará, Tocantins, Maranhão e Ceará, além de apreenderem dezenas de computadores e centenas
de CD-ROMs e disquetes.
Operação Confraria: além de oito pessoas presas mais doze envolvidos foram indiciados com o
suposto esquema de licitações irregulares e desvio de verbas na administração do ex-prefeito
de João Pessoa, Cícero Lucena (PSDB).
Operação Navalha: desarticulou organização criminosa que atuava desviando recursos públicos
federais nos Estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso, Sergipe, Pernambuco, Piauí, Maranhão, São
Paulo, Alagoas e no Distrito Federal. No total, 46 pessoas foram presas e duas estão foragidas.
O grupo foi organizado em três níveis. No primeiro, atuavam pessoas diretamente ligadas à Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 36/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
Operação Praga do Egito: presas 41 pessoas, entre elas o ex-governador de Roraima Neudo
Ribeiro Campos (PP), por suposto envolvimento com o esquema conhecido como ''escândalo
dos gafanhotos''. Houve cumprimento de mandados de prisão em três Estados: Amazonas,
Distrito Federal e Roraima. O ''escândalo dos gafanhotos'' revelou-se em fraude de cerca de R$
230 milhões em recursos públicos estaduais e Federais. ''A fraude não era muito sofisticada e
contava com a total falta de organização do Estado. Consistia, basicamente, no tráfico de
influência de uma importante pessoa da sociedade, com poder suficiente para fazer constar
nomes na folha de pagamento do Estado'', relata o juiz-substituto Helder Cirão Barreto em
despacho.
Há suspeita ainda do desvio de dinheiro obtido por meio de 24 convênios estaduais com a
União, que totalizam R$ 225,5 milhões.
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 37/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
eram as compras de hemoderivados, daí a inspiração para o nome. Costa havia assumido o
ministério em janeiro de 2002 e deixou o cargo, em julho de 2005, para assumir a Secretaria de
Comunicação do PT, antes de se lançar candidato ao governo de Pernambuco.
Operação Xeque-Mate: desarticulou um braço de uma facção criminosa de São Paulo em Volta
Redonda, prendendo 33 integrantes que restavam de uma suposta quadrilha de traficantes,
formada por 50 pessoas. Em um ano, o bando teria movimentado na região cerca de R$ 1,5
milhão, distribuindo 60 quilos de cocaína na região.
No total foram realizadas nesses últimos anos, nos diversos estados brasileiros, mais de 200
operações, sem contar as que estão em andamento, das quais, segundo o relatório Diretoria de
Combate ao Crime Organizado –DCOR, do Departamento de Polícia Federal, até o ano de 2006
foram presas mais de 300 pessoas. Ainda segundo o mesmo relatório foram indiciadas nos
cerca de 4.000 inquéritos policiais instaurados contra o crime organizado em virtude dessas
operações, um total aproximado de 30.000 pessoas.
Sem dúvida alguma todo esse empreendimento policial significa uma forte reação contra essas
organizações criminosas que há muito tempo vem corrompendo e extorquindo os mais
diversos setores sociais no Brasil. Essa observação fica ainda mais clara quando as estatísticas
dão conta de que entres os anos de 2000 a 2006 foram aprendidos entre as drogas mais
populares como a cocaína, crack, haxixe, maconha, merla e pasta base, 1.202.662 quilogramas
dessas substâncias entorpecentes, um número extremamente expressivo comparado às
décadas anteriores as quais sequer há notícia de tamanha ação contra o crime organizado.
Apesar dos resultados significativos com as referidas operações, a Polícia Federal continuou
com seus trabalhos contra a criminalidade organizada e, dentro do mesmo período citado,
foram apreendidas drogas, as quais menos comuns, em virtude do seu custo financeiro, como
LSD, lança-perfume, esctasy, psicotrópicos e heroína, 586.441 unidades dessas drogas.
No início dessa década as entradas dessas drogas em território nacional eram tímidas, mas,
possivelmente em razão da globalização, no decorrer dos anos foi aumentado, todavia, como
se vê nos números apresentados, os traficantes não tiveram muito espaço para sua distribuição.
Com o programa de erradicação de maconha, principalmente nas áreas denominadas polígono
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 38/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
da maconha, na região nordeste do Brasil, foram apreendidas nesse curto espaço de tempo
antes mencionado, mais de 14.367.694,00 quilogramas de sementes e pés de maconha (DPF,
2007)[72].
Segundo o relatório da DCOR foram apreendidos nas mãos de organizações criminosas, apenas
no período compreendido entre 2003 a 2006, os valores nas respectivas moedas, as quantias
de R$ 6.359.997,00, US$ 1.690.963,00, EU$ 3.255.614, R$ 12.349,00 em cheques. Foram
apreendidas ainda nesse período 5.921 celulares, 4.738 veículos, 13 aeronaves, mais de 300.000
armas entre revólveres, pistolas, fuzis, sub e metralhadora, bem como lança foguetes,
escopetas, rifles etc, e mais de 70.000 munições dos mais diversos calibres. Só por essas
apreensões depreende-se que o crime organizado está muito estruturado em todos os
sentidos, desde equipamentos, armas e munições, transporte e principalmente, dinheiro. Mas é
certo que enquanto esse trabalho está sendo elaborado operações policiais estão sendo
realizadas e muitas outras a caminho da deflagração.
Para empreender uma análise sobre a criminalidade organizada no Brasil se faz necessário um
estudo analítico e sistemático, o qual será realizado a partir do estabelecimento de correlações
de conjuntos de fatos delituosos ocorridos desde o início da história do Brasil (apresentados
anteriormente), e estudando seus padrões e tendências. Através de indicadores demográficos e
sócio-econômicos, principalmente das operações da Polícia Federal, de tal sorte que a
criminalidade possa ser contextualizada.
Através dessa análise é possível identificar de forma mais precisa a ação criminosa dos grupos
organizados no Brasil, no tempo e no espaço, possibilitando uma ação policial mais eficaz.
E sobre esse aspecto é válido registrar alguns elementos significativos registrados através da
DCOR, no que tange as estatísticas do crime organizado no Brasil.
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 39/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
Conforme o gráfico acima, nitidamente observa-se que o crime organizado se manteve nos de
2000 a 2006 nos mesmos níveis de atuação. A população por sua vez, vem crescendo a cada
ano, de forma que pode-se constatar assim que não houve um crescimento real do crime
organizado e sim proporcional ao crescimento da população.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os elementos apresentados ao longo desse trabalho permite uma maior compreensão sobre a
criminalidade no Brasil. Através desse estudo (análise dos efeitos e conseqüências da
criminalidade) tem-se como resultado elementos que subsidiam uma melhor tomada de
decisões e adoção de mecanismos para o enfrentamento do Crime Organizado no Brasil.
E da análise empreendida ao longo deste trabalho é possível constatar que o fenômeno atual,
denominado de Crime Organizado, tem seu surgimento vinculado ao Estado moderno. São
grupos, setores da sociedade, às vezes até organizações já existentes que resistiram às novas
ordenações impostas por um modelo de Estado que nas suas origens foi necessariamente
centralizador e autoritário.
O Crime Organizado sempre existiu, mas passou a ganhar qualificação a partir do final dos
anos setenta. Desde então muitos significados e sentidos foram dados a ele. Ao longo desses
anos muitos estudiosos, através de seus livros, artigos e palestras passaram a comportar
múltiplas interpretações ao que seria crime organizado. Por isso, uma abordagem histórica
sobre o crescimento do crime organizado no Brasil constitui-se um desafio, pois a
criminalidade, não só neste País, mas em todo o mundo, evidencia um processo contínuo de
aperfeiçoamento.
Além disso, é preciso considerar também a globalização da economia que em muito tem
beneficiado às organizações criminosas em vista do livre comércio, do desenvolvimento das
telecomunicações e do sistema financeiro internacional etc. Esses fatores facilitam a formatação
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 40/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
Neste contexto, foi feita uma análise do crime organizado no Brasil, preocupando-se, na
realidade, em construir indicadores sociais sensíveis o suficiente para, ao mesmo tempo indicar
o movimento e a tendência do crescimento ou não do Crime Organizado e indicar também o
resultado da ação do Estado numa área hoje particularmente crítica da nossa sociedade.
– os bicheiros, atuando nas grandes cidades com possíveis envolvimentos em bingos, cassinos,
lenocínio, narcotráfico, lavagem de dinheiro e jogos ilegais; o comando vermelho (C.V), com
seu poder de atuação concentrado no estado do Rio de Janeiro, destacando-se pelo trafico de
armas, roubos, narcotráfico, entre outros;
– o Primeiro Comando da Capital (PCC), que é formado por todos os tipos de criminosos, com
atuação vasta, que vai desde a proteção, até assassinatos encomendados, seqüestros, roubos,
etc.
Outra constatação é ausência de aumento real do crime organizado no Brasil, pois o mesmo
sempre existiu fortemente nessa sociedade desde o período Colonial, o que se observa são
diferentes e aprimoradas formas de atuação no mundo do crime.
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 41/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
Além disso, é preciso que o poder público crie mecanismos para disseminação em massa, de
princípios e de práticas que possibilitam a criação de uma consciência coletiva capaz de
impulsionar a população a escrever uma história de dignidade nacional.
Referências
ANDRADE, Vera Regina Pereira de. A construção social da criminalidade pelo sistema de
controle penal, 1999. Disponível em:
<http://www.buscalegis.ufsc.br/arquivos/A%20construção%20social%20da%20criminalidade%20pelo
08.htm>. Acesso em: 08 de maio de 2010.
ANJOS, J. Haroldo dos. As raízes do crime organizado. Florianópolis: IBRADD, 2000.
BENEDITO, Mouzar. 500 anos de corrupção. Revista Terra. Disponível em:
<www.caminhosdaterra.ig.com.br/reportagens/161_corrupção.shtml>
BRASIL. Constituição da república federativa do brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.
CAMPOS, Lidiany Mendes. et all. O Crime Organizado e as prisões no Brasil: Disponível em
www.conpedi.org./manaus/arquivos/anais.pdf Acesso em 20 jul 2010.
CARVALHO, Olavo de. Apêndice I: As esquerdas e o Crime Organizado: In: A Nova Era e a
Revolução Cultural: Fritjof Capra & Antonio Gramsci. 3 ed. rev. e aum. São Paulo. 1ª edição
impressa em 1994. Disponível em: <http://www.olavodecarvalho.org/livros/neindex.htm>.
Acesso em: 18 jun. 2010.
CORRUPÇÃO, o mal histórico que assola o Brasil. Plenitude, Rio de Janeiro, ano 25, n. 133, p.
08-13, jun. 2006.
CRUZ, Rita de Cássia Oliveira Cruz. Educação em Valores: um olhar sobre a criminalidade
juvenil. Revista teológica busque!, Salvador, ano I, nº 1, p.18-19, julho de 2010.
DANTAS, Marcus Vinicius da Silva. O necessário aperfeiçoamento legislativo sobre o crime
organizado. Uma visão do PLS nº 150/2006. Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 1202, 16
out. 2006. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9049>. Acesso em: 15
ago 2010. Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 42/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro Instituto Antônio Houaiss. Ed. Objetiva
, 2001.
DEPARTAMENTO de Polícia Federal. DPF. Histórico do departamento de polícia federal.
Disponível em: <http:ww.dpf.gov.br>. Acesso em: 18/09/2010.
GOMES, Luiz Flávio. Crime organizado: enfoques criminológico, jurídico (Lei 9.034/95) e
político- criminal. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997.
GONÇALEZ, Alline Gonçalves; BONAGURA, Anna Paola et al. Crime organizado . Jus Navigandi,
Teresina, ano 8, n. 392, 3 ago. 2004. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?
id=5529>. Acesso em: 24, set. 2010.
GRECCO, Milton. A corrupção e a construção do estado democrático. Disponível em
www.observatoriosocial,com/diversos/hp070206.doc. Acesso em 20 set. 2010.
HABIB, Sergio, Brasil: Quinhentos anos de corrupção. Enfoque sócio-jurídico penal: Porto
Alegre: Safe, 1994.
KANITZ, Stephen. A origem da corrupção. Disponível em: <www.kanitz.com.br>
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica: ciência e
conhecimento científico. 2 ed. São Paulo : Atlas, 1997.
LAVORENTI, Wilson, SILVA, José Geraldo da. Crime organizado na atualidade: Campinas:
Bookseller, 2000.
LIPINSKI, Antônio Carlos. Crime Organizado & Processo Penal. Curitiba: Juruá, 2003.
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. O manifesto comunista. Tradução de Maria Lucia Como. 15ª
ed. Rio de Janeiro Paulo: Paz e Terra, 1998.
NETO, Osvaldo Bastos. Introdução à segurança pública como segurança social: uma
hermenêutica do crime: Salvador: LER, 2006.
NEVES, Silvio A. História da corrupção. Disponível em
<www.entresseio.blogspot.com/2007/06/histrias-de-corrupção.html>. Acesso em: 20 set. 2010.
OLIVEIRA, Adriano. Tráfico de drogas, crime organizado, atores estatais e mercado
consumidor: uma integração muito mais perversa. Revista Espaço Acadêmico, nº 42, ano
IV, mar. 2004. Disponível em: <www.espacoacademico.com.br>. Acesso em: 15 set. 2010.
OLIVIERI, Antonio Carlos. O cangaço: São Paulo, Ática, 1995.
PRADO, Luiz Regis. Conferência sobre Legislação Penal no Brasil e a Convenção
interamericana contra a corrupção, mai 2003. Disponível em:
<www.oas.org/juridico/spanish/agendas/estudio_final_brasil.htm>
RIBEIRO, Wanderley.O Crime Organizado. Disponível em
http://www.advogadocriminalista.com.br/home/artigos/0043.html, Acesso em:
Privacidade - Termos
10 set. 2010.
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 43/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
SILVA, Eduardo Araújo da. Crime organizado: procedimento probatório: São Paulo: Atlas,
2003
VELLOSO, Renato Ribeiro. O crime organizado. Boletim Jurídico, Uberaba/MG, a. 3, nº 190.
Disponível em:
<http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=1463> Acesso em: 20 set. 2010
ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro. 4.
ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.
Notas:
[1] Monografia apresentada ao SENAC RIO e à Academia Nacional de Polícia, como requisito
para a conclusão do XV Curso Especial de Polícia.
[2] GOMES, Luiz Flávio. Crime organizado: enfoques criminológico, jurídico (Lei 9.034/95) e
político- criminal. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997.
[3] NETO, Osvaldo Bastos. Introdução à segurança pública como segurança social: uma
hermenêutica do crime: Salvador: LER, 2006.
[4] BENEDITO, Mouzar. 500 anos de corrupção. Revista Terra. Disponível em:
<www.caminhosdaterra.ig.com.br/reportagens/161_corrupção.shtml>
[5] Idem, Ibidem, p. 20.
[6] HABIB, Sergio, Brasil: Quinhentos anos de corrupção. Enfoque sócio-jurídico penal: Porto
Alegre: Safe, 1994.
[7] NEVES, Silvio A. História da corrupção. Disponível em
<www.entresseio.blogspot.com/2007/06/histrias-de-corrupção.html>. Acesso em: 20 set. 2010.
[8] HABIB, Sergio, Brasil: Quinhentos anos de corrupção. Enfoque sócio-jurídico penal: Porto
Alegre: Safe, 1994.
[9] Idem, Ibidem, p. 20
[10] Idem, Ibidem, p. 21
[11] Idem, Ibidem, p. 21
[12] Idem, Ibidem, p. 22
[13] Idem, Ibidem, p. 57
[14] Idem, Ibidem, p. 58
[15] PRADO, Luiz Regis. Conferência sobre Legislação Penal no Brasil e a Convenção
interamericana contra a corrupção, mai 2003. Disponível em:
<www.oas.org/juridico/spanish/agendas/estudio_final_brasil.htm>
[16] Idem, Ibidem, p. 60
Privacidade - Termos
[18] SILVA, Eduardo Araújo da. Crime organizado: procedimento probatório: São Paulo: Atlas,
2003.
[19] Idem, Ibidem, p. 38
[20] CARVALHO, Olavo de. Apêndice I: As esquerdas e o Crime Organizado: In: A Nova Era e
a Revolução Cultural: Fritjof Capra & Antonio Gramsci. 3 ed. rev. e aum. São Paulo. 1ª edição
impressa em 1994. Disponível em: <http://www.olavodecarvalho.org/livros/neindex.htm>.
Acesso em: 18 jun. 2010.
[21] Idem, Ibidem, p. 02
[22] Idem, Ibidem, p. 03
[23] Idem, Ibidem, p. 04
[24] ANJOS, J. Haroldo dos. As raízes do crime organizado. Florianópolis: IBRADD, 2000.
[25] Idem, Ibidem, p. 35
[26] Idem, Ibidem, p. 36
[27] Santos, Nivaldo – O Crime Organizado e as prisões no Brasil. Disponível em:
https://www2.mp.pa.gov.br.
[28] Idem, Ibidem, p. 14
[29] Idem, Ibidem, p. 15
[30] Idem, Ibidem, p. 61
[31] Idem, Ibidem, p. 61
[32] Idem, Ibidem, p. 62
[33] GRECCO, Milton. A corrupção e a construção do estado democrático. Disponível em
www.observatoriosocial,com/diversos/hp070206.doc. Acesso em 20 set. 2010.
[34] Idem, Ibidem, p. 35
[35] BRASIL. Constituição da república federativa do brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.
[36] VELLOSO, Renato Ribeiro. O crime organizado. Boletim Jurídico, Uberaba/MG, a. 3, nº
190. Disponível em:
<http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=1463> Acesso em: 20 set. 2010.
[37] LAVORENTI, Wilson, SILVA, José Geraldo da. Crime organizado na atualidade: Campinas:
Bookseller, 2000.
[38] GONÇALEZ, Alline Gonçalves; BONAGURA, Anna Paola et al. Crime organizado . Jus
Navigandi, Teresina, ano 8, n. 392, 3 ago. 2004. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5529>. Acesso em: 24, set. 2010.
[39] OLIVEIRA, Adriano. Tráfico de drogas, crime organizado, atores estatais e mercado
Privacidade - Termos
consumidor: uma integração muito mais perversa. Revista Espaço Acadêmico, nº 42, ano
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 45/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
IV, mar. 2004. Disponível em: <www.espacoacademico.com.br>. Acesso em: 15 set. 2010.
[40] Idem, Ibidem, p. 37
[41] Idem, Ibidem, p. 45
[42] MINGARDI, Guaracy. O Estado e o crime organizado. 1996. Tese (Doutorado) – Faculdade
de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1996
[43] LAVORENTI, Wilson, SILVA, José Geraldo da. Crime organizado na atualidade: Campinas:
Bookseller, 2000.
[44] DANTAS, Marcus Vinicius da Silva. O necessário aperfeiçoamento legislativo sobre o
crime organizado. Uma visão do PLS nº 150/2006. Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 1202,
16 out. 2006. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9049>. Acesso em:
15 ago 2010.
[45] NEVES, Silvio A. História da corrupção. Disponível em
<www.entresseio.blogspot.com/2007/06/histrias-de-corrupção.html>. Acesso em: 20 set. 2010.
[46] Idem, Ibidem, p. 37
[47] ANDRADE, Vera Regina Pereira de. A construção social da criminalidade pelo sistema de
controle penal, 1999.
[48] BENEDITO, Mouzar. 500 anos de corrupção. Revista Terra. Disponível em:
<www.caminhosdaterra.ig.com.br/reportagens/161_corrupção.shtml
[49] Idem, Ibidem, p. 38
[50] Idem, Ibidem, p. 38
[51] Idem, Ibidem, p. 41
[52] Idem, Ibidem, p. 42
[53] Idem, Ibidem, p. 40
[54] Viegas, Flavio. Revista Faz ciência nº 13 (jun a ago 2003).
[55] RIBEIRO, Wanderley.O Crime Organizado. Disponível em
http://www.advogadocriminalista.com.br/home/artigos/0043.html, Acesso em:
10 set. 2010.
[56] Idem, Ibidem, p. 54
[57] ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal
brasileiro. 4. ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.
[58] ANDRADE, Vera Regina Pereira de. A construção social da criminalidade pelo sistema de
controle penal, 1999.
[59] Idem, Ibidem, p. 55
[60] MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. O manifesto comunista. Tradução de Maria Lucia Como.
Privacidade - Termos
[61] Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro Instituto Antônio Houaiss. Ed.
Objetiva , 2001.
[62] LIPINSKI, Antônio Carlos. Crime Organizado & Processo Penal. Curitiba: Juruá, 2003.
[63] BRASIL. Constituição da república federativa do brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.
[64] CAMPOS, Lidiany Mendes. et all. O Crime Organizado e as prisões no Brasil: Disponível
em www.conpedi.org./manaus/arquivos/anais.pdf Acesso em 20 jul 2010.
[65] CRUZ, Rita de Cássia Oliveira Cruz. Educação em Valores: um olhar sobre a criminalidade
juvenil. Revista teológica busque!, Salvador, ano I, nº 1, p.18-19, julho de 2007
[66] DEPARTAMENTO de Polícia Federal. DPF. Histórico do departamento de polícia federal.
Disponível em: <http:ww.dpf.gov.br>. Acesso em: 18/09/2010.
[67] BRASIL. Constituição da república federativa do brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.
[68] Idem, Ibidem, p. 107
[69] DEPARTAMENTO de Polícia Federal. DPF. Histórico do departamento de polícia federal.
Disponível em: <http:ww.dpf.gov.br>. Acesso em: 18/09/2010.
[70] pt.wikipedia.org
[71] Idem, Ibidem, p. 78
[72] Idem, ibidem, 75
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 47/48
17/03/2021 Uma abordagem histórica sobre o crescimento do crime organizado no Brasil - Âmbito Jurídico
Nome
Site
Salvar meus dados neste navegador para a próxima vez que eu comentar.
Publicar comentário
Privacidade - Termos
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/uma-abordagem-historica-sobre-o-crescimento-do-crime-organizado-no-brasil/ 48/48