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Alberto Goldman

Ex-Governador do Estado de São Paulo

Alberto Goldman (São Paulo, 12 de outubro de 1937 — São Paulo, 1 de setembro de 2019)[1] foi um político brasileiro filiado ao PSDB. Foi vice-governador de São Paulo entre 2007 e 2010, na chapa de José Serra, governador de São Paulo entre abril e dezembro de 2010, ministro de Estado do ex-
presidente Itamar Franco e exerceu, na interinidade, a presidência nacional do PSDB.[2] Também já foi filiado ao PCB,[3] MDB e PMDB.

Biografia

Era filho de imigrantes judeus nascidos na cidade de Opole Lubelskie, Polônia. Seus pais eram comunistas marxistas, o que, desde sua infância, influenciou sua formação política. Por volta de 1956, quando era estudante universitário, iniciou sua militância[4] filiando-se ao Partido Comunista
Brasileiro, que atuava na clandestinidade, pois sua existência era proibida desde 1948. Formou-se em engenharia civil na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

Carreira pública

Durante o período de maior repressão do governo militar brasileiro, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) acomodou os membros do Partido Comunista Brasileiro. Com uma campanha feita pelos militantes deste Partido,[4][5] Alberto Goldman foi eleito deputado estadual em São Paulo pelo
MDB em 1970, e reeleito em 1974, obtendo 75 mil votos, o segundo mais votado, enquanto o candidato da ARENA (partido governista de apoio à Ditadura Militar) mais bem colocado obteve 48 mil votos.[6] Sua popularidade e a conhecida militância comunista fizeram com que ele estivesse sempre
sob ameaça de cassação, e com seus telefones permanentemente monitorados por órgãos de repressão política. Apesar disto, conseguiu ser eleito, por seus pares, líder do MDB na Assembleia Legislativa de São Paulo.[6]

Foi deputado estadual até 1979, quando passou a exercer o mandato de deputado federal, sendo várias vezes reeleito para a Câmara de Deputados. Ao todo, exerceu seis legislaturas, das quais quatro consecutivas: 1979–1983, 1983–1987, 1991–1995, 1995–1999, 1999–2003, e 2003–2006.

Continuou no recém-criado PMDB em 1980, quando o MDB foi extinto. Devido ao fim da Ditadura Militar, passou a haver liberdade de associação política no Brasil em 1985. Alberto Goldman, então, tornou-se oficialmente membro do Partido Comunista Brasileiro, que recentemente tinha saído da
clandestinidade. Em 1986, candidatou-se pelo PCB a uma vaga de deputado federal por São Paulo na Assembleia Nacional Constituinte. Contudo, o baixo nível proporcional de votos recebido pela legenda inviabilizou sua eleição. Sem mandato, no ano seguinte regressou ao PMDB.[4]

Integrou o "PMDB autêntico", grupo de políticos à esquerda do PMDB que haviam sido mais ativos no combate à Ditadura Militar de 1964. Uma ala do "PMDB autêntico", liderada pelo ex-governador Franco Montoro, descontente com as lideranças do PMDB tanto a nível nacional (o então presidente
José Sarney) quanto estadual (o governador de São Paulo, Orestes Quércia), resolveu fundar, em 1988, um novo partido, o PSDB. Entretanto, Alberto Goldman, ao lado de outro "autêntico", Aloysio Nunes Ferreira Filho, permaneceu filiado ao partido e continuou a apoiar Orestes Quércia, assumindo
diversos cargos em sua administração: foi Secretário Especial de Coordenação de Programas (1987–1988) e Secretário Estadual de Administração (1988–1990).[7] Ainda durante o governo de Quércia, foi presidente da Comissão de Reforma Administrativa do Governo do Estado de São Paulo
(1987–1990).[7]

Em 1990, nas eleições de outubro, retornou à Câmara dos Deputados. Votou a favor do impeachment do presidente Fernando Collor na sessão de 29 de setembro de 1992. Comandou o Ministério dos Transportes (1992–1993) no governo de Itamar Franco,[7] dando início à duplicação das rodovias
Fernão Dias e Régis Bittencourt.[8]

Como deputado federal, foi membro da Comissão da Câmara dos Deputados em visita à URSS (1984), observador parlamentar da 50ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (1995), e participante da IV Conferência Internacional de Autoridades Federais e Estaduais (Jerusalém, 1995).[7]

Em 1996, disputou a presidência nacional do PMDB, perdendo por apenas um voto. No ano seguinte, mudou para o PSDB, assumindo logo depois a primeira vice-presidência nacional do partido.[4]

Continuando como deputado federal pelo PSDB, foi presidente da comissão que reestruturou o setor de energia elétrica (1996),[7] relator da Comissão Especial de Telecomunicações (1997) (sua atuação foi considerada decisiva na aprovação do novo ordenamento legal das privatizações),[9] relator
da Comissão que quebrou as patentes das multinacionais farmacêuticas,[10] representante da Câmara dos Deputados na V Conferência Internacional de Ministros e Membros de Parlamento de Origem Judaica (Jerusalém, 1998), e visitante do Reino Unido a convite do Governo Britânico (1998).[7]
Foi também líder do PSDB na Câmara dos Deputados.[11]

Eleito vice-governador de São Paulo pelo PSDB na chapa de José Serra, tomou posse em 1 de janeiro de 2007, deixando o mandato de deputado federal para Silvio Torres. Além de exercer o cargo de vice-governador, foi também chefe da pasta da Secretaria Estadual de Desenvolvimento (antiga
Ciência e Tecnologia).

Governador de São Paulo

Com a renúncia de José Serra, assumiu o Governo do estado de São Paulo em 2 de abril de 2010, e exerceu o cargo até 1 de janeiro de 2011, quando o transmitiu a Geraldo Alckmin. Foi o primeiro judeu a ocupar este cargo, assim como o primeiro ex-comunista a ocupá-lo como titular (outro ex-
militante comunista, Aloysio Nunes Ferreira Filho, assumiu o posto em caráter provisório na qualidade de vice-governador de Luiz Antônio Fleury Filho). Durante seu governo, foi inaugurado o primeiro trecho da Linha 4 — Amarela, ligando as estações Paulista e Faria Lima, e a estação Vila Prudente
da Linha 2 - Verde.[12]

Apoio a Fernando Haddad

Descontente com as declarações de Jair Bolsonaro no segundo turno da Eleição presidencial no Brasil em 2018, Goldman declarou o voto em Fernando Haddad do PT[13].

Morte

Alberto Goldman foi internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde passou por uma cirurgia. Entretanto, sua saúde piorou, culminando em seu falecimento em 1 de setembro de 2019.[14][1]

Obras

Caminhos de Luta: Peripécias de um político na democracia relativa. São Paulo: Núcleo de Divulgação Editorial, 1978. 242 p.[7][15]

Nos tempos da Perestroika. São Paulo: Editora Três, 1990. 86 p. Missões Oficiais: Membro da Comissão da Câmara dos Deputados em visita à URSS.[7][15]

Construindo a Transição Democrática, 1984–1985: discursos e projetos de lei. Edição 110 de Separatas de discursos, pareceres e projetos. Brasília: Câmara dos Deputados, Centro de Documentação e Informação, Coordenação de Publicações, 1986, 163 p.

Referências

1. «Alberto Goldman, ex-governador de SP, morre aos 81 anos» (https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/09/01/alberto-goldman-ex-govern 9. PRATA, José; BEIRÃO, Nirlando; TOMIOKA, Teiji. « "Sérgio Motta: o Trator em Ação".» (http://books.google.com.br/books?id=G9x-OeTk7CAC&print
ador-de-sp-morre-aos-81-anos.ghtml) . G1. Consultado em 1 de setembro de 2019 sec=frontcover&dq=Sergio+Motta&cd=1#v=onepage&q&f=false) . São Paulo: Geração Editorial, 1ª Edição, 1999, págs. 260, 300. Consultado em
1º de maio de 2010
2. Fernandes, Talita (9 de novembro de 2017). «Aécio destitui Tasso da presidência do PSDB» (http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/11/19340
95-aecio-destitui-tasso-da-presidencia-do-psdb.shtml) . Folha de S. Paulo. Consultado em 9 de novembro de 2017 10. «Especialistas debatem a quebra de patentes» (http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/41158.html) . 3 de novembro de 2003. Consultado
em 15 de agosto de 2010
3. «Goldman é escolhido vice na chapa de Serra» (http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/320845/noticia.htm?sequence=1) . Site do
senado. 29 de junho de 2006. Consultado em 1º de maio de 2010 11. « 'Sou intolerante à corrupção', alfineta Alberto Goldman» (http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,sou-intolerante-a-corrupcao-alfineta-alber
to-goldman,534562,0.htm) . 6 de abril de 2010. Consultado em 15 de agosto de 2010
4. Hélio Daniel Cordeiro (entrevistador). «Alberto Goldman: família influenciou na vocação política» (https://web.archive.org/web/20100925193405/
http://www.judaica.com.br/materias/063_05e06.htm) . Judaica - Revista de Cultura e Informação, nº. 063 - abril de 2003. Consultado em 1 de 12. «Estação Vila Prudente do Metrô é inaugurada em São Paulo - São Paulo» (https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,estacao-vila-prudente
maio de 2010. Arquivado do original (http://www.judaica.com.br/materias/063_05e06.htm) em 25 de setembro de 2010 -do-metro-e-inaugurada-em-sao-paulo,598374) . Estadão. Consultado em 2 de setembro de 2019

5. GASPARI, Elio. "As Ilusões Armadas vol. 3 - A Ditadura Derrotada. São Paulo: Companhia das Letras, 1ª Edição, 2003, pág. 391 13. https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/eleicoes/2018/noticia/2018/10/24/ex-presidente-do-psdb-goldman-declara-voto-em-haddad.ghtml

6. GASPARI, Elio. « "As Ilusões Armadas vol. 4 - A Ditadura Encurralada (O Sacerdote e o Feiticeiro)".» (http://books.google.com.br/books?id=rNZfY0 14. «Amigos e políticos se despedem do ex-governador Alberto Goldman em enterro» (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/09/amigos-e-politi
Hjh-cC&pg=PA197&dq=%22Alberto+Goldman%22+%22Elio+Gaspari%22&cd=1#v=onepage&q&f=false) . São Paulo: Companhia das Letras, 1ª cos-se-despedem-do-ex-governador-alberto-goldman-em-enterro.shtml) . Folha de S.Paulo. 2 de setembro de 2019. Consultado em 16 de
Edição, 2004, págs. 27, 70, 197, 399. Consultado em 1º de maio de 2010 setembro de 2019

7. «Alberto Goldman - Perfil Parlamentar» (http://www.democracia.com.br/parlamentares/parladados.asp?t=3&d=2&cp=11&tipo=2&me=) . 15. «GoogleBooks» (http://books.google.com.br/books?id=P2QqHAAACAAJ&dq=%22Alberto+Goldman%22&cd=1) . Consultado em 1º de maio de
Consultado em 1º de maio de 2010[ligação inativa] 2010

8. «Novo governador toma posse» (http://sptv.globo.com/Jornalismo/SPTV/0,,MUL1559450-16576,00-NOVO+GOVERNADOR+TOMA+POSSE.htm


l) . 6 de abril de 2010. Consultado em 15 de agosto de 2010

Ligações externas

«Página oficial» (http://www.albertogoldman.com.br)

Precedido por
Governador de São Paulo
Sucedido por

José Serra 2010 — 2011 Geraldo Alckmin

Precedido por
Ministro dos Transportes do Brasil
Sucedido por

Affonso Alves de Camargo Neto 1992 — 1993 Margarida Coimbra do Nascimento

Precedido por
Vice-governador de São Paulo
Sucedido por

Cláudio Lembo 2007 — 2010 Guilherme Afif Domingos

Presidente Nacional do PSDB

Precedido por
Sucedido por

(interino)

Tasso Jereissati (interino) Geraldo Alckmin


2017

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Presidente Nacional do PSDB

(Interino)

Período 9 de novembro de
2017

até 9 de dezembro de
2017

Vice-presidentes Giuseppe Vecci

Aloysio Nunes

Flexa Ribeiro

Bruno Araújo

Mariana Carvalho

Antecessor(a) Tasso Jereissati


(Interino)

Sucessor(a) Geraldo Alckmin

34.º Governador de São Paulo

Período 2 de abril de 2010

até 1 de janeiro de
2011

Vice-governador Nenhum

Antecessor(a) José Serra

Sucessor(a) Geraldo Alckmin

24.º Vice-governador de São Paulo

Período 1 de janeiro de 2007

até 2 de abril de 2010

Governador José Serra

Antecessor(a) Cláudio Lembo

Sucessor(a) Guilherme Afif


Domingos

Secretário Estadual de Desenvolvimento de


São Paulo

Período 1 de janeiro de 2007

até 19 de janeiro de
2009

Governador José Serra

Antecessor(a) Maria Helena


Guimarães de Castro

Sucessor(a) Geraldo Alckmin

Ministro dos Transportes do Brasil

Período 2 de outubro de 1992


até 21 de dezembro
de 1993

Presidente Itamar Franco

Antecessor(a) Affonso Alves de


Camargo Neto

Sucessor(a) Margarida Coimbra


do Nascimento

Deputado Federal por São Paulo

Período 1.º- 1 de fevereiro de


1979

até 1 de fevereiro de
1987

(2 mandatos
consecutivos)

2.º- 1 de fevereiro de
1991

até 1 de janeiro de
2007

(4 mandatos
consecutivos)

Deputado Estadual de São Paulo

Período 15 de março de 1971

até 1 de fevereiro de
1979

(2 mandatos
consecutivos)

Dados pessoais

Nascimento 12 de outubro de
1937

São Paulo, SP, Brasil

Morte 1 de setembro de 2019 (81 anos)


São Paulo, SP, Brasil

Nacionalidade Brasileiro

Progenitores Mãe: Dora Goldman


Pai: Wolf Goldman

Primeira-dama Deuzeni Goldman

Partido PCB (1956-1970)

MDB (1970-1979)

PMDB (1980-1997)

PSDB (1997-2019)

Religião Judaísmo

Profissão Engenheiro

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