O transtorno bipolar (TB) é um problema mental que causa mudanças
anormais no cérebro, interferindo na forma de lidar com tarefas do dia a dia. Essa condição psiquiátrica causa alterações patológicas do humor e é dividida em mania/hipomania (elevação do humor) e depressão (redução do humor).
O TB apresenta dois subtipos principais: Tipo I, no qual ocorrem um ou
mais episódios maníacos (ou mistos), sendo a depressão uma manifestação muito frequente. E tipo II, no qual ocorrem um ou mais episódios de hipomania (elevação menos pronunciada do humor) em pacientes com histórico de, pelo menos, um episódio de depressão ao longo da vida.
Normalmente, o TB começa a apresentar sintomas no final da
adolescência e começo da fase adulta. No entanto, tem sido percebido ocorrências de alterações na fase da infância. Junto a isso um estudo longitudinal, com mais de 10 anos de duração, realizado com pacientes sob tratamento, referiu que sintomas de humor estiveram presentes durante metade do período de observação da adolescência e inicio da fase adulta (Judd et al., 2002).
Pacientes bipolares apresentam muita impulsividade acarretando
frequentemente tentativas de suicídio e muitos consumados.
Outro detalhe que foi percebido é que pacientes bipolares com
históricos de tentativa de suicídio tendem a apresentar desempenho deficitário em testes que os avaliam em tomadas de decisões, pois apresentam decisões inconsequentes, focadas no presente com consequências nefastas no futuro.
Existem algumas mudanças especificas que ocorrem no cérebro frente
ao transtorno bipolar (TB). Podemos citar algumas características, dentre elas, as modificações que ocorrem em áreas ligadas à inibição e à motivação.
Os indivíduos bipolares tendem a ter uma anormalidade na estrutura
das regiões cerebrais frontais envolvidas no autocontrole. Isso pode explicar alguns sintomas maníacos. O sistema límbico que é responsável pelo centro das emoções cerebrais também sofre alterações. A redução no tecido cerebral nessa área do cérebro está ligada a sentimentos de tristeza e impotência.
No transtorno bipolar os pensamentos ficam acelerados, há fugas das
ideias, desorganização, alucinações e ideias delirantes.
A doença está relacionada com disfunções em diferentes mecanismos
ligados ao estresse em células neurais, gerando perda de neuroplasticidade.
As flutuações no humor estão associadas a anomalias na atividade
cerebral.
Um dos maiores desafios do portador de transtorno bipolar é a falta de
tratamento e diagnóstico, o que faz com que esses pacientes tenham um prognóstico ruim.
A doença pode ter episódios assíncronos na infância. Em geral tem
início no final da adolescência e no começo da fase adulta. Dentre as perdas cognitivas de pacientes o mais percebido é a evolução de declínio da atividade funcional.
Estudos recentes demonstram que o estresse pode ser desencadeador
de episódios de TB além de aumentar a vulnerabilidade a novos episódios - o que compromete diferentes estágios da cognição.
Dentro das diferentes faixas etárias de pacientes acometidos pelo
transtorno bipolar os idosos são o grupo mais sensível ao estresse e que pode desenvolver perda cognitiva grave o suficiente para afetar o funcionamento cognitivo psicossocial.
Sempre se acreditou que as alterações cognitivas em pacientes com
TB estivessem atreladas a outras complicações clínicas; como alterações do humor ou sintomas psicóticos, apenas nas últimas décadas do século XX, com o advento das pesquisas epistemológicas e com o desenvolvimento da neuropsicologia, foi possível definir que a dano cognitivo/afetivo não era relativo à esquizofrenia.
Com os estudos epistemológicos, vieram os testes de psicometria
como o referido DSM-5 que menciona a “distraibilidade” e o aumento da tendência de buscar prazer sem ponderar sobre as consequências da TB como as principais alterações cognitivas. Conforme esse manual o transtorno bipolar seria um transtorno de humor.
Com foco em classificar de maneira mais adequada as perdas
cognitivas de pacientes com TB vários estudos tem sido desenvolvidos nos últimos tempos e chegado a recentes metanálise. Dentre os achados: os pacientes de transtorno bipolar apresentam memoria episódica (verbal e visual), as funções executivas e a atenção sustentada (Bora, Yucel, & Pantelis, 2009; Robinson et al.,2006). Já outros estudos sugerem déficits cognitivos mais globais e complexas – incluindo além das já citadas perdas o processamento visuoespacial, cognição social, déficit no reconhecimento de faces e tomada de decisão.
Referências bibliográficas
MALLOY-DINIZ, Leandro F., et al. Neuropsicologia: aplicações clínicas.
Cáp.2 Método de estudo da relação cérebro, comportamento e cognição. Artmed Editora, 2015.