Você está na página 1de 66

Sumário

APRESENTAÇÃO ............................................................................................. 4
I - A PNL UTILIZADA NA APRENDIZAGEM .................................................. 7
II- A IMUNIDADE EMOCIONAL APLICADA NA ÁREA PROFISSIONAL E
NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ................................................................ 12
III- MAPAS MENTAIS PARA MEMORIZAÇÃO DE CONTEÚDO .............. 21
E POR QUE UTILIZAR OS MAPAS MENTAIS PARA MEMORIZAÇÃO?
SERÁ QUE ELES FUNCIONAM DE VERDADE? ....................................... 24
TUDO BEM, VAMOS À PRÁTICA! ............................................................ 26
OUTRAS INFORMAÇÕES ACERCA DA ELABORAÇÃO DOS MAPAS
MENTAIS ...................................................................................................... 27
METODOLOGIA DE REVISÕES DOS MAPAS MENTAIS ........................ 28
IV- PARTE TÉCNICA - A PETIÇÃO INICIAL ............................................... 31
REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL (TÉCNICAS) ................................... 34
1 - ENDEREÇAMENTO ............................................................................... 37
➔ REGRAS DE COMPETÊNCIA: ....................................................... 39
1.1) COMPETÊNCIA INTERNACIONAL OU DA JURISDIÇÃO
BRASILEIRA ........................................................................................... 39
→ Competência internacional concorrente (arts. 21 e 22 do
CPC/15) ............................................................................................. 40
→ Competência internacional exclusiva (art. 23 do CPC/15)
............................................................................................................. 41
1.2) COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS ............................................... 41
1.3) COMPETÊNCIA DAS JUSTIÇAS ESPECIALIZADAS .................. 42
1.4) COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM (FEDERAL OU
ESTADUAL) ............................................................................................ 42
1.5) COMPETÊNCIA DE FORO........................................................... 43
1.6) COMPETÊNCIA DE JUÍZO........................................................... 45
2 - QUALIFICAÇÃO DAS PARTES............................................................ 46
3 - CAUSA DE PEDIR (FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS) ............ 49
4 - PEDIDO E SUAS ESPECIFICAÇÕES.................................................... 50
5 - VALOR DA CAUSA .............................................................................. 53
6 - REQUERIMENTO DE PROVAS ............................................................. 55
7 - OPÇÃO PELA REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO OU
CONCILIAÇÃO .......................................................................................... 57
V - DA TUTELA PROVISÓRIA (URGÊNCIA E EVIDÊNCIA)....................... 58
TUTELA DE URGÊNCIA (ART.300, CPC/2015) ....................................... 58
Tutela de urgência antecipada antecedente (art.303, CPC/15)
................................................................................................................... 60
Tutela cautelar antecedente (art.305, CPC/15) ............................ 62
TUTELA DE EVIDÊNCIA (ART.311, CPC/2015) ....................................... 64
SOBRE O AUTOR ........................................................................................... 65
APRESENTAÇÃO

O presente e-book é fruto de mais de 15 (quinze) anos de


dedicação profissional ao assessoramento de juízes de primeira ins-
tância na área cível no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Ja-
neiro, analisando (e por diversas vezes corrigindo), diariamente, to-
dos os tipos de peças processuais para a realização de minutas de
despachos, decisões e sentenças.

Com o passar do tempo e a necessidade de aprimoramento,


tanto do ponto de vista profissional quanto pessoal, após a gradu-
ação em Direito, concluí a especialização em Direito Privado, rea-
lizei uma das formações em Coaching mais reconhecidas do mer-
cado, bem como cursos de prática em Programação Neurolinguís-
tica, até que passei a dar aulas de Processo Civil com inovadora
abordagem na aprendizagem.

Assim, conciliando a experiência do apoio ao exercício da


função jurisdicional com a especialização no ramo do Direito Pri-
vado, os anos dedicados à docência do Direito Processual Civil,
bem como a utilização de ferramentas de coaching e PNL, foi ge-
rada a convicção de que é absolutamente possível a elaboração
de petições iniciais, com extrema excelência, literalmente falando.

Destarte, a presente obra tem como escopo fornecer subsí-


dios ao Operador do Direito, em especial, os advogados (no exer-

4
cício da capacidade postulatória) e os estudantes, tanto os univer-
sitários (na matéria prática jurídica e preparação para a 2ª fase do
Exame de Ordem) quanto os concurseiros (quando é cobrada a
produção de peça processual) para a preparação de Petições Ini-
ciais de Excelência.

Ressalto, outrossim, que esse livro, embora seja distribuído


gratuitamente, não tem um conteúdo superficial, ou seja, não é
somente uma “Amostra Grátis”.

Nele faço um resumo, mesclando as melhores técnicas para


a elaboração das iniciais com extrema facilidade, com as técnicas
de Coaching e PNL que transformaram a minha vida e vem trans-
formando a de milhares de pessoas para uma atuação profissional
com máxima competência e efetividade.

Cabe aduzir, ainda, que escrevo esse livro para continuar se-
guindo minha missão de vida, ajudando o próximo, inserindo nele
toda a intenção de que você que o está lendo tenha uma vida
profissional mais leve, melhor, trazendo transformações internas e
externas, para que você possa viver maravilhosamente bem, com
paz de espírito, tranquilidade, prosperidade e abundância.

Ciente de que o conceito de perfeição em qualquer ativi-


dade é bastante subjetivo, já que depende do ponto de vista da-
quele que está avaliando, aqui não há nenhuma promessa nesse

5
sentido. Este livro digital é indicado para todos aqueles que objeti-
vam se aperfeiçoar e se capacitar para o atingimento da excelên-
cia na primeira etapa do exercício da Advocacia Cível.

Vamos lá!!!

6
I - A PNL UTILIZADA NA APRENDIZAGEM

A Programação Neurolinguística tem diversas definições. É o


manual da mente, é o estudo da experiência subjetiva, é a habili-
dade de aprender habilidades, é uma tecnologia avançada de
comunicação, é o estudo e a modelagem da excelência humana
etc.

Nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos são


obtidos por meio de referências internas (modelagem) que adqui-
rimos desde que viemos ao mundo e não com o fato em si (reali-
dade). Durante toda a vida, a nossa mente foi instalando diversas
crenças, positivas ou negativas, que é o que faz com que ajamos
de alguma forma em face de alguma ocasião.

Desta forma, a PNL descreve como a nossa mente responde


aos estímulos externos, gerando nossos pensamentos, sentimentos
e comportamentos.

Nela são utilizados os canais sensoriais (visual, auditivo e ci-


nestésicos – tátil, olfativo e gustativo) para a reprogramação de
crenças limitantes implantadas em nossa mente desde que nasce-
mos.

Uma das habilidades básicas da PNL é a clareza acerca da-


quilo que se quer. Ela se baseia em pensamentos claros na busca

7
de resultados em qualquer que seja a situação, com o intuito de se
agir com um propósito, sempre.

Um resultado é aquilo que você almeja e uma tarefa é o


que faz para conseguí-lo. Para alcançarmos os resultados aspira-
dos, o primeiro passo é conhecer a sua situação atual (onde você
está agora), o segundo, é conhecer a situação desejada (onde
você quer chegar) e o terceiro, é planejar sua estratégia para al-
cançá-lo, ou seja, como chegar de um ponto a outro, utilizando-se
dos recursos que já possui ou criando outros novos. Nós já temos
todos os recursos de que necessitamos ou então podemos criá-los.

Quando souber o que deseja e o que está recebendo, mais


estratégias terá para alcançar seu resultado e maior será sua
chance de sucesso. Quanto mais opções tiver de estado emocio-
nal, estilo de comunicação e de perspectiva, melhores serão seus
resultados. Seja flexível, se o que estiver fazendo não estiver funci-
onando, FAÇA ALGO DIFERENTE!!!

Na PNL utilizamos como atividade central a MODELAGEM.


Modelagem é a técnica que consiste na utilização/reprodução de
pensamentos e comportamentos de um determinado indivíduo
(considerado como modelo/referencial de excelência no que faz)
para a obtenção dos mesmos resultados por outros indivíduos. Mo-
delar desempenho bem-sucedido leva à excelência.

8
A PNL começou quando Richard Bandler e John Grinder mo-
delaram os padrões de linguagem e de comportamento dos tra-
balhos de Fritz Perls (psicoterapeuta e psiquiatra, fundador da tera-
pia Gestalt), Virginia Satir (psicoterapeuta conhecida pela sua
abordagem de terapia familiar e constelações sistêmicas) e Milton
Erickson (psiquiatra, fundador da Sociedade Americana de Hip-
nose Clínica).

O alvo do processo de modelagem do comportamento é


identificar os elementos de pensamento e de ação exigidos para
produzir a ação ou resultado desejado para que se consiga alcan-
çar um resultado similar, ou seja, se alguém já fez, você pode fazer.

Não seja uma pessoa AUTOSSABOTADORA!!! Autossabota-


gem é deixar que os seus erros definam quem você é e não apren-
der com eles para sua evolução, aceitando que eles definam o
que você pode ou não pode fazer. Autossabotagem é permane-
cer na inércia e estacionado no seu progresso, criando/aceitando
falsas justificativas para tanto.

Normalmente, a pessoa autossabotadora posterga indefini-


damente ações que poderiam transformar sua vida positivamente.
No surgimento de novas oportunidades que poderiam causar cres-
cimento pessoal ou profissional, esta deixa de encara-las com a
ilusão de uma expectativa irreal. Nestes casos, normalmente, há
medo do crescimento e do sucesso.

9
Existe o receio na grande maioria das pessoas de enfrentar
os desafios para concretização de mudanças e, com isso geram
estagnação, preguiça e procrastinação, o que leva a a uma vida
com total sentimento de fracasso.

Contudo, o fracasso não existe na PNL!! O que existe são so-


mente ação e resultados.

As pessoas autossabotadoras sempre, eu disse sempre, al-


cançam justificativas e/ou culpados para seus fracassos. Atrasam,
adiam, se iludem, vivem com expectativas irreais, desistem, não
terminando o que começam, delegam o controle de suas vidas
para outras pessoas e se vitimizam.

Você é assim? Então faça esse exercício diariamente:

Substitua as fraseologias utilizadas no seu cotidiano da se-


guinte forma:

✓ Eu acho…por “Eu tenho (quase) certeza…, eu acredito


fortemente...” (fé)
✓ Eu tento, tentei, vou tentar, mas…é difícil…por “Eu farei,
vou fazer… é desafiador…”
✓ Eu queria…por “Eu escolho...” (evite focar na necessi-
dade, no não ter algo, que o "eu quero" ou eu preciso"
gera)

10
✓ Eu sou... meu/minha… (negativo, doença) por “Eu es-
tou… aquele/aquela …”
✓ Eu não… (certeza) por “Eu ainda não...”

11
II- A IMUNIDADE EMOCIONAL APLICADA NA ÁREA
PROFISSIONAL E NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS

Vivemos em uma sociedade com o loop, mindset imediatista,


inseguro, impaciente, com foco extremo no erro.

A pressa em gerar resultados é fruto do sentimento de atraso


que, por sua vez, é provocado pela comparação com o resultado
de outras pessoas. O que acontece é que a grande massa foca
tão somente no resultado e não no processo em si que o vai levar
até ele. TODO FAIXA PRETA JÁ FOI UM FAIXA BRANCA QUE NUNCA
DESISTIU!

O foco, a grande meta, é encontrar a alegria de viver, é ser


feliz HOJE!!

12
O maior problema é que a culpa provocada pelos erros co-
metidos no passado traz a impressão de “tempo perdido”, desen-
cadeando um CRÍTICO INTERNO negativo que bombardeia a sua
autoconfiança, a sua autoimagem (como você se vê, como você
se enxerga), que é a base da imunidade emocional, gerando
grande desmotivação.

Ora, uma pessoa desmotivada não terá nenhuma disciplina


para alcançar os seus objetivos.

A indisciplina nada mais é do que a falta de energia de ação


de seu REALIZADOR. Uma pessoa que tem um realizador enfraque-
cido, com certeza terá um SONHADOR mais fraco ainda, eis que
sabe que de nada adianta arquitetar as metas uma vez que elas
jamais serão alcançadas.

Trocando em miúdos, uma pessoa com o realizador e o so-


nhador fracos tem pouca fé em si mesmo. Se tem pouca fé em si
mesmo, não sabe do que é capaz, lhe falta autoconhecimento. Se
não se conhece, se sente inseguro. Se se sente inseguro, tem medo
de errar. Se tem medo de errar não aprende com os erros e se
culpa por eles e, a partir daí, ocorre o fenômeno do loop imedia-
tista, inseguro, impaciente, com foco extremo no erro, como já fa-
lado acima.

Permita-se colocar a faixa branca na cintura e consinta go-


zar o processo até a faixa preta! Se você só foca o resultado, a
13
ansiedade golpeia forte e desvia a energia. Se você foca no pro-
cesso, os resultados acontecem incondicionalmente. O resultado
é uma consequência do processo! NÃO CONDICIONE SUA FELICI-
DADE AO RESULTADO, CANALIZE ELA PARA O PROCESSO, O HOJE, O
AGORA!

Não sei se percebeu, um pouco acima utilizo três termos que


você pode não conhecer: o SONHADOR, o REALIZADOR e o CRÍ-
TICO INTERNO.

Pois bem, essas são as três partes internas do coaching sistê-


mico. Tudo, exatamente tudo, em nós, de uma forma ou de outra,
está atrelado ao desempenho de cada uma dessas partes e ao
intercâmbio entre elas.

O sonhador é aquele responsável por fazer a nossa ponte ao


futuro, aquele que vislumbra onde queremos chegar, o dono da
visão do futuro. Ele também é o responsável pela nossa autoima-
gem. A força de vontade para a realização das ações vem dele.
Ex: Hulk

14
O realizador é o responsável pela execução das nossas
ações, o cara que faz as coisas acontecerem. Ex: Tony Stark

O crítico interno é o nosso autojulgamento, a voz da consci-


ência, a forma como encaramos a vida e interpretamos as situa-
ções em que nos encontramos. Este aqui é o Rei do tabuleiro!!
Quando ele se torna demasiadamente severo, tudo se torna erro!

15
Ele deve ser positivamente condicionado para realizar o alinha-
mento das três partes internas e permitir que todos eles trabalhem
juntos, com eficiência. Ex: Grant Taylor, treinador do filme “Desafi-
ando Gigantes” (se você ainda não viu este filme, veja assim que
puder)

Ressalte-se que tais modelos tratam-se tão somente de


exemplos, podendo ser utilizado qualquer modelo que te inspire.

Se durante todo o dia, o seu crítico se utilizar da tríade da


gentileza incentivadora (PCE), as coisas tendem a funcionar cada
vez melhor.

A tríade da gentileza incentivadora são três palavras funda-


mentais para manutenção da imunidade emocional: Parabéns!
Calma! Evolua!

16
PARABÉNS! – independente do que você conseguiu realizar
no dia, valorize as suas ações e avanços. É com a alegria do que
você fez hoje que você vai fazer muito mais amanhã!

CALMA – Perdoe-se pelos seus erros, você não é perfeito e


não precisa ser, porque ninguém é perfeito. Aprenda com eles e
mantenha o foco na gratidão de poder errar e crescer com eles.

17
EVOLUA – procure sempre sair da zona de conforto, ser me-
lhor a cada dia.

Essas palavras mágicas devem ser utilizadas, pelo menos,


umas 50 vezes por dia, em qualquer situação!

A imunidade emocional está baseada em 5 pilares: a fé, a


paciência, a paz de espírito, a autovalorização e a gentileza. Esses
recursos necessitam de ser trabalhados ininterruptamente para
que o crítico interno seja um crítico incentivador e não um crítico
destrutivo e para mantermos alinhadas as nossas três partes inter-
nas. São as armas para nos mantermos bem em qualquer desafio
em nossas vidas.

É muito fácil ter todos os recursos nota 10 quando está tudo


bem, quando você tem tempo, dinheiro, saúde, tudo em harmonia.

18
A Imunidade Emocional nos ensina a conquistar e manter essa har-
monia. Ela nos ensina a manter a paz quando algo dá errado, a
aprender com os erros, a encontrar as soluções e superá-los.

➔ Dê as boas-vindas aos sentimentos negativos

Não tem como você resolver um problema que você não


entende. Conheça e vença seu medo.

Todas as vezes que você dá as boas-vindas à algum senti-


mento, inconscientemente você abre um entendimento, uma
compreensão para ele. O sentimento te leva a origem do pro-
blema. Se pergunte o porquê se sente assim e vai se perguntando
a cada novo sentimento até chegar na origem.

Se estiver com medo, vá com medo mesmo?


Não, não vá! Supere-o primeiro e vá sem ele!
O medo te trava e você não faz o seu melhor!
Não permita que ele te defina!

Faça uma autocalibração nos seus recursos e nas suas 3 par-


tes internas utilizando a pergunta de ouro: “COMO VOCÊ SE SENTE?”
“De 0 a 10, qual o seu nível de ... hoje?”

Para elevar os níveis dos recursos e das 3 partes internas, uti-


lize-se de um cartaz de modelos (lembra que falamos de modela-
gem acima?) e um cartaz dos sonhos. Para o primeiro, escolha
19
pelo menos um modelo de excelência para cada um dos recursos
da imunidade emocional: fé, paciência, paz de espírito, autovalo-
rização e gentileza. No cartaz dos sonhos você colocará imagens,
materializando todos os sonhos que tem a realizar (é este cartaz
que vai aumentar o seu nível de motivação, conecte-se com ele).

Conecte-se diariamente com seus modelos e com os seus so-


nhos através dos seus cartazes e se torne uma pessoa fantástica!!

20
III- MAPAS MENTAIS PARA MEMORIZAÇÃO DE CON-
TEÚDO

Você não tem a memória fraca! A sua memória está fraca


no momento por falta de treino. Lembre-se do capítulo anterior so-
bre o que falamos sobre autossabotagem. Reclamar sem agir é
pura autossabotagem.

Essa decisão é sua e de mais ninguém: continuar com a me-


mória fraca ou ter a memória que sempre sonhou? Tenho certeza
que você vai tomar a decisão certa!

Mas antes temos que distinguir memória fraca de distração.


Muita gente as confunde. Embora sejam diferentes, ambas andam
de mãos dadas. Existem pessoas dotadas de excelente memória
que, porém, podem ser distraídas.

É lógico que você deve conhecer alguém que coloca os


óculos na testa e depois perde muito tempo tentando localizá-lo,
não é? Isso é pura distração! O que acontece é que normalmente
tenta-se justificar o ocorrido alegando memória fraca devido ao
excesso de trabalho, preocupações, dentre outros motivos, cri-
ando desculpas e/ou motivos para não evoluir.

Existe um provérbio inglês que diz “Where there’s a wish,


there’s a will”, que em tradução livre pode ser interpretado como
21
Onde há um desejo, há um meio de realização. Este adágio vai de
encontro a um dos que mais ouvimos na vida, qual seja, “Querer é
Poder”. Isso porque de acordo com aquele, é necessário primeiro
estar determinado a opor obstáculos para alcançar o alvo pro-
posto.

Vale frisar, entretanto, que toda e qualquer habilidade é re-


gida por duas leis:

1ª) Toda habilidade desenvolve-se com a prática, até as res-


postas se tornarem automáticas e instintivas.

2ª) A habilidade deteriora-se quando não é aplicada, aca-


bando por perder-se, se negligenciada.

A utilização da memória, assim como de todas as faculda-


des mentais, funciona como os demais hábitos que estabelecemos
em nossa vida. Há diversos estudos comprovando que para uma
atividade se tornar um hábito, ela deve ser praticada por 21 (vinte
e um) dias consecutivos, ou seja, é necessário disciplina e persistên-
cia para que não deixar que antigos maus hábitos voltem à tona.

Não tenha dúvida que surgirão dificuldades no início de uso


da técnica de memorização por mapas mentais, entretanto, lem-
bre-se sempre: TODO FAIXA PRETA JÁ FOI UM FAIXA BRANCA QUE
NUNCA DESISTIU. Ou você já nasceu sabendo dirigir? Vou além,
você já nasceu sabendo escrever?
22
Você não conseguiria acompanhar esse raciocínio se não se
lembrasse das 26 letras do alfabeto! E tenha certeza, você apren-
deu por repetição. “Repetição é a mãe do aprendizado.” (Autor
desconhecido)

Há 04 (quatro) estágios para desenvolvimento de uma habi-


lidade:

1º) Incompetente inconsciente – antes de sabermos acerca


de qualquer técnica;
2º) Incompetente consciente – quando ouvimos falar e pas-
samos a conhecer tal técnica;
3º) Competente consciente – quando aprendemos a refe-
rida técnica e passamos a utilizá-la;
4º) Competente inconsciente – quando incorporamos o uso
da referida técnica aos hábitos diários.

23
A fé e a persistência são fatores preponderantes para o seu
sucesso em qualquer atividade proposta.

“A diferença entre o sonho e a realidade é a quantidade


certa de tempo e trabalho.” (William Douglas)

As fases do processo de memorização estão divididas em:

1) CAPTAÇÃO – aprender o que se quer lembrar (atenção é


a chave da captação);
2) FIXAÇÃO/MANUTENÇÃO – manter o conteúdo aprendido
na memória;
3) RECUPERAÇÃO – localizar e resgatar o conteúdo (lem-
brar);
4) TRANSMISSÃO – avocar transmitir o conteúdo memorizado.

E POR QUE UTILIZAR OS MAPAS MENTAIS PARA MEMORIZA-


ÇÃO? SERÁ QUE ELES FUNCIONAM DE VERDADE?

Os benefícios e resultados obtidos com a utilização da téc-


nica de mapas mentais são incríveis:

• Estudar a matéria uma única vez e manter todo o conte-


údo sempre disponível para avocação;
• Agilidade para realização de revisões;
24
• Estimular a memória para aprendizado com maior veloci-
dade e eficiência;
• Aumento da capacidade de síntese das matérias.

Existem duas leis que regem a memorização que trago ao


conhecimento de vocês:

1ª) Revisões sucessivas mantêm os assuntos disponíveis na


memória;
2ª) Quanto mais curto for o intervalo entre as revisões de uma
matéria, menos tempo se leva em cada nova revisão.

E aí, o grande desafio era encontrar uma ferramenta que


conseguisse reunir essas duas leis de modo que a curva do apren-
dizado fosse mais rápida e eficiente, ou seja, fazer revisões diárias
de todo o conteúdo estudado de forma rápida e com consistência.

Mas como já falamos, não é uma fórmula mágica! É preciso


persistência.

Durante anos venho pesquisando diversas técnicas de


aprendizagem acelerada, fluxogramas, flashcards, resumos, acrô-
nimos etc., porém não consegui encontrar nenhuma que chegasse
perto da eficiência dos mapas mentais.

Fui aprovado em cinco concursos públicos na minha vida uti-


lizando esta ferramenta, utilizei-a durante toda a minha graduação
25
e pós-graduação, bem como na organização e montagem de mi-
nhas aulas. Jamais recomendaria uma técnica que não conhe-
cesse e que não confirmasse a sua força!!!

São diversos os relatos de milhares de pessoas que se utilizam


desta técnica para aprendizagem acelerada maravilhosa.

TUDO BEM, VAMOS À PRÁTICA!

Para confecção dos mapas mentais, é necessário seguirmos


5 regras essenciais da metodologia Genius:

• 1ª regra: ESCREVER A PARTIR DO CENTRO (colocar a in-


formação principal no centro da página e as secundá-
rias na periferia do mapa – familiaridade: forma de neu-
rônio).
• 2ª regra: LETRAS GRANDES (estimular o canal sensorial
visual)
• 3ª regra: UTILIZAR ABREVIAÇÕES (ganhar agilidade)
• 4ª regra: CORES DIFERENTES (estimular zonas cerebrais
específicas)
• 5ª regra: UTILIZAR IMAGENS (associar o conteúdo à ima-
gens para facilitar a avocação)

Abaixo, trago um mapa mental a título de exemplificação:

26
OUTRAS INFORMAÇÕES ACERCA DA ELABORAÇÃO DOS
MAPAS MENTAIS

Os mapas mentais necessitam de um CABEÇALHO para ori-


entação, no topo de folha, com as seguintes informações: a) Ma-
téria que está sendo estudada, b) assunto abordado, c) data da
elaboração do mapa mental e d) número do mapa mental elabo-
rado, referenciando-se o assunto que foi estudado.

Devem ser simples, com poucas informações, sem perfecci-


onismo. O que realmente importa é a agilidade na confecção.

Embora devam ser simples, com poucas informações, deve


abranger todo o conteúdo estudado, ou seja, elabore quantos
mapas mentais sejam necessários ao tema abordado.

27
Se forem elaborados à mão, faça desenhos simples de rá-
pida criação. Porém, se optar em fazê-los no Power Point ou qual-
quer outro software de apresentações, o que eu definitivamente
recomendo fortemente pela rapidez, pesquise por imagens no Go-
ogle.

E lembre-se de uma coisa, você deve treinar muito até que


atinja a velocidade de confecção igual ou maior à sua antiga
forma de anotações.

METODOLOGIA DE REVISÕES DOS MAPAS MENTAIS

Um mapa mental quando é produzido, deve ser armaze-


nado em uma caixa de revisão diária, que será feita por 30 dias
consecutivos (30 revisões). Após esse período, este mapa mental
passará à caixa de revisão semanal, que será feita uma vez por
semana durante um mês (4 revisões). Passado esse tempo este
mapa passará para a caixa de revisão quinzenal, que será reali-
zada por 2 meses (4 revisões). Com isso, deverá ser encaminhado
à caixa mensal, cuja revisão será feita por 6 meses (6 revisões). Su-
cessivamente, será conduzido à caixa semestral, revisando o
mesmo por 1 ano (2 revisões). Por fim, ele será colocado na caixa
de revisões anual e lá ficará para revisões anuais.

Ao final de um ano, você terá revisado o seu mapa mental


46 vezes! Tem alguma dúvida que conseguirá reter aquele conte-
údo para sempre? Pois é, eu não tenho nenhuma.
28
Mas você deve estar se perguntando: - Nossa, quanto
tempo eu vou demorar fazendo todas essas revisões?

A resposta é: Supondo que você consiga elaborar 10 mapas


mentais por dia, 60 por semana, e que o tempo médio de revisão
de cada mapa é de 5 segundos, se multiplicarmos os mapas cons-
tantes na caixa diária (240) pelo tempo de revisão (5s) teremos o
incrível tempo de revisão de 20 minutos, de toda a matéria mape-
ada em um mês.

Tá bom, você acha pouco? E se você elaborar 30 mapas por


dia, 180 por semana, 720 por mês? O tempo de revisão de 720 ma-
pas mentais baterá a marca de apenas 60 minutos para revisar
uma matéria que nunca mais precisará estudar, pois já está mape-
ada. Incrível, não?!?!

Ah, lembrando que conforme você vai fazendo as revisões


constantemente, o tempo de revisão cai bastante, podendo che-
gar a espantosos 2 segundos. Só de olhar para o mapa já vai lem-
brar toda a matéria que está ali.

29
30
IV- PARTE TÉCNICA - A PETIÇÃO INICIAL

Há diversos advogados que acreditam que as petições inici-


ais precisam ser extensas, com a utilização de termos rebuscados,
diversas citações doutrinárias, de jurisprudência, em latim etc.,
para chamar a atenção do magistrado ou do assessor que vai
avaliá-la para despachar ou até para proferir sentença.

Entretanto, de acordo com a prática forense que adquiri ao


longo dos mais de 15 (quinze) anos no exercício da minha função,
bem como com a troca de experiência com diversos profissionais
do ramo (juízes e assessores), definitivamente entendo que este
não é o melhor caminho.

Considerando-se a quantidade de feitos que são distribuídos


mensalmente a um juízo, conjugados com aqueles que lá já se en-
contravam pendentes de apreciação, uma peça demasiada-
mente longa e prolixa dificulta, e muito, a compreensão da causa
pelo juiz e pelos assessores, gerando movimentações processuais
desnecessárias e, consequentemente, a morosidade na entrega
da prestação jurisdicional.

Recomenda-se, pois, que a peça exordial seja concisa e re-


digida com clareza e simplicidade, não devendo se esquecer de
que o domínio da técnica processual, associado à coesão textual,

31
viabilizam o melhor entendimento da pretensão, uma vez que cer-
tamente o convencimento será algo mais evidente quando a pe-
tição estiver bem elaborada.

Com relação aos concursos, entretanto, deve-se tomar ex-


tremo cuidado, eis que para elaboração da peça cobrada pela
banca é extremamente importante trazer o desenvolvimento da
argumentação jurídica de forma exaustiva, reproduzindo textos le-
gais e doutrina, quando permitido, evitando-se petições muito cur-
tas, eis que o que se pretende é demostrar o seu conhecimento à
banca examinadora.

Ressalte-se que a Ordem dos Advogados do Brasil, seção de


São Paulo, disponibilizou uma planilha com os critérios de correção
das peças na 2ª fase do exame de ordem, quais sejam: adequa-
ção da peça ao problema apresentado, raciocínio jurídico, funda-
mentação e sua consistência, capacidade de interpretação e ex-
posição, correção gramatical e técnica processual.

Dessa forma, assim como acontece com todas as habilida-


des que pretendemos desenvolver na nossa vida e, para transfor-
marmos conhecimento em sabedoria, é preciso praticar e praticar
muito!!

Existe, no meio das artes marciais e do coaching, um ditado


que é repetido à exaustão que trago para cá como forma de
exemplificação: “TODO FAIXA PRETA JÁ FOI UM FAIXA BRANCA QUE
NUNCA DESISTIU.”
32
Pois é! Se você pretende se tornar um “faixa preta” na ela-
boração de peças processuais, no exercício da prática cível ou em
qualquer área na sua vida, entenda que se você é um “faixa
branca”, ou seja, está em um estágio inicial, não há nenhum pro-
blema nisso, ESTÁ TUDO BEM!!!

Ninguém inicia nenhum projeto, sendo “faixa preta”. O


aprendizado faz parte do processo e é preciso entender que a
base, o alicerce, os fundamentos são a parte mais importante da
construção de qualquer objetivo.

Quando você entender que os erros fazem parte do pro-


cesso de aprendizagem. Quando você entender que você pode
errar, e que tá tudo bem, que todo mundo erra, que você não é
perfeito e não precisa ser, porque ninguém é perfeito, você vai
conseguir errar e evoluir com seus erros sem afetar o seu autojulga-
mento, sem abalar a sua autoimagem.

A sua autoimagem, que é a base da imunidade emocional,


é como você se vê, é como você se enxerga, tem que ser refor-
çada todas as vezes em que ela é colocada à prova.

Se você possui uma autoimagem enfraquecida por conta


de erros que você cometeu no passado, se culpando a cada novo
erro cometido, você vai travar e não conseguirá seguir em frente
para atingimento de suas metas. Somente com o PERDÃO conse-
guirá se livrar das culpas referentes aos erros cometidos no passado.
33
Trago aqui mais uma fraseologia utilizada no Coaching que é “O
PERDÃO É A CHAVE QUE ABRE O CADEADO DA CULPA!”

REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL (TÉCNICAS)

A petição inicial é a peça técnica que formaliza a pretensão


do autor (instrumentalização física da demanda) e rompe o princí-
pio da inércia da jurisdição, devendo conter todos os requisitos do
artigo 319 do CPC, sob pena de indeferimento.

A peça inaugural, além de iniciar o processo, identifica o lití-


gio demonstrando os elementos identificadores da ação previstos
no artigo 337, § 2º do CPC/15, que são as partes, causa de pedir e
pedido. Estes são demasiadamente importantes para identifica-
ção de litispendência1, coisa julgada2 e até perempção3.

Dessa forma, tal dispositivo legal deve ser o orientador do


Operador do Direito, servindo como uma espécie de bússola, para
elaboração dela.

Redação do referido dispositivo:

1
Artigo 337, § 3º, CPC/15: Há litispendência quando se repete ação que está em curso.
2
Artigo 337,§ 4º, CPC/15: Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão tran-
sitada em julgado.
3
Artigo 486, § 3º, CPC/15: Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono da
causa, não poderá propor nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto,
a possibilidade de alegar em defesa o seu direito.
34
Art. 319. A petição inicial indicará:
I – o juízo a que é dirigida; (endereçamento)
II – os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união
estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pes-
soas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o en-
dereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
(qualificação das partes)
III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; (causa de pedir)
IV – o pedido com as suas especificações; (pedido)
V – o valor da causa;
VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade
dos fatos alegados; (requerimento de provas)
VII – a opção do autor pela realização ou não de audiência de

conciliação ou de mediação.

Ressalte-se que tal artigo se trata de norma cogente, ou seja,


não é uma opção para o operador que a redige, sendo todos os
incisos de aplicabilidade obrigatória.

Advirta-se, ainda, que ele trata da regra geral, aplicando-se


ao procedimento comum, aos procedimentos especiais, bem
como todos os procedimentos previstos em legislações extrava-
gantes e às ações executivas, sendo certo que às três últimas, se
aplicam ainda outras especificidades.

Em relação a sua forma, existem outros requisitos intrínsecos,


que também o são de quaisquer peças processuais:

35
• Artigo 192, CPC/15 - É obrigatório o uso da língua por-
tuguesa, podendo, entretanto, se valer de algumas ex-
pressões em latim, que são, contudo, dispensáveis.
(Lembre-se, a petição inicial deve ser simples e obje-
tiva);
• Artigo 202, CPC/15 – inexistência de cotas marginais ou
interlineares (inserção de palavras ou frases em desa-
cordo com a formatação original);
• Artigo 209, CPC/15 – o ato deve ser assinado;
• Artigo 211, CPC/15 – não conter rasuras, exceto
quando expressamente ressalvadas.

A petição inicial deve ser organizada com clareza e se-


guindo a técnica prevista no CPC e na Língua Portuguesa; do con-
trário, o juiz pode determinar sua emenda ou, conforme a gravi-
dade da situação, pode extinguir o processo desde logo.

36
Aqui trago mais um mapa mental a título de exemplificação.
Como a forma de memorização de cada pessoa é subjetiva, sugiro
que você comece a elaborar os seus próprios mapas mentais. Nor-
malmente o que é feito por uma pessoa, não serve para outra. Até
porque, quando você está fazendo o seu mapa, já está iniciando
o processo de memorização.

1 - ENDEREÇAMENTO

O inciso I do artigo 319 do CPC é o primeiro tópico da expla-


nação e tem que ser analisado com extremo cuidado. Isso porque,
o endereçamento indevido da petição inicial pode causar muito
atraso no início do regular andamento processual com a declara-
ção de incompetência pelo juízo a que foi distribuída a ação, pois
é o momento em que devem ser muito bem analisadas as regras
de COMPETÊNCIA.

Antes, entretanto, cabe um adendo. O referido dispositivo


legal dispõe: “I – o juízo a que é dirigida;”. Diferentemente do que
era previsto no Artigo 282, I do CPC/1973 revogado, in verbis: “Art.
282. A petição inicial indicará: I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida.”
o destinatário da petição no CPC vigente é o Juízo e não o juiz.

Desta forma devemos tomar muito cuidado ao vocativo uti-


lizado, devendo nos ater à norma culta. Vocativo, segundo o sítio

37
eletrônico Wikipédia é “o termo da oração por meio do qual cha-
mamos ou interpelamos o nosso interlocutor, real ou imaginário.”

Ainda hoje vemos muitos advogados e até diversas obras


doutrinárias utilizando-se do vocativo na forma da norma proces-
sual revogada, dirigindo a peça ao Juiz e não ao Juízo como: “EX-
CELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS VARAS
CÍVEIS DA COMARCA TAL.”

Embora tal equívoco não seja motivo de determinação de


emendas, indeferimento da inicial ou qualquer nulidade, como
este é o primeiro contato com o magistrado ou o assessor que está
a analisando, ele pode ser passível de má interpretação por parte
dos mesmos, dando a entender que o subscritor da referida peça
está desatualizado com as normas processuais vigentes.

A redação de acordo com a norma culta deve ser realizada


dirigindo a peça preambular ao Juízo, utilizando-se o pronome de
tratamento correto, ou seja, em vez de EXCELENTÍSSIMO, sugiro seja
utilizado o MERITÍSSIMO, já que estamos encaminhando ao órgão
e não à pessoa.

Exemplo de endereçamento para a Justiça Estadual:

MERITÍSSIMO JUÍZO DE DIREITO DA ____ VARA CÍVEL DA COMARCA


DA CAPITAL – ESTADO DO RIO DE JANEIRO

38
Exemplo de endereçamento para a Justiça Federal:

MERITÍSSIMO JUÍZO FEDERAL DA ____ VARA CÍVEL FEDERAL DA SE-


ÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO DE JANEIRO - RJ

➔ REGRAS DE COMPETÊNCIA:

Antes de mais nada, devemos saber exatamente para qual


Juízo onde vamos endereçar a nossa inicial e aí, temos um roteiro
a ser seguido, segundo o Professor Nelson Nery Jr.:

1º) Competência internacional ou da jurisdição brasileira


(identificada no CPC/15);
2º) Competência dos Tribunais (identificada na CRFB/88);
3º) Competência das justiças especializadas (identificada na
CRFB/88);
4º) Competência da justiça federal (identificada na
CRFB/88);
5º) Competência de foro (identificada no CPC/15);
6º) Competência de juízo (identificada no CPC/15 e nas nor-
mas de organização judiciária).

Passemos, pois, a cada uma delas:

1.1) COMPETÊNCIA INTERNACIONAL OU DA JURISDIÇÃO BRASILEIRA

39
Muito embora se fale de competência internacional no texto
legal, o CPC traz as hipóteses em que o processo deva ser dirigido
à jurisdição brasileira:

→ Competência internacional concorrente (arts. 21 e 22 do CPC/15)

a) quando o réu (pessoa natural como jurídica), de qualquer


nacionalidade, seja domiciliado no Brasil. (CPC/2015, art. 21,
parágrafo único);
b) quando a obrigação deva ser satisfeita no Brasil.
c) quando o ato ou fato aconteceu no Brasil (ainda que co-
metida por estrangeiro);
d) nas ações de alimentos quando o credor for domiciliado
no Brasil e o réu estrangeiro mantiver vínculos no Brasil, tais
como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda
ou obtenção de benefícios econômicos;
e) em relações de consumo, na hipótese de fornecedor es-
trangeiro e o consumidor for domiciliado no Brasil;
f) em que as partes, expressa ou tacitamente, se submete-
rem à jurisdição nacional. (cláusula de eleição de foro) –
neste caso, em caso de eleição de foro exclusivo estrangeiro
em contrato internacional, a jurisdição brasileira será afas-
tada, se arguida a sua incompetência em contestação
(art,25, CPC/15)

Assim, conforme art. 24, CPC/15, como nestes casos a com-


petência internacional é concorrente, não haverá litispendência
40
com a demanda idêntica no Brasil se a ação for ajuizada no exte-
rior, ressalvadas as disposições em contrário previstas em tratados
internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil.

→ Competência internacional exclusiva (art. 23 do CPC/15)

Nestes casos há a exclusão de qualquer outra jurisdição,


sendo a única competente a brasileira, não havendo como homo-
logar a sentença estrangeira no Brasil, pelo que esta não produzirá
seus efeitos.

Hipóteses:

a) Imóveis situados no Brasil;


b) Testamento particular ou inventário e partilha de bens si-
tuados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estran-
geiro ou tenha domicílio fora do Brasil;
c) Divórcio, separação judicial ou dissolução de união está-
vel que haja bens a partilhar no Brasil, ainda que o titular des-
ses bens seja estrangeiro ou tenha domicílio fora do Brasil.

1.2) COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS

Embora a competência mais comum dos Tribunais seja a re-


cursal, ela também pode ser originária, como nos casos de ação
rescisória, Mandado de Segurança, Habeas Corpus, dentre outras.

41
1.3) COMPETÊNCIA DAS JUSTIÇAS ESPECIALIZADAS

• Justiça do Trabalho (art. 114, CRFB): ações trabalhistas e


relativas a danos morais e demais questões decorrentes do con-
trato de trabalho;
• Justiça Eleitoral (art. 121, CRFB): elaboração do título de
eleitor, diplomação dos eleitos e crimes eleitorais;
• Justiça Militar (art. 124, CRFB): crimes militares.

1.4) COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM (FEDERAL OU ESTADUAL)

A competência da Justiça Federal é constitucional e taxa-


tiva. A competência dos juízes de primeiro grau se encontra no art.
109 da CRFB e a de segundo grau no art.108, CRFB. O CPC/15 tam-
bém regula tal competência em seu art.45, in verbis:

Art. 45. Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão


remetidos ao juízo federal competente se nele intervier a União,
suas empresas públicas, entidades autárquicas e fundações, ou
conselho de fiscalização de atividade profissional, na qualidade
de parte ou de terceiro interveniente, exceto as ações:
I – de recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente
de trabalho;
II – sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho.
§ 1º Os autos não serão remetidos se houver pedido cuja apre-
ciação seja de competência do juízo perante o qual foi pro-
posta a ação.
§ 2º Na hipótese do § 1º, o juiz, ao não admitir a cumulação de
pedidos em razão da incompetência para apreciar qualquer
deles, não examinará o mérito daquele em que exista interesse
42
da União, de suas entidades autárquicas ou de suas empresas
públicas.
§ 3º O juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual sem sus-
citar conflito se o ente federal cuja presença ensejou a remessa
for excluído do processo.

A Justiça Estadual em a competência que chamamos de


residual, ou seja, todas as causas que não sejam de competência
da Justiça Federal.

Há também a Súmula 150, STJ - Compete à Justiça Federal


decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a pre-
sença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públi-
cas.

1.5) COMPETÊNCIA DE FORO

É a delimitação de competência dos órgãos de mesma es-


pécie e é definida em razão do critério territorial., que pode ser de
competência absoluta ou relativa.

Para tanto, temos 2 regras gerais:

1) Ações fundadas em direito pessoal e direito real sobre


bens móveis (art.46, CPC/15) devem ser propostas no foro de do-
micílio do réu (se tivermos dúvidas em situar o seu domicílio, os in-
cisos do art.46, CPC dão outras diretrizes)

43
2) Ações fundadas em direito real sobre imóveis, compe-
tente é o foro do local da coisa (art. 47, CPC/15). → (Direitos reais
são aqueles do rol taxativo do art. 1.225 do Código Civil).

Como para toda regra, temos também exceções e não são


poucas:

■ O domicílio do autor da herança, ou seja, do falecido nas


ações de inventário, partilha, arrecadação, cumprimento de dis-
posições de última vontade, impugnação e anulação de partilha
extrajudicial, assim como todas as ações em que o espólio for réu
(ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro – art. 48, CPC/15
■ O domicílio do réu, nas causas em que a União for autora
– art. 51, caput, CPC/15.
■ O domicílio do guardião do filho incapaz para as ações de
divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento
ou dissolução de união estável – art. 53, I, a, CPC/15.
■ O último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz,
para as ações de divórcio, separação, anulação de casamento e
reconhecimento ou dissolução de união estável – art. 53, I, b,
CPC/15.
■ O domicílio do réu, se nenhuma das partes residirem no an-
tigo endereço do casal – art. 53, I, c, CPC/15.
■ O domicílio ou residência do alimentando para a ação em
que se pedem alimentos – art. 53, II, CPC/15.
■ Quanto à pessoa jurídica, o lugar de sua sede – art. 53, III,
a, CPC/15.
44
■ O lugar da agência ou sucursal para as obrigações que
contraiu – art. 53, III, b, CPC/15.
■ O lugar onde exerce suas atividades, quando a ré for soci-
edade ou associação em personalidade jurídica – art. 53, III, c,
CPC/15.
■ O lugar onde a obrigação deve ser satisfeita para a ação
que lhe exigir o cumprimento – art. 53, III, d, CPC/15.
■ O lugar onde residir o idoso, para a causa que verse sobre
direito previsto no respectivo estatuto – art. 53, III, e, CPC/15.
■ O lugar da serventia notarial ou de registro, para a ação
de reparação de dano por ato praticado em razão do ofício – art.
53, III, f, CPC/15.
■ O lugar do ato ou do fato para a ação de reparação do
dano – art. 53, IV, a, CPC/15.
■ O lugar do ato ou fato para a ação em que o réu for ad-
ministrador ou gestor de negócios alheios – art. 53, IV, b, CPC/15.
■ O domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de
reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de ve-
ículos, inclusive aeronaves – art. 53, V, CPC/15.

1.6) COMPETÊNCIA DE JUÍZO

Depois de encontrarmos o foro competente, falta agora en-


contrar o juízo competente. A competência de juízo deve ser ana-
lisada nas normas de Organização Judiciária de cada Estado.

45
2 - QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

A lei processual exige que o autor precise na petição inicial


quem são os sujeitos da demanda, ou seja, as partes. Parte é quem
pede e contra quem se pede a providência jurisdicional. E aqui es-
tamos delimitando a legitimidade.

As informações necessárias constantes na lei são: os nomes,


os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profis-
são, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o
domicílio e a residência do autor e do réu (art. 319, II, CPC/15).

Delimitar essas informações normalmente não trazem gran-


des entraves, porém eles podem ocorrer. Dessa forma, o CPC/15
procurou minimizar esses impactos. Perceba que no §1º do art.319,
se a parte autora não dispor de todas essas informações poderá
requerer ao juiz, na própria inicial, diligências necessárias à sua ob-
tenção.

Há aqui, entretanto, uma peculiaridade: É muito importante


que indique o advogado que o representa, indicando o nome e a
identificação profissional (número de inscrição na OAB), mesmo
que não atue em causa própria. (arts. 77 e 106 do CPC)

Modelos de qualificação:

46
• PESSOA NATURAL (modelo geral)

FULANO DE TAL (nome completo), (nacionalidade), (estado civil [e a existên-


cia de união estável]), (profissão), RG n. ..., CPF/MF sob o n. ... (endereço ele-
trônico), residente e domiciliado na Rua (endereço completo), na cidade
de ..., por seu advogado devidamente constituído pelo instrumento de man-
dato anexo, que recebe intimação em seu escritório (endereço completo),
nos termos do artigo 106 do Código de Processo Civil (documento 1), vem à
presença de Vossa Excelência com fundamento nos artigos (inserir dispositivos
legais que fundamentam a pretensão - opcional), propor a presente

AÇÃO DE (INSERIR NOME DA AÇÃO)

em face de CICLANO DE TAL (obs.: qualificação do réu que será feita com as
mesmas referências do autor, salvo se tiver “qualificação desconhecida”)

• PESSOA NATURAL INCAPAZ

FULANO DE TAL (qualificação completa), menor incapaz, neste ato represen-


tado por sua mãe/pai/tutor/ (obs.: qualificação completa conforme modelo
geral de pessoa natural), por seu advogado devidamente constituído ...

OU

FULANO DE TAL (qualificação completa), maior incapaz, neste ato represen-


tado por seu curador (obs.: qualificação completa conforme modelo geral de
pessoa natural), por seu advogado devidamente constituído ...

• PESSOA JURÍDICA – SOCIEDADE EMPRESÁRIA

RAZÃO SOCIAL OU NOME EMPRESARIAL, pessoa jurídica de direito privado, ins-


crita no CNPJ/MF sob o n. ..., com sede na (endereço completo), cidade de ...,
neste ato representada por seu administrador Beltrano de tal ... conforme faz
prova Contrato Social anexo (documento 1) (atenção: a referência “contrato
social” deverá ser utilizada se a pessoa jurídica for sociedade limitada. Tra-
tando-se de sociedade anônima, deve-se utilizar a expressão “estatuto so-
cial”), por seu advogado devidamente constituído ...

47
• EMPRESÁRIO INDIVIDUAL

FULANO DE TAL, empresário individual, com endereço (endereço completo),


na cidade de ..., com inscrição no CNPJ/MF sob o n. ..., por seu advogado
devidamente constituído ...

• ESPÓLIO

ESPÓLIO DE FULANO DE TAL (nome completo), neste ato representado por seu
Inventariante BELTRANO DE TAL (qualificação completa conforme modelo de
pessoa natural), conforme termo de compromisso de inventariante anexo (do-
cumento 01), por seu advogado devidamente constituído ...

• CONDOMÍNIO

CONDOMÍNIO X, situado (endereço completo), na cidade de..., inscrito no


CNPJ/MF sob o n. ..., neste ato representado por seu síndico, conforme ata de
assembleia anexa (documento 01), por seu advogado devidamente constitu-
ído...

• ASSOCIAÇÃO

ASSOCIAÇÃO XYZ, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob


o n. ..., com sede no (endereço completo) na cidade de ..., neste ato repre-
sentada por seu “Presidente ou qualquer outra denominação que conste na
ata de fundação”, FULANO DE TAL (qualificação completa conforme modelo
geral de pessoa natural), conforme estatuto social anexado, por seu advo-
gado devidamente constituído ...

• FUNDAÇÃO
48
FUNDAÇÃO XYZ, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o
n. ..., com sede na (endereço completo), na cidade de ... , neste ato repre-
sentada por seu administrador FULANO DE TAL (obs.: o administrador receberá
qualificação completa conforme modelo geral de pessoa natural), conforme
estatuto social anexado, por seu advogado devidamente constituído ...

• MASSA FALIDA

MASSA FALIDA DA SOCIEDADE XYZ, neste ato representada por seu Adminis-
trador Judicial (qualificação completa do administrador conforme modelo
geral de pessoa natural), conforme termo de compromisso firmado (docu-
mento 01), por seu advogado devidamente constituído ...

3 - CAUSA DE PEDIR (FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS)

“O direito nasce do fato” - ex facto oritur jus.

Causa de pedir, ou causa petendi, significa indicar na inicial


o porquê se pede a prestação jurisdicional.

Os fatos são os eventos ou acontecimentos ocorridos na es-


fera material que deram azo ao conflito.

Sua apresentação deve ser pontual com a indicação dos


pontos essenciais à simples compreensão da lide instaurada.
Como falei anteriormente, a apresentação dos argumentos deve
49
demonstrar uma linha lógica de raciocínio permitindo o entendi-
mento do que de fato aconteceu pelo juiz ou assessores. Nesse
contexto, informações desnecessárias não devem ser trazidas para
que a petição não se torne excessivamente longa e chata.

Há aqui três pontos obrigatórios que devem ser seguidos


para melhor entendimento da narrativa: a descrição da (1) rela-
ção fática e jurídica mantida entre as partes que originou o conflito;
o (2) fato gerador, que é o fato em si que originou a pretensão ou
direito do autor e a (3) conclusão, que é a consequência lógica e
jurídica entre a relação fática e jurídica e o fato gerador.

Desta forma, fundamentos jurídicos é a consequência jurí-


dica dos fatos narrados, não sendo sinônimo de fundamentos le-
gais. Neste sentido, interessante mencionar que, quanto aos fun-
damentos jurídicos, não há qualquer previsão do CPC de obriga-
toriedade de indicação do dispositivo legal (artigo de lei).

Entretanto, ao discorrermos sobre a consequência jurídica é


natural nos valermos dos dispositivos legais, utilizando-se os funda-
mentos legais tão somente como argumentos para dar plausibili-
dade aos fundamentos jurídicos.

4 - PEDIDO E SUAS ESPECIFICAÇÕES

É o que se busca. É a indicação da prestação jurisdicional. É


para que se busca o Poder Judiciário.
50
Deve ser certo – art.322, CPC (explícito, demarcado, deline-
ando com rigorosidade o que se pretende – deve-se prestar muita
atenção no verbo a ser utilizado: condenar, declarar, constituir) e
determinado – art.324, CPC (individualização do gênero e da
quantidade – a quantia em dinheiro, a coisa a ser entregue ).

Aqui, deve-se ter extremo cuidado, uma vez que se o pedido


não é posto de forma apropriada no momento da preparação da
inicial, em regra não é admissível ampliá-lo, de forma interpretativa,
seguindo o princípio da congruência. O pedido é o parâmetro do
juiz para julgamento, a limitação objetiva da lide.

Os pedidos podem ser:

a) Alternativos (art.325, CPC/15) – quando há para o réu dois


ou mais meios para cumprir a obrigação;
b) Sucessivos – apenas se procedente o primeiro, é possível
passar à apreciação do segundo pedido. Ex: Ação de investiga-
ção de paternidade c/c alimentos;
c) Subsidiário ou eventual (art.326, CPC/15) - formulados em
ordem hierárquica, de acordo com a preferência do autor;
d) Prestações Periódicas (art.323, CPC/15) – obrigações de
trato sucessivo;
e) Cumulado ou cumulativo (art.327, CPC/15) – mais de um
pedido a ser apreciado. Para que a cumulação seja possível, é ne-
cessária a presença dos requisitos constantes no art. 327, § 1º, do
51
CPC: 1) compatibilidade de pedidos; 2) competência do mesmo
juízo para apreciá-los e 3) adequação do tipo de procedimento
para todos os pedidos.

Existem também os pedidos implícitos. Em que pese a não


obrigatoriedade de formulação, é conveniente que sempre os
aborde expressamente, quais sejam:

a) juros legais, correção monetária e verbas de sucumbên-


cia, inclusive honorários advocatícios (CPC/2015, art.322 § 1º);
b) prestações periódicas vencidas (CPC/2015, art. 323) e
c) multa diária ou outras medidas coercitivas - busca e apre-
ensão, remoção de pessoas e coisas etc. (CPC/2015 art. 497 e art.
536 § 1º).

O pedido tem dois aspectos: o imediato e o mediato. O pe-


dido imediato é o tipo de providência jurisdicional que se pretende,
dependendo da natureza da sentença do processo de conheci-
mento, que pode ser declaratória, constitutiva ou condenatória. O
pedido mediato é o bem jurídico de direito material que se pre-
tende tutelar (ex.: entrega de coisa, a rescisão de um negócio jurí-
dico etc.)

Modelo de pedido:

52
EM FACE DO EXPOSTO, REQUER à Vossa Excelência:
* Requerimento de Tutela Provisória em primeiro lugar (quando houver esta
necessidade);
a) A concessão da Assistência Judiciária Gratuita, pois a parte Autora não
tem condições de arcar com as custas processuais sem o prejuízo de seu
sustento, na forma do artigo 98 do CPC;
b) Intimação do Ministério Público para intervir no feito, nos moldes do ar-
tigo 178, do CPC/15; (obs: se houve interesse público ou social, interesse de
incapaz ou se tratar de litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana)
c) A procedência do pedido inicial em todos os seus termos com a ... (espe-
cificar o pedido – “condenação do réu a”, “declaração de nulidade de”,
“constituir de pleno direito a”)
d) O REQUERENTE MANIFESTA O SEU INTERESSE NA REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA
DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO, A SER DESIGNADA CONFORME DISPÕE
O ART. 334 DO CPC;
e) A condenação do Réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios
no patamar máximo fixado no § 3º, do art. 85 do CPC/2015.
Por forca do disposto no inciso I do artigo 106 do CPC, indica como en-
dereço em que serão recebidas eventuais intimações: (endereço do advo-
gado)

5 - VALOR DA CAUSA

A toda a causa deve ser atribuído um valor econômico,


mesmo que ela não o tenha (art.291, CPC/15).

São Critérios para fixação do valor da causa (art.292,


CPC/15), dentre outros em legislações extravagantes:

I – na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente


corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e de outras
penalidades, se houver, até a data de propositura da ação;
53
II – na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cum-
primento,
a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato ju-
rídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida;
III – na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações men-
sais
pedidas pelo autor;
IV – na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o
valor de
avaliação da área ou do bem objeto do pedido;
V – na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral,
o valor
pretendido;
VI – na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia cor-
respondente
à soma dos valores de todos eles;
VII – na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior
valor;
VIII – na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pe-
dido
principal.
§ 1º Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, con-
siderar-se-á o valor de umas e outras.
§ 2º O valor das prestações vincendas será igual a uma presta-
ção anual,
se a obrigação for por tempo indeterminado ou por tempo su-
perior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior, será igual à soma
das prestações.

A fixação do valor da causa é tão importante que se trata


de matéria de ordem pública, podendo o juiz fixá-lo de ofício
(art.292, §3º, CPC/15).
54
Ele pode ser determinante para fixação de competência,
definição do procedimento, base de cálculo para multas e outras
penas impostas pelo juiz, pode ser parâmetro para fixação de ho-
norários de sucumbência, além de ser a base de cálculo para a
taxa judiciária.

Requerimento:

Dá-se à causa o valor de R$ XXXXX (escrever por extenso).

6 - REQUERIMENTO DE PROVAS

“O que não está nos autos, não está no mundo!”

Na petição inicial é necessário que o autor esclareça como


pretende comprovar suas alegações, narradas na causa de pedir.
Importa dizer que, em regra, ao autor incumbe a prova do fato
constitutivo de seu direito. As provas produzidas nos autos do pro-
cesso é o que faz com que o juiz forme seu convencimento e en-
tregue a prestação jurisdicional.

Não obstante a existência de divergência na doutrina, en-


tendo não ser mais possível o protesto genérico por provas, que era

55
permitido no CPC de 1973 revogado, haja vista a extinção do pro-
cedimento ordinário. Desta forma, a meu ver, o requerimento de
provas a serem produzidas deve ser feito no bojo da petição inicial.

Meios probatórios constantes no CPC/15:

a) Ata Notarial: ata lavrada por tabelião atestando ou do-


cumentando a existência ou modo de existir de algum fato;
b) documental: deverá ser apresentada necessariamente
junto com a petição inicial e a contestação (art. 434, CPC/15);
c) oral: produzida em audiência, em regra, consubstanci-
ada:
(i) no depoimento pessoal (interrogatório das partes –
art. 385, CPC/15) e
(ii) na prova testemunhal (interrogatório de terceiros –
art.442, CPC/15);
d) pericial: consistente em exame, vistoria ou avaliação,
será usada se houver necessidade de conhecimento especial de
técnico (art. 464, CPC/15);
e) inspeção judicial: o juiz pode ir ao local dos fatos para
inspecionar pessoas ou coisas a fim de esclarecer sobre fato que
interesse à decisão da causa. (art. 481, CPC/15);
f) confissão: verifica-se quando a parte admite a verdade
de um fato contrário ao seu interesse e favorável ao do adversário.
Pode ser espontânea ou provocada, no momento do depoimento
pessoal, por escrito ou documentalmente (art. 389, CPC/15);

56
g) exibição de documento ou coisa: determinação do juiz
para que uma das partes ou um terceiro exiba em juízo documento
ou coisa relevante ao julgamento da causa (arts. 396 e 401,
CPC/15).

Modelo de requerimento:

Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na ampli-


tude dos artigos 369 e seguintes do CPC/15, em especial as provas documen-
tal e testemunhal (especificar quais provas pretende produzir).

7 - OPÇÃO PELA REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO


OU CONCILIAÇÃO

Considerando-se que um dos principais norteadores do


CPC/15 é a solução consensual dos conflitos, tal manifestação veio
em forma de requisito da inicial.

De forma prática não há muito o que esclarecer, somente


que ao final da inicial deverá trazer uma simples afirmação, sobre
o seu interesse ou desinteresse na realização da audiência inaugu-
ral, como no modelo constante no item “PEDIDOS E SUAS ESPECIFI-
CAÇÕES.

57
V - DA TUTELA PROVISÓRIA (URGÊNCIA E EVIDÊNCIA)

Como sabemos, a observância do princípio constitucional


do devido processo legal pode ensejar demasiada demora na en-
trega da prestação jurisdicional o que nem sempre é o suficiente
para resguardar verdadeiramente o bem da vida almejado pela
parte.

Nessa toada, o CPC/15 trouxe grandes inovações no regime


das tutelas de urgência, que podem ser de natureza cautelar e de
natureza antecipada e de evidência, que embora já existisse no
regime anterior sem a sistematização atual, é considerada novi-
dade no sistema processual.

A tutela provisória é gênero, do qual as tutelas de urgência


e evidência são espécie. Por seu turno, a tutela de urgência se di-
vide em duas subespécies: cautelar e antecipada.

TUTELA DE URGÊNCIA (ART.300, CPC/2015)

Deve ser pleiteada quando houver elementos que eviden-


ciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo (art.300, CPC/15). Não se tem mais a fi-
gura da prova inequívoca, os requisitos para a concessão de me-
dida de urgência dependem exclusivamente da convicção do
magistrado.

58
Qualquer que seja ela, cautelar ou antecipada, a tutela de
urgência pode ser requerida em caráter ANTECEDENTE, art. 303,
CPC/2015, (cabível nos casos em que a urgência é anterior ou ad-
jacente à propositura da ação. Assim, a petição inicial pode se
ater ao pedido da tutela antecipada e à indicação do pedido de
tutela final com a exposição da lide, do direito que se busca reali-
zar e do perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo). Ou
INCIDENTAL (basta apresentar uma petição no processo em curso
demonstrando a presença dos requisitos legais e pugnando pelo
deferimento da medida de urgência).

GÊNERO ESPÉCIES SUBESPÉCIES REQUERIMENTO

Tutela cautelar
Tutela de ANTECEDENTE
Tutela
Tutela urgência OU INCIDENTAL
antecipada
provisória
Tutela de
------ ------
evidência

Acerca da tutela de urgência incidental, seja ela antecipada


ou cautelar, não cabe tecer maiores comentários, eis que como
dito acima, uma simples petição no processo de origem é o bas-

59
tante para realização do requerimento. Entretanto, na tutela ante-
cedente, a situação é mais complexa e necessita de maior expla-
nação.

Tutela de urgência antecipada antecedente (art.303,


CPC/15)

Neste caso, a petição inicial pode se limitar, exclusivamente,


ao requerimento da tutela antecipada, indicando-se o pedido de
tutela final, ou seja, qual será o pedido principal.

Em caso de concessão da tutela antecipada antecedente,


o autor deverá aditar a petição inicial, complementando a sua ar-
gumentação, juntando novos documentos e o requerimento de
confirmação do pedido de tutela final, no prazo de 15 dias, ou ou-
tro maior que o juiz fixar (art.303, §1º, I, CPC/15).

Neste caso, não incide novas custas processuais, eis que já


recolhidas no ajuizamento da tutela antecipada antecedente le-
vando-se em consideração, para efeitos de valor da causa, o pe-
dido de tutela final e não o de tutela antecipada (art.303, §§ 3º e
4º, CPC/15).

Não realizado o aditamento à petição inicial, o processo


será extinto sem resolução do mérito (art.303, §2º, CPC/15).

60
Entretanto, se houver o indeferimento da tutela antecipada,
caso o juiz entenda que não há elementos para sua concessão,
haverá a determinação de emenda da petição inicial, no prazo
de 05 dias, devendo-se ter bastante atenção a este prazo, que é
diferente do caso de aditamento (art.303, §6º, CPC/15).

A doutrina ainda debate bastante acerca da estabilização


da tutela antecipada deferida (art. 304, CPC/15). A controvérsia
reside no uso do termo “recurso” no referido dispositivo legal: “Art.
304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-
se estável se da decisão que a conceder não for interposto o res-
pectivo recurso.”

Tal discussão a respeito do vocábulo girava no sentido de


qualquer manifestação do réu, e não a interposição do respectivo
recurso conforme prevê a lei, impediria a estabilização da tutela
antecipada.

Para dirimir a controvérsia, o STJ defendia o entendimento


que a referida expressão constante no texto legal era passível de
interpretação sistemática e teleológica, abrindo espaço para
qualquer tipo de impugnação da parte contrária.

No entanto, revendo esse entendimento, no julgamento do


REsp 1797365/RS, em 03/10/2019, firmou posição contrária à ante-
rior, em irrestrito respeito à legalidade, argumentando a Exma. Mi-
nistra prolatora do voto-vencedor, Regina Helena Costa, que:
61
“(...) embora a apresentação de contestação tenha o con-
dão de demonstrar a resistência em relação à tutela exauriente,
tal ato processual não se revela capaz de evitar que a decisão
proferida em cognição sumária seja alcançada pela preclusão,
considerando que os meios de defesa da parte ré estão arrolados
na lei, cada qual com sua finalidade específica, não se revelando
coerente a utilização de meio processual diverso para evitar a es-
tabilização, porque os institutos envolvidos – agravo de instrumento
e contestação – são inconfundíveis.”

Tutela cautelar antecedente (art.305, CPC/15)

Este tipo de tutela veio para substituir as ações cautelares tí-


picas ou atípicas previstas no CPC revogado, como arresto, se-
questro, sustação de protesto etc.

Esse é um procedimento que deverá ser empregado nas hi-


póteses em que a urgência não permita que a petição inicial traga,
desde já, os pedidos principal e cautelar, com os respectivos fun-
damentos e provas.

Conforme já dito, a urgência, por ser antecedente ou con-


temporânea à propositura da ação enseja o desmembramento do
pedido: primeiro se formula o pedido de tutela cautelar, de natu-
reza acautelatória e, depois, em aditamento, o pedido principal,

62
podendo, entretanto, ambos serem formulados conjuntamente
(§1º, art.308, CPC).

A petição inicial deverá indicar a lide e seu fundamento, a


exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo
de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal deverá ser for-


mulado pelo autor no prazo de 30 dias, caso em que será apresen-
tado nos mesmos autos em que já deduzido o pedido de tutela
cautelar. Tal complemento não dependerá de adiantamento de
novas custas processuais e a causa de pedir poderá ser aditada
(art. 308, caput e § 2º, CPC/2015).

Com a apresentação do pedido principal, as partes serão in-


timadas para a realização de audiência de conciliação ou medi-
ação, conforme art.334 do CPC e o prazo para contestação será
contado a partir da audiência, caso não haja autocomposição.

A eficácia da tutela cautelar antecedente cessará se: I – o


autor não deduzir o pedido principal em 30 dias; II – a tutela cau-
telar não for efetivada em 30 dias; III – o pedido principal for julgado
improcedente ou o processo for extinto sem resolução do mérito.
(art.309, CPC/15)

63
Cabe ainda salientar que caso o juiz entenda que o requeri-
mento de tutela cautelar tem natureza de antecipada, poderá
aplicar o princípio da fungibilidade.

TUTELA DE EVIDÊNCIA (ART.311, CPC/2015)

Deve ser pleiteada, independente da demonstração do pe-


riculum in mora, em quatro situações:

I – ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o ma-


nifesto propósito protelatório da parte;
II – as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas
documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos
repetitivos ou em súmula vinculante;
III – se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova
documental adequada do contrato de depósito, caso em que
será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob co-
minação de multa;
IV – a petição inicial for instruída com prova documental su-
ficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não
oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.

Aqui cabe uma importante observação: apenas os incisos II


e III autorizam a concessão liminar.

64
SOBRE O AUTOR

FABRÍCIO MEDINA

• Pós-Graduado em Direito Privado pela Universidade


Cândido Mendes.

• Professor de Direito Processual Civil da ESAJ – Escola de


Administração Judiciária do Rio de Janeiro.

• Palestrante.

• Serventuário ativo do Tribunal de Justiça do Estado do


Rio de Janeiro, atuando há mais de 15 anos como Se-
cretário de Gabinete de Juízes de primeira instância e
Turmas Recursais.

• Personal e Professional Coach formado através do mé-


todo Sou Genius.

• Practitioner em PNL.

65
66

Você também pode gostar