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CONDOMÍNIO
Introdução
O Código Civil dedica diversos artigos ao tratamento jurídico do condomínio. Em
seu Capítulo VI (Condomínio Geral), trata do Condomínio Voluntário e do Necessário, e, no
Capítulo VII, cuida do Condomínio Edilício.
Ter-se-á condomínio quando a mesma coisa pertencer a mais de uma pessoa,
cabendo a cada uma delas igual direito idealmente sobre o todo e cada uma de suas partes.
Cada consorte é dono da coisa toda, delimitado pelos iguais direitos dos demais condôminos,
na medida de suas cotas.
Espécies de Condomínio
Regulado no Código Civil de 2002 no Capítulo VI e Capítulo VII, mais
precisamente do artigo 1.314 ao artigo 1.358, a legislação assegura duas espécies de
condomínio, qual seja:
Condomínio Geral, e
Condomínio Edilício;
Carlos Roberto Gonçalves assevera que “O Código Civil disciplina o condomínio
geral (tradicional ou comum), que pode ser voluntário (arts. 1.314 e s.) e necessário ou legal
(arts. 1.327 e s.), e o condomínio edilício ou em edificações (arts. 1.331 e s.)” (2012, p. 362).
Assim, imprescindível, incialmente, fazer uma distinção entre essas duas espécies
de condomínio, pois na primeira, “os poderes inerentes ao domínio são titulados por duas ou
mais pessoas, ou seja, a propriedade é dividida entre dois ou mais condôminos, que são
proprietários de uma fração ideal do todo e, por tal razão, passam a ser denominados
coproprietários, coproprietários ou, simplesmente, condôminos” (SCAVONE, 2014, p. 881).
Já “o condomínio edilício, por outro lado, é aquele existente em edificações compostas por
unidades autônomas que, juntas, formam uma edificação maior e, nessa medida, participam
com frações ideais do todo” (SCAVONE, 2014, p. 881).
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Conceito de condomínio
Segundo Caio Mário M. S. Pereira, ter-se-á condomínio "quando a mesma coisa
pertence a mais de uma pessoa, cabendo a cada uma delas igual direito, idealmente, sobre o
todo e cada uma das partes".
A convenção condominial
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A Convenção Condominial pode ser entendida como a "lei" que regula as relações
dos condôminos entre si e frente a terceiros.
Atualmente, deverá a Convenção Condominial, necessariamente, descrever as
áreas comuns regulando o seu uso.
Cada condômino poderá usar livremente da coisa conforme seu destino, ou sua
utilização prática, desde que não impeça que os demais condôminos possam também exercer
seus direitos sobre ela.
Isenção do pagamento
Pode o condômino eximir-se do pagamento das despesas e dívidas, renunciando à
parte ideal. Se os demais condôminos assumem as despesas e as dívidas, a renúncia lhes
aproveita, adquirindo a parte ideal de quem renunciou, na proporção dos pagamentos que
fizerem. Se não há condômino que faça os pagamentos, a coisa comum será dividida (Código
Civil, art. 1.316).
Entendemos que a divisão da coisa para pagamento de despesas e dívidas, apenas
se opera no caso de ser destacável e desde que possa gerar frutos. Por exemplo, se todos os
condôminos deixarem de contribuir, o pátio de estacionamento poderá ser locado para
terceiros. Ou, havendo uma boa área de lazer, essa também poderá gerar renda.
Enfim, a parte comum precisa ter qualidades intrínsecas que a façam produzir
frutos. Entretanto, as dívidas precisam estar bem caracterizadas como dívidas e despesas úteis
e necessárias ao condomínio.
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Direitos do condômino
1.usar, fruir e dispor de sua unidade;
2.usar as partes comuns sem exclusividade e de acordo com a destinação dada a
cada uma elas;
3.votar e participar das assembléias, desde que esteja em dia com o pagamento das
cotas condominiais.
Deveres do condômino
1.contribuir para as despesas na proporção de sua quota-parte;
2.não realizar obras que comprometam a segurança da edificação;
3.não alterar a cor e a forma externa (em edifício);
4.dar à sua parte a destinação prevista em Convenção, cuidando para não tirar o
sossego, a salubridade e segurança dos demais condôminos e não a utilizar de maneira
prejudicial aos bons costumes.
Inadimplemento da contribuição
Aquele que não pagar a sua contribuição ficará sujeito aos juros moratórios
previstos na Convenção e se não previstos ficará sujeito aos juros de 1% ao mês, sem prejuízo
da multa de 2% sobre o débito.
Agravantes no inadimplemento
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Reincidência no inadimplemento
Se o condômino apresentar infrações reiteradas de seus deveres, poderá, havendo
deliberação de ¾ dos condôminos, ser condenado a pagar multa correspondente até ao
quíntuplo do valor pago para as despesas condominiais, conforme a gravidade das faltas, e,
além disso, as perdas e danos que forem apuradas.
Incompatibilidade de convivência
Se o condômino, em razão de sua reiterada conduta anti-social, causar
impossibilidade de vida em comum com os demais condôminos, deverá pagar multa
equivalente ao décuplo do valor da taxa condominial, até ulterior deliberação assemblear.
Locação de garagem
Há direito de preferência dos condôminos, em condições iguais, à locação do
abrigo para veículos em relação a estranhos, deliberada por um deles.
Obras voluptuárias
A realização de obras voluptuárias depende do voto de 2/3 dos condôminos.
Obras úteis
A realização de obras úteis depende do voto da maioria dos condôminos.
Obras necessárias
As obras necessárias independem de autorização dos condôminos e o síndico ou
qualquer condômino poderá levá-la a efeito. Aquele que ordenou a sua realização deverá
convocar de imediato a assembléia. Havendo urgência que represente alto custo, será
necessária a convocação de assembléia pelo síndico ou condômino, para aprovação prévia.
Novas construções
A construção de outro andar ou de outro edifício no mesmo terreno, depende da
aprovação unânime dos condôminos.
A administração
A administração do condomínio é feita por pessoa eleita – o síndico, pelo prazo de
dois anos, podendo ser reconduzido.
Atribuições do síndico
Como administrador, é de sua competência:
1.convocar assembléia;
2.representar ativa e passivamente, em qualquer juízo ou fora dele, em qualquer
instância e repartição, praticando os atos em defesa dos interesses comuns;
3.comunicar imediatamente à assembléia a existência de a existência de qualquer
procedimento, seja administrativo ou judicial;
4.cumprir e exigir o cumprimento à convenção, ao regimento interno e às
deliberações assembleares;
5.zelar pelas partes comuns e prover os condôminos dos serviços necessários;
6.cuidar do orçamento anual da receita e despesa;
7.cobrar a taxa condominial e as multas devidas;
8.prestar contas à assembléia anualmente, ou sempre que necessário;
9.contratar o seguro da edificação;
Colaboradores do síndico
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Destituição do síndico
A assembléia em convocação especial, pelo voto da maioria absoluta, poderá
destituir o síndico que praticar irregularidades, não prestar contas, ou não administrar
convenientemente o condomínio.
Casos que exigem aprovação de 2/3 dos votos
A alteração em convenção ou no regimento interno depende da aprovação de 2/3
dos votos dos condôminos.
Aprovação unânime
A mudança de destinação do edifício ou da unidade imobiliária, assim como, de
novas construções depende da aprovação unânime dos condôminos.
Conselho fiscal
Deve ser constituído por três membros, eleitos em assembléia, por um prazo não
superior a dois anos e tem por objetivo, apreciar as contas apresentadas pelo síndico.
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Extinção do condomínio
Nos casos de destruição total do prédio e por ameaça de ruína, haverá a extinção
do condomínio, por assembleia, em que os condôminos deliberaram por votos que
representem a metade mais uma das frações ideais. Nessa assembleia, podem os condôminos
por deliberação, votar pela reconstrução ou venda.
Reconstrução
Deliberando-se pela reconstrução do edifício, o condômino que não se interessar,
poderá alienar a sua cota-parte a outro condômino, mediante avaliação judicial.
Alienação
Deliberando-se pela venda, o condômino terá preferência em relação a terceiros,
devendo o valor obtido pela venda ser repartido entre os condôminos na proporção da fração
ideal respectiva.
Desapropriação
Havendo a extinção do condomínio por desapropriação, a indenização deverá ser
repartida entre os condôminos, proporcionalmente à cota-parte de cada um.
De todo o exposto, podemos concluir que o condomínio em geral mereceu destaque no Novo
Código Civil.
A despeito disso, algumas situações, por exemplo, relativas à inadimplência dos
condôminos, exigirão o pronunciamento do judiciário para que sejam pacificadas.
Entretanto, todos os aspectos, brevemente analisados, devem ser enfrentados desde já, por
nós, profissionais do direito, para que em breve, toda a matéria possa estar pacificada.
Por meio do artigo 1.3314, o Código Civil incide não só sobre as edificações,
como também sobre os conjuntos de edificações, não importando o número de pavimentos. É
indispensável, no entanto, que o edifício se componha de múltiplas unidades autônomas, de
uso exclusivo, isoladas entre si, independentemente do número de peças e da respectiva
destinação (residencial ou não), e áreas comuns. O que caracteriza o condomínio edilício é
justamente a conjugação de áreas de uso exclusivo e áreas comuns. Segundo o escólio do
professor Antunes Varela:
O que verdadeiramente caracteriza a propriedade horizontal é, pois, a fruição de um
edifício por parcelas ou fracções independentes, mediante a utilização de partes ou
elementos afectados ao serviço do todo. Trata-se, em suma, da coexistência num
mesmo edifício, de propriedades distintas, perfeitamente indvidualizadas, ao lado da
compropriedade de certos elementos, forçadamente comuns.
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promitentes cessionários, atuais e futuros, como para qualquer ocupante, desde que reúna as
assinaturas de, no mínimo, dois terços dos titulares das frações ideais, nos termos do artigo
1333 do Código Civil. O Código Civil de 2002 previu, ainda, a aplicação ao condômino anti-
social de pesada multa de caráter pecuniário. Embora a mens legis seja resolver questões de
convivência, é possível que problemas desse tipo persistam, pois a exclusão do condômino
reiteradamente anti-social é medida que deverá ser ponderada à luz dos valores e princípios
que informam o ordenamento jurídico pátrio.
A solução para esses casos-limite talvez esteja na aplicação do art. 1228, §1º e art.
187, que cuidam, respectivamente, do abuso do direito de propriedade e da teoria geral do
abuso do direito.
Inquilino no Condomínio
O Direito Condominial lida com um ambiente de relevante complexidade,
primeiro por tratar de interesses individuais em áreas exclusivas, e ao mesmo tempo de
interesses coletivos em áreas comuns.
Dentro dessa celeuma de interesses estão os Inquilinos, que em muitos casos
representam quase a maioria dos moradores visto que muitos proprietários compram
apartamentos para Locação, e não para moradia.
Dentro dessa realidade é preciso ter ciência em como lidar com esses dois perfis
de moradores, quais os instrumentos normativos internos, legislativos e principalmente de
gestão condominial.
A legislação aplicada aos Condomínios, bem como os Direitos e Deveres dos
Condôminos é o Código Civil 2002, em alguns casos a Lei 4591/64, a Convenção
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aplicável, capaz de colocar em pratica princípios e normas que atinjam todos os moradores,
de forma igualitária, e com equidade.
O primeiro passo é entender quem são os inquilinos, visto que além de não
serem considerados condôminos, ainda não são titulares de nenhum direito de aquisição. A
lei os define como mero possuidores.
A primeira relação do Inquilino dentro do Condomínio é de fato com o
Condômino, amparada pelo direito de propriedade e moldada pela Lei do
Inquilinato 8245/91 a qual dispõe sobre as locações dos imóveis urbanos e os
procedimentos a ela pertinentes.
regular, seguindo os moldes do art. 1.333, ela faz lei entre os condôminos, passando a
disciplinar as relações internas do condomínio, tendo então apenas o caráter inter partes.
Esse entendimento é objeto de sumula, portanto, pacificado.
O Regimento Interno é um código de conduta e de uso das áreas comuns, que se
estende a todos que frequentam essas áreas, inclusive o Inquilino.
Esse Direito de usufruir é igual para todos, dentro das normas de convivência
aplicadas. Visto que por meio de um contrato de locação o Inquilino recebe do proprietário
o Direito de Usar/Usufruir do Imóvel, como um todo, inclusive as áreas comuns, esse
direito de usufruir é o mesmo do proprietário, no caso de alguma infração, esse inquilino
será multado, obviamente a multa será no nome do proprietário do Imóvel, mas nesse caso o
mesmo ira se entender com seu inquilino, dentro daquilo que rege o contrato de locação.
Outro sim, faz-se essencial registrar que o Inquilino tem deveres perante o
Condomínio, e também deveres perante o Proprietário.
1º A convenção poderá ser feita por escritura pública ou por instrumento particular.
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2º São equiparados aos proprietários, para os fins deste artigo, salvo disposição em
contrário, os promitentes compradores e os cessionários de direitos relativos às unidades
autônomas. (grifo nosso)
O inquilino e as Assembleias
O novo Código Civil entrou em vigor em 11 de janeiro de 2003, e seus artigos
referentes a condomínios modificaram a Lei anterior que normatizava esse instituto, a lei de
1964, a 4.591, também conhecida como lei do condomínio.
Embora o Código Civil tenha revogado ou modificado completamente o
entendimento de vários artigos da antiga lei, ela ainda tem validade quanto aos assuntos que
o Código Civil não abrange.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Institui o Código Civil). Acessada em:
06/06/2021. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.html.
DINIZ, Maria Helena. Código Civil Anotado, p.826, Ed. Saraiva, 10ª. Ed.
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: volume único. 3 ed. São Paulo: Método, 2013.