Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Câncer de Mama
Tratamento
– Prevenção
da Fase
Secundária
Aguda
do Acidente Vascular Cerebral
Sociedade Brasileira
Academia de Brasileira
Mastologiadee Neurologia
Federação
Brasileira das Sociedades de Ginecologia
Elaboração Final: 24 de Julho de 2001
e Obstetrícia
Autoria: Gagliardi RJ, Raffin CN, Fábio SRC
Elaboração 22 de Agosto
Final: Bacellar
Colaboradores: de 2002
A, Longo AL, Massaro AR, Moro CHC,
André C, Nóvak EM, Dias-Tosta
Autoria: Kemp C, Petti DA, Ferraro E, Yamamoto
O, Elias S FI,
Damiani IT, Maciel Jr JA, Fernandes JG, Vega MG,
Fukujima MM, Lanna MA, Oliveira RMC, Melo-
Souza SE, Novis SAP, Tognola WA
1
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
OBJETIVOS:
Prevenção do câncer de mama através do rastreamento populacional e
diagnóstico precoce. Esta diretriz é complementada pela diretriz entitulada:
Câncer de Mama – Prevenção Primária.
PROCEDIMENTOS:
• Auto-exame;
• Exame clínico das mamas;
• Mamografia – rastreamento:
Controle de qualidade;
Técnica do exame;
Indicações e periodicidade;
Sistema bi-rads.
• Métodos complementares;
• Procedimentos invasivos:
Baaf;
Bag;
Mamotomia.
EXAME CLÍNICO DA MAMA mama aumenta com a idade, indo de 130 casos
para cada 100.000 mulheres/ano na faixa dos
Deve ser realizado a cada três anos entre os 40 a 49 anos, para cerca de 400 casos em
20 e 40 anos, e depois anualmente7(D). Sua 100.000 mulheres/ano.
eficácia depende da qualidade com a qual é rea-
lizado, mesmo que realizado por pessoal Sobre o rastreamento em mulheres mais
paramédico8(A). O exame clínico da mama é jovens, entre 40 e 49 anos, não podemos ig-
acessível a um menor número de mulheres quan- norar o estudo de maior casuística, que de-
do comparado ao auto-exame da mama; pode monstrou um impacto menor, porém signi-
detectar lesões menores e é mais importante em ficativo (13%) na taxa de mortalidade por
mulheres mais jovens, faixa na qual a mamo- câncer de mama nas mulheres entre 40 e 49
grafia tem limitações. anos; sendo que este pode ainda ser melho-
rado (19%) caso a triagem seja realizada
Também como acontece com o auto-exame anualmente 9(A).
da mama, os trabalhos da literatura colocam em
dúvida a eficácia do exame clínico da mama
A freqüência das mamografias anormais
como procedimento redutor da taxa de mortali-
por ocasião da primeira triagem é a mesma
dade. Faz exceção neste aspecto o trabalho co-
para os diferentes grupos etários, entretanto
nhecido como NBSS-2, que comparou dois
grupos de mulheres, entre 50 e 59 anos, distri- a probabilidade de uma mamografia anormal
buídas aleatoriamente para realizar mamografia resultar em um diagnóstico de câncer, que é
associada ao exame clínico da mama ou só o de 17% a 19% nas mulheres com mais de
exame clínico. Os benefícios da detecção 60 anos, cai para cerca de 4% nas mulheres
subclínica encontrados desapareceram com o de 40 a 49 anos 10(B). Não existem evidên-
passar dos anos e no final do estudo de 13 anos cias suficientes que apóiem a recomendação
foi igual em ambos os grupos, com o mesmo generalizada de triagem em mulheres entre
índice de mortalidade8(A). 40 e 49 anos. Essas mulheres deverão ser
aconselhadas por profissional acerca do
RASTREAMENTO MAMOGRÁFICO atual conhecimento dos riscos, benefícios e
conveniência da triagem para cada mulher.
A revisão das evidências induz a apoiar
vigorosamente a triagem mamográfica de mu- A recomendação é de se fazer triagem
lheres entre 50 e 69 anos com um intervalo mamográfica anualmente a partir de 40 anos, a
nunca superior a dois anos, já que esse interva- cada dois anos entre os 50 e os 69 anos e, de
lo foi adotado na maioria dos ensaios clínicos e acordo com a expectativa de vida, após os 70
representou um impacto real sobre a mortali- anos. Talvez as pacientes mais jovens com risco
dade por câncer de mama. É razoável realizar a genético conhecido e com mamas densas à
triagem em mulheres acima de 70 anos que te- mamografia possam se beneficiar do estudo
nham uma expectativa de vida favorável, condi- ultrasonográfico complementar, porém esta co-
ções clínicas que permitam a adequada realiza- locação ainda necessita da realização de ensaios
ção do exame, já que a incidência do câncer de clínicos específicos.
Figura 1
Quadro ilustrativo da indicação dos métodos de intervenção percutânea
segundo os achados imaginológicos.
Lesão
Cisto Sólido
Estereotaxia
BAAF BAAF BAAF
BPAG BPAG
MMT MMT MMT
BPAG = Core Biopsy MMT = Mamotomia BAAF = Biópsia Aspirativa por Agulha Fina
Figura 2
Algorritmo dos procedimentos invasivos, segundo as características da lesão determinadas
pela ultra-sonografia quando se trata de cistos
Cisto
Típico Atípico
BAAF
Benigno Atipia
Diagnóstico
Seguimento Tecidual
risco para câncer e, por fim, aquelas que que- O tamanho da lesão pode servir de limite
rem diagnóstico imediato. na indicação entre as duas técnicas: biópsia
percutânea com agulha grossa e mamotomia.
Se a lesão for hiperdensa, irregular, espicu- Nódulos maiores que 2,0 cm, preferir biópsia
lada sugestiva de malignidade e a citologia posi- percutânea com agulha grossa; aqueles me-
tiva para câncer confirmando esse achado, o nores eleger a mamotomia. A razão dessa me-
tríplice diagnóstico é praticamente 100% e dá dida é porque nódulos menores que 2,0 cm
segurança para ambos nessa conduta14,15(B). podem ser quase ou totalmente extirpados pela
mamotomia. Nessas circunstâncias, é mais
Nos casos de citologia incaracterística, apropriado optar por um método que retire
material inadequado, suspeito ou seu resulta- toda a lesão. Por outro lado, lesões menores
do incompatível com a imagem, é preferível que 1,0 cm podem trazer dificuldades na ava-
as biópsias percutâneas com agulha grossa (Fi- liação pela biópsia percutânea com agulha
gura 3), assim também para a paciente que grossa. Além disso, esses nódulos mesmo com
exigir o método mais seguro. Dá o diagnós- resultado benigno se experimentar um cres-
tico histológico, evita exame por congelação cimento em controle posterior vão para ci-
e permite orientação apropriada. Se resultar rurgia excisional temendo-se os resultados
benigno como o fibroadenoma, somente falsos-negativos. Isso pode acontecer com os
observação; nos malignos, orienta a conduta fibroadenomas, por exemplo, que mais
cirúrgica ou quimioterápica, conforme o freqüentemente crescem e se estabilizam em
estadiamento clínico16(B). torno de 2,0 cm a 3,0 cm17,18(C).
Figura 3
Algorritmo dos procedimentos invasivos segundo as características da lesão determinadas
pela ultra-sonografia e/ou mamografia
Sólido
BAAF
Material
Benigno Suspeito Positivo
Insuficiente
Compatível Incompatível
Orientação
com a com a
da Conduta
imagem imagem
Seguimento Diagnóstico
Tecidual
Já para as lesões do tipo microcalcificações, percutânea com agulha grossa. Resultados falsos-
distorção fibroglandular e densidade assimétrica, negativos ocorreram em torno de 13% na cicatriz
a opção é mamotomia através da estereotaxia (Fi- radial e 9% nas lesões papilíferas. Já na neoplasia
gura 1). O motivo dessa orientação é o encontro lobular, a variedade dos achados desde hiperplasia
de lesões sub-estimadas em torno de 56% para lobular até o carcinoma lobular in situ e a possibi-
hiperplasia ductal atípica e 20% para carcinoma lidade de sua extensão para os ductos, torna ainda
ductal in situ na biópsia percutânea com agulha mais difícil o diagnóstico dessas lesões em peque-
grossa, enquanto que na mamotomia isso ocorre nas quantidades de tecido. Os índices de dia-
próximo de 25% para hiperplasia ductal atípica e gnóstico sub-estimados em torno de 34% e, não
11% para carcinoma ductal in situ. Além disso, raramente, a dificuldade de distinção com o carci-
lesões complexas como cicatriz radial, papilíferas noma ductal in situ tornam a escolha pela
e as neoplasias lobulares trazem dificuldades para mamotomia ou até mesmo a biópsia excisional
patologistas na análise dos fragmentos da biópsia mais apropriada19,20(C).
3. Semiglazov VF, Moiseenko VM, Manikhas 10. Kerlikowske K, Grady D, Barclay J, Sickles
AG, Protsenko SA, Kharikova RS, Popova EA, Eaton A, Ernster V. Positive predictive
RT, et al. Interim results of a prospective value of screening mammography by age
and family history of breast cancer. JAMA
randomized study of self-examination for
1993; 270:2444-50.
early detection of breast cancer (Russia/
St.Petersburg/WHO) Vopr Onkol 1999;
11. The uniform approach to breast fine needle
45:265-71.
aspiration biopsy. A synopsis. Acta Cytol
1996; 40:1120-6; discussion 1119.
4. Alexander FE, Anderson TJ, Brown HK,
Forrest AP, Hepburn W, Kirkpatrick AE,
12. Kemp C, Elias S, Borrelli K, Narvaiza DG,
et al. 14 years of follow-up from the
Kemp CG. Punção aspirativa por agulha
Edinburgh randomised trial of breast-cancer
fina orientada por ultra-sonografia em le-
screening. Lancet 1999; 353:1903-8.
sões não-palpáveis. Rev Brasil Ginecol Obs
2001; 23:321-7.
5. Baxter N.Preventive health care, 2001
update: should women be routinely taught 13. Stavros AT, Thickman D, Rapp CL,
breast self-examination to screen for breast Dennis MA, Parker SH, Sisney GA. Solid
cancer? CMJA 2001; 164: 1837-46. breast nodules: use of sonography to
distinguish between benign and malignant
6. Nekhyudov L, Fletcher WS. Is it time to lesions. Radiology 1995; 196:123-34.
stop teaching breast self-examination?
CMJA 2001; 164:1851-2. 14. Dixon JM, Anderson TJ, Lamb J, Nixon
SJ, Forrest AP. Fine needle aspiration
7. Shapiro S, Smart CR, Costanza ME, cytology, in relationships to clinical
Henson DE, Holleb AI, Hutter RV, et al. examination and mammography in the
Guidelines for breast cancer screening. diagnosis of a solid breast mass. Br J Surg
Cancer 1992; 69:2001-2. 1984; 71:593-6.
15. Di Pietro S, Fariselli G, Bandieramonte 18. Liberman L, Benton CL, Dershaw DD,
G, Coopmans de Yoldi G, Guzzon A, Abramson AF, LaTrenta LR, Morris EA.
Viganotti G, et al. Systematic use of the Learning curve for stereotactic breast
clinical-mammographic-cytologic triplet for biopsy: how many cases are enough? AJR
the early diagnosis of mammary carcino- 2001; 176:721-7.
ma. Tumori 1985; 71:179-85.
19. Liberman L, Dershaw DD, Glassman JR,
16. Parker SH, Burbank F, Jackman RJ, Abramson AF, Morris EA, LaTrenta LR,
Aucreman CJ, Cardenosa G, Cink TM, et et al. Analysis of cancers not diagnosed at
al. Percutaneous large-core breast biopsy: a stereotactic core breast biopsy. Radiology
multi-institutional study. Radiology 1994; 1997; 203:151-7.
193:359-64.
20. Liberman L, Smolkin JH, Dershaw DD,
17. Parker SH, Klaus AJ, McWey PJ, Schilling Morris EA, Abramson AF, Rosen PP.
KJ, Cupples TE, Duchesne N, et al. et al. Calcification retrieval at stereo-
Sonographically guided directional vacuum- tactic, 11-gauge, directional, vacuum-
assisted breast biopsy using a handheld assisted breast biopsy. Radiology 1998;
device. AJR 2001; 177:405-8. 208:251-60.