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A globalização traz efeitos nem sempre favoráveis para as culturas locais e, por outro
lado, oferece enorme potencial para alavancar essas culturas, trazendo chances reais
de transformação social
08/03/2012
Estava prevista para o mês de outubro a 33ª Conferência Geral da Unesco, ocasião em
que seria promulgada uma Convenção Internacional sobre diversidade cultural.
Costumo apelidá-la de "Protocolo de Kyoto da Cultura", dada a sua importância nesse
cenário de riqueza e desigualdade. O documento traz uma série de recomendações
aos países-membros, no sentido da adoção de políticas próprias para a cultura, bem
como a outros organismos internacionais, como Organização Mundial do Comércio e
demais órgãos das Nações Unidas.
A mercantilização da cultura
Não podemos nos esquivar diante da mais evidente - e trágica - conexão entre cultura
e economia, senão a da intencional transformação de hábitos e costumes culturais em
dinâmicas meramente mercadológicas. "Pesquisas de mercado identificaram uma
'elite mundial', uma classe média mundial que segue o mesmo estilo de consumo e
prefere 'marcas mundiais'. O mais impressionante são os 'adolescentes mundiais', que
habitam um 'espaço mundial', com uma única cultura pop mundial, absorvendo os
mesmos vídeos e a mesma música e proporcionando um mercado enorme para tênis,
t-shirts e jeans de marca", reflete ainda o relatório do PNUD.
Dados de uma pesquisa realizada pelo IBGE em 1999 demonstram, por outro lado, a
ausência da oferta cultural no Brasil: 82% dos municípios brasileiros não possuíam
museus, 84,5% não tinham teatro, 92% não tinham sequer uma sala de cinema e cerca
de 20% não tinham bibliotecas públicas. Mesmo aqueles municípios que contavam
com bibliotecas, 69% deles possuíam apenas uma e, nos municípios com até 20 mil
habitantes, 935 não tinham nenhuma.
Nos municípios com até 5 mil habitantes, a presença de livrarias e lojas que vendem
discos, fitas e CDs era muito rara, com percentuais de 13,6% e 5,6%, respectivamente.
E em termos de território brasileiro, dos 5.506 municípios pesquisados, 65% não
possuíam esse comércio. Nos municípios com mais de 50 mil habitantes, 90% tinham
esse tipo de loja e, como já era de se esperar, todos os grandes centros urbanos
possuíam esse gênero de comércio, com destaque para a Região Sul, onde em 60% dos
municípios se identificaram livrarias e em 40% lojas de discos, fitas e CDs.
Sobre o autor
Fonte: http://www.ondajovem.com.br/acervo/3/o-negocio-da-cultura