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Módulo 2. Educação Ambiental - Versão Final
Módulo 2. Educação Ambiental - Versão Final
Sustentabilidade
Educação Ambiental:
ações pedagógicas
para a Sustentabilidade
1. Introdução.
Apesar da crise civilizatória, há pontos positivos que podemos nos ater, tanto para
buscar ter alguma atitude que contribua de fato para melhorar a situação planetária, como
minimize o mal-estar contemporâneo. Castells (1999), ao introduzir a sua discussão sobre o
ambientalismo traz uma citação que busca esclarecer o “verdejar” do ser.
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Biólogo e Mestre em Ecologia (UFOP), Especialista em Educação Ambiental (USP), Design instrucional (Unifei)
e Jornalismo Científico (Unicamp), Doutorando em Educação (USP). Professor no Centro Universitário Senac
(São Paulo-SP). Currículo http://lattes.cnpq.br/3473994189361010
motivações, envolvimento e habilidades para trabalhar, tanto individual como
coletivamente, no sentido de resolver os problemas atuais e prevenir os futuros
(SÃO PAULO, 1994, p. 12).
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Marandino (2008, p. 13) traz uma discussão sobre os termos formal, não-formal e informal. Segundo esta
autora, é amplamente aceito as seguintes definições: educação formal - sistema de educação
hierarquicamente estruturado e cronologicamente graduado, da escola primária à universidade, incluindo os
estudos acadêmicos e as variedades de programas especializados e de instituições de treinamento técnico e
profissional; educação não-formal - qualquer atividade organizada fora do sistema formal de educação,
operando separadamente ou como parte de uma atividade mais ampla, que pretende servir a clientes
previamente identificados como aprendizes e que possui objetivos de aprendizagem; educação informal -
verdadeiro processo realizado ao longo da vida em que cada indivíduo adquire atitudes, valores,
procedimentos e conhecimentos da experiência cotidiana e das influências educativas de seu meio – na família,
no trabalho, no lazer e nas diversas mídias de massa.
questões ambientais, incorporando os valores sociais na preservação ambiental. É
caracterizada por sua realização fora da escola, envolvendo flexibilidade de métodos, de
conteúdos e público alvo, variável em suas características no que se refere à faixa etária, ao
nível de escolaridade e ao nível de conhecimento da problemática ambiental (BRASIL, 1999).
Na educação formal, a temática sobre o meio ambiente como tema transversal pode ser
melhor entendida através de um exemplo. Nas salas de aula, a ecologia é tratada como um
conjunto de conhecimentos científicos e informações sobre os ciclos biológicos, sistemas de
fauna e da flora e cadeias alimentares. O conhecimento desses fenômenos é indispensável
para a compreensão da vida no planeta Terra e ajuda a defender o meio ambiente, mas não
é o suficiente. Não basta conhecer a fotossíntese para entender por que se usam milhões de
toneladas de agrotóxicos no Brasil, quais são as alternativas a eles e o que se pode fazer para
que essas se viabilizem (MINC, 2005).
3. Contextualização.
Ao usar o termo “contextualização”, podemos ter a impressão de ser algo datado e
consensual, resumido com a frase “fazer relação com a vida do aluno”. Contudo, a situação
não é tão simples como parece (LAMIM-GUEDES, 2017). Segundo Silva e Marcondes (2010,
p. 102), a contextualização no ensino de ciências, e aqui podemos inserir a educação
ambiental também, “vem sendo defendida por orientações oficiais, educadores e
pesquisadores como um princípio norteador de uma educação voltada para a cidadania que
possibilite a aprendizagem significativa de conhecimentos científicos e a intervenção
consciente”. Ainda neste contexto, muitos autores defendem uma aproximação com a obra
de Paulo Freire, sendo o ponto mais destacado é que o “ensino baseado em temas
geradores3 partindo do estudo do meio social e político do aluno” (SILVA; MARCONDES,
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Para a EA, temos uma discussão sobre o uso de temas geradores, conforme Layrargues, em um capítulo com
um título bastante sugestivo: A resolução de problemas ambientais locais deve ser um tema-gerador ou a
atividade-fim da educação ambiental? (2008). Este autor, ao definir estes dois termos em relação à resolução
de problemas, deixa claro qual deve ser a opção de um educador ambiental. De um tema-gerador irradia uma
“concepção pedagógica comprometida com a compreensão e transformação da realidade”, enquanto uma
atividade-fim “visa unicamente a resolução pontual daquele problema ambiental abordado” (2008, p. 116).
Desta forma, um tema gerador, além da perspectiva interdisciplinar, deve também trazer também uma visão
ampla, considerando causas dos problemas sociais.
2010, p. 104). Contudo, para ser um tema freiriano deve ser retirado da vida dos alunos,
construído com estes, e não imposto pelo professor (LAMIM-GUEDES, 2017).
Aliado a isto, a EA é uma expressão que demonstra uma interseção entre duas áreas:
educação e meio ambiente (o “ambiental”). Neste sentido, a EA é constituída de ações
pedagógicas alinhadas com o “saber ambiental”. Este “saber ambiental” é descrito como o
conhecimento a respeito do meio ambiente e que se produz numa relação entre a teoria e a
práxis (LEFF, 2008). Além disto, espera-se que a EA seja construída coletiva e conjuntamente
entre educador (professor) – assumindo um papel de mediador – e alunos, assumindo uma
abordagem sociocultural da educação (MIZUKAMI, 1986), caso contrário, ela torna-se um
adestramento ambiental, conforme Paula Brügger (1999), em seu livro Educação ou
adestramento ambiental?, no qual critica a perspectiva comportamentalista de muitas
práticas de Educação Ambiental, com o reforço de comportamentos “ambientalmente
corretos”, adestrando mais do que efetivamente educando. Segundo esta autora, a
“educação-adestramento é uma forma de adequação dos indivíduos ao sistema social
vigente” (BRÜGGER, 1999, p. 35), portanto, trata-se de uma compactuação com a situação
de crise civilizatória e de grande desigualdade socioambiental que temos atualmente.
Muitos desafios atuais e conflitos ambientais não podem ser resumidos a questões
técnicas ou fragmentadas. Muitas vezes as atividades educacionais nas escolas têm este
aspecto, e a transversalidade de um tema acaba sendo perdida. Se tomarmos como
exemplos os conflitos socioambientais na Amazônia, como a disputa pela posse de terra e a
resistência ao desmatamento por populações tradicionais. Neste contexto, a compreensão
da importância da floresta amazônica tem que ser entendida de uma forma ampla. Existem
vários aspectos bióticos e abióticos que mantêm e demonstram o papel no clima global
desta floresta, mas esta exposição também tem que apresentar os conflitos pela terra e o
desmatamento (LAMIM-GUEDES, 2013). Somando a isto, não se deve discutir os conflitos na
Amazônia como simplesmente problemas sobre a posse da Terra, isto faz perder todo o
sentido da vida e significado das mortes de pessoas como Chico Mendes (1944-1988), Irmã
Dorothy Stang (1931-2005) e o Zé Claudio4 (ele e sua esposa foram mortos em 24 de maio
de 2011). Há questões maiores, como o sistema econômico, luta de classes, disputas
históricas e desafios socioambientais envolvidos. Desta forma, a EA, devidamente entendida,
deve constituir uma educação permanente, geral, que reaja às mudanças que se produzem
em um mundo em rápida evolução (DIAS, 2001). Assim, a EA deve preparar o indivíduo,
mediante a compreensão dos principais problemas do mundo contemporâneo,
proporcionando-lhe conhecimentos técnicos e qualidades necessárias para desempenhar
uma função produtiva, com vistas a melhorar a vida e proteger o meio ambiente, prestando
a devida atenção aos valores éticos (DIAS, 2001). Para Carlos Minc (2005, p. 7), “O desafio é
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TEDxAmazônia - Zé Cláudio Ribeiro acha que matar árvores é assassinato - Nov.2010
https://www.youtube.com/watch?v=78ViguhyTwQ
maior do que encontrar soluções criativas e viáveis para cada demanda isoladamente. É
necessária a integração dessas diversas percepções, a fim de se criar uma consciência
globalizadora que beneficie a cidadania e, seu conjunto”. Enquanto para Jacobi (2013):
Esse projeto não poderá ser compreendido como uma atividade-fim, uma ação
burocrática de cumprimento de exigência legal. Nem mesmo poderá ser entendido como
uma proposta técnica de alcance de resultados. Seu sentido primeiro é revelar a
intencionalidade daqueles que desejam fazer da educação um caminho para melhorar as
condições de vida das pessoas (SATO et al., 2010).
Uma escola descontextualizada de seu tempo contribui para a crise ambiental que
vivemos, uma vez que não trata adequadamente ou suficientemente temas relacionados a
questão ambiental e sustentabilidade e consequentemente não prepara os alunos para
levarem uma vida mais sustentável.
Uma grande diversidade de temas pode ser tratada em áreas verdes, por exemplo,
biodiversidade, ciclos biogeoquímicos (ciclo da água, do carbono do nitrogênio, entre
outros) e botânica.
Uma ação educativa com esta abordagem integrada de vários assuntos diferentes,
mas interligados, é um fator muito importante para o desenvolvimento de opinião crítica no
público alvo. Esta abordagem ampla é essencial para uma ação educacional que busque a
sustentabilidade.
6. Considerações finais.
Neste capítulo, descrevemos o surgimento da educação ambiental a partir do
movimento ambientalista dos anos 1960-70 e como esta passou a integrar a realidade das
escolas e outras instituições nas últimas décadas. Demos destaque para os princípios da
educação ambiental para sustentabilidade, que são essenciais para proposição e
desenvolvimento de ações de educação ambiental. Destacamos a importância da
contextualização, como forma de aproximação das informações apresentadas ao cotidiano
dos alunos. Apresentamos também que a institucionalização da educação ambiental nas
escolas, cujo primeiro passo é a inserção desta no PPP de uma escola, é essencial para o
trabalho interdisciplinar. Por fim, apresentamos algumas práticas de educação ambiental
para que sirvam de exemplo e que sejam adequadas à sua realidade.
7. Conte para nós alguma coisa que você sabe sobre educação ambiental.
Neste texto buscou-se dar uma visão geral da educação ambiental e de seus desafios.
Agora você é nosso convidado para participar do fórum “Conte para nós alguma coisa que
você sabe sobre educação ambiental”. Compartilhe no fórum alguma experiência que você
conhece ou já desenvolveu sobre educação ambiental ou compartilhe um texto, como artigo
ou um livro, sobre algum tema relacionado a este curso.
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