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Educação para a

Sustentabilidade

Educação Ambiental:
ações pedagógicas
para a Sustentabilidade

Prof. Valdir Lamim-Guedes


Educação Ambiental: ações pedagógicas para a
Sustentabilidade1

1. Introdução.
Apesar da crise civilizatória, há pontos positivos que podemos nos ater, tanto para
buscar ter alguma atitude que contribua de fato para melhorar a situação planetária, como
minimize o mal-estar contemporâneo. Castells (1999), ao introduzir a sua discussão sobre o
ambientalismo traz uma citação que busca esclarecer o “verdejar” do ser.

A política verde é um tipo de celebração. Reconhecemos que cada um de nós faz


parte dos problemas do mundo, e que também fazemos parte da solução. Os
perigos e as perspectivas de cura não estão apenas no meio que nos cerca.
Começamos a atuar exatamente onde estamos. Não há necessidade de esperar até
as condições se tornem ideais. Podemos simplificar nossas vidas e viver em
harmonia com valores humanos e ecológicos. Haverá melhores condições de vida
porque nos permitimos começar... portanto pode-se dizer que o principal objetivo
da política verde é uma revolução interior, “o verdejar do ser” (KELLY, 1994, p. 39-
40 apud CASTELLS, 1999, p. 141).

A educação ambiental surgiu a partir do movimento ambientalista e passou a integrar a


realidade das escolas e outras instituições nas últimas décadas. Neste texto, daremos
destaque para os princípios da educação ambiental para sustentabilidade.

2. Princípios de Educação Ambiental e a transversalidade da questão


ambiental.
A Declaração da Conferência Intergovernamental de Tbilisi sobre Educação Ambiental,
realizada em 1977, definiu a educação ambiental (EA) como uma “Dimensão dada ao
conteúdo e à prática da educação, orientada para a resolução dos problemas concretos do
meio ambiente, através de um enfoque interdisciplinar e de uma participação ativa e
responsável de cada indivíduo e da coletividade” (SÃO PAULO, 1994, p. 39). Enquanto, a
Carta de Belgrado (documento de 1975) apresenta alguns objetivos da EA, entre eles que ela
deve desenvolver um

cidadão consciente do seu ambiente total e dos problemas associados a esse


ambiente, sendo também um indivíduo possuidor de conhecimentos, atitudes,

1
Biólogo e Mestre em Ecologia (UFOP), Especialista em Educação Ambiental (USP), Design instrucional (Unifei)
e Jornalismo Científico (Unicamp), Doutorando em Educação (USP). Professor no Centro Universitário Senac
(São Paulo-SP). Currículo http://lattes.cnpq.br/3473994189361010
motivações, envolvimento e habilidades para trabalhar, tanto individual como
coletivamente, no sentido de resolver os problemas atuais e prevenir os futuros
(SÃO PAULO, 1994, p. 12).

A Política Nacional de Educação Ambiental define a EA como os

processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores


sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999, s.p.).

No contexto dos Paramentos Curriculares Nacionais (PCNs) (BRASIL, 1998), a EA aparece


como um tema transversal: meio ambiente, que deve ser tratado nas ações escolares
sempre que possível. De forma menos incisiva, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC),
mantém esta visão de transversalidade, no entanto, substituindo o termo meio ambiente
por sustentabilidade. Um dos trechos do documento que cita a sustentabilidade é
apresentado a seguir:

A área de Ciências da Natureza, no Ensino Fundamental, possibilita aos estudantes


compreender conceitos fundamentais e estruturas explicativas da área, analisar
características, fenômenos e processos relativos ao mundo natural e tecnológico,
além dos cuidados pessoais e o compromisso com a sustentabilidade e a defesa do
ambiente. No Ensino Médio, a área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias
propõe que os estudantes possam construir e utilizar conhecimentos específicos da
área para argumentar, propor soluções e enfrentar desafios locais e/ou globais,
relativos às condições de vida e ao ambiente (BRASIL, 2017, p. 467).

Podemos distinguir duas modalidades de educação ambiental: a formal e a não-formal2.


A EA formal é um processo institucionalizado, empregando metodologias e estratégias
educacionais, de forma integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades
do ensino formal. Ocorre nas unidades de ensino públicas e privadas, abrangendo a
educação básica, superior, especial, profissional e de jovens e adultos. A não-formal
compreende as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as

2
Marandino (2008, p. 13) traz uma discussão sobre os termos formal, não-formal e informal. Segundo esta
autora, é amplamente aceito as seguintes definições: educação formal - sistema de educação
hierarquicamente estruturado e cronologicamente graduado, da escola primária à universidade, incluindo os
estudos acadêmicos e as variedades de programas especializados e de instituições de treinamento técnico e
profissional; educação não-formal - qualquer atividade organizada fora do sistema formal de educação,
operando separadamente ou como parte de uma atividade mais ampla, que pretende servir a clientes
previamente identificados como aprendizes e que possui objetivos de aprendizagem; educação informal -
verdadeiro processo realizado ao longo da vida em que cada indivíduo adquire atitudes, valores,
procedimentos e conhecimentos da experiência cotidiana e das influências educativas de seu meio – na família,
no trabalho, no lazer e nas diversas mídias de massa.
questões ambientais, incorporando os valores sociais na preservação ambiental. É
caracterizada por sua realização fora da escola, envolvendo flexibilidade de métodos, de
conteúdos e público alvo, variável em suas características no que se refere à faixa etária, ao
nível de escolaridade e ao nível de conhecimento da problemática ambiental (BRASIL, 1999).

Na educação formal, a temática sobre o meio ambiente como tema transversal pode ser
melhor entendida através de um exemplo. Nas salas de aula, a ecologia é tratada como um
conjunto de conhecimentos científicos e informações sobre os ciclos biológicos, sistemas de
fauna e da flora e cadeias alimentares. O conhecimento desses fenômenos é indispensável
para a compreensão da vida no planeta Terra e ajuda a defender o meio ambiente, mas não
é o suficiente. Não basta conhecer a fotossíntese para entender por que se usam milhões de
toneladas de agrotóxicos no Brasil, quais são as alternativas a eles e o que se pode fazer para
que essas se viabilizem (MINC, 2005).

A perspectiva envolvendo os temas transversais busca aumentar a contextualização nas


ações educativas. Como a EA escolar muitas vezes é realizada apenas nas aulas de ciências,
abordaremos, na sequência, a contextualização a partir da discussão existente para o ensino
de ciências.

3. Contextualização.
Ao usar o termo “contextualização”, podemos ter a impressão de ser algo datado e
consensual, resumido com a frase “fazer relação com a vida do aluno”. Contudo, a situação
não é tão simples como parece (LAMIM-GUEDES, 2017). Segundo Silva e Marcondes (2010,
p. 102), a contextualização no ensino de ciências, e aqui podemos inserir a educação
ambiental também, “vem sendo defendida por orientações oficiais, educadores e
pesquisadores como um princípio norteador de uma educação voltada para a cidadania que
possibilite a aprendizagem significativa de conhecimentos científicos e a intervenção
consciente”. Ainda neste contexto, muitos autores defendem uma aproximação com a obra
de Paulo Freire, sendo o ponto mais destacado é que o “ensino baseado em temas
geradores3 partindo do estudo do meio social e político do aluno” (SILVA; MARCONDES,

3
Para a EA, temos uma discussão sobre o uso de temas geradores, conforme Layrargues, em um capítulo com
um título bastante sugestivo: A resolução de problemas ambientais locais deve ser um tema-gerador ou a
atividade-fim da educação ambiental? (2008). Este autor, ao definir estes dois termos em relação à resolução
de problemas, deixa claro qual deve ser a opção de um educador ambiental. De um tema-gerador irradia uma
“concepção pedagógica comprometida com a compreensão e transformação da realidade”, enquanto uma
atividade-fim “visa unicamente a resolução pontual daquele problema ambiental abordado” (2008, p. 116).
Desta forma, um tema gerador, além da perspectiva interdisciplinar, deve também trazer também uma visão
ampla, considerando causas dos problemas sociais.
2010, p. 104). Contudo, para ser um tema freiriano deve ser retirado da vida dos alunos,
construído com estes, e não imposto pelo professor (LAMIM-GUEDES, 2017).

Aliado a isto, a EA é uma expressão que demonstra uma interseção entre duas áreas:
educação e meio ambiente (o “ambiental”). Neste sentido, a EA é constituída de ações
pedagógicas alinhadas com o “saber ambiental”. Este “saber ambiental” é descrito como o
conhecimento a respeito do meio ambiente e que se produz numa relação entre a teoria e a
práxis (LEFF, 2008). Além disto, espera-se que a EA seja construída coletiva e conjuntamente
entre educador (professor) – assumindo um papel de mediador – e alunos, assumindo uma
abordagem sociocultural da educação (MIZUKAMI, 1986), caso contrário, ela torna-se um
adestramento ambiental, conforme Paula Brügger (1999), em seu livro Educação ou
adestramento ambiental?, no qual critica a perspectiva comportamentalista de muitas
práticas de Educação Ambiental, com o reforço de comportamentos “ambientalmente
corretos”, adestrando mais do que efetivamente educando. Segundo esta autora, a
“educação-adestramento é uma forma de adequação dos indivíduos ao sistema social
vigente” (BRÜGGER, 1999, p. 35), portanto, trata-se de uma compactuação com a situação
de crise civilizatória e de grande desigualdade socioambiental que temos atualmente.

Muitos desafios atuais e conflitos ambientais não podem ser resumidos a questões
técnicas ou fragmentadas. Muitas vezes as atividades educacionais nas escolas têm este
aspecto, e a transversalidade de um tema acaba sendo perdida. Se tomarmos como
exemplos os conflitos socioambientais na Amazônia, como a disputa pela posse de terra e a
resistência ao desmatamento por populações tradicionais. Neste contexto, a compreensão
da importância da floresta amazônica tem que ser entendida de uma forma ampla. Existem
vários aspectos bióticos e abióticos que mantêm e demonstram o papel no clima global
desta floresta, mas esta exposição também tem que apresentar os conflitos pela terra e o
desmatamento (LAMIM-GUEDES, 2013). Somando a isto, não se deve discutir os conflitos na
Amazônia como simplesmente problemas sobre a posse da Terra, isto faz perder todo o
sentido da vida e significado das mortes de pessoas como Chico Mendes (1944-1988), Irmã
Dorothy Stang (1931-2005) e o Zé Claudio4 (ele e sua esposa foram mortos em 24 de maio
de 2011). Há questões maiores, como o sistema econômico, luta de classes, disputas
históricas e desafios socioambientais envolvidos. Desta forma, a EA, devidamente entendida,
deve constituir uma educação permanente, geral, que reaja às mudanças que se produzem
em um mundo em rápida evolução (DIAS, 2001). Assim, a EA deve preparar o indivíduo,
mediante a compreensão dos principais problemas do mundo contemporâneo,
proporcionando-lhe conhecimentos técnicos e qualidades necessárias para desempenhar
uma função produtiva, com vistas a melhorar a vida e proteger o meio ambiente, prestando
a devida atenção aos valores éticos (DIAS, 2001). Para Carlos Minc (2005, p. 7), “O desafio é

4
TEDxAmazônia - Zé Cláudio Ribeiro acha que matar árvores é assassinato - Nov.2010
https://www.youtube.com/watch?v=78ViguhyTwQ
maior do que encontrar soluções criativas e viáveis para cada demanda isoladamente. É
necessária a integração dessas diversas percepções, a fim de se criar uma consciência
globalizadora que beneficie a cidadania e, seu conjunto”. Enquanto para Jacobi (2013):

As práticas educativas ambientalmente sustentáveis nos apontam para propostas


de ação com vistas à mudança de comportamento e atitudes, ao desenvolvimento
da organização social e da participação coletiva.
O maior desafio é a reforma do pensamento, que cria espaços de convivência e
promove mudanças de percepção e de valores, avançando para uma nova forma
de conhecimento, promovendo um saber solidário e um pensamento complexo,
aberto à possibilidade de construção e reconstrução em um processo contínuo de
novas leituras e interpretações que configuram novas possibilidades de ação
(JACOBI, 2013, p. 9).

4. Projeto Político-Pedagógico (PPP).


No Brasil, as escolas contam com um poderoso instrumento para a inserção da
Educação Ambiental na gestão e no currículo escolar – o Projeto Político-Pedagógico (PPP)
que, se executado de maneira participativa, pode se tornar uma ferramenta de
planejamento estratégico a ser construído pelos envolvidos no processo educativo (SATO et
al., 2010).

Quando professores, alunos e comunidade se envolvem na construção coletiva do PPP


da escola, os resultados revelam princípios, objetivos e meios mais coerentes com os anseios
e as necessidades desse coletivo escolar.

Esse projeto não poderá ser compreendido como uma atividade-fim, uma ação
burocrática de cumprimento de exigência legal. Nem mesmo poderá ser entendido como
uma proposta técnica de alcance de resultados. Seu sentido primeiro é revelar a
intencionalidade daqueles que desejam fazer da educação um caminho para melhorar as
condições de vida das pessoas (SATO et al., 2010).

Tão preocupante quanto à extensa lista de prioridades (salários dignos para os


professores, escolas bem aparelhadas, universalização digital etc.) – o que deveria
inspirar um grande projeto nacional apartidário e de longo prazo - é reconhecer
que os debates sobre modernização dos conteúdos pedagógicos ficam
invariavelmente em segundo plano. Uma escola descontextualizada de seu tempo,
encapsulada nas rotinas burocráticas que apequenam sua perspectiva
transformadora, está condenada ao marasmo que entorpece sua história e o seu
legado. É uma escola que não consegue mobilizar professores, alunos e a
comunidade ao seu redor em torno de objetivos comuns que emprestem sentido à
existência da própria instituição (TRIGUEIRO, 2011, s.p., grifo nosso).

Uma escola descontextualizada de seu tempo contribui para a crise ambiental que
vivemos, uma vez que não trata adequadamente ou suficientemente temas relacionados a
questão ambiental e sustentabilidade e consequentemente não prepara os alunos para
levarem uma vida mais sustentável.

5. Algumas práticas de Educação Ambiental.


As práticas de EA podem ser caracterizadas como ações pedagógicas com um objetivo
voltado ao meio ambiente ou questões socioambientais. Desta forma, diversas atividades
dentro ou fora da sala de aula, assim como em situações não-formais, podem contribuir para
a formação ambiental dos participantes.

5.1. Atividades escolares de educação ambiental para a sustentabilidade.

5.1.1 Horta escolar.


A proposta pedagógica da horta escolar vai muito além da produção de alimentos para
diversificar a merenda escolar. O desenvolvimento e manutenção de uma horta escolar deve
ter como foco integrar as diversas frentes e recursos de aprendizagem, inserido ao dia a dia
da escola. Desta forma, uma horta escolar pode ser uma fonte de observação e pesquisa
exigindo uma reflexão diária por parte dos educadores e educandos envolvidos.

5.1.2 Confecção de cartazes ou murais.


A confecção de cartazes é uma atividade fácil e barata que gera conhecimento e
possibilita momentos de colaboração entre os alunos. E como geralmente são utilizados
materiais que iriam para o lixo, torna-se uma forma de desenvolver nos alunos concepções
mais sustentáveis.

5.1.3 Oficinas pedagógicas.


As oficinas pedagógicas são uma “forma de ensinar e aprender, mediante a realização
de algo feito coletivamente”, sendo uma modalidade de ação (VIEIRA; VOLQUIND, 2002,
p.11). “Toda oficina necessita promover a investigação, a ação, a reflexão; combinar trabalho
individual e a tarefa socializada; garantir a unidade entre a teoria e a prática” (VIEIRA;
VOLQUIND, 2002, p.11). Portanto, as oficinas pedagógicas são uma boa oportunidade para
que os alunos possam desenvolver e aprimorar aspectos como a leitura, a escrita, o diálogo,
bem como o debate e discussão sobre questões que envolvam a sustentabilidade.

5.1.4 Mídias na educação.


Os debates e filmes em sala de aula são ótimas iniciativas para que os alunos
desenvolvam diversas habilidades como a articulação de ideias e o trabalho em conjunto. O
debate pode ser estimulado por uma leitura anterior ou após a exibição de um
documentário.
5.1.5 Uso da internet: educação e meio ambiente.
As facilidades possibilitadas pelos computadores, celulares e internet favorecem a
comunicação e, em relação à EA, permite tanto a obtenção de informações, por meio de
uma pesquisa em fontes on-line, como pela produção de conteúdo, por meio de um blog ou
redes sociais. A partir da possibilidade de obter informações e gerar conteúdos (que pode
ser articulada com ações de educomunicação), podemos obter informações sobre os
problemas socioambientais ou participar de campanhas através da internet.

5.1.6 Produção de Informativos sobre a comunidade escolar e Rádio Escolar –


Educomunicação.
O uso pedagógico da Rádio escolar, assim como de outras mídias, como o jornal, filmes
e a internet, são formas de educomunicação. De acordo com Tassara, o termo
educomunicação refere-se a:

processos de comunicação com intencionalidade educacional expressa e que


envolve a democratização dos processos de produção e de gestão da informação
em todos os veículos de comunicação e formatos audiovisuais. Processos de
educomunicação podem ser definidos, também, como processos educativos que
visam levar à apropriação das linguagens midiáticas e à produção democrática e
autônoma de produtos de comunicação (audiovisuais, vídeos, programas de
televisão e de rádio, jornais, revistas etc.), por meio dos quais os participantes
passam a exercer seu direito de produzir informação e comunicação, divulgando
suas ações e opiniões (TASSARA, 2008, p. 80 apud COSTA, 2008, s.p.).

O termo educomunicação ambiental ou socioambiental corresponde à dimensão


pedagógica dos processos comunicativos ambientais, baseada em uma perspectiva
participativa, coletiva e dialógica. Focada nas interações sociais e dos homens com a
natureza, ela estimula um olhar crítico acerca da produção de conhecimento e de cultura
(COSTA, 2008).

5.1.7 Melhorias no Convívio Escolar.


Ações para melhorias do convívio escolar estão relacionadas à mudança de valores.
Bonotto (2015) explica que o “que o atual sistema de valores sobre os quais nossa sociedade
se apoia torna nossa civilização insustentável”. Desta forma, a EA, ao propor novas formas
de relação sociedade-natureza e entre as pessoas, contribui para a construção de novos
valores. Assim, possibilitar momentos de convivência da comunidade escolar, indo além de
situações em sala de aula, como em debates e projetos socioambientais contribui para a
formação de cidadãos mais participativos.

Neste sentido, é muito importante promover mudanças na infraestrutura dentro dos


ambientes escolares que favoreçam a convivência na comunidade escolar. Santos, Rodelli e
Lamim-Guedes (2016) relatam várias ações de reconfiguração do espaço escolar e inovações
realizada durante o projeto “geração sustentável”. Entre as ações desenvolvidas estão a
construção de uma horta escolar agroecológica, criação de espaços para convivência e para
aulas extraclasse, grafites com mensagens educativas, plantio de árvores, realização de
compostagem dos resíduos da merenda e a organização de eventos culturais.

5.2. Atividades de Educação Ambiental para a Sustentabilidade fora da escola.

5.2.1 Áreas verdes.


Aqui estamos considerando áreas verdes como áreas com vegetação natural ou não
dentro e fora das cidades, desta forma, estão inclusos, entre outros, parques ecológicos e
parques urbanos.

Estas áreas apresentam um grande potencial como ferramentas pedagógicas. No


entanto, para realmente contribuírem para a aprendizagem dos alunos ou participantes de
algumas atividades educativas, deve-se realizar um planejamento. Este planejamento deve
incluir um roteiro pré-definido da visitação, informações relevantes para serem tratadas
durante a visita.

Uma grande diversidade de temas pode ser tratada em áreas verdes, por exemplo,
biodiversidade, ciclos biogeoquímicos (ciclo da água, do carbono do nitrogênio, entre
outros) e botânica.

5.2.2 Museus de Ciência e Técnica.


A ação educativa dos museus atende a um público heterogêneo, formado não somente
por estudantes, mas também por pessoas externas ao meio escolar. Desta forma, esta
diversidade de visitantes tem a possibilidade de obter informações sobre a fauna exposta,
sendo conscientizados sobre questões pertinentes a este tema: importância, ameaças e
conservação. A discussão tem que ir além do simples combate a práticas como a caça e dos
problemas ecológicos relacionados, e sim discutir que muitas vezes a caça é uma fonte de
proteína animal importante, ou dependendo do caso a única, desta forma, existem aspectos
sociais e econômicos envolvidos.

Uma ação educativa com esta abordagem integrada de vários assuntos diferentes,
mas interligados, é um fator muito importante para o desenvolvimento de opinião crítica no
público alvo. Esta abordagem ampla é essencial para uma ação educacional que busque a
sustentabilidade.

5.2.3 Passeios Escolares.


Promoção de passeios escolares nas escolas para estimular a vivência prática dos alunos
em relação ao que foi aprendido e ensinado em sala de aula. É importante para o
desenvolvimento de uma percepção ambiental ampliada, que os alunos frequentem
ambientes diferentes daqueles dos quais já estão familiarizados. Os passeios possibilitam ao
corpo docente, proporcionar aos alunos uma interação maior entre eles e com o ambiente a
ser visitado, promovendo assim uma melhor percepção do aluno em relação ao seu espaço e
seu papel dentro do contexto social em que vive. Fazendo visitas a locais que utilizem
métodos sustentáveis de funcionamento e gestão, podem acrescentar muito à formação
desses alunos, que após as visitas podem elaborar trabalhos a partir do que assimilaram das
visitas feitas (BAGNOLO, 2010).

Conhecer o entorno da escola é muito importante, com isto os alunos poderão


conhecer melhor a realidade do local onde vivem. Estas visitas são interessantes porque
geralmente não dependem de transporte e podem ser realizadas no tempo de uma ou duas
aulas.

6. Considerações finais.
Neste capítulo, descrevemos o surgimento da educação ambiental a partir do
movimento ambientalista dos anos 1960-70 e como esta passou a integrar a realidade das
escolas e outras instituições nas últimas décadas. Demos destaque para os princípios da
educação ambiental para sustentabilidade, que são essenciais para proposição e
desenvolvimento de ações de educação ambiental. Destacamos a importância da
contextualização, como forma de aproximação das informações apresentadas ao cotidiano
dos alunos. Apresentamos também que a institucionalização da educação ambiental nas
escolas, cujo primeiro passo é a inserção desta no PPP de uma escola, é essencial para o
trabalho interdisciplinar. Por fim, apresentamos algumas práticas de educação ambiental
para que sirvam de exemplo e que sejam adequadas à sua realidade.

7. Conte para nós alguma coisa que você sabe sobre educação ambiental.
Neste texto buscou-se dar uma visão geral da educação ambiental e de seus desafios.
Agora você é nosso convidado para participar do fórum “Conte para nós alguma coisa que
você sabe sobre educação ambiental”. Compartilhe no fórum alguma experiência que você
conhece ou já desenvolveu sobre educação ambiental ou compartilhe um texto, como artigo
ou um livro, sobre algum tema relacionado a este curso.

Referências.
BAGNOLO, C. M. Empresariado e Ambiente: algumas considerações sobre a educação
ambiental no espaço escolar. Ciência & Educação, São Paulo, v. 16, n. 2, p.401-413, 2010.
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O texto Educação para a sustentabilidade – Educação Ambiental: ações pedagógicas para a


Sustentabilidade de Valdir Lamim-Guedes está licenciado com uma Creative Commons - Atribuição-
CompartilhaIgual 4.0 Internacional. Para saber mais sobre os tipos de licença, visite
http://creativecommons.org.br/as-licencas
Neste capítulo apresentamos os princípios da
educação ambiental, destacando seu histórico e a
relevância da transversalidade da questão ambiental.
Depois tratamos de dois aspectos muito importantes
para a efetividade das ações de educação ambiental, a
contextualização e, no contexto escolar, a inserção da
temática socioambiental no Projeto Político Pedagógico,
reforçando as possibilidades de desenvolvimento de
ações. A segunda parte do texto é voltada à
apresentação de algumas práticas de EA, que são ações
pedagógicas com um objetivo voltado ao meio
ambiente ou questões socioambientais.

http://poca.ufscar.br/

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