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ALBUQUERQUE Jr, Durval Muniz de.

Projeto História: Revista do Programa de estudos pós-


graduados de História.

"QUEM É FROXO NÃO SE METE": VIOLÊNCIA E MASCULINIDADE COMO


ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA IMAGEM DO NORDESTINO.

Mario Pereira Neves


Licenciatura Plena História – UESPI
Compus – Heróis do Jenipapo

Este texto analisa como aparece o nordestino neste discurso. O que chama a atenção é o
fato de que o nordestino é pensado apenas como uma figura masculina e à masculinidade está
associada necessariamente a violência.

O texto começa falando que era "tempo de política", 12 de setembro de 1976. E sabe-se
que em “tempos de política”, a coisa fica acirradas nas cidadezinhas do sertão Nordestino, por
conta de os candidatos rivais a todo os momentos ficarem se digladiando. A cidade de Caicó se
vê abalada por um grande crime. Um rapaz que matou a sua namorada e prima após estuprá-la,
enforcando-a com sua camisa, já que esta resistiu ao "atentado à sua honra". O acontecimento,
parece, só teria vindo confirmar as suspeitas dos pais de Ritinha que já a alertaram para não sair
mais com o rapaz. O que mostra o quão violento foi o crime, estupra-la por não aceitar, seus
caprichos.

A partir da construção social do que é ser masculino e sua dominação e as relações


sociais de sexo na sociedade, este texto procura analisar como a imagética discursiva do modelo
de macho vem majorar o estereótipo de masculinidade. Logo, o texto vem a questionar o que é
ser macho e o que é ser masculino, dentro da espacialidade do sertão nordestino e ponderar em
torno da possibilidade de transgressão, que o dito ''homem mole'' causa enquanto ser político e
detentor de uma singularidade específica. Analisando os discursos de reprodução de tal modelo
pela ilustração de três cordéis de natureza sertaneja, interrogando sobre a virilidade enquanto
dignificação, assim, pensando sobre o medo do homem de não ser macho.

Em uma região onde o espaço e o sujeito são marcados pelo estereótipo de ''macheza'',
violência e valentia, sendo esses motivos de orgulho para um tradicionalismo, no qual é encosto
de instituições sociais como a família de núcleo patriarcal, o homem no sertão nordestino é uma
construção discursiva regionalista de ordem social. O Nordeste deveria ser visto e lido numa só
direção para que seu efeito de verdade fosse eficiente politicamente.

Desenhada no mapa pelo pensamento regionalista e tradicionalista o recorte de Nordeste


se baseou na invenção do ver e dizer. As artes e as outras práticas culturais de se construir
narrativas foram se emparelhando ao ponto de inventar uma região que até então era somente
filha das secas, o nordeste foi se descobrindo como pátria e surgiu enquanto ''consciência''.

O cordel como arte nordestina. A cantoria de versos foi e é suporte da emergência de


uma visão e dizer desse recorte geográfico nordestino. O cordel parece ser o lugar onde a
agressividade e a violência que vão sendo cada vez mais policiadas, vigiadas e punidas,
principalmente se esta é praticada pelo pobre. À medida o cangaço, o jaguncismo, aos
enfrentamentos violentos entre parentes, vai ganhando terreno, estas personagens vão ganhando
as páginas da literatura popular, para se tornarem mitos. O discurso do cordel parece funcionar,
nestes momentos, como uma vingança imaginária contra os poderosos que não se pode atingir.

E para finalizar o texto diz que não se faz a história sem violência, a violência do
simulacro, do imaginário, do diferente, da desordem, do diabólico. Violência, não para afirmar
a dominação, como achamos ser o caso da presente no cordel, que reafirma o poder masculino
e teme a potência do feminino, mesmo que não deixe de falar da potência masculina e da
possibilidade de contestação à ordem, mas a violência para contestá-la, para criar para além
dela.

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