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DICAS PARA A ESCRITA DO RELATO DE MEMÓRIAS 3 – Descrição dos detalhes:

1 – Contextualizar - situar o tempo e o lugar: Além de descrever os lugares, as pessoas, a natureza, os objetos, etc o narrador também conta o
que sentiu, como estava emocionalmente naquele momento, por que se sentia assim, etc. A
Em geral, o início de um texto de memórias literárias, é dedicado a situar o leitor no tempo e, riqueza de detalhes permite até imaginar a cena e desenhá-la.
principalmente, no espaço em que se passam as lembranças do narrador.
Para ajudar na descrição, durante a entrevista, você pode pedir para olhar fotos ou manusear
“Quando chovia, no meu tempo de menino, a casa virava um festival de goteiras. Eram objetos ou roupas daquela época, se o entrevistado tiver. Depois da entrevista, você pode
pingos do teto ensopando o soalho de todas as salas e quartos. Seguia-se um corre-corre pesquisar fatos, imagens da mesma época do relato do entrevistado para clarear suas
dos diabos, todo mundo levando e trazendo baldes, bacias, panelas, penicos e o que mais informações e melhorar a forma como vai expor as informações no seu texto.
houvesse para aparar a água que caía e para que os vazamentos não se transformassem
numa inundação. Os mais velhos ficavam aborrecidos, eu não entendia a razão: aquilo 4 – Nem sempre foi assim...
era uma distração das mais excitantes.”
Na escrita de memórias literárias, os autores se preocupam em caracterizar lugares e pessoas
Fernando Sabino. O menino no espelho, Rio de Janeiro: Record, 1992. considerados importantes nas experiências vividas no passado. Eles também comparam o tempo
passado com o atual, destacando, muitas vezes, as diferenças. Esse aspecto, próprio do gênero
memórias literárias, permite ao narrador fazer uma relação do passado com o presente, tornando
“Aracaju, a cidade onde nós morávamos no fim da década de 40, começo da de 50, era a o texto mais curioso para o leitor.
orgulhosa capital de Sergipe, o menor estado brasileiro (mais ou menos do tamanho da
Suíça). Essa distinção, contudo, não lhe tirava o caráter de cidade pequena, provinciana e 5 – Como tornar o relato um texto mais criativo e interessante:
calma, à boca de um rio e a pouca distância de praias muito bonitas.”
Alguns recursos, algumas formas de dizer que tornam singulares os fatos escolhidos pelos
João Ubaldo Ribeiro. “Memória de livros”, in: Um brasileiro em Berlim. Rio de autores. Observe no quadro abaixo, a mudança de “aparência” do texto dito pelo narrador e a
Janeiro: Objetiva, 2011, p. 105.
forma como foi escrito para apresentar aos leitores:

2 - Após a leitura dos trechos de contextualização das memórias, cada autor escolhe, de suas
lembranças, fatos que foram marcantes. Ao longo do texto, ele relata o acontecido e revela (ou
sugere) para o leitor os motivos que tornam significativos os fatos contados. Fernando Sabino
conta vários episódios de sua vida de menino: a galinha de estimação que ele tentava proteger da
cozinheira; o passeio ao campo de aviação; a casa abandonada; o amigo valentão; o primeiro
amor… João Ubaldo fala sobre o período em que viveu em Aracaju: como aprendeu a ler, o
cheiro dos livros, o empenho de seu pai para que começasse logo a ler, o contato com a
professora Gilete, as leituras oferecidas pela avó durante as férias escolares.

2 - O narrador:

O narrador em primeira pessoa é o narrador-personagem ou narrador-testemunha. No caso de


memórias literárias teremos, geralmente, o narrador-personagem, que tem por característica se
apresentar e se manifestar como eu e fala a respeito daquilo que viveu. O narrador em primeira
pessoa conta a história dele sempre de forma parcial, considerando um único ponto de vista: o
dele.

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