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TRABALHANDO

COM O GÊNERO
"MEMÓRIAS"
Patrícia A. B. Romano
Texto inspirador:
MEMÓRIAS DA
EMÍLIA, de Monteiro
Lobato
Conheça o livro:

1a. edição- 1936


Ilustrações de
Belmont
Edição capa dura-
2017-Ilustrações de
André Le Blanc
Para evitar uma visão homogênea, busca-se observar que, no interior de uma
sociedade, há formas de registros variados, e que cada grupo produz suas memórias
como elemento que impulsiona o estabelecimento de identidades e o
reconhecimento de pertencimento a um grupo social determinado. As memórias
podem ser individuais ou coletivas e podem ter significações variadas, inserindo-se
em uma lógica de produção de patrimônios (materiais ou imateriais) que dizem
respeito a grupos ou povos específicos (BNCC, 2017, p. 404)

Sobre o
gênero Algumas HABILIDADES:
(EF01ER05) Identificar e acolher

"memórias" na sentimentos, lembranças, memórias e


saberes de cada um.

BNCC:
(EF01ER06) Identificar as diferentes
formas pelas quais as pessoas
manifestam sentimentos, ideias,
memórias, gostos e crenças em
diferentes espaços (BNCC, 2017, p. 443)
Memória:
lembrança, O gênero
reminiscência, memórias
experiência(s) Memórias: relatos
vivida(s) no dessas literárias
passado experiências, feitos
por alguém, de
forma ficcional, a Narrador em primeira
partir de situações pessoa protagonista ou
vivenciadas por testemunha ou ainda
esse alguém ou por em terceira pessoa,
ele testemunhadas quando conta, com
onipresença, a história
de outrem
Alguns livros de memórias em nossa literatura
Memórias em Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), de
Machado de Assis, p. 07
Memórias em Memórias de um cabo de vassoura (1969),
de Orígenes Lessa
“Eu já fui cabo de vassoura, confesso. Um cabo de vassoura como tantos outros. Seria longo contar tudo o que
tenho passado nesta longa vida, desde que me arrancaram da árvore em que fui tronco e me levaram a
uma oficina, onde fui cortado, torneado e mil coisas sofri, até conhecer a nova função que me reservava o
destino.
“Muitos, [dos meus irmãos de madeira] hoje, são caixas e caixotes. Graças a isso, têm acabado conhecendo
até países estrangeiros, levando laranjas ou latas de conserva. Outros acabaram mesas, cadeiras, armários,
móveis de toda sorte. Tenho primos que são portas, janelas e se contentam olhando o
movimento da rua. Alguns, tão orgulhosos no tempo das folhas, quando o vento passava e
assobiava no arvoredo, são hoje, apenas, soalho. Fraco destino, para quem vivia na altura e sonhava, na
pior das hipóteses, ser, pelo menos, teto ou armação de telhado, coisa que, para ser vista, obriga o bicho homem a
levantar a cabeça. Ser pisado e repisado o dia inteiro, tábua humilde de assoalho, por pés desconhecidos, de
sapato sujo, é triste para quem já foi árvore e enfrentou raios e ventanias.
Tenho visto e ouvido muita queixa pela vida afora. Mas o triste, mesmo, a suprema humilhação
para quem foi árvore, é acabar caixão de defunto.”

Trecho de
Origenes Lessa
Cliente
https://itunes.apple.com/WebObjects/MZStore.woa/wa/viewBook?id=0Este material pode estar protegido por
copyright.Trecho de Origenes Lessa Cliente
https://itunes.apple.com/WebObjects/MZStore.woa/wa/viewBook?id=0, acesso em 21/02/2023.

Memórias em Memórias Inventadas (2008), de Manoel de


Barros, com Iluminuras

de Marta Barros
A ESCOVA

Eu tinha vontade de fazer como os dois homens que vi sentados na terra escovando osso.
No começo achei que aqueles homens não batiam bem. Porque ficavam sentados na terra o
dia inteiro escovando osso. Depois aprendi que aqueles homens eram arqueólogos. E que
eles faziam o serviço de escovar osso por amor. E que eles queriam encontrar nos ossos
vestígios de antigas civilizações que estariam enterrados por séculos naquele chão. Logo
pensei de escovar palavras. Porque eu havia lido em algum lugar que as palavras eram
conchas de clamores antigos. Eu queria ir atrás dos clamores antigos que estariam
guardados dentro das palavras. Eu já sabia também que as palavras possuem no corpo
muitas oralidades remontadas e muitas significâncias remontadas. Eu queria então escovar
as palavras para escutar o primeiro esgar de cada uma. Para escutar os primeiros sons,
mesmo que ainda bígrafos. Comecei a fazer isso sentado em minha escrivaninha. Passava
horas inteiras, dias inteiros fechado no quarto, trancado, a escovar palavras. Logo a turma
perguntou: o que eu fazia o dia inteiro trancado naquele quarto? Eu respondi a eles, meio
entressonhado, que eu estava escovando palavras. Eles acharam que eu não batia bem.
Então eu joguei a escova fora. (BARROS, 2003, p. 10)
Memórias em Meu Vô Apolinário (Um mergulho no rio da
minha memória), de Daniel Munduruku (Ilustrações de
Rogério Borges, 2001, p. 9)
Memórias em Memórias da Emília (1936), de Monteiro Lobato
Contar um momento especial da vida: passado distante, passado
01 recente, viagens,acontecimento importante,
motivadas por cheiros, por fotos, por músicas ...
situações

Criando 02 Reunir fotos antigas e objetos nostálgicos;

memórias
literárias
Recriar os fatos como provavelmente aconteceram, lembrando
03 que nossas memórias nos enganam, por isso, tente convencer o
leitor sobre o que escreve, mesmo que sua memória seja
em sala ficcional;

de aula 04 Pense no início e no fim: seu texto tem de ter um plano!;

05 Pense em metáforas, comparações, descrições, sinestesias,


onomatopeias, sentimentos.
Como professores de
leitura e literatura: Serão nossos alunos os escritores
de sua própria história? Mais do
Temos de ter nossas que ajudá-los a encarnar
memórias literárias. São elas personagens que contem suas
que conduzem nossos alunos histórias, temos de contribuir para
pelo mundo difícil e pedregoso que eles “escrevam”, cada vez de
das palavras, dos sons, das forma mais competente, a sua
imagens que compõem a própria história. E sabemos que a
literatura, de alguma forma, pode
multissemiose de gêneros com
contribuir para isso: ela nos
os quais, hoje, nossos alunos
humaniza em sentido profundo e
se deparam constantemente nos faz viver melhor (Candido,
(e nós também). 2002).
Referências
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Scipione, 1994.
BARROS, Manoel. Memórias Inventadas: Infância. Iluminuras de Martha Borges. São Paqulo: Planeta,
2003.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Disponível em
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf, acesso em
21/02/2023.
LESSA, Orígenes. Memórias de um cabo de vassoura. Disponível em
https://itunes.apple.com/WebObjects/MZStore.woa/wa/viewBook?id=0, acesso em 21/02/2023.
LOBATO, Monteiro. Memórias da Emília. Ilustrações de Paulo Borges. São Paulo: Globo, 2007.
MUNDURUKU, Daniel. Meu Vô Apolinário. Ilustrações de Rogério Borges. São Paulo: Studio Nobel,
2001.
OBRIGADA!

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