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1.

SOBRE O ENCONTRO
O seminário Memória, reconhecimento e reparação, organizado pelo Instituto Ibirapitanga, com
cocuradoria da historiadora Luciana Brito e cofinanciamento da Imaginable Futures, busca oferecer
contornos para o debate sobre memória como tecnologia ancestral e meio de reconhecimento do
passado-presente da escravidão transatlântica possibilitando o desenho de políticas de reparação.

2. CONTEXTO E PREMISSAS
Em 2023, observamos o reaquecimento de um debate histórico dos movimentos negros brasileiros e
diaspóricos em torno da necessidade de enfrentar o legado presente da escravidão por meio de
políticas de reparação que possibilitem o desenho de novos futuros. No último semestre, o Fórum
permanente da ONU para populações afrodescendentes retomou a discussão sobre políticas de
reparação no contexto global. No Brasil, foi aprovada uma nova Lei de Cotas para acesso à
universidade , reafirmando o compromisso da sociedade brasileira com esta política de reparação.

É neste contexto que realizamos o seminário, como espaço para ampliar o debate da memória
enquanto meio de reparação, destacando a sua importância na sustentação de políticas públicas e
iniciativas que visam reduzir desigualdades persistentes. Longe de esgotar o tema, mas buscando
oferecer novos caminhos, o seminário tem o objetivo de oferecer essa reflexão a partir das seguintes
premissas:

1/ O passado é objeto de subjetividades e produz sensibilidades e traumas sociais, traduzidos em


memórias e crenças para a sociedade brasileira. O reconhecimento desta dor, no entanto, não pode
estar desvinculado da necessidade e interesse em entender e reconhecer como a população
afro-brasileira elaborou tecnologias e formas de sobreviver aos impactos deste passado produzindo e
mobilizando tradições ancestrais afro-diaspóricas.

2/ A discussão sobre memória, reconhecimento e reparação deve partir do debate ocorrido durante
a conferência de Durban (2001), com ampla liderança dos movimentos negros brasileiros, sobre
memória como política reparatória de dívidas históricas, resultado do reconhecimento da escravidão
como crime contra a humanidade.

3/ O passado é ainda hoje motivo de disputas políticas e de tensionamentos sobre diferentes


perspectivas da história. É necessário dialogar com os movimentos sociais negros, pesquisadoras e
pesquisadores, para compreender como a sociedade civil têm articulado memória e justiça ao se
apropriar do passado, produzindo uma leitura autônoma sobre o mesmo.

4/ É nossa grande preocupação, observando outras iniciativas da diáspora, propor maneiras de


abordar o passado sem violar e desumanizar, pela segunda vez, a memória das pessoas que foram
vítimas diretas do racismo escravista e das políticas eugenistas do pós-abolição.
3. ORGANIZAÇÃO E CURADORIA
Ao reunir pessoas com experiências, trajetórias, projetos e interesses diversos, o encontro pretende
construir um painel de diálogos com os atuais desafios, necessidades e possibilidades de avanço
neste campo no Brasil, em conexão com outros contextos da diáspora.

A curadoria do evento buscou autoras, autores, pesquisadoras, pesquisadores, ativistas,


representantes do governo e órgãos públicos e intelectuais negras/os que tenham reflexão e atuação
nos temas centrais do encontro: memória, reconhecimento e reparação. O objetivo é estabelecer
pontes e conexões que possibilitem avanços nas discussões e solidifiquem a reflexão crítica sobre a
memória como mecanismo de reconhecimento para construção de políticas de reparação. A
curadoria foi realizada pelo Ibirapitanga e pela Professora Luciana Brito. O evento é cofinanciado pelo
Ibirapitanga e Imaginable Futures.

Instituto Ibirapitanga
O Instituto Ibirapitanga é uma organização dedicada à defesa de liberdades e ao aprofundamento da
democracia no Brasil. Desde 2017, apoia iniciativas a partir de seus dois programas – Equidade racial
e Sistemas alimentares. Por meio de doações, o Instituto apoia organizações, movimentos e coletivos
da sociedade civil brasileira que desejam produzir transformações estruturais positivas no país.

Luciana Brito
Luciana Brito é historiadora, especialista nos estudos sobre escravidão, abolição e relações raciais no
Brasil e Estados Unidos. É autora do livro “Temores da África: segurança, legislação e população
africana na Bahia oitocentista”, professora da UFRB e colunista no Nexo Jornal. Contribuiu na
curadoria deste Seminário.

Imaginable Futures
A Imaginable Futures é uma organização de investimento filantrópico global voltada pelo impacto em
primeiro lugar e pela crença de que a aprendizagem é a chave para o bem-estar e para sistemas
equitativos e saudáveis. Colabora com agentes de mudança e comunidades para resolver desafios
complexos de educação e coprojetar soluções que funcionem para os que mais precisam. Com
parceiros nos setores público, privado e social que atuam no Brasil, na África Subsaariana, nos
Estados Unidos e além, cocriando soluções transformacionais em contextos locais, nacionais e
globais para alunos de todas as idades.

4. METODOLOGIA E PROGRAMAÇÃO
O encontro acontecerá nos dias 12 e 13 de Setembro, presencialmente, no Rio de Janeiro, no Museu
de História e Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB), das 9h às 18h.

O espaço do Museu comporta até 200 pessoas e a participação no evento será restrita mediante
inscrição prévia. As inscrições foram abertas no dia 15 de agosto para uma lista de pessoas
convidadas. Caso haja vagas, a inscrição será aberta para o público amplo. Não haverá transmissão
ao vivo. O evento será gravado e o conteúdo das mesas será divulgado posteriormente através dos
canais do Ibirapitanga e por meio de produção de livro, em parceria com a Editora Fósforo. Teremos
alimentação (coffee break, almoço) disponível no local do evento.
PROGRAMAÇÃO

PRIMEIRO DIA - 12 DE SETEMBRO


Os participantes devem programar a sua chegada para às 9h.

ABERTURA
12 de Setembro, 2023 l 9h30
Egbomi Cici de Oxalá

Raízes da memória negra: ancestralidade e resistência no silêncio e na voz


12 de setembro, 2023 | 10h
Conceição Evaristo, Nego Bispo e Tássia Mendonça (Mediadora)

O mar vagueia onduloso sob os meus pensamentos


A memória bravia lança o leme:
Recordar é preciso.
O movimento vaivém nas águas lembranças
dos meus marejados olhos transborda-me a vida,
salgando-me o rosto e o gosto.
Sou eternamente náufraga,
mas os fundos oceanos não me amedrontam
e nem me imobilizam.
Uma paixão profunda é a boia que me emerge.
Sei que o mistério subsiste além das águas.

Poemas de Recordação
Conceição Evaristo

Esta mesa tem como objetivo refletir sobre as formas nas quais o passado é objeto de produção de
subjetividades, sensibilidades, traumas, memórias e crenças individuais e coletivas. Entre o dever de
lembrar e o desejo de esquecer, o povo negro em diáspora navegou diferentes modalidades de
memorialização. Seja nas comunidades de terreiro, ou entre os povos quilombolas, a cultura
afro-brasileira reinventou mecanismos de memorialização do passado e suas tradições por meio da
história oral, do segredo e da preservação de costumes ancestrais. Através do olhar sobre a cultura
popular, da compreensão dos silêncios e do entendimento das (re)leituras mais diversas do passado,
reconhecemos o papel transformador e fundamental dos movimentos que tomam para si a tarefa de
democratizar o poder de contar a história do Brasil. É nosso interesse entender e reconhecer como a
população afro-brasileira elaborou tecnologias e formas de sobreviver aos impactos deste passado e
seu legado no presente, produzindo e mobilizando tradições afro-diaspóricas.
Nada os trará de volta: políticas de reparação e seus limites
12 de setembro, 2023 | 12h
Edson Cardoso, Salloma Salomão e Ynaê Lopes (Coordenadora)

Os olhos de nossos antepassados


negras estrelas tingidas de sangue,
elevam-se das profundezas do tempo
cuidando de nossa dolorida memória.
Poemas de Recordação
Conceição Evaristo

A afirmação de Hannah Arendt sobre a importância do testemunho na construção da verdade


histórica aponta para a fragilidade da memória diante do assédio do poder. Essa construção, tão bem
articulada por Edson Cardoso, nos remete também aos limites da memorialização e o seu dever
diante de quem foi apagado nos anais da história hegemônica. O objetivo desta mesa é avaliar quais
mecanismos de memória devem ser empregados para, de forma efetiva e ao mesmo tempo
respeitosa e sensível, revisitar o arquivo colonial e resgatar as vozes, trajetórias e perspectivas
silenciadas. Observando outras iniciativas da diáspora, a reflexão está voltada a propor maneiras de
abordar o passado sem violar e desumanizar, mais uma vez, a memória das pessoas que foram
vítimas diretas do racismo escravista e das políticas eugenistas do pós-abolição. A proposta é refletir
sobre as diversas estratégias de fabulação crítica, de narrativa literária e pesquisa histórica, que
possam contribuir com o refazimento da memória negra enquanto mecanismo de revelação do
legado presente da escravidão.

O que deve a branquitude? Memória como dispositivo de poder


12 de setembro, 2023 | 15h a 16h30
Lia Schucman, Alex de Jesus e Fernando Baldraia (Coordenador)

Essa mesa tem por objetivo refletir sobre a interface entre branquitude e a construção de narrativas
históricas hegemônicas que sistematicamente garantiram a perpetuação de dinâmicas de exclusão e
segregação racial. Importa igualmente compreender o que significa falar de reparação diante da
compreensão dos mecanismos que sustentam a branquitude enquanto uma estrutura de
manutenção das hierarquias raciais. De que forma o desvelar da branquitude pode ensejar o
desenho de políticas reparatórias? Como a quase exclusividade da detenção da produção de
memória pública e oficial funciona como mecanismo de fortalecimento da identidade e poder de
determinados grupos sociais, enquanto outros acabam ocupando um "não-lugar histórico", ou um
lugar de negação, na construção da sociedade brasileira?
Memórias da luta: Reparação Já!
12 de setembro, 2023 | 17h à 18h30
Fernanda Thomaz, Valdecir Nascimento, Vilma Reis e Selma Dealdina (Coordenadora)

Há 30 anos, em Junho de 1983, o então deputado Abdias do Nascimente propunha à Câmara Federal
um projeto de lei voltado à implementação de uma ampla política de reparação para garantir a
“isonomia social do negro” em diversos campos, tais como: educação, economia e serviços públicos.
O projeto, arquivado pelo Congresso em 1989, ainda organiza o sonho inconcluso de liberdade do
povo negro e objeto constante de sua luta. Se no campo da educação, em mais de 10 anos de
políticas de ação afirmativa, foi possível caminhar no sentido da garantia de direitos, o desafio atual é
ampliar o escopo das políticas públicas reparatórias, em diálogo com o legado dos movimentos
negros e sua presente e contínua liderança. Com efeito, a realidade da violência racial e da exclusão
socioeconômica da população negra é fato incontornável e legado presente da escravidão, de modo
que as conquistas garantidas pela implementação da política de cotas, bem como o início do proceso
de titulação de terras quilombolas, demonstram a necessidade de ampliar a agenda de políticas
reparatórias. O objetivo dessa mesa é refletir sobre a construção, histórica e atual, de uma agenda de
políticas públicas de reparação, considerando os avanços no campo da educação, e os desafios ainda
a serem enfrentados tanto nesta área quanto no acesso à terra, trabalho, saúde e desenvolvimento
econômico.

SEGUNDO DIA - 13 DE SETEMBRO


Os participantes devem programar a sua chegada para às 9h.

ABERTURA
Fala de abertura com a Ministra Anielle Franco | 9h30

Da memória à reparação: caminhos de reconhecimento da dívida histórica


13 de setembro, 2023 | 10h a 11h30
Justin Hansford e Nathalia Oliveira (Coordenadora)

A história, a despeito de sua dor dilacerante, não pode ser


desfeita, mas se olharmos para a história com coragem não
precisaremos vivê-la novamente.
Maya Angelou

Na declaração produzida em 2001 durante a conferência de Durban contra o racismo, a


discriminação racial, xenofobia e intolerancias correlatas, a ONU reconheceu a escravidão e o tráfico
de africanos como crime contra a humanidade, bem como o direito à memória como política de
reparação. Recontar a história é produzir memória e esta pode nos conduzir para um caminho de
justiça e igualdade, respeito e democratização dos territórios e direitos. Esta mesa tem por objetivo
discutir como políticas de suporte à memória de determinados grupos sociais podem intervir como
meio de reparação, salientando a sua importância na sustentação de políticas públicas e iniciativas
que visam reduzir desigualdades antigas e persistentes. Seja na luta das mães e dos familiares de
vítimas de Estado, no enfrentamento à violência racial, na luta pelo fim do encarceramento em
massa, na contestação e destruição de monumentos nacionais, ou na construção de tensionamentos
e novas narrativas históricas, essa mesa propõe debater o poder político da memória e sua
relevância para a transformação social.

Memória em disputa: monumentos, acervos e museus nas políticas de reparação


13 de setembro, 2023 | 12h à 13h30
Ana Maria Gonçalves, Galo de Luta e Mário Chagas (Coordenador)

“30 anos eu falando sobre o Sagrado. 30 anos eu


falando sobre as coisas
nossas que estão nas mãos da polícia. Palavras da
minha avó. A de partir dessas palavras nós
chegamos até aqui”
Iya Meninazinha d’Oxum

Como enfrentar a dívida histórica do Estado brasileiro na preservação da memória nacional/oficial


em detrimento das tradições, história e cultura afro-brasileiras? Desde a devolução de acervos para
suas comunidades/países de origem, experiências de gestão compartilhada com comunidades
tradicionais, até a revisão dos padrões coloniais arquivísticos e de catalogação museológica, muitas
são as dimensões para analisar o papel que instituições públicas de memória podem/devem
desempenhar no enfrentamento ao racismo. Considerando o papel histórico que arquivos e coleções
museológicas desempenharam no apagamento e invisibilização da memória negra, bem como a
atuação de acervos indepentendes organizados por comunidades e movimentos negros, a proposta
desse debate é ter maior compreensão dos desafios atuais do campo. Para além de inserir a história
e a memória do negro, essa mesa tem por objetivo refletir sobre a promoção de políticas públicas de
memória que dialoguem com as tecnologias e tradições afro-brasileiras, bem como sobre os limites e
possibilidades da atuação das instituições de memória.

Justiça racial e violência: enfrentando o legado da escravidão


13 de setembro, 2023 | 15h a 16h30
Mônica Cunha, Juliana Borges e Luciana Brito (Coordenação)

O objetivo desta mesa é debater de que formas o conhecimento histórico e a reflexão filosófica sobre
o legado presente da escravidão transatlântica pode colaborar com a elaboração de políticas públicas
para o enfrentamento da violência racial e a promoção de justiça. Compreendendo a escravidão
como evento contínuo, e de certa forma permanente, o racismo como um fenômeno dinâmico que
sempre renova suas ferramentas de exclusão e o presente como momento de disputas sociais que
impõe novas perguntas ao passado, reconhecemos a memória como fator transformador da história
e da própria identidade brasileira. Sendo assim, as políticas de reparação que se originam nessa
concepção de memória podem ser compreendidas enquanto dever do Estado mediante sua dívida
histórica e continuamente reposicionada perante a população afro-descendente.
Memória, reconhecimento e reparação: pensando futuros negros possíveis
13 de setembro, 2023 | 17h à 18h30
Nikole Hannah-Jones e Bianca Santana (Coordenadora)

A memória são conteúdos de um continente, da sua vida, da


sua história e do seu passado. Como se o corpo fosse o
documento. Não é a toa que a dança para o negro é um
momento de libertação. O homem negro não pode estar
liberto enquanto ele não esquecer o cativeiro, não esquecer
no gesto, que ele não é mais um cativo.
Beatriz Nascimento

Em 2001, lideranças negras e chefes de Estado presentes na Conferência de Durban deram dois
passos importantes em direção a uma agenda global igualitária e antirracista: acordou-se que
enfrentar o passado seria condição fundamental para que diversas sociedades fossem alicerçadas em
valores de igualdade, solidariedade e justiça. Reconhecia-se que políticas de reparação, além de seu
caráter simbólico, também envolviam políticas públicas de combate à pobreza, com investimento nas
áreas da saúde, educação e renda para a população negra. Resultado de décadas de militância do
movimento negro brasileiro, as políticas de ação afirmativa – como a política de cotas nas
universidades, os programas especificos de saúde para a população negra, a lei que institui
obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira – são exemplos de políticas que vieram na
esteira dos compromissos estabelecidos em Durban. O afrofuturismo e os estudos do pensamento
negro radical refletem sobre a interrupção de futuros negros imaginados e a necessidade de pensar o
amanhã em conexão com o presente e o passado. Após 22 anos da construção dessa agenda, essa
mesa tem como objetivo refletir sobre o futuro das políticas reparatórias considerando o papel do
Estado e dos movimentos negros.

5. PARTICIPANTES

Ana Maria Gonçalves


Ana Maria Gonçalves é autora de Um Defeito de Cor (Editora Record), ganhadora do Prêmio Casa de
las Américas (Cuba, 2007). É roteirista (Rio Vermelho), dramaturga (Tchau, Querida! e
Pretoperitamar) e professora de escrita criativa. É co-curadora da exposição Um defeito de cor, no
Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), eleita como a melhor exposição de 2022.

Anielle Franco
Anielle Franco é formada em Jornalismo e Inglês pela Universidade de Carolina do Norte (EUA) e em
Inglês/Literaturas pela UERJ. É mestra em Jornalismo e Inglês pela Universidade de Flórida A&M
(EUA), em Relações Étnico‑Raciais pelo CEFET/RJ e doutoranda em Linguística Aplicada na UFRJ. É
fundadora e foi diretora do Instituto Marielle Franco. É autora dos livros Cartas Para Marielle, HQ
Marielle Franco – Raízes e Minha irmã e eu. Em 2023 foi nomeada Ministra da Igualdade Racial.

Alex DeJesus
DeJesus é coordenador do grupo de pesquisa desAiyê: ferida colonial e dissolução de mundos. É
autor dos livros Corupira: mau encontro, tradução e Dívida colonial, e Notas sobre a atualidade da
ferida colonial, ambos pela Titivillus Editora.
Bianca Santana
Bianca Santana é jornalista. Mestra em educação e doutora em ciência da informação pela USP, com
tese sobre memória e escrita de mulheres negras. Autora de Arruda e guiné: resistência negra no
Brasil contemporâneo, Continuo preta: a vida de Sueli Carneiro e Quando me descobri negra. É
fundadora e diretora executiva da Casa Sueli Carneiro, que compõe a Coalizão Negra por Direitos.

Conceição Evaristo
Conceição Evaristo é escritora, ficcionista e ensaísta. Graduada em Letras com ênfase em Literatura
pela UFRJ; mestre em Literatura Brasileira pela PUC/Rio, doutora em Literatura Comparada pela UFF.
Sua primeira publicação (1990) foi na série Cadernos Negros do grupo Quilombhoje. Sete livros
publicados, cinco deles traduzidos para o inglês, o francês, espanhol, árabe e eslovaco e entre eles o
vencedor do Jabuti, Olhos D’água. Homenageada pelo Prêmio Jabuti em 2019 como personalidade
literária, Conceição tomou posse da Cátedra Olavo Setúbal de Arte, Cultura e Ciência, na
Universidade de São Paulo (USP).

Cici de Oxalá
Nancy de Souza, também conhecida como Cici de Oxalá é griot e Otun Ilê Efun no Terreiro Ilê Axé
Opó Aganju, em Salvador. Foi iniciada nos ritos sagrados dos Orixás afro-brasileiros em 18 de janeiro
de 1972. Nas primeiras décadas dos anos 2000 também foi iniciada como Apetebi do culto de Ifá. Cici
de Oxalá mora em Salvador e é doutora honoris causa pela UFBA.

Edson Cardoso
Edson Lopes Cardoso é poeta, ativista de Movimento Negro, mestre em Comunicação social (UnB) e
doutor em Educação (USP). Foi editor do jornal Irohin e publicou, entre outros trabalhos, Nada os
Trará de Volta em 2022.

Fernanda Thomaz
Fernanda Thomaz é professora e pesquisadora da história da África pela UFJF, pós-doutora pela
Universidade de Ibadan (Nigéria) e pelo Instituto Max Planck (Alemanha). É coordenadora de
Memória e Verdade da Escravidão no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Fernando Baldraia
Fernando Baldraia é doutor em História pela Universidade Livre de Berlim, com pós-doutorado pela
mesma universidade no Mecila/Cebrap. Objeto central de seus estudos é a relação entre teoria da
história e estudos raciais críticos, com foco no papel da historiografia brasileira da escravidão na
formação do Atlântico Negro. É editor de diversidade da editora Companhia das Letras.

Galo de Lutas
Galo de Luta fundou o movimento dos entregadores antifascistas, movimento que luta contra a
precarização do trabalho e pelo ganho da consciência de classe dos trabalhadores.

Juliana Borges
Juliana Borges é escritora e ensaísta, atua na área de advocacy da Iniciativa Negra por uma Nova
Política sobre Drogas e é conselheira da Plataforma Brasileira de Política de Drogas. Autora dos livros
Encarceramento em Massa e Prisões: espelhos de nós. Colunista da Revista Quatro Cinco Um, com a
coluna Perspectiva Amefricana. Feminista negra decolonial, antiproibicionista e antipunitivista.

Justin Hansford
Justin Hansford é professor de Direito, diretor executivo e fundador do Thurgood Marshall Civil Rights
Center e membro eleito do Fórum Permanente das Nações Unidas para Afro-descendentes. É
pesquisador e ativista nas áreas de Teoria racial crítica, Direitos humanos e da relação entre Direito e
movimentos sociais. Após o assassinato de Michael Brown (Ferguson, Missouri), Hansford atuou no
empoderamento da comunidade de Ferguson por meio de assistência judicial comunitária.

Lia Vainer Schucman


Lia Vainer Schucman é doutora em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo com estágio de
doutoramento no Centro de Novos Estudos Raciais pela Universidade da Califórnia. Professora do
Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia, da UFSC. Autora dos livro Entre o
Encardido, o Branco e o Branquíssimo: Branquitude, Hierarquia e Poder na Cidade de São Paulo e
Famílias interraciais: tensões entre cor e amor.

Mário Chagas
Mário Chagas é diretor do Museu da República/Ibram, presidente do Movimento Internacional para
uma Nova Museologia, professor colaborador do Programa de Pós-graduação em Museologia da
UFBA, professor visitante do Departamento de Museologia da Universidade Lusófona de
Humanidades e Tecnologias. Tem experiência nacional e internacional no campo da museologia e da
museografia, com ênfase na museologia social, nos museus sociais e comunitários, na educação
museal e nas práticas sociais de memória, política cultural e patrimônio.

Monica Cunha
Monica Cunha, mulher negra e mãe, é uma defensora de direitos humanos que trabalha na defesa
dos direitos de adolescentes e jovens. Inicia sua trajetória a partir de 2000, quando seu filho
ingressou no sistema socioeducativo, organizando outras mães e familiares na mesma situação em
defesa dos direitos de seus filhos. Fundadora do Movimento Moleque, coordenou a Comissão de
Direitos Humanos da ALERJ. Atualmente é vereadora do Rio de Janeiro e preside a Comissão Especial
de Combate ao Racismo.

Nathalia Oliveira
Nathália Oliveira, socióloga, pesquisadora e ativista que atua com temas relacionados a Políticas de
Drogas e promoção de direitos. Fundadora e diretora executiva da Iniciativa Negra por Uma Nova
Política Sobre Drogas, primeira organização negra da sociedade civil brasileira que atua pela
construção de uma agenda de justiça racial e econômica propondo reformas na atual política de
combate às drogas. Gestora da Rede Plataforma Brasileira de Política de Drogas e membra do
Conselho Nacional de Drogas.

Nego Bispo
Antonio Bispo dos Santos é quilombola, lavrador, formado por mestres e mestras de ofícios, estudou
até a 8ª série do Ensino Fundamental, morador do Quilombo Saco Curtume, em São João do Piauí –
PI. É membro da Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Piauí (CECOQ/PI) e da
CONAQ. Integrante da rede de mestres e docentes da UnB. Autor de inúmeros artigos e poemas e
dos livros: Quilombos, Modos e Significados, Colonização, Quilombos Modos e Significações e A terra
dá, a terra quer.

Nikole Hanna-Jones
Nikole Hannah-Jones é criadora do Projeto 1619, vencedor do prêmio Pulitzer, e repórter da New
York Times Magazine. A publicação em livro do Projeto 1619 e o livro infantil Born on the water,
derivado do Projeto, foram imediatamente para o topo da lista dos livros mais vendidos do New York
Times. O Projeto 1619 desdobrou-se atualmente em um documentário em seis capítulos, disponível
na plataforma Hulu.

Salloma Salomão
Salloma Salomão é pesquisador e artista. Doutor em História pela PUC São Paulo é pesquisador
associado ao Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Consultor das Secretarias
Municipais e Estaduais de Educação de São Paulo em projetos de formação continuada de
educadoras. Possui oito álbuns musicais publicados e textos lançados em diferentes revistas
especializadas. Em 2021 publicou os livros: Infantil As Aventuras do pequeno Samba e Pretos,
prussianos, índios e caipiras pelo selo Aruanda Mundi.

Selma Dealdina
Selma Dealdina é quilombola do Território do Sapê do Norte, São Mateus/ES. Assistente Social,
graduanda em História e Gestão Financeira, atualmente é secretária-executiva da Coordenação
Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ). Ativista em diversos movimentos de mulheres
negras e quilombolas e organizadora do livro Mulheres Quilombolas territórios de existências negras
femininas. Conselheira da Anistia Internacional e Fundo Socioambiental Casa.

Tássia Mendonça
Tássia Mendonça é graduada em Ciências Sociais pela UFRJ e mestre em Antropologia Social pelo
PPGAS/Museu Nacional. Atualmente é doutoranda no PosAfro (UFBA), onde pesquisa a relação entre
gênero e colonialidade nas religiões de matriz africana. É gestora de portfólio do Programa de
Equidade Racial no Instituto Ibirapitanga.

Valdecir Nascimento
Valdecir Nascimento – Historiadora (UFBA), mestra em Educação e Contemporaneidade pela
Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Ativista do Movimento de Mulheres Negras, Coordenadora
Executiva do Odara-Instituto da Mulher Negra; da Articulação de Organizações de Mulheres Negras
Brasileiras (AMNB); Coordenadora do Brasil na Red de Mujeres Afrolatinoamericanas, Afrocaribeñas
y de la Diáspora; compõe a Secretaria Executiva do Fórum Permanente Pela Igualdade Racial (FOPIR).

Vilma Reis
Vilma Reis é socióloga, professora, feminista, mestra em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia
e Ciências Humanas da UFBA. É filha do Terreiro do Cobre, Comunidade de Candomblé centenária. É
Defensora de Direitos Humanos, Ativista do Movimento de Mulheres Negras, Abolicionista Penal,
Co-fundadora da Coletiva Mahin Organização de Mulheres Negras para os Direitos Humanos e,
através da Coletiva Mahin constrói a Coalizão Negra por Direitos.
Ynaê Lopes
Ynaê Lopes dos Santos é professora de História da América da UFF. É bacharel, mestre e doutora em
História pela USP. Suas áreas de pesquisa tratam da História da Escravidão nas Américas, bem como o
Estudo das relações étnico-raciais no continente americano e também do ensino de História da África
e da questão negra no Brasil. Autora dos Livros: Além da Senzala; História da África e do Brasil
Afrodescendente; Juliano Moreira: o médico negro na fundação da psiquiatraia brasileira e Racismo
Brasileiro. Uma história da formação do país.

6. SUMÁRIO

12/09/2023 13/09/2023

9h - 9h30 Recepção Recepção

9h30 - 10h Abertura: Egbomi Cici de Oxalá Abertura: Anielle Franco

10h - 11h30 Mesa 1: Raízes da memória negra: Mesa 5: Da memória à reparação:


ancestralidade e resistência no silêncio caminhos de reconhecimento da dívida
e na voz histórica

Conceição Evaristo, Antônio Bispo dos Justin Hansford e Nathalia Oliveira


Santos e Tássia Mendonça

11h30 - 12hs Coffee Break Coffee Break

12h - 13h30 Mesa 2: Nada os trará de volta: Mesa 6: Memória em disputa:


políticas de reparação e seus limites monumentos, acervos e museus nas
políticas de reparação
Edson Cardoso, Salloma Salomão e
Ynaê Lopes Ana Maria Gonçalves, Galo de Luta e
Mário Chagas

13h30 - 15h Almoço Almoço

15h - 16h30 Mesa 3: O que deve a branquitude? Mesa 7: Justiça racial e violência:
Memória como dispositivo de poder enfrentando o legado da escravidão

Lia Schucman, Alex de Jesus e Fernando


Mônica Cunha, Juliana Borges e
Baldraia
Luciana Brito

16h30 - 17h Coffee Break Coffee Break

17h - 18h30 Mesa 4: Memórias da luta: Reparação Mesa 8: Memória, reconhecimento e


Já! reparação: pensando futuros negros
possíveis com Nikole Hannah-Jones
Fernanda Thomaz, Vilma Reis, Valdecir
Nascimento e Selma Dealdina Nikole Hannah-Jones e Bianca Santana

18h30 - 21h - Encerramento: atividade cultural

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