Você está na página 1de 31

SEMINÁRIO PROGRAMAÇÃO 2023

COFINANCIAMENTO REALIZAÇÃO

ILUSTRAÇÕES: MAYARA FERRÃO


1. Sobre o encontro

O seminário Memória, reconhecimento


e reparação, organizado pelo Instituto
Ibirapitanga, com cocuradoria da historiadora
Luciana Brito e cofinanciamento da Imaginable
Futures, busca oferecer contornos para
o debate sobre memória negra como
tecnologia ancestral e meio de
reconhecimento do passado-presente
da escravidão transatlântica possibilitando
o desenho de políticas de reparação.

2
2. Contexto e premissas

Em 2023, observamos o reaquecimento


de um debate histórico dos movimentos
negros brasileiros e diaspóricos em torno
da necessidade de enfrentar o legado
presente da escravidão por meio de políticas
de reparação que possibilitem o desenho
de novos futuros. No último semestre,
o Fórum permanente da ONU para populações
afrodescendentes retomou a discussão sobre
políticas de reparação no contexto global.
No Brasil, foi aprovada uma nova Lei de Cotas
para acesso à universidade, reafirmando
o compromisso da sociedade brasileira
com esta política de reparação.

É neste contexto que realizamos o seminário,


como espaço para ampliar o debate
da memória enquanto meio de reparação,
destacando a sua importância na sustentação
de políticas públicas e iniciativas que visam
reduzir desigualdades persistentes.
Longe de esgotar o tema, mas buscando
oferecer novos caminhos, o seminário tem
o objetivo de oferecer essa reflexão a partir
das seguintes premissas:

1/ O passado é objeto de subjetividades


e produz sensibilidades e traumas sociais,
traduzidos em memórias e crenças para a
sociedade brasileira. O reconhecimento desta
dor, no entanto, não pode estar desvinculado

3
da necessidade e interesse em entender
e reconhecer como a população afro-brasileira
elaborou tecnologias e formas de sobreviver
aos impactos deste passado produzindo
e mobilizando tradições ancestrais afro-
diaspóricas.

2/ A discussão sobre memória,


reconhecimento e reparação deve partir
do debate ocorrido durante a conferência
de Durban (2001), com ampla liderança
dos movimentos negros brasileiros, sobre
memória como política reparatória de dívidas
históricas, resultado do reconhecimento da
escravidão como crime contra a humanidade.

3/ O passado é ainda hoje motivo de disputas


políticas e de tensionamentos sobre diferentes
perspectivas da história. É necessário dialogar
com os movimentos sociais negros,
pesquisadoras e pesquisadores, para
compreender como a sociedade civil têm
articulado memória e justiça ao se apropriar
do passado, produzindo uma leitura autônoma
sobre o mesmo.

4/ É nossa grande preocupação, observando


outras iniciativas da diáspora, propor maneiras
de abordar o passado sem violar e desumanizar,
pela segunda vez, a memória das pessoas que
foram vítimas diretas do racismo escravista
e das políticas eugenistas do pós-abolição.

4
3. Organização e curadoria

Ao reunir pessoas com experiências, trajetórias,


projetos e interesses diversos, o encontro
pretende construir um painel de diálogos com
os atuais desafios, necessidades e possibilidades
de avanço neste campo no Brasil, em conexão
com outros contextos da diáspora.

A curadoria do evento buscou autoras, autores,


pesquisadoras, pesquisadores, ativistas,
representantes do governo e órgãos públicos
e intelectuais negras/os que tenham reflexão
e atuação nos temas centrais do encontro:
memória, reconhecimento e reparação.

O objetivo é estabelecer pontes e conexões que


possibilitem avanços nas discussões e solidifiquem
a reflexão crítica sobre a memória como
mecanismo de reconhecimento para construção
de políticas de reparação. A curadoria foi realizada
pelo Ibirapitanga e pela professora Luciana Brito.
O evento é realizado pelo Ibirapitanga
e cofinanciado pelo Imaginable Futures.

5
INSTITUTO IBIRAPITANGA

O Instituto Ibirapitanga é uma organização


dedicada à defesa de liberdades e ao
aprofundamento da democracia no Brasil.
Desde 2017, apoia iniciativas a partir de seus
dois programas – Equidade racial e Sistemas
alimentares. Por meio de doações, o Instituto
apoia organizações, movimentos e coletivos
da sociedade civil brasileira que desejam produzir
transformações estruturais positivas no país.

LUCIANA BRITO

Luciana Brito é historiadora, especialista nos


estudos sobre escravidão, abolição e relações
raciais no Brasil e Estados Unidos. É autora do
livro “Temores da África: segurança, legislação
e população africana na Bahia oitocentista”,
professora da UFRB e colunista no Nexo Jornal.
Contribuiu na curadoria deste Seminário.

6
IMAGINABLE FUTURES

A Imaginable Futures é uma organização


de investimento filantrópico global voltada
pelo impacto em primeiro lugar e pela
crença de que a aprendizagem é a chave
para o bem-estar e para sistemas
equitativos e saudáveis. Colabora com
agentes de mudança e comunidades para
resolver desafios complexos de educação
e coprojetar soluções que funcionem
para os que mais precisam. Com
parceiros nos setores público, privado
e social que atuam no Brasil, na África
Subsaariana, nos Estados Unidos e além,
cocriando soluções transformacionais em
contextos locais, nacionais e globais para
alunos de todas as idades.

7
4. Programação

O encontro acontecerá nos dias 12 e 13 de


Setembro, presencialmente, no Rio de Janeiro,
no Museu de História e Cultura Afro-Brasileira
(MUHCAB), das 9h às 18h.

O espaço do Museu comporta até 200 pessoas


e a participação no evento será restrita mediante
inscrição prévia. O evento será gravado
e o conteúdo das mesas será divulgado
posteriormente através dos canais do Ibirapitanga
e por meio de produção de livro, em parceria
com a Editora Fósforo. Teremos alimentação
(coffee break, almoço) disponível no local
do evento.

8
PROGRAMAÇÃO

PRIMEIRO DIA - 12 DE SETEMBRO


Os participantes devem programar a
sua chegada para às 9h.

ABERTURA 12 de Setembro, 2023 l 9h30


Egbomi Cici de Oxalá

MESA 1 Raízes da memória negra:


ancestralidade e resistência
no silêncio e na voz
12 de setembro, 2023 | 10h

Conceição Evaristo, Nego Bispo


e Tássia Mendonça (Mediadora)

O mar vagueia onduloso sob os meus pensamentos


A memória bravia lança o leme:
Recordar é preciso.
O movimento vaivém nas águas lembranças
dos meus marejados olhos transborda-me a vida,
salgando-me o rosto e o gosto.
Sou eternamente náufraga,
mas os fundos oceanos não me amedrontam
e nem me imobilizam.
Uma paixão profunda é a boia que me emerge.
Sei que o mistério subsiste além das águas.

Poemas de Recordação
Conceição Evaristo

9
Esta mesa tem como objetivo refletir sobre
as formas nas quais o passado é objeto
de produção de subjetividades, sensibilidades,
traumas, memórias e crenças individuais
e coletivas. Entre o dever de lembrar e o desejo
de esquecer, o povo negro em diáspora navegou
diferentes modalidades de memorialização. Seja
nas comunidades de terreiro, ou entre os povos
quilombolas, a cultura afro-brasileira reinventou
mecanismos de memorialização do passado
e suas tradições por meio da história oral,
do segredo e da preservação de costumes
ancestrais. Através do olhar sobre a cultura
popular, da compreensão dos silêncios e
do entendimento das (re)leituras mais diversas
do passado, reconhecemos o papel transformador
e fundamental dos movimentos que tomam
para si a tarefa de democratizar o poder de contar
a história do Brasil. É nosso interesse entender
e reconhecer como a população afro-brasileira
elaborou tecnologias e formas de sobreviver
aos impactos deste passado e seu legado
no presente, produzindo e mobilizando tradições
afro-diaspóricas.

10
MESA 2 Nada os trará de volta:
políticas de reparação e seus limites
12 de setembro, 2023 | 12h

Edson Cardoso, Salloma Salomão


e Ynaê Lopes (Coordenadora)

Os olhos de nossos antepassados


negras estrelas tingidas de sangue,
elevam-se das profundezas do tempo
cuidando de nossa dolorida memória.

Poemas de Recordação
Conceição Evaristo

A afirmação de Hannah Arendt sobre


a importância do testemunho na construção
da verdade histórica aponta para a fragilidade
da memória diante do assédio do poder.
Essa construção, tão bem articulada por Edson
Cardoso, nos remete também aos limites
da memorialização e o seu dever diante
de quem foi apagado nos anais da história
hegemônica. O objetivo desta mesa é avaliar
quais mecanismos de memória devem ser
empregados para, de forma efetiva e ao mesmo
tempo respeitosa e sensível, revisitar o arquivo
colonial e resgatar as vozes, trajetórias
e perspectivas silenciadas. Observando outras
iniciativas da diáspora, a reflexão está voltada
a propor maneiras de abordar o passado sem
violar e desumanizar, mais uma vez, a memória

11
das pessoas que foram vítimas diretas
do racismo escravista e das políticas eugenistas
do pós-abolição. A proposta é refletir sobre
as diversas estratégias de fabulação crítica,
de narrativa literária e pesquisa histórica,
que possam contribuir com o refazimento
da memória negra enquanto mecanismo
de revelação do legado presente da escravidão.

MESA 3 O que deve a branquitude?


Memória como dispositivo de poder
12 de setembro, 2023 | 15h às 16h30

Lia Schucman, Alex de Jesus


e Fernando Baldraia (Coordenador)

Essa mesa tem por objetivo refletir sobre


a interface entre branquitude e a construção
de narrativas históricas hegemônicas que
sistematicamente garantiram a perpetuação
de dinâmicas de exclusão e segregação racial.
Importa igualmente compreender
o que significa falar de reparação diante
da compreensão dos mecanismos que
sustentam a branquitude enquanto uma
estrutura de manutenção das hierarquias
raciais. De que forma o desvelar da branquitude
pode ensejar o desenho de políticas
reparatórias? Como a quase exclusividade
da detenção da produção de memória pública

12
e oficial funciona como mecanismo
de fortalecimento da identidade e poder
de determinados grupos sociais, enquanto
outros acabam ocupando um "não-lugar
histórico", ou um lugar de negação, na
construção da sociedade brasileira?

MESA 4 Memórias da luta: reparação já!


12 de setembro, 2023 | 17h às 18h30

Fernanda Thomaz,
Valdecir Nascimento, Vilma Reis
e Selma Dealdina (Coordenadora)

Há 30 anos, em junho de 1983, o então


deputado Abdias do Nascimento propunha
à Câmara Federal um projeto de lei voltado
à implementação de uma ampla política
de reparação para garantir a “isonomia social
do negro” em diversos campos, tais como:
educação, economia e serviços públicos.
O projeto, arquivado pelo Congresso em 1989,
ainda organiza o sonho inconcluso
de liberdade do povo negro e objeto constante
de sua luta. Se no campo da educação, em
mais de 10 anos de políticas de ação afirmativa,
foi possível caminhar no sentido da garantia
de direitos, o desafio atual é ampliar o escopo
das políticas públicas reparatórias, em diálogo
com o legado dos movimentos negros e sua
presente e contínua liderança. Com efeito,
a realidade da violência racial e da exclusão

13
socioeconômica da população negra é fato
incontornável e legado presente da escravidão,
de modo que as conquistas garantidas pela
implementação da política de cotas, bem como
o início do proceso de titulação de terras
quilombolas, demonstram a necessidade
de ampliar a agenda de políticas reparatórias.
O objetivo dessa mesa é refletir sobre
a construção, histórica e atual, de uma agenda
de políticas públicas de reparação, considerando
os avanços no campo da educação, e os desafios
ainda a serem enfrentados tanto nesta área
quanto no acesso à terra, trabalho, saúde
e desenvolvimento econômico.

SEGUNDO DIA - 13 DE SETEMBRO


Os participantes devem programar
a sua chegada para às 9h.

ABERTURA Fala de abertura


com a Ministra Anielle Franco | 9h30

MESA 5 A memória à reparação:


caminhos de reconhecimento
da dívida histórica
13 de setembro, 2023 | 10h às 11h30

Justin Hansford
e Nathalia Oliveira (Coordenadora)

14
A história, a despeito de sua dor dilacerante, não
pode ser desfeita, mas se olharmos para a história
com coragem não precisaremos vivê-la novamente.

Maya Angelou

Na declaração produzida em 2001 durante


a conferência de Durban contra o racismo,
a discriminação racial, xenofobia e intolerâncias
correlatas, a ONU reconheceu a escravidão
e o tráfico de africanos como crime contra
a humanidade, bem como o direito à memória
como política de reparação. Recontar a história
é produzir memória e esta pode nos conduzir
para um caminho de justiça e igualdade, respeito
e democratização dos territórios e direitos.
Esta mesa tem por objetivo discutir como políticas
de suporte à memória de determinados grupos
sociais podem intervir como meio de reparação,
salientando a sua importância na sustentação
de políticas públicas e iniciativas que visam reduzir
desigualdades antigas e persistentes. Seja na luta
das mães e dos familiares de vítimas de Estado,
no enfrentamento à violência racial, na luta pelo
fim do encarceramento em massa, na
contestação e destruição de monumentos
nacionais, ou na construção de tensionamentos
e novas narrativas históricas, essa mesa propõe
debater o poder político da memória e sua
relevância para a transformação social.

15
MESA 6 Memória em disputa: monumentos,
acervos e museus nas políticas de
reparação
13 de setembro, 2023 | 12h às 13h30

Ana Maria Gonçalves, Galo de Luta


e Mário Chagas (Coordenador)

“30 anos eu falando sobre o Sagrado. 30 anos eu


falando sobre as coisas nossas que estão nas mãos
da polícia. Palavras da minha avó. A de partir
dessas palavras nós chegamos até aqui”

Iya Meninazinha d’Oxum

Como enfrentar a dívida histórica do Estado


brasileiro na preservação da memória nacional/
oficial em detrimento das tradições, história
e cultura afro-brasileiras? Desde a devolução
de acervos para suas comunidades/países
de origem, experiências de gestão
compartilhada com comunidades tradicionais,
até a revisão dos padrões coloniais arquivísticos
e de catalogação museológica, muitas são
as dimensões para analisar o papel que
instituições públicas de memória podem/devem
desempenhar no enfrentamento ao racismo.
Considerando o papel histórico que arquivos
e coleções museológicas desempenharam no
apagamento e invisibilização da memória negra,
bem como a atuação de acervos indepentendes

16
organizados por comunidades e movimentos
negros, a proposta desse debate é ter maior
compreensão dos desafios atuais do campo.
Para além de inserir a história e a memória
do negro, essa mesa tem por objetivo refletir
sobre a promoção de políticas públicas de
memória que dialoguem com as tecnologias
e tradições afro-brasileiras, bem como sobre
os limites e possibilidades da atuação
das instituições de memória.

MESA 7 Justiça racial e violência:


enfrentando o legado da escravidão
13 de setembro, 2023 | 15h às 16h30

Mônica Cunha, Juliana Borges


e Luciana Brito (Coordenação)

O objetivo desta mesa é debater de que formas


o conhecimento histórico e a reflexão filosófica
sobre o legado presente da escravidão
transatlântica pode colaborar com a elaboração
de políticas públicas para o enfrentamento
da violência racial e a promoção de justiça.
Compreendendo a escravidão como evento
contínuo, e de certa forma permanente,
o racismo como um fenômeno dinâmico que
sempre renova suas ferramentas de exclusão
e o presente como momento de disputas sociais
que impõe novas perguntas ao passado,

17
reconhecemos a memória como fator
transformador da história e da própria
identidade brasileira. Sendo assim,
as políticas de reparação que se originam
nessa concepção de memória podem
ser compreendidas enquanto dever
do Estado mediante sua dívida histórica
e continuamente reposicionada perante
a população afro-descendente.

MESA 8 Memória, reconhecimento e reparação:


pensando futuros negros possíveis
13 de setembro, 2023 | 17h às 18h30

Nikole Hannah-Jones
e Bianca Santana (Coordenadora)

A memória são conteúdos de um continente, da


sua vida, da sua história e do seu passado. Como
se o corpo fosse o documento. Não é a toa que a
dança para o negro é um momento de libertação.
O homem negro não pode estar liberto enquanto
ele não esquecer o cativeiro, não esquecer no
gesto, que ele não é mais um cativo.

Beatriz Nascimento

18
Em 2001, lideranças negras e chefes de Estado
presentes na Conferência de Durban deram dois
passos importantes em direção a uma agenda
global igualitária e antirracista: acordou-se que
enfrentar o passado seria condição fundamental
para que diversas sociedades fossem alicerçadas
em valores de igualdade, solidariedade e justiça.
Reconhecia-se que políticas de reparação, além
de seu caráter simbólico, também envolviam
políticas públicas de combate à pobreza, com
investimento nas áreas da saúde, educação
e renda para a população negra. Resultado
de décadas de militância do movimento negro
brasileiro, as políticas de ação afirmativa – como
a política de cotas nas universidades, os programas
especificos de saúde para a população negra,
a lei que institui obrigatório o ensino da história
e cultura afro-brasileira – são exemplos de políticas
que vieram na esteira dos compromissos
estabelecidos em Durban. O afrofuturismo e os
estudos do pensamento negro radical refletem
sobre a interrupção de futuros negros imaginados
e a necessidade de pensar o amanhã em conexão
com o presente e o passado. Após 22 anos
da construção dessa agenda, essa mesa tem
como objetivo refletir sobre o futuro das políticas
reparatórias considerando o papel do Estado
e dos movimentos negros.

19
2. Participantes

ANA MARIA GONÇALVES

Ana Maria Gonçalves é autora de Um defeito de cor


(Editora Record), ganhadora do Prêmio Casa de las
Américas (Cuba, 2007). É roteirista (Rio Vermelho),
dramaturga (Tchau, Querida! e Pretoperitamar)
e professora de escrita criativa. É co-curadora
da exposição Um defeito de cor, no Museu de Arte do
Rio de Janeiro (MAR), eleita como a melhor exposição
de 2022.

ANIELLE FRANCO

Anielle Franco é formada em Jornalismo e Inglês pela


Universidade de Carolina do Norte (EUA) e em Inglês/
Literaturas pela UERJ. É mestra em Jornalismo
e Inglês pela Universidade de Flórida A&M (EUA),
em Relações Étnico‑Raciais pelo CEFET/RJ
e doutoranda em Linguística Aplicada na UFRJ.
É fundadora e foi diretora do Instituto Marielle Franco.
É autora dos livros Cartas Para Marielle, HQ Marielle
Franco – Raízes e Minha irmã e eu.
Em 2023 foi nomeada Ministra da Igualdade Racial.

ALEX DEJESUS

DeJesus é coordenador do grupo de pesquisa


desAiyê: ferida colonial e dissolução de mundos.
É autor dos livros Corupira: mau encontro, tradução e
Dívida colonial, e Notas sobre a atualidade
da ferida colonial, ambos pela Titivillus Editora.

20
BIANCA SANTANA

Bianca Santana é jornalista. Mestra em educação


e doutora em ciência da informação pela USP, com tese
sobre memória e escrita de mulheres negras. Autora de
Arruda e guiné: resistência negra no Brasil contemporâneo,
Continuo preta: a vida de Sueli Carneiro e Quando me
descobri negra. É fundadora e diretora executiva da Casa
Sueli Carneiro, que compõe a Coalizão Negra por Direitos.

CONCEIÇÃO EVARISTO

Conceição Evaristo é escritora, ficcionista e ensaísta.


Graduada em Letras com ênfase em Literatura pela UFRJ;
mestre em Literatura Brasileira pela PUC/Rio, doutora em
Literatura Comparada pela UFF. Sua primeira publicação
(1990) foi na série Cadernos Negros do grupo Quilombhoje.
Sete livros publicados, cinco deles traduzidos para
o inglês, o francês, espanhol, árabe e eslovaco e entre
eles o vencedor do Jabuti, Olhos D’água. Homenageada
pelo Prêmio Jabuti em 2019 como personalidade literária,
Conceição tomou posse da Cátedra Olavo Setúbal de Arte,
Cultura e Ciência, na Universidade de São Paulo (USP).

CICI DE OXALÁ

Nancy de Souza, também conhecida como Cici de Oxalá


é griot e Otun Ilê Efun no Terreiro Ilê Axé Opó Aganju, em
Salvador. Foi iniciada nos ritos sagrados dos Orixás afro-
brasileiros em 18 de janeiro de 1972. Nas primeiras décadas
dos anos 2000 também foi iniciada como Apetebi do culto
de Ifá. Cici de Oxalá mora em Salvador e é doutora honoris
causa pela UFBA.

21
EDSON CARDOSO

Edson Lopes Cardoso é poeta, ativista de Movimento


Negro, mestre em Comunicação social (UnB) e doutor
em Educação (USP). Foi editor do jornal Ìrohìn
e publicou, entre outros trabalhos, Nada os trará
de volta em 2022.

FERNANDA THOMAZ

Fernanda Thomaz é professora e pesquisadora da História


da África pela UFJF, pós-doutora pela Universidade
de Ibadan (Nigéria) e pelo Instituto Max Planck (Alemanha).
É coordenadora de Memória e Verdade da Escravidão
no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

FERNANDO BALDRAIA

Fernando Baldraia é doutor em História pela Universidade


Livre de Berlim, com pós-doutorado pela mesma
universidade no Mecila/Cebrap. Objeto central de seus
estudos é a relação entre teoria da história e estudos
raciais críticos, com foco no papel da historiografia
brasileira da escravidão na formação do Atlântico Negro.
É editor de diversidade da editora Companhia das Letras.

GALO DE LUTAS

Galo de Luta fundou o movimento dos entregadores


antifascistas, movimento que luta contra a precarização do
trabalho e pelo ganho da consciência de classe
dos trabalhadores.

22
JULIANA BORGES

Juliana Borges é escritora e ensaísta, atua na área


de advocacy da Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre
Drogas e é conselheira da Plataforma Brasileira
de Política de Drogas. Autora dos livros Encarceramento
em Massa e Prisões: espelhos de nós. Colunista da Revista
Quatro Cinco Um, com a coluna Perspectiva Amefricana.
Feminista negra decolonial, antiproibicionista
e antipunitivista.

JUSTIN HANSFORD

Justin Hansford é professor de Direito, diretor executivo


e fundador do Thurgood Marshall Civil Rights Center
e membro eleito do Fórum Permanente das Nações Unidas
para Afro-descendentes. É pesquisador e ativista nas áreas
de Teoria racial crítica, Direitos humanos
e da relação entre Direito e movimentos sociais.
Após o assassinato de Michael Brown (Ferguson, Missouri),
Hansford atuou no empoderamento da comunidade
de Ferguson por meio de assistência judicial comunitária.

LIA VAINER SCHUCMAN

Lia Vainer Schucman é doutora em Psicologia Social pela


Universidade de São Paulo com estágio de doutoramento no
Centro de Novos Estudos Raciais pela Universidade
da Califórnia. Professora do Departamento e do Programa
de Pós-Graduação em Psicologia, da UFSC. Autora dos livro
Entre o Encardido, o Branco e o Branquíssimo: Branquitude,
Hierarquia e Poder na Cidade de São Paulo e Famílias
interraciais: tensões entre cor e amor.

23
MÁRIO CHAGAS

Mário Chagas é diretor do Museu da República/Ibram,


presidente do Movimento Internacional para uma Nova
Museologia, professor colaborador do Programa de Pós-
graduação em Museologia da UFBA, professor visitante
do Departamento de Museologia da Universidade Lusófona
de Humanidades e Tecnologias. Tem experiência nacional
e internacional no campo da museologia e da museografia,
com ênfase na museologia social, nos museus sociais
e comunitários, na educação museal e nas práticas sociais
de memória, política cultural e patrimônio.

MONICA CUNHA

Monica Cunha, mulher negra e mãe, é uma defensora


de direitos humanos que trabalha na defesa dos direitos
de adolescentes e jovens. Inicia sua trajetória a partir de
2000, quando seu filho ingressou no sistema socioeducativo,
organizando outras mães e familiares na mesma situação em
defesa dos direitos de seus filhos. Fundadora
do Movimento Moleque, coordenou a Comissão de Direitos
Humanos da ALERJ. Atualmente é vereadora do Rio
de Janeiro e preside a Comissão Especial de Combate
ao Racismo.

24
NATHALIA OLIVEIRA

Nathália Oliveira, socióloga, pesquisadora e ativista que


atua com temas relacionados a Políticas de Drogas e
promoção de direitos. Fundadora e diretora executiva
da Iniciativa Negra por Uma Nova Política Sobre Drogas,
primeira organização negra da sociedade civil brasileira
que atua pela construção de uma agenda de justiça
racial e econômica propondo reformas na atual política
de combate às drogas. Gestora da Rede Plataforma
Brasileira de Política de Drogas e membra do Conselho
Nacional de Drogas.

NEGO BISPO

Antonio Bispo dos Santos é quilombola, lavrador, formado


por mestres e mestras de ofícios, estudou até
a 8ª série do Ensino Fundamental, morador do Quilombo
Saco Curtume, em São João do Piauí – PI. É membro da
Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas
do Piauí (CECOQ/PI) e da CONAQ. Integrante da rede de
mestres e docentes da UnB. Autor de inúmeros artigos
e poemas e dos livros: Quilombos, Modos e Significados,
Colonização, Quilombos Modos e Significações e A terra
dá, a terra quer.

NIKOLE HANNA-JONES

Nikole Hannah-Jones é criadora do Projeto 1619,


vencedor do prêmio Pulitzer, e repórter da New York
Times Magazine. A publicação em livro do Projeto
1619 e o livro infantil Born on the water, derivado do
Projeto, foram imediatamente para o topo da lista dos
livros mais vendidos do New York Times. O Projeto 1619
desdobrou-se atualmente em um documentário
em seis capítulos, disponível na plataforma Hulu.
25
SALLOMA SALOMÃO

Salloma Salomão é pesquisador e artista. Doutor em


História pela PUC São Paulo é pesquisador associado
ao Instituto de Ciências Sociais da Universidade de
Lisboa. Consultor das Secretarias Municipais e Estaduais
de Educação de São Paulo em projetos de formação
continuada de educadoras. Possui oito álbuns musicais
publicados e textos lançados em diferentes revistas
especializadas. Em 2021 publicou os livros: Infantil As
Aventuras do pequeno Samba e Pretos, prussianos,
índios e caipiras pelo selo Aruanda Mundi.

SELMA DEALDINA

Selma Dealdina é quilombola do Território do Sapê


do Norte, São Mateus/ES. Assistente Social, graduanda
em História e Gestão Financeira, atualmente
é secretária-executiva da Coordenação Nacional
de Articulação de Quilombos (CONAQ). Ativista em
diversos movimentos de mulheres negras e quilombolas
e organizadora do livro Mulheres Quilombolas territórios
de existências negras femininas. Conselheira da Anistia
Internacional e do Fundo Socioambiental Casa.

TÁSSIA MENDONÇA

Tássia Mendonça é graduada em Ciências Sociais pela


UFRJ e mestre em Antropologia Social pelo PPGAS/
Museu Nacional. Atualmente é doutoranda no PosAfro
(UFBA), onde pesquisa a relação entre gênero e
colonialidade nas religiões de matriz africana.
É gestora de portfólio do Programa de Equidade Racial
no Instituto Ibirapitanga.

26
VALDECIR NASCIMENTO

Valdecir Nascimento – Historiadora (UFBA), mestra


em Educação e Contemporaneidade pela Universidade do
Estado da Bahia (UNEB). Ativista do Movimento
de Mulheres Negras, Coordenadora Executiva do Odara-
Instituto da Mulher Negra; da Articulação
de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras
(AMNB); Coordenadora do Brasil na Red de Mujeres
Afrolatinoamericanas, Afrocaribeñas y de la Diáspora;
compõe a Secretaria Executiva do Fórum Permanente
Pela Igualdade Racial (FOPIR).

VILMA REIS

Vilma Reis é socióloga, professora, feminista, mestra


em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia
e Ciências Humanas da UFBA. É filha do Terreiro do Cobre,
Comunidade de Candomblé centenária.
É Defensora de Direitos Humanos, Ativista do Movimento
de Mulheres Negras, Abolicionista Penal, Co-fundadora da
Coletiva Mahin Organização de Mulheres Negras para os
Direitos Humanos e integra a Coalizão Negra por Direitos.

27
YNAÊ LOPES

Ynaê Lopes dos Santos é professora de História da América


da UFF. É bacharel, mestre e doutora em História pela USP.
Suas áreas de pesquisa tratam da História da Escravidão nas
Américas, bem como o Estudo das relações étnico-raciais
no continente americano e também do ensino de História da
África e da questão negra no Brasil. Autora dos Livros: Além
da Senzala; História da África e do Brasil Afrodescendente;
Juliano Moreira: o médico negro na fundação da
psiquiatraia brasileira e Racismo Brasileiro. Uma história da
formação do país.

28
PRIMEIRO DIA 12/09/2023

9h — 9h30 Recepção

9h30 — 10h Abertura: Egbomi Cici de Oxalá

10h — 11h30 Mesa 1: Raízes da memória negra:


ancestralidade e resistência
no silêncio e na voz
Conceição Evaristo, Antônio Bispo
dos Santos e Tássia Mendonça

11h30 — 12h Coffee Break

12h — 13h30 Mesa 2: Nada os trará de volta:


políticas de reparação e seus limites
Edson Cardoso, Salloma Salomão
e Ynaê Lopes

13h30 — 15h Almoço

15h — 16h30 Mesa 3: O que deve a branquitude?


Memória como dispositivo de poder
Lia Schucman, Alex de Jesus
e Fernando Baldraia

16h30 — 17h Coffee Break

17h — 18h30 Mesa 4: Memórias da luta:


Reparação Já!
Fernanda Thomaz, Vilma Reis,
Valdecir Nascimento e Selma Dealdina

29
SEGUNDO DIA 13/09/2023

9h — 9h30 Recepção

9h30 — 10h Abertura: Anielle Franco

10h — 11h30 Mesa 5: Da memória à reparação:


caminhos de reconhecimento
da dívida histórica
Justin Hansford e Nathalia Oliveira

11h30 — 12h Coffee Break

12h — 13h30 Mesa 6: Memória em disputa:


monumentos, acervos e museus
nas políticas de reparação
Ana Maria Gonçalves, Galo de Luta
e Mário Chagas

13h30 — 15h Almoço

15h — 16h30 Mesa 7: Justiça racial e violência:


enfrentando o legado da escravidão
Mônica Cunha, Juliana Borges
e Luciana Brito

16h30 — 17h Coffee Break

17h — 18h30 Mesa 8: Memória, reconhecimento e


reparação: pensando futuros negros
possíveis
Nikole Hannah-Jones e Bianca Santana

18h30 — 21h Coquetel de encerramento

30
COFINANCIAMENTO REALIZAÇÃO

Você também pode gostar