1º Semestre 2012 Faculdade Atenas Paracatu/MG vcool147@hotmail.com • 7.1 Princípios de Direito Penal Internacional: • 7.1.1 Da Territorialidade ou do Pavilhão; • 7.1.2 Da Nacionalidade; • 7.1.3 Da Defesa Real ou Proteção; • 7.1.4 Da Justiça Penal Universal; • 7.1.5 Da Representação; • 7.2 Teorias do Lugar do Crime (Adoção pelo CP); • 7.3 Regra “Ne bis in idem”. A lei penal é elaborada para viger dentro de um determinado Estado soberano; Há casos em que os efeitos da lei penal ultrapassam os limites territoriais de um Estado; E há outros casos em que determinado crime vai afetar a ordem jurídica de 02 (dois) ou mais Estados soberanos; Porém, cada Estado soberano possui sua própria lei penal, surgindo assim, o problema da delimitação espacial do âmbito de eficácia da legislação, ou seja, surge o problema em se saber qual a nacionalidade da lei penal que será aplicada no caso concreto; O referido problema será solucionado pelo Direito Penal Internacional, estabelecendo regras, com a finalidade de determinar a lei aplicável nos casos em que o ordenamento jurídico de mais de um Estado for lesado; A aplicação da lei penal no espaço é regida pelos seguintes princípios: 7.1.1 – PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE: art. 5º, caput, do Código Penal, a lei penal brasileira aplica-se aos crimes praticados no território brasileiro, independentemente da nacionalidade do agente, da vítima ou do bem jurídico lesado; Exceção: Salvo as disposições contidas em contrário em convenções, tratados e regras de direito internacional. 7.1.2 – PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE: Denominado, também, Princípio da Personalidade, “A lei Penal é aplicável aos seus cidadãos onde quer que eles se encontrem”; Pode ser: Princípio da Nacionalidade Ativa: art. 7º, inciso II, alínea “b”, do CP. Aplica-se a lei nacional ao cidadão que comete crime no estrangeiro independentemente da nacionalidade da vítima. Considera-se, aqui, somente a nacionalidade do autor do delito; Princípio da Nacionalidade Passiva: art. 7º, §3º, do CP. Aplica-se em relação ao fato praticado pelo nacional no estrangeiro que atinja um bem jurídico de seu próprio Estado ou de um co-cidadão. Considera-se, aqui, somente a nacionalidade da vítima do delito; 7.1.3 – PRINCÍPIO DA DEFESA: Denominado, também, Princípio Real ou de Proteção: art. 7º, inciso I, do Código Penal, é aquele que visa à proteção de bens jurídicos que o Estado considera fundamentais; Leva em consideração a nacionalidade do bem jurídico lesado. É irrelevante o local da prática do crime ou a nacionalidade do criminoso. 7.1.4 - PRINCÍPIO DA JUSTIÇA PENAL UNIVERSAL (UNIVERSAL): art. 7º, II, alínea “a”, do CP - para aplicação da lei nacional é suficiente que o agente encontre-se no território nacional, em virtude da cooperação penal internacional entre Estados, decorrente de tratados e convenções internacionais; São irrelevantes: O local do crime; A nacionalidade do criminoso; A nacionalidade da vítima; e A nacionalidade do bem jurídico lesado. 7.1.5 – PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO: Denominado, também, Princípio da Bandeira. art. 7º, II, alínea “c”, do CP. A lei penal de um Estado é aplicável aos crimes cometidos em aeronaves e embarcações privadas, quando realizados no estrangeiro e aí não são julgados. 7.1.6 – PRINCÍPIOS ADOTADOS PELO CÓDIGO PENAL. Regra: Princípio da Territorialidade - art. 5º, caput, do Código Penal. Exceções: Princípio Real : art. 7º, inciso I, do Código Penal; Princípio da Nacionalidade: art. 7º, inciso II, alínea “b”, e §3º, do Código Penal; Princípio Universal: art. 7º, inciso II, alínea “a”, do Código Penal; e Princípio da Representação:– art. 7º inciso II, alínea “c”, do Código Penal. 7.1.7 – TERRITORIALIDADE. A regra a ser aplicada é o Princípio da Territorialidade, sendo que “Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime no território nacional”, art. 5º, caput, do CP. Nos termos do Código Penal, qual é o significado de “Território Nacional”? Território nacional deve ser entendido como o âmbito espacial sujeito ao poder soberano de um Estado, ou seja, é o espaço terrestre, marítimo ou aéreo, sujeito à soberania de um determinado Estado. Território nacional compreende: Solo ocupado sem solução de continuidade e com limites reconhecidos; Regiões separadas do solo principal (Ilhas); Subsolo; Rios, lagos e mares interiores; Mar territorial; Espaço aéreo; e Navios e Aeronaves. Rios e Lagos: Quando a fronteira entre Estados é fixada por um rio ou lago, ter-se- á a seguinte situação: ▪ Rio ou lago pertencer a um dos Estados: A fronteira passará pela margem oposta; ▪ Rio ou lago pertencer aos dois Estados: A divisa será uma linha mediana do leito do rio, determinada pela eqüidistância das margens. Obs.: Pode ocorrer que o rio ou o lago sejam indivisos, ou seja, cada Estado exercerá sua soberania sobre ele; Mar Territorial: È considerado como território nacional, diferente do alto mar que não pode ser considerado de um só Estado. Constitui-se de uma faixa de 12 milhas marítimas contadas a partir da maré baixa do litoral continental e insular; Espaço Aéreo: Corresponde ao espaço territorial acrescido do mar territorial. Navios e Aeronaves Públicos: Podem ser: De guerra; Em serviços militares; Em serviços públicos; e Aqueles colocados à disposição de Chefes de Estado ou representantes diplomáticos. Sempre serão considerados território nacional, nos termos do art. 5º, §1º, 1ª Parte, do Código Penal. Navios e Aeronaves Privados: Podem ser: Mercantes; Turismo; e etc. Serão considerados território nacional somente quando estivem em alto mar, ou seja, seguem a lei da bandeira que ostentam, entretanto, se estiverem em porto ou em mar territoriais estrangeiros, seguem as leis do Estado a que pertence, nos termos do art. 5º, segunda parte, do CP. Não é uma tarefa fácil a apuração do local do crime, havendo assim a criação de teorias que solucionam o conflito quanto ao lugar do crime. Se relaciona aqui as teorias que visam a precisar o locus comissi delicti. TEORIA DA ATIVIDADE: Lugar do crime seria aquele onde a conduta criminosa teria ocorrido.(Ação ou omissão) TEORIA DO RESULTADO: Lugar do crime seria aquele onde ocorreu o resultado. TEORIA DA UBIQUIDADE, MISTA, OU UNITÁRIA: Lugar do crime pode ser aquele onde ocorreu a conduta ou no em que ocorreu o resultado, ou ainda o lugar do bem jurídico atingido. A teoria da Ubiquidade é adotada pelo Direito Brasileiro no Art. 6° do Código Penal, o qual preleciona: “Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou a omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado”. O CP adotou a teoria mista sendo que “considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou devia produzir-se o resultado”, nos termos do seu art. 6º. Obs: O lugar do crime não se confunde com a competência (juiz que irá julgar a causa). O Código Penal adotou como regra o princípio da territorialidade, ou seja, em relação aos crimes praticados em território brasileiro será aplicada a legislação penal brasileira. Entretanto, em razão de tratados e convenções internacionais, como exceção, será possível a aplicação da legislação penal brasileira aos delitos total ou parcialmente praticados fora do território brasileiro. A EXTRATERRITORIALIDADE se subdivide em: Incondicionada: Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no estrangeiro sem que seja necessário o preenchimento de nenhuma condição. Condicionada: É necessária a presença de determinadas condições para aplicação da lei brasileira ao crime cometido no estrangeiro. EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA: Nos casos de crime contra a vida ou liberdade do Presidente da República (art. 7º, inciso I, alínea “a”, do Código Penal); Nos casos de crime contra o patrimônio, fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público (art. 7º, inciso I, alínea “b”, do Código Penal); Nos crimes contra a administração pública, por quem está a seu serviço (art. 7º, inciso I, alínea “c”, do Código Penal); e Nos crimes de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil (art. 7º, inciso I, alínea “d”, do Código Penal). Obs.: Os 03 (três) primeiros casos tratam da aplicação do Princípio da Defesa e o último do Princípio da Universalidade. Nos casos acima citados, independentemente de condenação ou absolvição do réu no estrangeiro o agente será processado e poderá ser punido nos termos da legislação penal brasileira, nos termos do art. 7º, §1º, do CP. EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA:
Nos casos de crimes que, por tratado ou
por convenção, o Brasil se obrigou a reprimir (art. 7º, inciso II, alínea “a”, do CP); Nos casos de crimes praticados por brasileiros (art. 7º, inciso II, alínea “b”, do CP); Nos crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados (art. 7º, inciso II, alínea “c”, do Código Penal); e Nos crimes praticados por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7º, §3º, do Código Penal). Obs.: Em relação aos citados casos tratam- se da aplicação dos seguintes princípios: ▪ Primeiro caso – Princípio da Universalidade; ▪ Segundo Caso – Princípio da Nacionalidade; ▪ Terceiro Caso - Princípio da Bandeira; e ▪ Quarto Caso – Princípio da Defesa. Para aplicação da Extraterritorialidade Condicionada, é necessária a presença das circunstâncias previstas no art. 7º, §2º, do CP: Entrar o agente em território brasileiro; Ser o fato punível também no país em que foi praticado; Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;e Não ter sido perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. Nos crimes praticados por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, além das condições anteriores, são necessárias, ainda, as previstas, no art. 7º, §3º, do CP: Não ter sido pedida ou ter sido negada a extradição; e Ter havido requisição do Ministério da Justiça. Ne bis in idem: Brocardo latino indicativo de que não deve haver duas ações sobre a mesma coisa. Aplicado em Direito Penal, significa que a mesma ação não pode ser punida duas vezes ou a mesma circunstância ponderada duas vezes para a aplicação da pena. Salienta-se que a pena cumprida no estrangeiro pelo mesmo crime vai refletir na aplicação da lei penal brasileira, nos termos do art. 8º, do Código Penal, se a pena for diferente vai haver uma atenuação e se for igual vai haver uma compensação:
Observação (Importante): Se o sujeito, pelo
mesmo crime já cumpriu pena no estrangeiro, nos termos da alínea “a”, §2º, do art. 7º, do Código Penal, é inaplicável a nossa lei.