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Prof.

: Victor Gabriel de Oliveira Melo


1º Semestre 2012
Faculdade Atenas Paracatu/MG
vcool147@hotmail.com
• 7.1 Princípios de Direito Penal
Internacional:
• 7.1.1 Da Territorialidade ou do Pavilhão;
• 7.1.2 Da Nacionalidade;
• 7.1.3 Da Defesa Real ou Proteção;
• 7.1.4 Da Justiça Penal Universal;
• 7.1.5 Da Representação;
• 7.2 Teorias do Lugar do Crime (Adoção
pelo CP);
• 7.3 Regra “Ne bis in idem”.
 A lei penal é elaborada para viger
dentro de um determinado Estado
soberano;
 Há casos em que os efeitos da lei penal
ultrapassam os limites territoriais de
um Estado;
E há outros casos em que
determinado crime vai afetar a
ordem jurídica de 02 (dois) ou mais
Estados soberanos;
 Porém, cada Estado soberano possui sua
própria lei penal, surgindo assim, o
problema da delimitação espacial do
âmbito de eficácia da legislação, ou seja,
surge o problema em se saber qual a
nacionalidade da lei penal que será aplicada
no caso concreto;
 O referido problema será solucionado
pelo Direito Penal Internacional,
estabelecendo regras, com a
finalidade de determinar a lei aplicável
nos casos em que o ordenamento
jurídico de mais de um Estado for
lesado;
 A aplicação da lei penal no espaço é regida pelos
seguintes princípios:
 7.1.1 – PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE: art.
5º, caput, do Código Penal, a lei penal brasileira
aplica-se aos crimes praticados no território
brasileiro, independentemente da nacionalidade
do agente, da vítima ou do bem jurídico lesado;
 Exceção: Salvo as disposições contidas em
contrário em convenções, tratados e regras de
direito internacional.
 7.1.2 – PRINCÍPIO DA
NACIONALIDADE: Denominado,
também, Princípio da Personalidade,
“A lei Penal é aplicável aos seus
cidadãos onde quer que eles se
encontrem”;
 Pode ser:
 Princípio da Nacionalidade Ativa: art.
7º, inciso II, alínea “b”, do CP. Aplica-se
a lei nacional ao cidadão que comete
crime no estrangeiro
independentemente da nacionalidade
da vítima. Considera-se, aqui,
somente a nacionalidade do autor do
delito;
 Princípio da Nacionalidade Passiva: art. 7º,
§3º, do CP. Aplica-se em relação ao fato
praticado pelo nacional no estrangeiro que
atinja um bem jurídico de seu próprio
Estado ou de um co-cidadão. Considera-se,
aqui, somente a nacionalidade da vítima do
delito;
 7.1.3 – PRINCÍPIO DA DEFESA:
Denominado, também, Princípio Real
ou de Proteção: art. 7º, inciso I, do
Código Penal, é aquele que visa à
proteção de bens jurídicos que o
Estado considera fundamentais;
 Leva em consideração a nacionalidade
do bem jurídico lesado. É irrelevante o
local da prática do crime ou a
nacionalidade do criminoso.
 7.1.4 - PRINCÍPIO DA JUSTIÇA PENAL
UNIVERSAL (UNIVERSAL): art. 7º, II, alínea
“a”, do CP - para aplicação da lei nacional é
suficiente que o agente encontre-se no
território nacional, em virtude da
cooperação penal internacional entre
Estados, decorrente de tratados e
convenções internacionais;
 São irrelevantes:
 O local do crime;
 A nacionalidade do criminoso;
 A nacionalidade da vítima; e
 A nacionalidade do bem jurídico lesado.
 7.1.5 – PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO:
Denominado, também, Princípio da Bandeira. art.
7º, II, alínea “c”, do CP.
 A lei penal de um Estado é aplicável aos
crimes cometidos em aeronaves e
embarcações privadas, quando realizados
no estrangeiro e aí não são julgados.
 7.1.6 – PRINCÍPIOS ADOTADOS PELO
CÓDIGO PENAL.
 Regra: Princípio da Territorialidade -
art. 5º, caput, do Código Penal.
 Exceções:
 Princípio Real : art. 7º, inciso I, do
Código Penal;
 Princípio da Nacionalidade: art. 7º,
inciso II, alínea “b”, e §3º, do
Código Penal;
 Princípio Universal: art. 7º, inciso
II, alínea “a”, do Código Penal; e
 Princípio da Representação:– art.
7º inciso II, alínea “c”, do Código
Penal.
 7.1.7 – TERRITORIALIDADE.
 A regra a ser aplicada é o Princípio da
Territorialidade, sendo que “Aplica-se a lei
brasileira, sem prejuízo de convenções,
tratados e regras de direito internacional,
ao crime no território nacional”, art. 5º,
caput, do CP.
 Nos termos do Código Penal, qual é o
significado de “Território Nacional”?
 Território nacional deve ser entendido
como o âmbito espacial sujeito ao poder
soberano de um Estado, ou seja, é o espaço
terrestre, marítimo ou aéreo, sujeito à
soberania de um determinado Estado.
 Território nacional compreende:
 Solo ocupado sem solução de
continuidade e com limites reconhecidos;
 Regiões separadas do solo principal
(Ilhas);
 Subsolo;
 Rios, lagos e mares interiores;
 Mar territorial;
 Espaço aéreo; e Navios e Aeronaves.
 Rios e Lagos: Quando a fronteira entre
Estados é fixada por um rio ou lago, ter-se-
á a seguinte situação:
▪ Rio ou lago pertencer a um dos Estados:
A fronteira passará pela margem
oposta;
▪ Rio ou lago pertencer aos dois Estados:
A divisa será uma linha mediana do leito
do rio, determinada pela eqüidistância
das margens.
 Obs.: Pode ocorrer que o rio ou o lago
sejam indivisos, ou seja, cada Estado
exercerá sua soberania sobre ele;
 Mar Territorial: È considerado como
território nacional, diferente do alto
mar que não pode ser considerado de
um só Estado. Constitui-se de uma
faixa de 12 milhas marítimas contadas
a partir da maré baixa do litoral
continental e insular;
 Espaço Aéreo: Corresponde ao
espaço territorial acrescido do mar
territorial.
 Navios e Aeronaves Públicos: Podem ser:
 De guerra;
 Em serviços militares;
 Em serviços públicos; e
 Aqueles colocados à disposição de Chefes de
Estado ou representantes diplomáticos.
 Sempre serão considerados território nacional,
nos termos do art. 5º, §1º, 1ª Parte, do Código
Penal.
 Navios e Aeronaves Privados: Podem ser:
 Mercantes;
 Turismo; e etc.
 Serão considerados território nacional somente
quando estivem em alto mar, ou seja, seguem a
lei da bandeira que ostentam, entretanto, se
estiverem em porto ou em mar territoriais
estrangeiros, seguem as leis do Estado a que
pertence, nos termos do art. 5º, segunda parte,
do CP.
 Não é uma tarefa fácil a apuração do local do
crime, havendo assim a criação de teorias que
solucionam o conflito quanto ao lugar do
crime.
 Se relaciona aqui as teorias que visam a
precisar o locus comissi delicti.
 TEORIA DA ATIVIDADE: Lugar do crime
seria aquele onde a conduta criminosa teria
ocorrido.(Ação ou omissão)
 TEORIA DO RESULTADO: Lugar do
crime seria aquele onde ocorreu o
resultado.
 TEORIA DA UBIQUIDADE, MISTA, OU
UNITÁRIA: Lugar do crime pode ser
aquele onde ocorreu a conduta ou no
em que ocorreu o resultado, ou ainda o
lugar do bem jurídico atingido.
 A teoria da Ubiquidade é adotada pelo
Direito Brasileiro no Art. 6° do Código
Penal, o qual preleciona: “Considera-se
praticado o crime no lugar em que ocorreu
a ação ou a omissão, no todo ou em parte,
bem como onde se produziu ou deveria
produzir-se o resultado”.
 O CP adotou a teoria mista sendo que
“considera-se praticado o crime no lugar em
que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou
em parte, bem como onde se produziu ou
devia produzir-se o resultado”, nos termos
do seu art. 6º.
 Obs: O lugar do crime não se confunde com
a competência (juiz que irá julgar a causa).
 O Código Penal adotou como regra o
princípio da territorialidade, ou seja, em
relação aos crimes praticados em
território brasileiro será aplicada a
legislação penal brasileira.
 Entretanto, em razão de tratados e
convenções internacionais, como exceção,
será possível a aplicação da legislação penal
brasileira aos delitos total ou parcialmente
praticados fora do território brasileiro.
A EXTRATERRITORIALIDADE se
subdivide em:
 Incondicionada: Aplica-se a lei
brasileira ao crime cometido no
estrangeiro sem que seja
necessário o preenchimento de
nenhuma condição.
 Condicionada: É necessária a
presença de determinadas
condições para aplicação da lei
brasileira ao crime cometido no
estrangeiro.
 EXTRATERRITORIALIDADE
INCONDICIONADA:
 Nos casos de crime contra a vida ou
liberdade do Presidente da República
(art. 7º, inciso I, alínea “a”, do Código
Penal);
 Nos casos de crime contra o
patrimônio, fé pública da União, do
Distrito Federal, de Estado, de
Território, de Município, de empresa
pública, sociedade de economia mista,
autarquia ou fundação instituída pelo
Poder Público (art. 7º, inciso I, alínea
“b”, do Código Penal);
 Nos crimes contra a administração
pública, por quem está a seu serviço
(art. 7º, inciso I, alínea “c”, do Código
Penal); e
 Nos crimes de genocídio, quando o
agente for brasileiro ou domiciliado no
Brasil (art. 7º, inciso I, alínea “d”, do
Código Penal).
 Obs.: Os 03 (três) primeiros casos tratam da
aplicação do Princípio da Defesa e o último
do Princípio da Universalidade.
 Nos casos acima citados,
independentemente de condenação ou
absolvição do réu no estrangeiro o agente
será processado e poderá ser punido nos
termos da legislação penal brasileira, nos
termos do art. 7º, §1º, do CP.
 EXTRATERRITORIALIDADE
CONDICIONADA:

 Nos casos de crimes que, por tratado ou


por convenção, o Brasil se obrigou a
reprimir (art. 7º, inciso II, alínea “a”, do
CP);
 Nos casos de crimes praticados por
brasileiros (art. 7º, inciso II, alínea
“b”, do CP);
 Nos crimes praticados em aeronaves
ou embarcações brasileiras, mercantes
ou de propriedade privada, quando em
território estrangeiro e aí não sejam
julgados (art. 7º, inciso II, alínea “c”,
do Código Penal); e
 Nos crimes praticados por estrangeiro
contra brasileiro fora do Brasil (art. 7º,
§3º, do Código Penal).
 Obs.: Em relação aos citados casos tratam-
se da aplicação dos seguintes princípios:
▪ Primeiro caso – Princípio da
Universalidade;
▪ Segundo Caso – Princípio da
Nacionalidade;
▪ Terceiro Caso - Princípio da Bandeira; e
▪ Quarto Caso – Princípio da Defesa.
 Para aplicação da Extraterritorialidade
Condicionada, é necessária a presença das
circunstâncias previstas no art. 7º, §2º, do CP:
 Entrar o agente em território brasileiro;
 Ser o fato punível também no país em que
foi praticado;
 Estar o crime incluído entre aqueles pelos
quais a lei brasileira autoriza a extradição;
 Não ter sido o agente absolvido no
estrangeiro ou não ter aí cumprido a
pena;e
 Não ter sido perdoado no estrangeiro ou,
por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais
favorável.
 Nos crimes praticados por estrangeiro
contra brasileiro fora do Brasil, além das
condições anteriores, são necessárias,
ainda, as previstas, no art. 7º, §3º, do CP:
 Não ter sido pedida ou ter sido negada a
extradição; e
 Ter havido requisição do Ministério da
Justiça.
 Ne bis in idem: Brocardo latino indicativo de
que não deve haver duas ações sobre a
mesma coisa. Aplicado em Direito Penal,
significa que a mesma ação não pode ser
punida duas vezes ou a mesma circunstância
ponderada duas vezes para a aplicação da
pena.
 Salienta-se que a pena cumprida no estrangeiro
pelo mesmo crime vai refletir na aplicação da lei
penal brasileira, nos termos do art. 8º, do Código
Penal, se a pena for diferente vai haver uma
atenuação e se for igual vai haver uma
compensação:

 Observação (Importante): Se o sujeito, pelo


mesmo crime já cumpriu pena no estrangeiro, nos
termos da alínea “a”, §2º, do art. 7º, do Código
Penal, é inaplicável a nossa lei.

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