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Causas e Mecanismos de Formacao de Fissuras em Concreto Armado e Alvenaria Ceramica TCC
Causas e Mecanismos de Formacao de Fissuras em Concreto Armado e Alvenaria Ceramica TCC
1. INTRODUÇÃO
Fissura é uma abertura de formato linear que pode se formar nas superfícies
de qualquer material sólido, devido a ocorrência da ruptura de parte de sua massa.
Geralmente resulta da dissipação de tensões entre as partes de um mesmo
elemento ou entre dois elementos em contato.
No Brasil, a tradicional técnica construtiva compõe-se de construções com
estruturas em concreto armado e alvenaria cerâmica para vedação.
Devido às características físicas destes materiais, concreto armado e
alvenaria cerâmica, e as interações dos mesmos entre si e com o meio ambiente,
surgem anomalias nas edificações, dentre estas, a manifestação de fissuras.
Observa-se no cenário da construção civil o crescente uso de estruturas em
concreto armado com peças mais esbeltas. Tendência respaldada na redução de
custos da obra e no desenvolvimento tecnológico dos materiais.
Impulsionado pela necessidade das construtoras se manterem competitivas
em relação a produtividade, percebe-se um menor tempo de execução das
edificações e menores prazos na etapa executiva da fixação da alvenaria na
estrutura e atuação de carregamentos importantes em idades antecipadas.
Elementos estruturais esbeltos, construção em grande escala e ao menor
custo possível parecem comprometer significativamente a qualidade das
edificações. Fissuras e trincas nas construções cresce, em termos de frequência de
manifestações e intensidade de ocorrências e gravidade (SABBATINI, 1998).
Este trabalho objetiva-se apresentar e estudar as causas e mecanismos de
formação de fissuras em elementos estruturais de concreto armado e em alvenarias
cerâmicas de vedação e em que etapa do processo construtivo elas ocorrem.
Analisar, mediante revisão de bibliografia, exemplos reais de manifestações de
fissuras e suas consequências para a saúde de partes ou da estrutura global.
Enfim, reunir e servir de fonte de informação para os engenheiros, arquitetos
e demais profissionais atuantes no setor de construção civil para que se possa,
através do conhecimento das causas mais frequentes que originam fissuras, evitar
futuros problemas.
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2. JUSTIFICATIVA
3. OBJETIVOS
4. METODOLOGIA
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Figura 3 – Pilar fissurado devido à movimentação térmica das vigas de concreto armado
THOMAZ, 1996.
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Figura 6 – Trincas nas peças estruturais: a expansão da alvenaria solicita o concreto à tração.
THOMAZ, 1996.
5.2.3 FISSURAS CAUSADAS POR RETRAÇÃO NO CONCRETO
THOMAZ, 1996.
fissuras.
Os recalques nos pilares ocasionam fissuras de abertura variável nas vigas
apoiadas a eles. As maiores amplitudes localizam-se na parte superior das vigas.
(ZATT & CADAMURO JÚNIOR, 2007).
A figura 29 mostra a configuração típica de fissuras em vigas geradas pelas
movimentações diferenciais entre os pilares devido ao recalque da fundação.
Souza & Ripper (2009, pág.65) afirmam que “esta relação desenvolve
lentamente, podendo mesmo levar vários anos para surgir, sendo o sintoma mais
aparente a fissuração desordenada nas superfícies expostas.”
5.2.7 FISSURAS CAUSADAS PELO ASSENTAMENTO DO CONCRETO
“As fissuras ocupam o primeiro lugar na lista dos problemas mais comuns
nas alvenarias. Suas causas nem sempre são facilmente identificadas,
porém, o conhecimento das mesmas é de fundamental importância para a
adoção dos procedimentos adequados de correção.” (VITÓRIO, 2003, pág.
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Jodas (2006, pág.22) afirma que “as manifestações de origem interna são
provocadas principalmente pela ação da temperatura e umidade.”
Conforme Thomaz (1996) e Melo (2007), as trincas nas alvenarias podem
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Figura 39 – Fissuras verticais nas alvenarias por ação de carga vertical: flexão local dos
tijolos.
VITÓRIO, 2003.
paredes de alvenaria cerâmica, nesse caso, tem por funções básicas promover a
divisão dos espaços e o isolamento das intempéries ambientais.
Os elementos estruturais admitem flechas que podem não interferir nas suas
funções, entretanto essas mesmas flechas podem ser, segundo Thomaz (1996, pág.
69) “incompatíveis com a capacidade de deformação de paredes.”
Com a deformação de lajes e vigas configura-se a formação de fissuras em
alvenarias de vedação causados pelas flechas destes componentes estruturais.
(THOMAZ, 1996).
As aberturas por deformação dos elementos estruturais em paredes sem
aberturas apresentam, de acordo com Thomaz (1996, pág. 75), três configurações
típicas esquematizadas na figura 51.
Figura 52 – Trincas por deformação das peças estruturais em paredes com aberturas.
THOMAZ, 1996.
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A NBR 6118: 2003 diz que, para fins de se manter a qualidade do projeto,
devem ser atendidos os requisitos, estabelecidos por normas técnicas, a cerca da
capacidade resistente, ao desempenho em serviço e à durabilidade da estrutura.
Mas não só isso, a solução adotada para efetivação da obra dever ser compatível
com as condições arquitetônicas, funcionais, construtivas, estruturais e com os
demais projetos tais como elétrico e hidráulico.
Em decorrência da variedade de falhas detectadas ao longo dos anos nas
edificações, vamos separá-las em três categorias para facilitar sua identificação.
Souza & Ripper (2009) afirmam que embora o processo lógico e ideal fosse a
etapa de execução iniciar-se somente após a conclusão da concepção do projeto,
isto raramente ocorre. Por consequência surgem as adaptações e modificações no
projeto durante a obra, fato que contribui para a ocorrência de erros.
Associa-se, segundo Souza & Ripper (2009), às falhas na execução das
obras, condições de trabalho insatisfatórias, mão-de-obra insuficientemente
capacitada profissionalmente, inexistência ou deficiência do controle de qualidade de
execução, má qualidade dos materiais, irresponsabilidade técnica e até mesmo
sabotagem.
Os erros podem se mostrar grosseiros ou serem percebidos apenas com o
decorrer do uso da edificação, como problemas com instalações elétricas e
hidráulicas. Falta de prumo, de esquadro e de alinhamento entre alvenaria e
estrutura, desnivelamento entre pisos, falta de caimento correto em pisos molhados,
execução de argamassas de assentamento em camadas espessas, e flechas
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Figura 57 – Mapeamento das fissuras nas vigas remanescentes: (a) vista externa e (b) vista
interna.
VASCONCELOS, 2004.
Vasconcelos (2004) conta que constatou-se nos topos dos pilares que
serviam de apoio as vigas que ruíram um grande concentração de barras grossas e
sem concreto aderente. Além disso, notou-se a ausência de ferros de cunhagem do
bloco. Este último fato contribuiu para a formação de grandes trações no concreto
ampliadas pelos efeitos da movimentação térmica da estrutura, resultando numa
força horizontal expressiva. O concreto, conforme determinado em análise
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posteriores, não teria capacidade para absorver e redistribuir essa força, e essa
incapacidade foi potencializada pela manifestação das fissuras.
Nota-se que as barras seriam suficientes para resistir aos esforços formados,
contudo as armaduras nem chegaram a ser solicitadas pois o concreto, cheio de
falhas de adensamento, ruiu primeiro. A verificação do projeto ainda mostrou que as
vigas principais estavam sujeitas a tensões excessivas. Tanto o concreto quanto a
armadura não seriam capazes de absorver essas tensões. (VASCONCELOS, 2004).
As lajes possuíam dois bordos simplesmente apoiados e nos outros dois eram
engastados devido a continuidade da laje. As armaduras negativas necessárias para
combater os momentos negativos resultantes do engaste, foram calculadas para
uma laje maciça de concreto com espessura de 16 cm. Pela falta da especificação
da presença de uma faixa maciça de laje junto aos apoios considerados engastados
na planta de fôrmas, executaram-se a laje nervurada preenchendo as nervuras com
tijolos mesmo nas regiões sujeitas a momentos fletores negativos. (CUNHA, 2004).
Conforme Cunha (2004), as armaduras foram corretamente dimensionadas,
contudo faltou concreto nas fibras inferiores o que levou a diminuição da capacidade
de resistência da laje, contribuindo para o aumento das flechas e por conseguinte as
trincas nas alvenarias.
A disposição desfavorável das paredes divisórias dos apartamentos, segundo
Cunha (2004), também é responsável pelo surgimento de trincas inclinadas, pois
uma das extremidades das paredes apoiava-se muito próximo ao centro da laje,
região de flechas máximas. As deformações da laje foram superiores a capacidade
resistente das paredes, provocando então as fissuras. Atribui-se a esse motivo as
trincas observadas nos apartamentos do primeiro pavimento-tipo.
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Cunha (2004, pág. 34), diz que “nos pavimentos superiores, a presença de
paredes de alvenaria sob as lajes contribuiu para uma progressiva diminuição das
flechas nas lajes e, consequentemente, nas trincas das paredes.”
Para solucionar o problema de estabilidade presente nas regiões de
engastamento das lajes (atuação do momento fletor negativo), recomendou-se a
elaboração de um projeto de reforço da estrutura (CUNHA, 2004).
Entende-se por desempenho, segundo Souza & Ripper (2009, pág. 17),
“o comportamento em serviço de cada produto, ao longo da vida útil, e a sua medida
relativa espelhará, sempre, o resultado do trabalho desenvolvido nas etapas de
projeto, construção e manutenção.”
Conforme Souza & Ripper, os materiais de construção vão se deteriorando ao
longo do tempo em virtude das alterações de suas propriedades físicas e químicas
em função da interação entre edificação e meio ambiente. E é através da analise
destas alterações que se pode julgar se a estrutura ou parte desta cumpri
satisfatoriamente as suas funções.
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Souza & Ripper (2009) ainda definem vida útil de um material como “ o
período durante o qual as suas propriedades permanecem acima dos limites
mínimos especificados.”
Algumas construções já iniciam sua vida apresentando desempenho
insatisfatório, seja por erros de projeto ou execução, enquanto a outras que atingem
o fim de sua vida útil mostrando bom desempenho. Nem sempre o desempenho não
satisfatório significa a condenação de uma obra. Desenvolver projetos de modo que
propiciem a correta execução do mesmo e posteriormente beneficie o trabalho de
manutenção é o equilíbrio que deve ser buscado na etapa de concepção de uma
obra. (SOUZA & RIPPER, 2009).
Souza & Ripper (2009, pág. 21) definem manutenção de uma estrutura como
“conjunto de atividades necessárias à garantia do seu desempenho satisfatório ao
longo do tempo, ou seja, o conjunto de rotinas que tenham por finalidade o
prolongamento da vida útil da obra, a um custo compensador.”
Para Souza & Ripper (2009) na manutenção há a co-responsabilização entre
proprietário, investidor e usuário, pois estes são quem arcam com as despesas do
sistema de manutenção elaborado pelos projetistas.
Enami, Souza & Beltran (2009) ressaltam que:
Thomaz (1996, pág. 127) sintetiza que a prevenção de fissuras nos edifícios
“passa obrigatoriamente por todas as regras de bem planejar, bem projetar e bem
construir.” Entretanto, ainda conforme Thomaz (1996), há a necessidade de
controlar sistematicamente e com eficiência a qualidade dos materiais e dos
serviços. Deve haver a compatibilização entre os diversos projetos executivos, a
correta estocagem e manuseio dos materiais de construção, bem como também a
correta utilização e manutenção da obra.
A figura 60 esquematiza o círculo de qualidade para a construção civil
apresentada por Souza & Ripper (2009).
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5.6.3 ALVENARIAS
arquitetônicos que façam com que as águas pluviais descolem da fachada, o uso de
revestimento da parede com película impermeável ou hidrófuga, presença de uma
cobertura estanque e medidas que impeçam o empoçamento de água nas bases
das paredes. (THOMAZ, 1996).
Thomaz (1996) alerta também que cuidados na recepção e estoque dos
tijolos cerâmicos também contribui para qualidade da alvenaria. Deve-se mantê-los
abrigados no canteiro para evitar que absorvam águas pluviais e sofram expansão e
posterior contração quando estiverem na parede após perderem o volume de água.
Recomenda-se o frisamento das juntas das alvenarias aparentes localizadas
nas fachadas sobretudo para promover o descolamento da lâmina de água de chuva
escorrendo pela fachada. E também, para evitar-se fissuras, o uso de juntas de
controle, onde há mudanças bruscas na altura ou espessura da parede, ou ainda em
paredes muito longas ou enfraquecidas devido a presença de muitas aberturas, é
indicado. (THOMAZ, 1996).
6. CONCLUSÃO
7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CUNHA, A.J.P. da. Trincas em alvenaria de prédio residencial. In: CUNHA, A.J.P. Da;
LIMA, N.A.; SOUZA, V.C.M. de. Acidentes estruturais na construção civil. 1.ed.
São Paulo: Pini, 1996. Volume 1, Capítulo 3, páginas 31-35.
ENAMI, R.M.; SOUZA, R.A. de.; BELTRAN, C.K.R. Sobre os aspectos legais dos
acidentes estruturais e das patologias em construção. Revista Tecnológica,
Maringá, Edição Especial ENTECA 2009, p. 149-156, 2009. Disponível em:
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevTecnol/index . Acesso em: 10 mar. 2010.
páginas 13-19.
MELLO, R. C. De olho nas fissuras. Arquitetura & Construção, São Paulo, Ano 25,
Vol. 01, pág. 106-109, 2009.
MELO, M.J.A.C. de. Análise de laudos emitidos sobre “prédios tipo caixão” da
região metropolitana de Recife: causas apontadas para os desabamentos e
interditações. 2007. 164f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) -
Universidade Católica de Pernambuco, Recife, 2007. Disponível em:
http://scholar.google.com.br Acesso em: 26 fev. 2010.
ROCHA, H.F. Importância da manutenção predial preventiva. Holos, Natal, Ano 23,
Vol. 2, 2007, publicação on-line do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Rio Grande do Norte. Disponível em:
http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/index . Acesso em 10 mar. 2010.