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MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO

ARMADO
Maria Daiane Boeno Gomes

1. RESUMO
O presente artigo trás por finalidade um estudo sobre as patologias que acometem
estruturas de concreto armado e busca entender melhor suas causas e efeitos. Além disso, levanta
possíveis soluções e medidas preventivas para este problema tão comum na construção civil.
Portanto, o objetivo deste artigo é analisar as técnicas adequadas de recuperação da estrutura,
sempre presando pela segurança e economia. Nos dias de hoje existe uma série de estudos a
respeito do comportamento das estruturas de concreto e, dessa forma, é possível realizar
procedimentos que garanta que a estrutura cumpra sua função de forma segura, mas para que isso
seja viável é preciso executar as técnicas de forma adequada para termos o resultado pretendido.
Será abordado os principais motivos de sua ocorrência, como diagnosticá-las, preveni-las e
recuperá-las.

2. Introdução
A Construção Civil é uma área em constante evolução, seja com o uso de materiais ou de
técnicas mais modernas. Assim, devido ao processo de globalização e o surgimento de tecnologias
inovadoras está cada vez mais frequente a busca por soluções seguras e que garanta economia. A
partir disso, as técnicas de recuperação de estruturas de concreto armado estão sendo cada vez
mais difundidas nos dias atuais.

A disciplina da patologia das construções é um ramo da engenharia civil que estuda as


manifestações patológicas, suas origens, causas e um forma de preveni-las. A demanda por
recuperação e reforço das estruturas vem de encontro com a necessidade encontrada nas
edificações danificadas.

3. METODOLOGIA
3.1 Tipos de patologia

3.1.1 Patologias geradas na etapa de projeto


Para SOUZA E HIPPER (1998) muitas falhas ocorrem na etapa de projeto. Essas falhas,
por sua vez, podem se originar durante a etapa de anteprojeto ou até mesmo, durante a execução
do projeto. Assim, as falhas originadas durante a etapa de anteprojeto são responsáveis pelo
transtorno e encarecimento da obra, enquanto as falhas constatadas durante a realização do projeto
final de engenharia são responsáveis são responsáveis por problemas patológicos sérios, tais
como:

o Elementos projetados de forma inadequada (má definição das ações atuantes ou da


combinação mais desfavorável das mesmas, escolha infeliz do modelo analítico,
deficiência no cálculo da estrutura ou na avaliação da resistência do solo, etc.);
o Incompatibilização de projetos;
o Materiais utilizados de forma inadequada;
o Erro ou falta de detalhamento suficiente;
o Impossibilidade de execução;
o Erros de Dimensionamentos;

3.1.2 Patologia Geradas na Etapa de Execução

Ainda, segundo SOUZA E HIPPER (1998), durante a etapa de execução poderá ocorrer
diversas falhas, como por exemplo, falta de capacitação da mão-de-obra, falta de controle de
qualidade de execução, má qualidade de materiais e componentes, negligência técnica e até
mesmo sabotagem. Alguns erros são grosseiros e contribuem muito para as manifestações
patológicas, como falta de prumo, de esquadrejamento, alinhamento, desnivelamento de piso,
caimento inadequado, argamassas de assentamento espessas, flechas além do permitido em lajes.
Esses são erros de fácil visualização, porém, há também os que são observados após um tempo
de uso da edificação, como é o caso de deficiências nas instalações elétricas e hidráulicas, por
exemplo.

4. PATOLOGIAS ESTUDADAS

4.1 Infiltrações, manchas, bolor ou mofo e eflorescência

Miotto (2010), descreve que as manifestações patológicas com maior frequência


encontradas são: infiltrações, manchas, bolor ou mofo e eflorescência. A Infiltração é
consequência de excessiva quantidade de água que em contato com um substrato é tão grande
que, flui ou goteja através desse substrato. A água se adere a esse substrato, resultando na chamada
mancha. Bolor ou mofo é definido com sendo uma colônia de fungos filamentosos sobre os vários
tipos de substrato, os quais dão origem a manchas escuras em tons de preto, marrom e verde.
Figura 1- Infiltração

Fonte- Fórum da Construção

4.2 Corrosão da Armadura

Helene (2002) descreve a corrosão das armaduras de concreto como um fenômeno de


natureza eletroquímica. Esse fenômeno poderá ser acelerado pela presença de agentes químicos
externos ou internos ao concreto.

BAUER (1994), por sua vez define por corrosão a mudança a qual quase todo metal sofre
no ambiente em que está inserido, sendo que esta não intencional. Ela está associada a falhas de
recobrimento, as quais deixam as armaduras expostas às agressões do meio. Apenas o ouro e a
platina não sofrem corrosão.
Figura 2- Corrosão de Armadura no Concreto

Fonte-axfiber

4.3 Fissuras

Souza e Ripper (1998), define que as fissuras são as manifestações patológicas mais
comum e que mais chama a atenção dos leigos, proprietários e usuários, para o fato de que algo
de anormal está a acontecer.

A NBR 15.575/2013 diz que a fissura de um componente estrutural como sendo o


seccionamento na superfície ou em toda seção transversal do componente, com abertura capilar,
provocado por tensões normais ou tangenciais. Essas fissuras se classificam como ativas (variação
da abertura em função de movimentações higrotérmicas ou outras) ou passivas (abertura
constante).

A NBR 9575/2003, define que fissura é a abertura ocasionada por ruptura de um material
ou componente, com abertura inferior ou igual a 0,5 mm. A figura 2 trás um exemplo de fissuras
ocasionadas por sobrecargas.
Figura 2- Fissuras por Sobrecarga

Fonte- blogda liga

5. RECUPERAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO

Andrade (1992), relata que para dar início a recuperação das estruturas de concreto deve-
se, primeiramente, preparar a superfície, pois, essa etapa é fundamental para se ter um bom
resultado final. Após essa etapa será necessário fazer o polimento, como visto a seguir:

Essa etapa é utilizada para reduzir a aspereza da superfície do concreto, tornando a


superfície mais lisa e sem partículas soltas. Para isso, se utiliza lixas portáteis ou máquinas de
polir quando a superfície é muito grande. (SOUZA, 2006).

5.1 Reparos Superficiais

Reparos considerados rasos ou superficiais são os de profundidade inferior a 2,0 cm, os


quais não ultrapassam a espessura de cobrimento da armadura (SOUZA & RIPPER, 1998). Um
exemplo disso, são o enchimento de falhas, regularização de lajes, reconstituição de quinas
quebradas, erosões ou desgaste, entre outros.
5.2 Reparos Semi-Profundos E Reparos Profundos

(SOUZA & RIPPER, 1998) define reparos semi-profundos como sendo aqueles com
profundidade entre 2,0 e 5,0 cm, geralmente atinge a armadura.

Para PIANCASTELLI (1998) reparos profundos se caracterizam por apresentarem


aberturas para retirada do concreto contaminado ou danificado, tendo uma profundidade 1,5 vezes
maior do que a maior das duas outras dimensões.

6. DISCUSSÕES E RESULTADOS

Após os problemas caudados pelas patologias, observou- se a gravidade a qual essas


manifestações causam nas estruturas de concreto armado. O objetivo deste artigo foi relatar as
possíveis causas das, infiltrações, manchas, bolor ou mofo e eflorescência, corrosão da armadura
e fissuras e trazer algumas soluções para os casos apresentados.

Notou- se durante o estudo que para diagnosticar as patologias, o profissional precisa ter
um bom conhecimento para conseguir solucionar os problemas causados por essas manifestações.

Cabe ressaltar, que mesmo com a inovação de técnicas construtivas, a compatibilidade


dos projetos e capacitação da mão de obra, as manifestações podem continuar aparecendo.
Portanto, a fiscalização e manutenção das obras são essenciais para a durabilidade da edificação
7. REFERÊNCIAS

DUARTE, R. B. Fissuras em alvenarias: causas principais, medidas preventivas e técnicas de


recuperação. Porto Alegre: CIENTEC, 1998. (Boletim técnico, 25)

BAUER, E., POZZAN, E. Avaliação da Corrosão das Armaduras por Efeito de Cloretos em
Materiais de Reparo/Reforço à Base Sílica Ativa. In: CONGRESSO INTERNACIONAL
SOBRE O COMPORTAMENTO DE ESTRUTURAS DANIFICADAS – DAMSTRUC, 2,
2000, Rio de Janeiro. CD-ROM. Niterói: [S.d], 2000.

SOUZA, V. C., RIPPER, T. Patologia, Recuperação e Reforço de Estruturas de Concreto. 1 ed.


São Paulo: Ed. Pini, 1998. 255 p.

MIOTTO, Daniela. Estudo de caso de patologias observadas em edificação escolar estadual no


município de Pato Branco - PR. Monografia (Especialização em Construção de Obras Públicas)
– Universidade Federal do Paraná: Paraná, 2010.

HELENE, Paulo Roberto Lago. Manual para Reparo, Reforço e Proteção de Estruturas de
Concreto. São Paulo: Pini, 1997.

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15.575: Edificações


habitacionais – Desempenho: Requisitos para os sistemas estruturais. Rio de Janeiro, 2013

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9575:


Impermeabilização: seleção e projeto. Rio de Janeiro, 2003.

LAPA, José Silva. Patologia, Recuperação e Reparo das Estruturas de Concreto. Defesa –
Especialização em engenharia civil, dissertação. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas
Gerais – UFMG. 2008. 56p.

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