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Em tese, todo teatro está em uma caixa: seja dentro de um espaço fechado, seja na vastidão-

caixa da rua.

Esse lugar chama-se Caixa de Ponto, mas o que propomos vai além do nome, o que propomos
é uma ação contrária: desencaixe-se, desencaixote-se, despontue-se.

Se a caixa de ponto servia para lembrar o texto aos que estavam no palco, aqui transformamos
o palco em caixa de ressonância. É a amplitude e a amplidão o que nos interessa.

O palco é quem sopra os textos, é quem informa os desmemoriados. O teatro é a grande


lembrança do mundo.

Aristófanes, Qorpo Santo, Brecht são memórias cada vez mais necessárias. Não só eles, mas
cada griot que ainda semeia palavras e cenas, pois é das margens africanas, ameríndias,
orientais que vem a resistência.

Estamos sob ataque (quando deixamos de estar?).

Lupe nos grita num bolero: “Teatro, lo tuyo es puro teatro, falsedad bien ensayada, estudiado
simulacro”. Sim Lupe, somos puro teatro, nossa falsidade bem ensaiada, nosso estudado
simulacro é que o que no mantém vivos.

Construímos avessos que revelam os avessos humanos. Não há ataque, censura, poder que
nos debele.

Clichê necessário: teatro é resistência.

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